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Artigo - Acessibilidade Do Preso Ao Ensino Superior

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ACESSIBILIDADE DO PRESO AO ENSINO SUPERIOR

Alexsandro Batista Tavares Guimarães1 Ellen Grazielle Pereira Ramos2

RESUMO

Este artigo vem expor uma conjuntura educacional no seio do sistema criminal do Estado de Minas Gerais, mais especificamente em relação aos indivíduos que estão cumprindo pena privativa de liberdade, seja em regime fechado, semiaberto ou aberto. O foco está em saber, se o preso tem direito de acesso ao Ensino Superior, particular ou público. Foram feitas entrevistas, pesquisa de campo, e pesquisa documental na Penitenciária Teófilo Otoni e no Presídio Teófilo Otoni, ambos localizados nesta cidade de mesmo nome. Baseado nas informações socioeducativas e penais coletadas nesses sistemas prisionais, atualizados até junho de 2012, em que a quantidade de presos chega a oitocentos, todos maiores de idade, aliado aos estudos pela pesquisa bibliográfica, tem-se o entendimento de que a maior parte da população carcerária possui baixo nível de escolaridade (analfabetos ou com ensino fundamental incompleto).Entre os crimes cometidos percebe se com maior frequência estão circundados entre o tráfico de drogas, roubo e furto. Este artigo tem por fim, considerar a possibilidade do preso ter acesso ao Ensino Superior, mesmo que o direito exista por força de lei (Lei. 7.210/84). Fato é a existência do direito, mas, é necessário considerar os recursos disponíveis do Sistema Criminal local para realização de escoltas em caso de aulas presenciais, além da decisão do juiz da vara de execução penal competente. Palavras-chave: ensino superior, acessibilidade, ensino à distância, preso, sistema prisional, sistema criminal, ENEM.  

                                                                                                               1  Alexsandro Batista Tavares Guimarães, Oficial da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, Bacharel em Ciências Militares com ênfase em Defesa Social pelo Centro de Ensino e Graduação (CFO), Bacharelando em Direito pela Fundação Educacional do Nordeste Mineiro, FENORD.  2  Ellen Grazielle Pereira Ramos, Bacharel em Direito pela FENORD, Licenciada no curso de Letras pela FENORD.  

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ABSTRACT

This article has exposed a situation of education within the criminal justice system of the State of Minas Gerais, specifically in relation to individuals who are serving sentences of imprisonment, whether in a closed, half open or open. The focus is on whether the prisoner is entitled to have access to higher education, private or public. Interviews were conduted, field research and documentary research in the Penitentiary and a Prison of Teófilo Otoni City, both located in the city of the same name. Based on the information collected in these criminal workers and prison systems, updated through June 2012, when the amount reaches eight hundred prisoners, all of legal age, coupled with studies by the research literature, there is the understanding that most of the prison population is low educational level (illiterate or with incomplete primary education) and that the crimes most often are surrounded from drug trafficking, robbery and theft. This article, aims to consider the possibility of the prison to have access to higher education, even if the right exists by law (7.210/84). The right there, but it is necessary to consider the resources available to the Criminal System location for conducting escorts in case of classes, and the decision of the court judge responsible for criminal enforcement. Keywords: higher education, accessibility, distance education, prison, prisons, criminal justice system, ENEM.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como finalidade discutir e analisar a acessibilidade ao

Ensino Superior para aqueles que se encontram sentenciados pelo poder judiciário,

em regime fechado, aberto e semiaberto. Para favorecimento desse Direito

garantido ao cidadão (acesso à educação), os presidiários são amparados pela Lei

de Execução Penal nº 7.210 de 11 de julho de 1984.

Com o objetivo de analisar essa perspectiva social, foi realizado um estudo

por meio da pesquisa de campo. Foram entrevistados infratores dos presídios da

cidade de Teófilo Otoni/MG, e a partir disso, um estudo comparativo com a realidade

educacional do presidiário em Minas Gerais.

Como exposto no art. 5º da CF/88, que garante o direito à educação, a Lei de

Execução Penal (Lei n. 7210/1984) prevê o acesso à educação por parte do

sentenciado. O art. 126, §1°, incisos I e II (alterado pela lei n° 12.433/2011), afirma:

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

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Dessa forma o processo de ressocialização, que se configura num dos

objetivos do sistema prisional, vê, por meio da prática acadêmica, uma aliada na

inclusão social, qualificação profissional e bem-estar do preso.

No entanto, há os empecilhos no que tange o aspecto físico e recursos

financeiros para favorecer a prática do ensino superior nos presídios, bem com a

divulgação dos direitos dos sentenciados.

A conquista do Ensino Superior se torna abrangente aos cidadãos nas

últimas décadas, quais sejam: os cursos de extensão e EAD (Educação à Distância),

as políticas públicas de acesso às universidades públicas (ENEM – Exame Nacional

do Ensino Médio) e particulares (PROUNI – Programa Universidade para Todos),

que oportunizam a democratização do profissional no país. Há a garantia da

educação em todas as vertentes sociais.

Faz-se mister questionar, todavia, o direito à educação àqueles que,

restringidos da liberdade devido a prática de atos ilícitos, devem ter acesso ao

ensino superior, possibilitando ao preso as habilidades e competências para a

prática profissional e busca da cidadania no meio social.

No intuito de buscar dados quantitativos acerca do tema proposto, foi

realizada uma pesquisa de campo e documental na penitenciária e no presídio da

cidade de Teófilo Otoni, onde foram feitos levantamentos sobre o nível educacional

e as condições físicas e econômicas para a garantia do Ensino Superior nos

presídios da cidade supracitada.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIREITO PENAL E A LEI DE EXECUÇÃO PENAL NO BRASIL

Segundo MIRABETE (2003), na época da colonização do Brasil, entre os

índios, a ideia de Direito Penal resumia-se ao direito costumeiro (vinganças privada

e coletiva, e o talião), mas estava em vigor nesse período, e sem sofrer influência

das práticas punitivas tribais, as Ordenações Afonsinas (até 1512) e Manuelinas (até

1569), que em seguida passou-se para as Ordenações Filipinas, cujo direito penal

refletia-se dos tempos medievais em que os crimes eram confundidos com o

pecado.

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Passados os períodos da Independência e da proclamação da República,

em janeiro de 1942 entra em vigor o Código Penal (Decreto-lei nº 2.848, de

07/12/1940), que ainda é nossa legislação penal fundamental. Este foi reformado,

em sua Parte Geral, por meio da Lei nº 7.209/84, pelo resultado de um influxo liberal

e de uma mentalidade humanista em que se procurou, segundo MIRABETE (2003),

criar novas medidas penais para os crimes de pequena relevância penal, evitando-se o encarceramento de seus autores por curto lapso de tempo. Respeita a dignidade do homem que delinquiu, tratado como ser livre e responsável, enfatizando-se a culpabilidade como indispensável à responsabilidade penal.

Segundo SANTIAGO (2007)1, o Direito Penal constitui um dos ‘meios de

controle social’, ao lado da família, da escola, da profissão e dos grupos sociais, nas

sociedades atuais, e tende a evitar determinados comportamentos sociais

considerados indesejáveis, especialmente os perigos (delitos), e o Direito Penal

recorre, para isso, à ameaça de imposição de distintas sanções caso tais condutas

sejam realizadas. E MIRABETE (2007) completa ao afirmar que a aplicação das

disposições penais são justificadas quando meios menos incisivos, como os de

Direito Civil ou Direito Público, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos

bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade,

patrimônio, costumes, paz pública etc).

Pode-se dizer, assim, que o fim do Direito Penal é a proteção da sociedade

e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos, mas para a aplicação do Direito

Penal é preciso lançar mão de outra ciência, a do direito processo penal, em que se

prevê a forma de realização e aplicação da lei penal, tornando efetiva sua função de

prevenção e repressão dos crimes.

A execução da pena propriamente dita é regida pela Lei nº 7.210, de 11 de

julho de 1.984, que institui a Lei de Execução Penal e em seu primeiro artigo já traz

seu objetivo: “Art. 1º - a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de

sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração

social do condenado e do internado”.

                                                                                                               1  SANTIAGO,  Mir  Puig.  Direito  Penal:  fundamentos  e  teoria  do  delito.  São  Paulo:  Editora  Revista  dos  Tribunais,  2007,  p.  33.  

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Conforme NUCCI (2011)1, “trata-se da fase do processo penal, em que se

faz valer o comando contido na sentença condenatória penal, impondo-se,

efetivamente, a pena privativa de liberdade, a pena restritiva de direitos ou a

pecuniária”.

Segundo NUCCI (2011, p. 1003), se o sentenciado for condenado a cumprir

pena privativa de liberdade, apenas se restringe seu direito de ir e vir, conservando-

se todos os outros direitos individuais como a integridade física, o patrimônio, a

honra, a liberdade de crença e culto, entre outros. E dentre os direitos do preso

elencados no art. 41 da Lei de Execução penal, tem-se a assistência educacional

(inciso VII).

3 PERFIS GERAIS DOS SETENCIADOS NO BRASIL

O Brasil configura-se em uma sociedade formada, em sua maioria, por

indivíduos das classes “D” e “E”. Segundo GARRIDO (2002, p. 20), “A origem da

desigualdade social no Brasil é política”. Já MARTINS apud GARRIDO (2002, p. 20),

afirma ainda que “O crescimento econômico não é nem suficiente nem necessário

para eliminar a pobreza. Já vimos períodos de intenso crescimento econômico sem

diminuição da desigualdade”.

Apesar de FOUCAULT2 (2004) dizer em sua obra “Vigiar e Punir” que “só a

educação pode servir de instrumento penitenciário”, MESQUITA JÚNIOR (1999)3

vem trazer outra explicação, mais realista, em relação à assistência educacional

prestada ao preso:

A instrução, normalmente deficiente no presídio, visa atender a maior população carcerária, a de analfabetos. É necessária a instrução, mas efetivá-la, com todas as eficiência que poderá proporcionar, é quase impossível, em face da grande diferença de nível educacional entre os condenados.

Vê-se na educação uma das práticas voltadas não só para a aquisição do

saber em diversas áreas do conhecimento, mas também um processo de integração                                                                                                                1  NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e execução. 8. Ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011, p. 997.  2  FOUCAULT, Michael. Vigiar e Punir. 29. Ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2004, p. 224.  3  MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Manual de execução penal: teoria e prática: de acordo com a lei nº 9.714/98. São Paulo: Atlas, 1999, p. 87.  

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às práticas de cidadania, à profissionalização valorizando o convívio em várias

vertentes sociais, além de elevar os níveis de desenvolvimento humano no território

brasileiro.

Conforme o SindUTE:

Os dados publicados no parecer do Conselho Nacional de Educação que aprova as diretrizes para a educação em prisões demonstram que 11,8% dos presos são analfabetos. Mas a principal deficiência na formação refere-se ao ensino fundamental: 66% da população carcerária não o concluiu. Também chamam atenção os dados referentes ao perfil etários dos presos: 73,83% são jovens, com idade entre 18 e 34 anos. Um vídeo exibido durante o Seminário, com animações e dados consolidados pelo Ministério da Justiça em 2006, elucidou outros aspectos do perfil da população prisional brasileira: dos cerca de 470 mil presos no país, 95% está na faixa dos considerados ‘pobres ou muito pobres', 65% são negros, dois terços cometeram crimes sem ato de violência, apenas 8,9% cometeram homicídios e a taxa de reincidência dos presos libertados em crimes fica entre 50% e 80%.

É necessário salientar alguns dados sobre a situação desse perfil levando

em consideração a cútis, pois a maioria dos presos é de cútis preta e parda, são

jovens e os crimes mais cometidos são furto e roubo, conforme TAB. 1 abaixo:

Tabela 1. Perfil dos presos no Estado de Minas Gerais

CRIMES TOTAL DE PRESOS NO ESTADO 18494 Homicídio 4011 22% Furto 8625 47% ESCOLARIZAÇÃO (Jun/12) Roubo 8341 45% ANALFABETOS 1503 8% Tráfico de drogas 7799 42% ENSINO MÉDIO COMPLETO 2688 15% OUTROS (15 CRIMES)

100 1% SUPERIOR COMPLETO 141 1%

CÚTIS FAIXA ETÁRIA

BRANCA 12878 31% 18 a 29 24458 56% PRETA E PARDA 29267 69% 30 a 45 15784 36%

46 a 60 2643 6% Mais de 60 448 1% TEMPO DA PENA DOS PRESOS

Até 04 anos 7303 39% De 04 a 08 anos 3934 21% De 08 a 15 anos 4034 22% Fonte: INFOPEN (dados atualizados até jun/2012)

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No Estado de Minas gerais, a pesquisa se mostrou equiparada ao perfil geral

do país, tendo como principal delito o furto, a seguir roubo e tráfico de

entorpecentes. A diferença se constata quanto ao nível de escolaridade quanto à

incidência criminal, pois não se tratam de analfabetos, visto que cerca de 15%

possuem o Ensino Médio Completo.

4 Perfis dos sentenciados na cidade de Teófilo Otoni/MG

O trabalho em pauta vem demonstrar a situação educacional dos

sentenciados na cidade de Teófilo Otoni, portanto deve se fazer algumas ressalvas

quanto aos dados da pesquisa. No território, o furto é o crime de maior incidência

seguido de roubo e na mesma proporção homicídio.

Tanto o perfil nacional quanto o estadual, a maior prática ilícita após furto e

roubo é tráfico por entorpecente, todavia, pode-se não precisar as motivações do

homicídio. Outro dado de extrema importância na análise do município é o nível

educacional desses sentenciados, que é composto por uma maioria de analfabetos,

distinguindo assim dos padrões do Estado.

Os dados foram obtidos na Penitenciária de Teófilo Otoni, além no presídio

da cidade. A penitenciária possui capacidade para 300 presos e atualmente não

possui vagas. Inaugurada em 1981, a instituição de 37 anos possui cursos

profissionalizantes e trabalho assalariado. Há escola e professores (no total 11

educadores) bem como amplo acerco bibliotecário. Quanto ao nível educacional, 7%

são analfabetos e 4% possuem Ensino Médio Completo. Nenhum sentenciado

cursou a faculdade.

No ano de 2011, segundo o Diretor Dr. Armando Amorim da Penitenciária

Teófilo Otoni, oito detentos realizaram a prova do Enem, a fim de garantir o acesso

ao Ensino Superior, todavia nenhum obteve a média necessária.

O presídio da cidade possui 240 vagas, sendo que há 500 detentos no

ambiente prisional. Inaugurado em 2008, não há cursos profissionalizantes, escola

ou biblioteca. Dos presos, 7% são analfabetos e 3% possuem Ensino Médio

Completo. Nenhum preso realiza curso de nível superior.

Em 2011, conforme o Diretor do Presídio Juscelino Soares Martins, trinta e

seis presos fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio como conclusão do Ensino

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Médio e acesso à faculdade. Nenhum alcançou a nota de corte para o acesso ao

ensino superior. Apresenta na TAB.2, o perfil dos presos de Teófilo Otoni.

Tabela 2. Perfil dos presos no Município de Teófilo Otoni.

ENQUADRAMENTOS QUANTIDADE PERCENTUAL Homicídio 151 17% Furto 190 21% Roubo 149 17% Tráfico de drogas 136 15% OUTROS (15 CRIMES) 100 11%

CÚTIS BRANCA 174 22% PRETA E PARDA 611 76%

ESCOLARIZAÇÃO (Jun/12) ANALFABETOS 20 7% ENSINO MÉDIO COMPLETO 11 4% FAIXA ETÁRIA 18 a 29 505 63% 30 a 45 223 28% 46 a 60 45 Mais de 60 15

TOTAL DE PRESOS EM TEÓFILO OTONI 800

Fonte: INFOPEN (dados atualizados até jun/2012) 5 EDUCAÇÃO E FATORES SOCIOECONOMICOS: UMA QUESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Segundo HENRIQUES (2002, p.13), “a pobreza, aflige cerca de 34% da

população, que corresponde a 53 milhões de brasileiros pobres (...). A desigualdade

no território compreende tanto fatores sociais, econômicos como também raciais”. O

autor esclarece ainda que:

A pobreza no Brasil tem cor. A pobreza no Brasil é negra. Nascer negro no Brasil está relacionado a uma maior probabilidade de crescer pobre. A população negra concentra-se no segmento de menor renda per capita da distribuição de renda do país. Considerando os centésimos da distribuição de renda brasileira, observamos que de cada dez pessoas no segmento mais pobre da distribuição de renda, oito são negros. (HENRIQUES, 2002).

A desigualdade está em grande medida associada à desigualdade na

distribuição da educação no país. Em entendimento semelhante, no prefácio da obra

de HENRIQUES (2002), Sueli Carneiro ressalta: “entre os fatores de reprodução

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das desigualdades raciais, a educação ocupa lugar privilegiado pelo peso decisivo

que ela tem.”

Henriques salienta que o peso relativo dos níveis de mais baixa escolaridade

é maior entre os negros do que entre os brancos e, além disso, na medida em que

se avança para níveis superiores de escolaridade, os negros perdem posições

relativas frente aos brancos. Uma das mudanças em favorecimento ao negro no país

é a política pública de cotas raciais nas universidades federais brasileiras. Um

recurso para dirimir as diferenças existentes, não só no plano racial, mas no aspecto

econômico e social da nação.

A partir dos dados obtidos acerca da escolaridade do preso no município de

Teófilo Otoni, bem como no Estado de Minas Gerias, pode-se perceber que a

educação é um fator estritamente vinculado a as práticas sociais do indivíduo, capaz

de garantir a formação da cidadania, construindo um sujeito agente em seu meio,

seja através de fatores políticos, culturais, religiosos, morais, financeiros, dentre

outros. É enfim, o desenvolvimento do indivíduo de forma plena e satisfatória em

sociedade.

Contudo, se a educação não abrange a todos os indivíduos, obter um nível

elevado desse ser no contexto da relação socioeconômica e cultural será um fator

negativo para desenvolvimento do país e dos indivíduos.

Há tempos antigos os detentores do saber eram aqueles que possuíam um

elevado padrão econômico, com prestigio na sociedade e, sobretudo nas mãos dos

homens, às mulheres cabiam apenas o papel domiciliar. Esse foi o contexto

vivenciado por décadas.

Ressalta-se que o país favorece o cidadão com as novas políticas públicas

voltadas para o acesso ao ensino, como por exemplo, por meio do Projeto

Universidade para Todos (PROUNI), o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o

sistema de cotas sociais e raciais e das extensões das universidades e cursos à

distância, presenciais ou semipresenciais.

Assim, Waitz e Arantes (2010) descrevem de forma nítida esse processo:

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A ditadura chega ao fim em 1985, mas deixa como legado as condições materiais e ideológicas necessárias para a continuidade e aprofundamento de nossa inserção subordinada e dependente no capitalismo internacional em todas as esferas, inclusive a educação em todos os seus níveis, entre eles o superior. Por outro lado, nunca na história do país foram abertas tantas universidades particulares como nos anos 80 e 90. Expansão impulsionada pelas políticas de isenção fiscal para os empresários da educação. (...) o projeto de reforma do estado brasileiro faz parte de um projeto mundial do neoliberalismo, que pretende introduzir nas funções públicas os valores e critérios do mercado, disseminando a idéia de que todos devem pagar pelo que recebem. Por outro lado, através dessas reformas, o ensino superior ficou mais acessível à população como um todo, amenizando a elitização que percorreu toda a história da educação neste país.

Deste modo, a educação se desenvolve, como ressalta Ricardo Henriques,

conforme avançamos no ciclo educacional e, portanto, conforme aumentam os

desafios e complexidades do sistema escolar, constatamos a tendência de

ampliação das distâncias entre crianças e jovens brancos e crianças e jovens

negros, independente dos progressos universais identificados na década de 90.

O crescimento da educação em ensino superior aumentou de tal maneira

que a tecnologia foi mais um achado para colaboração da educação, uma vez que a

distância não se torna mais um problema, mais um obstáculo para aqueles que

desejam se engajar no ensino superior, assim sendo possível com a EAD. Como

bem define SOTO (2009):

(...) termo EAD é entendido como Educação a Distância, agrega-se nele uma visão sociointeracionista, destacando o processo de ensino-aprendizagem, o estudante e a construção compartilhada do conhecimento, possível pelas interações dialógicas entre os diferentes participantes desse processo. O emprego da expressão ensino a distância despreocupa-se com a aprendizagem do aluno. O que existe na educação a distância virtual é a possibilidade da sala de aula e não ela em si. O ambiente virtual de aprendizagem, que representa a sala de aula on-line, é um conjunto de interfaces, ferramentas e estruturas decisivas para a construção da interatividade e da aprendizagem (...)

Nesse mesmo entendimento GARRIDO (2002):

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A democratização do acesso e a garantia de não evasão e de conclusão do curso superior dependem de políticas de inclusão social, de distribuição de renda, de erradicação da indigência e da pobreza que afetam mais de metade dos brasileiros, e de prévia democratização do acesso a (e de conclusão de) um ensino médio de alto nível. O treinamento profissional permanente será a primeira indústria do mundo nas próximas três décadas, valendo-se, cada vez mais, de recursos on-line e, cada vez menos, de recursos tradicionais. A liberdade de escolha e de elaboração de um projeto próprio de carreira depende muito mais do conhecimento das influências recebidas do que da sua ausência.

6 ENEM: FORMA DE INGRESSO DO PRESO AO ENSINO SUPERIOR

O ENEM foi criado em 1999 pelo Ministério da Educação no Governo do

Presidente Fernando Henrique Cardoso e sua inicial era avaliar o nível de ensino

das escolas públicas de nível médio. Somente dois anos após sua criação, como

marco histórico do ENEM, foi ter conseguido atingir a marca de um milhão de

inscritos, conseguido após uma campanha de massa feita pelo Governo Federal1.

Segundo matéria encontrada no sítio enem.info2, em 2009 o ENEM passou por uma grande reformulação:

As notas obtidas no Exame, através da criação do SISU, que é o Sistema de Seleção Unificada, começaram a ser usadas como forma de ingresso nas Universidades Federais. O ENEM passou a ser utilizado como forma de pontuação do Programa Universidade Para Todos – PROUNI e substituiu o antigo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos – ENCCEJA, para pessoas que não haviam concluído o ensino médio.

Segundo o enem.info, em outra parte de seu sítio3, em 2012 houve recorde

de inscrições comparado com as edições anteriores do ENEM. Foram

aproximadamente seis milhões de candidatos.

É nesse ínterim que são contemplados os sentenciados do poder judiciário.

Já consta em vários artigos e matérias jornalísticas que indivíduos que cometeram

delitos penais também podem fazer o exame do Enem, como se verifica a seguir:

                                                                                                               1  História do ENEM. (S.I), 21 jan. 2012. Disponível em <http://www.enem.info/enem/historia-do-enem.html>. Acesso em 13 jul. 2012.  2  Idem.  3  http://www.enem.info/enem-2012/inscricoes-enem-2012-em-unidades-prisionais.html. Acesso em 13 jul. 2012.  

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Sete presos do Maranhão, que estão em regime semi-aberto, conseguiram pontuação, como excedentes, no ENEM. Conforme o coordenador geral de Educação do Sistema Prisional, João Lelis Matos, todos estão em regime semiaberto. 'Caso consigam ingressar, poderão estudar e trabalhar durante o dia e voltar à noite para a penitenciária', explicou. No município de Porto dos Gaúchos (663 Km a médio-norte de Cuiabá) o preso Clécio Teodoro Koblitz, 26, condenado a 15 anos de reclusão por homicídio qualificado, concluiu esta semana o curso superior em Gestão Financeira, na faculdade Facinter/Fater. (...) o preso que acaba de concluir o ensino superior disse que a conquista representou uma grande vitória em sua vida. “Antes de ser preso eu nunca tinha sonhado com essa possibilidade de ter um curso superior e achava que nunca seria capaz de conseguir esse feito, porém mesmo de dentro da cadeia eu consegui realizar esse sonho”, afirmou1.

Depoimento interessante foi do preso por tráfico de drogas, Jackson Santos

de Queiroz, de 39 anos. Condenado a 15 anos e dois meses de reclusão: “Acredito

que tudo começa com a educação. Hoje percebo como eu era e como sou agora”,

disse Jackson. Hoje, Jackson está no 5º período do curso de pedagogia, pelo

EADCOM, e agrega aprendizado educacional numa evolução pessoal. Jackson

pretende dar continuidade aos estudos fazendo pós-graduação em psicopedagogia.

“Tenho a consciência de que serei sempre um ex-presidiário, entretanto, serei uma

pessoa que sairá do sistema qualificado, com capacitação em nível superior”,

enfatizou (CUIABANO, 2012)2.

MESQUITA JÚNIOR (1999, p. 89) vem robustecer e dar validade ao

depoimento do preso Jackson: “um curso superior é, sem dúvida, uma chave que

abre as portas do mercado de trabalho. Por tal razão, a educação de 3º grau é o

melhor caminho para a ressocialização do condenado”.

Entretanto, o caminho realizado pelo adulto privado de liberdade para se

inscrever e a data de realização do ENEM são diferentes dos candidatos em geral.

Em relação ao dia de realização da prova pelo preso, deve ser feito em dias úteis e

não em finais de semana, justamente para não afetar o direito do preso das visitas

íntimas e de sua família, e com isso também estaria evitando transtornos para a

administração penitenciária.

                                                                                                               1  Disponível em: <http://www.seap.ba.gov.br/index.php/125-internos-do-sistema-prisional-sao-aprovados-no-enemPatrocinados>. Acesso em: 13 jul. 2012.  2  Disponível em: <http://mteseusmunicipios.com.br/NG/conteudo.php?sid=44&cid=2610>. Acesso em: 22 jul. 2012.  

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Segundo o enem.info1, relativo ao ENEM 2012, o candidato (preso) deve

procurar o diretor pedagógico de sua unidade prisional e solicitar que este faça sua

inscrição que ocorrerá no período de 15 de outubro à 5 de novembro do corrente

ano exclusivamente pelo sítio do Instituto Nacional e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira, INEP (http://enem.inep.gov.br), e a prova, para o preso, será aplicada nos

dias 04 e 05 de dezembro deste ano, diferentemente dos candidatos em geral em

que realizaram a prova nos dias 03 e 04 de novembro de 2012.

O diretor pedagógico tem que informar o número da unidade prisional e o

número do CPF do preso e também informar se este necessita de algum

atendimento especial.

O enem.info2 ainda esclarece que por questão de segurança, nas unidades

prisionais onde serão aplicadas as provas do ENEM, por funcionários contratados

pelo INEP acompanhados por agentes penitenciários ou socioeducativos, devem ser

equipadas com instalações escolares, para evitar o deslocamento dos detentos para

realizar o Exame. Ainda segundo o enem.info3:

(...) no dia 4 de dezembro os candidatos realizaram provas com questões sobre Ciências humanas e suas tecnologias e Ciências da natureza e suas tecnologias. No dia 5 de dezembro as provas serão sobre Linguagens, Códigos e sua tecnologias, Matemática e suas tecnologias e prova de redação. (enem.info, 2012).

7 A LEI DE EXECUÇÃO PENAL Nº 7.210/84: ACESSO À EDUCAÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO

Diante do exposto, é de extrema importância trazer em pauta a

acessibilidade dos sentenciados pelo poder judiciário ao Ensino Superior, inclusive

através do Enem.

                                                                                                               1  Inscrições ENEM 2012 em Unidades Prisionais. (S.I), 09 out. 2012. Disponível em <http://www.enem.info/enem-2012/inscricoes-enem-2012-em-unidades-prisionais.html>. Acesso em 09 out. 2012.  2  Idem.  3  Idem.    

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14  

A lei nº 7.234 de 11 de julho de 1984, ampara esses indivíduos. Entende-se

que esta lei vem como incentivo à educação e forma de ressocialização do detento

ao ser novamente inserido na sociedade:

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio (…); § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância (…); § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, (…). § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, (…). (Lei n. 7.210/84).

A partir da análise da lei de execução penal, bem como a realidade

educacional dos presos, vê-se a necessidade da discussão acerca da

ressocialização do sentenciado através do ingresso ao ensino superior, pois há

direitos que lhe são concedidos através da Constituição Federal e Leis esparsas.

A inserção deste individuo na sociedade, após o cumprimento da sentença,

é motivo de grande preocupação. Afinal, como conviver com alguém que agiu de

forma ilícita, que transgrediu as normas do estado? Acredita-se que o infrator deve

ser punido de forma eficaz, justa e eficiente, pois uma vez “recuperado”, deverá

reincorporar-se à sociedade e agir conforme os ditames da lei.

No entanto, o que se tem comumente no Brasil, são instituições que não

cumprem o papel ressocializante. Ao contrário, nos veículos de comunicação o que

não falta são notícias de rebeliões, fugas e reincidências de delitos por indivíduos

que acabaram de sair do sistema prisional.

Enfim, o que seria necessário para a reintegração desse individuo na

sociedade, desprovido de estigmas de seu passado?

É através da educação que o mundo se transforma, que a vida evolui, que

os pensamentos são formados e a partir daí, atitudes são tomadas e o crescimento

individual e coletivo se perfaz. O sentenciado tem o direito à educação, como já

mencionado anteriormente.

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15  

Com o estímulo e divulgação dos meios de se alcançar o Ensino Superior,

os sentenciados não apenas se beneficiariam com a remição da pena, esse seria

um “efeito colateral”, mas sim com o benefício de sair com uma profissão, o que lhe

proporcionaria melhores oportunidades de trabalho. Sua vida não teria ficado

suspensa com o cumprimento da pena, ela continuaria, através do estudo e assim

como toda pessoa com uma perspectiva de trabalho, salário e respeito pela

sociedade.

Sabe-se que o sentenciado pode cursar o Ensino superior tanto

presencialmente como ao Ensino Superior à Distância, dependo apenas de sua

escolha e das formalidades necessárias para a matricula e frequência no curso

escolhido.

Pensamento semelhante apresenta-se na publicação:

A melhor interpretação que se deve dar à lei é aquela que mais favoreça a sociedade e o preso, e por aqui não é possível negar que a dedicação rotineira deste ao aprimoramento de sua cultura por meio do estudo contribui decisivamente para os destinos da execução, influenciando de forma positiva em sua (re)adaptação ao convívio social. Aliás, não raras vezes o estudo acarretará melhores e mais sensíveis efeitos no presente e no futuro do preso (...) do que o trabalho propriamente dito. Tanto quanto possível, em razão de seus inegáveis benefícios, o aprimoramento cultural por meio do estudo deve constituir um objetivo a ser alcançado na execução penal, e um grande estímulo na busca deste ideal é a possibilidade de remir a pena privativa de liberdade pelo estudo. Marcando definitivamente seu posicionamento a respeito, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 341, que tem a seguinte redação: “A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semiaberto. (Revista Consultor Jurídico, 2011)1.

Com o estímulo e divulgação dos meios para se alcançar o Ensino Superior,

os sentenciados não apenas se beneficiariam com a remição da pena, esse seria

um “efeito colateral”, mas sim com o beneficio de sair com uma profissão, o que lhe

proporcionaria melhores oportunidades de trabalho. A vida dessas pessoas não teria

ficado suspensa com o cumprimento da pena, continuaria, através do estudo e

assim como todo cidadão com uma perspectiva de trabalho, salário e respeito pela

sociedade.

                                                                                                               1  Disponível em <http://www.conjur.com.br/2011-jul-12/remicao-pena-estudo-aplicavel-condenado-crime-hediondo>. Acesso em 13 jul. 2012.  

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Sabe se que o sentenciado pode cursar o Ensino Superior tanto de forma

presencial quanto à distância, mas dependerá do regime de cumprimento de pena,

da estrutura da penitenciária/presídio e se há homologação do Poder Judiciário,

ouvida a Administração Penitenciária.

MESQUITA JÚNIOR (1999, p. 91) vem esclarecer que “se o Estado não

possibilita a assistência educacional no âmbito do 3º grau, o condenado terá direito a

frequentar, em qualquer local, mesmo que fora do estabelecimento, e em qualquer

regime, o curso superior a que esteja habilitado”.

CONCLUSÃO

Após realizada a pesquisa de campo acerca do perfil do sentenciado,

demonstrando o percentual dos crimes cometidos, faixa etária e grau de

escolaridade, bem como sua situação socioeconômica, constatou-se que é pouca a

participação do preso na realização das provas do ENEM com foco no ingresso ao

Ensino Superior, pois, como se viu, grande parte da massa carcerária ou é

analfabeta ou possui ensino fundamental incompleto. A educação, apesar de

acessível, torna-se distante e quase inatingível no sistema prisional, seja por falta de

informação ou de estímulo aos indivíduos em que em um momento de sua vida

cometeram delitos e tiveram sua liberdade privada, e que ao possuí-la novamente

não estará preparado para enfrentar a sociedade que ainda é preconceituosa e

devido à diversos fatores, os egressos acabam por voltar à criminalidade por falta

principalmente de conhecimento, educação, instrução. E esse despreparo intelectual

não é por falta de oportunidade de se estudar, mas abrange um contexto maior em

que impera no Brasil a desigualdade social (miséria), corrupção e desvio de recursos

públicos.

Pelo que se verifica, mesmo o cidadão na condição de encarcerado, ainda

sim tem oportunidade de estudar e atingir o nível superior de ensino.

Ao fazer uma análise crítica deste estudo, observa-se que há a necessidade

de ações políticas não somente que favoreçam o acesso do sentenciado ao ensino,

mas haver investimentos, sem desvio do erário, na educação pública da população

em geral, pois o nível de escolaridade dos presos detectado por esta pesquisa é

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indicativo de que a sociedade, principalmente a de baixa renda, não possui

educação de qualidade.

Portanto, nas palavras de FOUCAULT (2004, p. 223) em que diz que “A

questão do encarceramento penitenciário é uma questão de educação”, é que se

conclui que por meio do acesso à educação, em seus mais diversos níveis e formas,

é que o indivíduo preso conseguirá realmente se ressocializar.

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