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receba o informativo | contato | facebook vitruvius | pt |es|en 18 mil Curtir busca ok pesquisa guia de livros jornal revistas em vitruvius arquitextos | arquiteturismo | drops | minha cidade | entrevista | projetos | resenhas online 141.00 história ano 12, fev. 2012 revistas buscar em arquitextos ok arquivo | expediente | normas arquitextos ISSN 1809-6298 Uma nova proposta de abordagem da história da arquitetura brasileira Carlos A. C. Lemos Igreja de Gesú, Roma Foto Victor Hugo Mori Cremos tenha sido o crítico de arte e ensaísta argentino Damián Bayón o primeiro a escrever sobre as condições em que ocorreu a produção artística do Novo Mundo face à experiência milenar europeia (1). No Velho Continente, em suas variadas regiões, a arquitetura, como as demais artes em geral, se desenvolveu num continuum onde, com muita precisão, a produção de bens se compartimenta em definidos períodos, cada qual com suas características locais singulares. Isso permite aos historiadores e críticos distinguir com exatidão os artefatos daqui e dali; a sucessão de eventos significativos, cuja cronologia e locus demarcam etapas de um caminho lentamente percorrido pelo homem sensível às coisas da estética. A eles, é fácil percorrer a seqüência dos estilos e das técnicas no universo europeu. Na América, ao contrário, como nos disse Bayón, em aula na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, todos os gostos e estilos desaguaram misturados de roldão na produção artística do mundo americano, cujos artífices ignoravam candidamente o que fosse antecedente ou conseqüente naquela barafunda de estilemas trazidos sem maiores explicações. Os primeiros agentes culturais aqui arribados, tenham sido engenheiros militares, ou arquitetos inseridos no corpo das ordens religiosas, ou mestres de risco reinóis avulsos, todos eles, com diferenciadas informações ou experiências, trouxeram em suas bagagens as lições de seus mestres e, outrossim, esmaecidas pela distância, as recomendações dos tratadistas do renascimento e do maneirismo enquanto guardavam em suas saudades as aparências das antigas capelas, igrejas e mosteiros românicos de suas velhas aldeias rurais, de Braga, do Porto ou de Lisboa. E já cerca de duzentos anos após Cabral, se alastrou pelo litoral canavieiro o barroco introduzido no Reino pelos arquitetos e escultores italianos. Depois, ainda, com data marcada, encerrando o tempo colonial, chegou-nos o neoclássico francês pelas providências do corpo diplomático da corte fugida justamente de Napoleão, em 1808. Foi o estilo oficial do nosso Império. Essa a circunstância brasileira onde, no cenário edificatório anterior a dom João VI, na maioria das ocasiões, uma manifestação estilística qualquer, uma modinatura específica, um agenciamento ou um partido arquitetônico determinado dificilmente poderão indicar sozinhos, sem o auxílio de documentos, a época de sua ocorrência ou mesmo situar uma construção numa cronologia qualquer. Aquele mesmo citado rei, como veremos, mal chegado ao Rio, por exemplo, inaugurou a igreja de Santa Cruz dos Militares, magnífico exemplar maneirista calcado na Gesú de Roma. Os estilos aqui chegaram verdadeiramente em tempo real de seu percurso cronológico só a partir dos franceses da chamada Missão. 141.00 história sinopses como citar idiomas original: português compartilhe 141 141.01 crítica A lógica na arquitetura Bruno Roberto Padovano 141.02 artes plásticas Estranhas paisagens Marta Bogéa 141.03 cinema Coriolano, nosso contemporâneo Shakespeare pelas lentes de Ralph Fiennes Slavoj Žižek 141.04 design Cabeça, mãos e alma Reflexões sobre design e artesanato na América Latina Adélia Borges 141.05 arte e cultura O Ca’ d’Oro nas góticas águas de Veneza Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima 141.06 obra de arquiteto Hans Broos Singularidades do pensamento e da obra de um mestre Karine Daufenbach 141.07 The Old Story of a ‘New’ Imperative Sustainability and Informal Housing within Architectural Discourse Christine Taylor Klein 141.08 Urbanidade e a qualidade da cidade Douglas Aguiar jornal notícias agenda cultural rabiscos eventos concursos seleção em vitruvius

Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

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141.00 história ano 12, fev. 2012

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arquitextos ISSN 1809-6298

Uma nova proposta de abordagem da história da arquiteturabrasileiraCarlos A. C. Lemos

Igreja de Gesú, Roma

Foto Victor Hugo Mori

Cremos tenha sido o crítico de arte e ensaísta argentino Damián Bayón o

primeiro a escrever sobre as condições em que ocorreu a produção artística

do Novo Mundo face à experiência milenar europeia (1). No Velho Continente,

em suas variadas regiões, a arquitetura, como as demais artes em geral, se

desenvolveu num continuum onde, com muita precisão, a produção de bens se

compartimenta em definidos períodos, cada qual com suas características

locais singulares. Isso permite aos historiadores e críticos distinguir com

exatidão os artefatos daqui e dali; a sucessão de eventos significativos,

cuja cronologia e locus demarcam etapas de um caminho lentamente percorrido

pelo homem sensível às coisas da estética. A eles, é fácil percorrer a

seqüência dos estilos e das técnicas no universo europeu.

Na América, ao contrário, como nos disse Bayón, em aula na Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da USP, todos os gostos e estilos desaguaram

misturados de roldão na produção artística do mundo americano, cujos

artífices ignoravam candidamente o que fosse antecedente ou conseqüente

naquela barafunda de estilemas trazidos sem maiores explicações. Os

primeiros agentes culturais aqui arribados, tenham sido engenheiros

militares, ou arquitetos inseridos no corpo das ordens religiosas, ou

mestres de risco reinóis avulsos, todos eles, com diferenciadas informações

ou experiências, trouxeram em suas bagagens as lições de seus mestres e,

outrossim, esmaecidas pela distância, as recomendações dos tratadistas do

renascimento e do maneirismo enquanto guardavam em suas saudades as

aparências das antigas capelas, igrejas e mosteiros românicos de suas

velhas aldeias rurais, de Braga, do Porto ou de Lisboa. E já cerca de

duzentos anos após Cabral, se alastrou pelo litoral canavieiro o barroco

introduzido no Reino pelos arquitetos e escultores italianos. Depois,

ainda, com data marcada, encerrando o tempo colonial, chegou-nos o

neoclássico francês pelas providências do corpo diplomático da corte fugida

justamente de Napoleão, em 1808. Foi o estilo oficial do nosso Império.

Essa a circunstância brasileira onde, no cenário edificatório anterior a

dom João VI, na maioria das ocasiões, uma manifestação estilística

qualquer, uma modinatura específica, um agenciamento ou um partido

arquitetônico determinado dificilmente poderão indicar sozinhos, sem o

auxílio de documentos, a época de sua ocorrência ou mesmo situar uma

construção numa cronologia qualquer. Aquele mesmo citado rei, como veremos,

mal chegado ao Rio, por exemplo, inaugurou a igreja de Santa Cruz dos

Militares, magnífico exemplar maneirista calcado na Gesú de Roma. Os

estilos aqui chegaram verdadeiramente em tempo real de seu percurso

cronológico só a partir dos franceses da chamada Missão.

141.00 história

sinopses

como citar

idiomas

original: português

compartilhe

141

141.01 crítica

A lógica na arquitetura

Bruno Roberto Padovano

141.02 artes plásticas

Estranhas paisagens

Marta Bogéa

141.03 cinema

Coriolano, nosso

contemporâneo

Shakespeare pelas

lentes de Ralph Fiennes

Slavoj Žižek

141.04 design

Cabeça, mãos e alma

Reflexões sobre design

e artesanato na América

Latina

Adélia Borges

141.05 arte e cultura

O Ca’ d’Oro nas góticas

águas de Veneza

Adson Cristiano Bozzi

Ramatis Lima

141.06 obra de

arquiteto

Hans Broos

Singularidades do

pensamento e da obra de

um mestre

Karine Daufenbach

141.07

The Old Story of a

‘New’ Imperative

Sustainability and

Informal Housing within

Architectural Discourse

Christine Taylor Klein

141.08

Urbanidade e a

qualidade da cidade

Douglas Aguiar

jornal

notícias

agenda cultural

rabiscos

eventos

concursos

seleção

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Page 2: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Vista da Igreja de Santa Cruz dos Militares, Rio de Janeiro RJ. Aquarela de

Richard Bates, século 19 [Wikimedia Commons]

Entre nós, aqueles acima citados agentes culturais, atuando nos principais

centros econômicos do litoral, sobretudo na costa açucareira nordestina,

tiveram suas influências absorvidas empiricamente pelos construtores locais

através da observação e cópia de obras destinadas ao Governo, à Igreja, à

classe dominante agrária ou aos comerciantes enricados. Os exemplares

arquitetônicos sucessivos, cada vez mais afastados dos modelos originais,

acabaram propiciando “contaminações” e despoliciamentos das normas

estilísticas sugerindo um singular ecletismo precursor daquele histórico do

século XIX.

Essa disseminação aleatória de estilos ou de maneiras de fazer, ao longo do

tempo, acompanhada de uma diluição das normas acadêmicas e dos aspectos

“eruditos” fez surgir uma arquitetura de alto interesse, onde o lado

antropológico não pode ser olvidado porque tem presença marcante explicando

justamente aquela “circunstância americana” relativa à arquitetura onde o

esquecimento das regras propicia obras de recriação do maior valor. De

fato, essa constatação nos fez lembrar da reação de um certo editor

italiano ao título de uma obra a ele oferecida falando em “arte no Brasil”,

exigindo que a publicação somente tratasse de “l’arte del Brasile”, porque

naqueles dias comemorativos dos 500 anos da descoberta da América, o que

realmente interessava aos estudiosos europeus era conhecer a contribuição

original do artista brasileiro pertencente a uma distinta sociedade

miscigenada na qual também índios e negros tiveram atuação relevante (2).

De fato, nas comemorações à volta do feito de Colombo, o que despertava

curiosidade era justamente aquilo que o artista apartado na América

devolvia ao europeu a partir do seu isolamento digerindo os preceitos

ibéricos arribados com as caravelas. O que deveria ser mostrado a todos

seriam, por exemplo, adaptações ao meio ambiente, ao clima, à nova

sociedade mestiça a partir da inventividade do autóctone que sabia coisas

da Europa só por ouvir dizer.

Com efeito, de início, muitos fatos aconteceram modificando a arquitetura

trazida pelos recém-chegados. Vieram ao Brasil as pessoas mais variadas, do

norte ou do sul lusitano, sabendo procedimentos os mais diversos, ou não

conhecendo nada de mais, de modo que nunca houve um consenso sobre como

agir coletivamente no quadro das construções naquele ambiente falto dos

materiais mais comezinhos na pátria distante. Aqui, tão somente haviam de

aproveitar dos recursos do meio ambiente e se utilizar do saber fazer dos

índios até a definição dos sincretismos inevitáveis e do uso dos demorados

e sucessivos meios vindos da pátria distante. Foi um começo difícil.

No processo cultural brasileiro aconteceram situações singulares que

definiram e qualificaram a arquitetura nacional desde os tempos de Colônia

até hoje. Deste modo, assim pensamos, temos que identificá-las e acompanhar

suas existências pelo tempo afora no vasto Brasil. Numa metodologia de

abordagem dessa produção “americana” chamemos essas situações singulares de

“conjunturas”, a nosso ver, em número de quatro, a saber: Primeira

Conjuntura, a relativa ao meio ambiente; Segunda Conjuntura, a própria da

nova sociedade; Terceira Conjuntura, a proporcionada pelas regras,

ordenações do reino, constituições, códigos, posturas municipais e breves

papais referentes às atuações da Igreja no Brasil colonial; Quarta

Conjuntura, em síntese, seria aquela à volta dos procedimentos referentes

às atividades dos arquitetos e construtores face às três conjunturas

anteriores, quando, também, estará presente a intenção plástica. Enfim,

nesta Quarta Conjuntura estaria definido o partido arquitetônico, que é a

consequência formal, tangível ou visível daqueles condicionantes e

determinantes atrás arrolados.

Certamente podemos relacionar variadas ocorrências peculiares de cada uma

daquelas conjunturas numa tentativa de buscar a viabilidade dessa ideia de

substituir o modo atual de dividir nossa história da arquitetura em

Page 3: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

períodos ligados a ciclos econômicos ou a determinadas políticas

administrativas. Essa aproximação via conjunturas, assim julgamos, permite

sejam estudadas e analisadas concomitantemente as obras arquitetônicas

desde os tempos de muito antigamente até hoje em todas as ilhas culturais

participantes do multifacetado arquipélago da civilização brasileira.

Ruínas do forno circular da Caieira dos Jesuítas, Cubatão SP

Foto Victor Hugo Mori

Resumindo, nesta Primeira Conjuntura, vemos que, desde o início, os

variados materiais disponíveis na natureza necessariamente não propiciaram,

em todo o território, um só tipo de construção. Expliquemos: no litoral

havia rochas e calhaus em abundância e fácil obtenção de cal, tirada dos

sambaquis e das conchas do mar. Daí, sem titubeios, essa escolha do muro

contínuo de pedra entaipada sobre o chão de areia incompressível. Em São

Paulo, por exemplo, no planalto, ao contrário, pouca pedra, cal muito cara

penosamente importada das caieiras jesuíticas de Cubatão, que exportavam

somente o que sobrasse da solicitação santista ou vicentina. E quanto à

madeira, dificuldades de transporte para os campos de Piratininga. Disso

tudo resultou a natural adoção da taipa de pilão, a exclusiva técnica dos

paulistas, usada continuamente no mundo bandeirante por três séculos e

meio. Em Minas Gerais, por sua vez, por motivos vários, as construções em

geral, fora as igrejas importantes levantadas em substituição às modestas

capelas iniciais, eram de taipa de mão, algumas de excelente fatura,

mormente aquela de carpintaria aprendida na reconstrução de Lisboa depois

do terremoto de 1755.

Parede de taipa de pilão do Sítio Solidão, Guararema SP

Foto Victor Hugo Mori

No sul, as grandes florestas entremeadas de araucárias, ao serem devastadas

pelos colonos alemães e italianos, já no século XIX, sugeriram as

construções inteiramente de tábuas, inclusive as coberturas de plaquinhas

lembrando a distante ardósia. Num segundo estágio, os tedescos

aperfeiçoaram aqui a arquitetura de enxaimel, que veio a caracterizar a

Page 4: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

produção daquela operosa população chegada nos tempos ainda de D. Pedro II.

Hoje, a grandeza continental do Brasil e a disforme distribuição de

recursos em paisagens variadíssimas justificam a permanência, em diversos

locais, dessa natural seleção de modos de fazer, vinda dos tempos de

Colônia. Somente nos grandes centros é que vige a tecnologia moderna, com o

império do concreto armado e com o emprego de material importado.

A questão das condições meteorológicas também está presente na primeira

situação e sua importância foi fundamental nas determinações

arquitetônicas. Já de início, todos os europeus chegaram a uma constatação:

em seus lugares de origem, o rigor do clima a ser enfrentado era o do

inverno gelado e, para tanto, acendia-se o fogo, que, por sinal, também era

usado para cozer os alimentos. Daí, desde os romanos, a pedra do lar, do

trafogueiro no âmago da moradia, recebendo a fogueira aquecedora da família

reunida; outrossim em seuslugares de arribada na Colônia, quase que não

havia a sucessão das estações, sempre a temperatura era amena fora dos dias

quentes do verão que custava a passar e, porisso, sempre que possível, os

fogões e panelas fora de casa.Em muitos lares, mais de uma cozinha; a de

dentro só para os alimentos de cozimento rápido, para aquecer a sopa e

ferver a água do mate, do chá de congonha em São Paulo. Cozinhas

dispersas,quase que ao ar livre. A contribuição efetiva da casa européia à

morada brasileira foi a permanência do dormitório sob a cumeeira do telhado

e da cama que, lentamente foi expulsando a rede de dormir dos

índios. Dissotudo, por exemplo, a impossibilidade da mera transposição da

casa integral açoriana com seu fogão central para as colônias dos ilhéus em

Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Aqui a situação era outra. Aqui, a

casa, em vez de ser aquecida por dentro, deveria ser refrescada por fora.

Cozinha no interior da sede da Fazenda Esperança, Paraibuna SP

Foto Victor Hugo Mori

Essa afirmativa é veraz e responsável pelo alpendre doméstico. Realmente,

na Europa e, portanto na Península Ibérica, as casas nunca foram

alpendradas. Esse tipo de cobertura existiu na Espanha e em Portugal

unicamente nas capelas rurais em conseqüência da antiqüíssima determinação

canônica, que impedia a presença de pessoas não batizadas no templo e, para

eles, foi então reservado um lugar abrigado fora da nave, onde ficava a pia

batismal. Seria esse alpendre uma versão popular ibérica da galilé das

basílicas da Igreja de Roma (3).Versão popular repetida à exaustão no

Brasil, comopodemos ver naspinturas e gravuras, notadamente nos trabalhos

de Franz Post, no Pernambuco holandês do séculoXVII e ler nas atas da

Câmara de SãoPaulo daquele mesmo século. No núcleo bandeirante das duas

primeiras centúrias todas as igrejas urbanas eram alpendradas (4). Resta-

nos apenas a pequena igreja de São Miguel, de 1622. Sem dúvida, o alpendre

sombreador das paredes mestras da moradia brasileira veio-nos da Índia,

precisamente do bangalô, a construção rural com a totalidade do telhado

prolongado para fora da edificação destinado a fazer sombra, não só às

paredes, mas também, para proteger do sol seus moradores aproveitando a

brisa refrescante. A notícia do alpendre chegou-nos trazida pela carreira

das Índias, cujos navios, em suas aguadas nos portos do Rio e Salvador,

igualmente deixavam marfins, porcelanas esmaltadas, lacas, jacas, mangas e

carambolas.

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Alpendre na capela de São Miguel, São Paulo SP

Foto Victor Hugo Mori

Alpendre na capela de Montserrat, Salvador BA

Foto Victor Hugo Mori

A nosso ver, esse alpendre volteando a casa copiado dos bangalôs(nada a ver

com o bungalow americano)indianos ficou circunscrito às construções rurais

do século XVIII e XIX da atual região litorânea fluminense, nas sedes dos

antigos engenhos de açúcar e residências solarengas à volta do Rio de

Janeiro. Talvez também tenha aparecido aqui e ali em algum engenho baiano,

mas sem se tornar um modismo regional. Depois dessas citadas ocorrências, o

alpendre firmou-se na arquitetura rural brasileira em geral, só na frente

da construção, como área de intermediação entre o público e o privado, com

o esquecimento de sua função primeira de moderador da temperatura interna

da casa. Transformou-se em zona de receber e de acesso à capela sempre

presente. Em São Paulo, ao contrário, a arquitetura domiciliar vernácula do

mundo bandeirante repudiou o alpendre porque era conveniente que a grossa

parede de taipa de suas moradas guardasse o calor da osculação solar para

aquecer as dependências à noite. O alpendre à volta da construção só

apareceu em São Paulo com o café, levado por famílias baianas fugidas da

seca, que assolou a Chapada Diamantina nas últimas décadas do século XIX

(5). Hoje, é moda inconteste.

O calor também foi o responsável pelas treliças das janelas e muxarabis,

sobretudo das casas urbanas, herdeiras diretas da arquitetura árabe/berbere

vigente em terras do sul português por cerca de seiscentos anos. Essas

rótulas e balcões gradeados apareceram pelo país todo havendo em São Paulo,

Minas, Rio, Pernambuco ou Maranhão exemplos magníficos desse recurso

amenizador da canícula, pois permitia a passagem permanente da brisa pelos

interiores da casa. Aliás,certo especialista em etimologia de expressões

árabes disse-nos certa vez que muxarabi significa exatamente “local onde é

refrescado o pote de água”, função que justifica o balanço daquele balcão

treliçado para ser cruzado lateralmente pelo vento que sopra pela rua

afora. Uma questão de física aplicada: a evaporação da umidade da

superfície da cerâmica molhada faz a temperatura cair e a água se resfriar.

É bom que se diga, somente agora com a mais avançada tecnologia é que nossa

arquitetura moderna conseguiu edifícios climatizados de modo a driblar

satisfatoriamente os rigores do calor tropical, soluções caras, no entanto,

e exclusividade dos ricos. Enquanto isso, os pobres e remediados têm que se

contentar com as inventividades ligadas à física e o curioso é que alguns

recursos interessantes, como os quebra-sóis, inspirados por Le Corbusier,

saíram de moda, como se fosse pecado usá-los no lugar do ar condicionado e

dos vidros espelhados e protetores dos raios ultravioletas da vida. E hoje

Page 6: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

nos esquecemos dos esforços quase que desesperados de Oswaldo Bratke para

chegar a soluções baratas e viáveis de problemas de ventilação, isolamento

térmico e iluminação natural de casas, sobretudo as operárias, nas

instalações da Serra do Navio, no Amapá, por volta de 1949/50. O pior de

tudo, ao que parece, é que suas experiências e lições foram de pouco

alcance, se não olvidadas (6).

Muxarabi e treliçados, Diamantina MG

Foto Victor Hugo Mori

Muxarabi e treliçados, Diamantina MG

Foto Victor Hugo Mori

A Segunda Conjuntura refere-se primordialmente, na arquitetura, aos

programas de necessidades relativos às construções em geral e respectivos

desdobramentos mercê de sua permanente evolução advinda do progresso e da

mudança de hábitos manifestados ao longo do tempo, sobretudo nos anos

seguintes à Revolução Industrial. Na nova sociedade instalada na Colônia, a

partir de 1808, novos usos e costumes foram adaptados aos novos cenários,

sugerindo agenciamentos de singulares partidos arquitetônicos. Foi na roça,

entretanto, desde os primeiros dias, que as condições de vida plasmaram as

formas dos complexos rurais.

Nos ermos das distantes propriedades agrícolas instaladas em enormes

sesmarias e nos sítios formados em terras simplesmente apossadas, o dia-a-

dia, além de monótono, era falto de notícias frescas, as “novidades” ali

chegadas há muito já haviam ocorrido. Daí, bem-vindos os forasteiros. Os

maus caminhos, raros os carroçáveis, tornavam as viagens muito demoradas e

de obrigatórios pernoites. Os pousos de tropas nas estradas do interior

foram programas surgidos apenas no século XVIII para facilitar o transporte

de gêneros aos arraiais mineiros; para levar o açúcar ituano a Santos e, na

época do imperador jovem, para transportar o café até os barcos ancorados

serra-abaixo, do Rio de Janeiro para o sul. Mas, nos tempos da produção só

de subsistência e de diminuta circulação de mercadorias, como dissemos, as

viagens a pé (viajar à paulista, uma pessoa atrás da outra, como os índios)

e a cavalo eram realmente vagarosas e a hospitalidade nas fazendas

manifestou-se naturalmente como uma obrigação e não como virtude ou mera

cortesia. É claro que tais hóspedes viajores variavam de categoria social.

Page 7: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Raramente surgia o escoteiro estranho a caminho de seu destino – viajava-se

em comitivas, havia os escravos e índios “administrados” carregadores de

bagagens variadas acompanhando seus senhores brancos ou mamelucos

significativos no estamento dos mandões. Os subalternos dormiam no chão

embaixo das árvores, sob alguma coberta da sapé. Os iguais ao dono da casa

em dependências ao pé da moradia ou acopladas à própria construção,

conquanto independentes “da mais família”, como escreveu o padre Manuel da

Fonseca em sua biografia do jesuíta Belchiorde Pontes (7). Por outro lado,

um breve papal proibia terminantemente o exercício das práticas sacras como

a missa, o casamento ou o batizado promiscuamente em dependências

domiciliares. Daí, a razão de serem as capelas coloniais independentes, sem

acesso direto ao interior da residência. O dormitório para receber pessoas

de fora e a capela independente, então vieram a ser, nos tempos de Colônia,

dois elementos básicos do programa da casa rural, não só paulista de serra-

acima, mas verdadeiramente nacional, quem sabe, americano. Assim, ficou

definida uma área construída dedicada à intermediação entre o público e o

privado quase sempre determinada por um alpendre de distribuição chamado

pelo Brasil afora de “pretório”, “corredor”, “varanda”, ou “copiar”.

Alpendre térreo ou elevado, ao longo do pavimento assobradado. Note-se que

tal agenciamento deu-se, também, nas regiões a beira-mar ou próximas do

litoral, nos engenhos de açúcar do nordeste, onde os caminhos foram

substituídos pelos cursos d’água navegáveis que levavam a produção aos

portos de embarque.

Fazenda Pau d’Alho, São José do Barreiro SP; a meio caminho entre o Rio de

Janeiro e São Paulo, abrigou D. Pedro na viagem da Independência

Foto Victor Hugo Mori

Nas fazendas, a presença da mão-de-obra negra escrava foi fundamental para

dar continuidade ao fracionamento do programa em várias construções

satélites no quintal da morada principal desde os primeiros dias. Pelos

motivos do clima, do regime de trabalho, pelo cardápio e pela guarida aos

de fora, o programa de necessidades da casa roceira, de início, determinava

outrossim a mencionada zona de contato entre o público e o privado (hóspede

/ capela) separada radicalmente do citado quintal, isto é, das mulheres,

mucamas e das crianças. Mulheres reclusas, inclusive nas cidades, liberadas

de sair à rua só com destino às missas, sempre embuçadas por compridos

xales arrodeando toda a cabeça como no mundo muçulmano do Algarve e

Andaluzia. Mulheres que espionavam as visitas pelas frestas das portas. O

mundo das mulheres era o quintal murado de taipa ou cercado por grossos

paus fincados no chão; o mundo confinado das construções satélites; do

moinho; do monjolo; do telheiro do fabrico de farinha; do rancho do fogão

para derreter o toicinho; para fazer o sabão de cinzas e de desidratar o

caldo da cana até transformá-lo em melado e, depois, em rapadura. Quintal

das “árvores de espinho” (cítricas em geral) dos marmeleiros, das

parreiras, jabuticabeiras, bananeiras; dos talhões de cana para o açúcar da

casa; do mandiocal para a farinha cotidiana e mais canteiros para as

couves, amendoim, batatas várias, “toda sorte de carazes”, como disse

Anchieta nos primeiros dias de São Paulo. Vasto quintal dos chiqueiros e

das galinhas. Das roupas corando ao sol. Enfim, estão aí, as descrições dos

“bens de raiz” nos inventários dos primeiros séculos mostrando toda a

dispersão das pequenas construções pelo quintal, cada qual com sua função,

ao contrário do que acontecia no reino distante. A habitação unifamiliar do

fazendeiro totalmente isolada dentro do complexo agrícola é uma constante

do Brasil colonial. Somente dos finais do século XVIII em diante é que

vemos reinóis recém-chegados, sobretudo em Minas, Goiás e litoral do Rio a

Santos, instalando engenhos de açúcar anexados às suas moradias. Eram eles

ainda simplesmente isentos da cultura americana. Tudo como nos montes

alentejanos.

Page 8: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Fábrica e residência anexa no Engenho d’Agua, Ilha Bela SP

Foto Victor Hugo Mori

Somente a presença do escravo é que poderia justificar o programa dos

grandes sobrados urbanos do litoral, mormente aqueles nordestinos e, de

modo especial, os do Recife. Lúcio Costa, em um de seus memoráveis textos,

nos sugeriu e imaginamos que o negro escravo, dentro de casa, fosse

elevador carregando pelas escadas íngremes de altos degraus pessoas

achacadas, água vinda dos chafarizes, gêneros alimentícios, lenha para os

fogões instalados no último pavimento, às vezes, no quarto andar; era

esgoto, levando os barris repletos de excrementos senhoriais a serem

despejados no rio ou até no mar; era ventilador abanando os brancos

suarentos e subindo vidraças pesadas; enfim o negro-guindaste fazia a casa

funcionar.

Sobrados, Recife PE

Foto Victor Hugo Mori

Ainda na Conjuntura Segunda, podemos, na modernidade, vislumbrar longínquos

reflexos do tempo da escravatura condicionadora de programas se atentarmos

à presença da chamada “edícula” nos quintais das residências urbanas das

classes rica e média até hoje dependentes da mão-de-obra da empregada

doméstica. Comuníssimas nas grandes cidades até os dias da Segunda Guerra

Mundial e até agora planejadas nas cidades do interior, essas dependências

englobando quarto de empregada, banheiro, lavanderia, quarto de passar ou

garagem constituem uma exclusividade, ao que parece, somente brasileira ao

segregar essas funções “subalternas”. Esse isolamento daquelas instalações

de serviço logo manifestou-se outrossim nos primeiros edifícios de

apartamentos fazendo surgir em suas plantas uma clara distinção de

circulações, a dos familiares moradores titulares e a dos empregados,

faxineiros e entregadores de encomendas. Até os elevadores eram separados e

com acessos distintos. Ampla pesquisa em bibliografia estrangeira comprova

essa outra exclusividade brasileira que, somente há poucos anos, tende a

desaparecer, por variados motivos que não precisam ser aqui relembrados

(8).

Page 9: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Único exemplar do séc. XIX de edifício de apartamento que subsiste

parcialmente na R. Floriano Peixoto em São Paulo, projetado por Giulio

Micheli em 1896. Na planta aparece o quarto da criada, o WC e as alcovas

com aberturas para o “poço de ventilação"

A Terceira Conjuntura refere-se a breves papalinos, determinações

canônicas; às posturas, resoluções ou normas das câmaras municipais; aos

códigos sanitários estaduais a até às ordens ou resoluções constitucionais.

Quanto às determinações de caráter religioso, já lembramos aqui o caso da

exigência de isolamento das capelas particulares em relação à área

habitacional das sedes das propriedades rurais. Ordenações do Vaticano

também tiveram reflexo nos espaços urbanos desde o momento em que passaram

a exigir distâncias mínimas entre os conventos das variadas ordens

religiosas, o que explica a trama viária de muitas cidades do Novo Mundo,

como o caso do celebrado “triângulo” formado pelas ruas centrais históricas

de São Paulo devido à localização final dos franciscanos, antes instalados

na Rua Direita, em sua ermida pioneira, hoje igreja de Santo Antônio (9).

Nos dias de Colônia, as câmaras municipais, principalmente em Minas,

timidamente procuraram normalizar as construções procurando uniformizar os

frontispícios das casas, tentando uma “harmonia” impeditiva de

personalismos; tentaram equalizar os afastamentos e alturas das portas e

janelas das construções encarreiradas nos alinhamentos das ruas, até mesmo

nas ladeiras, fato que causou muita controvérsia e desobediências várias.

Queriam inclusive continuidade dos espigões em construções distintas, coisa

de fato desejável naqueles tempos de técnica construtiva muito limitada nos

desvios de águas pluviais.

Foi nos primeiros momentos da República positivista, no entanto, que as

construções em geral passaram a ser policiadas pelo Estado através de leis

e códigos disciplinadores não só do modus faciendi das obras mas também

como usá-las mormente atentando às questões da higiene. Pela primeira vez,

no Brasil, a lei entrava dentro das casas dizendo como elas deveriam ser,

contrariando os direitos sagrados de propriedade equacionados pela

Revolução Francesa (10). Agora, as áreas mínimas e os pés-direitos dos

cômodos teriam suas dimensões regulamentadas. Todas as dependências

deveriam ser providas de janelas garantidoras do ar e da luz natural. Adeus

às alcovas escuras e abafadas. Pisos e paredes ladrilhados nas cozinhas e

banheiros. E assim por diante. Os palacetes do ecletismo republicano,

então, inauguraram a postura envaidecedora e semostradora garantida pelo

isolamento total no centro do lote e pelas quatro fachadas igualmente

ajaezadas de ornamentação espantosa. E tudo dentro da lei. Leis nem sempre

benquistas, principalmente quando pretendem regular gabaritos e taxas de

ocupação. A história de nossa arquitetura moderna sempre está a mostrar

periodicamente solicitações ou providências destinadas a abrandar os

rigores da legislação, cujos autores às vezes estariam pouco atentos aos

alcances financeiros embutidos entre os artigos e parágrafos bem

intencionados. Leis ultrapassadas, quiçá incômodas. Essa história nunca

poderá ser contada com clareza porque nossa arquitetura nestes tempos não

depende só dos arquitetos mas também de empreendedores, cujos modos de agir

nem sempre estão dentro da ortodoxia desejada quando vislumbram perdas ou

ganhos significativos. Isso tudo para não falarmos da corrupção pura e

simples que não precisa, pelo contrário, de revogação de prescrição legal

alguma. E as cidades crescem à mercê dos caprichos do capitalismo.

A Quarta e última Conjuntura reúne as questões do saber fazer, os problemas

da arte de construir, as intenções estetizantes e a adoção de estilos pelo

Brasil afora, ontem e agora na modernidade. Evidentemente, os praticantes

ou profissionais nela envolvidos em suas atuações, de modo necessário, têm

que se louvar nos recursos e orientações vigentes, depois de vistas as

determinações ou condições expressas nas Conjunturas anteriores. Disso

tudo, resultará aquilo que chamamos de partido arquitetônico, isto é, a

formalização definitiva do bem arquitetônico.

Nesta Conjuntura Quarta, ao longo do tempo, podemos perceber algumas linhas

de conduta ou melhor, ações coletivas dirigidas por posicionamentos comuns

face a estilos; a determinadas soluções, agenciamentos ou a modos de

satisfazer certos programas, que podem levar à identificação de soluções

paravernaculares regionais no universo cultural brasileiro. Algumas dessas

correntes poderão ser exemplificadas rapidamente.

A primeira delas, talvez a mais importante em nossa arquitetura colonial,

foi a sob responsabilidade dos engenheiros militares atuantes sobretudo na

costa brasileira. Como indica a sua denominação vieram aqueles

profissionais edificar fortificações e, é bom que se diga, tais obras eram

pretensamente defensivas mas, primordialmente, tinham a função de demarcar

a posse portuguesa do território brasileiro. Naqueles dias da recente

descoberta das armas de fogo, as construções militares estavam a atender

uma nova determinação: nada de torres ou elevações, agora, muralhas baixas

confundindo-se com o horizonte, deixando de ser alvos fáceis. Uma nova

tecnologia construtiva surgiu e logo os engenheiros italianos se

Page 10: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

especializaram para seguir as condições impostas pela chamada

pirobalística. Foi nos tempos dos Felipes de Espanha, que reinaram em

Portugal no período de 1580 a 1640. Nessa ocasião, toda a defesa dos portos

e das divisas foi reformulada com o total abandono dos castelos e torres

medievais por serem inúteis. Tiburcio Spanocchi, celebrado engenheiro

militar italiano, com outros conterrâneos, foi o orientador dos

fortificadores ibéricos. Assim, os engenheiros militares portugueses, não

só foram introduzidos às modernas concepções fortificatórias, às novas

técnicas construtivas, comotambém conheceram o estilo maneirista, a nova

linguagem dos italianos, que antecedeu ao barroco. Estilo aplicado nas

construções do interior das fortalezas e em obras militares em geral, que

passou a ser considerado indissociável da atuação profissional. A

arquitetura dos soldados portugueses nãoconheceu o barroco, foi diretamente

das lições dos tratadistas como Vignola para o neoclássico histórico, que

começou a reger o gosto arquitetônico do Brasil imperial mercê da atuação

da Missão Francesa. Exemplo significativo desses alto na História da Arte

está na igreja de Santa Cruz dos Militares, no Rio de Janeiro, projetada no

último quartel do século XVIII pelo brigadeiro José Custódio de Sá e Faria

francamente inspirada na Gesù de Roma, que teve como último arquiteto

Giacomo Della Porta. Foi inaugurada no início do século seguinte por D.

João VI, já nos dias da aceitação do neoclássico de Napoleão. Na mesma

época, em São Paulo onde imperava a taipa de pilão, técnica pobre de poucos

recursos, o engenheiro militar João da Costa Ferreira, ao projetar o

quartel de milícias da cidade, pespegou no eixo de simetria da fachada um

frontãozinho triangular, único estilema de seu repertório maneirista

permitido pela terra socada entre taipais. Pequeno frontão que levou alguns

desavisados a chamá-lo de proto-neoclássico quando, na verdade, ainda tinha

vínculos com o renascimento (11).

Forte das Cinco Pontas, Recife PE

Foto Victor Hugo Mori

Palácio neoclássico do Itamarati, Rio de Janeiro RJ

Foto Victor Hugo Mori

Os engenheiros militares, no isolamento da Colônia, naturalmente foram

impelidos a prestar auxílio à população ajudando a construir os edifícios

definitivos em substituição aos primitivos exemplares sincréticos

levantados com materiais e técnicas emprestadas dos habitantes locais,

sobretudo conventos e igrejas. Nesta hora não podemos nos esquecer de

Francisco Frias de Mesquita, o operoso militar do século XVII, que projetou

e construiu, além de fortalezas, igrejas e conventos pelo litoral do país,

de São Luís do Maranhão até o Rio de Janeiro passando pelo Rio Grande do

Norte e Salvador. Obra de maior significado na arquitetura religiosa de

Francisco de Frias, como também era conhecido, é o mosteiro e igreja de São

Bento, no Rio. A partir dele e de recomendações que deixou sobre novas

técnicas construtivas é longa a história de sucessivos engenheiros

militares ajudando aos colonos levantar paredes, cobri-las e pintá-las com

maestria. Devido a isso, por exemplo, em São Paulo, o engenheiro militar

João da Costa Ferreira foi elogiado pelo governador-general Bernardo José

de Lorena, que mencionou ter sido ele amado pelo povo devido à sua atuação

Page 11: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

ensinando a todos como construir bem com as disponibilidades locais. Não só

foram importantes no saber fazer, também os engenheiros militares influíram

no gosto, e participaram da difusão de estilemas do maneirismo. O

brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim, homem do conde de Bobadela, no Rio,

por exemplo, é considerado o difusor das vergas de arco abatido nas janelas

e portas nos meados do século XVIII a partir de seu projeto do Palácio dos

Governadores de Ouro Preto. Enfim, cabe àqueles técnicos o mérito de

disseminarem pelo Brasil uma só arquitetura, de Porto Alegre a Belém dando

a razão ao engenheiro francês Louis Léger Vauthier, no Recife, em meados do

século XIX, quando proferiu um chute veraz: “Quem viu uma caza brasileira,

viu todas” (12).

Palácio dos Governadores, Ouro Preto MG

Foto Victor Hugo Mori

Igualmente aos engenheiros militares, religiosos travestidos de arquitetos

também deram a sua contribuição levantando obras assemelhadas constituindo

um rol de exemplares magníficos distribuídos pelo Brasil, mormente no

Nordeste. É o caso dos mosteiros e templos franciscanos portando galilés,

cuja obra prima é o Convento de Santo Antonio, de João Pessoa.

O uso da madeira nas estruturas autônomas, na impossibilidade do emprego

por variados motivos dos muros contínuos de pedras, tijolos ou mesmo de

taipa de pilão, fez surgir nessa Conjuntura Quarta construções de bastante

interesse arquitetônico e antropológico. É o caso das casas palafitas da

Bacia Amazônica; das construções de taipa de mão; das moradias de tábuas

dos poloneses do Paraná; das casas ditas de enxaimel dos alemães de Santa

Catarina e das construções da colônia japonesa do Vale do Ribeira, em São

Paulo.

Residência da família Fukusawa, Registro SP

Foto Victor Hugo Mori

Dentre os exemplos acima citados, certamente, a taipa de mão participando

de estruturas autônomas de madeira é a modalidade que mais variações

construtivas apresentou ao longo do tempo pelas múltiplas regiões do país.

No entanto, tais alternativas podem ser divididas em dois grandes grupos:

as surgidas antes do terremoto de Lisboa, em 1755, e as aperfeiçoadas a

partir daquele cataclisma. Expliquemos. As construções de grande

envergadura de madeira lavrada não eram o forte da arquitetura portuguesa e

conseqüentemente os paramentos de taipa de mão não apresentavam nenhum

requinte memorável e, diga-se de passagem, o ferramental disponível para o

manuseio de madeirame era bastante primitivo. Toda essa vulgaridade técnica

foi passada à Colônia na bagagem dos emigrantes lusos. Foi na reconstrução

da capital do Reino que se tomou conhecimento das estruturas “eruditas” dos

países nórdicos da Europa e de lá é que chegaram a Lisboa os carpinteiros

para ensinar o uso de estruturas então imaginadas para minorar ou evitar os

desmoronamentos das construções em outros prováveis terremotos. Assim, os

engenheiros militares e seus carpinteiros aprenderam novas maneiras de

lidar com a madeira usando novas ferramentas e novas sambladuras. Na

Page 12: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

segunda metade do século XVIII, os governadores-generais das variadas

capitanias e seus séquitos de técnicos puderam trazer à Colônia novidades

como essa da nova arquitetura de madeira junto a outras inovações nascidas

nos primórdios da Revolução Industrial. Esse novo sistema construtivo

recebeu aqui o nome de “pau-a-pique”, justamente por possuir paus roliços

verticais cravados ao mesmo tempo nos baldrames e nos frechais, enfiados em

furos idênticos e largos possíveis graças aos recentestrados, os sucessores

das verrumas de diminuto diâmetro. Essa foi a carpintaria levada para Minas

Gerais e para as fazendas de café de São Paulo, não sendo entre nós, no

entanto, correta a denominação portuguesa “gaiola” por não ser a armação

destinada a enfrentar terremotos.

Parede de pau-a-pique, São Luiz do Paraitinga SP

Foto Victor Hugo Mori

Por falar em estruturas autônomas, o contraponto dos muros contínuos, nesta

conjuntura quarta, há muito o que dizer sobre o concreto armado. Ele

chegou-nos como novidade depois de bem instalado o ecletismo arquitetônico

sempre apoiado nas alvenarias, sobretudo de tijolos. Em SãoPaulo, em 1907,

o arquiteto Victor Dubugras projeta pequena estação de estrada de ferro em

Mairinque usando concreto entremeado a vergalhões de ferro em tetos

abobadados com nervuras aparentes chamando a solução de “concreto armado” e

com tal nome foi seu trabalho criticado e elogiado na revista da Escola

Politécnica daquele ano.Já há algum tempo essa denominação se referia à

presença de peças metálicas, até de arames, justapostos a argamassas

variadas, como hoje existem as “argamassas armadas” de grande sucesso. Na

verdade, o que agora conhecemos por concreto armado foi regulamentado e

praticado com rigor científico, na capital paulista, pelo engenheiro-

arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Jr., professor da Escola Politécnica, em

cujo laboratório de ensaios de materiais de construção fez o primeiro

acompanhamento de obra, aliás, projeto de sua autoria, na Rua Direita, em

1912 (13). De início, o concreto armado não teve a oportunidade de se

popularizar com rapidez devido, principalmente, às dificuldades de obtenção

de aço e cimento importados. Aqui, a demanda do calcáreo apropriado era

muitíssimo maior que a incipiente produção nacional, que, na verdade,

somente a partir da segunda metade dos anos 1920 foi capaz de satisfazer às

necessidades do mercado em expansão desde o armistício de 1918, quando

foram retomadas as obras em geral, sobretudo as ferroviárias com os seus

túneis e viadutos. A nossa produção de cimento antecedeu cerca de duas

décadas a primeira grande siderúrgica, a de Volta Redonda, conseguida

graças a Getúlio Vargas em suas tratativas políticas com o governo

americano no fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. Desta data em diante, o

concreto armado deslanchou entre nós quando assumimos um saber fazer

excepcional, graças ao qual nossa arquitetura moderna se tornou referência

mundial.

Page 13: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Estação Ferroviária, Mairinque SP

Foto Victor Hugo Mori

Desde os tempos iniciais, das pioneiras feitorias e das atividades dos

donatários, até hoje, muitas águas passaram sob várias pontes e nesta

Quarta Conjuntura relativa às operações, aos procedimentos, às atuações dos

arquitetos temos que levar em conta que a globalização lentamente está a

esmaecer o multicolorido panorama cultural mundial, fazendo desbotar os

caracteres regionais tendendo a tornar todo o ecúmeno numa só paisagem

cinzenta. No Brasil, nas grandes cidades e nas metrópoles, como São Paulo,

vemos que programas de necessidades em geral, que as técnicas construtivas

e que as apreciações estéticas já estão definitivamente atreladas às

soluções universais gestadas nos ditos países ricos. Assim, essa nossa

ideia de abordar a história da arquitetura brasileira através das quatro

conjunturas agora alvitradas parece que seja factível somente até o fim de

nosso tempo colonial, pois a partir de 1822, da Missão Francesa e do

seguinte ecletismo desenfreado trazido pelos imigrantes, donos de novas

técnicas e portadores de novos materiais, teve início o processo de

universalização de nossas condutas. Isso é verdade, mas não podemos nos

esquecer, no entanto, que a enormidade do tamanho do nosso país continua

acolhendo regiões ou nichos, como gostam de dizer, em que as condições

permanecem as mesmas do passado. Seja como for, julgamos que a brasilidade

ainda existe nas atuações individuais de certos arquitetos, em cuja bagagem

mental perduram herdados ou adquiridos resquícios da tradição nacional ou

vestígios de nosso passado americano. Arquitetos talentosos em cuja obra se

estampa a criação singular, eminentemente pessoal e única, na qual, no

entanto, é percebida a nossa nacionalidade. Se Oscar Niemeyer fosse um

arquiteto japonês jamais teria concebido a obra-prima que é a igreja de São

Francisco de Assis da Pampulha. Este é um simples exemplo para encerrarmos

esta mensagem e todos estão convidados a descobrir o Brasil no vasto

repertório de nossa arquitetura moderna.

Igreja da Pampulha, Belo Horizonte MG

Foto Victor Hugo Mori

Comentários sobre as imagens

1. Casa do Padre Inácio, Cotia, São Paulo

Page 14: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Casa do Padre Inácio, Cotia SP, c. 1753

Foto Victor Hugo Mori

Esta residência de c. 1753, construída pelo padre Rafael de Barros, mostra

bem como está envolvida com as conjunturas mencionadas no texto desta

comunicação:

a) suas paredes de taipa de pilão já nasceram diretamente de valas abertas

no próprio solo, ao contrário da prática ibérica que sempre exigiu

baldrames de pedra ou de tijolos. Tal fato deu-se devido sobretudo à falta

de cal no Planalto. Essa adaptação acabou exigindo terrenos planos em nível

onde as águas pluviais estariam impedidas de provocar erosões danosas.

b) sua cobertura de quatro águas estruturalmente é definida por quatro

grandes vigas de madeira que, apoiadas nos frechais das paredes da sala

quadrada, encontram-se no vértice da pirâmide onde trabalham a compressão;

estando prevista, inclusive, flambagem de gosto oriental. Ao que sabemos,

não houve naqueles tempos modelos ibéricos semelhantes. No sul de Portugal,

por exemplo, os telhados de quatro águas eram (e ainda são) destinados a

cobrir apenas pequenos cômodos providos de abóbadas de tijolos, em cujos

rins apoiavam-se as delgadas e curtas peças de madeiras livres de qualquer

tipo de esforço a não ser suportar o peso das telhas.

Foto Victor Hugo Mori

c) sua planta, da qual resulta um frontispício de coincidente simetria

paladiana, é sem dúvida singular : uma grande sala semi-obscura arrodeada

de camarinhas que hoje passam por dormitórios. Na verdade não sabemos com

exatidão qual teria sido o programa norteador daquela casa, como das demais

habitações bandeiristas.

Page 15: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

d) do referido programa, no entanto, identificamos dois determinantes

próprios das condições locais, responsáveis pela existência da varanda

central, naquela época denominada “corredor”, na verdade, um vestíbulo

direcionador dos passos. Tal dependência dava acesso à capela e ao quarto

de hóspedes, dois itens programáticos exclusivos da solidão do mundo

colonial de serra-acima.

2. Palácios e capelas

Daquelas antigas determinações canônicas exigindo separação das capelas

domésticas das acomodações residenciais naturalmente surgiu nas moradas

solarengas o partido arquitetônico localizando o pequeno templo algo

afastado da construção principal, mas a ela visualmente comprometido

através da pérgula, passagem coberta ou, então, plataforma elevada. Essa

constatação está presente na casa do século XVIII do bispo do Rio de

Janeiro. Tal solução comparece também no projeto do Palácio da Alvorada, em

Brasília, onde Oscar Niemeyer coloca a capelinha no mesmo piso elevado da

residência presidencial criando um relacionamento harmonioso indissolúvel.

Nos tempos de Juscelino Kubitschek não havia naturalmente aquelas

determinações canônicas e nem os futuros presidentes iriam exigir tal

construção religiosa. Pensamos que essa composição arquitetônica nasceu

simplesmente de um impulso do subconsciente desejoso de firmação

nacionalista assumindo um partido próprio de nosso passado; sem querer, a

busca e garantia de uma identidade brasileira, como o nome da cidade.

Palácio da Alvorada, Brasília DF. Arquiteto Oscar Niemeyer, 1957

Foto Victor Hugo Mori

Page 16: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Chácara do bispo do Rio de Janeiro. Aquarela de Thomas Ender, 1817

notas

NE

O presente texto foi apresentado em conferência no 1º Seminário

Latinoamericano Arquitetura e Documentação, organizado pela Universidade

Federal de Minas Gerais e pelo Centro de Documentación de Arquitectura

Latino-americana – Cedodal, ocorrido em Belo Horizonte, em 2008. Publicação

original: LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Uma nova proposta de abordagem

da história da arquitetura brasileira. In CASTRIOTA, Leonardo. Arquitetura

e documentação – novas perspectivas para a história da arquitetura. São

Paulo, Annablume/IEDS, 2011, p. 275-292. A edição das imagens é de Victor

Hugo Mori, também autos das fotos e desenhos.

1

Dentre outras obras deste autor, ver em especial: BAYÓN, Damián. Sociedad y

arquitectura colonial sudamericana. Barcelona, Gustavo Gili, 1974.

2

Depoimento de Pietro Maria Bardi a respeito da edição de L’arte del

Brasile, Arnaldo Mondadori Editore, Milano, 1982; publicação baseada na

obra Arte no Brasil distribuídaemfascículospelaEditoraAbrilcomtextos de

José Roberto TeixeiraLeite e Carlos A. C. Lemos.

3

Ver: SAIA, Luís. O alpendre nas capelas brasileiras. Revista do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional, n. 3, Rio de Janeiro, 1939; LEMOS, Carlos

A. C. Capelas alpendradas de São Paulo. In LEMOS, Carlos A. C. Notas sobre

a arquitetura tradicional de São Paulo. 3. edição.São Paulo, FAU USP, 1992.

4

Sobre o assunto: LEMOS, Carlos A. C. Organização urbana e arquitetura em

São Paulo dos tempos coloniais. In: História da Cidade de São Paulo – a

cidade colonial. Volume 1.São Paulo, Paz eTerra, 2004, p. 145.

5

A respeito do alpendre domiciliar, ver : LEMOS, Carlos A. C. Casa

paulista.São Paulo, Edusp, 1999, p. 23 e 220.

6

Bratke contou-nos seus problemas no Amapá, inclusive da rejeição inicial

por parte dos operários de suas casas consideradas inabitáveis devido ao

calor ali reinante. Demorou muito para que chegasse a soluções

satisfatórias. A respeito: SEGAWA, Hugo; DOURADO, Guilherme Mazza. Oswaldo

Arthur Bratke.São Paulo, Pro-Editores, 1997.

7

FONSECA, Manuel da. Vida do venerável padre Belchior de Pontes, da

Companhia de Jesus da Província do Brasil. São Paulo, Melhoramentos, s.d.

8

LEMOS, Carlos A. C. Cozinhas, etc. 2. edição.São Paulo, Perspectiva, 1978,

p. 153.

9

Vernossotrabalho citado nanota 4 e,também, otextofundamental “Subsídiospara

oestudo dainfluência dalegislação naordenação e naarquitetura dascidades

brasileiras”,teseparaobtenção decátedra naEscolaPolitécnica da USP,em 1966,

de autoria de Francisco de PaulaDias de Andrade.

10

A respeito da legislação republicana, ver: LEMOS, Carlos A. C. A República

ensina a morar (melhor).São Paulo, Hucitec, 1999.

11

LEMOS, Carlos A. C. No Brasil, a coexistência do maneirismo e do barroco

Page 17: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

até o advento do neoclássico histórico. In: ÁVILA, Affonso. Barroco, teoria

e análise,São Paulo, Perspectiva, 1997, p. 233.

12

VAUTHIER, Louis Léger. Casas de Residência no Brasil. Revista do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional, n. 7,Rio deJaneiro, 1943.

13

CARAM, André Luís Balsante. Pujol, concreto e arte.São Paulo,Banco do

Brasil, 2001, p. 126.

sobre o autor

Carlos Alberto Cerqueira Lemos é formado em arquitetura pela FAU Mackenzie,

atualmente é professor titular de pós-graduação no departamento de História

da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo da USP. Desenvolveu atividades ligadas ao projeto de edifícios e

de urbanizações, à docência e à pesquisa histórica. É autor de diversos

livros, tais como: Cozinhas etc. (Perspectiva, 1976); A casa paulista

(Edusp, 1999).

comentários

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Comentar...

Fabio Brandão · Trabalha na empresa Fabio Brandão arquitetura

xou

Responder · Curtir · 22 de outubro de 2013 às 06:34

Maria Luiza Zanatta · Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de

São Paulo

Parabéns mestre!!!Ao ler este texto a gente se recorda suas" maravilhosasaulas"!

Responder · · Curtir · 7 de março de 2013 às 03:471

Vanessa Polezi · FMU

E o último fichamento do semestre chega devagarinho

Responder · · Curtir · 12 de novembro de 2012 às 11:072

Wagner Godoy · Arquitetura e Urbanismo - FMU

vai ser o programa do feriadão

Responder · Curtir · 12 de novembro de 2012 às 14:56

Vanessa Polezi · FMU

Vai nada ... Faço amanha e quarta pq feriado é resmat, estruturas ,escadas e história

Responder · Curtir · 12 de novembro de 2012 às 16:46

Priscilla Melli · Anhanguera - UNIDERP Oficial

mto bom!!!

Responder · Curtir · 24 de novembro de 2012 às 09:32

Gilberto Belleza · Trabalha na empresa Belleza & Batalha C. do Lago Arquitetos

- Professor da FAU Mackenzie

Um ótimo texto do Professor Carlos Lemos sobre a história da arquiteturabrasileira

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 11:5612

Luiz Philippe Torelly · Trabalha na empresa Iphan

Texto indispensável para os querem iniciar-se no conhecimento da Históriada Arquitetura no Brasil. Como contribuição a um aprofundamento teórico dede como a arquitetura surgiu entre nós, como meciona o autor nas iniciais,recomendo a leitura do texto"As idéias fora de lugar", in "Ao vencedor asbatatas" de Roberto Schwarz, publicado pela Editora 34. Parabéns!

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 06:1110

Mauro David Artur Bondi · Quem mais comentou

Parabéns ao professor Lemos, uma fonte inesgotável sobre a arquiteturabrasileira

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 12:0710

Mauro David Artur Bondi · Quem mais comentou

Também são muito ilustrativas e ajudam a compreensão do texto,as fotografias do colega do IPHAN/SP o Arq. Victor Hugo Mori.

Responder · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 12:51

Vitruvius

Recebemos a seguinte mensagem de Cecilia Rodrigues dos Santos:

"Abilio, sou do grupo dos “sem facebook”, convicta, mas, de vez em quando,para não ficar muito à margem, me manifesto através do já velho sistema e-mail. Como agora... faço questão de agradecer publicamente ao professor Lemos

Page 18: Arquitextos 141- Uma Nova Proposta de Abordagem Da História Da Arquitetura Brasileira

Como agora... faço questão de agradecer publicamente ao professor Lemospor mais esta excelente contribuição ao estudo da arquitetura brasileira...como também ao Victor e a você, Abilio, pelas ilustrações e pela edição...Obrigada. Abraços"

Responder · · Curtir · 29 de fevereiro de 2012 às 08:004

Nivaldo Andrade · Secretário Geral na empresa IAB-BA

Texto muito interessante! Acho que há um erro nas imagens: Diamantina ficaem MG, a não ser que haja outra cidade homônima em SP.

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 12:084

Abilio Guerra · Quem mais comentou · Editor na empresa Portal

Vitruvius

ok, nivaldo, corrigido!

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 12:302

Tania Miotto · Trabalha na empresa ABRA - ACADEMIA BRASILEIRA DE ARTE

Uma verdadeira aula de arquitetura do Professor Lemos, onde tive o prazer deconhecê-lo no frescor do alpendre da Capela de São Miguel Arcanjo, porquem hoje os sinos dobram . Já dizia John Donne, “Nenhum homem é umailha isolada...”. Há aqueles que são pontes neste arquipélago brasileirodescrito.

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 16:493

Licio Lobo · Arquiteto na empresa Prefeitura Municipal de Diadema

Muito legal..para quem se interessa pior arquitetura vale a pena ler.

Responder · · Curtir · 25 de fevereiro de 2012 às 12:263

Rodrigo Reis

Ótimo texto, muito interessante, recomendo a todos, especialmente na minhaamiga historiadora que adora enveredar pela arquitetura Dandara Renault...

Responder · · Curtir · 24 de março de 2012 às 20:311

Diego Silveira · Arquiteto na empresa Andrade e Silva Arquitetura e Engenharia

Adriane Matthes quando tiver um tempo da uma lida nesse texto, lembrei devc!Bjoss t+

Responder · · Curtir · 24 de março de 2012 às 09:471

Laura Toledo · Puc Minas Poços Caldas · 251 assinantes

Nossa li o texto e enxerguei e a Adriane falando!

Responder · · Curtir · 24 de março de 2012 às 13:361

Felipe Carvalho · Desenhista na empresa EBCT

Uma aula sobre a história da Arquitetura Brasileira, muito bom.

Responder · · Curtir · 24 de março de 2012 às 05:201

Regina Celia Flor · Trabalha na empresa Prefeitura municipal de

porto real

E aí Felipe Carvalho já recebeu promoção aí nos Correios? kkkkk

Responder · Curtir · 24 de março de 2012 às 12:38

Felipe Carvalho · Desenhista na empresa EBCT

Regina Celia Flor e aí arquiteta, gostou da aula de história daarquitetura no brasil?

Responder · Curtir · 25 de março de 2012 às 06:11

Andrea Ballan · Arquiteta e Urbanista na empresa Andrea Ballan - Arquitetura

Interiores Design

Texto indispensável para todos, conhecer um pouco da História da ArquiteturaBrasileira nos faz mais patriotas. Parabéns Prof.Carlos Lemos.

Responder · · Curtir · 29 de fevereiro de 2012 às 03:201

Andrea Ballan · Arquiteta e Urbanista na empresa Andrea Ballan -

Arquitetura Interiores Design

Alunos do 3º módulo de Edificações Noite...

Responder · Curtir · 22 de março de 2012 às 18:12

Marcos Virgílio da Silva · Quem mais comentou · Universidade de São Paulo

Excelente texto do prof. Carlos Lemos, uma ótima introdução à história daarquitetura brasileira.

Responder · Curtir · 27 de fevereiro de 2012 às 06:51

Vera Lucia Thaddeu Aldeia Maracanã · Trabalha na empresa Consultoria e

Projetos na área do Patrimônio Cultural

Belo texto e magníficas imagens!

Responder · Curtir · 26 de fevereiro de 2012 às 15:44

Regina Pinheiro · Universidade Braz Cubas

Para ler...

Responder · Curtir · 29 de fevereiro de 2012 às 11:22

Luiz Puech · Colégio Rio Brancon

um texto brilhante!

Responder · · Curtir · 24 de fevereiro de 2012 às 18:521