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FACULDADE PIO DÉCIMO ARBITRAGEM UMA OPÇÃO VIÁVEL NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS Marcelo Rodrigues de Carvalho Acadêmico no décimo período de Direito, na Faculdade Pio Décimo. Resumo: Análise da Lei de Arbitragem, demonstrando suas principais vantagens ao processo judicial, objetivando a divulgação e conscientização da sociedade. Demonstrando que os princípios constitucionais, como por exemplo, Principio da Igualdade das Partes, Principio da Ampla Defesa e do Contraditório, Princípio do Devido Processo Legal, dentre outros, são amplamente observados na arbitragem, resguardando a proteção dos que optarem pelo processo arbitral.

arbitragem opção viável à solução de controversias

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trabalho academico sobre arbitragem no Brasil.

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FACULDADE PIO DÉCIMO

ARBITRAGEM UMA OPÇÃO VIÁVEL NA SOLUÇÃO DE

CONFLITOS

Marcelo Rodrigues de Carvalho

Acadêmico no décimo período de Direito, na Faculdade Pio Décimo.

Resumo: Análise da Lei de Arbitragem, demonstrando suas principais vantagens ao processo judicial, objetivando a divulgação e conscientização da sociedade. Demonstrando que os princípios constitucionais, como por exemplo, Principio da Igualdade das Partes, Principio da Ampla Defesa e do Contraditório, Princípio do Devido Processo Legal, dentre outros, são amplamente observados na arbitragem, resguardando a proteção dos que optarem pelo processo arbitral.

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INDICE

INTRODUÇÃO

1. CONCEITO DE ARBITRAGEM

2. CAPACIDADE

3. CLÁUSULA COMPROMISSORIA E COMPROMISSO ARBITRAL

4. DIREITOS PATRIMONIAIS INDISPONÍVEIS

5. A ESCOLHA DOS ÁRBITROS

6. PRINCÍPIOS GERAIS QUE NORTEAM A ARBITRAGEM

7. PRINCIPAIS VANTAGENS DA ARBITRAGEM

8. CONCLUSÃO

9. BIBLIOGRAFIA

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ARBITRAGEM

UMA ALTERNATIVA VIÁVEL NA SOLUÇÃO DE CONTROVERSIAS

"[...] nós juristas, nós os advogados, não somos os instrumentos

mercenários dos interesses das partes. Temos uma alta

magistratura, tão elevada quanto aos que vestem as togas,

presidindo os tribunais; somos os auxiliares naturais e legais da

justiça; e, pela minha parte, sempre que diante de mim se levanta

uma consulta, se formula um caso jurídico, eu o encaro sempre

como se fosse um magistrado a quem se propusesse resolver

o direito litigiado entre partes. Por isso, não corro da

responsabilidade senão quando a minha consciência a repele” 1.

INTRODUÇÃO:

Há um mês, a principal lei brasileira que regula a arbitragem fez 16 anos de

sua criação, e os avanços são muitos, dentre eles, podemos citar o orgulhoso

recorde do país em figurar no quarto lugar na lista dos países que mais utilizam a

arbitragem. Temos quase cem entidades em todo país, que são especialistas nesta

modalidade de solução de controvérsias, e seis delas, com um crescimento de

aproximadamente cem demandas anuais, concentram a grande maioria das

demandas2.

Entretanto, não seriamos fidedignos com a verdade sem destacar que

ainda temos um longo caminho a trilhar até que o instituto em estudo ocupe lugar

relevante no cenário jurídico nacional, e maior exemplo é o numero de processos

que ingressam as portas do judiciário a cada mês, boa parte destas poderiam ser

resolvidas de forma satisfatória, muito mais ágil e até menos onerosa pelas vias da

arbitragem. Em novembro do ano passado, no congresso “Arbitragem e segurança

jurídica” realizado na cidade de São Paulo, recebeu o Ministro do Supremo Tribunal

Federal que enfatizou “As instituições brasileiras estão evoluindo muito, mas o

1 Obras completas - Volume 40, Parte 4, páginas 21-22, Ruy Barbosa - Ministério da Educação e

Saúde, 1942. 2 Disponível em:

http://www.portaldoempresariocontabil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1209:brasil-e-o-quarto-pais-que-mais-usa-a-arbitragem&catid=38:noticias&Itemid=103

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modelo judiciário ainda recebe uma demanda muito grande. O aparato judiciário

continuará a receber cada vez mais se não houver uma reforma cultural”. E como

reforma cultural só vem com conscientização e divulgação, este trabalho

acadêmico tem o objetivo difundir as vantagens de se adotar a arbitragem na

solução de controvérsias, esclarecendo tanto quanto possível o tema,

demonstraremos ainda em anexo uma cartinha que de forma didática pode usada

como guia de bolso, com as principais orientações pra quem deseja saber mais

sobre a arbitragem.

1. CONCEITO

Para Cretella Júnior, apud Santos (1998, p.123), a arbitragem é:

"... sistema especial de julgamento, com procedimento técnico e

princípios informativos próprios e com força executória reconhecida pelo direito

comum, mas a esse subtraído, mediante o qual duas ou mais pessoas físicas, ou

jurídicas, de direito privado ou de direito público, em conflito de interesses,

escolhem de comum acordo, contratualmente, uma terceira pessoa, o árbitro, a

quem confiam o papel de resolver-lhes a pendência, anuindo os litigantes em

aceitar a decisão proferida".

Como se observa, é alternativa extrajudicial, com previsão em contrato,

para que surgindo conflito futuro, em comum acordo resolvem que terceiro, o

arbitro, será julgador da lide, e os litigantes, se comprometem em aceitar a decisão

proferida. Vale ressaltar que os conflitantes podem ser pessoas físicas ou jurídicas,

no âmbito dos direitos patrimoniais e disponíveis. As partes escolhem uma ou mais

pessoas que goze da confiança de ambos, que após processo vai deferir decisão,

buscando a justiça e solução mais conciliadora possível. Vale ressaltar que o

processo arbitral é muito mais rápido, tem menor custo sendo menos formal.

Um ponto que ainda divide doutrinadores é sobre a constitucionalidade da

lei de Arbitragem, por ferir o inciso XXXV do art. 5º, da Constituição Federal: "A lei

não excluirá do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito". Entretanto,

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entendemos que a escolha pela arbitragem não exclui do poder judiciário a lesão

ou ameaça de direito, prova disto é que a opção à arbitragem é de livre escolha,

antes de escolhe-la as partes tinham o direito ao judiciário amplamente garantido.

Entretanto, no que diz respeito à constitucionalidade, por si só, seria assunto amplo

que merece trabalho próprio, não sendo nosso objetivo em pauta.

2. CAPACIDADE

O primeiro artigo da lei de arbitragem estabelece que as pessoas capazes

de contratar poderão valer-se do instituto para dirimir seus conflitos. Portanto, esta

é a regra, a exceção fica para os não capazes, que se manifestam por

impedimento psíquico ou judicial e são indicados no código civil de 2002.

Os impedimentos jurídicos são aqueles em matéria de idade, indicados no

Código Civil, no art. 5º, classificam como absolutamente incapazes de exercer os

atos da vida civil.·.

I - os menores de 16 (dezesseis) anos;

II - os loucos de todo o gênero;

III - os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade;

IV - os ausentes, declarados tais por ato do juiz.

Como se vê, os impedimentos psíquicos são apontados pela lei, visando

proteger o individuo, poiso mesmo não se encontra em pleno gozo de suas

capacidades mentais.

Vale lembrar que o mesmo código, no seu artigo 9º, traz as exceções pelo

qual o menor de 16 anos passa a gozar da capacidade civil.

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"Art. 9º.

§ 1º Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - por concessão do pai, ou, se for morto, da mãe, e por sentença do juiz,

ouvido o tutor, se o menor tiver 18 (dezoito) anos cumpridos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau científico em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria.

§ 2º Para efeito do alistamento e do sorteio militar cessará a capacidade

civil do menor que houver completado 18 (dezoito) anos de idade.

Ficando atento a estas normas, que são de direito civil, saberemos quem

tem capacidade de usufruir tanto da lei arbitral, como de litigar no judiciário.

3. CLÁUSULA COMPROMISSORIA E COMPROMISSO ARBITRAL.

A cláusula compromissória é o estabelecimento em contrato, da vontade

das partes, em que surgindo futuros conflitos, os mesmo sejam dirimidos por

intermédio da arbitragem. Estabelece anteriormente ao próprio litigio, a preferencia

pelo processo arbitral, ficando excluída desde logo, a jurisdição do Poder

Judiciário. A cláusula arbitral poderá prever as regras do jogo, como estabelecer se

deverá ser conduzida pelas regras de alguma entidade especializada, ou até

estabelecer regras especificas a serem utilizadas. A cláusula compromissória deve

ser por escrito, e pode ser feita no próprio contrato, ou em documentado apartado,

desde que apontado no contrato a sua existência.

O compromisso arbitral é a manifestação das partes em ver o conflito em

curso ser dirimido pelas regras da arbitragem. A diferença substancial entre ambas

é que na cláusula arbitral a previsão legal é anterior ao conflito, já na constituição

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do contrato, ou por aditivo, mas sempre antes de qualquer litigio, e no compromisso

arbitral a demanda já existe, mas os litigantes, valendo-se do principio da igualdade

e vontade das partes, resolvem que a melhor solução para a controvérsia em

curso, é a Lei da arbitragem.

4. DIREITOS PATRIMONIAIS INDISPONIVEIS.

Em seu artigo 1º a lei 9.307/96 limita a disponibilidade da lei de arbitragem

a direitos patrimoniais disponíveis, que são todos aqueles bens corpóreos e

incorpóreos, que sejam passiveis de avaliação econômica. Bens materiais

corpóreos, ou tangíveis, são aqueles de existência física, como imóveis, carros,

mercadorias, dinheiro, etc. Por sua vez, os bens incorpóreos, ou imateriais são

aqueles que mesmo sendo de natureza abstrata, ainda assim, são passiveis de

avaliação econômica e podem ser negociados, como marcas ou patentes.

Nestes termos, segundo Teixeira e Andreatta (1997, p. 48):

"Devemos considerar como direitos patrimoniais disponíveis todos os

bens corpóreos e incorpóreos passíveis de avaliação econômica que sejam de

nossa propriedade e dos quais podemos livremente nos desfazer".

Por sua vez, não podem ser apreciados pela arbitragem os processos de

insolvência, os bens públicos, a capacidade da pessoa e ações que dizem respeito

ao Estado.

Vale dizer, apenas como exemplo, que a arbitragem poderá ser utilizada

nas áreas:

A- Comercial:

Relações contratuais de qualquer natureza, prestação de serviços,

representantes comerciais, relações entre empresas como fusões, incorporações,

todos os tipos de sociedades, títulos de créditos, dívidas financeiras, e outros.

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B- Cível:

Compra e venda e contratos das mais variadas espécies, como

imobiliários, locação, construção, empreitadas, condomínios, danos morais, ações

de indenização, direito autoral, direito do consumidor, e outros.

C- Trabalhista:

Tem crescido muito a procura da arbitragem como veículo de solução de

controvérsias entre empregado e empregador, e este instituto tem se mostrado

extremamente eficiente para este fim. Entretanto, vale ressaltar que seu escopo na

área trabalhista não são as verbas rescisórias, mas as diferenças do contrato de

trabalho, assim, faz-se necessário a homologação prévia das verbas rescisórias

nas DRT ou nos respectivos sindicatos, para evitar a possiblidade de anulação da

arbitragem por ausência da homologação prévia. Hoje é pacifico o entendimento

que após a rescisão, as diferenças de contrato de trabalho entre empregador e

empregado tornam-se disponíveis, sendo assim possível a solução de conflitos

pela arbitragem.

Entre outros, é possível a utilização do instituto em pauta nos seguintes

casos: Danos morais em ambientes de trabalho, negociações coletivas entre

sindicatos e empresas, etc.

D- Internacionais:

Amplamente usada nas relações internacionais, principalmente para

multinacionais, que se optar pela escolha das vias judiciais convencionais, teria a

problemática da escolha do fórum Estatal, morosidade, as diferenças culturais, o

que pode resultar em prejuízos, inclusive da imagem de suas empresas. Destaque

para a convenção de Nova Iorque, a principal referência no campo da arbitragem

comercial internacional, até o momento, o Brasil segue como não signatário desta

convenção.

5. A ESCOLHA DOS ÁRBITROS:

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Uma das mais nítidas vantagens da utilização da arbitragem é poder

escolher o julgador da lide. Ato que exercido por ambas as partes. Mas quem pode

ser escolhido árbitro?

O artigo 13 da Lei de Arbitragem diz:

"Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança

das partes".

O escolhido para nobre função não se vê obrigado a aceita-la, e não se faz

necessário que a recusa seja fundamentada. Por sua vez, a aceitação ficará

expressa em compromisso e sua investidura acontece no momento que o mesmo

declara de formalmente que está apto e sem impedimentos para julgar a lide.

Embora a lei não aponte como imprescindíveis a capacitação técnica, ou

títulos, ela traz algumas características necessárias, como diligencia, discrição,

competência, imparcialidade e independência. Lembrando, que o processo judicial

é visto à luz do principio da publicidade, em contrapartida, o processo arbitral é

exatamente o oposto, impera a não publicidade, protegendo informações

confidenciais sobre as partes, pessoas físicas ou jurídicas.

5.1- Impedimento e Suspeição:

Para a lei, árbitros e juízes são igualados na maioria das características,

assim, o código de processo civil disciplina a matéria. Lembrando que a não

observação da suspeição e impedimentos podem levar à anulação da sentença

arbitral. O Artigo 134 do Código de Processo Civil traz as causas em que o arbitro

fica impedido de atuar, nos mesmos termos de juízes.

Artigo 134 CPC:

" I - de que for parte;

II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,

funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como

testemunha;

III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido

sentença ou decisão;

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IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu

cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha

colateral, até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes,

em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;

VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica,

parte na causa.

Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o

advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao

advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.”

Já os casos de suspeição são regidos pelos artigos 135, 136 e 137 do

Código de Processo Civil:

"Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou

de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;

III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar

alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender

às despesas do litígio;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo

íntimo.

Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou

afins, em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer

da causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento; caso em que o

segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substituto legal.

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Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de

todos os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se declarar

suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes"

Sobre a diferença entre suspeição e impedimento, uma vez que são

institutos parecidos,

Segundo Teixeira e Andreatta (1997, p.202):

"a diferença fundamental é que nestes, de suspeição, existem casos que

estão voltados para situações de cunho subjetivo e perante os quais a consciência

do árbitro terá função preponderante para sua presença ou não no processo".

6. PRINCÍPIOS GERAIS QUE NORTEAM A ARBITRAGEM

Os princípios são a expressão dos valores da sociedade, que ganham

forma e são inseridos como pilares no ordenamento jurídico. Carmen Lúcia

Antunes Rocha esclarece que: “São eles, assim, as colunas mestres da grande

construção do Direito. Cujos fundamentos se afirmam no sistema constitucional”3.

São os mesmo princípios basilares do ordenamento jurídico que nortearão

qualquer outra ação no que concerne à direito, inclusive o de arbitragem. Vejamos

os principais e mais relevantes na matéria em pauta:

A- Principio do devido Processo Legal

Base de todo Estado Democrático de Direito, encontra-se tutelado na Carta

Maior, no art. 5º. LIV – “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o

devido processo legal”. Resguardando assim o bem maior, a vida, a liberdade e

propriedade. Este princípio visa garantir que ninguém seja privado se sua liberdade

ou bens sem que antes sejam observadas todas as regras de um processo, evita

3 ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Princípios constitucionais da administração pública. Belo

Horizonte: Editora Del Rey, 1994, p. 25

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que a arbitrariedade ou autoridade excessiva se utilize da força física, emocional ou

qualquer outra com o proposito de coagir e lograr êxito sobre os demais. Para que

a sentença arbitral tenha plena eficácia, este princípio deve ser rigorosamente

observado, em seu desfavor, a sentença pode ser declara nula de pleno efeito.

Este é, aliás, um dos poucos motivos que levariam o poder judiciário a rever uma

sentença arbitral.

B- Princípio da imparcialidade do árbitro:

Somente um juízo arbitral isento de qualquer parcialidade pode garantir

uma sentença justa, o árbitro além de mediar entre as partes, está também acima

delas e tem a mesma função do juiz nos processos judiciais. Assim, respeitando a

vontade das partes, a escolha do arbitro goza de credibilidade dos litigantes,

oferecendo ao mesmo a obrigação de atuar com o objetivo máximo de atender as

expectativas, não de uma sentença favorável a esta ou àquela parte, mas de ser

isento e buscar que se prevaleça a justiça.

C- Princípio do contraditório, e igualdade das partes e ampla defesa:

Na verdade, três princípios em um, pois que tão próximos são que se

confundem na sua interpretação, Moacyr Amaral Santos diz ser corolário do

principio do contraditório o principio da igualdade das partes no processo4.

O princípio da igualdade é delineado já no primeiro artigo da Lei de

Arbitragem quando institui:

Art. 1º. As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem

para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

As partes, e somente elas, poderão decidir optar pela Lei da Arbitragem, qualquer

pessoa capaz, que goza de direitos civis, poderão usar do principio da igualdade,

pois o consentimento deve ser mútuo em resolver seus conflitos através do

processo arbitral.

4 Moacyr AMARAL SANTOS, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, Saraiva, São Paulo,

1990, v. 2 p. 77.

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Nos contratos de adesão, onde uma das partes pode gozar de menos

força, a Lei da arbitragem tratou de garantir a igualdade, quando estabelece que

somente com previsão expressa dos aderentes, esta opção arbitral terá eficácia5.

Neste sentido, no percurso do processo, deve ser garantido às partes, o direito à

informação de todos os atos processuais praticados pelo outro, aliado á

informação, está o direito de reação, ou seja de se valer de todos os meios legais

para estabelecer sua resposta, é o direito ao contra ataque6.

Outra nítida demonstração de respeito aos princípios fundamentais e

pilares da Carta Magna é o artigo 21 da LA, definindo expressamente ao respeito

ao contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do juiz7.

7. PRINCIPAIS VANTAGENS

A- Celeridade:

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o numero de processos em 2011

chegou a 90 milhões, tendo um crescimento de 8,8%. Os números foram

apresentados no relatório anual de 2011 disponíveis no site do CNJ8.

Diante de um número tão expressivo, a agilidade dos processos no âmbito

da arbitragem se mostra uma das principais vantagens. Sua informalidade e

ausência de recursos é o que tornam o processo arbitral muito mais ágil. Além

disto, caso não haja outro prazo estipulado pelas partes, a sentença será proferida

em no máximo 180 dias.

B- Sigilo

5 Art. 4º. (...) § 2º. Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o

aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. 6 Moacyr AMARAL SANTOS, op. cit. (vide nota 8) p. 27. 7 Art. 21 (...) § 2º. Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. 8 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-a-z/eficiencia-modernizacao-e-transparencia/pj-

justica-em-numeros/relatorios

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A regra geral no âmbito judiciário é a publicidade do processo, na

arbitragem é o contrário, a regra geral é o sigilo, por este motivo, muitos preferem a

segunda, para evitar que documentos estratégicos e informações sejam alvo do

conhecimento do publico.

C- Menos onerosa:

Principalmente pela ausência de recurso, que tanto onera os custos na via

judicial, o processo arbitral se torna muito mais atrativo, sem contar na agilidade da

resolução do litigio, o que diminui os custos indiretos.

D- Especialização:

Os árbitros são escolhidos pelas partes, que buscam sempre um

profissional especializado na área a ser subjugada pelo terceiro, diante disto, o

julgamento vem acompanhado de experiência prática e conhecimento de causa,

qualificando a decisão.

E- Título executivo Judicial:

A sentença arbitral tem a mesma funcionalidade e natureza da sentença

judicial, e pode executada imediatamente após ser proferida, não necessitando

para tal de homologação do judiciário, nem sequer homologação.

Poderíamos elencar outras vantagens a serem beneficiadas com a

aplicabilidade do processo arbitral, entretanto, estão expostas as mais significativas

e são suficientes para demonstrar que em certos aspectos ela é superior ao

processo judiciário. Neste caso muitos podem se perguntar: Porque temos um

judiciário abarrotado de ações e em equiparação um número tão menor na

arbitragem? A resposta normalmente vem acompanhada da falta de conhecimento

da sociedade em geral sobre o tema, além disto, devemos destacar que existe

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também um preconceito de muitos em relação ao processo arbitral, inclusive de

muitos operadores do direito.

CONCLUSÃO:

“a participação do cidadão no poder é a base da democracia e se

configura pela tomada de posição concreta na gestão dos negócios da

cidade; o que se consagra através de modalidade, procedimentos e

técnicas diferentes utilizadas por ele (cidadão) afim de regulamentar os

seus negócios conforme o seu próprio entendimento, desde, é claro,

que não contrarie a ordem pública. (...) a cidadania vem empregada

não no sentido restrito do exercício de direitos políticos, mas como

participação do indivíduo na sociedade estatal, cujos desígnios

devem estar de acordo com a vontade de seus integrantes, buscando o

bem comum. A competência de dizer o direito subtraindo tal

atividade do Judiciário tanto quanto a faculdade de dispor da

via arbitral, é um critério e reconhecimento que se dá ao

cidadão, o qual, no exercício desse papel, desempenha função

de ordenador da vida social, ajudando a traçar os desígnios da

sociedade; e o faz pela utilização e exercício de sua liberdade.”9

A cidadania não é exercida somente com o exercício de seus direitos

políticos. Em sentido amplo, podemos afirmar que cidadania se configura com a

participação do indivíduo na sociedade estatal. A lei da Arbitragem visa garantir ao

cidadão um conceito mais amplo, deixando que ele resolva qual melhor maneira de

resolver seus conflitos, quer pela via judicial ou pela convenção da arbitragem,

desde que as leis sejam observadas, garantido que todos os princípios

constitucionais sejam amplamente utilizados.

Este trabalho não teve o objetivo de esgotar a matéria, mas destina-se a

difundir à sociedade informação objetivando conscientização, oportunizando

liberdade de escolha em decidir entre o processo arbitral e o Poder Judiciário para

a solução de possíveis conflitos.

9 MUNIZ, Tânia L. Arbitragem no Brasil e a lei no. 9.307/96. Dissertação de Mestrado

apresentada na PUC. São Paulo, 1997, s/p APUD CACHAPUZ, Rozane da Rosa. Arbitragem. São Paulo: Editora de Direito, 2000, p. 38-39.

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BIBLIOGRAFIA

AMARAL SANTOS Moacyr, op. cit. (vide nota 8) p. 27.

CRETELLA Júnior, apud Santos (1998, p.123)

MUNIZ, Tânia L. Arbitragem no Brasil e a lei no. 9.307/96. Dissertação de

Mestrado apresentada na PUC. São Paulo, 1997, s/p APUD CACHAPUZ,

Rozane da Rosa. Arbitragem. São Paulo: Editora de Direito, 2000, p. 38-39

ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Princípios constitucionais da administração

pública. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 1994, p. 25

TEIXEIRA e ANDREATTA (1997, p.202)