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VIII - A arte e a Bíblia 1) Introdução Os artistas em nossa sociedade estão em uma posição particular. Por um lado, são bastante considerados, sendo vistos como sumos sacerdotes da cultura, conhecedores dos segredos internos da realidade. Por outro, são vistos como pessoas completamente supérfluas. Queremos que os artistas sejam sérios e criem coisas profundas com um valor quase eterno. Porém, se eles quiserem alcançar sucesso, são forçados a aderir aos gostos do momento, a ser comerciais e fazer papel de palhaço em vez de sábio. Os artistas cristãos também têm de lidar com essas complicadas tensões. Contudo, seus problemas frequentemente são maiores porque é difícil para qualquer cristão viver em um mundo pós-cristão. 2) Retrospectiva Antes de 1500, os artistas eram artesãos, exímios trabalhadores. Mesmo não tendo a honra que costumamos conceder aos artistas hoje em dia, eles realmente fizeram coisas lindas, que mesmo após muitos séculos, ainda apreciamos. Não se buscava originalidade, mas um trabalho sério e de boa qualidade. A beleza não era um simples aditivo, mas o resultado natural dos materiais e técnicas adequados manuseados com destreza. Suas obras não exigiam debate e interpretação de especialistas, mesmo que às vezes elas fossem discutidas, elogiadas ou criticadas. Dentro da tradição, da rígida estrutura de habilidades, regras e padrões, havia liberdade. Valorizava-se a qualidade em vez da originalidade e da novidade; ainda assim, os artistas poderiam ser eles mesmos. A partir do século 18 (Iluminismo) a arte tornou-se “belas artes” e as artes manuais foram postas de lado, como algo inferior. A arte tornou-se desconectada das funções normais da vida e a beleza passou a ser vista como uma qualidade abstrata, com sentido próprio e sem relação com o que era retratado. A partir de Kant, a arte passou a ser vista como a solução final para as contradições internas dos sistemas filosóficos elaborados para formar um entendimento integrado da realidade. No século 18, a religião não era um problema, desde que ela fosse de ordem puramente particular e não interferisse nas coisas importantes deste mundo, como a ciência, a filosofia, a erudição e as belas artes. Embora a arte fosse tida como um tipo de religião, uma revelação, uma solução mística para as buscas mais profundas da humanidade, os artistas frequentemente permaneciam famintos e segregados se não se rendessem ao mau gosto e passassem a expressar conteúdos sentimentalistas e baratos, eles eram abandonados. Para muitos, a arte tornou-se uma busca individualista de sua própria identidade, revelada em seu trabalho e por meio dele. 3) A crise nas artes A arte tornou-se arte pela arte, um tipo de religião irreligiosa em que a religião não possui um papel claramente definido. Significa que a arte é algo tão raro e especial que as pessoas precisam de cursos para conseguir compreendê-la. Como resultado, vemos pessoas em todos os lugares buscando o sentido da arte. Essa busca pelo sentido da arte é um sinal de crise. Onde estavam os cristãos quando o mundo começou a mudar, no século 18?

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VIII - A arte e a Bíblia

1) Introdução Os artistas em nossa sociedade estão em

uma posição particular. Por um lado, são bastante considerados, sendo vistos como sumos sacerdotes da cultura, conhecedores dos segredos internos da realidade. Por outro, são vistos como pessoas completamente supérfluas.

Queremos que os artistas sejam sérios e criem coisas profundas com um valor quase eterno. Porém, se eles quiserem alcançar sucesso, são forçados a aderir aos gostos do momento, a ser comerciais e fazer papel de palhaço em vez de sábio.

Os artistas cristãos também têm de lidar com essas complicadas tensões. Contudo, seus problemas frequentemente são maiores porque é difícil para qualquer cristão viver em um mundo pós-cristão. 2) Retrospectiva

Antes de 1500, os artistas eram artesãos, exímios trabalhadores. Mesmo não tendo a honra que costumamos conceder aos artistas hoje em dia, eles realmente fizeram coisas lindas, que mesmo após muitos séculos, ainda apreciamos.

Não se buscava originalidade, mas um trabalho sério e de boa qualidade. A beleza não era um simples aditivo, mas o resultado natural dos materiais e técnicas adequados manuseados com destreza.

Suas obras não exigiam debate e interpretação de especialistas, mesmo que às vezes elas fossem discutidas, elogiadas ou criticadas.

Dentro da tradição, da rígida estrutura de habilidades, regras e padrões, havia liberdade. Valorizava-se a qualidade em vez da originalidade e da novidade; ainda assim, os artistas poderiam ser eles mesmos.

A partir do século 18 (Iluminismo) a arte tornou-se “belas artes” e as artes manuais foram postas de lado, como algo inferior.

A arte tornou-se desconectada das funções normais da vida e a beleza passou a ser vista como uma qualidade abstrata, com sentido próprio e sem relação com o que era retratado.

A partir de Kant, a arte passou a ser vista como a solução final para as contradições internas dos sistemas filosóficos elaborados para formar um entendimento integrado da realidade.

No século 18, a religião não era um problema, desde que ela fosse de ordem puramente particular e não interferisse nas coisas importantes deste mundo, como a ciência, a filosofia, a erudição e as belas artes.

Embora a arte fosse tida como um tipo de religião, uma revelação, uma solução mística para as buscas mais profundas da humanidade, os artistas frequentemente permaneciam famintos e segregados se não se rendessem ao mau gosto e passassem a expressar conteúdos sentimentalistas e baratos, eles eram abandonados.

Para muitos, a arte tornou-se uma busca individualista de sua própria identidade, revelada em seu trabalho e por meio dele. 3) A crise nas artes

A arte tornou-se arte pela arte, um tipo de religião irreligiosa em que a religião não possui um papel claramente definido. Significa que a arte é algo tão raro e especial que as pessoas precisam de cursos para conseguir compreendê-la. Como resultado, vemos pessoas em todos os lugares buscando o sentido da arte. Essa busca pelo sentido da arte é um sinal de crise.

Onde estavam os cristãos quando o mundo começou a mudar, no século 18?

O cristianismo convencional se tornou um tipo de petismo. O significado da vida cristã foi rebaixado apenas à vida devocional.

De forma branda, extensas áreas da realidade humana, como a filosofia, a ciência, as artes, a economia e a politica, foram entregues ao “mundo”, já́ que os cristãos se concentravam principalmente em atividades piedosas. É Proibido Pensar (João Alexandre) Procuro alguém pra resolver meu problema Pois não consigo me encaixar neste esquema São sempre variações do mesmo tema Meras repetições A extravagância vem de todos os lados E faz chover profetas apaixonados Morrendo em pé rompendo a fé dos cansados Com suas canções Estar de bem com vida é muito mais que renascer Deus já me deu sua palavra E é por ela que ainda guio o meu viver Reconstruindo o que Jesus derrubou Re-costurando o véu que a cruz já rasgou Ressuscitando a lei pisando na graça Negociando com Deus No show da fé milagre é tão natural Que até pregar com a mesma voz é normal Nesse evangeliquês universal Se apossando do céus Estão distantes do trono, caçadores de deus Ao som de um shofar E mais um ídolo importado dita as regras Pra nos escravizar. É proibido pensar (5x) Procuro alguém pra resolver meu problema Pois não consigo me encaixar neste esquema São sempre variações do mesmo tema Meras repetições Meras repetições É proibido pensar 4) Arte cristã

O que seria arte cristã? A arte produzida somente por cristãos?

A arte cristã não é a expressão de atos criativos individuais de pessoas que supostamente teriam encontrado Cristo. O pecado, com seu potencial destrutivo, pode se manifestar tanto na obra de arte de um cristão como na arte de um não cristão. “Há uma profunda diferença entre o cristão e o não cristão, mas não podemos procurar esta diferença nos locais errados”. Ela está nas atitudes básicas do homem, “em suas esperanças e na compreensão de sua tarefa”. Porem, ao analisarmos uma atividade especifica, constatamos que “o cristão pode ser tão tolo e pecador quanto o incrédulo sábio e correto”.

A arte cristã deve ser então evangelística?

Com frequência as pessoas dizem aos artistas: “Não há problema em ser artista, desde que sua arte possa ser usada para evangelizar”.

Precisamos é nos atentar para o fato de que a arte não pode ser usada para mostrar a validade do cristianismo, deve ser o contrário. O cristianismo é verdadeiro; as coisas, ações e esforços humanos só alcançam seu significado a partir de seu relacionamento com Deus.

“Arte cristã é aquela inspirada pela Palavra de Deus, no sentido de representar uma visão de mundo e da humanidade fiel às Escrituras.” Das coisas boas da vida (Carol Gualberto) Sol na janela, pé descalço e uma canção Que fale do que guardo aqui no coração Das coisas boas da vida Das minhas preferidas De tudo que faz bem à emoção Fim de tarde, brisa leve, um ipê em flor Uma poesia prá um grande amor Família reunida, dança com as amigas Um sorriso, sei quem é meu Criador De comer, mel, mostarda, manjericão De sentir, o arrepio de uma paixão De olhar, borboleta azul e o amor Um bom livro, um banquinho e um violão Ter amigos mais chegados que irmãos Porta sempre aberta, se arrumar pra festa Ter alguém pra dar a sua mão Disso é feita a vida De coisas bonitas De tudo que faz bem ao coração

5) O valor intrínseco da arte

A arte tem seu próprio significado como criação de Deus, ela não precisa de justificativa. Sua justificativa é ser uma possibilidade dada por Deus. Não obstante, ela pode desempenhar muitas funções. Isso é prova da riqueza e da unidade da criação de Deus.

Os artistas não necessitam de justificativa, da mesma forma que os açougueiros, os jardineiros, os motoristas de táxi, os policiais ou as enfermeiras não precisam justificar com argumentos sagazes o porquê de estarem fazendo o seu trabalho. 6) A vida cristã como obra de arte

“Nenhuma obra de arte é mais importante que a própria vida do cristão e todo cristão deve se preocupar em ser um artista nesse sentido. Ele pode não ter o dom da escrita, nem da composição ou do canto, mas toda pessoa tem o dom da criatividade no que diz respeito à forma como vive a sua vida. Nesse sentido, a vida do cristão deve ser uma obra de arte. A vida do cristão deve ser algo verdadeiro e belo em meio a um mundo perdido e desesperado.” Francis Schaeffer Beija-flor (Jorge Camargo) Nunca menospreze uma semente Não despreze o impulso criador Olhe, prove, ouça, cheire, tente Como um curioso beija-flor Não rejeite os tímidos começos Eles também rumam aos finais A deselegância dos tropeços Move a contradança dos casais Deixe-se levar pelo amor Deixe-se molhar pelo mar Deixe o sal tocar sua dor Deixe a luz do sol consolar Veja o brilho frágil de uma estrela Ela inspira múltiplas canções Em seus filamentos de centelha Podem se esconder constelações Baile no compasso das palavras Salte sobre as linhas das tensões Sente-se à beira das calçadas Cante ao som dos velhos violões

Questões Propostas ASSINALE V (verdadeira) e F (Falsa), para as afirmativas abaixo: ( ) O principal objetivo da arte é evangelizar. ( ) A arte não precisa de justificativa. ( ) Músicos cristãos só podem tocar se for para a igreja. ( ) A arte moderna aproxima o autor do expectador. ( ) Arte cristã é aquela que sempre fala diretamente de Deus em seu conteúdo. ( ) A forma correta de se entender a arte é o que chamamos de “arte pela arte”. ( ) Toda música secular deve ser evitada. ( ) Não devemos escutar músicas de não cristãos. ( ) A arte tem seu próprio valor dado por Deus.

Questões Suplementares 1- “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” 1 Jo 2.15. Podemos concluir por meio deste versículo que não devemos escutar músicas seculares? JUSTIFIQUE. 2- Hans Rookmaaker afirma que a arte não precisa de justificativa. Como entender esta afirmativa, já que precisamos avaliar as artes à luz das Escrituras? 3- CONSIDERE a seguinte situação: “Um grupo de jovens da sua igreja deseja formar uma banda. Entretanto, eles decidem compor e cantar músicas seculares. E pedem aos líderes da igreja para auxiliá-los neste processo.” Se você fosse um presbítero da igreja, o que faria? FUNDAMENTE a sua resposta. 4- O que significa afirmar que a arte possuí um valor intrínseco? 5- “No culto público deveríamos utilizar de vários tipos de arte, como: encenações teatrais, danças, músicas e etc.” JULGUE a afirmação acima A PARTIR do conceito de Esferas de Soberania.