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ARISTIDES DE SOUSA MENDES

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ARISTIDES DE SOUSA MENDES

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Aristides de Sousa Mendes, também conhecido por Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches, foi um cônsul Português. Enquanto Cônsul de Portugal em Bordéus em 1940, ano da invasão da França pela Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial, desafiou ordens expressas do Presidente do Conselho António de Oliveira Salazar, que acumulava a função de Ministro dos Negócios Estrangeiros, e durante cinco dias concedeu milhares de vistos de entrada em Portugal a refugiados de várias nacionalidades que desejavam fugir da França em 1940.

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Aristides de Sousa Mendes e o seu irmão César de Sousa Mendes.

Aristides nasceu na pequena aldeia de Cabanas de Viriato, concelho do Carregal do Sal, no sul do Distrito de Viseu a 19 de Julho de 1885 um pouco depois da meia-noite. O seu irmão gémeo César nasceu algumas dezenas de minutos antes, comemorando o seu aniversário no dia anterior. Pertencia a uma família aristocrática rural, católica e monárquica, qualidades que partilhava. O seu pai, José de Sousa Mendes, era juiz no Tribunal da Relação de Coimbra. Aristides instala-se em Lisboa em 1907, após concluir, juntamente com o seu irmão gémeo, a licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

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César envereda pela carreira diplomática, mais política, ao passo que Aristides envereda pela carreira consular. Nesse mesmo ano casa-se com Maria Angelina Coelho de Sousa, sua namorada de infância, com quem teve catorze filhos, nascidos nos diversos países em que Sousa Mendes esteve colocado.

Maria Angelina e Aristides.

Pouco depois do seu casamento, Sousa Mendes começou a carreira consular que o levaria e à sua família ao redor do mundo. No início de sua carreira atuou em Zanzibar, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América e Bélgica. Aristides teve sempre uma carreira algo atribulada e com vários incidentes. Ao longo de 30 anos Aristides teve conflitos e incidentes com os mais diversos regimes políticos.

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Aristides de Sousa Mendes e a família, cada vez mais numerosa.

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Começou a sua carreira diplomática muito jovem e em 1910 tornou-se cônsul de Demerara na Guiana britânica. Trabalhou como cônsul na Guiana Britânica, em Zanzibar, no Brasil (Curitiba e Porto Alegre), nos Estados Unidos (São Francisco e Boston), em Espanha (Vigo), no Luxemburgo, na Bélgica e, por último, em França (Bordéus). Era um homem de família e um patriarca que jamais se separou da sua mulher e filhos, proporcionando-lhes educação académica, assim como aulas de pintura, de desenho e de música.

Com exército alemão a aproximar-se de Paris, gera-se o pânico na população francesa que se poe em fuga e dá-se então início ao maior movimento de deslocação de pessoas da história da Europa. Estima-se que entre oito a dez milhões de pessoas, sobretudo mulheres velhos e crianças, em pânico, se tenham posto em fuga, em direção ao sul, mas sem um destino concreto, num movimento desordenado, chegando inclusivamente a limitar a manobra do exército francês, e chegando ao ponto de na parte final, a multidão, já ultrapassada pelo exercito alemão, estar já a fugir em direção ao inimigo.

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O governo português emitiu a “Circular 14” a todos os seus diplomatas, negando entrada aos refugiados, incluindo explicitamente Judeus, Russos e apátridas.

Mas o Cônsul de Bordéus desafiou estas ordens terríficas e que ergueu a voz da sua consciência, salvando 30 000 pessoas de uma morte certa.

À medida que recrudescia a ameaça nazi e a perseguição de milhares de Judeus por toda a Europa se intensificava, assumindo contornos cada vez mais assustadores, milhares de refugiados judeus, em Bordéus, reuniam-se em frente aos consulados de Portugal e de Espanha, em busca de vistos para escapar a uma morte certa.

Espanha negou os vistos aos refugiados judeus e a única esperança residia no consulado português.

A 16 de Junho de 1940, o cônsul português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, encontra-se com o rabino Kruger que escapara a uma Polónia ocupada. Promete-lhe fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para persuadir o governo de Lisboa, liderado por Salazar. Nessa noite, acolhe o rabino Kruger em sua casa. Na manhã do dia 17 de Junho de 1940, Lisboa nega os vistos aos refugiados judeus, mas de forma inesperada, Aristides de Sousa Mendes informa o rabino que irá emitir os vistos, pois sabia que os refugiados estavam condenados a morrer nos terríficos campos de concentração nazis.

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Aristides de Sousa Mendes foi severamente castigado por Salazar que lhe retirou o seu cargo e lhe negou qualquer forma de garantir um sustento, o que se revelou trágico, uma vez que Sousa Mendes tinha 15 filhos, que foram colocados numa lista negra e impedidos pelo regime de ingressar no ensino universitário.

De 17 a 19 de Junho, o cônsul português trabalha incessantemente na emissão de vistos, juntamente com dois dos seus filhos, sem parar sequer para comer. Nesses três dias, foram emitidos 30 000 vistos, contrariando as ordens expressas do ditador António de Oliveira Salazar.

Por sua vez, os consulados portugueses de Bayonne e Hendaye haviam obedecido a Salazar, mas Aristides de Sousa Mendes dirige-se pessoalmente a essas cidades e são emitidos mais vistos.

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Estava consciente das consequências dos seus feitos, mas havia seguido os ditames da sua consciência moral. A 24 de Junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes recebe um telegrama de Salazar, ordenando-lhe que se apresentasse em Lisboa para explicar o seu ato de desobediência.

Não só Aristides de Sousa Mendes foi despedido, como também lhe foi negada qualquer reforma, após 30 anos de carreira diplomática. Os seus filhos foram impedidos de ingressar no ensino universitário e a família Sousa Mendes rapidamente perderia a Casa do Passal.

A Comunidade Judaica de Lisboa providenciou à família abrigo e alimentação, ajudando alguns dos seus filhos a mudarem-se para os Estados Unidos da América ou para o Canadá.

Aristides de Sousa Mendes morre a 3 de Abril de 1954 na miséria.

Casa do passal, Cabanas de Viriato, em Viseu.

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O primeiro reconhecimento veio em 1966 de Israel que declarou Aristides de Sousa Mendes “Justo entre as Nações”. Em 1986, o Congresso dos Estados Unidos da América emitiu uma proclamação em honra do seu ato heroico.

A 9 de Outubro de 1967, Nova lorque: o Cônsul-Geral de Israel entrega a Joana de Sousa Mendes (filha) a Medalha de Ouro dos Justos, do Yad Vashem, à memória de Aristides de Sousa Mendes (o único português que a detém).

Jerusalém: o Museu de Yad Vashem – Memorial às Vítimas do Holocausto – homenageia Aristides de Sousa Mendes, plantando uma árvore em sua memória, na Floresta dos Mártires.

Mais tarde, em 1988, foi finalmente reconhecido por Portugal, tendo o Presidente da República de então, Mário Soares, apresentado desculpas à família Sousa Mendes e o Parlamento português promoveu-o postumamente à categoria de embaixador. O rosto de Sousa Mendes apareceu impresso em selos em vários países.

“Que mundo é este em que é preciso ser louco para fazer o que é certo?”. Aristides de Sousa Mendes

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Dia 29 de Maio 1994, Bordéus, Jardim da Resistência: o Presidente da República, Mário Soares, descerra um busto de Aristides de Sousa Mendes, oferecido pela comunidade portuguesa residente em Bordéus. É atribuído a uma das ruas, e a um importante liceu de Bordéus, o nome de Aristides de Sousa Mendes. O canal “France 3” exibe o documentário “O Cônsul Injustiçado”.

Homenagem a Aristides de Sousa Mendes em Bordéus, França, no edifício do antigo consulado de Portugal.

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Homenagem a Aristides de Sousa Mendes em Nova Iorque, na Sede das Nações Unidas, a 3 de abril de 2000. A Dra. Maria de Jesus Barroso, presidente da Fundação Pro Dignitate toma a palavra.

Fontes: vidaspoupadas.idiplomatico.p; Wikipédia.org; aristidesdesousamendes.com

"Homenagear a memória de Aristides de Sousa Mendes é querer que perdure a lembrança da sua atuação e que o seu exemplo seja uma referência viva para as gerações presentes e vindouras. Com a minha presença aqui, é Portugal que honra a sua memória, num gesto de tributo que tem valor de símbolo.

"Um povo sem memória é um povo sem futuro... Aristides de Sousa Mendes foi um homem de bem que, em tempos de barbaridade e de servidão cega, teve a lucidez e a coragem de manter intacta a sua liberdade de consciência, guiando-se unicamente pelo imperativo moral que a sua razão lhe ditava, contrariando de ordens que considerava iníquas.

"A sua atuação correspondeu a uma decisão solitária em prol da humanidade, ditada pela urgência da situação, que salvou dezenas de milhares de vidas. Pagou caro os seus gestos, mas a história deu-lhe razão.” (Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, Bordéus, 9 de maio de 2001).

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A Casa do Passal, durante muitos anos deixada cair em ruínas.

A Casa do Passal, hoje recuperada externamente – falta recuperar o interior para aí instalar o Museu da Fundação Aristides de Sousa Mendes.

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Aristides de Sousa Mendes – Justo entre as Nações:

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No Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes podem ser consultados documentos, vídeos da época e uma base de dados com os vistos concedidos por Aristides Sousa Mendes que permanece em atualização, à medida que novos testemunhos se apresentam.

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