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Dedicamos este livro aos nossos professores,

amigos e familiares. Porém, em especial, aos

jovens Doutores da Alegria, que nos inspira-

ram a produzir este trabalho e fizeram com

que valorizássemos a importância de um sor-

riso.

Nossos sinceros agradecimentos,

Amanda e Dafne.

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“O riso não é para afastar os problemas,

mas é para integrá-los à vida”.

Dra. Ferrara, dos Doutores da Alegria.

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9 - Introdução

10 - Apresentação - Operação Vagalume

11 - Apresentação - Med Clown

12 - Abertura

15 - Operação Vagalume

59 - Medclown

97 - Conclusão

SUMÁRIO

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Esse livro tem como objetivo mostrar o tra-

balho de universitários envolvidos com pro-

gramas voluntários baseados na organização

Doutores da Alegria. São grupos de estudan-

tes de medicina e outros cursos relacionados

à saúde que se envolvem num projeto solidá-

rio para levar alegria aos pacientes nos hos-

pitais, principalmente às crianças.

Doutores da Alegria é uma organização da

sociedade civil sem fins lucrativos que surgiu

no Brasil em 1991, consolidando um trabalho

que é visto e praticado ao redor do mundo.

Com base na Terapia do Riso, Terapia da

Alegria e técnicas circenses, os Doutores Pa-

lhaços levam a alegria para internos de hos-

pitais. A partir de brincadeiras e músicas, a

ideia não é fazer com que as crianças esque-

çam que estão doentes, e sim mostrar-lhes

que ainda dá pra ser feliz, ainda dá pra sorrir.

Além disso, são um apoio para a superação

e no sofrimento causado por conta da enfer-

midade.

O grupo oficial de Doutores da Alegria já re-

alizou mais de 800 mil visitas a crianças hos-

pitalizadas em São Paulo, Recife e Belo Hori-

zonte. Conforme a página oficial do grupo

na internet, o site apresenta que a missão dos

Doutores da Alegria é promover a experiên-

cia da alegria como fator potencializador de

relações saudáveis por meio da atuação pro-

fissional de palhaços junto a crianças hospi-

talizadas, seus pais e profissionais de saúde

– e compartilhar a qualidade desse encontro

com a sociedade com produção de conheci-

mento, formação e criações artísticas.

Para ser um Doutor da Alegria, é necessário

ter formação de palhaço profissional ou ator,

o que difere dos grupos voluntários; esses só

necessitam que as pessoas sejam apaixona-

das pelo trabalho, e desejem levar felicidade

a quem precisa. Muitas vezes, os próprios

médicos quando estão fora do expediente,

vestem o nariz vermelho e saem pelos corre-

dores dos hospitais colorindo e alegrando um

pouco a vida dos internos. Não só pacientes,

como os próprios funcionários e médicos.

Em Curitiba, que é a cidade trabalhada nes-

te livro, existem dois grupos de Doutores da

Alegria universitários. Primeiro a Operação

Vagalume, um grupo de inteira responsabi-

lidade dos estudantes, compostos por alunos

principalmente de Medicina, Psicologia e Fi-

sioterapia da Faculdade Evangélica do Para-

ná. Em seguida o grupo MedClown, da Uni-

versidade Positivo, que é composto somente

por alunos de medicina e recebe auxílio de

professores responsáveis, além de contar

com oficinas para despertar o palhaço em

cada doutor.

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OPERAÇÃO VAGALUME

Antes de nascer a Operação Vagalume, a Fa-

culdade Evangélica do Paraná possuía um

grupo de voluntariado diferente, o Calouro

Solidário; caracterizava uma interação do alu-

no com o hospital, atuando em algumas ati-

vidades de rotina: interação com o paciente,

com a família e acompanhantes, levar raios-

-x e auxílio social eram algumas das funções

exercidas pelos voluntários calouros.

Foi a partir disso que uma aluna, na época

caloura, decidiu que sua veia artística pode-

ria fazer mais pelo projeto Calouro Solidário.

Foi dela que nasceu a nova proposta de ação

solidária: para todos os cursos, e todos os

períodos, uma intervenção da terapia do riso

com palhaços.

Amiga próxima de Patch Adams, ela se ins-

pirou no médico para criar um novo projeto.

Não só nele, mas também nos Doutores da

Alegria, a inspiração base para todos os pro-

jetos do gênero no Brasil.

A Operação Vagalume é um projeto 100% vo-

luntário, bancado pelos próprios palhaços, e

conta apenas com doações de alunos ou de

pequenas empresas. São vinte e cinco vagas

para todos os cursos da Faculdade Evangéli-

ca do Paraná.

Os Vagalumes não recebem nenhum treina-

mento especial. O palhaço nasce espontane-

amente dentro de cada um e se cria dentro

dos quartos de hospitais – em sua maioria na

ala de queimados do HUEC, o Hospital Uni-

versitário Evangélico de Curitiba. A prepara-

ção que recebem é com questões de higiene

e de respeitar os horários e os funcionários

do hospital. A intervenção parte de cada um.

Dança, música, brincadeiras.

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MEDCLOWN

Enquanto Os Vagalumes evoluíram de um

projeto anterior, o MedClown foi criado a

partir da inspiração direta nos Doutores da

Alegria. Os integrantes são calouros de me-

dicina da Universidade Positivo, que levam a

terapia do riso para os principais hospitais de

Curitiba. Para participar é necessário fazer

um curso de humanização preparatório du-

rante o primeiro semestre, e oficinas de téc-

nica de Clowns, para que os alunos estejam

aptos a fazerem as visitas hospitalares.

Os objetivos descritos no portfólio de divul-

gação a respeito do MedClown são: levar ale-

gria e diversão para crianças internadas em

hospitais; proporcionar aos estudantes expe-

riência em abordagem e manejo de crianças

hospitalizadas; estimular o desenvolvimento

de atividades voluntárias que visem à promo-

ção da saúde; possibilitar aos estudantes de

Medicina atividades complementares á for-

mação curricular, o último tratando-se do fato

do projeto contar como horas de atividades

extra curriculares exigidas pelo curso.

Assim eles aprendem a essência do que é ser

um “clown”, que não é simplesmente ser um

palhaço e fazer rir, mas sim, para despertar a

pessoa que vive dentro de um doente.

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trevistas, o acompanhamento e participação

transformou-se num texto que traduzisse al-

guns pequenos momentos das intervenções

por um olhar externo. Embora participando

como alguém de fora, foi impossível não se

engajar na emoção que o projeto causa na-

queles que participam e naqueles que rece-

bem a alegria dos doutores.

A partir disto, então, pode-se produzir um

conteúdo que expusesse a qualidade e a im-

portância do trabalho dos Vagalumes e do

Medclown, cada um com suas particulari-

dades. O objetivo é expor que o trabalho de

Doutores da Alegria não traz mudança ape-

nas na vida dos pacientes, mas também nos

próprios médicos que, nesse caso, ainda es-

tão em processo de formação. E nesta ques-

tão social que nos embasamos para fazer a

produção do texto e das fotografias.

Nas fotografias, tivemos que ter um cuidado

extra; primeiro porque tentamos ao máximo

não expor os pacientes. Muitos deles tinham

vergonha ou não se sentiam confortáveis com

a situação, mesmo porque, ter a aparência

Para o desenvolvimento deste livro, foi ne-

cessário um ano de pesquisa aprofundada. O

trabalho começou a ser desenvolvido a partir

de março de 2012, embasado em uma fun-

damentação teórica que deu estrutura para

a formação do livro. Nesta fundamentação

foram abordados assuntos importantes ao

jornalismo contemporâneo: a relevância do

livro-reportagem como instrumento de infor-

mação detalhado e a fotografia como meio

de transmissão de informação tanto quanto

as palavras.

Para a produção do texto foi necessário en-

trevistar, em média, trinta pessoas engajadas

com o projeto de Doutores da Alegria. Pesso-

as estas diretamente ligadas aos projetos das

Universidades – como coordenadores e alu-

nos membros dos grupos. Essas entrevistas

renderam parte do conteúdo de depoimen-

tos, utilizado no texto anexo às fotografias.

O texto foi produzido não apenas baseado

nestas conversas, mas também nas obser-

vações. Durante as três visitas aos hospitais,

que renderam tanto fotografias quanto en-

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Para as fotografias, utilizamos apenas lentes

fixas, para nos obrigar a tomar uma distân-

cia e mantê-la, queríamos tudo registrado da

forma que é, buscando o melhor do fotojor-

nalismo. Às vezes, era inevitável se infiltrar

na cena para conseguir o melhor ângulo, mas

todas as fotos são documentais e sem nenhu-

ma intervenção da fotógrafa.

Tentamos retratar uma espécie de linha do

tempo de cada visita, por isso, as fotos dos

grupos são de apenas um dia de intervenção.

O texto anexo às fotos serve de apoio para

relatar a atividade dos Doutores da Alegria,

e não como legenda de nenhuma foto. É ape-

nas um complemento para o melhor entendi-

mento do leitor, então ocasionalmente, pode

acontecer da pessoa citada no texto não ser a

mesma da foto em questão, sendo seu depoi-

mento utilizado para traduzir a fotografia que

contém o colega.

Boa leitura!

de um ser doente, incomoda e mexe com a

autoestima de muita gente. Segundo porque

o nosso foco era mostrar como funciona a in-

tervenção dos Doutores, e não como ela re-

flete nos pacientes. A ideia era documentar o

lúdico, as atividades circenses, e ao mesmo

tempo o lado profissional e humano do futuro

médico que está ali, no momento, apenas na

função de distrair, alegrar o paciente, e fazê-

-lo lembrar como é simples poder sorrir e se

sentir feliz.

O mais difícil talvez, para nós, foi passar de-

sapercebidas. Não queríamos que a nossa

presença ou a presença da câmera atrapa-

lhasse de alguma forma o trabalho dos pa-

lhaços. Na maioria das vezes, os pacientes

se sentiam intimidados com uma fotógrafa

no ambiente, e isso poderia influenciar ne-

gativamente no resultado dos registros. To-

mando conhecimento dessa situação, nos

mantivemos distante dos pacientes quase

todo o tempo, nos esforçamos em nos fazer

“transparentes” para não incomodar, e fomos

registrando tudo o que nossos olhos viam.

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OPERAÇÃO VAGALUME

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Antes de começarem a intervenção com os pacientes, os Vagalumes têm

que se transformar. Possuem uma porção de fantasias, acessórios e maquia-

gens para assumir o personagem que pretendem interpretar naquela tarde.

Experimentam uma e outra roupa, sempre com muitas cores e objetos que

deem vivacidade ao palhaço. É o momento em que eles se transformam em

Doutores da Alegria.

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“E você vê assim como eles vão

se desprendendo, vão ficando

mais extrovertidos, passando

alegria, ficando mais alegres

também. Eu acho que a melhor

parte de coordenar é poder ter

um olhar mais externo, sabe?

Você poder ver o projeto acon-

tecendo e ver as meninas e os

meninos interagindo com o pa-

ciente, com funcionários, entre

eles. Eu acho pra mim a parte

mais gratificante é ver que o

projeto não está morrendo”,

Gabriel Domingues, um dos

atuais coordenadores do grupo

Vagalumes.

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As maquiagens no rosto transformam aquele futuro médico num Doutor da

Alegria durante aquele momento. Esta maquiagem mostra-se importante

para afastar a hora da diversão da hora do trabalho como médico, como

uma máscara. “Acho que é uma coisa que vem de dentro, que às vezes

você não consegue explicar. Porque no dia-a-dia eu sou muito quietinha. Eu

não sou o que eu sou ali dentro. Parece que você se transforma por detrás

daquele nariz, sabe? Aí você consegue ser o que você quiser”, Jacqueline

Mari Machado.

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Enquanto uns avaliam o resultado de sua transformação em palhaços, outros

já vão colocando o plano em prática. A interação já começa a acontecer

logo na entrada do hospital, com pessoas que estão chegando e saindo,

sejam pacientes ou funcionários. Um coro de “bom dia”, sorrisos e uma

pequena preparação para o que vem pela frente.

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Já prontos e maquiados, os Va-

galumes preparam-se para uma

tarde de intervenção ao fazer

os 13 passos para higienizar

as mãos corretamente antes

de começar a entrar em conta-

to com os pacientes – questão

de prevenção exigida rigorosa-

mente pelo hospital.

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Os Vagalumes percorrem as

alas de queimados, pediquei-

mados (pediatria de queima-

dos), cirúrgica, cardiologia, e

pediatria comum.

Na ala de pediqueimados, que

possui treze leitos e uma área

comum, houve uma grande

dimensão de reações com os

palhaços. Enquanto algumas

crianças interagiram bastante,

outras são um pouco mais tími-

das, mas há um sinal de brilho

nos olhos, o que encoraja os pa-

lhaços. Por outro lado, algumas

não gostam da aproximação

dos palhaços e há total respeito

da parte dos Vagalumes – sem

insistência, para não assustar.

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Atentamo-nos às conversas en-

tre uma acompanhante e uma

enfermeira; a acompanhante do

paciente dizia como era eviden-

te a melhora no comportamen-

to da criança quando os palha-

ços estavam presentes, e como

aquilo afetava no tratamento.

“A gente alegrando a família, o

sorriso dos pais e das crianças.

É gratificante. Vale a pena pas-

sar o domingo aqui.”, diz Ma-

rilia Bucco, e assim como seus

pacientes, os doutores da ale-

gria também conversam entre

si e discutem ideias para inter-

venções diferentes.

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A distribuição de sorrisos não

termina no paciente. Muito pelo

contrário, ela volta para o pa-

lhaço de uma forma muito es-

pecial. Num tom diferente, mas

igualmente sincero, que trans-

forma cada momento numa ex-

periência única para cada um

dos Vagalumes.

“Às vezes você chega ao quar-

to, o paciente está triste, quieti-

nho... Depois pede ajuda, você

começa a motivá-lo, a levantar

o astral. Eles já começam a inte-

ragir com a gente. Essa alegria,

não tem nem como explicar”,

diz Otavio.

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“Cada dia as crianças mudam,

a família muda, então nós faze-

mos brincadeirinhas e eles fi-

cam olhando perdidos. Ficamos

segurando o pessoal no corre-

dor, eles ficam olhando, achan-

do que a gente vai ficar brinca-

deiras diferentes com eles... Aí

acabam abraçando a gente...

É uma experiência boa”, conta

Marilia Bucco, referindo-se às

experiências diferenciadas que

os Vagalumes têm como cada

um dos pacientes que está ali,

aguardando uma intervenção;

às vezes não tão seguros de

querê-la de fato, mas acabam

se abrindo para o sorriso do

palhaço e começam a brincar.

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“Todos são especiais naquele

momento, né? Você faz um vín-

culo grande no momento que

você está interagindo com eles.

Então todos são especiais, cada

um da sua forma”, diz Jacqueli-

ne Mari Machado.

Não apenas com os adultos,

mas também com as crianças,

há um pedido de aceitação da

aproximação dos palhaços, ou

para que eles possam entrar

no quarto, dependendo da si-

tuação. Ninguém é obrigado a

passar pela intervenção caso

não queira, embora não tenha

havido casos do gênero. O úni-

co paciente assustado foi logo

acalmado por uma porção de

bolinhas de sabão.

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Gabriel Domingues, um dos

coordenadores do grupo Va-

galumes, insiste para que os

acompanhantes levantem e

participem das brincadeiras

com uma sessão de alonga-

mento, como ele se refere, pois

o trabalho dos Doutores da Ale-

gria não está apenas direciona-

do aos pacientes, mas também

aos acompanhantes, familiares

ou amigos dos pacientes que

estão internados.

“Eu tenho muita energia e pre-

ciso canalizar essa energia em

algum lugar. Por eu ser um pou-

co mais extrovertido, gostar de

chamar um pouco de atenção

também, creio que ser palhaço

foi uma maneira de poder ca-

nalizar essa energia e chamar

atenção de uma maneira posi-

tiva” diz Domingues.

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Não são apenas os pacientes e acompanhantes que recebem atenção dos

doutores; os funcionários também. Médicos, telefonistas, enfermeiras e até

mesmo a chefe da ala cirúrgica passam por momentos de descontração

com os palhaços. Ouvem piadinhas e levam sustos. O pessoal da higiene, o

rapaz com o carrinho que recolhe lixo infectante, todos acabam passando

pela intervenção dos doutores. “Vamos combinar, trabalhar domingo não é

fácil.”, diz Domingues.

Nem todos são receptivos a tudo, mas nem por isso tratam os palhaços de

forma ofensiva ou agressiva. Apenas esquivam e continuam seu trabalho,

mas pelo observado, um sorriso sempre acaba escapando. “Porque nem

todos têm paciência para ‘aturar’ os palhaços”, então os Vagalumes lidam

com todo tipo de pessoas: “desde a que está super aberta a nos acolher, até

a que quer jogar a gente pela janela”, completa Domingues.

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A intervenção com os adultos

é feita de uma maneira dife-

rente; há mais conversas, que

resultam em risadas. Pequenas

provocações teatrais, mas nem

sempre ficam apenas nisso.

Melina Danny de Oliveira rela-

ta suas técnicas de intervenção

com os pacientes: “Às vezes dá

pra brincar com a pose que o

paciente está na cama, com os

enfeites que eles levam, com o

sobrenome, com a fisionomia...

Falo que ele parece determi-

nada pessoa famosa”, exem-

plifica. “Não sei exatamente o

motivo, me sinto mais à vonta-

de com eles (os adultos), tanto

pra conversar quanto pra fazer

brincadeiras. Acho as crianças

mais difíceis, elas são bem mais

exigentes”.

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Alguns adultos, entretanto, ain-

da possuem uma criança es-

condida, assim como relata Ota-

vio sobre seu primeiro dia de

projeto. “Eu cheguei num quar-

to e o senhor falou assim: ‘ele

que é palhaço, devia chegar

dando cambalhota’. E eu falei:

‘mas não seja por isso!’ Saí do

quarto, voltei e dei uma camba-

lhota. E ele: ‘ai meu Deus! que

louco!’. É uma coisa que sai do

nada. Espontâneo.”

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O grupo nem sempre está com-

posto por muitas pessoas, às

vezes alguns não podem estar

presentes, mas o número de

Doutores presentes não influen-

cia necessariamente na quantia

de sorrisos que arrancam dos

pacientes – nem de si mesmos,

até num momento aparente-

mente banal como pegar o

elevador para trocar de ala no

hospital.

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É uma visão única notar como

os pacientes e acompanhantes

estão portando-se antes dos

doutores chegarem; em geral,

quietos, deitados ou sentados.

A chegada dos palhaços muda

o clima por completo. É um mo-

mento de alegria, mesmo que

pequeno, nos entremeios dos

problemas que cada um está

enfrentando naquele momento.

É um instante para pensar em

outra coisa. Não esquecer, mas

sim, voltar a se encontrar com

aquele ser que está escondido

atrás das dificuldades.

“É uma experiência boa porque

a gente cresce com ela. Apren-

de a se soltar, aprende a olhar o

problema dos outros com mais

atenção, então acho que isso faz

diferença.”, diz Dayane de Fran-

ça Morais.

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MEDCLOWN

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Os doutores da alegria do Medclown participam de oficinas e cursos antes

de fazer suas estreias dentro do hospital. Aulas de teatro, conversas com

uma psicóloga, oficinas de maquiagem, dentre outras que vão sendo passa-

das ao longo do acontecimento do trabalho social. “A relação da gente com

os profissionais de saúde, com a família, com as próprias crianças, fazemos

uma reflexão sobre isso. Pra saber lidar também com todo o ambiente (do

hospital)”, Júlia Costa Linhares.

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A maquiagem e os brinquedos

fazem parte do Clown, mas para

entrar no papel em definitivo os

jovens Doutores da Alegria pre-

cisam de seu acessório mais

especial: o nariz de palhaço.

“A partir do momento que estou

com o nariz... Eu não sou mais

a Gabriela, eu sou o meu Clo-

wn. Eu tenho que dar um nome

pro meu Clown, agir como meu

Clown. Não posso me referir a

mim mesma, tenho que me re-

ferir ao meu Clown. E aos meus

amigos como Clown deles, não

como... Eles. E só quando põe

o nariz”, Gabriela Tubino Czar-

nobay.

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O processo de transformação

em Clown já acorda o espírito

brincalhão de cada um deles;

aguardando os outros ficarem

prontos, dois Clowns brincam

de malabarismo com seus na-

rizes, um pouco antes de se

transformar colocá-los e se

transformar definitivamente em

um Clown. “Mas coisa que eles

deixaram bem claro no começo

é que... Quando fosse falar al-

guma coisa séria, era pra tirar

o nariz. Por exemplo, o pacien-

te pergunta alguma coisa séria,

tira o nariz, e responde. Com o

nariz, não falar sério. É bem...

Como uma regra”, Gustavo dos

Santos Silva.

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Já prontos para começar a intervenção, os Clowns rumam para a ala de pe-

diatria do hospital, fazem o importante processo de higienização das mãos

e arrumam os últimos detalhes.

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A ala pediátrica em que os Clo-

wns começaram a intervenção

não tinha apenas crianças, mas

adolescentes. Inicialmente a in-

teração começa timidamente,

o adolescente disperso, mas a

vergonha vai passando, e a con-

versa flui bem melhor.

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As bolinhas de sabão são

companheiras em comum do

Medclown e dos Vagalumes.

Elas podem transformar o ros-

to de uma criança tímida num

grande sorriso. “A gente fez

bolinha de sabão, ela (a pacien-

te) começou a rir tanto. Não

conseguíamos ir embora, mais.

É ruim dar tchau, às vezes”, Jú-

lia Costa Linhares.

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Ao chegar à ala de pediatria do hospital, os Clowns entram sem fazer muito

alarde, brincando e se disfarçando, fingindo que ainda não foram vistos.

Os pacientes que estão por ali logo ficam alertas, observando o que está

acontecendo. Nesta ala os leitos também não estavam internadas apenas

crianças mais novas, mas também uma adolescente, que não deixou por

menos e se interessou pela movimentação. E essa mesma adolescente de-

pois acabou tendo seu pé transformado num palhaço.

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“Você se sente fazendo bem

pra outras pessoas, trazendo

alegria. E ao mesmo tempo é

muito bom pra sua pessoa. É

bom pros outros, mas é muito

bom pra você. Porque você está

fazendo uma coisa pra outra

pessoa, você está gastando um

tempo seu”, Maria Gabriela Re-

bello. E sua opinião é a mesma

de outros Clowns. “Às vezes a

gente vem com a intenção de

ajudar, mas quem acaba sen-

do ajudado é a gente. Acaba

aprendendo tanta coisa, vendo

situações. É bom vermos o pa-

ciente sem a visão de médico.

(Ver) a pessoa realmente, como

uma criança, procurar o lado

saudável dela”, Júlia Costa Li-

nhares.

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A interação não fica apenas com

as crianças que estão interna-

das; os pais e acompanhantes

também entram na brincadeira.

“A criança pode estar achando

um saco, e o pai e a mãe dando

risada. Ou pode ser o contrário.

Os pais querer tirar você dali,

e a criança dando muita risa-

da, gostando de você. Porque

é uma coisa diferente no hos-

pital. A criança está ali sempre

naquela cama, naquele calor,

tem gente que fica embaixo do

sol. Aí chega umas pessoas lou-

cas... E querendo ou não já faz

uma diferença na vida delas, na

estadia delas no hospital”, Alin-

ne Villela Vendramin.

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Os Clowns, entretanto, também

têm seus lados particulares e

acabam encarando o trabalho

como uma experiência diferen-

te do trabalho como médico,

apenas. “Pra estudante de me-

dicina que tá tão acostumado a

ver a doença, sei lá, pra gente

é diferente. Tanto que ficamos

nos segurando pra não pergun-

tar: o que que aconteceu com

você? Como é que foi isso? Que

medicação você está tomando,

como que está sendo o trata-

mento? Mas não, temos um tra-

balho bem diferente, essa coisa

de humanização da medicina

que a gente não vê muito”, Ga-

briela Tubino Czarnobay.

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A brincadeira com a adolescente que estava no leito, acabou então transfor-

mando seu pé em Clown. E paciente. “A gente acha que por serem maiores,

eles vão achar ridículo, né? É incrível como pessoa mais velha também

precisa disso”, Júlia Costa Linhares.

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As brincadeiras, por fim, acabam deixando todos cansados – médicos e

pacientes –, mas a recompensa final vale a pena. “É cansativo. Só que que-

rendo ou não, você sempre aprende algo, leva alguma coisa com você”,

Alinne Villela Vendramin.

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Acompanhar o trabalho voluntário dos jovens

Doutores da Alegria universitários nos am-

pliou a visão do significado de um sorriso;

algo banal para a maioria, que surge em vá-

rios momentos do dia, mas que pode expres-

sar uma forte emoção numa posição delicada

como se encontram os pacientes que passam

pela intervenção dos palhaços. É um mo-

mento que crianças e adultos trazem à tona

a pessoa saudável que fica por trás daquela

enfermidade que os acomete.

Foi um dos pontos mais importantes que

observamos durante a produção deste con-

teúdo, e o que mais nos inspirou desde o

primeiro “clique” – o sorriso. O sorriso dos

doutores, dos pacientes, dos acompanhantes

e dos palhaços. O que deu brilho a todas as

capturas e gerou os sorrisos que nos moti-

varam.

Por fim, essa alegria que contagia os pacien-

tes, funcionários e familiares reflete na ale-

gria que o palhaço sente ao sair do hospital

com a sensação de missão cumprida, saben-

do que trouxe felicidade a alguém nem que

seja por um pequeno instante. E nós saímos

com a missão cumprida de apresentar um

pouco mais desse lindo trabalho.

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