44
RESPONSABILIDADES CIVIS, TRIBUTÁRIAS E PENAIS DO ADMINISTRADOR/EMPRESÁRIO Ana Carolina Cezimbra de Oliveira Graduanda em Administração E-mail: [email protected] Higor Kalliano Fernandes Queiroz de Souza Professor Orientador, Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Pós-graduado pela Fundação Escola Superior do Ministério do Rio Grande do Norte, Professor das Pós Graduações em Ciências Forenses, Gestão Pública Ambiental, Libras e Saúde Pública da Faculdade Estácio Ponta Negra. E-mail: [email protected] RESUMO Este artigo insere-se no campo do Direito Empresarial e tem como objetivo expor a legislação que rege o profissional da Administração no exercício da profissão. É apresentado o estudo da responsabilidade do Administrador que é assunto de crescente interesse no meio jurídico, permitindo a formulação dos procedimentos adotados nas diversas áreas e a criação também da oportunidade de conhecer a legislação brasileira, servindo como parâmetro para administrar as organizações com responsabilidade, assim como serve de base para a busca do conhecimento aprofundado da função do administrador. O estudo inclui uma breve análise do Código de Ética dos Profissionais da Administração, bem como uma base teórica bem fundamentada para obter compreensão no estudo sobre a legislação empresarial brasileira, com base nas referências bibliográficas conforme segue: Coelho (2014), Brasil (2003, 2005, 2012 e 2014), Martins (2011) e CFA (2014). A metodologia utilizada no artigo foi uma revisão bibliográfica com o objetivo de analisar as questões legais e éticas da profissão e do profissional da Administração, especialmente no setor privado que abrange pequenas, médias e grandes empresas particulares. Considerando a literatura analisada, concluiu-se 1

ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Responsabilidades Civis, Tributárias e Penais do Administrador/Empresário

Citation preview

Page 1: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

RESPONSABILIDADES CIVIS, TRIBUTÁRIAS E PENAIS DO ADMINISTRADOR/EMPRESÁRIO

Ana Carolina Cezimbra de OliveiraGraduanda em Administração

E-mail: [email protected] Kalliano Fernandes Queiroz de Souza

Professor Orientador, Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Pós-graduado pela Fundação Escola Superior do Ministério do Rio Grande do Norte,

Professor das Pós Graduações em Ciências Forenses, Gestão Pública Ambiental, Libras e Saúde Pública da Faculdade Estácio Ponta Negra.

E-mail: [email protected]

RESUMO

Este artigo insere-se no campo do Direito Empresarial e tem como objetivo expor a legislação que rege o profissional da Administração no exercício da profissão. É apresentado o estudo da responsabilidade do Administrador que é assunto de crescente interesse no meio jurídico, permitindo a formulação dos procedimentos adotados nas diversas áreas e a criação também da oportunidade de conhecer a legislação brasileira, servindo como parâmetro para administrar as organizações com responsabilidade, assim como serve de base para a busca do conhecimento aprofundado da função do administrador. O estudo inclui uma breve análise do Código de Ética dos Profissionais da Administração, bem como uma base teórica bem fundamentada para obter compreensão no estudo sobre a legislação empresarial brasileira, com base nas referências bibliográficas conforme segue: Coelho (2014), Brasil (2003, 2005, 2012 e 2014), Martins (2011) e CFA (2014). A metodologia utilizada no artigo foi uma revisão bibliográfica com o objetivo de analisar as questões legais e éticas da profissão e do profissional da Administração, especialmente no setor privado que abrange pequenas, médias e grandes empresas particulares. Considerando a literatura analisada, concluiu-se que as leis estão intrínsecas à atividade profissional do administrador, fazendo com que este assuma e responda por seus atos perante os steakholders e a sociedade, dando origem ao conceito de Responsabilidade Empresarial.

PALAVRAS-CHAVE:

Responsabilidade Empresarial, Direito Empresarial, Ética profissional.

ABSTRACT

This article falls within the field of business law and aims to expose the legislation governing the professional management of the profession. Study the responsibility of the Administrator who is the subject of increasing interest in the legal environment is presented, allowing the formulation of procedures adopted in different areas and also creating the opportunity to meet Brazilian law, used as benchmark for managing organizations with responsibility, so serves as the basis for the pursuit of deeper knowledge of the administrator’s function. The study includes a brief review of the Code of Ethics of Professional Management, as well as a well-

1

Page 2: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

grounded theoretical basis for understanding the study of the Brazilian corporate law, based on references as follows: Coelho (2014), Brasil (2003, 2005, 2012 and 2014), Martins (2011) and CFA (2014). The methodology used in the article was a literature review to analyze the legal and ethical issues of the profession and the professional administration, especially in the private sector that covers small, medium and large private companies. Considering the literature review, it was concluded that the laws are intrinsic to the occupation administrator, causing it to assume and answer for their actions before the steakholders and society, giving rise to the concept of Corporate Responsibility.

KEYWORDS:

Corporate Responsibility, Business Law, Professional Ethics.

INTRODUÇÃO

Atualmente, o curso de Administração é cada vez mais procurado e, com o passar do tempo, aumenta o número de profissionais especializados inseridos no mercado de trabalho. Muitos ingressam neste mercado conhecendo a fundo as áreas de Estratégia, Marketing, Gestão de Pessoas, Recursos Humanos, Finanças, Logística entre outras, mas durante a jornada acabam descobrindo que isso não é o suficiente e, por muitas vezes, precisam recorrer aos profissionais de outras áreas como contadores e advogados. Isso ocorre por não terem se aprofundado nas questões legais e normativas inerentes à área e que, também, são de sua responsabilidade.

Concebendo-se um mundo no qual a responsabilidade ainda é vista como uma vantagem competitiva pelas empresas destaca-se que são poucas as organizações que adotaram uma postura realmente ética diante de seus stakeholders. No entanto, a tendência é que isso, no futuro, deixe de ser diferencial para ser obrigação.

Nesse sentido, ganha a empresa que passar a investir em responsabilidade de todas as formas desde já. Afinal, não se tratam de instituições de caridade e sim de empresas que competem num mercado global, precisam conquistar e fidelizar clientes, além disso, dependem de resultados financeiros positivos. A responsabilidade deve fazer parte dos negócios de uma empresa, pois produz ganhos de imagem institucional e benefícios internos e externos para a organização.

Pesquisas revelam que a responsabilidade é um processo irreversível para todas as empresas.O papel do administrador é conscientizar as empresas para a importância da cidadania empresarial e, principalmente, ser o principal articulador dessa transformação, já que domina todos os processos e conhece, como ninguém, o papel empresarial e social de uma empresa.

O administrador sabe o caminho para a responsabilidade dentro de uma organização. É ele que sabe gerir o processo. É ele que sabe diferenciar o mero assistencialismo, que apenas traz custo, da ação que vai gerar competitividade e ganho de imagem institucional para a empresa e, por que não, lucro. Enfim, o administrador é fundamental para uma gestão com responsabilidade porque é o profissional que detém uma visão holística da empresa e sabe exatamente onde, quando e como agir, focado em resultados. O administrador toma as decisões, assim a noção de responsabilidade deve partir dele (www.administradores.com.br).

2

Page 3: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

O estudo da responsabilidade do Administrador é assunto de crescente interesse no meio jurídico. Isto permite a formulação dos procedimentos adotados nas diversas áreas e a criação também da oportunidade de conhecer a legislação brasileira, servindo como parâmetro para administrar as organizações com responsabilidade, assim como serve de base para a busca do conhecimento aprofundado da função do administrador.

O objetivo geral deste trabalho foi a análise das questões legais e éticas da profissão e do profissional da Administração, especialmente no setor privado que abrange pequenas, médias e grandes empresas particulares.

Especificamente, pretende conhecer mais detalhadamente a legislação que rege a profissão e o profissional da Administração; compreender como esse conhecimento pode facilitar o exercício da profissão e como está presente nas rotinas cotidianas; demonstrar que a legislação é elemento presente em, praticamente, todas as áreas da profissão e as consequências do não cumprimento das leis; observar como as leis e normas jurídicas estão intimamente interligadas com os princípios éticos e morais da profissão e do profissional da Administração.

Foi motivado através da experiência discente no curso de Administração, bem como da convivência com estudantes da área do Direito que fez perceber o quanto as leis estão presentes em todas as áreas profissionais e sem as mesmas não haveria uma regulamentação de procedimentos. Também foi observado durante o curso supracitado que as disciplinas jurídicas são essenciais para o exercício profissional, o que contribui com o desejo de aprofundamento no conhecer das leis e normas ligadas à Administração, principalmente, no que se refere à legislação e os princípios éticos do Administrador/Empresário. Outro ponto que despertou interesse foi a dificuldade em relação à contextualização de leis.

1. DIREITO EMPRESARIAL

Sabe-se que a atividade comercial se dá desde o princípio da sociedade, mas a evolução do direito empresarial como atividade normatizada acontece em sua maior parte na Europa com o desenvolvimento da Idade Moderna e do Mercantilismo em seu período inicial, e sua história, nas teorias conforme Coelho (2012) pode-se dividir em quatro períodos principais, conforme segue:

No primeiro, entre a segunda metade do século XII e a segunda do XVI, os comerciantes buscavam uma regulamentação satisfatória e adequada às suas atividades. Tratava-se de um direito classista e corporativo, pois suas normas eram feitas pelos e para os comerciantes. A letra de câmbio, os bancos e o seguro são exemplos de institutos já existentes no período.

Situado entre os séculos XVI a XVIII, o segundo período é marcado principalmente pela intervenção do Estado Absolutista nas leis comerciais. A classe comercial alia-se ao Rei para enfrentar o poder da nobreza, de modo a favorecer a situação da atividade econômica. Na Inglaterra, desenvolve-se a Common Law1 que contribui para a superação da condição de

1 Sistema jurídico que foi elaborado em Inglaterra a partir do século XII pelas decisões das jurisdições reais.

3

Page 4: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

direito dos membros da corporação dos comerciantes. O instituto mais importante do período é a sociedade anônima.

No terceiro período (séculos XIX e primeira metade do século XX) é caracterizado pela superação do critério subjetivo de identificação do âmbito de incidência do direito comercial, ou seja, deixou de atender apenas uma categoria específica. A partir do Código Comercial Napoleônico, de 1808, ele não é mais o direito dos comerciantes, mas dos atos de comércio.

A principal lacuna da teoria dos atos de comercio consiste em não abranger atividades econômicas tão ou mais importantes que o comércio de bens, tais como a prestação de serviços, a agricultura, a pecuária e a negociação imobiliária, prestados de forma empresarial.

O quarto e último período tem como marco inicial a edição, em 1942, na Itália do Codice Civile, que reúne as normas de direito privado (civil, comercial e trabalhista) em uma única lei. Nele, o núcleo conceitual do direito comercial deixa de ser o “ato de comércio”, e passa a ser a “empresa”. A principal diferença entre estas duas teorias é que o enfoque deixa de ser o gênero da atividade econômica e passa a ser o da medida da importância da atividade econômica.

No Brasil, desde o fim do século XX, o direito comercial filia-se à teoria da empresa. Nos anos 1970, estuda atentamente o sistema italiano de disciplina privada da atividade econômica. Já nos anos 1980, vários julgados mostram-se regidos pela teoria da empresa para atingir soluções mais justas aos conflitos de interesse entre os empresários.

A partir dos anos 1990, pelo menos três leis (Código de Defesa do Consumidor, Lei de Locações e Lei do Registro do Comércio) são promulgadas sem nenhuma relação com a teoria dos atos de comércio, depois disso o Código Civil2 de 2002 conclui a mudança, ao regulamentar, no Livro II da Parte Especial, o direito da empresa. No entanto, compreende várias matérias que têm correlação com a empresa, como parte do Direito do Trabalho, do Direito Econômico, do Direito Comercial, do Direito Tributário, do Direito da Seguridade Social, do Direito Penal, onde haja relações incidentes sobre a empresa. A autonomia do Direito Comercial brasileiro vem descrita na Constituição Federal.

Nesse sentido, o autor apresenta o conceito de direito comercial como sendo um ramo jurídico que tem como objeto os meios estruturados socialmente de superação de conflitos de interesse entre os que exercem atividades econômicas de produção ou circulação de bens ou serviços necessários para a sobrevivência. Não apenas as atividades especificamente comerciais (intermediação de mercadorias, no atacado ou varejo), mas também as industriais, bancárias, securitárias, de prestação de serviços e outras, estão sujeitas aos parâmetros doutrinários, jurisprudenciais e legais estudados por este. Hoje em dia, seu nome mais adequado seria direito empresarial, mas qualquer que seja a denominação, o direito comercial (mercantil, de empresa ou de negócios) é uma área específica do conhecimento jurídico.

2 O código civil é um conjunto ordenado, sistematizado e unitário de normas do foro do direito privado. Trata-se, como tal, das normas que regulam as relações civis das pessoas singulares e jurídicas, sejam privadas ou públicas (neste último caso, quando as pessoas agem na sua qualidade de particulares).

4

Page 5: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

2. EMPRESA

No ramo da Administração, empresa é mais comumente denominada como organização, e seu conceito é mais abrangente, podendo ser aplicado a qualquer tipo de organização seja ela empresarial ou não. A única diferença está em seus objetivos de base propostos por cada uma.

Na visão de Nunes (2008), o conceito clássico de organização é o conjunto de duas ou mais pessoas que desempenham tarefas em grupo ou individualmente, mas de forma coordenada e controlada, operando num determinado contexto ou ambiente, visando alcançar um objetivo preestabelecido através do uso eficaz dos vários meios e recursos disponíveis, conduzidos ou não por alguém encarregado de planejar, organizar, liderar e controlar.

Nas organizações empresariais, o propósito fundamental ou objetivo definitivo será a maximização do seu valor para seus proprietários conquistada por meio da compensação de todos os seus componentes e colaboradores e da produção e/ou distribuição de bens e serviços com a finalidade de satisfazer determinadas necessidades dos seus consumidores.

Em relação às organizações não empresariais, como hospitais, escolas, clubes esportivos, associações sindicais entre outras, os principais objetivos são ligeiramente diferentes, apesar de o propósito ser sempre a satisfação de necessidades ou a preservação de interesses de um grupo em particular ou da sociedade com um todo.

Na Administração as empresas podem ser classificadas de várias formas, sendo as mais frequentes pela sua forma jurídica, pela propriedade do seu capital, pela sua dimensão ou pelo setor ao qual pertence.

Juridicamente, de acordo com Coelho (2012), empresa é a atividade econômica planejada para a produção de bens ou serviços. Tratando-se de uma atividade, a empresa não tem a característica judiciária de sujeito de direito nem de coisa, ou seja, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento comercial (coisa).

Para Serraglia (s.d.), o conceito jurídico está profundamente ligado à definição econômica. Citando Alberto Asquini, jurista italiano, que desenvolveu junto ao Código Civil Italiano, em 1942, a Teoria da Empresa, diz que não existe uma concepção de empresa, mas essa pode ser estudada conforme uma diversidade de perfis em sua definição.

Conforme esta teoria, empresa é a caracterização de um fenômeno jurídico poliédrico, que tem sob este aspecto não um, mas vários perfis em relação aos diversos componentes que ali concorrem. Estes perfis serão analisados brevemente, a seguir:

O perfil subjetivo, no qual a empresa se assemelharia com o empresário, cuja definição está no Código Civil Italiano, sendo quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada com o fim da produção e da troca de bens ou serviços.

No segundo perfil, Asquini traz o perfil funcional, identificando-se com a atividade empresarial, onde a empresa é a atividade empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo. Dessa forma, produziria um conjunto de ações para a organização e distribuição de bens ou serviços.

5

Page 6: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Também é identificado o perfil objetivo ou patrimonial, onde a empresa é considerada como um composto de bens, destinados ao desempenho da atividade empresarial, distinto do patrimônio remanescente nas mãos da empresa. Assim, a empresa seria um patrimônio destinado a uma finalidade específica.

Havia, ainda, o perfil corporativo, que, segundo o teórico, seria a organização de pessoas que é formada pelo empresário e por seus prestadores de serviços, seus colaboradores, um núcleo organizado em função de um fim econômico comum (www.direitovirtual.com.br).

Por fim, entende-se que a Teoria da Empresa abrange as doutrinas jurídicas, os conceitos da ciência da Administração e da Economia, aproximando-os de forma que ela possa ser utilizada para definir a empresa em qualquer um desses ramos, guardadas as devidas proporções.

3. EMPRESÁRIO

A definição de empresário é amplamente utilizada na esfera jurídica, pois abrange todas as atribuições legais do sujeito que exerce essa atividade específica profissionalmente. De acordo com Coelho (2012), o Código Civil define empresário como o profissional que desempenha atividade econômica voltada para a produção ou circulação de bens ou serviços (art. 966), subordinando-o às condições da lei referentes à matéria comercial (art. 2.037).

É excluído deste conceito o exercente de atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que disponha de auxiliares ou colaboradores, a não ser que o exercício da profissão constitua elemento da empresa (art. 966, parágrafo único).

Esse dispositivo abrange, a grosso modo, o denominado profissional liberal (advogado, médico, dentista, engenheiro entre outros), que apenas obedece ao regimento geral da atividade econômica se enquadrar a sua atividade específica em uma organização empresarial, em outras palavras, se for “elemento da empresa”, na linguagem normativa. Entretanto, mesmo que empregue terceiros, continuará subordinado ao regime de sua própria categoria.

Os empresários rurais são dispensados de inscrição no registro de empresa e das demais obrigações determinadas aos inscritos (art. 970), mas podem, por ação unilateral de vontade, entrar ou não no regime geral de ordem da atividade econômica.

Sendo elemento de grande importância na Teoria da Empresa de Asquini, o empresário é o titular da função econômica organizada, é o sujeito de direitos, onde se destaca que só é considerado empresário quem desempenha a atividade de modo profissional, onde são fundamentais as obrigações da habitualidade e da estabilidade.

3.1 ADMINISTRADOR

Para a melhor compreensão do termo administrador, o próprio conceito de Administração também deve ser levado em consideração. Conforme apresentado por Ferreira (1999, p. 53), administração, do latim administratione, trata em seu contexto geral o seguinte significado: ação de administrar, gestão de negócios públicos ou particulares. Ao passo que administrador,

6

Page 7: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

do latim administratore, define o sujeito que tem cargo de administração de bens e serviços públicos ou particulares. Normalmente são tidos como administradores aqueles que possuem Bacharelado em curso superior de Administração.

Em algum momento os conceitos podem se aproximar, como é visto na definição tradicional de Administração, onde esta é “definida como um conjunto de princípios e normas que tem por objetivo planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar os esforços de um grupo de indivíduos que se associam para atingir um resultado comum” (LACOMBE; HEIBORN, 2008, p. 48). Nota-se que nesta definição os objetivos de planejamento, organização, direção, coordenação e controle também são atribuições inerentes ao administrador.

Juridicamente, para Silva (2002), a administração cria uma concepção de reunião de ações praticadas por um sujeito a fim de cumprir a gestão de uma determinada soma de negócios ou afazeres, sejam relacionados aos interesses privados, de terceiros ou não, sejam relacionados aos interesses de uma organização. Assim, segundo a singularidade dos interesses administrados ou do caráter das ações aplicadas, a administração se especifica, tomando denominações mais variadas como: administração alfandegária, de bens, de falências etc. Enquanto administrador é o sujeito que, por ter qualidades específicas, passa a ter a direção ou a gerência de determinado negócio jurídico ou serviço, de cunho público ou privado, em caráter permanente ou não. É, portanto, quem, por ato de confiança pessoal ou por resolução legal, recebe a administração de bens ou de interesses, independente de sua natureza. Segundo Di Pietro (2002, p. 53) o termo abrange tanto a atividade superior de planejar, conduzir, quanto à atividade subordinada de executar.

Vale destacar que dentro da doutrina do Direito Comercial, em uma das modalidades de Sociedade Personificada, a Sociedade Limitada tem a figura do sócio administrador que é designado no contrato social ou em ato separado. O sócio administrador, como o próprio nome indica, é o responsável por desempenhar todas as funções administrativas da empresa. É ele quem conduz o dia a dia do negócio, assinando documentos, respondendo legalmente pela sociedade, realizando empréstimos e outras ações gerenciais. Apesar de estar na linha de frente, ele é denominado sócio por também possuir sua parcela de participação no Capital Social.

4. ÉTICA

De modo geral, de acordo com Silva (2011), ética, que vem do grego ethos, significa modo de ser ou caráter e está relacionada a um comportamento que deve ser seguido pelo hábito e também pode ter o significado de costume.

Existem várias vertentes deste conceito, dependendo do ramo ao qual ele se aplica. Os filósofos referem-se à ética para denotar o estudo teórico dos padrões de julgamentos morais, inerentes às decisões de cunho moral.

Usadas alternadamente com o mesmo significado, as palavras ética e moral tem a mesma base etimológica. A moral como sinônimo de ética, pode ser conceituada como o conjunto de normas que, em determinado meio, adquirem a aprovação para o comportamento dos homens.

7

Page 8: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

4.1 ÉTICA PROFISSIONAL

São normas de conduta que devem ser colocadas em prática no exercício da profissão. A ética profissional serve para regulamentar o relacionamento do profissional com seus steakholders, caracterizando a melhoria da dignidade e a construção do bem-estar. A ética profissional está em todas as profissões, desde caráter normativo ao jurídico, que regulamenta cada profissão através de estatutos e códigos específicos. Cada profissional tem responsabilidades individuais e sociais, que envolvem pessoas que delas se beneficiam.

O fazer profissional diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta, somando as atitudes que deve responder no executar de sua profissão. Ética, percebendo as atividades humanamente engajadas e socialmente produtivas, parece a mesma da ética geral. Ética no cotidiano acaba se refletindo na Ética Profissional.

O Estatuto Ético de uma profissão é a responsabilidade que dela decorre. A ética profissional codificada vem a preencher uma necessidade de se transformar em algo claro e prescritivo, para efeitos de controle corporativo, institucional e social, o que navega nas incertezas da ética filosófica. A ética coloca deveres para consigo mesmo, para com os colegas, para com a sociedade e para com os clientes.

A relevância da ação do administrador, com organizações de grande impacto na sociedade, leva à obrigação de regular a sua conduta. Empresas adquirem grande poder e suas atividades podem atingir de maneira significativa diversos setores da sociedade.

A ética empresarial surge como disciplina em seu discurso como resposta a uma demanda da sociedade por posturas mais adequadas das organizações a fim de moralizá-las de alguma forma. Ela busca evitar a adoção da postura de lucro a qualquer custo, que provoque grandes problemas à sociedade. Com o intuito de frear o impulso da organização em desenvolver atividades prejudiciais à coletividade e até mesmo criminosas em busca do lucro, a ética empresarial provoca a reflexão em seus gerentes.

4.2 ÉTICA DO ADMINISTRADOR

Atualmente, o principal instrumento regulatório da profissão e do profissional da Administração é o Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) e sua concepção está relacionada à regulamentação da profissão de administrador no Brasil e à criação do sistema CFA/CRAs.

A Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, regulamentada pelo Decreto Federal nº 61.934, de 22 de dezembro de 1967, estabeleceu a legislação pertinente ao exercício profissional de administração e às competências dos conselhos de classe.

A edição recente do CEPA, foi aprovada pela 19ª reunião plenária do CFA, realizada em Brasília no dia 3 de dezembro de 2010 e entrou em vigor através da Resolução Normativa CFA nº 393, de 6 de dezembro de 2010, que revogou o código anterior de 2008. O principal objetivo da alteração de 2010 foi ampliar o propósito de abrangência do código, atingindo não só os bacharéis, mas também os técnicos em administração.

8

Page 9: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Este instrumento é composto por artigos que abrangem deveres, proibições, direitos, honorários e infrações disciplinares. A seguir serão expostos alguns itens relevantes em relação à parte ética e de responsabilidade contidos no CEPA:

II - O exercício da atividade dos Profissionais de Administração implica em compromisso moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis.III - O Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) é o guia orientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentado em um conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo simultaneamente de estímulo e parâmetro para que o Administrador amplie sua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficaz diante da sociedade (www.cfa.org.br).

Fica evidente no preâmbulo que o código preocupa-se com a postura do profissional tanto em relação aos interessados internos e externos da organização em que este está inserido, quanto com a sociedade como um todo. Isso se deve ao comprometimento ético e moral assumido pelo administrador.

Alguns dos deveres do profissional de administração para o CEPA são:

I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado, funcionário público ou profissional liberal;II - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional;IV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e apontando alternativas;V - informar e orientar o cliente a respeito da situação real da empresa a que serve;VII - evitar declarações públicas sobre os motivos de seu desligamento, desde que do silêncio não lhe resultem prejuízo, desprestígio ou interpretação errônea quanto à sua reputação;VIII - esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a necessidade de preservação do meio ambiente;XI - cumprir fiel e integralmente as obrigações e compromissos assumidos, relativos ao exercício profissional; (www.cfa.org.br).

Está claro que todos os deveres do administrador descritos no código estão resumidos em agir de forma idônea em toda e qualquer situação profissional, principalmente em relação à organização e ao cliente, para manter sua postura e imagem profissional sempre íntegras.

Entre as proibições, as que têm maior relevância são:

IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la, ou praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime ou contravenção;X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente, sem sua autorização ou conhecimento;XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados em razão do cargo, emprego, função ou profissão, assim como sonegar, adulterar ou deturpar informações, em proveito próprio, em prejuízo de clientes, de seu empregador ou da sociedade;

9

Page 10: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em prejuízo ao cliente ou à coletividade, ou por determinação judicial;XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Administração, bem como atender às suas requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado;XVI - usar de artifícios ou expedientes enganosos para obtenção de vantagens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;XVII - prejudicar, por meio de atos ou omissões, declarações, ações ou atitudes, colegas de profissão, membros dirigentes ou associados das entidades representativas da categoria (www.cfa.org.br).

Pode-se notar que esta parte envolve a legislação que será aprofundada em tópicos a seguir. Os próximos capítulos referem-se aos direitos, honorários do profissional, deveres especiais em relação aos colegas e deveres especiais em relação à classe que não são relevantes para este trabalho. As disposições finais falam principalmente das atribuições dos conselhos, tanto o federal quanto os regionais, em relação à revisão, atualização e aplicação do CEPA.

4.3 INFRAÇÕES E PENALIDADES

De acordo com o art. 10 do Código de Ética dos Profissionais de Administração:

Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstas no Regulamento do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, aprovado por Resolução Normativa do Conselho Federal de Administração, além das elencadas abaixo, todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem:I - praticar atos vedados pelo CEPA;II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio, facilitar o seu exercício aos não registrados ou impedidos;III - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação de entidade dos Profissionais de Administração ou autoridade dos Conselhos, em matéria destes, depois de regularmente notificado;IV - participar de instituição que, tendo por objeto a Administração, não esteja inscrita no Conselho Regional;V - fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulterado, perante as entidades dos Profissionais de Administração;VI - tratar outros profissionais ou profissões com desrespeito e descortesia, provocando confrontos desnecessários ou comparações prejudiciais;VII - prejudicar deliberadamente o trabalho, obra ou imagem de outro Profissional de Administração, ressalvadas as comunicações de irregularidades aos órgãos competentes;VIII - descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício;IX - usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;X - prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano às pessoas, às organizações ou a seus bens patrimoniais (www.cfa.org.br).

Ou seja, as infrações contidas neste capítulo são regidas e julgadas pelo conselho de classe e pode ou não ser levado ao âmbito legal de acordo com o tipo de contravenção e sua gravidade perante a lei e a sociedade.

Dentro do CEPA existe uma seção que trata das regras processuais relativas à tramitação dos processos éticos instaurados no âmbito do Sistema CFA/CRAs. No Capítulo XV que trata da

10

Page 11: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Fixação e Gradação das Penas trata das principais penalidades impostas aos profissionais da área como é posto a seguir:

Art. 40. A violação das normas contidas neste Regulamento importa em falta que, conforme sua gravidade, sujeita seus infratores às seguintes penalidades:I - advertência escrita e reservada;II - multa;III - censura pública;IV - suspensão do exercício profissional de 30 (trinta) dias a 3 (três) anos.V - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato para o conhecimento público.Parágrafo único. Da decisão que aplicar penalidade prevista nos incisos IV e V deste artigo, deverá o Tribunal Regional interpor recurso ex officio ao Tribunal Superior.Art. 41. Na aplicação das sanções previstas neste Regulamento, serão consideradas atenuantes as seguintes circunstâncias:I - ausência de punição anterior;II - prestação de relevantes serviços à Administração;III - infração cometida sob coação ou em cumprimento de ordem de autoridade superior.Art. 42. Salvo nos casos de manifesta gravidade e que exijam aplicação imediata de penalidade mais grave, a imposição das penas obedecerá à gradação do art. 40.Parágrafo único. Avalia-se a gravidade pela extensão do dano e por suas consequências.Art. 43. A advertência reservada será confidencial, sendo que a censura pública, a suspensão e o cancelamento do exercício profissional serão efetivados mediante publicação em Diário Oficial e em outro órgão da imprensa, e afixado em mural pelo prazo de 3 (três) meses, na sede do Conselho Regional do registro principal e na Delegacia do CRA da jurisdição de domicílio do punido.Parágrafo único. Em caso de cancelamento e suspensão do exercício profissional, além dos editais e das comunicações feitas às autoridades competentes interessadas no assunto, proceder-se-á à apreensão da Carteira de Identidade Profissional do infrator (www.cfa.org.br).

Em outras palavras, o Código de Ética tem poder de punir apenas dentro do âmbito do conselho e as punições legais e mais severas são instituídas com base nos Códigos Civil, Tributário e Penal Brasileiro.

5. RESPONSABILIDADE

De acordo com Náufel (2002, p. 771), responsabilidade é a “obrigação de responder pelos próprios atos e seus efeitos, ou por atos de terceiros, em virtude de lei ou convenção”, ou seja, é assumir os riscos e consequências de todas as decisões relevantes, tanto as próprias quanto as de outros.

5.1 TIPOS DE RESPONSABILIDADE

Na disciplina de direito comercial classificam-se as sociedades empresárias segundo diversos critérios. Os tipos societários existentes são: a sociedade em nome coletivo (N/C), a sociedade em comandita simples (C/S), a sociedade em comandita por ações (C/A), a sociedade em conta de participação (C/P), a sociedade limitada (Ltda.) e a sociedade anônima ou companhia (S/A).

11

Page 12: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

5.1.1 Limitada

A classificação relevante para este trabalho é quanto à responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais. Nas sociedades personificadas, objeto deste estudo, todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais até o limite do total do capital social não integralizado (Coelho, 2014).

Em uma sociedade limitada, os sócios respondem pelas obrigações sociais dentro de certo limite e isso explica o nome do tipo societário. Este limite é o total do capital social subscrito e não integralizado. Capital subscrito é o valor dos recursos que os sócios se comprometem a ceder para a formação da sociedade; integralizado, é a parte do capital social efetivamente entregue.

Se o contrato social estabelecer que o capital esteja integralizado em sua totalidade, os sócios não têm mais nenhuma responsabilidade pelas obrigações sociais. Em caso de falência, quando o patrimônio social é insuficiente para a liquidação do passivo, a perda será suportada pelos credores.

A limitação da responsabilidade dos sócios é um mecanismo de socialização, entre os agentes econômicos, do risco de insucesso, presente em qualquer empresa. Trata-se de condição necessária ao desenvolvimento de atividades empresariais, no regime capitalista, pois a responsabilidade ilimitada desencorajaria investimentos em empresas menos conservadoras. Por fim, como direito-custo3, a limitação possibilita a redução do preço de bens e serviços oferecidos no mercado.

5.1.2 Ilimitada

Há exceções à regra da limitação da responsabilidade dos sócios na sociedade limitada. Segundo Coelho (2014), nas hipóteses de caráter excepcional, os sócios responderão subsidiária, mas ilimitadamente pelas obrigações da sociedade que estão relacionadas à tutela dos credores que não dispõem, diante da autonomia patrimonial da sociedade limitada, de meios negociais para a preservação de seus interesses. Os credores não negociais são aqueles que não dispõem de meios para formar seus preços, acrescendo-lhes as chamadas taxa de risco, tais como, o fisco, o INSS, os trabalhadores e os titulares do direito de indenização (inclusive o consumidor). Dentre os mencionados credores não negociais, a legislação brasileira protege apenas o fisco (CTN, artigo 135, III) e a Seguridade Social (Lei 8.620 de 1993, artigo 13), ao considerar que os sócios da limitada são devedores solidários de débitos tributários e previdenciários. No caso de débitos tributários, a lei atribui ao sócio gerente (sócio administrador no Código Civil em vigor) a condição de responsável pelas obrigações tributárias da limitada e, por isso, o fisco pode acionar diretamente referido sócio, independente da situação da sociedade. Quanto ao INSS a legislação responsabiliza os sócios (gerentes ou não) de forma solidária, o

3 É o chamado tratamento econômico do direito, onde se leva em conta as normas jurídicas que oneram ou desoneram o custo da atividade empresarial.

12

Page 13: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

que possibilita o ingresso da execução fiscal diretamente contra os mesmos, independente da situação patrimonial da sociedade. Os empregados e demais credores não negociais, não contam ainda com a proteção legal concedida ao Fisco e ao INSS, estando, por hora, sujeitos à regra geral, ou seja, a regra da limitação da responsabilidade dos sócios. É de ressaltar que, quanto aos empregados, a Justiça do Trabalho, para liquidar débitos trabalhistas de sociedades limitadas, tem executado o patrimônio de sócios, como se devedores solidários fossem, se constatada a prática de atos ilícitos.

Os sócios respondem pelo total do capital subscrito enquanto não totalmente integralizado na forma do Código Civil, artigo 1.052. Em outras palavras, o sócio responde pelo que já integralizou e pela soma (a sua parcela e as parcelas dos demais) que faltar a integralizar. Qualquer credor, seja negocial, seja não negocial, beneficia-se dessa exceção à limitação da responsabilidade dos sócios. Nas sociedades limitadas, ao contrário das sociedades anônimas, os sócios não são obrigados a exibir, quando do registro na Junta Comercial, o comprovante das entradas depositadas em banco em nome da sociedade. No entanto, se comprovada a fraude, o que pode ser feito especialmente por perícia, que os sócios não contribuíram de fato com o valor formalmente referido como integralizado, eles responderão pela diferença. Com relação à responsabilização pela falta de integralização do capital, somente depois de executados todos os bens da sociedade, o patrimônio particular do sócio poderá ser alcançado (Código Civil, artigo 1.024). Nenhum credor tem individualmente ação para promover a responsabilidade por falta de integralização do capital. O direito cabe unicamente à comunhão dos credores e tem por pressuposto a decretação da falência da sociedade.

A limitação da responsabilidade dos sócios da limitada não pode ser utilizada como instrumento para a prática de atos irregulares. As deliberações contrárias a dispositivos contratuais ou à legislação tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente (ou seja, por escrito) as aprovaram (Código Civil, artigo 1.080). Neste caso, o ato ilícito é manifesto, não se oculta. Exemplo: concessão de aval pela sociedade, quando proibido (como regra geral é) pelo contrato. Existem, no entanto, atos irregulares que só se revelam se houver uma “quebra” judicial do princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica (desconsideração da personalidade jurídica). Em outras palavras, ocorrendo a falência da sociedade empresária e constatada a prática de atos aparentemente legais (negócios entre sócios e a sociedade, constituição de uma nova empresa do mesmo ramo etc.) mas que geraram prejuízos a credores de qualquer natureza, o juiz, na apreciação do caso, poderá afastar o princípio da autonomia patrimonial entre sócios e a sociedade e, consequentemente, desconsiderar a regra geral da limitação da responsabilidade dos sócios. A responsabilização por irregularidades não depende da prévia execução dos bens sociais. No caso de uma fiança, por exemplo, concedida ao arrepio de cláusula contratual, o credor pode executar o devedor principal (o afiançado), a sociedade limitada (a fiadora) ou os sócios que autorizam a fiança.

13

Page 14: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

A pretensão contra os administradores, por atos violadores da lei ou do contrato, prescreve em 03 (três) anos contados da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha ocorrido, ou da reunião, ou da assembleia que dela deva tomar conhecimento (Código Civil, artigo 206, § 3º, VII, b). Isso em relação à ação da sociedade contra o dirigente. No que se refere a terceiros prejudicados, o prazo será de dez anos (Código Civil, artigo 205).

5.1.3 Solidária

Buscando a conceituação de responsabilidade solidária no Código Civil, percebe-se que ela ocorre todas as vezes em que existe mais de um obrigado, sendo que todos respondem pelo cumprimento da obrigação, sendo que só haverá solidariedade em casos expressos na lei ou no contrato, sendo assim, nunca podendo ser pressuposta.

Esclarecendo este conceito de solidariedade, temos o ícone do Direito Civil brasileiro, Orlando Gomes (2007, p. 81), que apresenta:

A obrigação solidária caracteriza-se pela coincidência de interesses, para a satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos. Levando em conta o fim para que se constitui a solidariedade, a lei declara que não se presume. Para que a obrigação seja solidária é preciso que as partes, ou a lei, assim a definam, de modo expresso.

Está claro, portanto, que o conceito da solidariedade e o requisito para que esta seja firmada: a definição em lei ou contrato.

5.1.4 Subsidiária

Há uma significativa diferença entre as hipóteses de exceção à limitação da responsabilidade dos sócios relacionadas, de um lado, à falta de integralização do capital social e, de outro, à repressão de atos irregulares; enquanto nesta última o sócio responde diretamente, na primeira ele tem responsabilidade subsidiária.

Na sanção às irregularidades praticadas na sociedade limitada, a responsabilização do sócio não depende do prévio esgotamento do patrimônio social. Consoante assentado, a autonomia subjetiva da pessoa jurídica, quando desviada de seus fins, não é prestigiada pelo direito. Nesses casos, a imputação de responsabilidade ao sócio não está relacionada com a situação patrimonial da sociedade.

Já na responsabilização de sócio relacionada ao cumprimento do dever de integralizar o capital social da limitada, está a regra da subsidiariedade: enquanto houver patrimônio social, o do sócio não pode ser alcançado, na satisfação dos direitos dos credores (CC, art. 1.024; CPC, art. 596). O benefício de ordem é sempre exigível aos credores negociais da sociedade.

A responsabilidade dos sócios pela integralização do capital social é subsidiária, e pressupõe o anterior exaurimento do patrimônio social, no processo de falência. Na punição a irregularidades e na proteção ao crédito fiscal e do INSS, a responsabilização é direta.

14

Page 15: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Note-se que, neste caso, sendo premissa da imputação de responsabilidade ao sócio a inexistência de patrimônio social, suficiente ao atendimento das obrigações da sociedade, o adequado meio processual para tornar efetiva a responsabilização é matéria do direito falimentar. De fato, quando se trata de cobrar o sócio pela falta de integralização do capital social, nenhum credor individualmente tem ação para promover a responsabilidade. O direito cabe unicamente à comunhão dos credores, e tem por pressuposto a decretação da falência da sociedade.

O ajuizamento da ação de integralização não é condicionado à prova da insuficiência dos bens da sociedade falida, para a satisfação dos direitos dos credores. Mas a efetivação da garantia está sujeita à regra da subsidiariedade. Funciona da seguinte maneira: a massa falida propõe contra um ou mais sócios da limitada a ação de integralização, cujo trâmite independe da demonstração da insuficiência do patrimônio da sociedade. Com a procedência da ação, ela disporá de título executivo judicial contra os demandados.

O administrador judicial, então, deve requerer o início da execução, com a penhora de bens do patrimônio do sócio ou sócios condenados na sentença. Realizada a constrição judicial, suspende-se essa execução, no aguardo do desenvolvimento do processo falimentar. De fato, em razão da regra da subsidiariedade, a venda judicial dos bens de sócio, na execução de sentença condenatória da ação de integralização, não pode ser realizada senão após a completa realização do ativo da sociedade falida, no processo de falência.

Ao finalizar esse ponto, cabe atentar-se aos credores não negociais, que se acham em posição intermédia: alguns podem demandar diretamente os sócios, mas outros devem submeter-se à regra da subsidiariedade. Como referido, há somente duas previsões legais de preservação dos direitos de credores dessa categoria. Elas se referem aos créditos tributários e aos da Seguridade Social.

Na primeira, a lei atribui ao sócio administrador a condição de responsável tributário pelas obrigações da limitada; e, em razão disso, o fisco pode direcionar a execução do tributo contra ele, independentemente da situação patrimonial da sociedade. Já pelo crédito do INSS, responde o sócio (administrador ou não) de forma solidária. A solidariedade possibilita o ingresso da execução fiscal diretamente contra o sócio, ainda que dissolvida a limitada.

Em relação aos demais credores não negociais, como os trabalhistas e os titulares de direito à indenização, enquanto não contempladas as respectivas situações em lei específica que venha a excepcionar4 a regra da limitação da responsabilidade dos sócios, devem eles concorrer na falência da sociedade, na classe do respectivo crédito. Em outras palavras, também para esse conjunto de credores não negociais, vigora a regra da subsidiariedade.

5.2 RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR

Os deveres de diligência e lealdade, prescritos aos administradores de sociedade anônima, embora referidos na LSA (arts. 153 e 155), podem ser vistos como preceitos gerais, aplicáveis a qualquer pessoa incumbida de administrar bens ou interesses de terceiros. A eles se

4 Excluir. Opor exceção a, em juízo.15

Page 16: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

submetem, nesse sentido, o administrador judicial da massa falida, o mandatário5, o liquidante ou interventor da instituição financeira, e, também, o administrador da sociedade limitada.

Como as atribuições da administração, no plano interno, são as de administrar a empresa, os membros do órgão devem ser diligentes e leais. Tais deveres representam, portanto, os parâmetros de avaliação do desempenho dos diretores da limitada. Sua responsabilidade tem lugar, assim, quando desatendidos os deveres gerais dos administradores (CC, arts. 1.011, 1.016 e 1.017).

Para cumprir o dever de diligência, o administrador deve observar, na condução dos negócios sociais, os preceitos da tecnologia da administração de empresas, fazendo o que esse conhecimento recomenda, e deixando de fazer o que ele desaconselha. O paradigma do administrador diligente é o administrador com competência profissional.

Note-se que, para exercer cargo de diretor da limitada, não é necessário ter concluído o curso superior de administração de empresa e encontrar-se inscrito no conselho profissional respectivo; a lei não o exige. Mas mesmo o diretor sem tal formação deve procurar manter-se informado sobre os conceitos gerais e os mais importantes princípios da administração empresarial, para bem conduzir o negócio, pois não há outro critério objetivo que possa servir à avaliação de seu desempenho.

Para cumprir o dever de lealdade, por outro lado, o diretor não pode valer-se de informações a que teve acesso, em razão do posto que ocupa, para se beneficiar, ou a terceiro, em detrimento da sociedade. Não pode, também, utilizar-se de recursos humanos e materiais da empresa para propósitos particulares. Não pode, finalmente, concorrer com a sociedade, ou envolver-se em negócios, quando presente o conflito de interesses.

Quando o administrador da limitada não cumpre seus deveres de atuar como homem diligente e leal, e, em decorrência, a sociedade sofre danos, ele está obrigado a ressarci-los. É o caso, por exemplo, do diretor que não cota preços, ao adquirir insumos para a empresa; que não se dedica a negociações constantes com os fornecedores sobre valores e condições de pagamento; que não exige dos empregados o cumprimento integral da jornada de trabalho; que, identificando uma oportunidade negocial interessante, aproveita-a para si, mas não para a sociedade. Nessas situações, as perdas e os lucros cessantes da pessoa jurídica devem ser indenizados pelo mau administrador.

Quando a sociedade empresária tem prejuízo, por deficiência na administração, os sócios, naturalmente, sofrem um dano indireto, na medida em que, na melhor das hipóteses, haverá menos resultado social para distribuir como lucro. Pelos danos indiretos, contudo, os sócios não têm ação contra o administrador. Em vista da autonomia patrimonial da sociedade, eles não são partes legítimas para promover a responsabilização deste, fundada na má administração da empresa.

Claro, se o sócio é prejudicado, diretamente, por atos da gerência — por exemplo, na hipótese de omissão do arquivamento da alteração contratual, relacionada à integralização da quota do capital social —, ele é legitimado para a demanda. Mas, se os danos são da sociedade, só ela é

5 Aquele que recebe mandato ou procuração para agir em nome de outro. Executor de mandados. Representante, procurador.

16

Page 17: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

titular do direito à indenização, inclusive porque a maioria societária pode deliberar reinvestir todo o valor da indenização na empresa, em vez de destiná-lo à distribuição entre os sócios.

Quando o administrador incurso em ato de má administração não é o próprio sócio majoritário, provavelmente será destituído, e responderá à ação indenizatória proposta pela sociedade. Não se vislumbram, nesse caso, obstáculos aos atos indispensáveis a tais providências, na medida em que o sócio em maioria, normalmente, estará interessado na responsabilização do administrador. Mas, se o próprio sócio majoritário exerce a administração, a situação é bem diversa. Em primeiro lugar, sua destituição pelos minoritários é impraticável, porque o ato destitutivo (alteração contratual ou documento apartado) não poderá ser arquivado, na Junta, sem a assinatura dele. Além disso, a sociedade certamente não promoverá a ação de indenização contra o sócio majoritário, por ser ele o seu representante legal. Pois bem, nessa situação, o ressarcimento dos prejuízos decorrentes de má administração impostos à sociedade poderá ser demandado pelo sócio minoritário, na condição de substituto processual da sociedade, numa aplicação analógica do art. 159, § 4º, da LSA.

A natureza contratual da limitada justifica considerar-se uma outra possibilidade, igualmente válida, para o sócio minoritário responsabilizar o majoritário por desmandos na gerência da sociedade. Essa alternativa, adequada às atividades empresariais de menor porte, alicerça-se na coibição ao abuso de direito societário. O sócio minoritário demanda, em nome próprio, o ressarcimento dos danos, decorrentes de exercício abusivo dos direitos de sócio, pelo majoritário. No processo, deve estar provado que o dinheiro correspondente aos danos derivados da má administração poderia ser distribuído entre os sócios, como participação nos lucros, sem prejuízo do regular funcionamento da empresa. O sócio em minoria, obviamente, terá direito à parte desse numerário proporcional à sua quota.

5.2.1 Responsabilidade Civil

A Lei das Sociedades por Ações, no art. 158, menciona duas hipóteses de responsabilidade civil dos administradores de companhias: uma relacionada aos prejuízos causados por sua culpa ou dolo, ainda que sem exorbitância de poderes e atribuições (inc. I), e a outra pertinente à violação da lei ou do estatuto (inc. II).

Em relação à primeira, é unânime a doutrina ao afirmar que a previsão legal imputa aos administradores responsabilidade subjetiva do tipo clássico; isto é, ao demandante cabe a prova do procedimento culposo do demandado. Quanto à segunda, no entanto, predomina largamente o entendimento de que cuida a hipótese legal de responsabilidade subjetiva com presunção de culpa, havendo também quem a considere objetiva.

Há quatro sistemas de responsabilidade civil, dispostos em classificação que conjuga elementos diversos como fundamento (culpa ou posição econômica), ônus probatório (atribuído ao demandante ou ao demandado) e ligação entre conduta do responsável e resultado danoso (modelo puro ou mitigado).

O sistema que corresponde ao formato básico da matéria é o da responsabilidade subjetiva do tipo clássico, traduzida no direito positivo brasileiro pelo art. 927 do Código Civil. A vítima que busca a reparação do dano, por esse sistema, deve provar em juízo três fatos: a) a conduta

17

Page 18: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

culposa do demandado, por ação ou omissão; b) a existência e extensão do prejuízo; c) o liame de causalidade entre a conduta do demandado e o dano.

O sistema de responsabilidade subjetiva do tipo clássico corresponde à regra geral de responsabilização do direito brasileiro. Quer dizer, se a lei não preceituar para o ressarcimento de certo prejuízo uma norma específica filiada a outro sistema, a vítima deverá perseguir a reparação da lesão segundo os parâmetros da responsabilidade subjetiva do tipo clássico.

O sistema de responsabilidade subjetiva com inversão do ônus de prova, materialmente falando, não introduz nenhum novo elemento constitutivo do dever de indenizar. Isto é, o sistema elege para a indenização pressupostos idênticos aos do clássico, quais sejam, a culpa do agente, o dano e a relação causal. Entre os sistemas clássico e de inversão do ônus de prova não existe nenhuma diferença em relação ao fundamento. Eles se distinguem apenas no âmbito processual.

O sistema subjetivo de responsabilidade civil elege a culpa do demandado como elemento indispensável à obrigação de ressarcir o demandante. Esse sistema se divide em dois: de um lado, o tradicional, em que a prova da culpa deve ser feita pela vítima; de outro, o de inversão do ônus probatório, em que cabe ao demandado provar que não agiu culposamente.

O sistema objetivo de responsabilidade civil, por sua vez, foi desenvolvido em atenção aos mesmos valores de justiça que motivaram a evolução do sistema clássico para o da inversão do ônus probatório, isto é, os pertinentes à facilitação do ressarcimento dos prejuízos, em certas hipóteses. A diferença essencial entre os sistemas de responsabilidade subjetiva e objetiva reside na relevância ou não da culpa do lesionador de interesse ou bem alheio.

A responsabilidade subjetiva sempre está relacionada a um ilícito, ou seja, a uma conduta intencionalmente voltada a causar dano a outra pessoa (dolo), ou à negligência, imprudência ou imperícia de quem tinha o dever de agir atenta, prudente e tecnicamente (culpa). Mesmo a inobservância de lei é uma forma de conduta culposa, pois, no mínimo, negligente. Já, a responsabilidade objetiva está ligada, em geral, a um comportamento lícito. O agente responde pelos danos derivados de ação ou omissão cuja juridicidade não se discute.

Em suma, como toda conduta culposa é ilícita, configura desrespeito à lei, o critério mais acertado para distinguir a responsabilidade subjetiva da objetiva é o de relacionar aquela à ilicitude e esta última à licitude da ação ou omissão do agente, a quem o direito positivo imputa o dever de indenizar.

O derradeiro sistema de responsabilidade, que se poderia denominar objetiva pura, foi criado pelo direito para assegurar a indenização às vítimas de certos eventos, cujas repercussões têm alcance econômico e social de maior envergadura. São quase modelos de seguro obrigatório. Distingue-se do anterior na medida em que abstrai a relação de causa e efeito entre o dano experimentado pela vítima e determinada ação ou omissão daquele a quem o direito imputa o dever de pagar a indenização.

Na verdade, os únicos pressupostos desse gênero de responsabilização que cabe ao demandante provar dizem respeito à demonstração da qualidade de beneficiário do sistema de seguridade e à existência e extensão do dano, observados os parâmetros previamente

18

Page 19: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

estabelecidos para a mensuração deste. A indenização será devida mesmo que o credor tenha sido culposamente o causador do acidente que o vitimou; mesmo, por outro lado, que tenha ocorrido caso fortuito ou força maior. A convivência, no direito positivo, de quatro diferentes sistemas de responsabilidade civil leva, por evidente, a doutrina à discussão acerca das situações subsumidas a cada um deles.

Basicamente, o sistema clássico será o pertinente, caso não exista expressa previsão na lei imputadora da responsabilidade de inversão do ônus probatório da culpa, ou da ressalva desse elemento. Ele constitui a regra básica da responsabilidade civil da ordem jurídica brasileira. Ou seja, se o direito positivo se limita a definir determinado agente como responsável por danos, sem preceituar a presunção de sua culpa, ou sem consignar que a responsabilidade independe desta, a conclusão aponta necessariamente para o sistema clássico de responsabilização. Os demais sistemas somente se aplicam quando específica e expressamente prescritos por norma legal.

5.2.2 Responsabilidade Tributária

O administrador é pessoalmente responsável pelas obrigações tributárias da sociedade limitada, quando originadas de “atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos” (CTN, art. 135, III). A pronta e indiscutível conclusão que se extrai da leitura desse dispositivo é a de que nem sempre o administrador pode ser responsabilizado por obrigação tributária da sociedade limitada.

A referência a atos, em suma, ilícitos e irregulares, no delimitar a imputação de responsabilidade tributária, afasta a possibilidade de o fisco exigir dele as dívidas da pessoa jurídica, quando inocorridas ilicitudes ou irregularidades na gestão social.

Em termos gerais, se a sociedade limitada possuía o dinheiro para o pagamento do tributo, mas o seu administrador o destinou a outras finalidades, este é responsável perante o fisco; mas, se ela não dispunha do numerário, não é cabível a responsabilização do administrador.

Para facilitar o exame da matéria, a primeira situação é denominada de sonegação, e a segunda, de inadimplemento. O art. 135, III, do CTN deve ser interpretado no sentido de imputar ao administrador a responsabilidade pelas obrigações tributárias da sociedade limitada em caso de sonegação, mas não no de inadimplemento.

O administrador é responsável tributário pelas obrigações da sociedade limitada quando esta possuía o dinheiro para o recolhimento do tributo, mas aquele o destinou a outra finalidade, como antecipação de lucro, pagamento de pro labore aos sócios, aplicações financeiras. Não haverá, porém, responsabilidade se o inadimplemento da obrigação tributária decorreu da inexistência de numerário no caixa da sociedade, por motivo não imputável à gerência.

Em situações intermediárias — que, por sinal, correspondem à maioria —, definir se o administrador sonegou a obrigação fiscal, ou apenas não a adimpliu, depende do exame detalhado das reais opções que ele tinha antes de decidir não proceder ao recolhimento do tributo. Quando a sociedade tem algum dinheiro, mas é insuficiente para honrar todas as dívidas, será decisivo para estabelecer a responsabilização do administrador, perante o fisco, verificar as prioridades adotadas.

19

Page 20: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Nesse contexto, se pagamentos foram realizados em benefício de sócio (seja a que título for: pro labore, antecipação de lucro ou de juros, restituição de mútuo etc.), e não sobraram recursos para o cumprimento das obrigações tributárias, ou parte delas, deve-se tomar por incorreta a opção adotada pelo administrador (sonegação).

Já, se a administração, diante da impossibilidade de atender todos os credores da sociedade, deixou de realizar pagamentos em benefício de sócio, renegociou obrigações cíveis, e, entre as dívidas fiscais e trabalhistas, priorizou o atendimento destas últimas, a opção gerencial deve ser considerada — inclusive, em função da classificação dos credores, na falência — correta (inadimplemento); em decorrência, não há base para a imputação ao administrador de responsabilidade tributária.

5.2.3 Responsabilidade Penal

Magalhães Noronha afirma que “Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica”. Ou seja, o Direito Penal vai especificar e estabelecer as penas pelo descumprimento da legislação.

A principal fonte do Direito Penal é a Constituição, pois muitas das regras estão nela inseridas. São exemplos alguns incisos do art. 5º:

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

Observe-se que foram destacados apenas alguns incisos que são relevantes ao assunto abordado neste artigo que introduzem os fundamentos para regular os tipos de penas e a aplicação das mesmas.

A segunda fonte é a previsão da lei, que estabelecerá as penas e os crimes. O Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, é o Código Penal, tendo este várias modificações. Nele está contido a maioria dos crimes e das penas. Existem ainda outras leis penais independentes.

O art. 1º do Código Penal prevê que: “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Este é o princípio da estrita legalidade ou da reserva legal em matéria penal, de que só pode haver crime e pena, caso exista previsão na lei.

20

Page 21: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, garantindo-se sempre a ampla defesa. A lei penal é irretroativa, porém poderá retroagir para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da Constituição).

Sujeito ativo ou agente é aquele que pratica o fato considerado como crime e sujeito passivo é a pessoa que sofre o crime. Tipo penal é a descrição da conduta prevista em lei. As infrações penais podem ser divididas em crimes ou delitos e contravenções. Crime é o fato típico e antijurídico e contravenção é uma ofensa menos grave que o crime, sendo punida com pena de prisão simples ou multa.

Dolo é a vontade de praticar o ato, sabidamente criminoso, ou assumir o risco em produzi-lo, existindo, portanto a intenção de praticá-lo. Culpa é a ação ou omissão decorrente da negligência, imprudência ou imperícia na prática do ato. Não existe intenção. Negligência é displicência, imprudência é a conduta precipitada e imperícia é a falta de habilidade técnica para certa atividade.

As penas podem ser privativas à liberdade, restritivas de direitos ou de multa. As penas privativas de liberdade são de reclusão e detenção e devem ser cumpridas em regime fechado, semiaberto ou aberto. As restritivas de direitos são: prestação pecuniária6; perda de bens e valores; prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, que é feita em entidades assistenciais; interdição temporária de direitos; e limitação de fim de semana.

A seguir, serão conceituados, de forma sucinta, alguns dos crimes mais comuns praticados pelos administradores que estão previstos em lei:

Extorsão é constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixa de fazer algo (CP, art. 158).

Apropriação indébita é apoderar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção (CP, art. 168). A apropriação indébita previdenciária é deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Enquadra-se no mesmo crime quem deixar de: recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à Previdência Social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados (como os empregados), a terceiros ou arrecadada do público; recolher contribuições devidas à Previdência Social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela Previdência Social, como no caso do salário-família (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).

Sonegação de contribuição previdenciária é suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer complemento, mediante as seguintes condutas: omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciários segurados empregados, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este semelhante que lhe prestem serviços; deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; omitir, total ou parcialmente, receitas

6 Pagamento.21

Page 22: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

ou lucros obtidos, remunerações pagas ou creditadas e outros fatos geradores de contribuições previdenciárias (CP, art. 337 – A).

Estelionato é obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil7 ou qualquer outro meio fraudulento, sem o uso da violência (CP, art. 171).

Receptação é adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir pra que terceiro, de boa-fé, adquira-o, recebe ou oculte (CP, art. 180).

Contrabando é importar ou exportar mercadoria proibida. Descaminho é iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria (CP, art. 334).

Estes crimes implicam em penas que podem ser desde o pagamento de multas, indenizações, perda de direitos, até de reclusão do administrador, dependendo do tipo e da gravidade do crime praticado. As penas também variam de acordo com a reincidência e agravantes.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Pesquisa do tipo bibliográfica, pois “É um tipo de trabalho de conclusão de curso em que o pesquisador somente utiliza publicações impressa ou eletrônica. [...]” (MARTINS JUNIOR, 2011, p. 58), na qual foram utilizados os Códigos Civil e Penal Brasileiros, a Constituição Federal Brasileira, o Código de Ética do Administrador, obras que abordam e tratam da responsabilidade do administrador de empresas, séries jurídicas, artigos, trabalhos acadêmicos e sites da Internet.

CONCLUSÃO

Neste trabalho foi abordado o tema da responsabilidade empresarial, com ênfase na parte legal que rege todo o exercício da atividade. Foi exposto que a responsabilidade empresarial não deve ser apenas um diferencial competitivo nas organizações, mas sim uma obrigação que trás apenas benefícios internos e externos.

Ao longo deste artigo foram vistos o conceito e a evolução histórica do direito empresarial na Europa, que foi a origem da matéria no Brasil, e também a evolução deste no país até os dias atuais. Também foram conceituados, tanto na Administração quanto no Direito, a empresa como atividade e a figura do empresário e administrador dentro das organizações particulares que foram o foco do presente trabalho.

A ética foi exposta de forma sucinta, destacando-se a ética profissional empresarial e o Código de Ética dos Profissionais da Administração tendo alguns de seus incisos, considerados os mais relevantes dentro da temática abordada, evidenciados e analisados de forma breve.

7 Ato ou comportamento sagaz; ação em que há astúcia. Esquema que tem o propósito de enganar ou de iludir indivíduos ou animais.

22

Page 23: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

A parte de responsabilidade foi descrita por completo dentro da matéria jurídica. Foram expostos vários princípios e procedimentos dentro das rotinas da atividade empresarial nas Sociedades por Ações e a forma que estas devem ser seguidas. As atribuições e obrigações do administrador, assim como as consequências do seu descumprimento, estão entre os principais temas abordados na última parte.

Os objetivos foram considerados cumpridos, pois ao longo do processo a análise das questões legais e éticas da profissão e do profissional da Administração, especialmente no setor privado que abrange pequenas, médias e grandes empresas particulares foi feita de forma satisfatória. Também foi analisada mais detalhadamente a legislação que rege a profissão e o profissional da Administração, compreendeu-se como esse conhecimento pode facilitar o exercício da profissão e como está presente nas rotinas cotidianas, foi demonstrado que a legislação é elemento presente em, praticamente, todas as áreas da profissão e as consequências do não cumprimento das leis e foi observado como as leis e normas jurídicas estão intimamente interligadas com os princípios éticos e morais da profissão e do profissional da Administração dentro do Código de Ética.

Este trabalho foi de grande importância para o aprofundamento deste tema, pois permitiu a melhor compreensão da parte legal do exercício da profissão de administrador e suas responsabilidades perante a sociedade como um todo, além de ter permitido o desenvolvimento em interpretação das leis e códigos. Este trabalho foi delimitado no âmbito das empresas privadas, no tipo de Sociedades por Ações e na parte da execução de procedimento do profissional no cotidiano das organizações.

Durante a elaboraração do artigo, no processo de pesquisa e de revisão da literatura pertinente ao assunto, verificou-se que a matéria de direito e responsabilidade empresarial abrange muitas áreas éticas e jurídicas. Matérias como o Direito Trabalhista e o Código de Defesa do Consumidor também podem ser consideradas como competências do Administrador e devem ser aprofundadas para o exercício da profissão.

A legislação brasileira está evoluindo aos poucos, pois recentemente implantou as chamadas Lei Anticorrupção (Lei 12.846) e a Lei do Colarinho Branco (Lei 7.842). A primeira abrange os setores da administração pública e privada e a segunda as instituições financeiras e podem ser matérias para estudos mais aprofundados na área. Para estudos posteriores nesta área, podem também ser trabalhadas as matérias de contratos, abertura e falência de empresas, responsabilidade sócio-ambiental, assim como toda a área da administração pública.

No Brasil é suma importância que a responsabilidade empresarial seja discutida, analisada e, principalmente, posta em prática integralmente. Penas ainda muito brandas, falta de fiscalização e de uma prestação de contas perante o Governo e a sociedade mais completa e, infelizmente, a impunidade fazem com que as leis ainda sejam constantemente burladas em nosso país. Deve o empresário ser agente para esta mudança e conscientização por ser o profissional que tem a visão sistêmica das organizações.

Poderá este trabalho contribuir para estudantes e profissionais da área da Administração para aprofundamento do conhecimento legislativo referente ao exercício profissional, assim a Ética e postura profissional devem ser exercidas e valorizadas no âmbito das empresas e organizações.

23

Page 24: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

REFERÊNCIAS

Administradores.com. Administração com Responsabilidade Social: os benefícios chegam até você. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/administracao-com-responsabilidade-social-os-beneficios-chegam-ate-voce/205/>. Acesso em: 23 out. 2014.

BRASIL. CLT saraiva e constituição federal. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. 39. ed. Atual. E aum. São Paulo: Saraiva, 2012.

______. Código civil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 54. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

______. Código comercial. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 50. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

______. Código de processo civil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

______. Código penal. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 41. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

______. Código tributário nacional. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

______. Constituição da república federativa do brasil. Editado por Antônio De Paula. 14. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

______. Vade mecum compacto. 11. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.

CARVALHO, Kamayura Ribeiro Freire de. A possibilidade de responsabilidade solidária entre o advogado público e o administrador no que tange a emissão de parecer jurídico. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, nº 1170. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3596> Acesso em: 19 out. 2014.

CFA. Código de Ética dos Profissionais de Administração. Disponível em: <http://www.cfa.org.br/servicos/publicacoes/codigo_etica/Codigo_de_Etica_WEB.pdf>. Acesso em: 13 out. 2014.

24

Page 25: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

______. Estudo mapeia perfil do administrador brasileiro [S.I.]. Disponível em:<http://www.cfa.org.br/servicos/news/cfanews/estudo-mapeia-perfil-do-administrador-brasileiro>. Acesso em: 01 abr. 2014.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial: direito de empresa [ebook]. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1.

______. Curso de direito comercial: direito de empresa. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 2.

______. Manual de direito comercial: direito de empresa. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

GOMES, Orlando. Sucessões. 14. ed., atualizada por Mário Roberto Carvalho de Faria, Rio de Janeiro, Forense, 2007.

GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código brasileiro de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

LACOMBE, Francisco José Masset; HEILBORN, Gilberto Luíz José. Administração: princípios e tendências. 2. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008.

LAZZARESCHI NETO, Alfredo Sérgio. Lei das sociedades por ações anotada. 2. ed. rev., atual. e compl. São Paulo: Saraiva, 2008.

LEITE, Marcelo. Prescrição na responsabilidade civil de administradores de sociedades mercantis: actio nata e a posição do STJ. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/27851/prescricao-na-responsabilidade-civil-de-administradores-de-sociedades-mercantis>. Acesso em: 19 out. 2014.

LIRA, Rutilene. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/31738/a-responsabilizacao-dos-socios-e-administradores-de-empresas-nos-crimes-contra-a-ordem-tributaria>. Acesso em: 19 out. 2014.

MARTINS, Sérgio Pinto. Instituições de direito público e privado. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MARTINS JUNIOR, Joaquim. Como escrever trabalhos de conclusão de curso: instruções para planejar e montar, desenvolver, concluir, redigir e apresentar trabalhos monográficos e artigos. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

25

Page 26: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

MENEGUELLI at al. A responsabilidade do administrador de empresas. [S.I.]: Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery, 2007. Disponível em: <http://re.granbery.edu.br/artigos/MTk4.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2014.

NÁUFEL, José. Novo dicionário jurídico brasileiro. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

NERILO, Lucíola Fabrete Lopes. O direito empresarial superando o arcaico sistema dos atos de comércio. Juris Doctor: revista jurídica on-line [S.I.], ano 1, n. 1, out/nov/dez. 2002. Disponível em: < http://www.jurisdoctor.adv.br/revista/rev-01/art14-01.htm>. Acesso em: 27 ago. 2014.

NORONHA, Edgar de Magalhães. Direito penal. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 1982.

NUNES, Paulo. Organização [S.I.]. Disponível em: <http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/organizacao.htm>. Acesso em: 20 mai. 2014.

OLIVEIRA, Dinovan Dumas de. Responsabilidade Penal dos Sócios, Diretores e Administradores. Disponível em: <http://www.mfb.com.br/Mailing/17/Resp_Penal_Socios.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.

REGINATTO, Vinícius Araújo. Análise de conteúdo do código de ética dos profissionais de administração [S.I.]. Disponível em: <http//: www.lume.ufrgs.br_bitstr...00892103.pdf_sequence=1>. Acesso em: 26 mai. 2014.

REIS, Nina Rosa Gil. Jurisway.org.br. Responsabilidade do administrador: débitos trabalhistas. Disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=12489>. Acesso em: 19 out. 2014.

SANTOS, Nelson dos. A responsabilidade dos sócios na sociedade limitada. [S.I.]. Disponível em: <http://www.nelsondossantos.com.br/a-responsabilidade-dos-socios-na-sociedade-limitada/>. Acesso em: 19 out. 2014.

SCHOLZ, Leônidas Ribeiro. Migalhas. Breves apontamentos sobre a responsabilidade penal dos sócios e administradores de empresas. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI184860,11049-Breves+apontamentos+sobre+a+responsabilidade+penal+dos+socios+e>. Acesso em: 20 out. 2014.

SERRAGLIA, Ana Carolina Daldegan. A teoria da empresa no contexto atual [S.I.]. Disponível em: <http://www.direitovirtual.com.br/artigo-juridico/a-teoria-da-empresa-no-contexto-atual-C129254.html>. Acesso em: 19 mai. 2014.

SILVA, Bruno Mattos e. Direito de empresa: teoria da empresa e direito societário [S.I.]. Disponível em: < http://www.brunosilva.adv.br/empresarial/direitodeempresa-1-4.htm>. Acesso em: 27 ago. 2014.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

26

Page 27: ARTIGO ANA CAROLINA Com Abstract e Key Words

SILVA, Gabriela Queiroz Estevam. Ética e relações no trabalho, ética profissional e a ética geral. [S.I.]: Ebah, 2010. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABmtAAB/etica-geral-etica-profissional >. Acesso em: 26 mai. 2014.

SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.

URIEL, Alexandre. Adminstração da sociedade limitada, responsabilidade dos administradores, deliberações dos sócios [S.I.]. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/administracao-da-sociedade-limitada-responsabilidade-dos-administradores-deliberacoes-dos-socios/34188/>. Acesso em: 25 set. 2014.

Vers Contabilidade: Conheça as diferenças entre sócio-administrador e sócio quotista. Disponível em: <http://www.verscontabilidade.com.br/2013/11/04/vers-conheca-as-diferencas-entre-socio-administrador-e-socio-quotista/>. Acesso em: 25 set. 2014.

27