Artesanato_brasileiro, cultura talhada a mão

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    No Brasil, o artesanato representa uma das ma

    estaes de cultura mais ortes de nosso povo

    H mais semelhana entre Amaro de Tracunham e Pablo Picas

    ue admitem os livros de arte ociais. O primeiro, nascido em Pe

    buco, em 1937, notabiliou-se como mestre ceramista, ormador ra es de artes os. O segundo, espanhol, nascido em 1881, oi tido

    um dos maiores artistas do sc ulo XX, um verdadeiro revolucionr

    ambos, a argila despertou a paixo pelo aer. Amaro, por amor de

    a partir de utilitrios passou a aer objetos de decorao, admi

    pela singularidade. Picasso, por amor de descobrir ormas novas

    maniestar, produiu peas em srie ue, numeradas, guardam a

    de obras de arte.

    Se o grande mestre espanhol considerado um dos smbolos d

    tura, por ue no o seria o grande mestre pernambucano? Ana

    ambos se observa a originalidade do trao, a ora da criao.

    J se v ue nem sempre c il distinguir arte de ar tesanato, po

    bos nascem da interveno da mo humana sobre as matrias-p

    ornecidas pela naturea, ou at mesmo pelos resduos dos pro

    industriais.

    De todo o modo, no Brasil, o artesanato representa uma das mata es de cultura mais ortes de nosso povo: seja a arte plumri

    duida pelos primeiros habitantes, e ue hoje pode ser reproduida

    ns comerciais; seja a cermica de potes, pratos e bacias, originalm

    utilitria, mas ue hoje eneita residncias em todo o mundo; sej

    objetos de palha, sisal, algodo e tantas outras bras, todos guarda

    comum um trao: o saber-aer nico de comunidades brasileiras

    homens, mulheres, meninos e meninas, envolvidos na arte de ae

    sar para as geraes uturas os ritos, crenas e artes dos antepassa

    artesanato

    Artesanato brasileirocultura talhada a m

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    O APOIO D O SEBRAE AO ARTESANATO SITUA-SE NO ESPAO DA VALORIzAO DACULTURA, CAPACITAO E GERAO DE REN DA, AO RECONHECER O VALOR E AORIGINALIDADE DAS PEAS DE UMA COMUNIDADE

    O artesanato materialia a cultura. q ando viaja-mos compramos lembranas, ue nos remetem cul-

    tura local e s pessoas ue conhecemos, di Durcelice

    Mascne, coordenadora nacional de artesanato.

    De olho nesse lo criativo, o Sebrae tem investido

    esoros, desde 1998, a m de proporcionar maiores

    vos imagina o desses artistas do povo, espalhados

    por todo o Brasil, mas ue ormam um contingente

    substancial de trabalhadores. Segundo dados do Mi-

    nistrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio, so

    8,5 milhes de arteso s, ue movimentam anualmente

    R$ 28 milh es de reais.

    Para o Sebrae, o artesanato uma atividade ue deve

    gerar renda como ualuer outra. O artesanato tem ele-

    vado o potencial de ocupao e renda em todos os esta-

    J so 170 mil artesos atendidos pelos projetos doSebrae, em 32% dos municpios brasileiros. Segundo Pa-

    trcia Salamoni, coordenadora nacional de artesanato,

    alm de valoriar o saber-aer o Sebrae capacita os ar-

    teses para ue eles possam, por meio de associaes,

    multiplicarem seu potencial do negcio. O primeiro

    passo identicar ual a voca o da regi o; em segui-

    da, os especialistas do Sebrae conversam com todos os

    envolvidos, mobiliando-os para o trabalho em coope-

    rativas e associaes; depois disso, vem a capacitao

    em cursos, encontros, trocas de experincias, explica.

    Uma das maneiras de multiplicar as experincias e

    projet-las para todo o Brasil (e, simultaneamente, pre-

    parar terreno para as exportaes) o Prmio Sebrae

    Top 100 de Artesanato, criado para premiar e reconhe-

    ainda mais competitiva, e mais bem preparada para omercado nacional e internacional.

    Em 2006, esto sendo premiados projetos de 22 esta-

    dos da Federa o, levando-se em conta o nvel de organi-

    ao e os produtos elaborados. Em sua primeira edio,

    o prmio tomou por critrios de avaliao itens como

    grau de inova o e dierencia o das peas para torn-las

    atrativas ao mercado, aspectos em suas ormas e utilida-

    des uncionais e como essas peas refetem a identidade

    e a cultura local e agregam valor produo. Do jri, par-

    ticiparam prossionais do design, empresrios do setor,

    consultores e tcnicos do Sebrae e de outras entidades.

    No Nordeste, a Paraba teve o maior nmero de ci-

    taes, com 13 unidades premiadas. As experincias

    paraibanas contempladas pelo Top 100 oram: Coop-

    natural, Associaes de Rendeiras e Artess zabel,Camala, Monteiro, S o Sebasti o do Umbueiro e S o

    Joo do Tigre, Associao das Artess Rurais de Pontina,

    Associao das Artess Rurais de Serra Rajada, Associa-

    o das Crocheteiras de Areal, Associao dos Artesos

    e Artess de Araruna, Cooperativa Artesanal Mista de

    Juripiranga, Entre Fios e Lenita Fernandes Maia Paiva.

    Para Maysa Gadelha, presidente da Coopnatural, o pr-

    mio Top 100 divulga o trabalho dos artesos auxiliando

    inclusive na busca de incentivos. At h pouco tempo,

    esses incentivos para o setor eram peuenos ou inexis-

    tentes. Hoje, contamos com uma grande mobilia o

    para agiliar a ualicao da atividadeexplica Maysa.

    Na Regio Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul oi o Es-

    tado ue teve o maior nmero de ganhadores do Pr-

    mio. Entre eles, a Associao Arpeixe, reconhecida pelotrabalho desenvolvido por mulheres de pescadores de

    Mato Grosso do Sul.

    No Sudeste, destacou-se a Associao dos Lavradores

    e Artesos de Campo Alegre (Alaca). Para Ansia Lima de

    Soua, artes e presidente da Alaca, uma das vencedoras

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    do Prmio Top 100 de Artesanato, dicil de acreditar

    ue seu trabalho esteja entre os cem melhores do Pas.

    Sua modstia no esconde o apuro de suas colegas de

    trabalho, ao moldarem delicadas bonecas, eneites para

    casas e utilitrios como potes e jarras, trabalho ue a-

    em em paralelo ao de donas de casa e lavradoras. Mas o

    ato ue o sucesso da artes passa pelo associativismo.

    Membro da Alaca desde a sua criao, h 21 anos

    seu trabalho solitrio, mas as vendas s o eitas com

    o apoio da entidade. A unio permite ue seus produ-

    tos cheguem a eiras nos grandes centros e acilita os

    aspectos egais. muito bom para ue gente de longe

    conhea meu trabalho; vendo tanto na regio uantopara lojistas de outros estados, reconhece Ansia.

    No Sul, um dos destaues o Paran, estado ue teve

    trs ncleos produtores de artesanato contemplados: o

    Atelier de Marcelo Fedalto e Anderson Otero, localia-

    do em Campo Largo, na Rota dos Tropeiros; o artesa-

    nato eito com poda de macieiras de Palmas, na regio

    de Pato Branco; e a associao Artest, de Londrina. Na

    Artest, por exemplo, os produtos mantm a identidade

    A UNIO PERMITE qUE OS PRODUTOS

    CHEGUEM A FEIRAS NOS GRANDES CENTROS de cada arteso, mas passam por melhorias a partir deorienta es em rela o ao acabamento, esign, mat-

    ria-prima e embalagens. Isso e com ue o s artesos se

    prossionaliassem e passassem a vender para os Esta-

    dos Unidos e Sua, alm de prospectar compradores no

    Japo e integrar exposies na Frana, Espanha e Itlia.

    O apoio do Sebrae ao artesanato situa-se no espa-

    o da valoriao da cultura, capacitao e gerao de

    renda, ao reconhecer o valor e a originalidade das pe-

    as de uma comunidade, omentar as associaes pro-

    dutivas e potencialiar a comercialiao, por meio de

    arranjos produtivos.

    A contraparte desse trabalho vem da outra ponta,

    seja no momento em ue esses materiais so aduiri-

    dos por turistas brasileiros ou estrangeiros, ao visita-

    rem essas regies produtoras; seja pelas exportaespara grandes centros urbanos ou outros pases.

    Elsie Marchini, consultora do Sebrae ue atua na

    coordenao Nacional dos Projetos de Artesanato, co-

    menta ue o artesanato um segmento tangvel da

    cultura brasileira. a materialiao do ue somos por

    meio das mos dos artistas, ue reproduem nossa his-

    tria, hbitos e costumes, seja nos objetos de decora-

    o, vesturios, arteatos entre o utros.

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