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098 INDICADORES DE CONSUMO PARA ORÇAMENTOS DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES VERTICAIS: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA COM O TCPO ARAÚJO, Nelma Mirian Chagas de (1); MEDEIROS, Adalice Flavia de (2); LIMA, Rayff De La Tour Melo (3); SOUZA, Glória Leite de (4) (1) IFPB, 83 88128945, e-mail: [email protected] (2) IFPB, e-mail: [email protected] (3) IFPB, e-mail: [email protected] (4) IFPB, e-mail: [email protected] RESUMO Atualmente, na indústria da construção civil, a falta de índices representativos de consumo de materiais e de mão-de-obra nas empresas, principalmente nas de pequeno e médio porte, leva as mesma a adotarem índices de custo médios do setor, retirados de tabelas de composição de preço pré-definidas (TCPO, por exemplo), que, geralmente, diferem da realidade encontrada nos seus canteiros de obra. Essas diferenças são oriundas tanto da maneira pela qual seus indicadores foram quantificados, quanto da desigualdade das características das obras nas quais se baseiam.Esse método de orçamentar acaba sendo responsável pela incerteza de que os valores estimados sejam equivalentes aos valores reais, refletindo num montante estimado que não condiz com a realidade dos gastos da empresa. Este artigo analisa os indicadores de custo utilizados para a composição de preços unitários, coletados a partir de roteiros de observação em empresas da construção civil da grande João Pessoa, e os compara com os encontrados no TCPO. Foram encontradas discrepâncias significativas com relação aos indicadores de consumos, os quais influenciam diretamente nos custos dos serviços/etapas construtivas. Palavras-chave: indicadores de consumo, orçamento, construção civil. ABSTRACT Currently in the construction industry, the lack of representative indice rates of material consumption of materials and manpower labour in companies, mainly in the small and medium ones businesses leads such companies to adopt average cost indices rates related to the sector industry average tables removed and taken from composition tables of pre-defined price (TCPO, for example), which usually differ from the actual situation in their construction sites. These differences come from both the manner in which its their indicators were quantified and the inequality of the work characteristics of works in which they are based. This method of budgeting becomes responsible for the uncertainty of that the estimated values are equivalent to real ones values, reflecting an estimated amount that does not match the reality of company expenses. This article examines the cost indicators used in the composition of unit prices, collected from observation guides in civil construction companies in the construction of João Pessoa, and it compares them with those found in the TCPO. We found significant discrepancies with respect to the consumption indicators of consumption, which directly influence the cost of services / construction stages. Keywords: consumption indicators, budget, civil construction. 1 INTRODUÇÃO A orçamentação de custos é uma atividade de suma importancia. É o ponto inicial para se determinar se um empreendimento é viavel, pois o custo é um fator limitante para sua concepção e implementação. Entretanto, de acordo com Valle e Hochheim (2006), os processos de orçamentação utilizados atualmente na indústria da construção civil,

Artigo 098 (SIBRAGEC 2011)

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098 INDICADORES DE CONSUMO PARA ORÇAMENTOS DE OBRAS

DE EDIFICAÇÕES VERTICAIS: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA COM O TCPO

ARAÚJO, Nelma Mirian Chagas de (1); MEDEIROS, Adalice Flavia de (2); LIMA, Rayff De La Tour Melo (3); SOUZA, Glória Leite de (4)

(1) IFPB, 83 88128945, e-mail: [email protected] (2) IFPB, e-mail: [email protected] (3) IFPB, e-mail: [email protected] (4) IFPB, e-mail: [email protected]

RESUMO Atualmente, na indústria da construção civil, a falta de índices representativos de consumo de materiais e de mão-de-obra nas empresas, principalmente nas de pequeno e médio porte, leva as mesma a adotarem índices de custo médios do setor, retirados de tabelas de composição de preço pré-definidas (TCPO, por exemplo), que, geralmente, diferem da realidade encontrada nos seus canteiros de obra. Essas diferenças são oriundas tanto da maneira pela qual seus indicadores foram quantificados, quanto da desigualdade das características das obras nas quais se baseiam.Esse método de orçamentar acaba sendo responsável pela incerteza de que os valores estimados sejam equivalentes aos valores reais, refletindo num montante estimado que não condiz com a realidade dos gastos da empresa. Este artigo analisa os indicadores de custo utilizados para a composição de preços unitários, coletados a partir de roteiros de observação em empresas da construção civil da grande João Pessoa, e os compara com os encontrados no TCPO. Foram encontradas discrepâncias significativas com relação aos indicadores de consumos, os quais influenciam diretamente nos custos dos serviços/etapas construtivas.

Palavras-chave: indicadores de consumo, orçamento, construção civil.

ABSTRACT Currently in the construction industry, the lack of representative indice rates of material consumption of materials and manpower labour in companies, mainly in the small and medium ones businesses leads such companies to adopt average cost indices rates related to the sector industry average tables removed and taken from composition tables of pre-defined price (TCPO, for example), which usually differ from the actual situation in their construction sites. These differences come from both the manner in which its their indicators were quantified and the inequality of the work characteristics of works in which they are based. This method of budgeting becomes responsible for the uncertainty of that the estimated values are equivalent to real ones values, reflecting an estimated amount that does not match the reality of company expenses. This article examines the cost indicators used in the composition of unit prices, collected from observation guides in civil construction companies in the construction of João Pessoa, and it compares them with those found in the TCPO. We found significant discrepancies with respect to the consumption indicators of consumption, which directly influence the cost of services / construction stages.

Keywords: consumption indicators, budget, civil construction.

1 INTRODUÇÃO A orçamentação de custos é uma atividade de suma importancia. É o ponto inicial para se determinar se um empreendimento é viavel, pois o custo é um fator limitante para sua concepção e implementação. Entretanto, de acordo com Valle e Hochheim (2006), os processos de orçamentação utilizados atualmente na indústria da construção civil,

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principalmente em pequenas e médias empresas, são baseados em índices de consumo de materiais e mão-de-obra retirados de tabelas de composição de preços pré-definidas, insensíveis às variações regionais e tecnológicas.

A carência de índices representativos para a realidade das empresas na grande João Pessoa-PB as levam a tomar como parâmetro índices médios do setor que, na maioria das vezes, não se adequam à realidade de seus canteiros, principalmente pela diferença das características das obras nas quais esses índices médios se basearam.

A exatidão da previsão dos custos envolvidos na execução de uma edificação é fundamental para uma empresa da construção civil se manter presente no mercado de forma competitiva. Na construção, nem sempre é dada muita atenção ao controle dos custos, resultando em dificuldades financeiras que podem chegar a ser o motivo de falência por conta do mau planejamento de seus custos.

As obras presentes na cidade de João Pessoa possuem seus orçamentos elaborados de acordo com indicadores de consumo retirados do livro TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos) da Editora PINI (PINI, 2008), por falta de melhor opção para se enquadrar à real situação de seus canteiros. Esse modo de orçar favorece a existência de deformidades entre os valores realmente obtidos e os orçados, uma vez que o TCPO (PINI, 2008) tem como referência as obras do Sudeste do país.

Esse artigo tem por objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa realizada em sete obras de cinco empresas de construção civil da cidade de João Pessoa-PB, na qual foi feito um estudo comparativo entre os indicadores do TCPO (PINI, 2008) e os indicadores de consumo realmente utilizados pelas empresas construtoras em seus canteiros.

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Para a realização da pesquisa, foram coletados dados em sete obras de cinco empresas diferentes, todas cadastradas junto ao Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON–JP), escolhidas de forma aleatória, as quais aceitaram participar da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada em dois momentos, primeiramente através de pesquisas bibliográficas e posteriormente através de pesquisas de campo.

Na pesquisa bibliográfica foram consultados artigos, projetos, livros, dissertações e teses que tinham relação com o tema pesquisado.

Já na pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas e apropriações in loco, descrevendo os serviços observados e mensurando os insumos de alguns serviços, a saber: montagem de fôrma de laje, montagem de fôrma de viga, montagem de fôrma de pilar, contra piso, montagem de armadura de laje, montagem de armadura de viga, concretagem, marcação de alvenaria, alvenaria de ½ vez, alvenaria de 1 vez, assentamento cerâmico em parede e assentamento cerâmico em piso.

Para efeito deste artigo, foram escolhidos, aleatoriamente, três serviços para serem comentados, analisados e comparados, a saber: contra piso, alvenaria de ½ vez e montagem de armadura de laje.

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3 CARACTERISTICAS DAS OBRAS PESQUISADAS Como colocado anteriormente, foram pesquisadas sete obras, das quais, quatro (57,14%) têm mais de 20 anos de atuação no mercado da construção civil, duas (28,57%) possuem de 11 a 20 anos de atuação no mercado e uma (14,29%) atua há menos de cinco anos no setor da construção civil. Nenhuma dessas empresas, no momento da pesquisa, atuava em outro setor que não fosse o da construção civil.

No momento da pesquisa, três canteiros de obras (42,86%) possuíam, em atividade naqueles canteiros, de 20 a 50 trabalhadores, dois canteiros (28,57%) possuíam de 50 a 80 trabalhadores e outros dois canteiros (28,57%) possuíam mais de 80 trabalhadores.

Três das sete obras pesquisadas dizem possuir um ou mais de um profissional com formação especifica na área de orçamento. Todas as obras afirmaram que suas respectivas empresas fazem os seus próprios orçamentos e a maioria, seis obras (85,71%), faz apropriações em suas obras, mas ainda empregam tabelas de composição de preço pré-definidas (TCPO, PROPACTO, SINAPI, por exemplo) para orçar todos ou alguns serviços.

Apenas uma obra afirmou que sua empresa não possui nenhum certificado de qualidade. As demais obras afirmaram que suas empresas possuem certificados de qualidade: duas possuem apenas a certificação ISO 9001, duas possuem as certificações ISO 9001 e PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat), uma possui apenas a certificação PBQP-H e uma possui a certificação SISQUALIT e está implementando a ISO 9001.

Todas as obras pesquisadas são residenciais (edificações multifamiliares) e possuem/possuirão, em média, 30 pavimentos.

4 COMPOSIÇÕES DE PREÇOS UNITARIOS (CPUs) As Composições de Preço Unitário têm por objetivo expressar numericamente a produtividade, a quantidade de insumos e o preço unitário de cada serviço.

Segundo Tinoco (2008), a formação do preço de um serviço é elaborada a partir da descriminação minuciosa dos procedimentos técnicos, da mão-de-obra, dos materiais, quantidades por unidade de medida, inclusive incidência de taxas e obrigações legais, fiscais e trabalhistas.

A composição de custo unitário é formada pela quantidade de hora que se leva para realizar cada serviço e a quantidade de insumos utilizados no mesmo.

Por insumos entende-se que sejam todos os custos e despesas que compõem o preço do serviço, tanto de materiais quanto de mão-de-obra e equipamentos que foram usados para a execução daquele serviço.

As unidades do serviço devem ser definidas em conformidade com a Planilha Orçamentária do empreendimento (obra), que, por sua vez, é elaborada em função das Especificações de Serviços e dos Projetos (arquitetura, estrutural, instalações e complementares), que permitem a quantificação desses serviços.

Uma maneira de se obter os indicadores de consumo é por meio de apropriação de serviços in loco. Entende-se como apropriação toda apuração dos serviços executados, observando e medindo a produtividade da mão-de-obra e os consumos de materiais e equipamentos. Essas informações devem servir como base para as composições de custo unitário utilizadas nos orçamentos e planejamentos de custo das obras.

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5 ANÁLISE DE RESULTADOS: COMPARAÇÃO OBRA x TCPO

5.1 Contra piso A Tabela 1 apresenta os valores apropriados em quatro obras para o serviço contra piso, bem como os valores constantes na CPU do TCPO (PINI, 2008) para o serviço de “Regularização sarrafeada de base para revestimento de piso com argamassa de cimento e areia sem peneirar, traço 1:3, e = 3 cm – unidade: m2”, composição esta utilizada pelos orçamentistas das empresas pesquisadas quando utilizam as composições do TCPO em seus orçamentos.

Tabela 1 – CPU para o serviço “Contra piso – m2”

Serviço: Contra piso Unidade: m2 Mão-de-Obra Unid. TCPO Obra A Obra B Obra C Obra D

Pedreiro h 0,25 0,30 0,32 0,734 0,50 Servente h 0,55 0,30 0,32 0,49 0,33

Material Unid. TCPO Obra A Obra B Obra C Obra D

Cimento kg 14,58 10,89 11,11 12,23 10,88 Areia m³ 0,0366 0,047 0,051 0,055 0,049

Com relação aos valores apropriados nas obras, observa-se que existem discrepâncias de consumo, tanto para a mão-de-obra quanto para os materiais.

No que diz respeito à mão-de-obra, as apropriações pertinentes ao pedreiro (média de 0,46 h) estão, aproximadamente, 84% acima do consumo recomendado pelo TCPO, enquanto que as apropriações pertinentes ao servente (média de 0,36 h) estão, aproximadamente, 34% abaixo do consumo recomendado pelo TCPO.

Quanto aos materiais, as apropriações pertinentes ao cimento (média de 11,28 kg) estão, aproximadamente, 23% abaixo do consumo recomendado pelo TCPO, enquanto que as apropriações relativas à areia (média de 0,050 m3) estão, aproximadamente, 37% acima do consumo recomendado pelo TCPO.

Essas discrepâncias podem ser melhor visualizadas através das figuras de 1 a 4.

00,10,20,30,40,50,60,70,8

Obra A Obra B Obra C Obra D MédiaObras

TCPO

Figura 1 – Apropriações in loco x TCPO do insumo pedreiro (contra piso)

+ 84%

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0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Obra A Obra B Obra C Obra D MédiaObras

TCPO

Figura 2 – Apropriações in loco x TCPO do insumo servente (contra piso)

02468

10121416

Obra A Obra B Obra C Obra D MédiaObras

TCPO

Figura 3 – Apropriações in loco x TCPO do insumo cimento (contra piso)

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

Obra A Obra B Obra C Obra D MédiaObras

TCPO

Figura 4 – Apropriações in loco x TCPO do insumo areia (contra piso)

5.2 Alvenaria de ½ vez. A Tabela 2 apresenta os valores apropriados em duas obras para o serviço alvenaria de ½ vez, bem como os valores constantes na CPU do TCPO (PINI, 2008) para o serviço de “Alvenaria de vedação com tijolo cerâmico furado 9 x 19 x 19 cm, juntas de 12 mm com argamassa mista de cimento, cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:2:8,

- 34%

- 23%

+ 37%

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espessura da parede 9 cm – unidade: m2”, composição esta utilizada pelos orçamentistas das empresas pesquisadas quando utilizam as composições do TCPO em seus orçamentos.

Tabela 2 – Composição para o serviço “alvenaria de ½ vez – m2”

Serviço: Alvenaria de ½ vez, com tijolos cerâmicos de 8 furos, traço 1:2:8

Unidade: m2

Mão-de-Obra Unidade TCPO Obra C Obra D

Pedreiro h 1,00 0,55 0,68 Servente h 1,12 0,55 0,68

Material Unidade TCPO Obra C Obra D

Blocos cerâmicos (9 x

19 x 19) cm

un 27 25,10 33,25

Cal kg 2,184 1,24 1,51 Areia m³ 0,01464 0,0495 0,06

Cimento kg 2,184 3,09 3,78

Relacionando os consumos apropriados nas obras com os consumos recomendados pelo TCPO, percebe-se que os valores apropriados para a mão-de-obra (pedreiro e servente) estão abaixo dos recomendados pelo TCPO (2008): aproximadamente 38% para o pedreiro (média de 0,62 h) e 45% para o servente.

Quanto aos materiais, as apropriações pertinentes aos blocos cerâmicos (média de 29 un), à areia (média de 0,055 m³) e ao cimento (média de 3,44 kg) estão, aproximadamente, 7%, 276% e 58%, respectivamente, acima do consumo recomendado pelo TCPO, enquanto que as apropriações relativas à cal (média de 1,38 kg) estão, aproximadamente, 37% abaixo do consumo recomendado pelo TCPO.

Essas discrepâncias podem ser melhor visualizadas através das figuras de 5 a 7.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Pedreiro Servente

Obra CObra DMédia ObrasTCPO

Figura 5 – Apropriações in loco x TCPO da mão-de-obra (alvenaria ½ vez)

- 45% - 38%

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0

5

10

15

20

25

30

35

Blocos

Obra CObra DMédia ObrasTCPO

Figura 6 – Apropriações in loco x TCPO dos blocos (alvenaria ½ vez)

0

0,5

11,5

22,5

3

3,54

Cal Cimento

Obra C

Obra D

Média Obras

TCPO

Figura 7 – Apropriações in loco x TCPO da cal e do cimento (alvenaria ½ vez)

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

Areia

Obra C

Obra D

Média Obras

TCPO

Figura 8 – Apropriações in loco x TCPO da areia (alvenaria ½ vez)

5.3 Montagem de Armadura de Laje O serviço de montagem de armadura de laje foi apropriado em três obras. Os valores de consumo dos insumos apropriados, bem como os consumos recomendados pelo TCPO (2008) para este serviço estão apresentados na Tabela 3.

+ 7%

+ 58% - 37%

+ 277%

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Tabela 3 – Composição para o serviço Montagem de Armadura de Laje

Serviço: Montagem de Armadura em Laje Unidade: kg Mão-de-Obra Unid. TCPO Obra C Obra D Obra F

Armador h 0,031 0,049 0,035 0,071 Ajudante h -- 0,196 0,141 0,071

Comparando os resultados obtidos nas apropriações e os recomendados pelo TCPO para esse serviço, constata-se que o TCPO apresenta um consumo inferior para o insumo armador e não apresenta o insumo ajudante.

Essas discrepâncias podem ser melhor observadas através da Figuras 9.

00,020,040,060,08

0,10,120,140,160,18

0,2

Armador Ajudante

Obra CObra DObra FMédia ObrasTCPO

Figura 9 – Apropriações in loco x TCPO da mão-de-obra (montagem de armadura de laje)

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados obtidos durante a pesquisa confirmam que os valores existentes no TCPO não representam a realidade dos consumos efetuados nos canteiros de obras pesquisados, verificando-se discrepâncias tanto no quantitativo de consumo quanto na existência ou não de insumos dentro de uma determinada composição.

Independente do tamanho dessas divergências, as empresas construtoras da grande João Pessoa, que utilizam o TCPO como base para a elaboração de seus orçamentos, correm um sério risco de obterem resultados distantes dos seus verdadeiros consumos e, conseqüentemente, podem comprometer o planejamento financeiro dessas empresas, resultando, na maioria das vezes, em orçamentos acima da realidade e imóveis com valores não competitivos.

Também pôde-se observar, durante as apropriações in loco, que, além da divergência dos valores dos indicadores de consumo, existem métodos e materiais diferentes para execução da mesma atividade, até mesmo em obras de uma mesma empresa.

Por fim, fica evidenciada a necessidade de que cada empresa gere seus próprios indicadores de consumo, compatíveis com a realidade de suas obras, haja vista essa ação incidir diretamente na apropriação correta de insumos e, conseqüentemente, no planejamento, controle e resultado financeiro final da obra.

+ 68%

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TINOCO, J. E. L. Composição de preços: recomendações básicas ao gestor de restauro. Olinda: Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada, 2008.

PINI. TCPO: Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos. 13. ed. São Paulo: PINI, 2008.

VALLE, E. F. de, HOCHHEIM, N. Análise de custos paramétricos em edificações não-residenciais do Oeste Catarinense. In: WORKSHOP DE DESEMPENHO DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS, 2006, Chapecó. Anais... Chapecó: UFSC, 2006.

AGRADECIMENTOS Ao CNPq e ao IFPB, pelo apoio financeiro recebido.