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1 Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.2, 2013 ARQUITETURA FUTURISTICA E ENERGIA SUSTENTÁVEL Parte II SOUZA, E.M. 1 , CASTRO, K.G. ¹, ; DI DIO, R. ², RAUBER, P. ² RESUMO: Devido a grande necessidade enérgica em que se encontra o mundo, a busca por soluções tem se tornado impreterivelmente urgente. Este trabalho tem como objetivo propor o estudo do hidrogênio como uma nova fonte energética eficiente, segura e sustentável, para atender a crescente demanda energética nacional. Demonstrando a sua aplicação na Europa, EUA e Brasil analisando a suas características e propondo um sistema para a introdução da “energia do futuro” as células de combustível H2 do tipo PEM, mostrando as vantagens e desvantagens desta opção comparando com as fontes energéticas em uso no nosso país. PALAVRAS-CHAVE: Energia alternativa, Arquitetura Sustentável, Hidrogênio Oxigênio. FUTURISTICA ARCHITECTURE AND SUSTAINABLE ENERGY PART II ABSTRACT: Because of the great need that is energetic in the world, the search for solutions has become imperatively urgent. This paper aims to propose the study of hydrogen as a new energy source efficient, safe and sustainable to meet the growing energy demand nationwide. Demonstrating its implementation in Europe, USA and Brazil by analyzing the characteristics and proposing a system for the introduction of the "energy of the future" fuel cells H2 PEM, showing the advantages and disadvantages of this option compared to the energy sources in use in our country. KEY-WORDS: Alternative Energy, Sustainable Architecture, Hydrogen Oxygen. INTRODUÇÃO: A economia nacional tem evoluindo muito colocando o Brasil entre as oito maiores economias mundiais e também tem se destacado como uma das maiores economias verdes. Ministério de Minas e Energia do Brasil tem financiado a criação de fontes energéticas renováveis, como o etanol, biodiesel, usinas hidroelétricas, usinas de biomassa, parques eólicos entre outros. Segundo o quarto balanço do PAC 2 ( Programa de Aceleração do Crescimento) realizado no dia 26 de julho de 2012. Onde o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão revelou que o Governo Federal já aplicou R$ 55,1 bilhões no Eixo Energia, possibilitando investimentos na área de 1 Acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo (UNIGRAN) ² Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Agronomia (UNIGRAN), E-mail: [email protected]

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Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.2, 2013

ARQUITETURA FUTURISTICA E ENERGIA SUSTENTÁVEL –

Parte II

SOUZA, E.M. 1, CASTRO, K.G. ¹, ; DI DIO, R. ², RAUBER, P. ²

RESUMO: Devido a grande necessidade enérgica em que se encontra o mundo, a busca

por soluções tem se tornado impreterivelmente urgente. Este trabalho tem como

objetivo propor o estudo do hidrogênio como uma nova fonte energética eficiente,

segura e sustentável, para atender a crescente demanda energética nacional.

Demonstrando a sua aplicação na Europa, EUA e Brasil analisando a suas

características e propondo um sistema para a introdução da “energia do futuro” as

células de combustível H2 do tipo PEM, mostrando as vantagens e desvantagens desta

opção comparando com as fontes energéticas em uso no nosso país.

PALAVRAS-CHAVE: Energia alternativa, Arquitetura Sustentável, Hidrogênio

Oxigênio.

FUTURISTICA ARCHITECTURE AND SUSTAINABLE ENERGY – PART II

ABSTRACT: Because of the great need that is energetic in the world, the search for

solutions has become imperatively urgent. This paper aims to propose the study of

hydrogen as a new energy source efficient, safe and sustainable to meet the growing

energy demand nationwide. Demonstrating its implementation in Europe, USA and

Brazil by analyzing the characteristics and proposing a system for the introduction of

the "energy of the future" fuel cells H2 PEM, showing the advantages and

disadvantages of this option compared to the energy sources in use in our country.

KEY-WORDS: Alternative Energy, Sustainable Architecture, Hydrogen Oxygen.

INTRODUÇÃO: A economia nacional tem evoluindo muito colocando o Brasil entre

as oito maiores economias mundiais e também tem se destacado como uma das maiores

economias verdes. Ministério de Minas e Energia do Brasil tem financiado a criação de

fontes energéticas renováveis, como o etanol, biodiesel, usinas hidroelétricas, usinas de

biomassa, parques eólicos entre outros. Segundo o quarto balanço do PAC 2 ( Programa

de Aceleração do Crescimento) realizado no dia 26 de julho de 2012.

Onde o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão revelou que o Governo Federal já

aplicou R$ 55,1 bilhões no Eixo Energia, possibilitando investimentos na área de

1 Acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo (UNIGRAN)

² Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Agronomia (UNIGRAN), E-mail:

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geração e transmissão de energia elétrica, exploração de petróleo e gás natural entre

outros. Entre os destaques em energia elétrica está a ampliação em 3.886 MW do parque

gerador; a conclusão da linha de transmissão de 600 km que vai de Cuiabá (MT) a Rio

Verde (GO); e a entrada em operação de quatro turbinas, que somam 265 MW, da Usina

Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, no Rio Madeira.

Em um ano e meio, o volume total de execuções e de obras concluídas no PAC 2

foi de R$ 324,3 bilhões - o que representa 34% do previsto até 2014, que é de R$ 955

bilhões. Entre 2011 e 2014, a previsão de obras concluídas remete ao valor de R$ 708

bilhões, ou 74% do total do Programa. Estes dados foram apresentados pelo então

ministro, com informações do ministério do planejamento.

Um grande motivo para estes altos investimentos do governo segundo o

Engenheiro Civil Fernando Westphal, gerente de eficiência energética da unidade de

sustentabilidade do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) é que - Sempre quando

se fala em projeção de aumento no PIB, há um alerta para uma provável crise de

abastecimento de energia. Para crescer de maneira eficaz, temos que mudar nossos

padrões de eficiência e esse assunto deveria receber mais atenção do governo.

De acordo com o Plano Nacional de Energia (PNE 2030), a energia elétrica de

origem hidráulica no Brasil correspondia, em 2005, a 89,5% da oferta existente no país -

fato que traduz a grande rede hidrográfica existente no país e a característica renovável

da matriz energética brasileira. O planejamento atual indica a necessidade estratégica de

diversificar essas fontes e aponta para um fato: grande parte desse potencial se encontra

na região amazônica. Prevê-se que, em 2030, essa participação caia para 77,4%.

Existem vários motivos para se diminuir a participação das usinas hidroelétricas

no fornecimento energético nacional, entre os quais Ministério do Meio Ambiente

revela que mesmo as usinas sendo uma fonte de energia renovável elas não são um

modelo eficiente e sustentável. Onde os altos custos para a criação das barragens, a

distancia dos potenciais empreendimentos até os locais de consumo, conflitos com

comunidades locais que tem de ser realojadas. E para garantir a geração de energia é

necessário ainda investimentos em troca de turbinas, repotenciação de usinas,

atualização de tecnologias e equipamentos mais eficientes para redução de perdas de

energia a longa distancia, E, além disso, há um desperdício de energia considerável.

Quando eletricidade não é consumida nos horários de pico ela não é armazenada e por

isso descartada rio abaixo.

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Por fim as questões ambientais onde podem se destacar o impacto ambiental

direto especialmente sobre a fauna aquática onde os barramentos se tornam obstáculos a

todas as espécies migratórias durante o período da piracema. As barragens inundam

grandes áreas de preservação as margens dos rios, e vastas áreas destinadas à agricultura

são alagadas. Além destes problemas a geração de energia por meio das hidroelétricas

pode ser afetada durante um período de médio e longo prazo por meio de más pratica

agrícolas que pode gerar assoreamento de rios ao aumentar o consumo de irrigação e ,

as queimadas, os desmatamentos, a ocupação indevida de Áreas de Preservação

Permanente (APPs) e a inexistência de áreas de Reserva Legal em muitas propriedades

rurais, por exemplo, têm afetado o regime hídrico e os índices pluviométricos em muitas

regiões do país, fazendo com que os períodos de seca se acentuem, com consequente

diminuição dos volumes dos reservatórios. Todos estes problemas se refletem em altas

tarifas cobradas pelas distribuidoras, constantes apagões e acidentes. Estas são algumas

das razões estratégicas que levaram o governo a planejar o aumento da participação de

outras fontes, sejam elas renováveis ou não, na matriz energética brasileira.

A preocupação do governo com o desempenho energético juntamente com a

Eletrobras deu se inicio ao Procel, Programa de Conservação de Energia com o intuito

de apoiar a implantação da regulamentação da Lei de eficiência energética. (Lei

10.295/2001) no que toca as edificações brasileiras, Além de orientar tecnicamente os

agentes envolvidos e técnicos de Prefeituras, para adequar seus códigos de obras e

planos diretores. O Procel juntamente com o Inmetro emitem selos que medem a

quantidade do consumo energético dos eletrodomésticos, eletrônicos, etc. Dados

levantados pelo Procel afirma que as edificações são responsáveis pelo consumo de

42% de toda a energia elétrica consumida sendo: 23% edificações do tipo residencial,

11% do tipo comercial e 0,8% edificações publicas. Onde 48% desse consumo são por

condicionamento de ar e 24% por sistemas de iluminação.

É evidente que em um futuro próximo precisaremos de uma matriz energética

eficiente, ecológica que atenta toda a crescente demanda energética da sociedade. O

hidrogênio é titulado por alguns cientistas como o “combustível do futuro”. É uma das

matrizes energética brasileira em pesquisa de fonte de energia cuja operação comercial

segundo o Ministério de Minas e Energia do Brasil esta prevista para depois de 2030

por meio de um programa nacional de incentivo ao uso de hidrogênio como fonte de

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energia. Para o tal um roteiro para a estruturação da Economia do Hidrogênio no Brasil

foi feito em 22 de março de 2005.

A descoberta de novas fontes energéticas proporcionou o desenvolvimento

tecnológico, estabelecendo novas potencias mundiais, tal como aconteceu com a

Inglaterra na primeira revolução industrial por meio da descoberta do carvão, e

posteriormente com a descoberta dos combustíveis fosseis e a eletricidade surgiu a

segunda revolução industrial pois estas novas fontes de energia aumentou o

desenvolvimento tecnológico e os países que dominaram essa tecnologia surgiram no

século XX como novas potencias econômicas como a Alemanha, os Estados Unidos da

América, Japão etc. Atualmente o mundo depende de recursos não renováveis, como o

petróleo e o gás natural para suprir grande parte do consumo energético, estas fontes se

concentram em países árabes que não são nações estáveis sendo abaladas por constantes

conflitos religiosos, políticos, geográficos entre outros, além de não terem uma boa

relação cultural com países do ocidente, fazendo com que o preço do petróleo suba e

seja variável, aliado a isso outro grande problema é que os recursos minerais não são

renováveis isso tem preocupado o mundo, segundo o grupo Shell estimasse que o

petróleo venha entrar em colapso por volta do ano de 2045 a 2050. Assim como no

passado o pais que dominar novas fontes de energia ira se estabelecer como grande

potencia mundial. Vários países começaram a investir nas pesquisas de fontes

energéticas renováveis como o hidrogênio. Embora o Ministério de Minas e Energia do

Brasil prevê a entrada da economia do hidrogênio em algumas décadas, No Canada,

Alemanha, Espanha, Dinamarca, Islândia, China, Japão, Portugal EUA, e em outros

países o hidrogênio não é apenas fonte de pesquisa e um projeto para o futuro, mas sim

uma realidade presente, onde vários automóveis e postos de abastecimento com

hidrogênio já estão em funcionamento. (Brasil H2)

Algumas empresas já se instalaram no Brasil disponibilizando essa tecnologia,

dentre elas as que se destacam são a Eletrocell, Unitec, Horizon Fuel Cell Tecnologies,

fornecendo células de combustível tipo PEM, que funcionam transformando energia

química em energia elétrica, a energia química que abastece uma célula de combustível

precisa de dois elementos; um combustível e um oxidante, vários combustíveis podem

ser usados, há interesse no hidrogênio e o uso do oxigênio como oxidante, (Eletrocell

2013) pois esses dois elementos químicos se encontra abundancia. Pesquisas da NASA

revelaram que o hidrogênio representa cerca de 75% de todos os elementos químicos do

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universo, e cerca de 90% de toda massa atômica ( NASA 2012) porem aqui na Terra o

hidrogênio não é encontrado puramente como é encontrado no Sol e no Espaço, isso o

torna um combustível de fonte segundaria, ou seja depende de outras fontes energéticas

para que ele seja produzido, no caso uma fonte de hidrogênio e oxigênio de fácil acesso

é a água, H20. Para se separar as moléculas da água usa-se um processo eletroquímico

denominado eletrolise que consiste em submeter uma corrente elétrica na água gerando

uma fissão molecular da mesma. A energia gasta para gerar a eletrólise pode ser

conseguida por meio de fontes renováveis como a energia eólica, solar tornando viável

o processo.

O hidrogênio gerado pode ser imediatamente consumido ou armazenado em

cilindros de gás e posteriormente quando necessário abastecer as células de

combustíveis para a geração de energia. As moléculas do Hidrogênio que é o

combustível e as moléculas do oxigênio que é um oxidante procuram fazer ligação

química, trocando prótons e elétrons, porem os catalizadores da célula intervém gerando

um fluxo de elétrons criando uma corrente elétrica durante o processo de fusão

molecular, essa corrente elétrica gera eletricidade e no final do processo o oxigênio se

combina com o hidrogênio gerando agua quente, suprindo a demanda energética da

residência. Usando se água a tecnologia da célula de combustível de hidrogênio se torna

um dispositivo de energia continua. (Brasil H2) A figura abaixo demonstra o

funcionamento de uma célula de combustível alimentada por hidrogênio e utilizando o

oxigênio disponível na atmosfera como oxidante.

(Figura 01esquema de produção de energia e geração de água como resíduo – fonte Brasil H2 2012)

Alguns países desenvolvidos estão obtendo bons resultados com a pesquisa do

hidrogênio como fonte de energia. A Vila Vestenskov na ilha de Lolland no sul da

Dinamarca, a primeira comunidade do mundo a utilizar este tipo de tecnologia. Em sua

Web pagina o município revela que. - O projeto para a implementação desta tecnologia

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foi dividido em três fases. A primeira etapa na criação de um teste e planta de

demonstração em Nakskov. Na Segunda fase foi instalado células de combustível a

hidrogênio em cinco domicílios em Forest West. A terceira fase implementada em 2010

a 2011 incluía cerca de 30 a 45 famílias beneficiadas por este projeto. Em Vestenskov o

excesso de energia produzido pelas turbinas eólicas é enviado para um terminal onde

ocorre a eletrolise, decompondo a água em hidrogênio e oxigênio. O hidrogênio é

armazenado em tanques de gás alimentado micro geradores residenciais que são

ativados quando os consumidores necessitam de energia e calor. Este projeto mostrou

como o excedente de energia a partir de fontes renováveis pode ser convertido para o

hidrogênio, se tornou uma solução de energia descentralizada, eficaz, limpa sem

nenhuma emissão de CO2.( Prefeitura Municipal de Lolland DK)

(Figura 02 Gerador de hidrogênio através da eletrolise na água usando a energia gerada pelo vento e

um tanque de gás para armazenamento do hidrogênio. Fonte: Prefeitura de Lolland DK 2012)

Até mesmo outros países menos desenvolvidos que também tem feito pesquisas

sobre a viabilização do uso das células de combustíveis tem chegado a resultados

surpreendentes. No continente africano algumas pesquisas sobre o hidrogênio como

fonte energética já se encontra em um estagio avançado. Durante a Maker Faire África

que aconteceu nos dias 5 e 6 de novembro de 2012 na cidade de Lagos na Nigéria, foi

apresentado um gerador abastecido por urina e criado por quatro garotas, sendo três

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meninas com a idade de quatorze anos e uma de quinze. O resultado do gerador

desenvolvido por elas foi de seis horas de eletricidade por cada litro de urina. O

funcionamento do gerador é simples, a urina é colocada em uma célula eletrolítica, que

separa o hidrogênio, o hidrogênio entra em filtros de purificação sendo armazenado em

cilindro de gás e depois abastece o gerador que produz energia elétrica.

(Figura 03 Estudantes apresentando seu gerador de energia abastecido por urina fonte Maker Faire

Africa 2013)

No Brasil alguns exemplos do uso das células de combustível a Hidrogênio estão

sendo usados para substituir o petróleo e a gerar eletricidade. A Petrobras inaugurou o

primeiro ônibus movido a hidrogênio e um posto de abastecimento com capacidade de

gerar até 120kg de hidrogênio por dia a uma pressão de 450kg/cm² capaz de abastecer 3

ônibus com autonomia de 300km o projeto teve parceria do Ministério de Minas e

Energia do Brasil, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),

Global Environment Facility (GEF) e Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

A cidade de Curitiba o Hospital Erasto Gaertner foi o primeiro a receber um

sistema de célula de combustível no Brasil. Este sistema foi adquirido pelo governo do

Estado do Paraná através da Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL, e

doada ao Hospital, onde irar fornecer energia elétrica, aquecimento, substituindo antigas

caldeiras e se tornando um objeto de estudo do Instituto de Tecnologia para o

Desenvolvimento – LACTEC – a fim de fazer testes adaptando o maquinário às

condições brasileiras e posteriormente fornecer o equipamento para América do Sul. O

preço da célula foi de US$ 862.000,00 com mais R$ 74.866,66 de despesas adicionais

com seguro e transporte, devido a finalidade de ser um objeto de estudos e pesquisas foi

isenta de impostos federais e estaduais como o IPI e ICMS. O custo foi alto porem além

de todos os inestimáveis ganhos ambientais, e por ser uma tecnologia importada e

pioneira, como resultado final reduziu custos de energia em torno de 80% para o

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aquecimento do hospital. A tendência é que o preço da célula de combustível caia pela

metade a cada cinco anos até se estabilizar no mercado nacional como uma fonte

energética competitiva. ( Estudo de caso da implantação da Célula a combustível no

hospital Erasto Gaertner 2004)

Este estudo visa mostrar o potencial que as células de combustível abastecidas

por hidrogênio, têm tornando se uma grande promessa para um futuro próximo, e sendo

uma realidade, foi visto que o envolvimento do governo por meio de incentivos, é de

grande valia durante o processo de implantação desse sistema. O Brasil tem um grande

potencial para dominar essa tecnologia, por ser uma das poucas economias que dispõe

de fontes primarias de energia renovável, e recursos naturais abundantes como a água,

estabelecendo o Brasil ainda mais como um líder energético no cenário mundial.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi embasado em dados disponibilizados no site do Governo Federal

do Brasil, do Ministério de Minas e Energia, Ministério do Planejamento, Ministério do

Meio Ambiente, Programa de Conservação de Energia Elétrica, PROCEL, e governo

Municipal de Lolland na Dinamarca, algumas dissertações, artigos científicos teses,

sobre arquitetura sustentável, engenharia mecânica, química, dados técnicos das

fabricantes de Células de Combustível a Hidrogênio. Buscando informações referentes

ao hidrogênio como fonte de energia limpa e renovável aplicada as edificações, e sendo

uma opção promissora no setor energético, voltado à sustentabilidade.

RESULTADO E DISCUSSÃO.

O hidrogênio está presente em quase todos os elementos disponíveis na natureza,

porem não é encontrado em seu estado puro, tornando preciso uma fonte de energia

primaria para que se possa obter o hidrogênio, ou seja, é preciso se gastar energia para

se retirar o hidrogênio de outros elementos. Para ser tornar viável ecologicamente deve

se utilizar fontes energéticas limpas e renováveis, tais como a energia eólica, solar,

hidroelétricas e energia térmica evitando usar algum tipo de combustível finito e

poluente. Existe a utilização do etanol e outros combustíveis, porem o seu método é

chamado de reforma do metanol, porem é um sistema complexo e inviável para

utilização residencial, (SILVA, 1991) A figura? abaixo mostra fluxograma das possíveis

energias primarias para se utilizar o hidrogênio e os seus respectivos processos:

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( FIGURA 04 –Esquema de produção de hidrogênio a partir de diferentes fontes de energia. Fonte: Silva

(2006).

Na natureza vários elementos químicos dispõe o hidrogênio em sua estrutura

molecular, como é o caso do metano, etanol, gasolina, água entre outros, no entanto é

necessário tomar cuidado com qual elemento escolher e a destinação do subproduto que

sobrar depois de se retirar o hidrogênio, por exemplo: O metano C1H4 ao se retirar as

quatro moléculas de hidrogênio do metano ira sobrar uma molécula de carbono, que ira

prejudicar o meio ambiente se não for utilizada em algo como a fermentação de bebidas.

O funcionamento de alguns sistemas disponíveis aqui no Brasil é semelhante ao

utilizado em boa parte do mundo. Através de fontes primarias limpas e renováveis como

a energia solar, e utilizando a água como fonte de hidrogênio, á agua H2O torna-se

interessante pois aos se extrair as duas molécula de hidrogênio, sobra como subproduto

o oxigênio, que pode ser lançado diretamente na natureza, no final do processo o

hidrogênio se recombina com o oxigênio encontrado na atmosfera e se transforma em

agua novamente tornando se uma fonte de energia de modo continuo e sem nenhuma

emissão de CO2 a figura ?? A seguir demonstra o funcionamento do sistema:

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(FIGURA 05 – Funcionamento do sistema solar-hidrogênio-célula á combustível. Fonte: Site Empresa

Unitech Ltda 2013)

Como podemos ver o oxigênio é simplesmente descartado na atmosfera, isso já é

um grande beneficio para a comunidade local assim os bairros funcionariam como um

coral de algas marinhas produzindo oxigênio para o planeta, melhorando a qualidade do

ar em grandes centros urbanos poluídos pelo monóxido de carbono, e o próprio

oxigênio poderia ajudar na diminuição do buraco de ozônio, na medida em que o

oxigênio produzido subir para a atmosfera uma molécula de oxigênio poderá se

combinar com mais outras duas moléculas de oxigênio formando o O3 conhecido como

ozônio, porem se o oxigênio for utilizado dentro da própria residência ele poderá

aumentar a eficiência energética e gerar ótimos benefícios para os inquilinos.

O oxigênio poderia ser utilizado para oxigenar a residência durante o processo

de condicionamento do ar ou seja proporcionar um ar puro dentro da residência

ajudando a combater doenças respiratórias causadas por um ar poluído, para se

aumentar a eficiência desse sistema poderia também se recriar pequenas câmaras

hiperbáricas adaptadas para o fim residencial. O Centro Europa de Medicina

Hiperbárica e Tratamento de Feridas Refratárias no Brasil tem utilizado essa técnica

pioneira na área da saúde no Brasil e afirma que:

Câmeras hiperbáricas é uma espécie de câmara onde o individuo passa a respirar

oxigênio 100% sub uma pressão correspondente a aproximadamente 10 a 20 metros de

profundidade no mar. Essas câmaras são utilizadas em tratamentos medicinais

denominado como oxigenioterapia. O oxigênio, quando administrado sob pressão,

funciona como um medicamento. A elevada pressão desse gás no ar, quando ingerido,

corresponde a um grande aumento da fração de oxigênio dissolvido no plasma. Esse

aumento faz com que o gás se difunda a uma distância até quatro vezes maior,

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atingindo pontos que se encontram pouco oxigenados. Uma vez melhor oxigenadas, as

células chamadas fibroblastos voltam a ter a sua função normalizada, com consequente

estímulo na formação de novos capilares sanguíneos, aumento da ação bactericida e

bacteriostática dos antibióticos, e formação de células responsáveis pela estrutura da

pele.

Inúmeros trabalhos publicados em todo o mundo nos últimos 40 anos comprovam a

eficácia da Oxigenioterapia Hiperbárica como excepcional ferramenta do tratamento

médico, promovendo, entre outros efeitos, o retorno dos fibroblastos a suas funções

normais. Isso culmina com a aceleração de cicatrizações, melhora a qualidade da

osteogênese e dos tecidos de granulação e um combate mais eficaz de infecções. Atua

também de maneira sinérgica com determinados antibióticos, ou seja, aumenta a

eficácia dos mesmos. Desta forma, pode auxiliar a reduzir ou até mesmo evitar

procedimentos cirúrgicos mutilantes e excessivos, proporcionando uma recuperação

mais rápida e com melhores resultados clínicos.

A ideia é utilizar o oxigênio que sobra da fissão molecular da água para se

utilizar em pequenas câmeras hiperbáricas, que serão utilizadas como pequenos

dormitórios, o ser humano passa em média um terço de sua vida dormindo, algumas

pessoas devido a algumas enfermidades vivem acamadas. A produção câmara

hiperbárica residencial não terá as mesmas pressões e concentrações de oxigênio que as

disponíveis hoje em hospitais, consecutivamente a sua eficiência será menor, porem a

intenção dessa câmara não é a mesma das que existem hoje, ou seja: ela não terá como

objetivo principal ser usada no tratamento de doenças.

O seu objetivo é aumentar a qualidade de vida, imagine se em vez de se

recuperar dez vezes mais rápido de uma enfermidade em uma câmera hiperbárica atual,

em uma futura câmera hiperbárica residencial o individuo possa recuperar as suas

energias durante o sono pelo menos três ou quatro vezes mais rápido e melhor do que se

estivesse dormindo em um ambiente comum. Para tal feito não será preciso uma grande

demanda de oxigênio, sendo que apenas 20% do ar que respiramos na atmosfera é

oxigênio, assim se acrescentarmos 20% a mais de oxigênio dentro de uma pequena

câmara hiperbárica residencial estaríamos então praticamente dobrando a concentração

de oxigênio respirado pela pessoa que estiver dormindo ali. E pelo fato de oxigenar

apenas a câmara e não o dormitório todo o consumo de oxigênio será reduzido

aumentando assim a eficiência do sistema.

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Outra opção para a utilização do oxigênio é sua utilização em purificadores de

água conhecidos como filtro de ozônio, esta espécie de filtros tem grande poder de

purificação eliminando bactérias que o cloro não mata, sendo usado por muitas clinicas

e hospitais durante processos de esterilização assim como também o para a purificação

de água para o consumo humano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O resultado desta pesquisa mostra que as células de combustível movidas a

hidrogênio, são uma boa alternativa para o fim da dependência de combustíveis fosseis

não renováveis e uma ótima opção para se aposentar as fontes energéticas que geram

um grande impacto ambiental. O potencial energético do hidrogênio como fonte de

energia limpa e renovável pode ser aumentado quando se utiliza a energia solar ou

eólica para se fazer a eletrólise da água. Embora o Hidrogênio possa ser obtido de vários

elementos químicos a água torna-se uma das opções mais interessantes, onde se retira o

hidrogênio para a geração de energia e se obtém o oxigênio como subproduto. Este pode

ser aproveitado para abastecer câmaras hiperbáricas residenciais, ou filtros de ozônio

tornando-se um meio de se proporcionar uma grande qualidade de vida e saúde para as

pessoas que se beneficiarem deste sistema.

O hidrogênio depois de passar por todo o processo de geração de energia ele se

recombina com o oxigênio na atmosfera formando água potável como resíduo final do

processo, fazendo com que esse sistema seja um meio para geração de energia continua.

O sistema também descentraliza totalmente o sistema de geração e distribuição de

eletricidade, tornando-se mais eficiente que a energia hidroelétrica. Porem hoje o seu

custo esta relativamente caro, no entanto em um futuro próximo vários fatores podem

reverter esta situação como, por exemplo: A produção em série e em grande escala,

incentivos do governo, e a adição de carbono nos catalizadores de platina pode reduzir

os custos do sistema tornando o viável economicamente, podendo entrar na economia

brasileira depois do ano de 2030 como informa o Ministérios de Minas e Energia do

Brasil.

As células de combustível a hidrogênio pode fortalecer ainda mais o Brasil como

líder em energia renováveis e limpas, além de ser um sistema que por gerar um

beneficio ecológico, social e futuramente econômicos quando este sistema atingir o

estágio de produção industrial será uma grande opção de ser um modelo sustentável a

Page 13: ARQUITETURA FUTURISTICA E ENERGIA SUSTENTÁVEL - … · ² Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Agronomia (UNIGRAN), E-mail: ... da matriz energética brasileira

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Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.2, 2013

ser seguido. E por ser uma grande promessa para se tornar o combustível do futuro é

fundamental estar atento a estas novas tecnologias, domina-las bem e utilizar em todas

as áreas possíveis, como no transporte, na indústria e também nas edificações, pois os

seus benefícios serão inquestionáveis contribuindo para a preservação do meio

ambiente.

REFERENCIAS

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