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Medeiros (2006) defende que o estabelecimento dos fins da educação é o ponto central para a compreensão do papel da escola no desenvolvimento da formação de cidadãos e cidadãs. Assim “(...) considera-se imprescindível avançar na perspectiva de que a emancipação dos indivíduos constitui-se em princípio e fim da educação.” (MEDEIROS, 2006, p. 567). No documentário Ilha das Flores percebemos como os seres humanos vivem uma vida indigna, onde seus direitos básicos não são atendidos. Como acreditar em emancipação dos indivíduos, quando nem os seus direitos básicos necessários à sobrevivência digna são realmente efetivados? Podemos chamá-los de cidadãos? Cidadãos que se alimentam do que foi considerado inadequado para os porcos. Assim, por não terem dinheiro e nem dono não são considerados cidadãos. Mas, o que é cidadania? Esse é um questionamento feito por Medeiros (2006, p. 566) e por Monteiro Júnior (2000, p. 77). Medeiros (2006, p. 566) nos diz que: “(...) Cidadania, para os brasileiros, constitucionalmente falando, quer dizer ter direitos aos direitos sociais, políticos e civis associados aos deveres, independente de cor, raça, religião e sexo.” Dando continuidade, Monteiro Junior (2000, p.78) afirma que a definição de cidadania é, “(...) do ponto de vista clássico, o pleno acesso dos indivíduos aos bens socialmente produzidos, bens aliás que não se restringem à produção material, mas que também dizem respeito às possibilidades de desenvolvimento humano (...).

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Texto sobre o documentário Ilha das Flores

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Medeiros (2006) defende que o estabelecimento dos fins da educao o ponto central para a compreenso do papel da escola no desenvolvimento da formao de cidados e cidads

Medeiros (2006) defende que o estabelecimento dos fins da educao o ponto central para a compreenso do papel da escola no desenvolvimento da formao de cidados e cidads. Assim (...) considera-se imprescindvel avanar na perspectiva de que a emancipao dos indivduos constitui-se em princpio e fim da educao. (MEDEIROS, 2006, p. 567).No documentrio Ilha das Flores percebemos como os seres humanos vivem uma vida indigna, onde seus direitos bsicos no so atendidos. Como acreditar em emancipao dos indivduos, quando nem os seus direitos bsicos necessrios sobrevivncia digna so realmente efetivados? Podemos cham-los de cidados? Cidados que se alimentam do que foi considerado inadequado para os porcos. Assim, por no terem dinheiro e nem dono no so considerados cidados. Mas, o que cidadania? Esse um questionamento feito por Medeiros (2006, p. 566) e por Monteiro Jnior (2000, p. 77). Medeiros (2006, p. 566) nos diz que: (...) Cidadania, para os brasileiros, constitucionalmente falando, quer dizer ter direitos aos direitos sociais, polticos e civis associados aos deveres, independente de cor, raa, religio e sexo. Dando continuidade, Monteiro Junior (2000, p.78) afirma que a definio de cidadania , (...) do ponto de vista clssico, o pleno acesso dos indivduos aos bens socialmente produzidos, bens alis que no se restringem produo material, mas que tambm dizem respeito s possibilidades de desenvolvimento humano (...). Podemos perceber as semelhanas nos conceitos de cidadania expressos pelos autores e tambm perceber quo longe os indivduos que vivem na Ilha das Flores esto distantes desses direitos que garantem um mnimo de desenvolvimento humano. Assim sendo, Monteiro Junior (2000, p. 79) afirma que (...) Na sociedade moderna, a primeira forma de cidadania concretiza-se com o estabelecimento dos chamados direitos fundamentais (...). Por isso, que no h cidadania para os indivduos que vivem na Ilha das Flores, pois seus direitos fundamentais que asseguram uma vida digna no so respeitados. E sua emancipao humana que decorrente do estabelecimento desses direitos renegada por no haver condies bsicas para a sua efetivao, pois (...) a educao um dos direitos sociais bsicos do cidado, da cidad. (MEDEIROS, 2006, p. 566) E, com certeza, eles no tm acesso a esse direito.A emancipao humana depende de uma educao voltada para esse princpio, longe dos interesses do capitalismo e da dominao social que acomete a sociedade. Habermas (1982) citado por Medeiros (2006) defende a emancipao humana como uma busca que leva a superao da condio de objeto no mundo e consequentemente, na construo do sujeito. O interesse emancipatrio coincide, portanto, com a conquista da autonomia e da liberdade humana. (MEDEIROS, 2006, P. 568)No documentrio Ilha das Flores podemos analisar uma frase conclusiva que se correlaciona com a discusso: O ser humano se diferencia dos outros animais pelo teleencfalo altamente desenvolvido, pelo polegar opositor e por ser livre. No entanto, Bobbio (2000, p. 33) defende (...) que necessrio o poder democrtico para garantir a existncia e a persistncia das liberdades fundamentais.. Assim, como no h cidadania para os indivduos do documentrio, h muito menos democracia. So escravos de um sistema que os oprime e rfos de um Estado que os renega. Bobbio (2000, p. 46) afirma que a democracia sustenta-se sobre a hiptese de que todos podem decidir a respeito de tudo. Os indivduos que vivem na Ilha das Flores no decidiram viver essa vida miservel e, no entanto, so considerados livres. Que liberdade essa? Onde so considerados democraticamente sem direitos, sem cidadania, so um nada. Mais uma vez, Bobbio (2000, p. 48) argumenta que (...) Mas como pode o governo responder se as demandas que provm de uma sociedade livre e emancipada so sempre mais numerosas, sempre mais urgentes, sempre mais onerosas? O autor defende que a partir do momento que o nmero de eleitores aumentou, as demandas dirigidas ao governo tambm aumentaram, e consequentemente, nenhum sistema poltico pode atender a todas as demandas de forma eficiente. Assim, cobre-se um santo e descobre-se outro. Mas, ser que a democracia no para todos? Por que alguns so atendidos e outros vivem em condies subumanas? Segundo Bobbio (2000, p. 46) (...) o projeto poltico democrtico foi idealizado para uma sociedade menos complexa que a de hoje. Stuart Mill (1977) citado por Bobbio (2000, p. 44) divide os cidados em ativos e passivos e esclarece que, em geral, os governantes preferem os segundos (pois mais fcil dominar sditos dceis e indiferentes), mas a democracia necessita dos primeiros. Ento, cidados da Ilha das Flores, rebelai-vos! A democracia prefere os cidados ativos. Lutemo-nos por nossos direitos. Mas, se eles no so considerados cidados, lutemos pela cidadania, pois como Monteiro Junior (2000, p. 80) afirmou (...) a cidadania no pode ser considerada como dada, mas como um processo de lutas e conquistas atravs da histria.