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Artivismo borrando fronteiras entre vida e arteArtivism blotting boundaries between life and artArtivismo difuminando los lmites entre la vida y el arte

Vanessa Benites Bordin[footnoteRef:1] [1: ECA- USP (Escola de Comunicao e Artes da Universidade de So Paulo); Mestre em Artes Cnicas; [email protected]. Pesquisa concluda. Formao do Artista Teatral. Elisabeth Silva Lopes. FAPESP (Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo). Atriz e professora de teatro.]

Resumo: Neste artigo ser abordado um dos conceitos chave que permeiam minha pesquisa acadmica a respeito da arte de carter subversivo ou regulador do sistema: o artivismo. Este conceito contm como ideia fundamental borrar as relaes entre arte e vida, criando a possibilidade de um espao de discusso, onde o performer produz sua arte a partir de suas convices, sem que seu pensamento poltico esteja dissociado de sua prtica artstica. Desta forma, para refletir a respeito de que maneira as aes artivistas podem acontecer em nossa sociedade, trago uma reflexo acerca da prtica artstica e poltica do artivista norte-americano Reverend Billy, que utiliza o humor e a bufonaria para denunciar as injustias contra o homem na sociedade capitalista de consumo.Palavras chave: arte, ativismo, performance

Abstract: I will address one of the key concepts studied in my Master thesis: the artivism. Whose relationship between art and life blur in a discussion space where the performer produces his art from his convictions, without his political thinking is divorced from his artistic practice.Keywords: art, activism, performance

Resumen: Me referir a uno de los conceptos clave estudiados en mi tesis de maestra: el artivismo. Cuya relacin entre el arte y el desenfoque de la vida en el espacio de discusin donde el artista produce su arte desde sus convicciones, sin que su pensamiento poltico est divorciado de su prctica artstica.Palabras clave: arte, activismo, performance

Durante uma aula em um curso de Arte e Resistncia no Mxico, eis que surge um Reverendo, que ao final de suas pregaes exclama: Earthalujah! [footnoteRef:2] Todos os presentes acabam envolvidos por suas palavras de redeno e repetem em coro depois do Reverendo: Earthalujah! Amm! Vestido como um Televangelista tpico americano[footnoteRef:3] com traos de pop-star, as pregaes de Reverend Billy no tem nada de religioso no sentido tradicional do termo, mas falam da valorizao vida, respeito natureza, convidando a todos a consumir menos e procurar alternativas mais saudveis e autossustentveis s grandes empresas corporativas. [2: Poderamos traduzir como Terraluia uma brincadeira com as palavras: Earth = terra Alujah= aleluia. ] [3: Televangelistas so religiosos que fazem pregaes na TV, muito comum nos EUA.Posteriormente, quando falarmos no bufo da atualidade, falaremos mais detalhadamente sobre o trabalho de Reverend Billy, aqui s estamos situando de onde vem a incorporao do termo artivismo pesquisa. ]

O discurso de Reverend Billy, apesar de muito srio no contedo, pois toda a crtica e denncia vem de temas srios sados da realidade, invoca o humor pela forma como aborda, pois utiliza o aparelho igreja, recorrendo figura parodiada do Televangelista, para denunciar atitudes da sociedade capitalista de consumo que Bill acredita ser equivocadas. Bill Talen, o cidado norte americano, o pai, o marido, o professor, coloca-se como o artivista na figura de Reverend Billy, que ao revelar que Mickey Mouse o Anticristo! [footnoteRef:4] tambm revela-se, j que expe suas convices de uma maneira crtica e inusitada. Reverend Billy denuncia, com humor, o poder por trs de uma marca difundida em diversos pases, neste caso, endereada principalmente ao pblico infantil h dcadas de geraes. [4: BILLY, Reverend, 2012: 426. Livre traduo: Mickey Mouse is the Antichristo! No minidicionrio Luft da editora tica, 2003: 68 anticristo s.m. 1. (Rel.) Segundo o Apocalipse, inimigo de Cristo que vir prenunciando o fim do mundo. 2. (p. ext.) Qualquer perseguidor dos cristes. ]

A primeira vista no se sabe se ele um personagem ou no, sua figura gera desconfiana, engana-nos por um instante, causando desconforto no espectador. Essa caracterstica chama ateno medida que vamos conhecendo o universo dos artivistas, que eles no so atores que representam um personagem, mas so o que representam, pois vida e arte indivisvel. Os artivistas so figuras polticas com pensamento poltico, isso vai alm de tcnicas de atuao, que adotam uma forma de vida condizente com aquilo que pregam utilizando a arte como propulsora para provocar transformaes sociais a partir de suas convices.Diana Taylor, professora da Universidade de Nova York e responsvel pelo curso no Mxico[footnoteRef:5], em uma conversa gravada que tivemos em Nova York em setembro de 2012, como parte de minha pesquisa de mestrado, fala de onde vem o termo artivismo: [5: O curso oferecido pelo Instituto Hemisfrico de Performance e Poltica foi realizado na cidade de San Cristbal de Las Casas, estado de Chiapas, Mxico, no perodo de 24 de julho a 13 de agosto de 2011. ]

O termo artivismo, a primeira vez que escutei foi com Ricardo Dominguez[footnoteRef:6], que vem de hacktivismo, com interrupes ativistas feitas principalmente pela internet. E a diferena entre o hacktivista e o hacker que o hacktivista no danifica seu computador. E no caso do artivismo, a arte serve muitas vezes como proteo para o ativista. [footnoteRef:7] [6: Artivista e professor da Universidade de San Diego, EUA.] [7: Transcrio e livre traduo da entrevista realizada com Diana Taylor na Universidade de Nova York, EUA, em setembro de 2012.]

A arte ativista, como no caso de Reverend Billy, utiliza como proteo o humor da pardia, que possu em suas razes o grotesco e o popular, destacado sempre por um carter ambivalente que traz o trgico pelo cmico. O riso que desperta a conscincia e, sobretudo diverte.Dois momentos na histria cultural ocidental marcam a origem do artivismo presente nos dias de hoje. Primeiro, os movimentos sociais a partir da dcada de 60, como a luta pelos direitos civis, as manifestaes contra a guerra no Vietn, as mobilizaes estudantis de 68 e a contracultura. O segundo momento da origem do artivismo mais recente, ligado produo de novas tecnologias, a partir dos anos 90, que ampliam o potencial de artistas polticos com os meios de comunicao de massa, a internet e conquistas tecnolgicas, propiciando as mais diferentes e inusitadas prticas, marcadas principalmente por utilizarem elementos de pardia com humor em suas realizaes. A dcada de 60 - podemos dizer - o bero do artivismo, no entanto, Diana Taylor afirma que o artivismo uma prtica que j ocorre muito antes, mesmo que o termo seja mais recente, e cita como exemplo de artivismo o trabalho de Bertolt Brecht[footnoteRef:8]. Evidentemente, o nascer da arte ativista na dcada de 60 deve muito a Brecht, que influenciou e serviu de modelo para diversos artivistas, entre eles Augusto Boal, um assumido seguidor da potica brechtiana de teatro. [8: Inclusive foi um dos autores estudados no Curso de Arte e Resistncia no Mxico.]

Invocamos Boal, pois interessante perceber que aqui trazemos o exemplo de um artivista norte-americano, Reverend Billy, mas que tm a referncia do trabalho de um brasileiro que Augusto Boal. Reverend Billy[footnoteRef:9] cita as tcnicas de teatro do oprimido desenvolvidas por Boal como uma de suas principais inspiraes. Isso evidencia como os fundamentos de prticas com ideais semelhantes esto interligados, por isso, podemos trazer referncias diversas, que no fundo tem em comum um desejo maior, por uma sociedade mais justa, mais humana, vendo no prazer despertado pela arte uma possibilidade para essa conquista. [9: Em conversa gravada em setembro de 2012 em sua casa no Brooklin em Nova York, EUA, como parte da pesquisa.]

A prtica de teatro do oprimido de Augusto Boal serve de modelo para artivistas, justamente por buscar a transformao social utilizando o teatro como um meio condutor. O Teatro do oprimido, em todas as suas formas, busca sempre a transformao da sociedade no sentido da libertao dos oprimidos. a ao em si mesmo, e preparao para aes futuras. [footnoteRef:10] Parece que seu trabalho to ou mais valorizado no exterior do que em nosso pas, as prticas teatrais desenvolvidas por Boal buscam debater sobre problemas sociais convidando o pblico a participar das aes realizadas, podendo usar o humor ou no dentro de suas realizaes. Frequentemente o humor aparece, porque mesmo que os assuntos tratados sejam srios, a partir do momento que so colocados em um ambiente improvisacional eles acabam suscitando o esprito de brincadeira nos participantes, que tem de resgatar algo de sua criana interior para se relacionar em cena, um dos princpios bsicos para o ator, que retoma uma tradio muito antiga de teatro popular. E o que mais impressiona os artivistas na prtica desenvolvida por Boal a maneira como ele consegue fazer com que o pblico se torne um atuante, no somente espectador. O pblico tem a oportunidade de vivenciar a situao e pode expressar sua opinio usando o que tem de artstico dentro de si, libertando-se de seus prprios pr-conceitos[footnoteRef:11] e amarras fsicas e psquicas[footnoteRef:12]. [10: BOAL, Augusto. 1975: 19] [11: No sentido de preconceitos tambm.] [12: Nos referimos a psquicas como a imaginao.]

Diana Taylor fala sobre a grande questo que envolve o poder do artivismo na efetivao de mudanas sociais concretas. Ela diz que o artivista, mais do que pretender mudar a poltica pblica de maneira imediata, se prope a transformar a forma em que as pessoas veem determinada situao, comunicando algo ao pblico, abrindo os olhos das pessoas para que estejam a par de determinados equvocos.[footnoteRef:13] No em um sentido moralizante, pois no diz respeito a obras de carter de propaganda que tratam de abordar uma questo especfica para transmitir uma mensagem. O diferencial do artivismo que sua crtica abre um espao de discusso, onde so expostas diversas opinies. [13: Diana Taylor na mesma entrevista referida acima. Idem 19.]

Ernst Fischer em seu livro sobre a necessidade da arte traz reflexes acerca da funo social da arte, resgatando autores como Marx e Brecht. Ele afirma que o papel ambguo da arte no se insere somente num campo de discusso racional, mas principalmente ldico. A arte necessria para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte tambm necessria em virtude da magia que lhe inerente. [footnoteRef:14] Apesar de todos os questionamentos polticos que a arte ativista possa suscitar, ela faz parte de um universo mgico, que proporciona prazer aos envolvidos na ao. [14: FISCHER, Ernst. 1963: 18]

O universo ldico, gerado pela interao entre performer e espectador, possibilita um espao de discusso diferenciado sobre os problemas que se pretende debater, no se prendendo a um campo filosfico e intelectual, mas tambm refletindo por meio da diverso, despertando sensaes que somente o debate verbal no possibilitaria, configurando uma experincia poltica por meio de um ato artstico.O artivismo deve questionar de modo interventivo as relaes de poder que o envolve, sendo suas aes artsticas uma forma de resistncia cultural, porque se insere numa preocupao de questionamento crtico tambm dos seus limites enquanto arte. Teresa Vieira em seu estudo sobre arte artivista destaca:Est servir para criticar (autocriticando-se) e bifurcada em duas trajetrias: uma arte que interpreta o mundo (promovendo e forando certas interpretaes) e uma arte que se separa desta realidade (porque obscura e intil, que nega facilitar a performatividade econmica e comunicacional dominante). [footnoteRef:15] [15: VIEIRA, Teresa de Jesus Batista. Portugal, 2007: 8]

Assim, o artivismo apresenta uma ambiguidade caracterstica do jogo de denncia, que a possibilidade de trabalhar com a realidade, negando-a, logo, trazendo o questionamento para esta mesma realidade. A tenso e a contradio dialtica so inerentes arte; a arte no s precisa nascer de uma profunda experincia da realidade como precisa ser elaborada; precisa tomar forma atravs da objetividade. [footnoteRef:16] Pois a realidade retratada dentro de um jogo cnico que ao nega-l pela representao, denuncia esta mesma realidade julgada equivocada. [16: FISCHER, 1963: 12]

No caso de Reverend Billy, o artivista tambm crtica e provoca curiosidade com sua prpria imagem. Homem alto, magro, olhos azuis, belo sorriso, cabelos loirssimos milimetricamente estruturados por uma generosa camada de spray[footnoteRef:17] que do forma a um enorme topete. Seu corpo coberto por uma camisa preta com colarinho branco, ornado de um palet e calas brancas (o conjunto clssico dos Televangelistas norte americanos) e nos ps, que percorrem as ruas em busca de fiis, botas de astro-cowboy tambm brancas. Um reverendo de respeito, que desperta a ateno de quem quer que seja por onde passa. [17: Para cabelos.]

Seu tipo fsico remete a imagem que temos do ideal de homem norte americano, difundido principalmente no cinema. Porm, sua figura causa certo estranhamento, ao mesmo tempo em que parece ser um reverendo evanglico, ou melhor, um Televangelista, possu traos de um astro pop, segundo Jane Hindley: (...) his showmanship is reminiscent of Billy Graham, Jimmy Swaggart, Johnny Cash, or even Elvis. [footnoteRef:18] [18: HINDLEY, Jane. 2011: 4, 118 126: 119. Livre traduo: (...) este showman, este homem espetculo remanescente de Billy Graham, Jimmy Swaggart, Johnny Cash ou mesmo Elvis.]

Aproveitando-se de suas caractersticas pessoais, ele rebaixa a figura do reverendo, profanando-o ao confundi-lo com o astro do rock, posto que o homem religioso (mesmo que saibamos que isso possa ser uma falcia) prega a humildade, a vida longe de vcios e de exageros, em contraponto a ideia da estrela do rock, que em muitos casos est envolvida em um universo de luxo, exageros de consumo e vcios dos mais variados (o que constata-se por algumas histrias de grandes astros exibidas pela mdia). A figura de Billy se funde por dois opostos, que, com efeito, tem um ponto em comum, porque do mesmo modo que o homem religioso um enviado de Deus, ele se apropria dos meios de comunicao para a realizao de shows, elevando-o ao nvel de um astro no meio evanglico. E os dolos representam astros to inatingveis que so vistos como deuses por seus fs, o que os eleva, podemos dizer[footnoteRef:19], ao plano do sagrado. [19: Principalmente pela reao de alguns fs, que gritam, tentam agarrar o astro, desmaiam e at enfartam. ]

Assim, essa sobreposio, ou essa fuso na construo da imagem de Reverend Billy, contm uma crtica social ideia que se tem do religioso e do astro, aparentemente divergentes. Com essas caractersticas to peculiares vai em busca da multido nas ruas. Em suas aes Reverend vai at as lojas exorcizar os caixas de dinheiro, os cartes de crditos dos clientes, propondo que eles quebrem, queimem, arrumem uma maneira de livrarem-se de seus cartes. Coloca-se na frente dos estabelecimentos fazendo preces e benzimentos, sempre acompanhado pelo coro de sua igreja. Seus principais alvos so as lojas de brinquedos da Disney e a de caf Starbucks, que nos EUA dominam o mercado de ambos os produtos.Essa uma das caractersticas do artivismo, sair do individual para abranger o coletivo, realizando aes em espaos pblicos de passagem de diferentes pessoas, deslocando a arte e a poltica para o pblico, ou tambm o virtual no caso das aes realizadas atravs da internet. A internet tem sido um importante instrumento na atualidade para a difuso do artivismo, como foi o caso da Primavera rabe que movimentou milhares de pessoas na luta pela democracia no Oriente Mdio e Norte da frica entre 2010 e 2012. Do mesmo modo que o movimento Occupy Wall Street de 2011, levando uma massa de jovens norte-americanos engajados para as ruas de Nova York na luta contra a influncia empresarial, principalmente no governo e na sociedade civil. A internet um dos trunfos dos artivistas, j que abre um leque de possibilidades de interao, podendo dar-se inclusive em tempo real. Reverend Billy utiliza a internet para divulgao e propagao de suas aes, recorrendo web sites oficiais, pginas e perfis no facebook, twiter e youtube, onde podemos acompanhar seus trabalhos mais antigos ou ter a oportunidade de apreci-los ao vivo. Desta maneira, estariam fazendo a crtica ao sistema dentro do prprio sistema. O artivista dever no alimentar o sistema de produo cultural, mas investigar os processos e instrumentos que o controlam para os contornar e desconstruir. [footnoteRef:20] [20: VIEIRA, 2007: 20]

Contudo, devemos lembrar que essas prticas tambm so incorporadas pelo sistema que se pretende criticar, da mesma maneira que algumas manifestaes populares so absorvidas pelo sistema vigente e transformadas em manifestaes de cultura de massa. Muitas vezes o excesso de pardia com humor incorporado pela cultura de massa tornando-se uma caracterstica de alienao, isso fica claro na maioria dos programas humorsticos da televiso que utilizam todos os recursos de mdia para divulgar seus projetos, no com o intuito de denunciar, mas sim, ressaltar prticas preconceituosas ao ridicularizar o indivduo e no uma situao social que o marginaliza, j que recorrem a esteretipos para fazer a pardia com humor. O artivismo se mostra como um discurso alternativo de resistncia contra os discursos dominantes, difundidos principalmente pela grande mdia, que se colocam como verdades absolutas. O artivista busca intervir em questes de relevncia na vida social com o intuito de denncia, buscando atos artsticos para sua realizao, e assim pretende derrubar as convices mais profundas daqueles que acredita serem os responsveis pelo atraso de nossa sociedade atual. Esse pensamento de mudar o mundo comea a partir da sua prpria mudana enquanto ser humano, optar pela arte para realiz-las o diferencial do artivista.Muitas pessoas, quando apresento a figura de Reverend Billy, me questionam sobre o Inri Cristo (lvaro Inri Cristo Thais), uma espcie de lder religioso e escritor brasileiro que realiza pregaes dizendo-se a reencarnao de Jesus Cristo. No entanto, no acredito que Inri Cristo tenha semelhanas com Reverend Billy no que diz respeito ao seu carter artivista como abordo em minha pesquisa, pois, me parece que o que Inri Cristo pretende no a utilizao do humor da pardia para denunciar algo que julga equivocado em nossa sociedade, mas sim passar uma ideia religiosa acreditando-se mesmo um profeta enviado de Deus, j que se auto intitula a reencarnao de Jesus Cristo trazendo um discurso de contedo religioso. Digo isto baseado em todas as suas declaraes e entrevistas que acompanho, e tambm analisando suas postagens no seu site www.inricristo.org.br onde no percebi um cunho poltico e ativista em seu discurso, mas se v mais como um guru. Inri Cristo com suas performances, ao lado de suas inrizetes (discpulas que o acompanham e so uma espcie de coro e danarinas) realizam pardias de msicas famosas, mas com o intuito de passar uma mensagem religiosa, contudo, uma pardia que no consegue efetivar uma crtica, mesmo que contenha humor, j que esse humor se d pelo fato de sua ao parecer ridcula para quem no o v como a reencarnao de Jesus Cristo. Porque existe diferena entra a pardia que busca a crtica que a pardia do bufo, e a pardia pela pardia, que muitas vezes no contm humor. Pode-se parodiar uma msica ou determinada ao mas no necessariamente utilizar o humor e muito menos o humor de denncia.Reverend Billy subverte a ideia de igreja, ao criar uma igreja anticonsumo que no traz a ideia de um Deus, no tem um discurso religioso, ou melhor, crtica a ideia do Deus da nossa sociedade capitalista, o consumo desenfreado. Inri Cristo pode parecer ridculo para alguns, mas isso no significa que contenha uma pardia com humor de denncia, somente mostra que para alguns sua tentativa de se revelar a reencarnao de Jesus Cristo frustrada, ao contrrio da pardia com humor de denncia contida nas aes de Reverend Billy que j foram citadas acima. Assim, acredito que sempre importante refletir a respeito do humor de denncia colocado em nossa sociedade, pois muitas vezes preciso ter cuidado ao identificar o que realmente se prope a subverter e o que serve simplesmente para regular o poder dominante, como o caso de alguns humoristas (Rafinha Bastos, Zorra Total) que usam a pardia com humor para ressaltar esteretipos e preconceitos.

Bibliografia

BILLY, Reverend in: Beautiful Trouble. A toolbox for revolution. Assembled by Andrew Boyd and Dave Oswald Mitchell. New York and London: OR Books, 2012.

BOAL, Augusto. O teatro do oprimido e outras poticas polticas. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1975.

BSI, Ecla. Cultura de Massa e Cultura Popular: Leituras de Operrias: 13 edio. Petrpolis: Vozes, 2009.

FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Lisboa: Editora Ulisseia, 1963.

VIEIRA, Teresa de Jesus Batista. Artivismo. Estratgias artsticas contemporneas de resistncia cultural. Dissertao (Mestrado em Arte Multimdia), Universidade do Porto. Faculdade de Belas Artes. Portugal, 2007.

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