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34 Cultura A Europa estava consciente da necessidade de mudança numa sociedade em transformação. As ideias clássicas e românticas opunham-se à industrialização e à cultura de massas. O clamar por reformas políticas e so- ciais era cada vez mais frequente. O desmoronamento da República de Wei- mar, a Guerra, a Revolução de Outu- bro, o fim de Monarquias influentes e o nascer de novas repúblicas – tudo isto influenciou o trabalho intelectual na Europa. Este marco também passou pela ar- quitectura, criando novas formas e meios de expressão artística. Em alguns dos primeiros projectos de Raul Lino são visíveis as influências da Arte Nova nos ornamentos, ele que no fundo se dedicava prioritariamente às raízes da arquitectura portuguesa. FORMAÇÃO Raul Lino nasceu no dia 21 de No- vembro de 1879 e passou a sua infân- cia em Lisboa. Como filho de um abas- tado comerciante teve o privilégio de poder estudar em Inglaterra, onde fre- quentou um colégio católico de 1889 a 1893. Depois foi para a Alemanha estudar arquitectura. Em Hanover fre- quentou a Escola de Artesanato e a Escola de Artes e Ofícios, assim como o Instituto Superior Técnico, ficando com uma formação profissional no trabalho prático de carpintaria e também com a Raul Lino, um grande arquitecto português A carreira inicial de Raul Lino como arquitecto foi marca- da pela transição do século XIX para o século XX, e pelo início do movimento Modernista. A arte portuguesa pas- sou então por uma fase muito produtiva: jovens artistas receberam pela primeira vez formação em Paris (ou nou- tros centros culturais europeus) e regressaram ao seu país com ideias e influências inovadoras. Painel de Azulejos, Raúl Lino, Casa do Cipreste, Sintra, c. 1915.

Arquitecto Raul Lino

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Cultura

A Europa estava conscienteda necessidade de mudança numasociedade em transformação. As ideiasclássicas e românticas opunham-se àindustrialização e à cultura de massas.O clamar por reformas políticas e so-ciais era cada vez mais frequente. Odesmoronamento da República de Wei-mar, a Guerra, a Revolução de Outu-bro, o fim de Monarquias influentes eo nascer de novas repúblicas – tudoisto influenciou o trabalho intelectualna Europa.

Este marco também passou pela ar-quitectura, criando novas formas emeios de expressão artística. Em algunsdos primeiros projectos de Raul Linosão visíveis as influências da Arte Novanos ornamentos, ele que no fundo sededicava prioritariamente às raízes daarquitectura portuguesa.

FORMAÇÃO

Raul Lino nasceu no dia 21 de No-vembro de 1879 e passou a sua infân-cia em Lisboa. Como filho de um abas-tado comerciante teve o privilégio depoder estudar em Inglaterra, onde fre-quentou um colégio católico de 1889 a1893. Depois foi para a Alemanhaestudar arquitectura. Em Hanover fre-quentou a Escola de Artesanato e aEscola de Artes e Ofícios, assim comoo Instituto Superior Técnico, ficando comuma formação profissional no trabalhoprático de carpintaria e também com a

Raul Lino, um grandearquitecto português

A carreira inicial de Raul Lino como arquitecto foi marca-da pela transição do século XIX para o século XX, e peloinício do movimento Modernista. A arte portuguesa pas-sou então por uma fase muito produtiva: jovens artistasreceberam pela primeira vez formação em Paris (ou nou-tros centros culturais europeus) e regressaram ao seu paíscom ideias e influências inovadoras.

Painel de Azulejos, Raúl Lino,Casa do Cipreste, Sintra, c. 1915.

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formação teórica.O seu trabalho no estúdio de Albrecht Haupt, um arquitecto doutorado e

especialista na arquitectura portuguesa do Renascimento, foi de especial impor-tância na sua carreira. Este arquitecto alemão teve uma enorme influência naformação artística de Raul Lino e o contacto entre o mestre e o seu aluno nuncacessou, mesmo com o regresso de Raul Lino a Portugal. O contacto manteve-seaté ao falecimento de Albrecht Haupt.

Na Alemanha, o jovem Raul Lino teve contacto com as ideias e obras daarquitectura contemporânea alemã e foi testemunha da progressiva separaçãocultural com a França. Neste sentido, a sua estadia no estrangeiro marcoutambém a sua compreensão do fenómeno do Modernismo e determinou a grandeimportância que ele dava à música e à natureza, ou seja, à universalidade doespírito artístico.

Em 1899 projectou um pavilhão para a Exposição Universal de Paris de 1900,onde se fez notar aos olhos da crítica.

Mesmo depois do seu regresso a Portugal, Raul Lino visitava com frequência aAlemanha. Em 1911 passou 11 meses em Berlim, onde tirou um curso de ArteGráfica e Decorativa.

Os valores tradicionais e nacionais como o amor pela pátria tiveram grandeinfluência e fizeram parte da formação de Raul Lino nos últimos anos do séculoXIX em geral, e principalmente em Portugal, onde a industrialização começoutarde. Lisboa crescia e muitas das novas zonas foram projectadas a partir dosprincípios do design moderno vindo de Paris. Mas esses projectos não interessa-

vam a Raul Lino. Ele queria revelar asverdadeiras raízes portuguesas da “CasaPortuguesa” e mantê-las longe das in-fluências de outras orientações estilísti-cas que não tinham a ver com o espí-rito português. Para se aproximar o maispossível deste objectivo, utilizava nassuas obras materiais por ele criados,como azulejos vidrados, vitrais, telhas,vinhetas e mobiliário caracteristicamen-te português.

A MÚSICA E A NATUREZA

A sua paixão pela natureza teve gran-de influência na sua atitude moral eprofissional. Raul Lino dava uma gran-de importância ao diálogo entre a ar-quitectura, ou seja, o edifício em si, ea localização geográfica da sua obra,ou seja, o ambiente natural.

Determinado acontecimento no ano1905 exemplifica essa sua atitude. Linofoi encarregado de fazer o projecto deuma habitação para o francês CondeArmand, um rico proprietário de mi-nas. O arquitecto passou uma noiteinteira no terreno da futura casa, emSetúbal, para captar a área, enquadrá-la na natureza e assim criar a novaobra de uma maneira adequada à suaimediação.

A tendência de Raul Lino para ameditação, para o isolamento e a suapaixão pela natureza são componentesimportantes de uma visão do mundotradicional e romântica. Neste contex-to, a obra literária do americano H.D.Thoreau teve uma função importante,pois esta “Bíblia” para os amantes danatureza aprofunda os valores de umavida de meditação virada para o inte-rior.

Raul Lino aprendeu neste livro, inspi-rado pelo transcendentalismo, que sóatravés do respeito pela relação entre acasa e a sua localização geográfica, aobra poderá enriquecer a região.

Raul Lino viajava muito pelo país econhecia muito bem a região do Alen-tejo. Na sua juventude ele adorava

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passear por corredores largos, podendo apreciar ao pormenor as paisagens quese sucediam. As suas caminhadas solitárias focavam, muitas vezes, a Serra deSintra, onde posteriormente viria a construir a famosa Casa do Cipreste. Esta éuma obra que está de tal forma integrada na natureza que se torna difícil detectá-la ao longe.

A música foi outra paixão de Raul Lino. Após regressar da Alemanha, passoualgum do seu tempo com Viana da Mota, tendo um círculo de amigos ao qualtambém pertencia o pianista Alexandre Rey Colaço, para quem Raul Lino projec-tou a Casa Monsalvat em 1901. Este círculo intelectual influenciou Lino, não sóno seu interesse pela música romântica, mas também na sua maneira de encarara arquitectura. Na sua longa carreira como arquitecto, tal como no seu gostopela música, Raul Lino teve sempre tendência para o conservadorismo. Por issomesmo afastou-se do primeiro Congresso Nacional de Arquitectura, em 1948,que visava e exigia uma ruptura da arquitectura portuguesa com o seu passado.

Em 1968 Lino escreveu um artigo no Diário de Notícias sobre a músicacontemporânea, criticando-a por considerar que já não existia “uma fronteiraentre os sons e o ruído”. Como grande admirador de Richard Wagner, Raul Linoempenhava-se pelo regresso ao Clássico.

A obra Quatro palavras sobre a Arquitectura e Música, da autoria de RaulLino, cria uma ligação entre estas duas formas de arte. Lino opõe-se à ideia deque a sociedade de consumo inunde as “massas” de objectos de baixa qualida-de. Em vez disso ele acha possível e desejável elevar o nível cultural das massas.

A CASA PORTUGUESA – O “REAPORTUGUESAMENTO”Raul Lino adquiriu o seu diploma de arquitectura em 1926, mas o número de

trabalhos encomendados e o reconhecimento pelo seu trabalho não foram, demodo algum, resultado desse diploma, nem antes nem depois da sua obtenção.Durante toda a sua carreira, os seus projectos preferidos recaíam num determi-

nado tipo de casas, enquanto outro tipode edifícios tinha um papel secundário.

A questão sobre as verdadeiras ca-racterísticas da Casa Portuguesa atra-vessa tanto as suas obras práticas comoteóricas e é causa de admiração mastambém de crítica ao seu trabalho. Oque é notável é que foi um estrangeiro- Albrecht Haupt - que incendiou esta

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paixão no jovem arquitecto: comoamante de Portugal e da arquitecturaportuguesa, o mentor alemão de RaulLino influenciou a sua carreira profissi-onal de uma forma essencial.

Lisboa viveu no final do século XIXum renascimento do estilo manuelino(neo-manuelino), um estilo que se dis-tinguia fortemente na Europa de outrasorientações estilísticas dominantes, sen-do esta uma forma de expressão tipica-mente portuguesa.

Raul Lino não era da opinião de queno estilo neo-manuelino se encontra-vam as verdadeiras raízes da arquitec-tura portuguesa. Para ele, este estiloera uma composição do Gótico, Mu-déjar, Renascimento e Naturalismo. Eleestava convicto de que as origens ar-quitectónicas do país se encontravamno Período Romano. Lino encontrou nes-ta arquitectura portuguesa origináriaaquilo de que sentia falta na arquitec-tura individualista do Liberalismo: obom gosto, o bom senso e a lealdadena construção das casas.

A campanha para a Casa Portugue-sa ambicionava reconstituir a harmo-

nia, entretanto perdida, entre a região e as cidades portuguesas, e ao mesmotempo demarcar nitidamente a arquitectura portuguesa de influências vindas doestrangeiro. Este grupo comprometeu-se a um ideário nacionalista: a arquitecturaem Portugal deveria ser “reaportuguesada”. Neste sentido, também se inspiravamem obras de grandes escritores portugueses como, por exemplo, Eça de Queiroz,que nos seus romances traçava exaustivamente um retrato de Portugal – a belezada menina do campo, as delícias culinárias, as artes, etc.

EDIFÍCIOS URBANOS

Lino projectou poucos edifícios urbanos, e estes distinguiam-se bastante deoutros edifícios, que na maioria dos casos se encontravam fora da cidade. Aexplicação está na sua paixão pela natureza, nos seus princípios étnicos e filo-sóficos. Muitos dos seus projectos urbanos nunca chegaram a ser construídos oque o fez chegar a uma conclusão: “O português para quem eu projectei estetrabalho, não existe”.

Os espaços comerciais projectados por Raul Lino, como a loja dos chapéusGardénia no Chiado ou a Loja das Meias no Rossio adaptam-se ao local, aotipo de comércio, assim como ao tipo de clientela e os seus interesses. A obraurbana mais importante de Raul Lino é, sem dúvida, o Teatro Tivoli, construídoem 1925 na Avenida da Liberdade, prometendo aos Lisboetas um novo meio deentretenimento.

O estilo do Teatro Tivoli apresenta influências francesas e tem pouco a ver coma ideia da Casa Portuguesa. Por isso não foi a obra preferida do arquitecto, masfoi projectada com grande amor pelo detalhe e ocupou Raul Lino durante váriosanos.

Os únicos apartamentos urbanos que ainda existem são a casa de António-Sérgio e a própria residência de Raul Lino, em Lisboa. Estas casas caracterizam-se por um design bastante funcional que se contrapõe às casas no Estoril e Sintra,com um design que cria um espaço menos formal.

CASAS DE CAMPO

O primeiro projecto de Raul Lino foi construído em 1901, na região do MonteEstoril. Aí nasceu um núcleo de habitações: quatro casas só separadas porjardins, as casas de Monsalvat, Schalk, Batalha Reis e Vila Tânger. Nesta últimacasa notam-se influências de Marrocos.

A casa Monsalvat é um dos primeiros exemplos da preocupação de Raul Linocom a problemática da Casa Portuguesa. Por fora a casa está adaptada às coresdo terreno. No interior, Raul Lino completou o efeito de uma casa de campotipicamente portuguesa com decorações de azulejos por ele criados. A arquitec-tura de interiores tem uma orientação funcional. O arquitecto sabia do estilo devida do proprietário Alexandre Rey Colaço, pianista e amigo de Raul Lino. A casadeveria conjugar a vida familiar com a vida intelectual, sem criar duas esferasseparadas. Raul Lino conseguiu um ambiente onde estes dois mundos coexistemde uma maneira natural.

“O caiar das casas é de boa tradiçãono nosso país e bem merece ser man-tido pelo que tem de praticamentevantajoso e pelas possibilidades ar-tísticas que oferece. Abençoado o usoda cal que com a sua variegada pale-ta salpica a nossa paisagem de ale-gria, ora exuberante com as ocas eos vermelhos, ora cheia de delicade-za onde o acaso ou o instinto dos al-venéis justapõe as mais finas cambi-antes dos amarelos claros e dos ro-sas numa tonalidade que lembra oaspecto apetitoso dos alperces madu-ros”.

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A própria casa de campo de Raul Lino, a Casa Do Cipreste, foi construída entre1912 e 1914, mas os primeiros projectos desta casa já datam do seu tempo deestudante na Alemanha. Esta casa situa-se em S. Pedro de Sintra e servia comoponto de partida para as caminhadas que Raul Lino tanto apreciava. O únicoedifício capaz de se ver a partir da casa, é o Palácio Real de Sintra, no qual RaulLino viria a fazer mais tarde algumas obras de reconstrução. A Casa do Cipresteforma um todo com o terreno contíguo à casa. Também no seu interior existe umaharmonia evidente que respeita as regras psicológicas, funcionais e estéticas. Esteedifício é hoje visto como o projecto mais bem sucedido do arquitecto.

A Casa dos Penedos, construída em Sintra em 1922, expressa de uma formamuito particular o estilo único deste arquitecto. Construída na encosta, forma umaunião com a paisagem montanhosa de Sintra e está completamente integrada napaisagem. No interior da casa existem azulejos de alta qualidade artística e umaluminosidade espantosa – uma referência à grande importância que o arquitectodava à penetração da luz natural.

RAUL LINO E O ESTADO NOVO

A construção anti-modernista e conservadora de Raul Lino foi aproveitada peloEstado Novo e adaptada aos seus objectivos. O estilo arquitectónico típico de

Lino, bem como a decoração das suascasas com as tradicionais varandas egalerias alpendradas, arcaria e colu-natas, o uso do tijolo burro aberto, eno interior a utilização do azulejo artis-ticamente pintado, Lino criou intencio-nalmente (ou não) um fundamentoimportante no qual a futura arquitectu-ra regional/tradicional do Estado Novose pôde estabelecer.

A ideologia do Estado Novo eramanifestada em diversas exposições in-ternacionais. Alguns modelos neo-tra-dicionais, como o Pavilhão de Portugalprojectado por Raul Lino para a Expo-sição de Paris em 1900, tinham a in-tenção de apresentar uma obra multi-facetada que unia diversos elementostradicionais numa “colagem”. Assimsurgiu uma mistura de um estilo alen-tejano manuelino e gótico tardio comalpendre e cerâmica. De certa forma,este modelo pode ser visto como oprimeiro passo em direcção à verda-deira Casa Portuguesa. Raul Lino sóconseguiu realizar a sua proposta naexposição colonial de Paris, no ano1931. O edifício com muitas torres porele projectado pretendia lembrar aCapela de São Brás, em Évora.

DEFINIÇÕES…Para Raul Lino a beleza na arquitec-

tura corresponde ao “habitar poético”,no qual a estética está relacionada eligada às realidades físicas do terreno.

A arquitectura deve exprimir as ideias,as nostalgias e intenções do homem.

Entre a arquitectura e a música existeuma analogia estrutural que se manifes-ta em dois níveis diferentes: a arquitec-tura tem uma relação próxima com ahistória e a cultura. Em contrapartida, amúsica está mais ligada à psicologia eà alma do homem. A conexão entreestas duas artes está na relação entre odesign e a melodia, entre a cor e otimbre (tom), entre proporções e harmo-nias.

O conservadorismo fez sempre parteda maneira de pensar de Raul Lino. Elededicou a sua vida à defesa dos valorestradicionais da cultura portuguesa como objectivo de conservar esses valoresna arquitectura e de os reproduzir.

“A grande luta do arquitecto, a suatarefa mais difícil e importante, nãoé vencer problemas técnicos ou eco-nómicos; é transformar a massa iner-te da construção em obra orgânicacom aspecto de coisa viva. O mais di-fícil nesta arte é o proporcionar”.

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Lino opunha-se a tudo o que corres-pondia ao espírito moderno, em relaçãoà Literatura ou a qualquer outra arte.Nos seus textos é mais visível uma rejei-ção a tudo quanto é novo. Aí ele pro-nuncia-se contra a viagem à lua, contraos computadores, contra a televisão, etc.

Raul Lino via a o Modernismo comosendo uma época sem segurança, umaépoca que tudo questiona, onde nãoexistem medidas constantes e onde osvalores morais se desmoronam. Ele es-tava convencido de que o cinema, atelevisão, a rádio e a imprensa ilustradatornariam o homem neurótico. Por isso,ele vivia segundo os ideais românticosdo isolamento e retraimento, e em har-monia com a natureza.

Pela arte contemporânea, Raul Linonão tinha qualquer afeição. Ele desva-lorizava-a nas suas obras teóricas utili-zando expressões como “tolice”, “ilusão”,“descaramento” e “vigarice”. A arqui-tectura moderna não era para ele maisdo que uma mera construção sem espí-rito nem sentimento ou alma, uma ex-pressão de puro materialismo. SegundoLino, é precisamente com a arquitecturamoderna que começa a decadência daarquitectura. Para ele, a uniformidadeda arquitectura moderna está em oposi-ção à individualidade do homem, per-

dendo assim todo o seu valor cultural.Nas obras teóricas de Raul Lino ele

falava do significado especial das “boasmaneiras” na arquitectura: às obras deveser acrescentado uma “componentemoral”. Para Lino isto significava, entreoutras coisas, o uso de materiais no-bres, como o mármore. Ele rejeitavacategoricamente as imitações.

Raul Lino estava convencido de quesó na continuidade de tradições históri-cas, a componente moral poderia serpreservada ou recriada na arquitectu-ra. O estilo e a continuidade represen-tam, na arquitectura, aquilo que na vidasão as boas maneiras.