Click here to load reader
Upload
anderson-frasao
View
11
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
LITERATURA INFANTIL
Questes de literatura infantil eafrodescndencia: o poder de aodo personagem negro nas reas dedeciso da narrativa
Por Valdinei Jos Arboleya
Especialista em Arte Educao e em Histria e Cultura Afrobrasileira e AfricanaPesquisador nas reas de artes, cultura e literatura
Professor de Educao InfantilE-mail: [email protected]
Encontrar na literatura infantil um personagem negro ocupando o centro de
ao de uma narrativa e assumindo na obra uma posio ativa e comp romissada seria
at algum tempo atrs uma raridade editorial na produo nacional. Mais improvvel
ainda seria encontrar esse personagem a partir de uma descrio assumida de sua
condio tnico-racial reafirmada com imparcialidade tica e esttica quanto cor da
pele e a herana cultural. A questo que esta problemtica levanta consiste no risco
da estereotipagem de personagens pela descrio textual e pela representao
grfica, j que durante dcadas a presena do negro esteve atrelada a um tratamento
marginalizador que o alou a uma condio de objeto renegando -lhe uma atitude
compromissada com a obra e, por outro lado, consiste ainda na necessidade de
reforar de maneira positiva a identidade cultural e de considerar a literatura infantil
brasileira e o papel do negro nesta produo nacional diferenciando -a da literatura de
origem, de influncia e de temtica africana. O certo que no caso do Brasil, a
produo literria voltada ao pblico infantil tem repensado esta questo, sobretudo,
no que diz respeito a uma literatura nacional que valorize a figura do negro como
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
protagonista e personagem positivo na narrativa, embora ainda haja muito que fazer
no sentido de minimizar as mculas de uma histria de pujana da civilizao
ocidental sobre as civilizaes africanas e sobre o personagem negro marcado pela
constante idia de carncia de civilizao e cultura e de trao esttico.
O contexto de surgimento da literatura infantil sempre reforou de alguma
forma o esteretipo de beleza fsica e de delicadeza d a Branca de Neve, os cabelos
lisos de Rapunzel, os olhos claros dos prncipes nrdicos enfim, a beleza ariana dos
heris e heronas brancos de tantos outros contos clssicos nos quais,
invariavelmente a aparncia fsica e a designao de pessoa cultural e de modo e
lugar de transmisso dessa cultura eram estabelecidas a partir dos padres da cultura
colonizadora europia e nunca da cultura do colonizado.
De certa forma, a construo da imagem ou a representao grfica do
personagem, em partes condicionadas pela descrio textual, confundiu e ainda hoje
confunde os aspectos tico e esttico em livros infantis, segundo Abramovich (2008 p.
36), o enleamento destes aspectos acaba reforando a dimenso tica de um
personagem pela esttica. Esse reforo conven iente construo de uma idia de
poder que permite quele que o possui ocupar as reas de deciso da narrativa,
apresentando-se como belo (dimenso esttica) onde a beleza revela a dignidade, a
fora e a honraria (dimenso tica). importante ressaltar que a idia de poder aqui
discutida no se compara discusso de um poder do bem contra o do mal, mas do
poder de ao na narrativa a partir das construes ideolgicas que definem os
protagonistas e os coadjuvantes. A literatura infantil consagrou person agens
polarizados culturalmente no nvel da ao e do compromisso com a obra atravs de
convenes estereotipadas de gnero, etnia e raa. Esses personagens se tornam
agentes principais do enredo na medida em que ocupam o centro da ao na narrativa
e marcam atravs dele uma posio ideolgica em reas de deciso como instituies
sociais, (famlia e escola, por exemplo), centros de poder, (como palcios e castelos) e
centros de lazer ou vida social, (como a rua e o clube). Em outras palavras, o poder de
ao dentro destes espaos pertence ao personagem principal que representado
imageticamente a partir de caractersticas bem visveis de etnia, raa e cultura,
podendo propiciar uma ligao destes aspectos com a capacidade de se organizar e
agir socialmente.
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Essa dificuldade de representao da esfera do poder na literatura infantil
percebida no momento em que se constri a identidade dos personagens na obra,
como crianas e velhos, para os quais se elabora a uma imagem estereotipada e na
medida em que a constri tende-se a encolher o ngulo de representao, tornando -o
pouco significativo, se o pensamos como ponto de partida para o conhecimento da
realidade circundante (LAJOLO; ZILBERMANN, 1988 p. 67).
Assim, a estratgia narrativa de criar a esfera do poder na literatura infantil
pode ser vista como descendente da prpria histria da sociedade. No caso brasileiro
este aspecto pode ser percebido com especial destaque nas publicaes feitas entre
os anos 20 e 40, perodo de intensas transies na economia , na poltica, na
educao e nas artes. De acordo com Regina Zilbermann e Marisa Lajolo (1988),
neste momento especfico da histria nacional em que se sobressaem os ideais de
modernizao econmica, de renovao poltica com o favorecimento da expanso de
uma ideologia nacionalista fervorosa e com as renovaes no cnone literrio
advindas do Modernismo, aspectos que em ao conjunta aqueceram a expanso
editorial a produo literria como um todo, inclusive a infantil, incorporou o projeto
nacionalista sugerindo uma literatura integrada as dificuldades, ideais e concretizaes
da poca privilegiando espaos e personagens constantes e caracterizadores dessa
fase.
As narrativas dessa poca privilegiavam o mundo rural (embora o ideal de
progresso fosse se instaurando gradativamente) no qual as aventuras infantis
narradas em livros de histrias eram conformadas a partir de uma ao, uma reao e
um sentimento de culpa que afetavam fortemente os segmentos inferiores ou
marginalizados da sociedade dita civil izada. Nessas produes o personagem no
branco encontra-se sempre na contramo da moral e da organizao social e s se
redime dessa condio negativa quando se torna civilizado por uma ao redentora da
sociedade burguesa. Sobre algumas obras deste pero do Zilbermann e Lajolo (1988)
discutem a constituio estereotipada dos personagens e dos aspectos sociais e
culturais como resultados de uma metamorfose do personagem no branco na qual
ele se torna um coadjuvante do branco e sua dimenso tica passa a se r fortemente
acentuada pela esttica (o caipira, o ndio e o negro liberto no absorvido pelo
mercado de trabalho figuram como sinais de emperramento da modernizao que
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
precisam ser aculturados pela sociedade burguesa). Esta redeno condicionada
pela assimilao da cultura europia colonial:
O reforo da diviso social, colocando as personagens pobres (ecaipiras) a servio dos filhos dos proprietrios, e tnica, opondondios e brancos, revela em que medida a literatura infantil contornoua contribuio popular e endossou preconceitos do grupo dominante.Em outras palavras, em que medida ela afinou -se a projetos de seutempo, em especial o de integrar a arte nacional a padresinternacionais, mesmo ao preo de sua desnacionalizao(ZILBERMANN; LAJOLO, 1988, p. 131-132).
Este aspecto referencia a importncia do cuidado que se deve tomar com as
relaes entre tica e esttica tomadas como elementos de composio do
personagem nas obras infantis, assim como as relaes de poder que elas
consagram, j que neste aspecto reside basicamente a construo de esteretipos
minados de preconceitos que terminam por construir um cenrio ideal para
qualificao do bom e bonito, do feio e mal segundo aspectos tnico -raciais que
diferenciam no contexto da narrativa :
As relaes de poder, os que a ela ascendero (e quando), os que sedestinam marginalidade perptua, os que tero uma vida regrada econfortvel (e tambm quando)... Enfim, o lugar que os bonitos (e,portanto, bons) ocupam neste mundo e no futuro e a queles que osfeios (e, portanto, maus) possuem agora e provavelmente parasempre (ABRAMOVICH, 2008, p. 40 -41).
preciso esclarecer que no se pretende uma obra infantil do tipo realista que
desnude a problemtica da questo social atravs do trao duro do desenho realista
ou da descrio densa e tensa do real que retira do livro infantil a sua caracterstica
principal: a magia e o encantamento das palavras e imagens. Antes, espera -se uma
obra infantil que no construa esteretipos estreitadores em rela o
representatividade social e cultural e construo da identidade tnica, esta ltima
tanto para os que se referenciam nela para uma auto -afirmao de sua condio
tnico-racial quanto para aqueles que nela se baseiem para construir valores
referencias em relao cultura do outro.
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
A problemtica desta questo reside basicamente no fato de que a escola pode
se servir de um material paradidtico sem se dar conta de que a forma como se
conduz a reflexo aps o trabalho de leitura e apreenso dos tratado s essenciais da
narrativa pode reforar positiva ou negativamente os traos identitrios, os valores
culturais e mesmo a prpria referncia de beleza da criana (onde a nosso ver reside
um perigo iminente, o da transformao do corpo em favor de uma cultur a
eurocntrica de consumo) ao dimensionar os personagens como feios ou bonitos,
ativos e corretos em suas atitudes, ou passivos e redimidos pela atitude do outro.
Os aspectos levantados at aqui formam um quadro de agudo questionamento
que colocam o profissional de educao diante de uma problemtica didtico -
metodolgica: o que fazer e como fazer. O objetivo deste texto justamente o de criar
um espao para reflexo desta problemtica sem pretender uma resposta definitiva. O
caminho utilizado para se colocar nesta incurso passa por uma breve anlise dos
aspectos referentes identidade cultural e mais precisamente da identidade do negro
como personagem ativo dentro da literatura infantil.
Pode a esta altura perguntar-se o profissional de educao: o que fazer com o
conto clssico e com as representaes socioculturais que ele traz consigo? Deve -se
cont-lo ou ignorar a secular histria trazida por ele? Esquecer Branca de Neve e seus
sete anes? Diria que esta no a pergunta certa, como certa no a ati tude de
deix-lo. Ao nos permitirmos uma reflexo bem pontual, poderemos averiguar que, da
mesma forma que os contos clssicos, o folclore tambm traz referenciais culturais
que no so bem cotados do ponto de vista da formao moral, nem por isso o mundo
est escasseado de gatos, que no foram nem nunca sero extintos pelos paus neles
atirados quando nos ensinaram a cantar o atirei o pau no gato... At porque ningum
nunca nos ensinou a atirar o pau no gato dentro da escola, mas sim ensinou -nos uma
cantiga de roda, um jogo cantado que refora a musicalidade e a motricidade. O atirei
o pau no gato remonta a um imaginrio coletivo pela lembrana das conexes sociais
e temporais que ele traz e, acredito, no pelo incentivo ao massacre de felinos. Em
outras palavras, deve-se buscar sempre o exerccio reflexivo sobre o que est
culturalmente posto sem desmerecimentos histricos.
A busca pelos aspectos positivos de cada cultura e de cada sujeito social pela
sua prpria identidade auto-afirmada parece ser um caminho a ser trilhado pelas
Instituies de Ensino que trabalham com a literatura infantil. Busca -se o aspecto
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
positivo pela sua prpria positividade e no o reforo dos negativos de um dado grupo
ou cultura em detrimento dos aspectos positivos de outra. Em ou tras palavras, deve-se
exercitar na escola o relativismo cultural que Roberto Damatta (1997) apresenta como
necessrio para compreender a cultura do outro sem construir esteretipos e
preconceitos. O exerccio do relativismo pode ser facilmente aprendido p elos
pequenos porque exige deles o que tm de mais produtivo a curiosidade, a
imaginao e facilidade de associao com o diferente. Esse exerccio pode contribuir
para a formao de um novo imaginrio coletivo a cerca daquilo que diferente,
considerando que, como nos diz Ribeiro (1996) o novo imaginrio coletivo a cerca das
pessoas, das culturas e das aes pode ser construdo a partir do imaginrio infantil,
como uma preparao para novas atitudes e aes diante da questo da identidade
cultural e da representatividade social das diversas etnias na sociedade
contempornea.
O que ento, o educador deve-se perguntar : como fazer? E tenho notado que
a resposta vem de uma ao muito simples: com a mesma intensidade com que se
trabalha o cnone literrio deve-se trabalhar com o renovo literrio que rompe com o
imaginrio estereotipado do negro. Em palavras literrias, poderamos dizer que to
bela quanto alva Branca de Neve que se perde na floresta e se encontra com seus
sete anes, tambm a negra Menina do Lao de Fita1[2] que se perde em suas
dvidas e se encontra como ser social e cultural pelas explicaes da me o que nos
remete imediatamente a idia de identidade enquanto projeto de cidadania (Castell,
1999), neste caso, o projeto de construo ci dad tambm fortemente fomentado
pela atuao do coadjuvante Coelho Branco que, encantado com a beleza da menina,
acaba por se tornar na narrativa o grande multiplicador da diversidade tnica e
cultural, e no apenas do ponto de vista biolgico (dos filh otes que teve), mas do
ponto de vista reflexivo, da forma como descobre a questo da diversidade tnica.
Tambm to belo quanto a menina de cachos negros arrepanhados por um
lao de fita o negro menino marrom 2[3] que se descobre diferente e igual a seu
colega branco, diferente porque descrito como uma criana negra e descobre -se
uma negra criana bonita e igual porque ao se relacionar com o colega branco
entende que so diferentes apenas no aspecto da cor da pele, mas no so diferentes
1[2] Ver: Machado, Ana M. Menina Bonita do Lao de Fita . So Paulo: melhoramentos, 1986.2[3] Ver: PINTO, Ziraldo A. O menino marrom. So Paulo: melhoramentos, 1986
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
na condio de ser humano. O Menino Marrom de Ziraldo Alves Pinto a construo
imagtica e textual do que vimos discutindo at aqui: o personagem que atua em
todas as reas de deciso da narrativa sem que sua dimenso tica seja tomada a
partir de seus traos estticos e vice-versa. Sua imagem (as ilustraes que compe o
livro) trazem um menino de traos bem definidos como uma valorizao positiva da
identidade negra que tambm reafirmada pela narrativa caprichei no desenho do
menino marrom, mas acho que ele era m uito mais bonito pessoalmente (1986, p. 3).
Sua descrio fsica contempla cada peculiaridade de sua condio tnica e biolgica
como elemento formador de um ser bonito, tais descries so feitas de forma objetiva
e no comparativa. Ziraldo foge dos este retipos de famlia pobre, negrinho descalo e
dependncia do branco para justificar atitudes, o menino tem voz ativa e pensa
segundo seus prprios entendimentos da realidade, como qualquer criana, mostra
disso a resposta brilhante que d a me quando i ndagado sobre a razo de ter
quebrado as coisas da casa: que a senhora deixou o tio tomando conta de mim e
ele no tomou direito (ibidem, p 6)
A anlise de contedo da obra O Menino Marrom pode nos servir de base para
entender a renovao da literatura infantil e colaborar para a construo de um novo
imaginrio coletivo. O menino de Ziraldo uma criana social que possui um amigo
branco com o qual descobre diferenas de suas caractersticas biolgicas e a as
diferenas entre ambos eles so notri as: ambos percebem-se diferentes e o autor
remonta-se a essa diferena como elemento de composio textual ao referir -se s
algumas muitas diferenas que o Menino marrom tem em relao ao menino branco. A
acentuao dada s diferenas no refora as divis es, mas refora a identidade
tnica: indispensvel se reconhecer como diferente para identificar -se como pessoa,
mas a condio de sujeito social independe da condio tnica. Ser negro e ser
branco so condies de ser humano e a linguagem metafrica em pregada a todo o
instante na obra leva o leitor a refletir sobre esta questo e a no consider -la como
problema, embora a utilizao das nomenclaturas por meio de cores diversas leve -nos
a refletir sobre a complexidade da questo calcada na necessidade de se reconhecer
a etnia, a cor da pele e trat-la pela nomenclatura correta, sem invencionices
tendenciosas.
O menino marrom sabe que negro o menino achava normal ser chamado de
preto (ibidem, p. 20), por isso em alguns momentos a cor marrom pode parece r uma
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
eufemizao, no entanto, percebe-se que Ziraldo trabalha com a idia da cor para
discutir a constituio dos signos na vida social que por vezes leva o homem a tom -la
como referncia para a designao do certo e errado, do feio e do belo, do humano e
do desumano, como exemplo cruel serve -nos aqui a prpria escravido dos negros.
Neste sentido, a obra serve de base para enriquecer a reflexo e o debate sobre as
diferenas tnico-raciais na escola mostrando que h diferenas tnicas, porm h
igualdade no aspecto humano. O homem emprega a cor no dia -a-dia e agrega a ela
simbolismos de acordo com seus estmulos psicolgicos para a sensibilidade humana
e com o prprio emprego tcnico e social da cor (PEDROSA, 1982).
A recorrncia da cor como elemento de valor psicolgico faz do preto uma
referncia a angstias e a tristezas, contraria a sensao colorstica do branco, como
descobre o prprio menino aps ter estudado (vemos aqui o menino atuando numa
rea de deciso de grande valor ideolgico, que a esco la), entretanto, o autor
discute a representao simblica do preto e do branco pela experincia do menino,
lembrando que elas se tornam referncias porque so constitudas como imaginrio
coletivo, como smbolos criados pelo homem e transmitidos por meio deste imaginrio
(RIBEIRO, 1996). Enfim, preto e branco, como descobre o prprio menino, no so
contrariedades, mas pensando na questo da humanidade, so complementaridades.
O ser humano sente a falta do outro pela sua condio de humanidade de convivn cia
social e no pela dependncia social, assim acontece com o Menino marrom, que
sentiu a falta de seu amigo branco no porque era branco, mas porque era humano.
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
Revista frica e Africanidades - Ano I - n. 4 Fev. 2009 - ISSN 1983-2354www.africaeafricanidades.com
REFERNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. So Paulo:Scipione, 2008
CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. A era da informao : economia,sociedade e cultura. v. 2 So Paulo: Paz e Terra, 1999.
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introduo antropologia social . 5. ed.Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do lao de Fita . So Paulo: melhoramentos,1986.
PEDROSA, Israel. Da cor cor inexistente . 3. ed. Brazilia: UnB, 1982.
PINTO, Ziraldo A. O menino marrom. So Paulo: melhoramentos, 1986
RIBEIRO, Ronilda. Ao educacional na construo do novo imaginrio infantil sobre a
frica. In: MUNANGA, Kabenguele (org). Estratgias e polticas de combate discriminao racial. So Paulo: Edusp, 1996
ZILBERMANN, Regina; LAJOLO, Marisa. Um Brasil para crianas : para conhecer aliteratura infantil brasileira: histrias, autores e textos. 3. ed. So Paulo: global, 1988.