UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

REINALDO VIEIRA ALVES JUNIOR

REVISO DO ESTADO DA ARTE SOBRE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTOS.

PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO. PROJETO E

EXECUO ANLISE DE EXEMPLO PRTICO

FEIRA DE SANTANA BA

2010

REINALDO VIEIRA ALVES JUNIOR

REVISO DO ESTADO DA ARTE SOBRE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTOS.

PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO. PROJETO E

EXECUO ANLISE DE EXEMPLO PRTICO

FEIRA DE SANTANA BA

2010

Trabalho de Concluso da Graduao com o objetivo de aprovao da disciplina Projeto Final II do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Orientador: lvio Antonino Guimares Mestre em Estruturas

REINALDO VIEIRA ALVES JUNIOR

REVISO DO ESTADO DA ARTE SOBRE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTOS.

PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO. PROJETO E

EXECUO ANLISE DE EXEMPLO PRTICO

Trabalho de Concluso da Graduao com o objetivo de aprovao da disciplina

Projeto Final II do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de

Santana.

Feira de Santana BA,

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Mestre lvio Antonino Guimares (Orientador)

________________________________________________

Prof. Mestre Cristvo Csar C. Cordeiro (Examinador)

________________________________________________

Prof. Mestre Eufrosina de Azevedo Cerqueira (Examinadora)

Aos meus pais, irm e familiares, pelo apoio e incentivo na concluso deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Deus, primeiramente, por permitir a concluso deste trabalho e alcanar os

objetivos almejados.

Aos meus pais e minha irm pelo carinho, apoio e momentos de felicidade ao longo

da minha vida, principalmente nestes ltimos anos.

Ao Prof. lvio Antonino Guimares pela orientao, ateno e pelos valiosos

ensinamentos durante a realizao deste trabalho.

Aos grandes amigos, tanto da universidade, quanto fora dela, pelas alegrias e

ensinamentos.

Aos professores desta grande instituio de ensino (UEFS), pelos ensinamentos e

exemplo de postura profissional.

Universidade Estadual de Feira de Santana.

Aos Engenheiros Mrcio Alves e L. Barretto pelos ensinamentos, compreenso e

apoio no decorrer destes ltimos semestres.

Enfim, a todos que contriburam direta ou indiretamente para a concluso deste

trabalho.

RESUMO

A grande utilizao de revestimento de argamassa no Brasil, apesar dos problemas apresentados, indica a necessidade de melhorar o desenvolvimento desse sistema de produo. A falta de projeto e planejamento da produo, a ausncia de viso sistmica, a baixa racionalizao e industrializao, a dependncia da habilidade e do conhecimento do operador so caractersticas que ainda predominam nas obras, gerando alta variabilidade e baixa confiabilidade da produo. Com a utilizao de um projeto para produo do revestimento, incluindo as propriedades da argamassa e as funes do revestimento, busca-se melhorar a qualidade final do revestimento. Em vista disso, este trabalho faz uma avaliao da importncia do uso do projeto de revestimento de argamassa utilizado em uma obra industrial localizada em Feira de Santana, mostrando as suas principais etapas de produo e organizao com a finalidade de melhorias no sistema de revestimentos nas empresas no momento da definio dos materiais at processo de produo e execuo, a fim de minimizar suas patologias.

Palavras-chave: revestimento de argamassa, projeto, patologias.

ABSTRACT

The great use of the mortar in Brazil, in spite of the presented problems, indicates the need to improve the development of that production system. The project lack and planning of the production, the absence of vision systemic, the low rationalization and industrialization, the dependence of the ability and of the knowledge of the operator they are characteristic that still prevail in the works, generating high variability and it lowers reliability of the production. With the use of a project for production of the coating, including the properties of the mortar and the functions of the coating, it is looked for to improve the final quality of the mortar. In view of that, this work makes an evaluation of the importance of the use of the project of mortar used in a located industrial work in Feira de Santana, showing your principal production stages and organization with the purpose of improvements in the system of mortar in the companies in the moment of the definition of the materials to production process and execution, in order to minimize your pathologies.

Keywords: mortar, project, pathologies.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Projeto do produto e projeto da produo (MACIEL e MELHADO, 1997). 13

Figura 2 - Camadas do revestimento de argamassa da vedao vertical: emboo,

reboco e massa nica (MACIEL et al., 1998). _____________________________ 23

Figura 3 - Propriedades da argamassa no estado fresco e endurecido (MACIEL et

al., 1998). _________________________________________________________ 27

Figura 4 (a) Argamassa sem aditivo incorporador de ar com aspecto seco; (b)

Argamassa com aditivo incorporador de ar com aspecto plstico (BAUER et al.,

2005). ____________________________________________________________ 30

Figura 5 - Influncia do teor de ar incorporado na resistncia de aderncia trao

(BAUER et al. 2005). ________________________________________________ 30

Figura 6 - Consistncia das argamassas (CARASEK, 2007). _________________ 32

Figura 7 - Perda de aderncia por descontinuidade da argamassa (MACIEL et al.,

1998). ____________________________________________________________ 33

Figura 8 - Fissurao da argamassa por retrao na secagem: argamassa forte X

argamassa fraca (MACIEL et al., 1998). _________________________________ 34

Figura 9 - Ensaio de permeabilidade (MACIEL e SABBATINI, 2008). ___________ 38

Figura 10 - Projeto de revestimento (COSTA, 2005). ________________________ 42

Figura 11 - Perfil recomendado para junta de trabalho (MACIEL et al., 1998). ____ 49

Figura 12 - Ferramentas para execuo da junta de trabalho (MACIEL et al., 1998).

_________________________________________________________________ 49

Figura 13 - O processo de elaborao do projeto dos revestimentos de base

argamassada (MACIEL e MELHADO, 1997). _____________________________ 54

Figura 14 Manchamento por umidade (CARASEK, 2007). __________________ 58

Figura 15 Descolamento do revestimento de argamassa (CARASEK, 2007) ____ 58

Figura 16 Fissuras causadas por deformao na estrutura (CARASEK, 2007). _ 59

Figura 17 - Movimentao de estruturas causando fissuras nos revestimentos

acesso em 16/01/2010. ____________ 60

Figura 18 - Solicitaes impostas s superfcies das edificaes (CINCOTTO et al.,

1995). ____________________________________________________________ 61

Figura 19 Aplicao de chapisco na parede lateral da fbrica. _______________ 66

Figura 20 Taliscas de cermica aplicadas na parede lateral da fbrica ________ 67

1

Figura 21 Aplicao de mestras na parede lateral da fbrica ________________ 68

Figura 22 Sarrafeamento da massa nica aplicada sobre a parede da fbrica___ 69

Figura 23 Desempenamento da massa nica da parede lateral da fbrica. _____ 69

Figura 24 Fissuras ocorridas no revestimento na FASE 1 aps sua concluso. __ 71

Figura 25 Fissuras observadas na FASE 1 no meio dos vos das paredes. ____ 71

Figura 26 Colocao das barras de ao para confeco dos pilaretes. ________ 72

Figura 27 Juntas de movimentao do revestimento da parede lateral da fbrica 74

Figura 28 Minimizaes patolgicas observadas no revestimento na FASE 2. __ 74

Figura 29 Paginao da alvenaria da parede da fbrica. ___________________ 86

Figura 30 - Detalhe da posio da junta de movimentao ___________________ 87

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Instrumentos e indicadores do exemplo prtico ___________________ 17

Tabela 2 - Critrios gerais de classificao dos revestimentos. ________________ 22

Tabela 3 - Espessuras admissveis de revestimentos interno. _________________ 24

Tabela 4 - Classificao das argamassas de revestimento. __________________ 25

Tabela 5 Classificao das argamassas segundo as suas funes na construo.

_________________________________________________________________ 26

Tabela 6 - Nvel de exigncia das propriedades do revestimento de argamassa. __ 28

Tabela 7 - Classificao das argamassas quanto densidade da massa no estado

fresco. ___________________________________________________________ 29

Tabela 8 - Limites de resistncia de aderncia trao. _____________________ 35

Tabela 9 - Aspectos a serem considerados na dosagem da argamassa. ________ 44

Tabela 10 - Atividades e equipamentos de produo das argamassas. _________ 45

Tabela 11 - Espessuras admissveis para o revestimento de argamassa. ________ 46

Tabela 12 - Espessuras mnimas nos pontos crticos. _______________________ 46

Tabela 13 - Caractersticas das bases de aplicao do revestimento. ___________ 48

Tabela 14 - Subsdios para elaborao do projeto para produo de revestimento e

contedo de informaes. ____________________________________________ 51

Tabela 15 Recomendaes de idades para intervalos entre os servios de

revestimento _______________________________________________________ 52

Tabela 16 - Manifestaes patolgicas dos revestimentos de argamassa. _______ 62

Tabela 17 - Origem dos problemas patolgicos. ___________________________ 63

SUMRIO

1. INTRODUO ___________________________________________________ 12

1.1 JUSTIFICATIVA _________________________________________________ 14

1.2 OBJETIVOS ____________________________________________________ 15

1.2.1 Objetivo Geral _____________________________________________ 15

1.2.2 Objetivo Especfico__________________________________________ 15

1.3 METODOLOGIA _________________________________________________ 15

1.3.1 Estratgia de pesquisa _______________________________________ 15

1.3.2 Instrumentos de coleta de dados _______________________________ 17

1.3.3 Descrio do processo _______________________________________ 17

1.3.3.1 Observao direta e anotaes de campo _____________________ 17

1.3.3.2 Documentao fotogrfica. _________________________________ 18

1.3.4 Avaliao da qualidade ______________________________________ 18

1.3.4.1 Levantamento de manifestaes patolgicas ___________________ 18

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ___________________________________ 19

2. FUNDAMENTAO TERICA ______________________________________ 20

2.1. O REVESTIMENTO DE ARGAMASSA _______________________________ 20

2.1.1 Histrico __________________________________________________ 20

2.1.2 Importncia e funo do revestimento no edifcio __________________ 21

2.1.3 Caracterizao do revestimento de argamassa ____________________ 22

2.1.4 Tipos de argamassas ________________________________________ 24

2.1.5 Principais propriedades das argamassas _________________________ 26

2.2. O PROJETO DE REVESTIMENTO DE ARGAMASSA ___________________ 38

2.2.1 Importncia de se fazer um projeto _____________________________ 40

2.2.2 Contedo a ser considerado em um projeto ______________________ 41

2.2.2.1 Materiais _______________________________________________ 43

2.2.2.2 Acabamento final ________________________________________ 45

2.2.2.3 Substrato de aplicao das argamassas ______________________ 47

2.2.2.4 Detalhes construtivos e arquitetnicos ________________________ 48

2.2.2.5 Procedimentos de produo e execuo ______________________ 50

2.2.2.6 Controle e elaborao dos servios __________________________ 52

11

2.2.3 Procedimentos para produo do revestimento de argamassa ________ 55

2.2.3.1 Preparao da base de revestimento _________________________ 55

2.2.3.2 Aplicao do chapisco ____________________________________ 55

2.2.3.3 Taliscamento ___________________________________________ 56

2.2.3.4 Aplicao da argamassa de revestimento _____________________ 56

2.3 PATOLOGIAS DOS REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA _______________ 57

3. PARTICULARIDADES DO EXEMPLO PRTICO ________________________ 64

3.1 CARACTERSTICAS DA EMPRESA _________________________________ 64

3.2 CARACTERSTICAS DA OBRA _____________________________________ 64

4. ANLISE E RESULTADOS _________________________________________ 65

5. CONSIDERAES FINAIS _________________________________________ 75

5.1 CONCLUSES _________________________________________________ 75

5.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS _________________________ 76

REFERNCIAS ____________________________________________________ 77

ANEXO __________________________________________________________ 81

12

1. INTRODUO

As mudanas ocorridas no quadro social, cultural, poltico e econmico no Brasil

aumentaram a competitividade entre as empresas principalmente no setor da

produo, levando a uma grande transformao na rea da Construo Civil. Por

causa do aumento da concorrncia no mercado as empresas construtoras vm

buscando a cada dia desenvolver mtodos para melhorar a qualidade da edificao,

reduzindo prazos de execuo e custos, a fim de atingir um nvel de reconhecimento

no ambiente de mercado.

Nota-se que o ambiente imobilirio vem sofrendo um forte aquecimento, resultando

em um crescimento no volume de obras das construtoras e tornando ainda mais

necessrio a definio de mtodos para a obteno de qualidade nos servios e no

prazo de entrega das obras.

Com essa evoluo e o crescimento do setor da Construo Civil, as tcnicas e

procedimentos aplicados nas construes sofreram transformaes em funo da

economia, das exigncias da qualidade e durabilidade do produto. Um dos sub-

setores que passaram por essa evoluo foi o da edificao. O revestimento de

argamassa que parte integrante do edifcio, tambm sofreu essa modificao,

principalmente nas suas propriedades e funcionalidades, sem deixar de falar nos

problemas que surgiram.

Como a edificao foi um setor de destaque nessa evoluo, os resultados

adquiridos para tal fato envolvem entre vrios fatores a produo da obra e a gesto

do projeto. Isso reflete da racionalizao na forma de produzir as diversas partes

integrantes do edifcio desde a etapa de anteprojeto, compatibilizao com os

demais projetos e resoluo dos problemas identificados.

Segundo Maciel e Melhado (1997), cada parte integrante de um edifcio tem um

desempenho que reflete em seu funcionamento global e o revestimento uma

dessas partes que vem tendo pouca prioridade no incio de um empreendimento.

Por isto que o presente trabalho tem como principal foco o revestimento

13

argamassado que utilizado freqentemente nos edifcios, com funes de vedao

e acabamento. Mesmo sabendo que o revestimento de argamassa muito usado,

ainda se observa que existem muitos problemas como desperdcios de materiais,

tempo, mo de obra, altos custos de produo e incidncia de patologias.

Esses problemas so gerados por diversos fatores, dentre eles a prtica de no

definir o revestimento antes de comear a sua execuo, ou seja, detalhar e colocar

em projeto. Para Maciel e Melhado (1997), h a necessidade de se elaborar um

projeto especfico para os revestimentos de argamassa, sendo posto em estudo com

os demais projetos das demais partes do edifcio como alvenaria, instalaes,

estrutura, levando em considerao tambm a tecnologia das construes que vem

sofrendo uma constante evoluo. Estes projetos so denominados Projeto do

Produto e Projeto da Produo (Figura 1).

Figura 1 - Projeto do produto e projeto da produo (MACIEL e MELHADO, 1997).

14

1.1 JUSTIFICATIVA

Devido ao fato da argamassa ser muito utilizada no sistema de revestimento, seja

ele interno ou externo, principalmente na fachada que o carto de visita de um

edifcio ou residncia e que exigem maiores cuidados no processo de tomada de

deciso, que o presente trabalho busca fazer um estudo do uso de projeto para

minimizar as patologias que causam grande impacto negativo, tanto para os

usurios como para as construtoras.

Muitas vezes esse revestimento visto apenas como uma forma de esconder os

defeitos como imperfeies da base (alvenaria e estrutura), no sendo muito

consideradas principalmente as suas mais importantes funes que so: proteger

contra intempries externas, estanqueidade, acabamento e regularizao da

superfcie dos elementos de vedao, alm do aspecto esttico.

As formas de avaliao, controle e definio ainda esto incipientes e muitas vezes

insuficientes para as necessidades de produo e execuo dos revestimentos.

Como por exemplo, pode-se ver a questo da dificuldade de se definir e aplicar

juntas nos sistemas de revestimentos. As referncias de norma so extremamente

genricas, resultando em situaes no particularizadas de execuo.

Por causa do desinteresse dado ao revestimento, principalmente o argamassado

que a principal e mais utilizada como base para outros tipos de revestimentos,

decises importantes so tomadas em obra de forma emprica trazendo assim

resultados e ocorrncia de desperdcios de materiais, tempo, mo de obra,

problemas patolgicos, sem falar no elevado custo de produo. Assim essa

pesquisa tem o propsito de estudar e analisar a importncia do projeto de

revestimento de argamassa, para antecipar os problemas e tomadas de decises,

buscando melhorar a qualidade do revestimento final e obter melhores resultados,

diminuindo assim as principais patologias.

15

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Fazer um estudo em relao ao estado da arte sobre argamassa de revestimento,

incluindo propriedades em seu estado fresco e endurecido e a utilizao de projeto e

execuo de revestimentos.

1.2.2 Objetivo Especfico

Demonstrar a importncia do projeto para produo de revestimento de argamassa

atravs de um exemplo prtico

1.3 METODOLOGIA

Neste item ser apresentada a estratgia de pesquisa adotada para o

desenvolvimento deste trabalho descrevendo o tipo de pesquisa e os instrumentos

de coleta das informaes utilizadas neste estudo.

1.3.1 Estratgia de pesquisa

A reviso bibliogrfica foi realizada ao decorrer de todo estudo, onde buscou-se

informaes e conhecimentos na literatura brasileira, artigos, sites e pesquisas sobre

propriedades das argamassas e projeto de revestimento como forma de auxiliar no

entendimento e interpretao dos resultados. Os resultados foram obtidos atravs

16

do processo de produo de revestimento de argamassa, que envolve tanto a parte

tcnica da execuo como tambm a de produo.

Como no h tentativa de generalizar os resultados alm do contexto em que se

est desenvolvendo e partindo da idia de melhorar a efetividade do processo nesta

situao de pesquisa para se obter uma qualidade no produto final, que se utilizou o

mtodo de avaliao formativa. Segundo Roesch (1996), este mtodo implica em

um diagnstico do sistema atual e sugestes para sua reformulao com

possibilidade de implementar as mudanas sugeridas com observao de seus

efeitos. Para isso precisa ter certa familiaridade com o sistema.

A pesquisa teve como foco a reviso do estado da arte sobre argamassas de

revestimentos, suas propriedades, projetos e execuo, atravs da anlise de um

exemplo prtico de uma obra no setor da construo industrial por uma empresa de

construo civil localizada na cidade de Feira de Santana - BA, sendo conduzidos

estudos em um canteiro de obra que buscam a compreenso e interpretao das

atividades e seus problemas.

Para a realizao da anlise dos dados provenientes desta pesquisa foram feitas

inicialmente anlises isoladas sobre duas fases do exemplo prtico. Cada fase

envolve a mesma empresa, onde foi feito um diagnostico dos problemas existentes

no processo bem como a identificao das melhorias. Com as caractersticas do

processo de produo do revestimento em cada fase, foi possvel identificar os

problemas enfrentados no processo e as oportunidades de super-los.

A FASE 1 foi feita durante a quinta etapa de ampliao da fbrica no perodo de

16/03/2009 a 13/12/2009, onde foram coletados os dados referentes produo e

execuo do revestimento de argamassa.

A FASE 2 foi realizada durante a sexta etapa de ampliao no perodo de

02/02/2010 a 15/11/2010, onde foi feita a coleta dos dados referentes a produo e

execuo juntamente com o projeto de revestimento de argamassa.

17

1.3.2 Instrumentos de coleta de dados

Em cada fase foram aplicadas ferramentas de coletas de dados (Tabela 1) buscando

medir o desempenho e a qualidade dos revestimentos

Tabela 1 - Instrumentos e indicadores do exemplo prtico.

INSTRUMENTOS

OBJETIVO DA FERRAMENTA

BENEFCIOS

DE

SC

RI

O

DO

PR

OC

ES

SO

Observao direta e anotaes de campo

Registrar informaes adicionais sobre o objeto de estudo

Enriquecer as informaes por acontecer em tempo real

Projetos, documentao fotogrfica

Organizar as atividades, registrar imagens do processo estudado

Ilustrar, analisar e eliminar possveis dvidas surgidas durante a anlise dos dados

AV

AL

IA

O

DA

QU

AL

IDA

DE

Levantamento de manifestao patolgica

Quantificar, tipificar e analisar a causa da existncia de problemas patolgicos nas paredes.

Avaliar e verificar o desempenho (qualidade) do revestimento concludo

1.3.3 Descrio do processo

1.3.3.1 Observao direta e anotaes de campo

Segundo Yin (2005), as observaes diretas podem ser feitas informalmente, ao

longo da visita de campo, incluindo as ocasies durante as quais esto sendo

coletadas outras evidncias. As anotaes so teis para fornecer informaes

adicionais sobre o tpico que est sendo estudado, sendo muito valiosa em

combinao com registros fotogrficos. O mesmo autor salienta que as observaes

18

diretas podem consumir muito tempo, porm enriquecem bastante as informaes

por se tratar de acontecimentos em tempo real.

As observaes diretas foram realizadas pelo pesquisador todos os dias no canteiro

de obra, enfatizando todos os procedimentos utilizados no processo do revestimento

da primeira fase e tambm os itens especificados no projeto da segunda fase, que

direta ou indiretamente afetam o processo em estudo. As informaes relevantes

eram registradas a partir de anotaes em cadernos de campo e em dirio de obra.

1.3.3.2 Documentao fotogrfica.

Com uso de uma mquina fotogrfica digital, as imagens do processo de produo e

execuo de revestimento de argamassa foram registradas contemplando todas as

etapas e acontecimentos relacionados ao mesmo como, por exemplo, chapisco,

taliscamento, execuo das mestras, massa nica, detalhes construtivos e

arquitetnicos e as manifestaes patolgicas. Essas imagens tambm foram

bastante teis para eliminar algumas dvidas que surgiam durante a anlise dos

dados.

1.3.4 Avaliao da qualidade

1.3.4.1 Levantamento de manifestaes patolgicas

Com o revestimento de argamassa da parede de fechamento da fbrica concludo

na FASE 1, realizou-se um levantamento atravs de observao e registro

fotogrfico das manifestaes patolgicas. Procurou-se quantificar nas paredes de

fechamento da fbrica a intensidade das manifestaes ocorridas, registrando o tipo

e a provvel causa das mesmas. Para o levantamento das manifestaes

patolgicas nos revestimentos de argamassa foram consideradas as faixas verticais

19

entre parede e o pilar, no meio do vo entre os pilares, que situava na faixa da junta

de movimentao do piso da fbrica onde era a zona mais crtica das manifestaes

patolgicas.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

A pesquisa foi estruturada em cinco captulos, que tem como base o contedo a

seguir:

O captulo inicial da monografia tem carter introdutrio e nele esto abordadas a

justificativa, objetivo geral e especfico, metodologia e estrutura da monografia.

O segundo captulo trata da fundamentao terica do tema, como o revestimento

de argamassa surgiu, sua importncia e funo para o edifcio, suas principais

caractersticas, sua composio e suas propriedades. Aborda sobre o projeto de

revestimento, citando sua importncia e seus principais contedos a serem

considerados. Para finalizar esse captulo so apresentados alguns tipos de

patologias que so comuns nos revestimentos de argamassa.

No terceiro captulo foi realizado o estudo de um exemplo prtico de uma obra

industrial situada em na cidade de Feira de Santana - BA.

No quarto captulo so explicitadas as anlises e seus respectivos resultados

referentes a cada fase do exemplo prtico.

No quinto captulo so apresentadas as concluses com as consideraes finais

acerca do uso do projeto de revestimento de argamassa e a sua importncia dentro

do contexto atual para a reduo de patologias, alm de recomendaes e

sugestes para trabalhos futuros.

20

2 FUNDAMENTAO TERICA

2.1. O REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

2.1.1 Histrico

As primeiras argamassas conhecidas foram descobertas na localidade de Yftahel,

Galileia, hoje estado de Israel, com mais de 10 000 anos de existncia. A fabricao

da cal e do gesso era familiar maior parte dos povos da antiguidade que a

utilizavam como ligante nas construes de cabeas de esttuas modeladas,

alvenarias e na elaborao de rebocos pintados com cores naturais (CARASEK,

2007).

O uso das alvenarias e dos revestimentos argamassados so tecnologias da

construo civil utilizadas em moradias com registros de uso desde a Idade Mdia.

No comeo as alvenarias eram revestidas com argamassas compostas por uma

mistura de cal e areia, com carter estrutural. As tenses atuantes que antes eram

uniformemente distribudas em todo o sistema alvenaria e revestimento que era

aplicada na direo vertical da edificao se modificou. Hoje as alvenarias passaram

a ser utilizadas mais como elementos de vedao e esta modificao da funo

estrutural foi devido ao surgimento e uso freqente do cimento Portland e do

concreto armado. Assim apareceram novas situaes de problemas e

conseqncias (GRIPP, 2008).

Com o surgimento do cimento Portland as argamassas evoluram quanto s suas

caractersticas e composies e a partir da passaram a suportar solicitaes de

maiores esforos e de aderncia aos substratos. Nesta mesma poca iniciou-se

tambm s manifestaes patolgicas, como por exemplo, os problemas de

fissurao, contaminao atmosfrica, falhas relacionadas umidade e

destacamento das argamassas, embora no tenham sido percebidos na ocasio

(CEOTTO et al., 2005).

21

2.1.2 Importncia e funo do revestimento no edifcio

Segundo Barros (1991), a diviso do edifcio em partes integradas favorece a

proposio de solues para as questes complexas relacionadas ao edifcio, onde

deve-se estudar cada uma das suas partes sem perder a viso do conjunto. Os

revestimentos tanto externos como internos, verticais ou horizontais, so sistemas

integrantes das vedaes de um edifcio onde a maioria dos seus revestimentos tem

um papel muito importante, pois ela ser a camada protetora de agentes agressivos

e ajudam a melhorar a esttica.

Muitas vezes o revestimento visto como uma maneira de camuflar os defeitos e

erros cometidos na sua base, que pode ser constituda de alvenaria de bloco

cermico, de concreto, ou estrutura de concreto. No sendo valorizadas as suas

reais e mais importantes funes (MACIEL e MELHADO, 1998).

Segundo Bauer et al. (2005), as funes do revestimento vo desde a proteo da

alvenaria, regularizao das superfcies, estanqueidade, at funes de natureza

esttica, uma vez que se constitui do elemento de acabamento final das vedaes.

Normalmente os revestimentos atuam em suas funes e propriedades em conjunto

com o substrato. As funes atribudas utilizao dos sistemas de revestimento

variam enormemente de edifcio para edifcio, ou seja, dependem em grande parte

da concepo do edifcio, de suas fachadas, paredes e obviamente do sistema de

revestimento selecionado.

Segundo Junior (2008), a funo primordial que um determinado revestimento

dever desempenhar deve ser considerada como importante fator na elaborao do

projeto. Os revestimentos argamassados devem seguir algumas exigncias

funcionais, entre elas: segurana; compatibilidade com a base; habitabilidade e

compatibilidade entre materiais.

A funo mais importante do revestimento de argamassa no dissimular

imperfeies grosseiras originadas no substrato do revestimento, ou seja, esconder

na massa. Na prtica, v-se muito este tipo de procedimento, devido falta de

22

cuidado no momento de executar a base do revestimento, que pode ser alvenaria ou

estrutura de concreto que fica desaprumada ou desalinhada. Isto compromete o

cumprimento adequado das reais funes do revestimento (MACIEL, et al., 1998).

2.1.3 Caracterizao do revestimento de argamassa

De acordo com Maciel et al. (1998), o revestimento de argamassa pode ser

classificado de uma forma geral segundo os seguintes critrios: tipo de vedao a

revestir; ambiente de exposio; mecanismo de fixao base; continuidade e

numero de camadas, conforme Tabela 2.

Tabela 2 - Critrios gerais de classificao dos revestimentos.

CRITRIO DE CLASSIFICAO TIPO

Tipo de vedao a revestir Vedao horizontal inferior; Vedao horizontal superior; Vedao vertical.

Ambiente de exposio Internos: reas secas ou reas molhadas; Exteriores (fachada).

Mecanismo de fixao base Aderentes; Fixados por dispositivos; No aderentes.

Continuidade Monolticos ou contnuos; Modulares.

N de camadas que o constituem Uma nica camada: massa nica; Duas camadas: emboo e reboco

Fonte: MACIEL e SABBATINI, 2008.

Segundo Sabbatini (1990), os revestimentos argamassados podem servir de base

para outros tipos de revestimentos. Considerando estas diferentes situaes e mais

as condies de exposio e do plano de aplicao, nota-se que os revestimentos

podero estar submetidos s solicitaes de vrios tipos, que devero apresentar

caractersticas diferentes, de maneira a atender as exigncias funcionais. Por isso

dever ter uma classificao mais ampla e que agrupe em diferentes tipos, de

acordo com as seguintes caractersticas:

23

revestimentos internos de paredes com acabamento em pintura;

revestimentos internos de paredes, base para outros revestimentos;

revestimentos de tetos (com acabamento em pintura);

revestimentos externos com acabamento em pintura;

revestimentos externos, base para outros revestimentos.

Os revestimentos de argamassa podem ser constitudos por uma ou mais camadas

e estas camadas so denominadas de: emboo, reboco e massa nica (Figura 2).

Figura 2 - Camadas do revestimento de argamassa da vedao vertical: emboo, reboco e massa nica (MACIEL et al., 1998).

O emboo uma camada que tem como principal funo cobrir e regularizar a

superfcie do substrato ou do chapisco. Se destina a propiciar uma superfcie que

permita receber camadas posteriores do revestimento, seja ela de reboco, cermica

ou outro revestimento final. Para tanto o emboo deve apresentar uma porosidade e

textura superficial compatvel com a capacidade de aderncia do acabamento final

que ser aplicado (SABBATINI, 1990).

24

Segundo Bauer et al. (2005), o reboco uma camada de argamassa com espessura

necessria para constituir uma superfcie lisa, contnua e ntegra, aplicada sobre o

emboo e que tem como funo preparar o revestimento para receber um

acabamento final.

A massa nica um revestimento executado diretamente sobre os substratos sem a

necessidade da aplicao anterior do emboo, sobre a qual aplicada uma camada

decorativa. Neste caso a massa nica tem funo dupla, ou seja, atende as

exigncias do emboo e do reboco (CARASEK, 2007).

A norma NBR 13749/1996 indica as espessuras admissveis para cada camada de

revestimento (Tabela 3).

Tabela 3 - Espessuras admissveis de revestimentos interno.

Camada de revestimento Espessura (mm)

Interna Externa

Emboo 5,0 a 10,0 15,0 a 25,0

Emboo e reboco 10,0 a 30,0 20,0 a 30,0

Camada nica 5,0 a 30,0 15,0 a 30,0

Fonte: BAUER et al., 2005.

2.1.4 Tipos de argamassas

A NBR 13530/1995 expe vrios critrios de classificao das argamassas e dentre

eles esto alguns propostos na Tabela 4.

25

Tabela 4- Classificao das argamassas de revestimento.

CRITRIO DE CLASSIFICAO TIPO

Quanto natureza do aglomerante Argamassa area;

Argamassa hidrulica.

Quanto ao tipo de aglomerante

Argamassa de cal;

Argamassa de cimento;

Argamassa de cimento e cal;

Argamassa de gesso;

Argamassa de cal e gesso.

Quanto ao nmero de aglomerantes Argamassa simples;

Argamassa mista.

Quanto a consistncia da argamassa

Argamassa seca;

Argamassa plstica;

Argamassa fluida.

Quanto a plasticidade da argamassa

Argamassa pobre ou magra;

Argamassa mdia ou cheia;

Argamassa rica ou gorda.

Quanto a densidade da argamassa

Argamassa leve;

Argamassa normal;

Argamassa pesada.

Quanto a forma de preparo ou fornecimento

Argamassa preparada em obra;

Mistura semipronta para argamassa;

Argamassa industrializada;

Argamassa dosada em central. Fonte: CARASEK, 2007.

Os principais tipos de argamassas so denominados em funo do aglomerante

utilizado e so classificadas em dois grupos: as argamassas inorgnicas, composto

por aglomerantes inorgnicos de uso tradicional na construo; e as argamassas

orgnicas, constitudas por aglomerantes orgnicos polimricos desenvolvidos

recentemente e ainda pouco utilizados na construo. No Brasil as argamassas

inorgnicas podem ter como aglomerante a cal hidratada, cimento Portland ou uma

mistura de cal hidratada e cimento Portland formando a argamassa mista (BAUER et

al., 2005).

As argamassas de cal so produzidas com cal hidratada, areia e gua. So mais

utilizadas para emboo e reboco devido a sua plasticidade e elasticidade e porque

possibilitam um acabamento com melhor desempenho. Argamassas de cimento

Portland so produzidas com cimento, areia e gua, resultando em revestimentos de

baixa porosidade, elevada resistncia mecnica, maior retrao por secagem e

26

conseqentemente maior tendncia a fissurao. As argamassas mistas de cal

hidratada e cimento Portland so compostas de cimento, cal hidratada, areia e gua,

apresentando boa resistncia mecnica, trabalhabilidade melhorada e alta

durabilidade (COSTA, 2005).

Segundo Carasek (2007), as argamassas tambm podem ser classificadas de

acordo com sua funo na construo, conforme resumo apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 Classificao das argamassas segundo as suas funes na construo.

FUNO TIPOS

Para construo de alvenarias

Argamassa de assentamento (elevao de alvenaria)

Argamassa de fixao (ou encunhamento)

Para revestimento de paredes e tetos

Argamassa de chapisco

Argamassa de emboo

Argamassa de reboco

Argamassa de camada nica

Argamassa para revestimento decorativo monocamada

Para revestimento de pisos Argamassa de contrapiso

Argamassa de alta resistncia para piso

Para revestimentos cermicos

Argamassa de assentamento de peas cermicas

Argamassa de rejuntamento

Para recuperao de estruturas

Argamassa de reparo

Fonte: CARASEK, 2007.

2.1.5 Principais propriedades das argamassas

De acordo com Maciel e Sabbatini (2008), para que os revestimentos argamassados

possam atender de maneira adequada as suas funes eles devem conter um

conjunto de propriedades especficas relativas argamassa no estado endurecido e

no estado fresco, mantendo uma relao entre si e permitindo prever o

comportamento dos revestimentos em diversas situaes de uso.

27

Segundo Bauer et al. (2005), mesmo com o avano no desenvolvimento de novos

materiais e no estudo das argamassas em determinadas avaliaes, ainda nota-se

que existe uma caracterstica emprica em determinada solues. Um exemplo disto

a formulao de argamassa de revestimento que atenda de forma simultnea as

propriedades no estado fresco e no estado endurecido que, em certo momento

fundamentada em critrios qualitativos e de carter emprico.

As principais propriedades das argamassas no estado fresco que resultam nas

propriedades do estado endurecido esto apresentadas na Figura 3.

Figura 3 - Propriedades da argamassa no estado fresco e endurecido (MACIEL et al., 1998).

Para Bauer et al. (2005), as propriedades no estado fresco so complexas por causa

da carncia de estudos capazes de avaliar sistematicamente este tema, sendo

comum, inclusive no meio cientfico, a utilizao de procedimentos baseados nas

experincias dos profissionais prticos da rea (pedreiros) envolvidos no processo

de produo dos sistemas de revestimento. O conjunto das propriedades da

argamassa no estado fresco quando ainda encontra-se plstica, deve proporcionar

uma facilidade na aplicao da argamassa sobre a base, ter uma boa aderncia

inicial e um adequado processo de endurecimento.

No estado endurecido, as propriedades da argamassa devem restringir a formao

de fissuras no revestimento, manter a sua aderncia base, absorver pequenas

deformaes, resistir s aes externas e proporcionar a durabilidade do

revestimento que sero tratadas mais adiante. As propriedades da argamassa em

28

sua fase endurecida so equivalentes s propriedades do prprio revestimento

(BAUER, 2005).

O nvel que se exige dessas propriedades no estado endurecido no igual para

todas as solicitaes de exposio do revestimento. A Tabela 6 mostra atravs de

uma escala qualitativa que cresce de 1 a 4, a variao do nvel de exigncia das

propriedades de maior relevncia para o revestimento, que sero tratadas na

seqncia.

Tabela 6 - Nvel de exigncia das propriedades do revestimento de argamassa.

PROPRIEDADES

CONDIOES DE EXPOSIO

Interno Externo

Paredes

Teto

Paredes

Base pintura

Base cermica

Base pintura

Base cermica

Capacidade de aderncia 1 2 5 3 4

Capacidade de absorver deformaes 3 1 3 4 2

Resistncia trao e compresso 1 2 1 3 4

Resistencia ao desgaste superficial 3 1 1 2 1

Durabilidade 2 2 1 4 3

Fonte: MACIEL e SABBATINI, 2008.

Visando satisfazer s funes do revestimento argamassado, algumas propriedades

tornam-se essenciais para essas argamassas, a saber:

Massa especfica

Propriedade no estado fresco que est relacionada com a massa da argamassa e o

seu volume, podendo ser absoluta ou relativa. Para se determinar a massa

especfica absoluta no leva em considerao os vazios que existem no volume de

argamassa. Para se determinar a massa relativa, que tambm chamada de massa

unitria, consideram-se os vazios existentes. A determinao da massa especfica

unitria para traar a argamassa imprescindvel, pois depende dela para se fazer a

29

converso de trao em massa para volume, que freqentemente utilizado na obra

para produzir a argamassa (BAUER et al., 2005).

Segundo Carasek (2007), a massa especfica varia com o teor de ar e com a massa

especfica dos materiais constituintes. A massa especfica da argamassa endurecida

um pouco menor do que o seu valor no estado fresco, devido sada de parte da

gua. A Tabela 7 apresenta uma classificao das argamassas quanto a densidade.

Tabela 7 - Classificao das argamassas quanto densidade da massa no estado fresco.

Argamassa Densidade de

massa A (g/cm)

Principais agregados empregados

Usos/observaes

Leve < 1,40 Vermiculita, perlita,

argila expandida Isolamento trmico e

acstico

Normal 2,30 a 1,40 Areia de rio (quartzo) e

calcrio britado Aplicaes

convencionais

Pesada 2,3 Barita (sulfato de brio) Blindagem de radiao

Fonte: CARASEK, 2007.

Teor de ar incorporado

a quantidade de ar que existe em certa quantidade de volume de argamassa e

quanto maior for a quantidade de ar incorporado, menor ser a massa especfica

relativa da argamassa. A presena de ar incorporado nas argamassas aumenta o

seu rendimento devido diminuio da massa especfica causado pela presena de

microbolhas de ar no interior da mistura, permitindo uma diminuio na quantidade

de finos do agregado sem alterar a tendncia de segregao e exsudao da

argamassa. Ainda no seu estado fresco, causa um ganho de plasticidade e

consistncia por causa do efeito ponte que existe entre as bolhas de ar e as

partculas de cimento e areia (MACIEL e SABBATINI, 2008).

A mudana que ocorre nas argamassas de revestimento pode ser observada na

Figura 4, onde se tem uma argamassa com 20,0% de cimento (Figura a) e uma

argamassa com a mesma proporo, apenas com um acrscimo de 0,05% de um

aditivo incorporador de ar (Figura b), tomando como relao a massa de cimento.

30

(a) (b)

Figura 4 (a) Argamassa sem aditivo incorporador de ar com aspecto seco; (b) Argamassa com aditivo incorporador de ar com aspecto plstico (BAUER et al., 2005).

Para Bauer et al. (2005), o uso de incorporadores de ar em quantidades acima de

certo valor influencia na reduo da resistncia de aderncia a trao das

argamassas com valores de at 55,0%.

Figura 5 - Influncia do teor de ar incorporado na resistncia de aderncia trao (BAUER et al. 2005).

Teor de ar incorporado (%)

Resis

tn

cia

de a

de

rn

cia

t

ra

o

(M

Pa)

31

Trabalhabilidade

Segundo Maciel e Sabbatini (2008), uma das mais importantes propriedades das

argamassas no estado fresco, sendo obrigatria para que possa ser utilizada. Esta

propriedade tem interferncia da massa especfica e do teor de ar incorporado, pois

uma argamassa com menor massa especfica e maior teor de ar, apresenta melhor

trabalhabilidade, que uma propriedade que faz avaliao de qualidade da

argamassa quanto:

facilidade de penetrao da colher de pedreiro, sem ser fluida;

de se manter coesa no momento de transporte, no aderindo a colher ao ser

lanada;

distribuio com facilidade e preenchimento de todas as reentrncias do

substrato;

no endurecer rapidamente quando aplicada.

Segundo Bauer et al., (2005) apud Rilem, (1982), existem duas propriedades

apontadas abaixo, que so interligadas e que determinam uma condio de

trabalhabilidade:

Consistncia - a propriedades pela qual a argamassa tende a resistir s

deformaes que lhe so impostas;

Plasticidade a propriedades que permite a argamassas deformar-se sem

ruptura, sob a ao de foras superiores s que promovem a sua

estabilidade, mantendo a deformao depois de retirado o esforo.

Alguns autores classificam as argamassas segundo sua consistncia em: seca,

plstica e fluida (Figura 6). Estas classificaes so determinadas pela quantidade

de pasta aglomerante ao redor dos gros de areia. Na argamassa seca, a pasta

preenche os vazios entre os gros que permanecem em contato. Na argamassa

plstica uma fina pelcula de pasta age como lubrificante na superfcie dos gros. E

finalmente na argamassa fluida os gros esto imersos na pasta.

32

CO

NS

IST

N

CIA

Argamassa seca

A pasta aglomerante somente preenche os vazios entre os

agregados, deixando-os ainda em contato. Existe o atrito entre as partculas que resulta em uma

massa spera.

Argamassa plstica

Uma fina camada de pasta aglomerante molha a superfcie dos agregados dando uma boa adeso

entre eles com uma estrutura pseudo-solida.

Argamassa fluda

As partculas de aerado esto imersas no interior da pasta aglomerante, sem coeso interna e com tendncia de depositar-se por gravidade (segregao). Os gros de areia no oferecem nenhuma resistncia ao deslizamento, mais a argamassa to liquida que se espalha sobre a base, sem permitir a execuo adequada do trabalho

Figura 6 - Consistncia das argamassas (CARASEK, 2007).

Reteno de gua

Segundo Bauer et al. (2005), a capacidade ou propriedade no estado fresco que a

argamassa tem de reter a gua de amassamento sem alterar sua trabalhabilidade,

mantendo-se aplicvel por certo tempo quando solicitada a aes que provoquem

perda de gua, seja por suco da base, evaporao ou reaes de hidratao. Os

fatores que influenciam na reteno de gua so as caractersticas e a proporo

dos materiais constituintes da argamassa. Para a determinao da reteno de gua

da argamassa utiliza-se o mtodo de ensaio preconizado pela NBR 13277/1995.

Segundo Maciel e Sabbatini (2008), a rpida perda de gua da argamassa causa um

comprometimento na sua aderncia, resistncia mecnica, capacidade de absorver

deformaes e influencia de forma negativa a sua durabilidade e estanqueidade. O

33

aumento da reteno de gua pode ser obtido elevando-se o teor de materiais

constituintes com elevada rea especfica como a utilizao de saibro e cal, onde

esses dois materiais tm uma rea consideravelmente maior a ser molhada e causa

o aparecimento das tenses superficiais que tendem a manter a gua absorvida nas

partculas. Outra forma de aumentar o teor de gua o uso de aditivos retentores de

gua.

Aderncia inicial

Propriedade no estado fresco ligada ao mecanismo que ocorre em superfcies

porosas do substrato pela ancoragem da argamassa na base atravs da penetrao

da pasta aglomerante nas reentrncias, poros e salincias, seguido do

endurecimento progressivo da pasta. A aderncia inicial depende das caractersticas

do substrato de aplicao, como rugosidade, porosidade, condies de limpeza da

base, da superfcie de contato efetivo entre a base e a argamassa e das outras

propriedades da argamassa (MACIEL e SABBATINI, 2008).

De acordo com Maciel et al. (1998), para adquirir uma boa aderncia inicial, a

argamassa deve apresentar reteno de gua adequada suco da base junto

com as condies de exposio e ter uma boa trabalhabilidade. Se estas condies

no forem atendidas pode haver perda de aderncia em funo da entrada rpida da

pasta nos poros da base devido base ter uma maior reteno de gua que a

argamassa, causando descontinuidade da camada de argamassa sobre a base.

Figura 7 - Perda de aderncia por descontinuidade da argamassa (MACIEL et al., 1998).

34

Retrao na secagem

Fenmeno que ocorre na argamassa no seu estado fresco, devido evaporao da

gua de amassamento e pelas reaes de hidratao e carbonatao dos

aglomerantes, podendo causar o aparecimento de fissuras no revestimento. Estas

fissuras podem ser prejudiciais quando permite a percolao da gua pelo

revestimento na fase endurecida, comprometendo a sua estanqueidade gua

(MACIEL et al., 1998).

Esta propriedade influenciada por vrios fatores, entre eles: a proporo dos

materiais que constituem a argamassa e as suas caractersticas; o intervalo de

aplicao das camadas e a sua espessura; a espera do tempo de sarrafeamento e

desempeno. Em relao espessura, as camadas aplicadas em espessuras

maiores que 25 mm esto mais susceptveis a sofrerem retrao na secagem com

aparecimento de fissuras. J o tempo de desempeno e sarrafeamento implicam em

um perodo de tempo ideal para que a argamassa possa perder uma parte da gua

de amassamento e chegar a uma umidade tima para comear as atividades de

acabamento superficial da camada de argamassa (MACIEL e SABBATINI, 2008).

Segundo Maciel et al. (1998), as argamassas fortes, ou seja, aquelas que possuem

um teor de cimento alto esto mais sujeitas s tenses que causam o surgimento de

fissuras durante a secagem. J as argamassas com menor ou baixo teor de cimento

esto menos sujeitas ao aparecimento destas fissuras prejudiciais (Figura 8).

Figura 8 - Fissurao da argamassa por retrao na secagem: argamassa forte X argamassa fraca (MACIEL et al., 1998).

35

Aderncia

Segundo Sabatini (1990), a aderncia a propriedade no estado endurecido que

possibilita camada de revestimento resistir s tenses tangenciais e normais que

atuam na interface com o substrato, resultado da conjugao das seguintes

caractersticas da interface revestimento/base de aplicao:

resistncia de aderncia trao;

resistncia de aderncia ao cisalhamento;

extenso de aderncia, que se define pela relao entre rea de contato

efetivo e rea total da base a ser revestida

A resistncia de aderncia indica a tenso mxima que um revestimento pode

suportar quando solicitado a um esforo normal de trao e pode ser medida

aplicando um esforo de trao perpendicular ao revestimento a ser ensaiado. De

acordo com a NBR 13749/1996, o limite de resistncia de aderncia a trao para o

revestimento de argamassa (massa nica e emboo) varia de acordo com o local de

aplicao e tipo de acabamento conforme Tabela 8.

Tabela 8 - Limites de resistncia de aderncia trao.

Local Acabamento Ra (MPa)

Parede

Interna

Pintura ou base para reboco

0,20

Cermica ou laminado

0,30

Externa

Pintura ou base para reboco

0,30

Cermica 0,30

Teto 0,20

Fonte: NBR 13749/1996.

36

Capacidade de absorver deformaes

Segundo Sabbatini (1990), a capacidade de absorver deformaes uma

propriedade resultante da resistncia trao e mdulo de deformao do

revestimento, onde esta propriedade no estado endurecido permite que o

revestimento se deforme sem chegar ruptura ou atravs de microfissuras

imperceptveis quando os esforos solicitantes ultrapassam o limite de resistncia

trao do material. Os revestimentos de argamassa devem absorver as deformaes

intrnsecas (retraes e expanses trmicas e higroscpicas) e deformaes do

substrato de pequena amplitude, sem ocorrer fissurao visvel e sem desagregar.

As fissuras so situaes que devem ser evitadas, pois so decorrentes do alvio de

tenses originadas pelas deformaes do substrato, sendo prejudicial quando deixa

a gua passar entre elas. Essas fissuras comprometem as principais funes do

revestimento: a estanqueidade; o acabamento superficial; aderncia e a durabilidade

(MACIEL e SABBATINI, 2008).

Nas argamassas fracas, as ligaes internas tm sua resistncia diminuda e as

suas tenses podem ser dissipadas na forma de micro-fissuras medida que

aparecem nas interfaces microscpicas entre a pasta aglomerante e os gros do

agregado. J nas argamassas fortes com maior limite de resistncia, as tenses vo

se acumulando e a ruptura aparece na forma de fissuras macroscpicas (SABATINI,

1990).

Segundo Maciel et al. (1998), as deformaes podem apresentar pequena ou

grande amplitude e o revestimento tem a funo de absorver as deformaes de

pequena amplitude que ocorre devido a ao da umidade ou da temperatura, ao

contrrio da de grande amplitude provenientes de outros fatores como exemplo: do

mdulo de deformao da argamassa; da espessura das camadas; das juntas de

trabalho do revestimento e da tcnica de execuo.

37

Resistncia Mecnica

Segundo Polito (2008), a resistncia mecnica uma propriedade que diz respeito

capacidade do revestimento de resistir s tenses de trao, compresso, abraso

ou cisalhamento que forem submetidos. Esta resistncia depende da estrutura fsica

dos produtos resultantes da hidratao do cimento e da carbonatao da cal.

Esta propriedade depende da natureza dos aglomerantes, dos agregados, da

proporo aglomerante/agregado, relao gua/cimento e tcnica de execuo. A

resistncia mecnica aumenta com a reduo da proporo de agregado na

argamassa e varia de forma inversa com a relao gua/cimento (MACIEL e

SABBATINI, 2008).

A norma NBR 13279/2005 descreve o mtodo para se determinar a resistncia

compresso de argamassas para assentamento de paredes e revestimentos de

tetos e paredes no estado endurecido.

Permeabilidade

Para Sabatini (1990), a permeabilidade tem relao com a absoro capilar da

estrutura porosa e de suas camadas fissuradas no estado endurecido, onde a

permeabilidade desta camada tem uma importncia fundamental para determinar a

estanqueidade do sistema de vedao e no nvel de proteo da base contra as

intempries.

O revestimento deve impedir a passagem de gua, ou seja, ser estanque. Mais se

recomenda que o revestimento seja permevel ao vapor da gua para melhorar a

secagem da infiltrao da umidade (como a gua da chuva) ou vapores de origem

da ao principalmente dos banheiros (MACIEL, et al. 1998).

Esta propriedade no estado endurecido depende da natureza do substrato, da

natureza dos materiais constituintes da argamassa, do trao, da tcnica de

execuo, da espessura da camada, da quantidade e do tipo de fissuras existentes.

38

Tudo isso vai interferir em maior ou menor grau na capacidade de absoro de gua

capilar e na porosidade do revestimento de argamassa (SABATINI, 1990).

Para a determinao da permeabilidade do revestimento existe um ensaio de campo

criado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Construo Civil da Escola

Politcnica da Universidade de So Paulo (CPqDCC-EPUSP), chamado de ensaio

de permeabilidade in situ (Figura 9), que avalia o revestimento submetendo uma

rea presso de gua constante e medindo o teor de gua penetrado pela

superfcie ao final de 24 horas, havendo um valor mximo especificado.

Figura 9 - Ensaio de permeabilidade (MACIEL e SABBATINI, 2008).

2.2. O PROJETO DE REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

O projeto de revestimento de argamassa est relacionado com a definio precisa e

clara de todos os aspectos relacionados aos materiais, padres, tcnicas de controle

de qualidade e tcnicas de detalhes construtivos. Obtendo-se assim um projeto

construtivo adequado com planejamento, programao, controle detalhados,

coerentes e um gerenciamento eficiente e eficaz do que se vai executar

(SABBATINI, 1990)

Segundo Ceotto et al. (2005), o projeto tem a finalidade de determinar os tipos de

materiais envolvidos no processo, a geometria adequada, as juntas, reforos, pr-

39

moldados, acabamentos, procedimentos de execuo e controle, diretrizes para

manuteno, de maneira a se obter um desempenho satisfatrio ao longo do tempo.

Para que este objetivo seja atingido necessrio contemplar:

condicionantes para o projeto;

diretrizes de seleo do sistema;

especificao dos materiais;

diretrizes para controle de produo;

diretrizes e inspeo e manuteno.

Para Costa (2005), um projeto deve contemplar todas as informaes necessrias

para que a execuo do servio seja realizada conforme as especificaes do

projeto e de forma a atender os clientes internos e finais. Existem trs momentos

durante os quais um projeto de revestimento pode ser elaborado:

antes do incio da obra, juntamente com a elaborao dos outros projetos

(arquitetura, estrutura, vedao, etc.). A adoo desta escolha permite a

integrao do projeto com a concepo da obra;

no incio da obra, aps a concluso dos projetos da edificao. Nesta situao

o projeto de revestimento de fachada complementa os demais projetos e

define o processo construtivo, limitado pelo oramento da obra;

durante a obra, aps a concluso da estrutura e final da execuo da

alvenaria. Com esta escolha o projeto de revestimento adapta-se ao processo

construtivo definido e pode-se interferir apenas no preparo e aplicao do

revestimento.

Para Ceotto et al. (2005), quando o projeto iniciado com a obra j em andamento,

a interao do projetista de revestimento com os demais projetistas da edificao

praticamente nula, sendo que todas as decises tomadas nos projetos anteriores

tero que ser aceitas como condicionantes, podendo dessa forma aumentar o risco

de desempenho insatisfatrio.

40

2.2.1 Importncia de se fazer um projeto

Muitas vezes o revestimento de um edifcio visto apenas como uma forma de

consertar as irregularidades do substrato (alvenaria e estrutura) e no so

consideradas as suas principais funes. Devido a essa falta de importncia dada ao

revestimento, so tomadas vrias decises nas obras de maneira emprica, fazendo

com que as suas funes e propriedades reais sejam aplicadas de forma

inadequada.

Segundo Maciel et al. (1998), essas maneiras incorretas de usar o revestimento

trazem ocorrncias de problemas patolgicos, elevao de custos de produo,

elevados desperdcios de materiais, de mo-de-obra e tempo. Assim atravs de um

projeto busca-se antecipar as tomadas de decises, procurando melhores solues

relativas as suas propriedades, caractersticas, a forma de produo e execuo que

desenvolva melhores resultados.

De acordo com Branco et al. (2007), desde 1996 obras que formalmente usaram o

projeto de revestimento na execuo de fachadas apresentaram desempenho

satisfatrio frente a solicitaes que uma fachada submetida. Entre esses

benefcios trazidos para as construtoras esto:

sensvel reduo de patologias, tais como, infiltraes de umidade e gua de

chuva, descolamentos e queda dos revestimentos;

necessidade de reparos posteriores, ausncia de retrabalho (oriundo da

necessidade de se reparar fachadas com infiltraes ou com queda dos

revestimentos) significa a ausncia do incmodo para os usurios dos

edifcios (natural quando se executam reparos com o edifcio ocupado),

manuteno da boa imagem da construtora no mercado, alm de menores

custos de manuteno dos edifcios;

reduo do desperdcio de materiais na forma de entulho gerado pelas aes

corretivas durante a construo bem como as posteriores, uma vez que, na

maioria das vezes, vrias camadas do sistema de revestimento no so

41

passveis de reutilizao, gerando uma significativa quantidade de entulho e

vrios tipos de poluio e custos (produo de rudos, gerao de poeira,

obstruo de escoamento de cursos dgua, proliferao de vetores de

doenas, destruio das camadas fertilizantes do solo, alm dos custos dos

materiais, de seu transporte e de sua deposio).

2.2.2 Contedo a ser considerado em um projeto

Segundo Maciel e Melhado (1997), os resultados finais dos processos de projetos

devem ser elementos com contedos especficos acerca do produto e de seu

processo de produo, sendo denominados projetos executivo e projeto para

produo.

De acordo com Maciel et al. (1998), para se obter um melhor resultado na produo,

no desempenho do revestimento, no aumento da produtividade e da qualidade, na

reduo de falhas, desperdcios e custos, preciso que se elabore um projeto de

revestimento de argamassa que contenha um conjunto de informaes relativas as

caractersticas e sua forma de produzir. Este projeto deve conter as seguintes

definies:

o tipo de revestimento (nmero de camadas);

espessuras das camadas;

o tipo de argamassa;

os detalhes arquitetnicos e construtivos;

as tcnicas mais adequadas para execuo;

o padro de qualidade dos servios.

Neste sentido, baseando-se no trabalho de Maciel e Melhado (1999) e no trabalho

de Ceotto et al. (2005), sugere-se que um projeto de revestimento de argamassa

42

deve conter as especificaes e informaes para a adequada execuo do

revestimento, conforme exposto na Figura 10, evidenciando informaes do projeto

do produto e do projeto do processo.

Figura 10 - Projeto de revestimento (COSTA, 2005).

A NBR 7200/1998 sugere que as especificaes de projeto para execuo do

sistema de revestimento de argamassa devem conter pelo menos informaes sobre

os tipos de argamassa e respectivos parmetros para definio dos traos; nmero

de camadas; espessura de cada camada; acabamento superficial e tipo de

acabamento decorativo. Essa recomendao da norma ainda bastante simplista e

considera aspectos gerais do sistema de revestimento.

43

Existem diversos fatores a serem considerados e que tem influncia no desempenho

do revestimento. Entre eles esto os materiais utilizados, o acabamento final,

substrato de aplicao, os detalhes arquitetnicos e construtivos, os procedimentos

de produo, execuo, controle e elaborao dos servios. Dessa forma

importante conhec-los quando da realizao do projeto para que as decises

tomadas estejam embasadas tecnologicamente, garantindo o cumprimento das

funes do revestimento ao longo do tempo (MACIEL e SABBATINI, 2008).

2.2.2.1 Materiais

O conhecimento dos materiais utilizados na construo de grande importncia

para o projeto e a construo, sendo requisito em todas as etapas do processo

construtivo de planejamento, de projeto, de execuo e de uso (operao e

manuteno do edifcio). Sua correta e completa especificao dos diferentes tipos

de materiais constituintes das argamassas deve ser feita com o mximo de cuidado

para evitar variaes entre os diferentes tipos de materiais com diferentes

caractersticas e especificaes de uso (COSTA, 2005).

Entre os materiais utilizados esto os integrantes de sua composio, dosagem e

forma de produo. Na sua composio so considerados os principais materiais

constituintes, que so: os aglomerantes (o cimento e a cal); os agregados e a gua.

Na sua dosagem diz respeito forma como esses materiais so misturados

proporcionalmente na sua produo. Portanto a escolha dos materiais constituintes

tem um papel fundamental para a qualidade do revestimento, assim como a

proporo da mistura desses materiais que influencia no estado endurecido e no

estado fresco. Esses materiais devem ser levados em considerao no momento da

definio da argamassa (MACIEL et al., 1998), conforme Tabela 9.

44

Tabela 9 - Aspectos a serem considerados na dosagem da argamassa.

MATERIAIS ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA COMPOSIO E DOSAGEM

Cimento

tipo de cimento (caracterstica) e classe de resistncia;

disponibilidade de custo;

comportamento da argamassa produzida com cimento.

Cal

tipo de cal (caractersticas);

forma de produo;

massa unitria;

disponibilidade e custo;

comportamento da argamassa produzida com cal.

Areia

granulometria;

dimenses do agregado;

forma e rugosidade superficial dos gros;

massa unitria;

inchamento;

impurezas orgnicas;

comportamento da argamassa produzida com areia.

gua caractersticas dos componentes da gua, quando essa no for

potvel.

Aditivos

tipo de aditivo (caractersticas);

finalidade;

comportamento da argamassa produzida com a adio;

disponibilidade, manuteno das caractersticas e custo.

Fonte: MACIEL e SABBATINI, 2008.

J na sua produo, a argamassa originada de uma mistura ordenada de seus

materiais constituintes com suas estabelecidas propores e por um determinado

perodo de tempo, utilizando determinados equipamentos para este fim. Para a sua

forma de produo existem duas maneiras: a preparada em obra e a industrializada,

que fornecida em sacos ou em silos.

Para Maciel et al. (1998), cada um dos tipos de argamassas interfere na maneira

como ela ser produzida, na escolha das ferramentas e equipamentos utilizados e

na organizao do canteiro de obras como mostra a Tabela 10.

45

Tabela 10 - Atividades e equipamentos de produo das argamassas.

ARGAMASSA ATIVIDADES EQUIPAMENTOS

PREPARADA EM OBRA

Medio, em massa ou em volume, das quantidades de

todos os materiais constituintes; transporte desses materiais at o

equipamento de mistura; colocao dos materiais no

equipamento; mistura

Equipamento de mistura (betoneira ou argamassa); recipientes para medio dos materiais (carrinhos-

de-mo ou padiolas); ps; peneiras para eliminar

torres e materiais estranhos ao agregado.

INDUSTRIALIZADA (fornecida em sacos

materiais em estado seco e homogneo)

Colocao da quantidade especificada do material em p

no equipamento de mistura seguida de adio de gua

Argamassadeira e os recipientes para colocao

da gua.

FORNECIDA EM SILOS

Medio mecanizada. Um equipamento de mistura pode ser acoplado no prprio silo ou outro equipamento de mistura

especifico, localizado nos pavimentos do edifcio efetua a

mistura

Equipamento de mistura especifico.

Fonte: MACIEL et al., 1998.

2.2.2.2 Acabamento final

De acordo com Maciel e Melhado (1997), um fator que deve ser levado em

considerao para que o projeto tenha uma definio correta o acabamento final

das suas camadas. Acabamento este que resultado da aplicao de ferramentas

especficas utilizadas na sua produo, aplicadas sobre as superfcies para adequ-

las ao recebimento da camada sobrejacente. Por isso muito importante que se

tenha o conhecimento prvio das especificaes do revestimento para tomar a

deciso correta em relao ao tipo de acabamento superficial mais adequado.

Segundo a NBR 7200/1998, o acabamento da superfcie deve estar de acordo com

a especificao do projeto e ser executado conforme as recomendaes contidas

nesta norma. Ela prescreve que as aes recomendadas devem ser realizadas aps

a rea a ser revestida ser totalmente preenchida e tendo a argamassa adquirido a

consistncia adequada.

46

A norma no especifica valores diferentes para locais de maior exposio ou para

revestimentos produzidos com argamassas de diferentes tipos As espessuras

recomendadas pela NBR 13749/1996, para as camadas de revestimentos

argamassados esto apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 - Espessuras admissveis para o revestimento de argamassa.

REVESTIMENTO ESPESSURA (mm)

Parede interna 5,0 e 20,0

Parede externa 20,0 e 30,0

Tetos e 20,0

Fonte: NBR 13749/1996.

Para Costa (2005), se os revestimentos forem executados ultrapassando estes

valores ou se por acaso no seja possvel atender s espessuras admissveis da

norma, deve-se tomar precaues especiais e solues que garantam a sua

aderncia, pois alm de gerar perdas por espessura excessiva que inclui as perdas

dos materiais constituintes, gera tambm perdas de mo-de-obra para produo,

transporte e aplicao das argamassas.

Segundo Maciel e Melhado (2008), se a espessura do revestimento estiver entre 3,0

e 5,0 cm, deve-se aplicar a argamassa em duas demos, respeitando um intervalo

de 16 horas. Se estiver entre 5,0 e 8,0 cm, faz-se a aplicao em trs demos,

sendo que as duas primeiras encasquilhadas ou usando telas metlicas entre as

camadas. Se a espessura for menor que as recomendadas na norma, no deve-se

ultrapassar certos limites para eliminar a sua real funo de proteger o substrato.

Tabela 12 - Espessuras mnimas nos pontos crticos.

Tipo de base Espessura mnima (mm)

Estrutura de concreto em pontos localizados 10,0

Alvenarias em pontos localizados 15,0

Vigas e pilares em regies extensas 15,0

Alvenarias em regies extensas 20,0

Fonte: MACIEL et al., 1998.

47

2.2.2.3 Substrato de aplicao das argamassas

De acordo com Bauer et al. (2005), os substratos de aplicao dos revestimentos de

argamassa, normalmente em um edifcio convencional so: a estrutura de concreto

armado e a alvenaria de vedao, podendo ser classificados de diferentes formas

como:

pela natureza dos materiais constituintes: alvenaria de blocos cermicos,

blocos de concreto, blocos de concreto celular; elementos estruturais em

concreto (pilares, vigas e lajes);

pela funo: elementos de vedao, estruturais;

por suas caractersticas fsicas: textura, porosidade, capacidade de suco de

gua (absoro capilar), propriedades mecnicas.

Segundo Sabbatini (1990), a influncia da base de aplicao dos revestimentos e o

seu desempenho um assunto com investigaes experimentais ainda restritas e

que carece de pesquisas tecnolgicas. Porm, mesmo no atual estgio de

conhecimento sobre o assunto, considera-se ainda muito importante analisar a

natureza da base para o projeto, planejamento e execuo dos revestimentos,

devendo-se observar principalmente as seguintes caractersticas: Resistncia

mecnica; movimentaes higroscpicas; porosidade, absoro de gua capilar e

textura superficial.

Para Maciel e Sabbatini (2008), existem diferentes caractersticas em relao base

de aplicao na qual interferem significativamente nas propriedades do revestimento

argamassado e que devem ser levadas em considerao desde a escolha da

definio da argamassa (Tabela 13).

48

Tabela 13 - Caractersticas das bases de aplicao do revestimento.

BASES CARACTERSTICAS

Alvenaria (diferentes componentes)

Estrutura (concreto)

Absoro de gua

Porosidade

Resistncia mecnica

Movimentao higroscpicas

Rugosidade

Homogeneidade

Fonte: MACIEL e SABBATINI, 2008.

2.2.2.4 Detalhes construtivos e arquitetnicos

Os detalhes construtivos so de extrema importncia para um projeto e para

qualidade dos revestimentos, pois cada detalhe tem uma funo que, em conjunto

serve para melhorar o desempenho final do acabamento. Segundo a norma BS 5262

(BSI, 1991), os elementos arquitetnicos podem afetar a aparncia e a durabilidade

do revestimento de fachada, constituindo pontos fracos que muitas vezes do

origem a problemas. Por isso esses elementos devem ser pensados previamente no

projeto para poder oferecer a devida proteo ao revestimento e no representar

pontos frgeis.

Segundo Maciel e Melhado (1999), para se obter o cumprimento adequado das

funes de cada um dos detalhes construtivos de forma a no representarem pontos

frgeis e contribuir para um melhor desempenho do revestimento, deve-se fazer

uma definio e posicionamento destes detalhes de forma criteriosa. Existem

diversos tipos de detalhes, sendo destacadas as juntas de trabalho, os requadros

dos vos da janela, as quinas, cantos, pingadeiras e reforo do revestimento com

telas, que tambm vo interferir no desempenho do revestimento ao longo do tempo.

As juntas de trabalho tm como funo de subdividir o revestimento para diminuir as

tenses que so provocadas pela movimentao da base ou do prprio

revestimento. Elas podem ser verticais ou horizontais e sua localizao deve ser no

49

encontro das alvenarias com a estrutura, entre dois tipos de revestimentos ou em

grandes panos monolticos. Essa junta (Figura 11) deve ser executada logo aps a

concluso do emboo ou da massa nica, em uma rea delimitada, utilizando-se

ferramentas adequadas que permitem o seu adequado posicionamento e

alinhamento.

Figura 11 - Perfil recomendado para junta de trabalho (MACIEL et al., 1998).

As ferramentas usadas so uma rgua dupla com afastamento equivalente largura

da junta, que serve de guia para a execuo e um frisador, que o molde do perfil,

conforme a Figura 12. As dimenses do frisador e da rgua devem ser especificadas

no projeto.

Figura 12 - Ferramentas para execuo da junta de trabalho (MACIEL et al., 1998).

50

2.2.2.5 Procedimentos de produo e execuo

Para Ceotto et al. (2005), o planejamento da produo do revestimento deve estar

vinculado ao cronograma e ao planejamento geral da obra, considerando estrutura,

as alvenarias, instalaes j executadas ou em fase de execuo e tambm

elementos como dry-wall, texturas e pinturas, cuja execuo suceder o

revestimento. Considerados esses aspectos e concludo o projeto de revestimento,

constando-se todas as especificaes e detalhes construtivos necessrios, o

planejamento da produo do revestimento em argamassa deve contemplar os

seguintes passos: apresentao e capacitao da equipe, processo de escolha e

contratao de recursos, treinamento das equipes de fiscalizao da obra,

cronograma e atribuies de responsabilidades.

Segundo Maciel et al. (1998), para que os revestimentos obtenham um maior nvel

de racionalizao das atividades e de execuo, que envolve uma srie de

procedimentos especficos e atividades prprias, devem estar bem definidos as

seguintes etapas:

a preparao da base;

a definio do plano de revestimento;

a aplicao da argamassa;

o acabamento das camadas;

a execuo dos detalhes construtivos.

Para Maciel e Melhado (1999), a elaborao do projeto para produo do

revestimento deve seguir algumas diretrizes para que se obtenha solues

adequadas para cada situao, entre elas esto:

as definies relativas argamassa: especificao do tipo de argamassa e

parmetros de dosagem; definio das atividades e do fluxo de produo. A

definio do tipo de argamassa interfere na sua produo e,

conseqentemente, na organizao do canteiro de obras.

51

definio dos equipamentos de transporte dos materiais e da prpria

argamassa; definio dos equipamentos e ferramentas para produo da

argamassa e a organizao do canteiros de obras.

definies relativas execuo, que devem contemplar basicamente a

definio da seqncia de execuo e os equipamentos necessrios para a

realizao das atividades de produo.

Quando no existirem procedimentos suficientes ou se no forem abrangentes, o

projeto dever especificar os itens no definidos de forma adequada. A Tabela 14

mostra os subsdios para a elaborao de um projeto para produzir o revestimento

junto com as informaes que o mesmo deve fornecer.

Tabela 14 - Subsdios para elaborao do projeto para produo de revestimento e contedo de informaes.

PROJETO PARA PRODUO DO REVESTIMENTO

ASPECTOS A SEREM

DEFINIDOS SUBSDIOS INFORMAES

ARGAMASSA

cultura de produo da empresa;

disponibilidade de espao no canteiro;

anlise custo versus benefcio;

conhecimento das propriedades da argamassa;

conhecimento tecnolgico quanto a produo da argamassa.

tipo de argamassa;

composio e dosagem;

equipamentos e ferramentas de produo e transporte da argamassa pronta;

atividades de produo da argamassa e fluxo.

ORGANIZAO DO CANTEIRO

tipo de argamassa;

disponibilidade de espao;

equipamento de transporte vertical.

organizao da central de produo;

local para o armazenamento dos materiais.

EXECUO DO REVESTIMENTO

procedimento de execuo, caso existam na empresa;

tipo de argamassa;

aspectos tecnolgicos relativos produo do revestimento.

Etapas de execuo, caso seja necessrio;

Equipamento de suporte provisrio e ferramentas;

Seqncia de execuo;

Pontos para fixao dos arames de fachadas.

CONTROLE

metodologia de controle da empresa, caso exista;

aspectos tecnolgicos relativos ao controle.

itens do controle, caso seja necessrio;

tolerncias.

Fonte: MACIEL e MELHADO, 1998.

52

Para Maciel e Melhado (1999), a seqncia de execuo orienta o planejamento da

produo, no qual deve ser feito o dimensionamento das equipes de execuo, alem

de auxiliar na identificao de interferncias com outros servios dentro do canteiro

de obras. Para definir a seqncia de execuo do revestimento, deve-se

primeiramente estabelecer a ordem das etapas de execuo ao longo da fachada,

respeitando os intervalos mnimos de execuo recomendadas entre cada etapa. As

recomendaes para as idades mnimas do substrato quando utilizadas argamassas

feitas em obra, esto apresentadas na Tabela 15.

Tabela 15 Recomendaes de idades para intervalos entre os servios de revestimento

Base Idade mnima

recomendada (dias)

Estruturas de concreto e alvenarias armadas estruturais 28

Alvenarias no armadas estruturais e alvenarias sem funo estrutural de tijolos, blocos cermicos, blocos de concreto e concreto celular

14

Chapisco para aplicao do emboo ou camada nica 3

Emboo de argamassa de cal, para inicio dos servios de reboco

21

Emboo de argamassas mistas ou hidrulicas, para inicio dos servios de reboco

7

Revestimento de reboco ou camada nica, para execuo de acabamento decorativo

21

Fonte: NBR 7200/1998

2.2.2.6 Controle e elaborao dos servios

Para Melhado (1994), o controle no deve ser entendido como uma avaliao final

do produto executado e sim como um conjunto de aes realizadas durante todo o

processo de produo. Dessa maneira as no-conformidades passam a serem

constatadas ao longo do processo, podendo ser tomadas atitudes corretivas antes

do seu trmino, para proporcionar a obteno dos resultados pretendidos.

Mas, muitas vezes os parmetros de controle no esto bem definidos e os

responsveis por essa tarefa acabam agindo segundo os conhecimentos tradicionais

53

adquiridos na prtica, sem uma fundamentao tecnolgica. Com isso os erros e

vcios so repetidos e os problemas no so resolvidos de forma adequada. Nesse

caso cabe ao projeto especificar tambm os procedimentos necessrios para o

controle das atividades.

Considerando que o projeto do revestimento deve ser elaborado juntamente com os

outros projetos, ele dever ser desenvolvido em duas fases: interface com as

demais disciplinas de projeto; e interface com a produo. (MELHADO et al., 1995).

Segundo Maciel e Melhado (1997), mesmo no sendo possvel a elaborao do

projeto do revestimento juntamente com os outros, os princpios definidos para essa

situao podem ser adaptados, buscando-se alcanar o mximo grau de

racionalizao dentro das restries impostas pelos demais projetos j finalizados.

As caractersticas relativas ao revestimento devem ser bem definidas previamente

para o melhor planejamento e oramento da obra.

A Figura 13 ilustra o processo de elaborao do projeto dos revestimentos de base

argamassada, juntamente com os outros projetos, considerando os aspectos

principais para a elaborao e tendo como resultados o Projeto Executivo e o

Projeto para Produo.

54

Figura 13 - O processo de elaborao do projeto dos revestimentos de base

argamassada (MACIEL e MELHADO, 1997).

55

2.2.3 Procedimentos para produo do revestimento de argamassa

2.2.3.1 Preparao da base de revestimento

Segundo Ceotto et al. (2005), a capacidade de aderncia do revestimento est

ligada diretamente com a rugosidade e com o nvel de absoro do substrato, que

possibilita a microancoragem. A limpeza do substrato importante para possibilite

uma correta aderncia e absoro dos revestimentos. As alvenarias devem

apresentar a sua superfcie rugosa, sem contaminao e sem rebarbas de

argamassa de assentamento. Se apresentarem sinais de contaminao devero ser

limpas ou preparadas.

Essa preparao envolve a remoo de sujeiras (graxas, leos, desmoldantes,

fungos e materiais pulverulentos), o preenchimento de furos provenientes de rasgos,

depresses, falhas de concretagem, quebras parciais de blocos e a retirada de

irregularidades metlicas (pregos, fios, arames).

2.2.3.2 Aplicao do chapisco

Para Pereira (2010), o chapisco serve para melhorar as condies de aderncia do

substrato e sua textura final de uma pelcula rugosa, aderente, resistente e

continua. O chapisco deve ser aplicado em toda fachada utilizando dosagem 1:3

(cimento e areia) na alvenaria, lanando-se vigorosamente, atravs da colher de

pedreiro, em camadas sucessivas, de maneira a se obter uma textura indicada. Sua

cura deve ser de no mnimo 72 horas.

56

2.2.3.3 Taliscamento

As taliscas devero ser executadas com pedaos de cermica de dimenso 5 cm x 5

cm e sua fixao devera ser feita com a mesma argamassa que ser aplicada no

emboo em toda o pano da fachada. Os espaamentos entre as taliscas no dever

ultrapassar o comprimento mximo da rgua que ser utilizada no sarrafeamento.

Sua espessura definida de acordo com o tipo de camada a ser utilizada (CEOTTO

et al., 2005).

2.2.3.4 Aplicao da argamassa de revestimento

Segundo Ceotto et al. (2005), deve-se observar alguns procedimentos antes da

aplicao da argamassa, que so:

Obedecer ao tempo de cura do chapisco especificado no projeto;

Execuo de mestras verticais entre taliscas contguas;

Aplicao da argamassa com energia de impacto estabelecida no projeto,

completando com execuo do aperto nas chapadas com as costas da colher

de pedreiro;

Sarrafeamento e desempenamento aps o tempo de puxamento, utilizando

desempenadeira de madeira ou PVC, compatvel com a rugosidade

superficial pretendida para o revestimento;

Retirada das taliscas com os preenchimentos necessrios;

Execuo dos frisos verticais ou horizontais previstos no projeto com as

ferramentas adequadas, anteriormente previstas no projeto

57

2.3 PATOLOGIAS DOS REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA

Patologia o ramo da Medicina, de acordo com os dicionrios, que estuda as

doenas. Veroza (1991), afirma que as edificaes tambm podem apresentar

defeitos comparveis a doenas, tais como rachaduras, manchas, descolamentos,

deformaes, rupturas, entre outros. Por isso convencionou-se chamar de Patologia

das Edificaes ao estudo sistemtico desses defeitos.

De acordo com Maciel e Sabbatini (2008), as patologias nos revestimentos de

argamassa acontecem quando um material ou produto ultrapassa seu limite mnimo

de desempenho desejado.

Segundo Bauer et al. (2005), as falhas que ocorrem nos revestimentos podem ter as

seguintes causas:

deficincias de projeto;

por desconhecimento das caractersticas dos materiais empregados e/ou

emprego de materiais inadequados;

por erros de execuo, seja por deficincia de mo-de-obra,

desconhecimento ou no observncia de Normas Tcnicas;

por problemas de manuteno.

Segundo Veroza (1991), entre esses problemas esto: as formaes de manchas

de umidade (Figura 14) com o aparecimento de bolor e limo que so muito

freqentes nos revestimentos de argamassa e seu aparecimento pode ser de origem

da alvenaria ou do prprio material da argamassa.

58

Figura 14 Manchamento por umidade (CARASEK, 2007).

Os descolamentos de camadas do emboo e reboco (Figura 15), que pode ser

ocasionado por infiltrao de umidade pela outra face da parede, que produz

presso; por depsito de eflorescncias entre o tijolo e o reboco ou pela presena de

mica na areia; formao de vazios em grande reas, em diversos locais devido a

argamassa pobre ou rica demais; reboco muito grosso.

Figura 15 Descolamento do revestimento de argamassa (CARASEK, 2007)

59

A formao de fissuras e trincas na argamassa de revestimento (Figura 16), sendo

este o mais importante, pois indica indicio de comprometimento da segurana

estrutural e do desempenho da vedao quanto estanqueidade, durabilidade e

isolamento acstico.

Figura 16 Fissuras causadas por deformao na estrutura (CARASEK, 2007).

Para Ceotto et al. (2005), as fissuras que podem causar patologias so aquelas

visveis a olho nu, a uma distncia de um metro ou aquelas que provocam a entrada

de umidade para dentro do edifcio.

Segundo Veroza (1991), as causas das fissuras so bastante diversificadas e

podem ser de origem estrutural ou origem superficial. As fissuras estruturais (Figura

17) geralmente mais preocupantes so ocasionadas por deformao excessiva da

estrutura, atuao de sobrecarga alm das definidas em projeto, recalques do

sistema de fundao, movimentao de lajes, vigas de cobertura e pisos. J as

deformaes superficiais em geral, so causadas por:

retrao hidrulica do cimento que ocasionada pela perda de gua

durante a mistura da argamassa, ocasionando uma heterogeneidade na

reao do cimento, ou seja, algumas das partculas de cimento podem acabar

60

por no reagir pela falta da gua que evaporou durante a mistura da

argamassa, gerando as fissuras.

retrao trmica - ocorre devido aos diferentes comportamentos dos materiais

que compem a argamassa (cimento, areia, cal, gua e aditivos), frente a

diferentes nveis de temperatura (aquecimento e resfriamento), ou seja, um

material tende a retrair e dilatar mais que o outro, causando a gerao de

fissuras no conjunto.