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1 ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO NÚCLEO DE AÇÃO EDUCATIVA Oficina: O(s) Uso(s) de Documentos de Arquivo na Sala de Aula Sequência Didática “Propaganda: a fábrica de sonhos” Diana Motta Marriel São Paulo 2/2013

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO · MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem. TELES Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no

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ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

NÚCLEO DE AÇÃO EDUCATIVA

Oficina: O(s) Uso(s) de Documentos de Arquivo na Sala de Aula

Sequência Didática

“Propaganda: a fábrica de sonhos”

Diana Motta Marriel

São Paulo

2/2013

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Tema: A propaganda e a Indústria da beleza

. Justificativa:

O corpo sempre possuiu um enfoque privilegiado ao longo da história da

humanidade, principalmente o corpo feminino. Ora visto como objeto de celebração e

glorificação, ora visto como “abominável vestimenta da alma” (apud Le Goff e Truong, 2006, p.11).

Os padrões estéticos passaram por diversas mudanças vinculadas às

transformações sociais que afetaram diretamente as mulheres.

Nos anos 20 do século XX, no Brasil, sob a influência das ideias europeias e do

cinema americano, surge com o corpo a preocupação associada a fazer exercícios e

cuidar da aparência, as mulheres começaram a estar em sintonia com a utopia da

juventude. Foi o estopim para o que mais tarde chamaríamos de culto ao corpo.

Segundo Mary Del Priore, após tantas mudanças, revoluções, conquistas

profissionais, invenção da pílula, queima de soutiens em praça pública, a tirania da

perfeição física empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas para uma

identificação. Ainda, segundo ela, trocamos a dominação dos pais, filhos e patrões por

outra, invisível e por isso mesmo, mais perigosa. A dominação da mídia e da publicidade.

É ruim, e até pior, pois diariamente enfrentamos a tarefa de ter que ser eternamente

jovens belas e sadias. Não há prisão mais violenta do que aquela que não nos permite

mudar. E conclui como envelhecer quando tudo que nos cerca, televisão, revistas, é

construído de forma a negar o envelhecimento.

Hoje, corpos bonitos e magros são requisitos essenciais, valorizados e cobrados

pela sociedade. Na lógica da indústria “o culto a magreza está associado à imagem de

poder”. Nesse sentido a propaganda tem função primordial, pois vende sonhos, projetos

de ascensão social, felicidade e prestígio. As jovens e adolescentes buscam esta

realização gerando expectativas impossíveis de ser alcançadas. Os resultados desse

comportamento são o afastamento do convívio social e a multiplicação dos casos de

anorexia, bulimia e morte entre as adolescentes.

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A indústria da beleza movimenta bilhões de dólares em produtos e serviços e faz

milhares de pessoas correrem para os centros cirúrgicos e de emagrecimentos. Através

das propagandas disponíveis no kit pedagógico proponho analisar o trinômio corpo,

beleza e saúde. Na sociedade de consumo, em que vivemos atualmente, a beleza se

tornou um produto, enquanto no passado era uma característica.

Objetivos:

A elaboração desta sequência didática tem como objetivo propor uma reflexão

acerca da influência da propaganda na formação do universo feminino ao longo dos

séculos XX e XXI. Como fontes históricas usaremos propagandas publicadas na Revista

“A Cigarra” nos anos de 1920 para analisarmos o poder dos elementos constitutivos da

publicidade sobre a padronização dos comportamentos sociais.

Ler e interpretar diferentes fontes históricas.

Identificar fatores econômicos e sociais que influenciaram o universo feminino no

início do século XX.

Promover debate sobre a representação do corpo feminino na atualidade.

Compreender a influência da propaganda na criação de modelos sociais.

Analisar os padrões estéticos femininos ao longo da história da humanidade.

Refletir sobre as consequências dos exageros cometidos na busca de um corpo

perfeito.

Componente curricular:

A República no Brasil: Industrialização e crescimento das cidades

Ano (série):

2º Ensino Médio

Tempo previsto:

7 aulas

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Desenvolvimento e conteúdo das atividades:

1º e 2ª aula: O corpo feminino ao longo da história

1. Leia “Vênus de Willendorf” (anexo 1) e observe a ilustração relativa ao texto. Elabore uma análise seguindo o roteiro abaixo: • Identifique o contexto histórico e a data aproximada em que foi feita a “Vênus de

Willendorf”. • Quando e onde foi encontrada? • Quais as características mais marcantes da “Vênus de Willendorf”? • Quais os significados para os estudiosos do corpo volumoso? • Haveria algum sentido religioso?

2. Analise e compare as fontes.

Observe a imagem (anexo 2) e responda a questão: Em sua opinião, como os povos do Paleolítico veriam a Vênus de Calipígia?

3ª aula: Década de 1920: o consumo das imagens do corpo constrói corpos culturais.

1. A sala será dividida em grupos de 5 alunos e cada grupo receberá a fotocópia de um

documento para ser analisado e contextualizado. Com as orientações do professor

os grupos montarão painéis de cartolina com as principais características da

sociedade do ínicio do século XX que serão apresentados oralmente.

• FRIVOLIDADES - A VIDA PARISIENSE - Publicado na Folha da Manhã, segunda-

feira, 5 de outubro de 1925. (anexo 3). Disponível em:

<http://acervo.folha.com.br/fdm/1925/10/05/1//5382867>. *

• CABELLOS CURTOS... IDÉIAS GRANDES - Publicado na Folha da Manhã,

sábado, 21 de novembro de 1925. (anexo 4) . Disponível em:

<http://acervo.folha.com.br/fdm/1925/11/21/1//5383406>. *

• A LINHA ESTHETICA ACTUAL NA BELLEZA FEMININA - Publicado na Folha da

Noite, quinta-feira, 21 de outubro de 1926. (anexo 5). Disponível em:

<http://acervo.folha.com.br/fdn/1926/10/21/1//4667947>. *

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• A PROPOSITO DO CINEMATOGRAPHO FALANTE - Publicado na Folha da Noite,

quinta-feira, 21 de outubro de 1926. (anexo 6). Disponível em:

<http://almanaque.folha.uol.com.br/moda_14out1928.htm>. *

• ANOS 20: A ERA DO JAZZ – FolhaOnline (anexo 7). Disponível em:

<http://almanaque.folha.uol.com.br/anos20.htm>.

• MOVIMENTO FEMINISTA IMPULSIONOU A MODA DURANTE A PRIMEIRA

GUERRA – Giselle Sousa – Folha OnLine. (anexo 8)

<http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u466295.shtml>.

*Obs:Neste texto foi mantida a grafia original

Roteiro para montagem dos painéis:

• Nome do jornal

• Identificar os principais gêneros que aparecem nos jornais: editorial, notícias e

reportagens.

• Em que seção foi publicada?

• Quando foi produzido o texto?

• Onde o texto foi produzido?

• Quem produziu o texto?

• De que trata o texto?

• Em que contexto histórico ele foi escrito?

4ª Aula: O corpo como aporte de mercadorias/produtos e de conceitos/ideias.

1. Apresentação dos painéis sobre a sociedade do início do século XX confeccionados

pelos grupos.

2. Analise as propagandas (anexo 9 e 10) publicadas na Revista “A Cigarra” seguindo o

roteiro e socialize as conclusões. A Cigarra surgiu em 1914, época em que cidade de

São Paulo estava se modernizando, com o crescimento do número de pessoas

alfabetizadas e, por conseguinte, a popularização dos veículos de comunicação

impressos. Publicada não só em São Paulo, mas também no interior, a revista tinha

uma tiragem quinzenal. Com uma linguagem de fácil entendimento, porém sem deixar

de ser sofisticada, A Cigarra tinha um público leitor amplo. Rica em ilustrações, a

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revista também se caracterizava pelo grande número de seções, com a abordagem

de temas variados, tais como artes plásticas, teatro, música, ciências e cinema, além

da cobertura de eventos na cidade.

<http://www.arquivoestado.sp.gov.br/imprensa/ver_releases.php?id=22>

Roteiro:

• Quando foi publicada a propaganda?

• Esclareça sobre os vocábulos ou frases cujo sentido tenha dúvidas.

• Identifique o produto que está sendo anunciado?

• Explique as ideias centrais?

5ª e 6ª Aula: A autoimagem distorcida

1. Leia o texto “O Brasil ocupa 2ª posição em número de cirurgias plásticas estéticas no

mundo” (anexo 11) e responda as questões a seguir.

<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/brasil-ocupa-2a-posicao-em-numero-de-

cirurgias-plasticas-esteticas-no-mundo>

� Qual a posição do Brasil em relação aos procedimentos estéticos?

� Qual a opinião do presidente da SBPC em relação ao número de cirurgias plásticas

estéticas no Brasil?

� Qual sua opinião sobre o assunto abordado na reportagem?

2. Assistir ao vídeo da série “Males da Alma” (12min38) do Fantástico disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=WbD1XT-SUow>. Discuta os temas abordados no

vídeo no seu grupo e socialize com os colegas de classe.

7ª Aula: Avaliação

Após ler a frase abaixo, os grupos deverão elaborar um texto de 25 a 30 linhas e

apresentá-lo oralmente para a turma. “Nós ‘nadamos’ em mídia, inconscientes de

seus efeitos psíquicos e sociais do mesmo modo que um peixe não tem

consciência da água que o rodeia”. (Marshall McLuhan)

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Bibliografia:

BITTENCOURT, Circe. (org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1997.

COSTA, Cristina. A imagem da mulher. Rio de Janeiro: SENAC Rio, 2002.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

DEL PRIORE, Mary. Corpo a corpo com a mulher: pequena história das transformações

do corpo feminino no Brasil. São Paulo: Editora SENAC, 2000.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família sob o regime da

economia. 51ª edição. São Paulo: Global, 2006(a).

MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem.

TELES Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2003.

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

FRIVOLIDADES... a vida parisiense. Folha da Manhã, segunda-feira, 5 de outubro de 1925. Disponível em: < http://acervo.folha.com.br/fdm/1925/10/05/1//5382867>. Acesso em 23 nov. 2013.

CABELLOS CURTOS... ideias grandes. Folha da Manhã, sábado, 21 de novembro de 1925. Disponível em: < http://acervo.folha.com.br/fdm/1925/11/21/1//5383406>. Acesso em 23 nov. 2013.

A LINHA esthetica actual na belleza feminina. Folha da Noite, quinta-feira, 21 de outubro de 1926. Disponível em: <http://acervo.folha.com.br/fdn/1926/10/21/1//4667947>. Acesso em 23 nov. 2013.

A PROPOSITO do cinematographo falante. Folha da Noite, quinta-feira, 21 de outubro de 1926. Disponível em: < http://almanaque.folha.uol.com.br/moda_14out1928.htm>. Acesso em 23 nov. 2013.

GARCIA, Cláudia. Anos 20: A era do jazz. Folha Online. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/anos20.htm>. Acesso em 23 nov. 2013.

SOUSA, Giselle. Movimento feminista impulsionou a moda durante a primeira guerra. Folha OnLine. 11 nov. 2008. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u466295.shtml>. Acesso em 23 nov. 2013.

REVISTA A cigarra é destaque na internet. Arquivo público do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.arquivoestado.sp.gov.br/imprensa/ver_releases.php?id=22> Acesso em 23 nov. 2013.

O BRASIL ocupa 2ª posição em número de cirurgias plásticas estéticas no mundo. Veja OnLine. 23 jan 2013. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/brasil-ocupa-

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2a-posicao-em-numero-de-cirurgias-plasticas-esteticas-no-mundo>. Acesso em 23 nov. 2013.

MALES da Alma. Apresentação Dr. Drauzio Varella. 12’38’’. Programa Fantástico. Rede Globo. 17 mar 2013. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=WbD1XT-SUow>. Acesso em 23 nov. 2013.

SANTANA, Ana Lucia. Vênus de Willendorf. WWW.infoescola.com. Disponível em: <http://www.infoescola.com/arqueologia/venus-de-willendorf/>. Acesso em 23 nov. 2013.

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ANEXOS

Anexo 1

Vênus de Willendorf

Por Ana Lucia Santana

Em uma era como a nossa, na qual a magreza é praticamente um requisito máximo, é estranho imaginar que um padrão feminino completamente oposto tenha sido cultivado na Era Paleolítica. A Vênus de Willendorf simboliza este modelo alternativo. Atualmente ela é igualmente denominada Mulher de Willendorf, pois vários pesquisadores modernos se sentem desconfortáveis com a associação desta imagem ao tradicional ícone da Vênus.

Com certeza por conta de seu excesso de peso. Este ideal ancestral apresenta a parte externa dos órgãos genitais, as mamas e o ventre copiosos. Talvez porque esta mulher represente a fecundidade e a abastança. Em contraste seus braços são delicados e praticamente despercebidos; eles se curvam sobre as mamas.

A estátua, que mede 11,1 cm de altura, não apresenta um rosto aparente. O couro cabeludo está recoberto por algo semelhante a tranças ou disposto em um penteado da época. Na verdade, pode até ser que sua cabeça esteja pontuada por diversos olhos. Ela jamais foi planejada para ter pés. Daí se deduz que ela foi criada para ser transportada de forma portátil, nas mãos, possivelmente por ser considerada um talismã.

Um sinal de que esta tese pode estar correta é a estatueta ter sido elaborada com calcário constituído de oólitos, um material próprio do Período Jurássico francês. Esta rocha avermelhada não era típica da área onde foi encontrada, próxima de Willendorf, na Áustria. Tudo indica que criaturas errantes, praticantes da caça e da coleta, levavam a estátua onde quer que fossem.

Este artefato foi um achado do século XX, localizado a cerca de 30 metros do rio Danúbio. Ele foi resgatado das profundezas da terra pelo arqueólogo Josef Szombathy, no dia 8 de agosto de 1908. Calcula-se, desde os anos 90, que a Vênus foi criada há vinte e dois mil ou vinte e quatro mil anos. Quase nada se conhece sobre sua procedência, como foi esculpida e qual é o seu sentido no

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interior da vida cultural daquela época. Hoje a imagem autêntica está preservada no Museu de História Natural de Viena.

Diversos estudiosos hesitam diante da possibilidade de vincular este ícone com a divindade Mãe-Terra, também conhecida como Grande Mãe, cultuada pelos europeus daquele período. Outros insinuam que sua obesidade traduz um status social superior em uma comunidade de caçadores e coletores.

Afirmam igualmente que a estátua pode representar, além disso, a estabilidade, o êxito e o conforto, um grupo que vive de forma comedida, alicerçado na Terra, despojado de confrontos e com surpreendente engenhosidade.

Anexo 2

Vênus Calipígia, escultura romana

em mármore do século I a. C..

Museu Nacional de Nápoles, Itália

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Anexo 3

FRIVOLIDADES - A VIDA PARISIENSE

As artificialidades da Cidade-Luz tremem diante do espectro da Grande Noite, que succede a

todos os faustos principescos.

Publicado na Folha da Manhã, segunda-feira, 5 de outubro de 1925.

Neste texto foi mantida a grafia original

Com a exposição de Artes Decorativas, Paris movimentou-se este anno. Mas Paris não necessita de semelhantes attractivos para ser doce na primavera... O que ella já possue de si é já bastante. Mas Paris tem uma vida muito mais agitada durante a primavera e os primeiros dias do verão. É então que se falla na capital franceza quasi todas as linguas e muito pouco o francez. É que de todos os paizes affluem visitantes à grande Cidade-Luz. Assim Paris é a cidade da moda, que não decae, apesar dos seus inumeros inconvenientes. E, como é cidade da moda, é uma cidade artificial. Tudo em Paris é artificio. As mulheres principalmente revestem-se da mais espantosa artificialidade. Uma parisiense moderna - porque tambem ha parisienses que não são modernas, - mal acaba de comer e toma logo do seu espelhinho portatil do seu estojo de carmim, para avivar o vermelho dos labios. Mas não é só: tinge de preto os olhos, dá coradura às maçãs do rosto, de commum desprovidas de côr, alisa os cabellos, penteia as sobrancelhas e polvilha-se de qualquer perfume. Essa operação complicada é repetida pelo menos umas dez vezes por dia. Coisa inutil tudo? Ah! não: O lapis de carmim é feito com glycerina e cacao, de sorte que evita que os labios se abram em chagas. Os cremes e os pós resguardam a pelle. Os diversos preparados que se põem nos olhos têm a sua utilidade: uns evitam o estrabismo, outros, a quéda das pestanas. As loções fortalecem os cabellos. E assim por deante. Mas no meio de todas essas drogas ha muito preparado que só póde fazer mal... Donde se conclue que...

O perigo communista invade Paris. Já se registraram diversos attentados de origem sovietica e é com calafrios que se aguarda a "Grand Nuit". Sabem o que é a Grande Noite? Não. Nem tampouco nós, diz-se que é a madrugada tragica de uma era em que se trocam os papeis - o accaso do regimen contemporaneo, as trévas donde brota uma luz livida. Paris, que tem sido theatro de tantas revoluções, teme de presenciar mais essa que se annuncia. E teme porque a sua vida é toda artificial e o artificial não resiste aos embates de uma avalanche demolidora. Entretanto Paris não deixa de ser o que Paris tem sido - a cidade alegre das futilidades e das coisas espantosas, com os seus museus multiseculares, as suas obras de arte e outras coisas que se salvam do torvelinho vão da vida dos boulevards...

Frivolidades... Sim Paris tem muita frivolidade, mas não se póde negar que tem tambem muita e muita grandeza. Mas a frivolidade avulta. Para os sisudos, o segredo da frivolidade estriba-se de ordinario, em um pudor precioso para a tristeza propria e em uma lastima graciosa para a tristeza estranha. Mostra-se frivolo é um modo de mostrar-se cortez. Mas é o modo mais difficil. É por isso que o parisiense é estremamente cortez. A sua vida é toda frivola e cheia de articialidade...

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Anexo 4

CABELLOS CURTOS... IDÉIAS GRANDES

O decimo congresso feminista a realizar-se em Paris - Convite da "Alliança Internacional

pelo Suffragio Feminino"

Publicado na Folha da Manhã, sábado, 21 de novembro de 1925

Neste texto foi mantida a grafia original

PARIS, Outubro - A Alliança Internacional pelo Suffragio Feminino acaba de convidar as 36 Sociedades Internacionaes que lhe são filiadas, bem como as 7 Sociedade provisoriamente filiadas ou que requerem filiação, a enviar delegações ao Decimo Congresso Internacional, que requerem filiação, a enviar delegações ao Decimo Congresso Internacional, que se reunirá em Paris, de 23 a 30 de Maio do corrente anno entrante. Todas as Sociedades Feministas, tanto nacionaes como internacionaes, cujos fins sejam identicos ás da Alliança, foram egualmente convidadas a enviar as suas representações ao Congresso; não satisfeita, ainda, a Alliança declara que receberá fraterna e hospitaleiramente as feministas que quizerem tomar parte nos trabalhos, bem como os partidarios do grande movimento pela mulher. E... força na machina, que o feminismo vae marchando, com um passo firme, ganhando terreno, impondo-se, triumphando... Um dos grandes passos dados ultimamente pela causa do sexo... fraco (!) foi o reconhecimento do suffragio municipal na Italia e na Grecia, já sendo um facto consumado na Hespanha. Em nosso paiz está em discussão um projecto de lei que permitirá, dentro em breve, contar mais um triumpho para a Grande Idéa. Por toda a parte, a pouco e pouco, as mulheres avançam, desassombradamente; aqui, fixando os seus salarios em diversas profissões; alli, reformando leis que, durante seculos e seculos, vinham perpetuando injustiças deshumanas contra ellas, creadas e mantidas pelos legislatores... barbaros; mais adiante, proclamando, "coram populo", o direito da mulher á egualdade economica; de outro lado, "contando" como factores de peso na vida politica de sua terra, pelo accrescimo de responsabilidades que lhes approuve lançar aos proprios hombros. Indo ao encontro de suas aspirações, tão ardorosamente defendidas, e propugnadas com tão mascula perseverança, a Sociedade das Nações abriu-lhes um vasto campo de fecunda actividade. Facto significativo este: desde o primeiro esforço feito em prol da paz mundial, as mulheres foram collocadas em pé de egualdade com os homens, egualdade que cabe ás mulheres realizar na pratica, como tambem lhes cabe o mostrarem-se á altura das suas novas responsabilidades. O relato dos seus esforços nesse sentido e a exposição dos trabalhos que vêm realizando, não serão o menor dos attractivos no proximo Congresso a reunir-se nesta capital. "Pari passu" com a importancia que os Congressos da Alliança Internacional, cresce de ponto a complexibilidade dos problemas que os seus programmas apresentam. O Congresso de Paris tratará em primeiro logar de um dos mais importantes entre os assumptos que se prendem á causa do feminismo, de uma de suas bases reaes: a libertação da mulher, nos paizes que ainda não realizaram essa reforma essencial; em seguida, será debatida a questão da situação economica da mulher nas profissões, no commercio e na industria; a da egualdade moral entre os dois sexos com o corollario natural, isto é, a lucta contra o infame trafico das mulheres; o problema das responsabilidades da sociedade para com os filhos naturaes; o problema da nacionalidade da mulher casada e tantos outros. Todos esses estudos já foram feitos nos Congressos anteriores, mas esses aspectos varios da mesma questão não ficam estacionarios; pelo contrario; apresentam sempre novos prismas, revestem formas

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ineditas, levantando equações para cuja solução nunca será demasiado todo o emprego, para cuja descoberta de incognitas nunca será excessivo todo o ardor das novas amazonas, de mais nobre ideal, batalhadoras incansaveis de uma nobre aspirações; o feminismo. Esse Congresso de Paris promete cousas interessantissimas! Entre estas, uma discussão natural, que se não poderá impedir, numa reunião assim de mulheres de todas as nacionalidades, pertencentes a todos os povos cultos da terra: a da paz e da fraternidade entre as nações. E dahi, quem sabe si o Congresso Feminino não vae achar o Grande X desse Magno Problema? É bem possivel, pois que se trata de feministas e a Paz, a Paz tambem é feminina... Que se não interprete esse convite para o Congresso como uma manifestação de alegria pessoal e de satisfação pela obra já realizada! ninguem pensa em dormir sobre os louros, alcançados tão arduamente, e sim em conquistar novos louros, tecer novas corôas, traçar novas palmas e esse appello é lançado a todos os que, conscientes do valor da perseverança e da cooperação, desejam proseguir, de alma e coração, a sua marcha ávante, á conquista da "terra promettida" da Justiça e da Egualdade.

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Anexo 5

A LINHA ESTHETICA ACTUAL NA BELLEZA FEMININA

Publicado na Folha da Noite, quinta-feira, 21 de outubro de 1926

Neste texto foi mantida a grafia original

É curioso, a proposito das divergencias de gostos quanto à belleza feminina actual, registrar opiniões de notabilidade: intellectuaes francesas de differentes matizes, colhidas por um chronista. Madame Colette, a admiravel escriptora que reune em tão sabia proporção a originalidade e o equilibrismo, respondeu com este justo e malicioso conceito: "Seria mais razoavel perguntar isto aos homens... Tenho para mim que elles não serão lá muito enthusiastas de uma moda que os coage a terem uma mulher delgada e chata, conforme ao figurino para a cidade e uma de outro feitio para o quarto." O dr. Pinard, sabio gynecologista e notavel parlamentar, é conciso, frio e algo rude na sua resposta ao questionario. Em meia duzia de linhas o scientista definiu-se. "Concedeis-me a honra de me perguntar qual é, ao meu alvitre, o typo ideal de mulher. Apreço-me a responder: na minha opinião o typo ideal de mulher é aquelle que faz presentir, prever e esperar a mais perfeita função de reproducção!" Charles Mére, theatrologo dos mais finos e profundos do momento francez, responde com a subtileza e a graça que faz scintillar em cada uma das suas peças: "O homem de 1926 póde orgulhar-se de si mesmo. A mulher lhe rende mais radiante homenagem, esforçando-se afanosamente por modelar a sua pela linha masculina. É a edade da rapoza. Os cabellos curtos, o smocking, o monoculo, a bengala... tudo aproveita para buscar a semelhança. Será isto um bem? Ou um mal? Não sei, absolutamente. Mal conheço essas coisas todas. Eu respiro o ar do meu tempo e julgo a moda em vigor com a mais larga benevolencia. Nossos netos achal-a-ão horrivel dentro de cincoenta annos. Mas não é isto que me perguntaes. Quereis saber se gosto das mulheres magras ou das mulheres gordas, se Androyanna me parece um typo de belleza superior ao da Venus Callipigia. A esse respeito tenho convicções absolutamente solidas, mas não lh'as quero dizer."

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Anexo 6

A PROPOSITO DO CINEMATOGRAPHO FALANTE

Publicado na Folha da Manhã, domingo, 14 de outubro de 1928

Neste texto foi mantida a grafia original

Com a applicação do cinematographo falante, surgiu recentemente uma aguda polemica sobre qual dos meios de expressão é o melhor. O que mais chamará a attenção do publico: as palavras ou as acções dos artistas? Alguns insistem em que os sons provocam mais a curiosidade dos assistentes. Outros, acham que a ação é a verdadeira essencia do cinematographo e sendo a voz, producto das machinas mechanicas, ella só serve para distrahir a attenção do publico. Um dos mais conhecidos directores da Metro Goldwyn Mayer expondo as suas idéas a este respeito, assim se exprime: "É provavel que cheguemos a conseguir o nosso fim, trocando a visão com o sonido, por meio de um systema e não por selecção. Por exemplo: faz pouco tempo as cores naturaes na photograhpia foram obtidas nos laboratorios e os resultados obtidos foram excellentes. Nesta base e com os estudos recentes que foram feitos, a photographia em cores tomou uma tal perfeição, que se pode perfeitamente usar a côr na impressão da pellicula. Muitos não duvidaram em prognosticar que as pelliculas de côres se generalisariam chegando a serem tão communs como as que hoje existem. Entretanto, não demorou em que fosse descoberto que as novidades da côr distrahia a mente nas partes mais culminantes do drama reflectido na tela. Logo depois, surgiu um systema de usar as cores unicamente em certas passagens para dar uma melhor impressão de effeito esthetico, mantendo-se invariavelmente o branco e o preto, para poder assim ficarem registrados os verdadeiros e intensos momentos da dramaticidade da scena. A psychologia comprova isto. Ainda que com nossos olhos apreciamos a natureza em suas proprias cores, o mesmo não aconteceu com a nossa mente. Vê-se isto, quando caminhamos em um lugar cheio de gente, onde não notamos as côres da gravata dos que vemos passar ao nosso lado, nem tão pouco, dos que param para nos cumprimentar, a não ser que uma nota de cores vivas na gravata ou na camisa, nos chame a attenção, distrahindo-nos do que passa em nosso redor. Quando vemos um formoso panorama que possue excepcional colorido, não deixamos de notar logo esse colorido, o que nem sempre acontece nas coisas e paysagens que vemos e constantemente nos rodeam. Assim tambem é que quando vemos as pelliculas communs em branco e preto os olhos vêm o que a mente está acostumada a presenciar. A voz na pellicula é a mesma cousa. A mente é usada para observar o que na téla se desenvolve e quando os actores começam a falar distrahem a attenção que se tem na téla. A subconsciencia nos fará ver isto, uma illusão e não uma realidade. Emquanto ás palavras, basta dizer que ás vezes que nos momentos mais intensos de uma scena dramatica o silencio é mais conveniente de que as palavras."

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Anexo 7

ANOS 20: A ERA DO JAZZ

Por CLAUDIA GARCIA

Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz-bands e pelo charme das melindrosas - mulheres modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo de vestir o espírito da também chamada Era do Jazz. A sociedade dos anos 20, além da ópera ou do teatro, também frequentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford. A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço em suas apresentações, sempre em trajes ousados.

Livre dos espartilhos, usados até o final do século 19, a mulher começava a ter mais liberdade e já se permitia mostrar as pernas, o colo e usar maquilagem. A boca era carmim, pintada para parecer um arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados, as sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era branca, o que acentuava os tons escuros da maquilagem.

A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços e costas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo mais popular era o "cloche", enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, a "la garçonne", como era chamado. A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos.

Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês, subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres - um verdadeiro escândalo aos mais conservadores. A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso. Outro nome importante foi Jean Patou, estilista francês que se destacou na linha "sportswear", criando coleções inteiras para a estrela do tênis Suzanne Lenglen, que as usava dentro e fora das quadras. Suas roupas de banho também revolucionaram a moda praia. Patou também criava roupas para atrizes famosas. Os anos 20, em estilo art-déco, começou trazendo a arte construtivista - preocupada com a funcionalidade, além de lançamentos literários inovadores, como "Ulisses", de James Joyce. É o momento também de Scott Fitzgerald, o grande sucesso literário da época, com o seu "Contos da Era do Jazz". No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna, realizada por intelectuais, como Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, levou ao Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos, escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus trabalhos, os quais foram

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recebidos, ao mesmo tempo, debaixo de palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período, que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30.

Em 1925, pela primeira vez, os surrealistas mostraram seus trabalhos em Paris. Entre os artistas estavam Joan Miró e Pablo Picasso. Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima de prosperidade sem precendentes, constituindo um dos pilares do chamado "american way of life" (o estilo de vida americano). Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda a economia dos Estados Unidos, e, consequentemente, o

resto do mundo. Os anos seguintes ficaram conhecidos como a Grande Depressão, marcados por falências, desemprego e desespero.

Anexo 8

Movimento feminista impulsionou a moda durante a Primeira Guerra

11/11/2008 - 02h30

GISELLI SOUZA

colaboração para a Folha Online

O movimento feminista durante a Primeira Guerra, no início do século 20, foi decisivo na mudança

da moda da época. A entrada das mulheres no mercado de trabalho, com a ida dos homens para

os campos de batalha, foi determinante na mudança do figurino feminino que de frágil passou a

ser considerado mais "independente".

"As mulheres adotaram cabelos curtos, saias longas e roupas que não valorizavam o corpo. O

objetivo era mostrar um visual sério, que fosse na contramão da imagem de sensível e frágil muito

presente no século passado", afirmou Miti Shitara, professora de história da moda das Faculdades

Santa Marcelina e FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).

Divulgação

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Scarlett O'Hara, de "...E o Vento

Levou"

De acordo com Shitara, a personagem clássica do filme "E o Vento Levou", Scarlet O'Hara (Vivien

Leigh), retratava bem o figurino da época, com a utilização de saias longas. "Apesar de ser um

filme dos anos 30, as mulheres no início do século já usavam o mesmo modelo. Não era comum

usar calça e o mercado de trabalho exigia uma simplificação do visual", disse.

A moda masculina também passava por mudanças com a utilização de elementos de guerra nos

trajes comuns do cotidiano. A criação do trench coat --muito utilizado pelas mulheres até hoje--

tinha como inspiração as roupas usadas nas trincheiras da Primeira Guerra.

Reprodução

Dick Tracy deu fama ao

trench coat

"O trench coat foi criado a partir de uma encomenda de uma empresa que fazia uniformes

esportivos. A princípio o modelo servia para proteger os combatentes do frio. Com a grande

aceitação do público, passou a ser usado pelas mulheres e ganhou grande notoriedade no cinema

na figura dos gangsters e eternizado na figura do agente Dick Tracy, já nos anos 30", disse Shitara.

O chapéu "cloche" desenvolvido na década de 20 também teve inspiração militar. Segundo a

professora, o acessório foi inspirado nos capacetes militares da primeira guerra. No entanto, a

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grande mudança sentida foi na moda feminina, com a chegada do período conhecido como "Anos

Loucos" personificado na figura das "melindrosas".

"As mulheres passaram a usar maquiagem e o cinema se encarregou de trazer novos costumes,

como o de passar batom em público e fumar. As mulheres negavam o próprio corpo e não

queriam mostrar o seio, nem o quadril", afirma a professora que ressalta a importância na

Argentina na moda pós-guerra com a utilização de peles de animais nas roupas e na divulgação do

tango.

Anexo 9

COMO estás magra! A Cigarra. São Paulo, abril. 1929, n.347. Apesp.

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Anexo 10

ESCOLHEI a vossa edade. A cigarra. São Paulo, set. 1927, n. 390. Apesp

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Anexo 11

Brasil ocupa 2ª posição em número de cirurgias plásticas estéticas no mundo

A lipoaspiração ajudou o Brasil a ocupar o segundo lugar no ranking mundial de

cirurgias plásticas estéticas em 2011. Os dados são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) junto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), e outras entidades, cuja pesquisa listou os dez países com maior número de cirurgias plásticas do mundo. O Brasil, com 905.124 procedimentos, ficou atrás apenas dos Estados Unidos, que realizou 1.094.146 no mesmo ano. A pesquisa também mostra que o Brasil quase dobrou o número de cirurgias estéticas realizados nos últimos quatro anos, com 97,2% de crescimento.

Nos últimos quatro anos, foram realizadas 211.108 lipoaspirações, um crescimento de 129%. Foi o tipo de cirurgia plástica estética mais realizada no Brasil. Crescimento semelhante teve a blefaroplastia, que é a cirurgia para a remoção da pele enrugada e caída das pálpebras do olho — com um aumento de 120%, ficou com a quarta colocação do ranking brasileiro. A segunda cirurgia estética mais realizada foi o aumento de mamas (148.962) e a terceira foi a abdominoplastia (95.004). Apesar de não ter entrado no ranking das mais realizadas, a cirurgia de colocação de prótese nos glúteos, a gluteoplastia, passou de 5.591 procedimentos para 21.452 nos últimos quatro anos, um aumento de 367%.

De acordo com o presidente da SBPC, José Horácio Aboudib, dobrar o número de cirurgias plásticas estéticas em quatros anos representa um avanço importante para a especialidade no país. Segundo ele, mesmo que os Estados Unidos realize um número maior de cirurgias, é importante levar em consideração não apenas o poder aquisitivo da população americana, mas também a população total dos países. O número de cirurgias per capita termina sendo bem próximo em ambos os países.

De acordo com levantamento da SBPC, o Brasil tem cerca de um cirurgião plástico para cada 44.000 habitantes, número superior ao dos Estados Unidos. Porém, frente ao crescente interesse da população e ao grande número de profissionais disponíveis, o órgão faz questão de alertar que é preciso ter cuidado na escolha de quem vai realizar o procedimento, que precisa ser especialista em cirurgia plástica com o respectivo título de formação.