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Agradecimentos Primeiras impressões: 1. Dissertação “intuitiva” e “negligente”. 2. Se eu soubesse que você ia colocar um anexo com todos os poemas da edição de 48, não tinha comprado a edição de 56, a segunda. Mas devo agradecer a você por isso. Passei a conhecer melhor o poeta, pois já conhecia, ainda que muito pouco, o contista. Agora estou me coçando de curiosidade sobre o Torga missivista. 3. A visita a Coimbra merecia um registro gravado e, depois, transcrito, da entrevista com Dr. António Arnaut. Além de enriquecer seu trabalho, seria um documento importante a corroborar as hipóteses que você levanta na dissertação, para além de, com muita inveja de minha parte, passar horas e horas conversando com aquele homem interessantíssimo, divertidíssimo, um sujeito notável. Como diz o Gerson, um tribuno. Questões formais 1. Desproporção entre Introdução e Conclusão. O equilíbrio entre estas duas partes da dissertação revelaria a consistência do trabalho de criar um problema cercá-lo de possibilidades de solução e apresentar um esquema possível para a sua resolução. Daí a necessidade de enxugar o número de capítulos. Bastariam três. No seu caso, sugeriria juntar os capítulos 2 ou três, fazendo a redistribuição de trechos de comentários sobre os poemas nesses capítulos. Os outros dois, primeiro e quarto como se apresentam, seriam os capítulos de fundamentação e, por isso mesmo, poderiam ser um pouco mais alentados.

Arguição Juliane

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Arguição de dissertação de estrado.

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Agradecimentos

Primeiras impressões:1. Dissertação “intuitiva” e “negligente”.2. Se eu soubesse que você ia colocar um anexo com todos os poemas da edição de 48, não tinha comprado a edição de 56, a segunda. Mas devo agradecer a você por isso. Passei a conhecer melhor o poeta, pois já conhecia, ainda que muito pouco, o contista. Agora estou me coçando de curiosidade sobre o Torga missivista.3. A visita a Coimbra merecia um registro gravado e, depois, transcrito, da entrevista com Dr. António Arnaut. Além de enriquecer seu trabalho, seria um documento importante a corroborar as hipóteses que você levanta na dissertação, para além de, com muita inveja de minha parte, passar horas e horas conversando com aquele homem interessantíssimo, divertidíssimo, um sujeito notável. Como diz o Gerson, um tribuno.

Questões formais1. Desproporção entre Introdução e Conclusão. O equilíbrio entre estas duas partes da dissertação revelaria a consistência do trabalho de criar um problema cercá-lo de possibilidades de solução e apresentar um esquema possível para a sua resolução. Daí a necessidade de enxugar o número de capítulos. Bastariam três. No seu caso, sugeriria juntar os capítulos 2 ou três, fazendo a redistribuição de trechos de comentários sobre os poemas nesses capítulos. Os outros dois, primeiro e quarto como se apresentam, seriam os capítulos de fundamentação e, por isso mesmo, poderiam ser um pouco mais alentados.2. Necessidade de revisão mais profunda e atenta: falta de vírgulas, colocação de pronomes, junção e separação de parágrafos, sintaxe, ortografia.3. Apresentação do trabalho (fundamento mais sério para a minha impressão de negligência) Cada capítulo tem, normativamente, que começar numa página nova. Há falhas, em algumas citações, quanto a espaçamento entre as linhas nos trechos citados. Há oscilação no padrão de referenciação. Há equívocos no registro de referências bibliográficas ao final do trabalho (repetição de sobrenome). Faltam mais obras de referência sobre a História da Literatura Portuguesa. Faltam mais obras de referência sobre o “sagrado”

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e sobre o “Existencialismo”. O que é que Julia Kristeva está fazendo na bibliografia?

Conteúdo1. O resumo não diz exatamente de que é constituído o trabalho, por exemplo, quando diz “O processo temporal e o alcance do imaginário religioso sobre a humanidade e sua representação através dos mitos e das artes será visto...”. A que processo você se refere? O que você quer dizer com “alcance do imaginário religioso sobre a humanidade”? Esta assertiva constitui o principal objetivo da dissertação? Na mesma direção, parece sem sentido o seguinte período: “E sobre os principais questionadores da dimensão que toma a religião na vida do homem e sobre o pensamento humano à parte de uma vida com a experiência religiosa como pilar de comportamento, estão principalmente à frente Nietzsche, Jean-Paul Sartre e Michel Onfray”. O último período do resumo é muito mais adequado para a um texto introdutório ou conclusivo do que para o resumo.2. A “Introdução” não aparece implicitamente no resumo. Seria interessante uma nota explicativa sobre o significado da expressão latina.3. Na página 4, a frase “Na emergência desses...” até “algoz do semelhante” está sem sentido.4. Na página 5, quando você afirma “... este tema aparece de uma forma muito particular e nítida na poesia torguiana, a qual será objeto deste estudo”. O objeto é o “tema” ou a “forma”?5. Na página 7, a frase “... pontos em comum” até “uns sobre os outros.” Está desarticulada. Perde-se o sentido do período e, consequentemente, do parágrafo.6. O parágrafo que está no meio da página 13 está confuso. É necessário rever sua redação.7. A primeira frase do primeiro período da página 14 não faz sentido.8. O segundo período do primeiro parágrafo na página 27 não faz sentido. O primeiro parágrafo, na mesma página, sobretudo deu final, está confuso.9. Aqui vai um exemplo do que chamei no início de negligência e intuição. No segundo parágrafo da página 29, você apresenta uma súmula do pensamento dos autores a que se refere, mas não demonstra como o pensamento deles chegou ao ponto que você destaca e que considera importante para seu

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raciocínio na dissertação. Esse “movimento” é constitutivo de um trabalho dissertativo.10. Outro exemplo está na página seguinte, quando você remete seu leitor para o pensamento freudiano acerca do trauma. É necessário “demonstrar” o teorema que uma ideia, um conceito, sustenta, para chegar ao CQD. Nesta mesma página, no terceiro parágrafo, logo na sequência da citação, não se entende o que você quer dizer com “Miguel Torga que, além de escritor, um escritor humanista, engasgou-se mais ainda com os atos de desumanidade.” Falta alguma coisa neste período! “Engasgou-se”?11. Na página 37, ao final do segundo parágrafo, usando você faz considerações sobre a, para você, plausível similaridade entre o poema de Torga e Gil Vicente. Você se equivoca, O caráter burlesco, a meu ver, não pode ser percebido nos poemas de Torga, por sua própria idiossincrasia. O Existencialismo, se não estou enganado, não comporta o burlesco como uma de suas características. Logo... Penso que, na verdade, pode-se considerar a posição do poema “Entremezzo” no conjunto de poemas que compõem Nihil sibi. Ele é o décimo numa série de 20 poemas, logo, está no meio. Daí sim, há similaridade entre o título e a posição do poema. Além disso, ele parece fazer uma pausa no raciocínio que o discurso poético de Torga sustenta ao longo dos poemas do livro.12. Na página 42, você chama Miguel Torga de “um convicto existencialista”. Como assim? Tenho minhas dúvidas. Além do mais, o texto de sua dissertação, mesmo que não o negue, não chega a ser um respaldo para tal afirmativa, por forçada que é. Explique-se.13. Na conclusão, na página 83, você afirma que “Miguel Torga procede a um movimento de sacralização do homem conjuntamente com o processo de dessacralização de Deus”. Esta afirmativa fica adstrita ao campo da intuição, pois não percebei como isso se dá ao longo de sua dissertação. Você apresenta alguns argumentos que podem ser considerados diretivas (intuições) que levariam a esse encaminhamento de sua argumentação.