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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Engenharia Elétrica MARCUS VINICIUS TELES DOS SANTOS AVALIAÇÃO DE RUÍDO EM TEMPLOS RELIGIOSOS: UM ESTUDO DE CASO Campinas 2010

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Aquisição de som em placas com sensores adequados. Metodologia.

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  • UNIVERSIDADE SO FRANCISCO

    Curso de Engenharia Eltrica

    MARCUS VINICIUS TELES DOS SANTOS

    AVALIAO DE RUDO EM TEMPLOS RELIGIOSOS: UM ESTUDO DE CASO

    Campinas

    2010

  • MARCUS VINICIUS TELES DOS SANTOS - R.A. 004200800269

    AVALIAO DE RUDO EM TEMPLOS RELIGIOSOS:

    UM ESTUDO DE CASO

    Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Eltrica da Universidade So Francisco, como requisito parcial para obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Eltrica.

    Orientador: Prof. Joo Hermes Clerici

    Campinas

    2010

  • MARCUS VINICIUS TELES DOS SANTOS

    AVALIAO DE RUDOS EM TEMPLOS RELIGIOSOS:

    UM ESTUDO DE CASO

    Data de aprovao: 04 / 12 / 2010

    Banca Examinadora:

    Prof. MSc. Joo Hermes Clerici (Orientador) Universidade So Francisco

    Prof. Dbora Meyhofer Ferreira (Examinadora) Universidade So Francisco

    Prof. MSc Luiz Carlos Freitas Junior (Examinador) Universidade So Francisco

  • A minha me,

    Por me ensinar, atravs de seus exemplos,

    a jamais desistir daquilo em que acreditamos

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus pelo dom da vida e por manter viva, a cada dia, a esperana em meu corao. Ainda pela oportunidade de contribuir com meus humildes conhecimentos para a construo de um mundo melhor.

    A minha famlia pelo amor e apoio incondicional em todos os momentos da minha vida. Pai, Me, Soraia, Caroline, Ronaldo e Otvio, no seria possvel sem contar com vocs como inspirao.

    A todos os professores da Universidade So Francisco, em especial ao Prof. Joo Hermes Clerici, meu orientador, pela pacincia, pelas discusses e sugestes que contriburam para a realizao deste trabalho.

    A Valria Maria, minha namorada, pelas discusses, sugestes e crticas a este trabalho e tambm pelo auxlio com a reviso do texto final.

  • "Tudo, porm, seja feito com decncia e ordem"

    I Corntios 14:40

  • RESUMO A qualidade de vida nas regies urbanas tem sido afetada por diversos fatores ao

    longo dos anos, dentre os quais se destacam a poluio atmosfrica, o acmulo

    de resduos slidos, a poluio da gua e a poluio sonora entre outros tipos. A

    poluio sonora se destaca entre as demais por ter apresentado um aumento

    significativo com o passar dos anos, devido ao seu carter democrtico, visto que

    afeta todas as classes sociais sem distino, a sua difcil caracterizao, por ser

    intangvel e invisvel e, principalmente, em decorrncia do adensamento

    populacional nas reas urbanas. Atualmente se destacam entre as vrias fontes

    de rudo, os templos religiosos. Este estudo de caso visa abordar os problemas de

    rudo em um templo religioso atravs de medies pontuais e anlise comparativa

    dos resultados com os limites legais e normativos. Visa ainda analisar e apontar

    opes de interveno a fim de reduzir e enquadrar os nveis de rudo a valores

    compatveis com a referida legislao.

    Palavras chave: Edificaes Urbanas. Poluio Sonora. Conforto Acstico. Legislao Ambiental.

  • ABSTRACT

    The quality of life in urban areas has been affected by several factors over the

    years, among which stand out air pollution, accumulation of solid waste, water

    pollution and noise pollution among other types. Noise pollution stands out among

    the others for having presented a significant increase over the years due to its

    democratic character, since it affects all social classes without distinction, its

    difficult to characterize because it is intangible and invisible, and especially due to

    the high density urban areas. Currently they stand out among the various sources

    of noise, religious temples. This case study aims to address noise problems in a

    religious temple through spot measurements and comparative analysis with the

    legal limits and regulations. It also aims to analyze and point of intervention options

    to reduce and to regulate the noise levels to values compatible with this legislation.

    Key words: Urban Buildings. Noise Pollution. Acoustic Comfort. Environmental Law.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ........................................................................................................................... 1

    1.1 Tema e formulao do problema ....................................................................................... 11.2 Objetivos do trabalho ......................................................................................................... 2

    1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................................. 21.2.2 Objetivos especficos .................................................................................................................. 2

    1.3 Justificativa ......................................................................................................................... 21.4 Estrutura do trabalho ......................................................................................................... 3

    2 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 5

    3 NORMAS TCNICAS SOBRE LIMITES DE EMISSES DE RUDO ...................................... 6

    3.1 Legislao no Brasil ........................................................................................................... 63.2 Legislao em Mogi Mirim ................................................................................................. 7

    4 ONDAS SONORAS, RUDO E MEDIDA DE INTENSIDADE SONORA ................................... 9

    4.1 Principais conceitos ........................................................................................................... 94.2 Ondas sonoras ................................................................................................................. 10

    4.2.1 Definio ................................................................................................................................... 104.2.2 Intensidade e Nvel do som ....................................................................................................... 114.2.3 Nvel de Intensidade Sonora (NIS) ............................................................................................ 114.2.4 Nvel de Presso Sonora (NPS) ................................................................................................ 11

    4.3 Limiar da sensao dolorosa ........................................................................................... 114.4 Limiar de audibilidade ...................................................................................................... 124.5 Escala decibel .................................................................................................................. 13

    4.5.1 Decibels compensados ............................................................................................................. 144.5.2 Escala de Ponderao .............................................................................................................. 14

    4.6 Nvel de presso sonora equivalente (Leq) ...................................................................... 154.6 Tipos de rudo .................................................................................................................. 17

    4.6.1 Classificao do rudo ............................................................................................................... 174.7 Acstica ambiental ........................................................................................................... 19

    4.7.1 Campo Livre .............................................................................................................................. 194.7.2 Aspectos ambientais que interferem nas medies .................................................................. 19

    5 EFEITOS DO RUDO NO ORGANISMO HUMANO ................................................................ 22

    5.1 Efeitos auditivos ............................................................................................................... 225.2 Efeitos no-auditivos ........................................................................................................ 23

    6 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ..................................................................................... 24

    6.1 Escolha do Templo .......................................................................................................... 246.2 Medidor ............................................................................................................................ 25

    6.2.1 Software e Instrumentos Virtuais (VI) ........................................................................................ 266.2.2 Computador porttil e microfone ............................................................................................... 32

    6.3 Calibrao do conjunto .................................................................................................... 336.4 Mtodo de medio ......................................................................................................... 34

    7 ANLISE DOS RESULTADOS ............................................................................................... 36

    7.1 Nveis obtidos durante as medies externas ................................................................. 367.2 Anlise dos dados ............................................................................................................ 37

    8 CONCLUSO ........................................................................................................................... 38

    8.1 Alternativas de Interveno ............................................................................................. 388.2 Comentrio Final .............................................................................................................. 408.3 Trabalhos Futuros ............................................................................................................ 41

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................................................. 42

  • APNDICES ...................................................................................................................................... 44

    APNDICE I ABNT NBR 10.151/2000 .......................................................................................... 45

    APNDICE II GRFICOS DA MEDIO 1 NVEIS INSTANTNEOS E LEQ ........................... 50

    APNDICE III GRFICO DA MEDIO 2 NVEIS INSTANTNEOS E LEQ ............................ 53

  • LISTA DE FIGURAS Figura 4.1: Faixa audvel de frequncia ............................................................................................ 13

    Figura 4.2: Circuitos de compensao A e C .................................................................................... 15

    Figura 4.3: Representao grfica do Leq ......................................................................................... 16

    Figura 4.4: Rudo do tipo contnuo .................................................................................................... 17

    Figura 4.5: Rudo do tipo intermitente ............................................................................................... 18

    Figura 4.6: Rudo do tipo impacto ..................................................................................................... 18

    Figura 6.1: Imagem de satlite do primeiro templo escolhido e seu entorno ................................... 24

    Figura 6.2: Imagem de satlite do segundo templo escolhido e seu entorno .................................. 25

    Figura 6.3: Conjunto de medio ...................................................................................................... 26

    Figura 6.4: Painel frontal do VI de aquisio de amostras de udio ................................................. 28

    Figura 6.5: Digrama de blocos do VI de aquisio de amostras de udio ....................................... 29

    Figura 6.6: Painel frontal do VI de processamento de amostras de udio ....................................... 30

    Figura 6.7: Digrama de blocos do VI de processamento de amostras de udio .............................. 31

    Figura 6.8: Representao grfica de um diagrama polar de captao cardiide ........................... 32

    Figura 6.9: Croqui de posicionamento do medidor em relao edificao .................................... 34

  • LISTA DE TABELAS Tabela 4.1: Presso sonora, intensidade e nvel sonoro .................................................................. 12

    Tabela 5.1: Nvel de rudo dB (A) pela mxima exposio diria permissvel .................................. 22

    Tabela 6.1 Valores de referncia x Valores lidos ........................................................................... 33

    Tabela 7.1: Nvel de critrio de avaliao NCA para ambientes externos, em dBA ......................... 36

    Tabela 7.2: Rudo externo obtido no templo religioso ...................................................................... 37

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas;

    CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente;

    EU Engineering Units (Unidades de Engenharia);

    IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis;

    NBR Norma Brasileira;

    NCA Nvel de critrio de avaliao;

    NIS Nvel de Intensidade Sonora;

    NPS Nvel de Presso Sonora;

    VI Virtual Instrument (Instrumento Virtual).

  • 1 INTRODUO

    1.1 Tema e formulao do problema

    Nos ltimos anos temos assistido ao crescimento desenfreado dos centros

    urbanos. A cada dia fica mais evidente que isso tem ocorrido de forma

    desordenada, pois tm se tornado cada vez mais comum em nosso cotidiano

    problemas como congestionamentos, enchentes, poluio, falta de moradias, falta

    de saneamento, falta de assistncia mdica, entre outras mazelas.

    Entre todos esses problemas citados anteriormente iremos tratar um caso

    especfico de poluio. Isso porque a poluio sonora, depois da poluio do ar e

    da gua, o problema ambiental que afeta um maior nmero de pessoas e, ao

    contrrio dos demais problemas ambientais, a poluio sonora continua crescendo [1]. Tm se tornado cada vez mais comuns as reclamaes vindas de vizinhos de

    templos religiosos no que diz respeito ao rudo causado por essas edificaes

    durante o uso ao qual se destinam.

    Diversas so as causas que fazem com que estas reclamaes sejam cada

    vez mais freqentes. As principais causas so:

    - Falta de projeto acstico para as novas edificaes;

    - Super dimensionamento dos sistemas de udio;

    - Treinamento ineficiente ou inexistente daqueles que so responsveis ou

    esto incumbidos de operar os equipamentos de som;

    - Desconhecimento por parte dos mesmos tcnicos ou operadores das leis e

    normas vigentes sobre nveis de emisso de rudo permitidos;

    - Falta de conhecimento por parte daqueles que esto expostos por vontade

    prpria ou contra sua vontade a nveis de emisso considerados insalubres por

    organismos nacionais e internacionais de sade pblica.

  • 2

    1.2 Objetivos do trabalho

    1.2.1 Objetivo geral

    Este trabalho tem por objetivo a escolha de um templo religioso

    reconhecidamente problemtico, do ponto de vista dos seus ndices de poluio

    sonora e de sua localizao no mapa de zoneamento urbano, no municpio de

    Moji Mirim. Em seguida, sero feitas medies pontuais de modo a possibilitar a

    comparao dos ndices encontrados com os limites fixados pela legislao em

    vigor. E por fim, buscar analisar e apontar opes de interveno a fim de reduzir

    e enquadrar os nveis de poluio sonora a valores compatveis com a referida

    legislao.

    1.2.2 Objetivos especficos

    Escolher um templo religioso em virtude de reclamaes existentes e de sua

    localizao em meio a residncias na zona urbana;

    Desenvolver, utilizando o software LabVIEW, uma aplicao de medidor de nvel

    de presso sonora para auxiliar no levantamento dos nveis de rudo;

    Fazer medies externas de modo a comparar os nveis encontrados com aqueles

    que so fixados pela legislao em vigor;

    Analisar e apontar alternativas de interveno em funo do custo de implantao

    e de sua efetividade na reduo dos nveis de emisso;

    Gerar elementos que possam subsidiar discusses em torno do problema e de

    possveis solues.

    1.3 Justificativa

    Devido ao fato do rudo ter sido considerado, por muito tempo, resultado

    das atividades ligadas ao cotidiano do ser humano, por muito tempo o tema no

    teve a merecida ateno por parte dos rgos ou autoridades competentes. Por se

  • 3

    tratar de uma degradao ambiental de difcil caracterizao, no sendo tangvel

    ou visvel como os outros contaminantes, por exemplo, a poluio atmosfrica.

    A poluio sonora cresce ao passo que a sociedade e as cidades se

    desenvolvem e ao contrrio de outros males no atinge somente as classes

    menos abastadas.

    O rudo ao qual estamos sujeitos resultado de uma grande variedade de

    fontes existentes em uma comunidade, dentre as quais podemos destacar a

    atividade industrial e seus maquinrios, os meios de transporte, escolas, casas de

    entretenimento, templos religiosos, atividades domsticas e atividades de lazer.

    Assim o presente trabalho ter sob seu foco a cidade paulista de Moji Mirim,

    fundada em 1979, sob o nome de Vila de So Jos de Mogi Mirim. Com seus

    88.373 habitantes [2], hoje a cidade, plo da indstria metalrgica e ainda com forte

    atividade agrcola na zona rural, cresce num ritmo no to acelerado, mas

    igualmente desordenado [3], como ocorre em outras partes do estado e do pas.

    Sabe-se que, na cidade de Mogi Mirim, a maioria dos templos religiosos

    existentes esto localizados em reas estritamente residenciais ou mistas

    (residenciais/comerciais). Esse fato por si s potencializa as chances de qualquer

    rudo vir a gerar algum tipo de incmodo nas imediaes. O maior interessado em

    caracterizar ou medir a intensidade de rudo gerada, no caso o templo religioso, na

    maioria dos casos no dispe de grandes recursos financeiros. Da vem

    justificativa para o desenvolvimento deste trabalho, que apresenta a facilidade de

    ser implementado com ferramentas comuns e de fcil acesso.

    1.4 Estrutura do trabalho

    O trabalho possui uma estrutura dividida em oito captulos, considerando a

    introduo como primeiro captulo. Respeitar-se- a seguinte ordem:

    Capitulo 2 descreve a metodologia utilizada para a aquisio das amostras de rudo bem como dos procedimentos adotados para a coleta e anlise dos dados;

  • 4

    Capitulo 3 aborda os aspectos legais e normativos envolvidos em torno da questo;

    Capitulo 4 traz alguns esclarecimentos sobre os aspectos quantitativos e qualitativos das grandezas fsicas envolvidas neste estudo;

    Capitulo 5 esclarece os efeitos do rudo ambiental no organismo humano; Capitulo 6 apresenta o desenvolvimento das aplicaes e procedimentos adotados para a calibrao e para as medies;

    Capitulo 7 trata da anlise dos dados bem como a comparao dos nveis medidos no templo religioso com os limites fixados pela legislao e pelas normas

    vigentes;

    Capitulo 8 sero apresentadas as concluses do trabalho. Neste captulo tambm sero apresentadas as opes de interveno pertinentes e coerentes

    com os nveis apresentados no captulo anterior e sugestes de trabalhos futuros.

  • 5

    2 METODOLOGIA

    Para desenvolver este estudo foi necessrio fazer um levantamento das

    legislaes e normas relacionadas ao tema e dos efeitos aos quais o organismo

    humano est sujeito. Feito isso, foi preciso escolher um templo religioso que

    apresentasse problemas de rudo excessivo, que estivesse situado numa regio

    caracterizada como residencial. A partir da, foi necessrio definir como seriam

    feitas as medies. Decidiu-se desenvolver um conjunto de aplicaes em

    LabVIEW aliado a um computador porttil e um microfone. Foram desenvolvidos

    dois Vis sendo o primeiro responsvel pela aquisio das amostras de sinal

    gerado pelo templo e o segundo responsvel por processar os sinais e apresentar

    de forma simples os resultados.

    A forma escolhida para calibrar o conjunto foi por meio de comparao com

    um medidor de NPS (Nvel de Presso Sonora). Esta foi feita a partir da

    reproduo de um sinal caracterstico, estando o conjunto de medio e o medidor

    de NPS posicionados a mesma distncia da fonte sonora. O sinal citado

    anteriormente vem a ser um rudo padronizado, utilizado em testes e calibraes

    de equipamentos eletroacsticos, conhecido como rudo rosa [4]. As informaes

    de calibrao so disponibilizadas pelo VI responsvel por condicionar os sinais

    adquiridos (mV) escala utilizada pelos demais VIs da aplicao (dB).

    Em seguida foram feitas as medies de rudo nos arredores do templo

    religioso escolhido, segundo os critrios da norma ABNT NBR 10.151/2000. Os

    dados foram exportados para arquivos de Excel e os resultados expressos atravs

    de grficos. Foi feita uma comparao entre os nveis encontrados e os valores

    recomendados na norma citada. Com base nos resultados encontrados foi feito

    um levantamento das deficincias apresentadas pelo templo religioso. Foi feito um

    levantamento de quais as tcnicas aplicveis a cada tipo de problema

    evidenciado.

  • 6

    3 NORMAS TCNICAS SOBRE LIMITES DE EMISSES DE RUDO

    A principal questo que vem sendo discutida no mbito legal se refere

    liberdade religiosa e seu conflito com outros objetos legais como o direito ao

    sossego [5], normas tcnicas que estabelecem limites de emisso de rudo e

    legislaes municipais de zoneamento urbano [6]. Essas discusses ocorrem

    devido ao fato da legislao brasileira ser muito extensa, ambgua e controversa.

    Sem contar os precedentes abertos por decises judiciais.

    3.1 Legislao no Brasil

    No Brasil o problema da poluio sonora conhecido desde o incio do

    sculo XIX quando, em 1824, foi promulgada a primeira lei nacional, destinada a

    proteo humana, que se tem notcia [7].

    Depois disso s voltamos a abordar o problema novamente 1941 atravs da

    Lei 3.688 em seu artigo 42, que trata da perturbao do trabalho ou sossego

    alheios como contraveno passvel de priso ou multa [8].

    Em seguida, em 1988, por meio da Constituio de 88, ficou definido que as

    matrias relacionadas ao Meio Ambiente so de competncia dos entes

    federativos [8].

    J no ano de 1990 o governo federal, atravs do Conselho Nacional do

    Meio Ambiente CONAMA publicou duas resolues relacionadas ao assunto. A

    resoluo 1 trata dos seguintes termos:

    - Resolve que a emisso de rudo dever obedecer aos critrios nela

    estabelecidos;

    - Que os nveis aceitveis so aqueles fixados pela norma ABNT NBR

    10.152;

    - Que novos projetos ou projetos de reforma de edificaes devero prever o

    atendimento aos nveis estabelecidos na norma supracitada;

  • 7

    - Que as medies devero ser efetuadas de acordo com a norma ABNT

    NBR 10.151 e;

    - Estende a responsabilidade de acompanhar e fiscalizar as emisses de

    rudos produzidas por qualquer meio aos rgos competentes nos estados e nos

    municpios.

    A resoluo 2, por sua vez, trata da:

    - Criao do programa nacional de educao e controle da poluio sonora,

    batizado de SILNCIO;

    - Promoo de cursos e capacitao em todo o pas para controlar o

    problema da poluio sonora;

    - Divulgao e conscientizao junto populao dos efeitos nocivos do

    excesso de rudo;

    - Incentiva a fabricao de equipamentos mais eficientes no tocante

    emisso de rudo;

    - Responsabiliza o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais

    Renovveis (IBAMA) pela coordenao do programa SILNCIO e;

    - Estende aos estados e municpios a responsabilidade pela fixao de nveis

    mais rgidos quando julgarem necessrio.

    Ainda no ano de 2002, foi sancionada a Lei 10.406 (Novo Cdigo Civil), que

    d ao proprietrio, ou responsvel legal por um imvel, o direito de fazer cessar as

    interferncias prejudiciais sua sade, segurana e sossego geradas pela

    utilizao de propriedade vizinha sua [6].

    3.2 Legislao em Mogi Mirim

    Em Mogi Mirim as mudanas ocorreram de forma mais lenta. No ano de

    2009 os poderes legislativo e executivo, respectivamente, aprovam e sancionam a

  • 8

    lei 4.745 que dispe sobre a proteo ao bem estar e ao sossego pblico e d

    outras providncias, inclusive sobre os rudos e sons urbanos.

    Basicamente, a lei traz as seguintes informaes:

    - Responsabiliza os departamentos municipais de Meio Ambiente, Trnsito e

    Transportes e Segurana pela fiscalizao;

    - Estabelece que os nveis a serem respeitados, bem como a metodologia de

    medio so os mesmos tratados pela norma ABNT NBR 10.151/00;

    - Trata das excees, proibies e das sanes s quais o infrator estar

    sujeito.

  • 9

    4 ONDAS SONORAS, RUDO E MEDIDA DE INTENSIDADE SONORA

    4.1 Principais conceitos

    a) Som: a sensao auditiva produzida por uma onda acstica. Qualquer som

    complexo pode ser considerado como resultado da adio de vrios sons

    produzidos por ondas senoidais simultneas;

    b) Rudo: uma combinao complexa de sons com freqncias fundamentais

    diferentes. Em um sentido amplo pode-se considerar rudo qualquer som que

    interfira em alguma atividade humana;

    c) Poluio sonora: qualquer som indesejvel, principalmente quando interfere em

    atividades humanas ou ecossistemas a serem preservados;

    d) Atividades ruidosas: atividades susceptveis de produzir rudo nocivo ou

    incmodo para os que habitem, trabalhem ou permaneam nas imediaes do

    local onde decorrem;

    e) Atividades ruidosas temporrias: as atividades ruidosas que, no constituindo

    um ato isolado, assumem carter no permanente, tais como obras de construo

    civil, competies desportivas, espetculo, festas ou outros divertimentos, feiras e

    mercados;

    f) Avaliao acstica: a verificao da conformidade de situaes especficas de

    rudo com os limites estabelecidos;

  • 10

    g) Nvel de presso sonora equivalente (Leq), em decibels ponderados em A:

    Nvel obtido a partir do valor mdio quadrtico da presso sonora referente a todo

    o intervalo de medio;

    h) Nvel de rudo ambiente (Lra): Todo o rudo que est sendo captado e que no

    seja proveniente da fonte objeto das medies;

    i) Rudo com carter impulsivo: Rudo que contm impulsos, que so picos de

    energia acstica com durao menor do que um segundo e que se repetem a

    intervalos maiores do que um segundo (por exemplo, martelagens, bate-estacas,

    tiros e exploses);

    j) Rudos com componentes tonais: Rudo que contm tons puros, como o som de

    apitos ou zumbidos;

    k) Critrios de avaliao de rudo: fixa as condies exigveis para avaliao da

    aceitabilidade do rudo em comunidades, independente da existncia de

    reclamaes.

    4.2 Ondas sonoras

    4.2.1 Definio

    O som uma onda mecnica longitudinal, resultado do aparecimento de

    zonas de compresso e rarefao no meio em que se propaga. Nas ondas

    mecnicas, as vibraes das partculas materiais criam a onda, como em molas,

    cordas, superfcies de lquidos.

    Delimitaremos o estudo das ondas sonoras propagando-se com freqncia

    na faixa audvel que est compreendida de 20 Hz at 20 kHz [4].

  • 11

    4.2.2 Intensidade e Nvel do som

    A intensidade do som determinada pela amplitude do deslocamento das

    molculas de ar. A intensidade sonora pode ser medida levando-se em conta sua

    amplitude, energia ou presso. Na audiologia, alguns nveis de intensidades so

    usados com muita freqncia. So eles: Nvel de Intensidade sonora (NIS) e Nvel

    de Presso Sonora (NPS).

    4.2.3 Nvel de Intensidade Sonora (NIS)

    10 /

    I0 = 10-12 Watt/m2 por ser esta a mnima intensidade sonora audvel por um

    indivduo otologicamente normal.

    A intensidade acstica apresenta muitas vantagens sobre a presso

    sonora. As medidas de presso sonora apresentam apenas informao sobre a

    magnitude do rudo, enquanto que a intensidade sonora apresenta a magnitude e

    direo.

    4.2.4 Nvel de Presso Sonora (NPS)

    10 /

    Onde:

    P0 = 20 Pa o nvel de presso sonora de referncia, por ser esta a mnima

    presso sonora audvel por um indivduo otologicamente normal.

    4.3 Limiar da sensao dolorosa

  • 12

    Corresponde ao valor da intensidade sonora mxima, acima do qual ocorre

    a sensao de dor. Isso deve ocorrer, em mdia, para 1kHz, em 120dB. Deve-se

    ressaltar que o limiar em questo pode variar de uma pessoa para outra [9].

    4.4 Limiar de audibilidade

    Corresponde menor intensidade do som que pode ser percebido pelo

    ouvido humano, valor que depende da freqncia considerada. O conjunto de

    sons audveis denominado campo de audibilidade, dado pela regio compreendida entre o limiar de audibilidade e o limiar da dor. A gama entre os

    dois limites muito grande. Para uma freqncia pura de 1 kHz, esses limites vo

    de 10-12 watt/m2 1 watt/m2, ou seja, uma razo de 1 para 1 trilho.

    Tabela 4.1: Presso sonora, intensidade e nvel sonoro

    Presso Sonora (Pa)

    Potncia Sonora (10-12watt) ou

    Intensidade Sonora (10-12watt/m2)

    Nvel Sonoro (dB) Exemplo

    200.000.00 100.000.000.000.000 140 Limiar da dor

    10.000.000.000.000 130 Rebite em chapa metlica

    20.000.000 1.000.000.000.000 120 Martelo pneumtico

    100.000.000.000 110 Buzina de carro a 1 m

    2.000.000 10.000.000.000 100 Alarme de relgio a 1 m

    1.000.000.000 90 Interior de um metr

    200.000 100.000.000 80 Interior de um nibus

    10.000.000 70 Rudo de trfego em cruzamentos

    20.000 1.000.000 60 Conversa normal

    100.000 50 Interior de um escritrio

    2.000 10.000 40 Sala de estar normal

    1.000 30 Quarto de dormir noite

    200 100 20 Estdio de gravao

    10 10 Respirao normal

    20 1 0 Limiar da audio

    Fonte: Fritsch, 2006, p. 20.

  • 13

    4.5 Escala decibel

    Vibraes sonoras so detectveis com valores to pequenos quanto

    0,00002N/m2, presso que corresponde a aproximadamente dois centsimos de

    milionsimo da presso atmosfrica normal. Isto , uma variao praticamente

    infinitesimal da presso do ar provoca a sensao da audio, desde que a

    freqncia de vibrao esteja compreendida na faixa de 20Hz a 20 kHz.

    Fonte: Fernandes, 2002, p. 18.

    Figura 4.1: Faixa audvel de frequncia

    Enunciado Geral: O aumento do estmulo, necessrio para produzir o incremento mnimo de sensao, proporcional ao estmulo preexistente [4].

    / ou

    Onde:

    S a sensao sonora;

    I a intensidade do estmulo;

    k uma constante de proporcionalidade.

    Para a acstica o enunciado geral fica:

    Para sons de mesma freqncia, a intensidade da sensao sonora cresce

    proporcionalmente ao logaritmo da intensidade fsica [4].

    Isto significa que se, por exemplo, o estmulo fsico cresce em funo dos

    nmeros:

    01 - 02 - 04 10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000

  • 14

    A sensao humana, para sons de mesma freqncia, cresce

    correspondentemente ao logaritmo destes mesmos nmeros, ou seja:

    0 0,3 0,6 01 02 03 04 05 06 (em bel)

    Isto implica uma unidade.

    A unidade bel uma caracterstica proporcional e significa 10 vezes mais

    potncia. Um bel vale log 10, dois bels valem log 100, etc. Como o bel uma

    escala ainda restrita, utiliza-se o decibel (dB), que um dcimo do bel. Com isso,

    se a presso aumenta 10 vezes tem-se um aumento de 20 decibels. A escala em

    dB representa uma aproximao percepo humana de audibilidade relativa.

    4.5.1 Decibels compensados

    A base deste conceito est no fato de que a sensibilidade auditiva varia em

    funo da intensidade sonora e da freqncia com que o som emitido. Para

    baixas freqncias, a sensibilidade baixa. Para as freqncias mdias (da ordem

    de 1000 a 4000 Hz), o sistema auditivo altamente sensvel, sendo que para altas

    freqncias a sensibilidade do ouvido volta a ser baixa.

    Para conseguir representar a sensao humana, os nveis de presso

    sonora (NPS) so alterados, atravs de compensaes para cada faixa de

    freqncia, obtendo-se um NPS compensado. Todo o trabalho de compensao

    feito internamente por filtros dos aparelhos.

    4.5.2 Escala de Ponderao Circuito A: Baseia-se na atenuao similar ao ouvido, quando este suporta NPS

    de baixos nveis de freqncias distintas. Nas baixas freqncias, a curva de

    ponderao A atenua de forma significativa, diminuindo esta atenuao

    medida que nos aproximamos dos 1000 Hz, onde a atenuao da curva A Zero.

    Entre 1000 e 5000 Hz, a escala a amplifica, voltando a atenuar a partir de 9000

  • 15

    Hz. A curva A tem como caracterstica amplificar de 0 a 1,5 dB os tons com

    freqncia de 1000 Hz a 6000 Hz. Atenua tons com freqncia de 20 Hz a 1000

    Hz, variando-se a atenuao de 60 dB a 0 dB (em 1000 Hz) respectivamente.

    Para freqncias acima de 6000 Hz at 20.000 Hz, a atenuao varia de 0 dB a 9

    dB.

    Circuito C: Utilizado para nveis altos, o que menos produz atenuao, sendo

    nula para a faixa compreendida entre 100 a 3000 Hz. o mais adequado para

    monitorar rudos de impacto.

    Fonte: Fritsch, 2006, p. 24.

    Figura 4.2: Circuitos de compensao A e C

    Existem ainda as escalas B e D, porm no sero utilizadas nesse estudo.

    4.6 Nvel de presso sonora equivalente (Leq)

    o nvel sonoro mdio integrado durante uma faixa de tempo especificada.

    O nvel obtido a partir do valor mdio quadrtico da presso sonora (com

    ponderao A) referente a todo o intervalo de medio. o nvel que, na hiptese

    de poder ser mantido constante durante o perodo de medio, acumularia a

  • 16

    mesma quantidade de energia acstica que os diversos nveis variveis acumulam

    no mesmo perodo.

    10 10

    Abaixo podemos ver a representao grfica do Leq:

    Fonte: Alves, 2003, p. 49.

    Figura 4.3: Representao grfica do Leq

    Para medidores que no disponham da funo que calcule

    automaticamente o Leq podemos encontrar na norma ABNT NBR 10.151, em seu

    anexo A, um mtodo alternativo para obter este ndice.

    10 1/ 10

    /10

    Onde:

    Li: Nvel de presso sonora em dBA, lido em resposta rpida (fast) a cada cinco

    segundos, durante o tempo de medio do rudo;

    n : nmero total de leituras.

  • 17

    4.6 Tipos de rudo

    4.6.1 Classificao do rudo

    a) Quanto variao no tempo:

    Rudo Contnuo: Aquele com flutuaes de NPS to pequenas que podem ser

    desprezadas dentro do perodo de observao (at 3 dB);

    Fonte: Alves, 2003, p. 51.

    Figura 4.4: Rudo do tipo contnuo

    Rudo Intermitente: Aquele cujo NPS cai bruscamente vrias vezes ao nvel do

    ambiente (Rudo de fundo). Com variaes maiores que 3dB, desde que o

    tempo de ocorrncia (t) seja superior a 01 segundo.

    Fonte: Alves, 2003, p. 51.

    Figura 4.5: Rudo do tipo intermitente

  • 18

    Rudo de Impacto: Aquele que consiste em um ou mais picos de energia

    acstica, de durao menor que um segundo, a intervalos de ocorrncia

    superiores a um segundo.

    Fonte: Alves, 2003, p. 52.

    Figura 4.6: Rudo do tipo impacto

    b) Quanto ao aspecto de freqncia:

    Aspecto Contnuo:

    Energia sonora distribuda por uma grande parte das freqncias audveis;

    Aspectos com poucos tons audveis:

    Com predominncia de poucas freqncias. Podendo chegar ao tom puro, rudo

    da banda estreita. Exemplo: Sirenes.

    Com predominncia de altas e baixas freqncias. Exemplo: combinao de

    rudo do ar condicionado com telefone.

  • 19

    4.7 Acstica ambiental

    4.7.1 Campo Livre

    De forma geral o ambiente externo por ser classificado como Campo Livre:

    53 Um campo sonoro ser dito um Campo Livre se este uniforme, livre de quinas

    ou vrtices, e ausente de outras fontes sonoras na prtica, este um campo onde

    os efeitos das superfcies de contornos so desprezveis sobre a regio de

    interesse [10].

    Deve-se considerar tambm:

    As alteraes dos nveis pela Lei do Inverso do Quadrado;

    Excesso de alteraes por freqncia devido umidade e fatores relacionados.

    Fatores que podem materialmente afetar os sons externos:

    Reflexes ou difraes por contornos das superfcies dos objetos slidos;

    Refrao e Shadow Formation por ventos, temperatura e variaes do vento;

    Reflexo e absoro pela superfcie terrestre.

    Em ambientes fechados teremos que, em funo da reverberao, a

    energia permanecer por mais tempo no ambiente e, em conseqncia, as

    mltiplas reflexes faro com que algumas freqncias sejam somadas e outras

    subtradas. Desta forma, teremos que a atenuao ser inferior a seis decibels,

    variando de acordo com o ambiente sonorizado. Em pontos distintos de um

    mesmo ambiente, os sons recebidos por um ouvinte podero ser diferenciados

    pela relao entre sons diretos e sons refletidos que chegam ao mesmo.

    4.7.2 Aspectos ambientais que interferem nas medies

    Quanto localizao de uma fonte sonora no pontual, existe uma srie de

    posies possveis em funo do objetivo da avaliao. No tocante distncia do

  • 20

    microfone at a fonte sonora, independentemente do objetivo da avaliao, tem-

    se:

    Campo prximo;

    Campo remoto e;

    Campo reverberante.

    No Campo prximo a variao de nvel de presso sonora no segue a Lei do

    Inverso dos Quadrados das distncias e freqentemente, encontra-se a uma

    incidncia aleatria de ondas sonoras e uma variao importante nos nveis

    medidos em posies ligeiramente diferentes [11].

    Para freqncias em torno de 400 Hz, se a medio for feita a uma

    distncia menor que o tamanho do aparelho, as reflexes decorrentes do corpo do

    operador do aparelho podem ocasionar erros acima de 6,0 dB. Para inibir esta

    influncia sugere-se a utilizao de trip.

    Outras influncias:

    Vento: Quando o vento sopra sobre o microfone, provoca uma srie de rudos

    estranhos. Para minimizar este efeito, usa-se sobre o microfone uma proteo

    especial constituda de uma esfera de esponja de poliuretano poroso;

    Umidade: O medidor de nvel e o microfone so influenciados por nveis de

    umidade relativa acima de 90%;

    55

    Temperatura: Deve-se observar a faixa de temperatura em que o aparelho est

    apto a operar;

    Presso atmosfrica: Variaes de presso em torno de 10% tm interferncia

    desprezvel na sensibilidade do microfone (menos que 0,2 dB). Em altas

    altitudes e, especialmente para altas freqncias, a sensibilidade pode se afetada

    mais do que 0,2 dB;

  • 21

    Vibrao: Embora o microfone e o medidor sejam relativamente insensveis a

    vibraes, aconselhvel isol-los de impactos;

    Campos magnticos: A influncia desprezvel.

  • 22

    5 EFEITOS DO RUDO NO ORGANISMO HUMANO

    Os efeitos nocivos do rudo sobre o organismo humano podem se

    manifestar, basicamente, de duas maneiras. A primeira produz efeitos fisiolgicos,

    fisiopatolgicos ou auditivos, compreendendo os efeitos otolgicos, ou seja, ao

    direta no sistema auditivo. A segunda so os efeitos extra-otolgicos, gerais ou

    no-auditivos, resultando numa ao geral sobre vrias funes orgnicas. Para

    melhor compreenso, sero utilizados para a classificao dos efeitos nocivos do

    rudo os termos auditivos e no-auditivos [12].

    5.1 Efeitos auditivos

    So aqueles efeitos ligados diretamente ao aparelho auditivo:

    Trauma acstico;

    Fadiga auditiva (ou Mudana Temporria do Limiar);

    Perda auditiva induzida por rudo (ou Mudana Permanente no Limiar).

    Tabela 5.1: Nvel de rudo dB (A) pela mxima exposio diria permissvel

    Nvel de Rudo em Dba

    Tempo Mximo de Exposio em Horas

    Nvel de Rudo em dBA

    Tempo Mximo de Exposio em Horas

    85 08:00 98 01:15 86 07:00 100 01:00 87 06:00 102 00:45 88 05:00 104 00:35 89 04:30 105 00:30 90 04:00 106 00:25 91 03:30 108 00:20 92 03:00 110 00:15 93 02:40 112 00:10 94 02:15 114 00:08 95 02:00 115 00:07 96 01:45

    Fonte: adaptado de Fritsch, 2006, p. 54.

  • 23

    5.2 Efeitos no-auditivos

    So todos os demais efeitos manifestados nas funes orgnicas:

    Transtornos na habilidade de executar atividades;

    Transtornos neurolgicos;

    Transtornos vestibulares (funes ligadas ao labirinto);

    Transtornos digestivos;

    Transtornos cardiovasculares;

    Transtornos hormonais;

    Transtornos sexuais;

    Transtornos do sono e;

    Transtornos comportamentais.

  • 24

    6 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

    6.1 Escolha do Templo

    A escolha do templo ocorreu com base nas reclamaes dos vizinhos de

    um determinado templo religioso, na cidade de Mogi Mirim. A partir do incio da

    execuo de um projeto de reforma e ampliao deste templo, elas se tornaram

    constantes.

    Porm no foi possvel iniciar as medies, pois, o departamento

    competente, atravs de duas fiscalizaes, j tinha autuado o templo em questo

    e proibido a utilizao dos equipamentos durante os cultos at que seja

    apresentado e executado um projeto acstico de adequao da edificao aos

    nveis exigidos.

    Figura 6.1: Imagem de satlite do primeiro templo escolhido e seu entorno

    A partir da foi necessrio a escolha de um novo templo para que fosse

    possvel executar as medies necessrias, tendo o cuidado de preservar

  • 25

    condies no mnimo semelhantes e que, igualmente, atendessem os objetivos do

    trabalho em questo.

    Foi encontrado em outro bairro da cidade outro templo com caractersticas

    muito parecidas. Tambm estava igualmente inserido numa regio,

    predominantemente residencial densamente habitada, como pode ser visto na

    figura 6.2, assim como o primeiro templo escolhido. Igualmente ao anterior, vinha

    reunindo reclamaes dos vizinhos.

    Figura 6.2: Imagem de satlite do segundo templo escolhido e seu entorno

    6.2 Medidor

    Para proceder s medies e aquisio dos dados buscou-se um

    equipamento que atendesse aos requisitos das normas vigentes, tanto do ponto

    de vista operacional como do construtivo, mas, em virtude da proposta do trabalho

    de concluso de curso, optou-se aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina

    de Instrumentao Eletrnica. A forma escolhida para fazer esse link

    multidisciplinar foi o desenvolvimento de uma aplicao no Software LabVIEW

  • 26

    associado a um computador porttil e um microfone, capazes de fazer as

    medies e aquisies de dados. A idia surgiu do contato com o trabalho

    acadmico desenvolvido por docentes da Universidade de Coimbra - Portugal,

    onde se buscou emular equipamentos de medio atravs de software, recursos

    computacionais e um microfone para tornar as aulas de laboratrio mais didticas [13].

    Figura 6.3: Conjunto de medio

    Devido a algumas limitaes impostas pelos recursos disponveis,

    computador porttil e microfone, no foi possvel atender plenamente as

    exigncias das normas construtivas de medidores de nvel de presso sonora,

    mas, buscaram-se valores muito prximos dos reais atravs do procedimento de

    calibrao e medio descrito respectivamente nas sesses 6.3 e 6.4.

    6.2.1 Software e Instrumentos Virtuais (VI)

    Para reduzir o impacto das limitaes impostas pelos recursos de hardware

    foram desenvolvidos dois instrumentos virtuais.

    O primeiro com o intuito de fazer aquisio dos sinais medidos, em funo

    das amplitudes instantneas, e armazenar os dados num arquivo de medidas.

  • 27

    O segundo com o intuito de carregar e processar os dados contidos nos

    arquivos de medidas em funo do Leq e do NPS ao longo das freqncias que

    compem os sinais adquiridos.

    Sendo assim fica claro que os sinais adquiridos no foram processados em

    tempo real.

    Os VIs em questo subdividem-se em duas partes:

    Painel frontal que faz a interface entre o usurio e a aplicao e; Diagrama de Blocos que mostra graficamente os blocos funcionais que compem a aplicao, a forma como esto interligados bem como as entradas e

    sadas de cada bloco.

    Instrumento Virtual de Aquisio de Amostras de udio: O VI de aquisio foi

    desenvolvido com o intuito de coletar amostras de udio e armazen-las em um

    arquivo de medidas. Desta forma os sinais adquiridos poderiam ser tratados e

    processados posteriormente e a aplicao seria executada de forma mais gil.

    No painel frontal podero ser vistos os seguintes campos:

    a) Taxa de amostragem permite selecionar a taxa de amostragem em Hz;

    b) Durao permite configurar a durao do intervalo de aquisio em segundos;

    c) Canais permite configurar quantos canais sero utilizados durante a aquisio

    (depender do hardware utilizado);

    d) Resoluo permite selecionar a resoluo (em Bits);

    e) Dispositivo permite selecionar o dispositivo de aquisio;

    f) Nome do Arquivo mostrar uma janela aps o VI fazer a aquisio para que o

    usurio escolha um nome e um destino para salvar o arquivo de medio e;

    g) Dados amostra graficamente a amplitude do sinal adquirido em funo do

    tempo.

  • 28

    Figura 6.4: Painel frontal do VI de aquisio de amostras de udio

    No diagrama podero ser vistos os seguintes blocos:

    a) Acquire Sound faz a aquisio dos dados atravs de uma placa de som. Este

    VI configura automaticamente uma tarefa de entrada dos dados, faz a aquisio e

    encerra a tarefa quando a aquisio est completa;

    b) Write to Measurement File escreve os dados num arquivo de medio

    baseado em texto (.lvm).

    Os demais blocos so interligados aos blocos funcionais para indicaes ou

    controle de parmetros.

  • 29

    Figura 6.5: Digrama de blocos do VI de aquisio de amostras de udio

    Instrumento Virtual de Processamento: O VI de processamento foi desenvolvido

    com o intuito de tratar os dados amostrados contidos no arquivo de medidas.

    Como o processamento depende diretamente do volume de dados e da

    capacidade da mquina (processador e memria), tratar e processar os dados a

    parte mais lenta do processo.

    O painel trar os seguintes campos:

    a) Pasta de Origem permite selecionar o arquivo de medio que se deseja

    carregar e processar;

    b) Nvel Equivalente mostra graficamente o Leq correspondente ao intervalo de

    medio dos sinais processados;

  • 30

    c) Espectro de Oitavas mostra os nveis de presso sonora, obtidos em funo

    de suas freqncias nominais. Nesse caso representando as freqncias

    espaadas entre si por 1/3 de oitava;

    d) Exponencial (grfico) mostra a mdia exponencial dos valores amostrados;

    e) Informaes de Calibrao se trata de um conjunto de campos de entradas de

    dados por onde possvel controlar os parmetros de calibrao do VI.

    Figura 6.6: Painel frontal do VI de processamento de amostras de udio

    No diagrama podero ser vistos os seguintes blocos:

    a) Read from Measurement File l os dados de um arquivo de medio baseado

    em texto (.lvm);

    b) SVL Scale Voltage to EU coloca o sinal adquirido (em Volts), em escala com

    outra unidade de engenharia selecionada pelo usurio. possvel utilizar este VI

    para medies de canal simples, para medio de vrios canais com a mesma

  • 31

    informao de calibrao ou para medio de vrios canais com informaes de

    calibrao distintas;

    c) Sound Level realiza medies de NPS, incluindo medidas lineares,

    exponenciais e picos pra canais simples ou para multi canais. possvel aplicar

    filtros de ponderao tipo A, B ou C para sinais no domnio do tempo;

    d) Octave Analysis realiza a anlise de fraes de oitava, inclusive 1/1, 1/3, 1/6,

    1/12, e 1/24 de oitava para canais simples ou para multi canais. Tambm

    possvel aplicar filtros de ponderao tipo A, B e C no espectro de oitava.

    Os demais blocos so interligados aos blocos funcionais para indicaes ou

    controle de parmetros.

    Figura 6.7: Digrama de blocos do VI de processamento de amostras de udio

  • -

    -

    -

    -

    com

    LabV

    com

    sens

    resp

    de 1

    6

    O comp

    Process

    Memria

    Sistema

    Placa de

    Pelas c

    putador qu

    O comp

    VIEW 8.5 e

    O micro

    capsula d

    sibilidade e

    posta em fr

    ,5V, segun

    Figura

    6.2.2 Com

    putador por

    sador Int

    a 512GB

    a Operacio

    e Audio Int

    caracterst

    ue dispe d

    putador por

    e Sound an

    ofone, por s

    de conden

    estimada d

    requncia n

    ndo inform

    a 6.8: Repres

    mputador p

    rttil empre

    el Celeron

    B RAM;

    onal Wind

    tegrada

    ticas acim

    de grandes

    rttil conta

    nd Vibratio

    sua vez,

    nsador de

    de -44dB

    numa faixa

    maes con

    sentao grf

    porttil e m

    egado pos

    2,4GHz;

    dows XP S

    Conexant

    ma pos

    s recursos

    a ainda com

    on Toolkit 6

    um micro

    eletreto, d

    2dB com

    a que vai d

    nstantes no

    fica de um dia

    microfone

    sui a confi

    SP3;

    AC-Link A

    ssvel nota

    s.

    m verses

    6.0 da Nati

    ofone da m

    diagrama p

    a chave l

    de 100Hz a

    o manual d

    agrama polar

    e

    gurao d

    Audio.

    ar que n

    educacion

    ional Instru

    marca YOG

    polar do tip

    liga na pos

    at 16kHz

    do fabrican

    r de captao

    escrita aba

    no se tr

    nais dos so

    uments.

    GA, modelo

    po ultra ca

    sio norm

    e alimenta

    nte.

    o cardiide

    32

    aixo:

    rata um

    oftwares

    o HT-81,

    ardiide,

    mal, tem

    ao DC

  • 33

    6.3 Calibrao do conjunto

    Foram estudadas algumas possibilidades para fazer a calibrao do

    sistema. Como o objetivo no era uma aplicao para um estudo em laboratrio, o

    que exigiria uma maior preciso, optou-se pela calibrao por comparao entre o

    conjunto de medio e um medidor de NPS. Este ltimo construdo segundo

    requisitos da IEC 61672-1 de 2002 [14].

    O procedimento consistiu em posicionar ambos igualmente distantes de

    uma determinada fonte de rudo. Iniciada a emisso de rudo rosa, buscou-se

    ajustar as informaes de calibrao dos VIs de forma a obter a menor diferena

    possvel entre as leituras do conjunto e do medidor de NPS. O sistema foi

    calibrado numa faixa que vai de 50 dBA at 75 dBA, variando-se os valores nesse

    intervalo de 5 em 5 dBA.

    Abaixo segue a tabela 6.1, com os valores obtidos aps a realizao de

    ajustes no VI de processamento:

    Tabela 6.1 Valores de referncia x Valores lidos

    Valor de Referncia (dBA) Valor Lido no VI (dBA)

    50,0 50,3

    55,0 55,2

    60,0 60,4

    65,0 65,1

    70,0 70,0

    75,0 74,9

    A foi encontrado erros mximos de -0,1 dBA e +0,4 dBA, com as

    informaes de calibrao j ajustadas.

  • 34

    6.4 Mtodo de medio

    Buscou-se efetuar as medies atendendo aos requisitos constantes na

    norma ABNT NBR 10.251/2000, na parte externa do templo religioso.

    Referente quantidade de pontos foram definidos trs pontos eqidistantes

    entre si e afastados no mnimo 2 m da fachada e das divisas da edificao e no

    mnimo 1,5 m de um ponto escolhido ao outro. Na figura 6.9 possvel visualizar

    um croqui com o posicionamento do medidor em relao edificao para os trs

    pontos definidos:

    Figura 6.9: Croqui de posicionamento do medidor em relao edificao

    Referente s medies, foram definidos 2 pontos e decidiu-se por efetuar 4

    aquisies de dados (duas por ponto) com durao de 15 minutos cada, sendo 10

    minutos de amostra de rudo da fonte e 5 minutos de amostra do rudo de fundo,

    de forma a poder estabelecer o nvel de rudo ambiente (Lra). Foi necessrio

    repetir este procedimento por dois dias de forma a caracterizar corretamente os

    nveis de rudo emitidos pela fonte estudada.

    A norma citada faz referncia a cuidados necessrios com as interferncias

    em reas externas. Esses cuidados foram observados, tais como:

  • 35

    - uso de protetor fornecido juntamente com o medidor pelo fabricante, para

    proteger as amostras de interferncias causadas pelo vento;

    - fixao do medidor a 1,2 metros afastado do solo, por meio de pedestal;

    - afastamento mnimo de 2 metros de quaisquer superfcies que possam causar

    reflexo (Ex. muros, paredes);

    - no amostrar sinal na presena de rudos resultantes de fenmenos naturais (Ex.

    troves, chuvas fortes);

    - em caso de rudos com caractersticas especiais preciso efetuar as correes

    indicadas pela norma, de forma a obter o nvel corrigido (LC).

  • 36

    7 ANLISE DOS RESULTADOS

    O templo no qual foi efetuada a monitorao dos nveis de rudo foi escolhido

    com base nas reclamaes de vizinhos e em sua localizao em meio s

    residncias.

    As medies foram feitas fora dos limites do templo, uma vez que o objetivo

    foi comparar os nveis de rudo externo com aqueles que so fixados pela

    legislao vigente. Para mensurar o rudo externo, gerado pelo templo, o conjunto

    de medio foi posicionado no exterior do templo a aproximadamente 1,20 m do

    piso e a pelo menos dois metros do limite da propriedade e de quaisquer outras

    superfcies refletoras, como muros, paredes etc.

    Todas as monitoraes foram efetuadas dentro do horrio diurno, num

    perodo compreendido 19h00 at as 21h30, que o intervalo durante o qual se

    realizam as atividades no templo, com uma freqncia mdia de quatro dias por

    semana.

    O mtodo de avaliao do rudo baseou-se em uma comparao entre o nvel

    de presso sonora obtido no templo religioso, tabela 7.2, e os valores da tabela

    7.1.

    Tabela 7.1: Nvel de critrio de avaliao NCA para ambientes externos, em dBA

    Tipos de reas Diurno Noturno reas de stios e fazendas 40 35 reas estritamente residenciais urbanas ou de hospitais ou de escola 50 45

    rea mista, predominantemente residencial 55 50 rea mista, com vocao comercial e administrativa 60 55 rea mista, com vocao recreacional 65 55 rea predominantemente industrial 70 60

    7.1 Nveis obtidos durante as medies externas

    A tabela 7.2 apresenta os ndices de rudo obtidos pela monitorao

    realizada no templo religioso escolhido:

  • 37

    Tabela 7.2: Rudo externo obtido no templo religioso

    Medio / Ponto Rudo de Fundo (Lra) Rudo da Fonte (Leq)

    Medio 1 / Ponto 1 55,7 dBA 65,0 dBA

    Medio 1 / Ponto 2 55,4 dBA 63,0 dBA

    Medio 2 / Ponto 1 54,5 dBA 67,0 dBA

    Medio 2 / Ponto 2 54,2 dBA 65,0 dBA

    Mdia Aritmtica 54,9 dBA 66,0 dBA

    7.2 Anlise dos dados

    Observou-se pela monitorao realizada que o templo analisado

    apresentou nveis de intensidade sonora acima dos limites estabelecidos na

    legislao municipal e aos limites estabelecidos na NBR 10.151, que so idnticos

    (55,0 dBA).

    Foram feitas medies dentro do intervalo de funcionamento do templo, em

    um dia sem atividades, de forma obter o nvel ambiente (Lra). Como o valor

    encontrado, 54,9 dBA (tabela 7.2), no excedeu o valor NCA, ser mantido o valor

    55,0 dBA como referncia para efeito desta anlise.

    O maior nvel instantneo detectado no templo religioso foi 76,0 dBA de

    rudo externo, na medio 2, durante a monitorao do ponto 1.

    O nvel equivalente, resultado da mdia aritmtica dos valores obtidos, foi

    de 66,0 dBA, ou seja, 11 dB acima do limite denominado NCA, fixado pela

    legislao para o local e horrio em questo.

    Este rudo tem como causa, entre outros fatores, as pregaes realizadas

    atravs de alto-falantes, bem como a utilizao de instrumentos musicais como

    guitarras e baterias ligadas a sistemas de amplificao sonora. Aliado a isto, a

    edificao no apresenta qualquer tratamento acstico.

    Sendo assim, constatou-se o comprometimento do bem estar da

    comunidade vizinha.

  • 38

    8 CONCLUSO

    8.1 Alternativas de Interveno Diante do exposto, fica evidente que algum tipo de interveno se faz

    necessria. Dentre as muitas opes paliativas existentes, sero citadas algumas,

    priorizando fatores como custo e complexidade de implantao e eficincia na

    reduo das emisses de rudo.

    Conscientizao sobre os efeitos nocivos da exposio ao rudo: A soluo mais

    simples e barata de se implementar. O simples fato de informar os freqentadores

    do templo sobre os riscos nocivos aos quais esto expostos pode contribuir de

    forma significativa, uma vez que os prprios freqentadores poderiam auxiliar na

    fiscalizao, reclamando dos nveis de rudo ao sentirem-se incomodados.

    Correto dimensionamento dos equipamentos de udio: Essa no propriamente

    uma soluo que pode ser classificada como simples, mas, pode representar

    economia, j que um sistema corretamente dimensionado para as necessidades

    de um templo, na grande maioria dos casos no o mais caro dentre as opes

    oradas. Essa soluo, como citado anteriormente, no simples, pois na grande

    maioria dos casos, as pessoas responsveis pela aquisio de equipamentos no

    possuem sequer conhecimentos mnimos sobre os sistemas e suas

    caractersticas, ficando assim, a merc de vendedores que tem como nica

    preocupao vender produtos, que quase sempre esto superdimensionados em

    relao ao local onde sero instalados e utilizados.

    Posicionamento do operador em relao ao sistema: Em muitos casos, comum

    encontrar situaes onde, por mera convenincia arquitetnica, os controles e o

    operador so convidados a se posicionarem num canto qualquer, ficando

    prejudicados em relao necessidade de monitorar aquilo que est sendo

  • 39

    reproduzido. No difcil encontrar operadores e controles atrs da linha traseira

    dos falantes. Essa prtica comum deve-se principalmente a economia

    proporcionada com cabeamento dos sistemas. Na verdade o correto seria

    posicionar o operador num local onde fosse possvel ter a mesma percepo

    daqueles que esto expostos ao rudo, ou seja, a frente dos falantes.

    Treinamento de operadores: Segundo artigo escrito por Fernandes [15], no existe

    grande preocupao em oferecer capacitao tcnica s pessoas responsveis

    por operar e manter sistemas de reforo sonoro, cujo pilar deve ser a

    inteligibilidade dos sons reproduzidos. Em muitos casos, s so lembrados

    quando ocorrem problemas ou incmodos devido a falhas na operao dos

    sistemas. Investir em capacitao refletir em inmeras vantagens dentre as quais

    possvel listar:

    a) reduo do risco de ocorrncia de defeitos e falhas;

    b) orientao ao adquirir novos equipamentos e;

    c) qualidade na reproduo sonora.

    A ltima vantagem citada pode significar a possibilidade de se trabalhar com

    um menor nvel sonoro sem prejuzos inteligibilidade.

    Projeto de isolamento acstico: Esta etapa a que envolve o maior custo, pois,

    alguns profissionais responsveis pelo projeto arquitetnico, por desconhecimento

    ou de forma proposital, reduzem seus custos justamente eliminando essa etapa.

    Como, na grande maioria dos casos, os responsveis legais pelos templos so

    leigos, sequer chegam a questionar a falta do projeto de isolamento. Estamos

    tratando de um problema crnico na rea de projetos de casas ou edificaes,

    pois segundo estudo realizado por Ferreira [16], onde foram feitos ensaios com o

    objetivo de mensurar o isolamento acstico em residncias populares e de alto

    padro, o autor demonstrou por meio de medies in situ e por meio de

    simulaes computacionais que as edificaes avaliadas apresentaram ndices

  • 40

    abaixo dos aceitveis se comparados com normas internacionais, como a ISO

    140, aplicvel a fachadas. Ainda, segundo Ferreira, no Brasil no existem normas

    que estabeleam valores de isolamento aceitveis. Um ponto importante a

    ressaltar que, segundo ficou comprovado pelas medies, no bastando os

    templos religiosos no contarem com isolamento acstico, as residncias tambm

    so construdas ignorando os princpios de conforto acstico, o que potencializa a

    ocorrncia de problemas e desentendimentos entre as duas partes. A partir da,

    comeam os problemas, pois, implantar isolamento acstico em qualquer tipo de

    edificao, seja uma residncia, supermercado ou templo religioso, sem sombra

    de dvidas trar muito mais transtornos do que faz-lo na etapa de construo,

    alm disso, o custo com certeza ser mais elevado.

    8.2 Comentrio Final

    Este trabalho mostrou que o templo escolhido como objeto deste estudo

    realmente apresentava seu nvel de emisso de rudo muito acima do valor fixado

    pela lei municipal, que o mesmo recomendado pela norma ABNT NBR

    10.151/2000. Conclui-se isso devido ao fato de que a cada trs decibels

    adicionais, pode-se perceber um sinal com o dobro de intensidade do sinal

    original.

    Isso foi possvel devido ao desenvolvimento de aplicaes no Software

    LabVIEW para amostrar, armazenar e processar os dados obtidos atravs do

    monitoramento externo do templo religioso.

    Foram atendidos a maioria dos requisitos constantes na norma que trata a

    caracterizao de rudo no ambiente urbano.

    O desenvolvimento deste trabalho e de outros contribu substancialmente para

    o debate da questo isolamento acstico em projetos de edificaes e da

    necessidade de criao ou adoo de uma norma, como a ISO 140, ou parmetro

    legal para garantir que ndices de conforto acstico em residncias e demais

    edificaes sejam respeitados.

  • 41

    8.3 Trabalhos Futuros

    Como trabalho futuro, existe a possibilidade de interligar um medidor

    calibrado, que seja dotado de porta de comunicao com o software LabVIEW.

    Desta forma ter-se-ia uma aplicao:

    - mais robusta;

    - passvel de calibrao, uma vez que o medidor est em conformidade com as

    normas construtivas;

    - poder-se-ia obter sinais e poder executar anlises do ponto de vista qualitativo

    dos valores amostrados por este conjunto.

  • 42

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. Berglund, Brigitta; Lindvall, Thomas; Schwela, Dietrich H. Guidelines for Community Noise [Relatrio]. Londres: World Health Organization, 1999.

    2. Wikipdia. Mogi Mirim [Online]. 2010. 31 de Outubro de 2010. site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mogi_Mirim

    3. Prefeitura Municipal de Mogi Mirim. Dados do Municpio [Online]. 2010. 31

    de Outubro de 2010. site: http://www.mogimirim.sp.gov.br/dadosmunicipio.php.

    4. Fernandes, Joo Cndido. Acstica e Rudos [Apostila]. - Bauru : UNESP,

    2002.

    5. Catana, Thiago Oliveira; Amaral, Srgio Tibiria. Liberdade religiosa e seus conflitos [Artigo]. Boletim Jurdico. 10 de Maio de 2006. Abril de 2010. site: http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1580.

    6. Freitas, Ana Paula Meneghetti; Freitas, Silviane Meneghetti. Aspectos

    Legais Referentes ao Conforto Acstico nas Edificaes Urbanas [Artigo] Revista Eletrnica do Curso de Direito da UFSM. 2006. 3 : Vol. I. p. 3-16.

    7. Colgio So Francisco. Poluio Sonora [Artigo]. Portal So

    Francisco. Colgio So Francisco, 2005. 21 de Outubro de 2010. site: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-poluicao-sonora/poluicao-sonora-2.php.

    8. Pereira, Junior Jos de Sena. Legislao Federal sobre Poluio Sonora

    Urbana [Nota Tcnica]. Braslia: Cmara dos Deputados, 2002.

    9. Lacerda, Adriana Bender Moreira de; et al. Ambiente Urbano e Percepo da Poluio Sonora [Tese]. Curitiba: 2004.

    10. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais RenovveisA.

    Curso prtico de medio e avaliao de rudos urbanos [Livro]. Ministrio do Meio Ambiente, 2002.

    11. Alves, Sver Marcos Leal. Anlise da Degradao Ambiental Urbana

    Causada pelo Rudo: O Caso dos Templos Religiosos [Tese]. Braslia : 2003.

  • 43

    12. Carmo, Lvia Ismlia Carneiro do. Efeitos do Rudo Ambiental no Organismo Humano e suas Manifestaes Auditivas [Tese]. Goinia: 1999.

    13. Silva, Manuel C. Gameiro da; Mateus, Mrio. Desenvolvimento de um

    Conjunto de Aplicaes Computacionais para Emoluo de Equipamentos de Medio e Anlise Sonora [Tese]. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008.

    14. Instrutherm. Manual de Instrues Medidor de NPS: Modelo DEC-490

    [Manual]. Instrutherm Instrumentos de Medio Ltda, 2009.

    15. Fernandes, David. Treinar ou no treinar: Eis a questo [Artigo]. Revista Comunho. n 23.

    16. Ferreira, Jos Augusto Coelho; Zannin, Paulo Henrique Trombetta.

    Determinao de coeficientes de isolamento acstico: Medies in situ e simulao computacional [Tese]. Curitiba: UFP, 2006.

  • 44

    APNDICES

  • 45

    Apndice I ABNT NBR 10.151/2000

  • 46

    Critrios de para avaliao de rudos de acordo com a NBR 10.151 1- O mtodo de avaliao envolve as medies do nvel de presso sonora

    equivalente (Leq), em decibis ponderados em A, comumente chamado dB(A),

    salvo o que consta no item 3.4.2;

    2- Equipamentos de medio:

    2.1- Medidor de nvel de presso sonora: O medidor de nvel de presso

    sonora ou o sistema de medio deve atender s especificaes da IEC 60651

    para o tipo 0, tipo 1 e tipo 2. Recomenda-se que o equipamento possua recursos

    para medio de nvel de presso sonora equivalente ponderado em A, conforme

    IEC 60804;

    2.2- Calibrador acstico: O calibrador acstico deve atender s

    especificaes da IEC 60942, devendo ser classe 2, ou melhor;

    2.3- Calibrao e ajustes dos instrumentos: O medidor de nvel de presso

    sonora e o calibrador devem ter certificado de calibrao da Rede Brasileira de

    Calibrao (RBC) ou do IMMETRO, renovado no mnimo a cada dois anos. Uma

    verificao e eventual ajuste do medidor de nvel de presso sonora ou o sistema

    de medio deve ser realizada pelo operador do equipamento, com calibrador

    acstico, imediatamente antes e aps cada medio, ou conjunto de medies

    relativas ao mesmo evento;

    3- Procedimentos de medio:

    3.1- Condies gerais: No limite de nveis de rudo deve-se medir

    externamente aos limites da propriedade que contm a fonte, de acordo com o

    item 3.2.1. Na ocorrncia de reclamaes, as medies devem ser feitas nas

    condies e locais indicados pelo reclamante, de acordo com 3.2.2 e 3.3, devendo

    ser atendidas as demais condies gerais;

    3.1.1- Todos os valores medidos do nvel de presso sonora devem

    ser aproximados ao valor inteiro mais prximo;

    3.1.2- No devem ser efetuadas medies na existncia de

    interferncias audveis advindas de fenmenos da natureza;

  • 47

    3.2- Medies no exterior de edificaes: Deve-se prevenir o efeito de

    ventos sobre o microfone com o uso de protetor, conforme instrues do

    fabricante;

    3.2.1-No exterior das edificaes que contm a fonte, as medies

    devem ser efetuadas em pontos afastados aproximadamente 1,2 m do piso e pelo menos 2,0 m do limite da propriedade e de quaisquer outras superfcies refletoras, como muros, paredes etc. Na impossibilidade de

    atender alguma das recomendaes, a descrio da situao medida deve

    constar no relatrio;

    3.2.2- No exterior da habitao do reclamante, as medies deve ser

    efetuadas em pontos afastados aproximadamente 1,2 m do piso e pelo menos 2,0 m de quaisquer outras superfcies refletoras, como muros, paredes, etc. Caso o reclamante indique algum ponto de medio que no

    atenda as condies 3.2.1 e 3.2.2, o valor medido neste ponto deve constar

    no relatrio;

    3.3- Medies no interior de edificaes: As medies em ambientes

    internos devem ser efetuadas a uma distncia de no mnimo 1,0 m de quaisquer superfcies, como paredes, teto, piso e mveis.

    3.3.1- Os nveis de presso sonora em interiores devem ser o

    resultado da mdia aritmtica dos valores medidos em pelo menos trs posies distintas, sempre que possvel afastada entre si em pelo menos 0,5 m;

    3.3.2- Caso o reclamante indique algum ponto de medio que no

    atenda as condies acima, o valor medido neste ponto deve constar no

    relatrio;

    3.3.3- As medies devem ser efetuadas nas condies de utilizao

    normal do ambiente, isto , com as janelas abertas ou fechadas de acordo

    com a indicao do reclamante;

    3.4- Correes para rudos com caractersticas especiais:

  • 48

    3.4.1- o nvel corrigido Lc para rudo sem carter impulsivo e sem

    componente tonais determinado pelo nvel de presso sonora

    equivalente, Leq;

    3.4.2- O nvel corrigido Lc para rudo com caractersticas impulsivas

    ou de impacto determinado pelo valor mximo medido com o medidor de

    nvel de presso sonora ajustado para resposta rpida (fast), acrescido de

    5dB(A);

    3.4.3- O nvel corrigido Lc para rudo com componentes tonais

    determinado pelo Leq acrescido de 5dB(A);

    3.4.4- O nvel corrigido Lc para rudo que apresente simultaneamente

    caractersticas impulsivas e componentes tonais deve ser determinado

    aplicando-se os procedimentos 3.4.2 e 3.4.3, tomando-se como resultado o

    maior valor;

    4-Avaliao do rudo:

    4.1- Generalidades: O mtodo de avaliao do rudo baseia-se em uma

    comparao entre o nvel de presso sonora corrigido Lc o nvel de critrio

    avaliao NCA, estabelecido conforme tabela 7.

    4.2- Determinao do nvel de critrio de avaliao NCA:

    4.2.1- O nvel de critrio de avaliao para ambientes externos est

    indicado na tabela 1;

    4.2.2- Nvel de critrio de avaliao para ambientes internos o nvel

    indicado na tabela 7 com correo de 10dB(A) para janela aberta e

    15dB(A) para janela fechada;

    4.2.3- Se o nvel de rudo ambiente Lra for superior ao valor da tabela

    1 para a rea e o horrio em questo, o NCA assume o valor do Lra.

  • 49

    Tabela 1 - nvel de critrio de avaliao NCA para ambientes externos, em dB(A) Tipos de reas Diurno Noturno reas de stios e fazendas 40 35 reas estritamente residenciais urbanas ou de hospitais ou de escola 50 45

    rea mista, predominantemente residencial 55 50 rea mista, com vocao comercial e administrativa 60 55 rea mista, com vocao recreacional 65 55 rea predominantemente industrial 70 60

    5- Relatrio de ensaio: O relatrio deve conter as seguintes informaes:

    a) Marca, tipo ou classe e nmero de srie de todos os equipamentos de medio

    utilizados;

    b) Data e nmero do ltimo certificado de calibrao de cada equipamento de

    medio;

    c) Desenho esquemtico e\ou descrio detalhada dos pontos de medio;

    d) Horrio e durao das medies do rudo;

    e) Nvel de presso sonora corrigido Lc, indicando as correes aplicadas;

    f) Nvel de rudo ambiente;

    g) Valor do Nvel de Critrio de Avaliao (NCA) aplicado para a rea e o horrio

    da medio;

    6- Mtodo alternativo para a determinao do Leq: Caso o medidor utilizado no

    disponha desta funo, o Leq deve ser calculado pela expresso:

    10 1/ 10

    /10

    Onde:

    118

    - Li o nvel de presso sonora em dB (A), lido em resposta rpida (fast) a

    cada cinco segundos, durante o tempo de medio do rudo;

    - n o nmero total de leituras.

  • 50

    Apndice II Grficos da Medio 1 Nveis Instantneos e Leq

  • 51

  • 52

  • 53

    Apndice III Grfico da Medio 2 Nveis Instantneos e Leq

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  • 55