Artigo Bola Suiça Revista

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    Ter. Man. 2010

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    ISSN 1677-5937

    SUMÁRIOEditorialy ......................................................................................................................................................................................................

    Artigos Originais Análise qualitativa segundo a perspectiva de profissionais fisioterapeutas das características biomecânicas e estratégiayde movimento adotadas por hemiplégicos durante o teste Timed “Up and Go”.

    Qualitative analysis from the professionals perspective regarding the biomechanical characteristics and movemestrategies adopted by hemiplegics subjects during the Timed “Up and Go” test. ......................................................17

    Christina Danielli Coelho de Morais Faria, Gabriela Silva Gonçalves, Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela.Efeito agudo de três técnicas de alongamento muscular sobre o torque flexor do joelho.y

    The acute effect of three muscle stretching thechniques on knee flexion torque. .......................................................18 Jailson Oliveira Ferreira, Maria Isabel de Noronha Neta, Nícia Farias Braga Maciel, Jamilson Simões Brasileiro.

    Avaliação do risco de quedas de idosas ativas submetidas a treinamento de equilíbrio com haste vibratória.y Evaluation of fall risk of active elderly women submitted a balance training with vibratory pole. ..............................

    Camilla Zamfolini Hallal, Nise Ribeiro Marques, Mauro Gonçalves.Interferência da prática de atividade física habitual na postura de jovens.y Interference of the practice of habitual physical activity in the young people posture. ..............................................19 Plínio Luna de Albuquerque, Maria Aparecida Bezerra Quirino, Heleodório Honorato dos Santos, Simone Bezerra Alves.

    Correlação de um protocolo fotogramétrico de avaliação postural com os sintomas álgicos da coluna vertebral auto-yrelatados por estagiários de fisioterapia.

    Correlation of a photogrammetric postural protocol with the self-reported algic symptoms of vertebral column byphysiotherapy trainees. ....................................................................................................................................................

    Rafael Menezes Reis, Tácia Gomes Vieira, Murilo Xavier Oliveira, Adriano Prado Simão, Renato Aparecido de Souza.

    Confiabilidade dos testes especiais para diagnóstico de tendinopatia do supra-espinhoso.y Reliability of tests for diagnosis of special tendinopathy supraspinatus. ....................................................................... Tainá Bueno Turini, Filipe Abdalla dos Reis, Ana Carulina Guimarães Belchior, Baldomero Antônio Kato da Silva, Paulo de Tarso Camillo

    de Carvalho.Efeito da terapia LED (Light Emitting Diode) na mionecrose e edema induzidos pelo veneno da serpente Bothropsy

    jararaca, no músculo gastrocnêmio. Effect of LED (Light Emission Diode) therapy on edema formation and myonecrosis induced by Bothrops jararaca sn venom, on gatrocnemius muscle. ....................................................................................................................................

    Daniel Bulgarelli, Ana Maria Barbosa, Fernando Pereira Carlos, Silvia Fernanda Zamuner, Carlos José de Lima, Stella ReginaZamuner.

    Relação entre pressão inspiratória nasal e pressão inspiratória máxima em pacientes com distrofia miotônica.y Relation between inspiratory nasal pressure and maximal inspiratory pressure in muscular myotonic dystrop

    patients. ........................................................................................................................................................................... Ingrid Guerra Azevedo, Fernanda Gadelha Severino, Thaise Araujo Lucena, Vanessa Regiane Resqueti, Selma Sousa Bruno, Guilherme

    Fregonezi.

    Aplicação da bola terapêutica na evolução do equilíbrio em pacientes hemiparéticos.y Application of ball therapy in hemiparetic. ..................................................................................................................... Luciana Barcala, Daniele de Souza Vieira, Gabriella Silva Martins, Débora Bachin Carvalho, Claudia Santos Oliveira.

    Validação do teste de flexibilidade da coluna lombar proposto por Adrichem e Korst.y Validation of lumbar spine flexibility tests. .................................................................................................................... Abdallah Achour Junior, Afonso Shiguemi Inoue Salgado, Renato Amaro Zângaro, Valdir J. Barbanti.Comunicação Breve Artropatia de Charcot – Atualizaçãoy

    Charcot Arthropathy – An Update ................................................................................................................................... Fábio Batista

    Instrução aos autoresy ........................................................................................................................................................ Agenda de eventosy ...........................................................................................................................................................

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    Responsabilidade EditorialEditora Andreoli– CNPJ 02480054/0001-27

    A Revista Terapia Manual é uma publicação cientí ca bimestral que abrange a área das Ciências da Saúde, Reabilitação e Terapia Manual.A distribuição é feita em âmbito nacional e internacional com uma tiragem bimestral de 3.000 exemplares.

    Direção Editorial: Leonir Andreoli • Assistente de Pesquisa: Raquel Pastrello Hirata • Supervisão Cientí ca: Claudia Santos Oliveira • Revisão Bibliográ ca:Vera Lúcia Ribeiro dos Santos – Bibliotecária CRB 8/6198 • Editor Chefe: Luís Vicente Franco de Oliveira • Email: [email protected] r

    MissãoPublicar o resultado de pesquisas originais difundindo o conhecimento técnico cientí co nas áreas das Ciências da Saúde, Reabilitação e Terapia Manual contribuindode forma signi cante para a expansão do conhecimento, formação acadêmica e atuação pro ssional nas áreas a ns no sentido da melhoria da qualidade de vida da

    população.

    A revista Terapia Manual está indexada em: CINAHL - Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, SportDiscus™ - SIRC Sport Research Institute,LILACS - Latin American and Caribbean Health Science, LATINDEX - Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Cientí cas de América Latina, el

    Caribe, España y Portugal e é associada da ABEC- Associação Brasileira de Editores Cientí cos.

    Andreoli Capa e Diagramação Mateus Marins Cardoso • Produção Gráfica Equipe E&A •Impressão e acabamento Expressão e Arte

    EDITORA ANDREOLI Rua Padre Chico, 705 - Pompéia - CEP 05008-010 - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3679-7744www.revistaterapiamanual.com.br • email - [email protected]

    ASSINATURA ANUAL 6 edições: R$ 240,00Solicita-se permuta/Exchange requested/Se pide cambio/on prie l’exchange

    Editor ChefeProf. Dr. Luís Vicente Franco de Oliveira

    Pesquisador PQII do Conselho Nacional de Pesquisa CNPq - Professor pesqui -sador do Programa de Pós Graduação Mestrado em Ciências da Reabilitação da

    Universidade Nove de Julho – UNINOVE - São Paulo – SP

    Sistema Regional de Informaciónen Línea para Revistas Científcas

    de América Latina, el Caribe, España y Portugal

    LILACSLatin American and Caribbean Health Sicience

    EXPEDIENTE

    Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira •Departamento de Doenças Neuromusculares -Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – SãoPaulo, SP - Brasil.Prof. Dr. Antônio Geraldo Cidrão de Carvalho •Departamento de Fisioterapia - Universidade Federalda PB - UFPB – João Pessoa, PB - Brasil.Profª. Drª. Arméle Dornelas de Andrade •Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federaldo Pernambuco - UFPE – Recife, PE - Brasil.Prof. Dr. Carlo Albino Frigo •Dipartimento di Bioingegneria - Istituto Politécnico diMilano – Milano - ItáliaProf. Dr. Carlos Alberto kelencz •Centro Universitário Ítalo Brasileiro - UNIÍTALO – SãoPaulo, SP – Brasil.Prof. Dr. César Augusto Melo e Silva •Universidade de Brasília – UnB – Brasília, DF – Brasil.Profª. Drª. Claudia Santos Oliveira •Programa de Pós Graduação Mestrado em Ciênciasda Reabilitação da Universidade Nove de Julho –UNINOVE - São Paulo, SP – Brasil.Profª. Drª. Daniela Biasotto-Gonzalez •Programa de Pós Graduação Mestrado em Ciênciasda Reabilitação da Universidade Nove de Julho –UNINOVE - São Paulo, SP – Brasil.Profª. Drª. Débora Bevilaqua Grossi •Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitaçãoda Universidade de São Paulo USP – Ribeirão Preto –SP - BrasilProf. Dr. Dirceu Costa •Programa de Pós Graduação Mestrado em Ciênciasda Reabilitação da Universidade Nove de Julho –UNINOVE - São Paulo, SP – Brasil.Prof. Dr. Edgar Ramos Vieira •University of Alberta – UofA – Alberta, Edmonton -Canada.Profª. Drª. Eliane Ramos Pereira •Departamento de Enfermagem Médico-Cirúgica e Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense – SãoGonçalo, RJ – Brasil.Profª. Drª. Eloísa Tudella •Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR - SãoCarlos, SP – Brasil.Profª. Drª. Ester da Silva •Programa de Pós Graduação Mestrado em Fisioterapia- Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP –Piracicaba, SP – Brasil.Prof. Dr. Fábio Batista •Dr. em Ciências e Chefe do Ambulatório Interdisciplinar deAtenção Integral ao Pé Diabético - UNIFESP – São PauloProf. Dr. Fernando Silva Guimarães •Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio

    de Janeiro, RJ - Brasil.Profª. Drª. Gardênia Maria Holanda Ferreira •Programa de Pós Graduação Mestrado em Fisioterapiada Universidade Federal do Rio Grande do Norte –UFRN – Natal, RN – Brasil.Prof. Dr. Gérson Cipriano Júnior •Universidade de Brasília – UnB – Brasília, DF – Brasil.Prof. Dr. Heleodório Honorato dos Santos •Departamento de Fisioterapia da Universidade Federalda Paraíba – UFPB – João Pessoa, PB - Brasil.Prof. Dr. Jamilson Brasileiro •Programa de Pós Graduação Mestrado em Fisioterapiada Universidade Federal do Rio Grande do Norte –UFRN – Natal, RN – Brasil.Prof. Dr. João Carlos Ferrari Corrêa •Programa de Pós Graduação Mestrado em Ciênciasda Reabilitação da Universidade Nove de Julho –UNINOVE - São Paulo, SP – Brasil.Profª. Drª. Josepha Rigau I Mas •Universitat Rovira i Virgili – Réus - Espanha.Profª. Drª. Leoni S. M. Pereira •Programa de Pós Graduação Mestrado/Doutorado emCiências da Reabilitação da Universidade Federal deMinas Gerais – UFMG – Belo Horizonte, MG – Brasil.Profª. Drª. Luciana Maria Malosa Sampaio Jorge •Programa de Pós Graduação Mestrado em Ciênciasda Reabilitação da Universidade Nove de Julho –UNINOVE - São Paulo, SP – Brasil.Prof. Dr. Luiz Carlos de Mattos •Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto –FAMERP – São José do Rio Preto, SP – Brasil.Prof. Dr. Marcelo Adriano Ingraci Barboza •Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto –FAMERP – São José do Rio Preto, SP – Brasil.Prof. Dr. Marcelo Custódio Rubira •Centro de Ens. São Lucas – FSL – Porto Velho, RO – Brasil.Prof. Dr. Marcelo Veloso •Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – BeloHorizonte, MG – Brasil.Prof. Dr. Marcus Vinicius de Mello Pinto •Departamento de Fisioterapia do Centro Universitáriode Caratinga, MG – Brasil.Profª. Drª. Maria das Graças Rodrigues de Araújo •Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federaldo Pernambuco - UFPE – Recife, PE - Brasil.Profª. Drª. Maria do Socorro Brasileiro Santos •Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federaldo Pernambuco - UFPE – Recife, PE - Brasil.Prof. Dr. Mário Antônio Baraúna •Centro Universitário UNITRI – Uberlândia, MG – Brasil.Prof. Dr. Mauro Gonçalves •Laboratório de Biomecânica da Universidade EstadualPaulista – UNESP – Rio Claro, SP – Brasil.

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    Conselho Cientí co

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    Prof Daniel Grosjean professeur et elaborateur de la Microkinesitherapie. Nilvange, France. Il partage son temps avec l’enseignementde la méthode depuis 1984, la recherche, les expérimentations et la rédaction d’articles et d’ouvrages divers sur cette technique.

    Prof François Soulier – créateur de la technique de l’Equilibration Neuro musculaire (ENM). Kinésithérapeute, Le Clos de Cimiez, Nice, France.Prof Khelaf Kerkour – Coordinateur Rééducation de L’Hopital Du Jura – Delémont – França • President de l’Association Suisse de Physiothérapie.

    Prof Patrice Bénini - Co-foundateur de la Microkinesitherapie. Il travaille à l’élaboration de la méthode, aux expérimentations, à larecherche ainsi qu’à son enseignement. Montigny les Metz, France.

    Prof Pierre Bisschop - Co-founder and administrator of the Belgian Scienti c Association of Orthopedic Medicine (Cyriax), BSAOM since1980; Professor of the Belgian Scienti c Association of Orthopedic Medicine; Secretary of OMI - Orthopaedic Medicine International – Bélgium.

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    Artigo Original

    Análise qualitativa segundo a perspectiva de

    profissionais fisioterapeutas das característicasbiomecânicas e estratégias de movimentoadotadas por hemiplégicos durante o testeTimed “Up and Go”.Qualitative analysis from the professionals perspective regarding the biomechanical characteristand movement strategies adopted by hemiplegics subjects during the Timed “Up and Go” test.Christina Danielli Coelho de Morais Faria (1) , Gabriela Silva Gonçalves (2) , Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela (3) .Departamento de Fisioterapia /Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte / Minas Gerais / Brasil.

    ResumoIntrodução : O Timed “Up and Go” (TUG) é um teste recomendado e adequado para a avaliação da mobilidade de hemi -plégicos. Entretanto, a sua única forma padronizada de medida é o tempo despendido para a sua realização, o que limitaa riqueza de informações sobre a mobilidade funcional que o teste pode fornecer, principalmente se considerarmos as im -portantes alterações nas características biomecânicas e estratégias de movimento observadas em hemiplégicos duran -te o desempenho das atividades do TUG. Objetivo: Identi car as variáveis biomecânicas e as estratégias de movimentorelevantes para a avaliação de hemiplégicos durante o desempenho no TUG segundo a perspectiva de pro ssionais sio -terapeutas. Método: Dezesseis sioterapeutas da área de reabilitação motora e funcional de hemiplégicos responderamum questionário sobre as variáveis essenciais e relevantes de serem consideradas durante o desempenho desses indiví -duos no TUG. A análise das entrevistas foi determinada aleatoriamente e seguiu os procedimentos de metodologia qua -litativa propostos por Bardin(2004). Resultados: Obteve-se saturação das informações com a análise de nove questio -nários, nos quais foi identi cado um total de 335 citações, sendo 27,8% relacionadas à marcha, 19,7% ao sentado parade pé, 15,8% ao de pé para sentado, 15,2% ao giro e 21,5% foram comuns a todas as atividades. O conteúdo das 335citações foi agrupado em 16 categorias distintas, a maioria delas constituídas por variáveis que poderiam ser visualmen -te observadas, mas algumas estavam relacionadas a variáveis que poderiam apenas ser inferidas, como a força muscu -lar. Apenas 18,2% das variáveis citadas como importantes de serem avaliadas foram apontadas como modi cáveis pelareabilitação. Conclusão: As informações fornecidas pelos pro ssionais complementam aquelas descritas na literatura epodem ser úteis para o desenvolvimento de um instrumento clinicamente relevante para a avaliação das características

    biomecânicas e estratégias de movimento adotadas por hemiplégicos durante o desempenho no TUG, fornecendo infor -mações mais detalhadas para a avaliação sistemática da mobilidade funcional desses indivíduos.Palavras-chave: Hemiplegia, Acidente cerebral vascular , Biomecânica, Avaliação, Reabilitação.

    *Artigo recebido em 22 de abril de 2010 e aceito em 3 de junho de 2010.

    1 Fisioterapeuta, docente pela Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.2 Fisioterapeuta com especialização em Fisioterapia com ênfase em Ortopedia e Esportes pela Universidade Federal de Minas Gerais,Belo Horizonte, MG, Brasil3 Fisioterapeuta, docente do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

    Endereço para Correspondência:Prof. Christina Danielli Coelho de Morais Faria, PT, Ph.D., Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais Av. AntônioCarlos, 6627, CEP 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais. Telefone: (0XX31) 3409-4783; Fax:(0XX31) 3409-4781 -E-mail: [email protected]; [email protected]

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    Christina Danielli Coelho de Morais Faria, Gabriela Silva Gonçalves, Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela.

    AbstractBackground: The timed “Up and Go” (TUG) is a useful test for the assessment of hemiplegic subjects. However, theonly standardized measure for the TUG is the time spent to perform the test, which limited its potential information re -garding functional mobility, considering the well established changes of some biomechanical characteristics and strat -egies adopted by these subjects during the performance of the TUG activities. Objectives: To identify the relevantbiomechanical characteristics and strategies adopted by hemiplegics during the performance of the TUG, according to

    the perspectives of rehabilitation professionals. Method: Sixteen physical therapists involved in the motor and func -tional rehabilitation of hemiplegic subjects answered a questionnaire regarding the relevant variables to be consideredduring the performance of the TUG. The interviews were randomly selected for analyses, according to the qualitativemethodology proposed by Bardin (2004). Results: The saturation of the information was achieved after the analysesof nine questionnaires, where the following 335 citations were identi ed: 27.8% related to gait, 19.7% to the sit-to-stand, 15.8% to the stand-to-sit, 15.2% to the turning tasks and 21.5% to all of the activities. The content of the 335citations were grouped into 16 different categories and the majority of these categories could be visually observed.However, some categories were related to variable which could only be inferred, such as muscular strength. Accordingto the professionals, only 18.20% of the variables pointed out as important to be assessed could be modi ed by reha -bilitation interventions. Conclusion: The information provided by these professionals, added to those already previ -ously identi ed in the literature, could be useful for the development of a clinically relevant instrument for the assess -ment of the TUG activities performed by the hemiplegic subjects, providing more detailed information for the system -

    atic evaluation of the functional mobility of those subjects.Keywords: Hemiplegia, Stroke, Biomechanics, Evaluation, Rehabilitation.

    lizado para se avaliar a mobilida -de funcional dos indivíduos, dentreeles, os hemiplégicos (13-15) . O TUGé um teste con ável, válido, rápidoe prático, não exige nenhum equi -pamento especial ou treinamentopara a sua aplicação e é capaz dediferenciar hemiplégicos com di -

    ferentes níveis de incapacidade(13-

    15). Por esses motivos, é considera -do um dos testes mais importantesno domínio de atividade da Classi -

    cação Internacional de Funciona -lidade, Incapacidade e Saúde (CIF)(15). Para realizar este teste, o in -divíduo é solicitado a executar asatividades em seqüência (levantarde uma cadeira, andar três metros,girar, voltar e se sentar na cadei -ra), enquanto o examinador crono -

    metra o tempo despendido(13)

    .

    Apesar das vantagens apre -sentadas pelo TUG, a sua formapadronizada de medida, o tempo,não fornece informações dire -tas sobre quais características po -deriam estar associadas com ummelhor ou pior desempenho noteste (16). Dessa forma, a riquezade informações sobre a mobilida -de funcional que o mesmo poderiafornecer não é completamente uti -lizada, gerando perda de informa -

    ções especí cas de cada atividade.Variáveis como o tempo, distânciae velocidade de desempenhos nãopermitem a observação direta e aarticulação objetiva dos construtosrelacionados à função, pois ape -sar de serem capazes de re etiro desempenho de uma forma em

    geral, restringem informações re -lacionadas às de ciências existen -tes e, conseqüentemente, o dire -cionamento do tratamento e de -nição dos desfechos (16) .

    Na tentativa de identi carquais variáveis seriam relevantesde serem observadas durante a re -alização do teste TUG, pro ssionais

    sioterapeutas da área da reabili -tação motora e funcional de hemi -plégicos poderiam ser consultados,

    pois constituem o grupo alvo parao qual um instrumento de medidade tais variáveis se destinaria, alémde possuírem embasamento teóri -co e clínico necessários para dire -cionar a seleção das mesmas. Talprocedimento é recomendado comoum dos primeiros passos para o de -senvolvimento de um instrumen -to com aplicabilidade clínica (17) e jáfoi utilizado para o desenvolvimen -to de instrumentos de medida paraa avaliação biomecânica da marcha

    INTRODUÇÃOO Acidente Vascular Encefáli-

    co (AVE) apresenta elevados índi -ces de incidência e prevalência (1) ,sendo considerado a condição desaúde responsável pela maior partedas incapacidades crônicas em todoo mundo (2) . Dentre as diversas in -

    capacidades advindas com o AVE,as associadas às alterações moto -ras, especi camente à hemiplegiae/ou hemiparesia, são as mais fre -qüentes e incapacitantes (3) , alteran -do signi cativamente a mobilida -de dos indivíduos. Dentre as ativi -dades que envolvem a mobilidade,algumas que são comumente rea -lizadas apresentam-se amplamentecomprometidas, como a marcha (4,5) ,o sentado para de pé (6-10) , o de pé

    para sentado(7-10)

    e o giro(11,12)

    e taiscomprometimentos são comumentedescritos considerando as caracte -rísticas biomecânicas e as estraté -gias de movimento especí cas ado -tadas pelos hemiplégicos durante odesempenho nas mesmas (4-12) .

    O desempenho seqüen -cial destas atividades é avalia -do pelo teste Timed “Up and Go” (TUG)(13) , sendo o tempo despen -dido para a sua realização o desfe -

    cho atualmente padronizado e uti -

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    Hemiplégicos no Timed “Up and Go”: Perspectiva dos pro ssionais.

    de indivíduos hemiparéticos 18 . En-tretanto, esta é a única atividadeque apresenta algum instrumentode medida com este objetivo, masos mesmos apresentam importan-tes limitações nas suas proprieda -

    des psicométricas e no tipo de in -formação fornecida (18) .

    Portanto, o objetivo deste es -tudo foi identi car as variáveis re -lacionadas às características bio -mecânicas e às estratégias de mo -vimento que seriam relevantes deserem avaliadas com a observaçãovisual direta do desempenho de he -miplégicos no teste TUG, segundo aperspectiva de pro ssionais siote -rapeutas envolvidos com a reabili -

    tação motora e funcional desses in -divíduos. Possivelmente, os resul -tados do presente estudo podemser importantes para complemen-tar de forma clinicamente relevanteas já estabelecidas na literatura, e,assim, serem utilizadas para o de -senvolvimento de um instrumen -to com aplicabilidade clínica para aavaliação biomecânica sistemáticae padronizada destas atividades napopulação de hemiplégicos.

    MÉTODOA metodologia utilizada no

    presente estudo foi a qualitativa,que busca uma melhor explora -ção dos fenômenos estudados (19,20) ,sendo a mais indicada quando sepretende identi car e explorarvariáveis sobre os processos deinteresse (19-21) . No presente estu -do, utilizou-se dessa metodologiapara identi car as variáveis rela -

    cionadas a características biome -cânicas e estratégias de movimen -to consideradas relevantes por umgrupo de pro ssionais sioterapeu -tas da área da reabilitação motorae funcional de hemiplégicos, consi -derando a observação visual diretado desempenho desses indivíduosno teste TUG.

    ParticipantesA amostra de pro ssionais foi

    determinada de forma intencio -

    nal para selecionar indivíduos maisadequados quanto à possibilida -de de fornecerem as informaçõesmais úteis para o estudo (20-21) . Dessaforma, foram convidados a participardo estudo 16 pro ssionais siotera -

    peutas da área da reabilitação mo -tora e funcional de hemiplégicos dacidade de Belo Horizonte, especia -listas e/ou referências nessa área,para responder a um questionáriocom questões abertas semi-estrutu -radas, que foi elaborado previamen -te. Todos os pro ssionais concorda -ram com a participação e responde -ram ao questionário após receberemum resumo explicativo sobre os ob -

    jetivos do estudo, sobre o teste TUG

    e sobre as de nições operacionaisrelacionadas às características bio -mecânicas e às estratégias de movi -mento. Dos 16 pro ssionais que re -ceberam os questionários, 14 envia -ram as suas respostas no limite detempo determinado. Os dois pro s -sionais que não enviaram justi ca -ram não ter tempo hábil para res -ponder às questões no prazo solici -tado. Todos os pro ssionais incluí -dos no presente estudo assinaram o

    termo de consentimento livre e es -clarecido pré aprovado pelo Comitêde Ética em Pesquisa da da Univer -sidade Federal de Minas Gerais (Pa -recer n o ETIC 494/06).

    A coleta de dadosNeste estudo, a técnica me -

    todológica utilizada para a cole -ta de dados foi a entrevista escritana forma semi-estruturada, a par -tir de respostas a questões previa -

    mente elaboradas, a qual é con -siderada apropriada para a cole -ta de opiniões pessoais (20-21) . Dessaforma, foi elaborado um questio -nário com seis questões semi-es -truturadas, abertas, a respeito dasvariáveis que poderiam ser visual -mente observadas e consideradaspelos pro ssionais como essenciaise relevantes para que fosse feitaa identi cação das característicasbiomecânicas e das estratégias demovimento adotadas por hemiplé -

    gicos durante o desempenho noteste TUG, considerando as ativi -dades realizadas seqüencialmen -te, assim como a análise isolada decada atividade a ser desempenha -da durante o teste. As seis pergun -

    tas foram estabelecidas na ordemem que as atividades do testeocorrem, sendo a primeira relacio -nada ao desempenho de todas asatividades em seqüência, ou seja,do teste TUG como um todo, e asoutras quatro considerando especi -

    camente cada uma das atividadesdo teste. Assim, o pro ssional teriaa oportunidade de apontar variá -veis que poderiam estar associadasàs fases de transição entre as ati -

    vidades seqüenciais e, ao mesmotempo, poderiam ter a oportunida -de de analisar cada uma das ativi -dades isoladamente, dando a pos -sibilidade de citação do maior nú -mero de variáveis possíveis. Final -mente, a última questão do ques -tionário solicitava ao pro ssionala identi cação das variáveis queforam citadas anteriormente e queseriam possíveis de serem modi -cados pela reabilitação.

    AnáliseDentre os 14 questionários res -

    pondidos, foi selecionado, de formaaleatória, o primeiro questionário aser analisado. Em seguida, foi sele -cionado o segundo e assim sucessi -vamente. O número de questioná -rios selecionados encerrou quandoas informações obtidas foram con -sideradas su cientes e atingirama chamada saturação ou exaustão

    ou ponto de redundância(20)

    . Esseponto foi atingido após a catego -rização das informações de novequestionários, momento em queas informações obtidas foram su -cientemente con rmadas e o surgi -mento de novos dados caram maisraros, não justi cando, a partir daí,a inclusão de novos questionários(ou elementos) (20) .

    O método de análise utilizadofoi o de análise de conteúdo, reali -zado nas seguintes etapas propos -

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    tas por Bardin (2004) (20) : pré-aná -lise, exploração do material, cate -gorização, tratamento dos resulta -dos obtidos e interpretação. Dessaforma, inicialmente os questioná -rios foram exaustivamente estuda -

    dos com objetivo de se encontra -rem recorrências nas respostas, asquais funcionaram como indicado -res para o agrupamento das cita -ções em categorias temáticas. Ascitações foram analisadas e agru -padas em categorias temáticas pormeio das quais se classi cou o ma -terial estudado (20) . Essas categoriaspermitiram melhor compreensão eorganização das citações dos pro -

    ssionais, favorecendo as interpre -

    tações e análises nais(20,22)

    .Finalizada a categorização e

    interpretação dos resultados, foi re -alizado um cálculo de freqüênciadas citações obtidas considerando,inicialmente, as questões de 1 a 5e, em seguida e de forma isolada,a questão 6, tendo em vista que ascinco primeiras se referiam as vari -áveis que poderiam ser observadasvisualmente durante o teste e a últi -ma se referia às variáveis já citadas

    e que seriam possíveis de seremmodi cadas pela reabilitação, se -gundo a opinião dos pro ssionais.

    RESULTADOSOs pro ssionais que respon -

    deram os nove questionários ana -lisados apresentavam a sioterapiacom ênfase em neurologia como aprincipal área de atuação, eram es -pecialistas e/ou referências nessaárea e apresentavam atuação clí -

    nica com a população de interesseno momento da coleta dos dados.Todos apresentavam curso de es -pecialização em sioterapia comênfase em neurologia e média de17,11±10,55 anos (entre 5 e 32anos) de atuação na área.

    O total de citações de caracte -rísticas biomecânicas e estratégiasde movimento identi cadas duranteanálise dos dados das cinco primei -ras questões foram 335, sendo 118na primeira questão (que se referia

    à seqüência de atividades), 51 nasegunda (que se referia apenas aosentado para de pé), 78 na tercei -ra (que se referia à marcha), 43 naquarta (que se referia ao giro) e 45na quinta questão (que se referia

    ao de pé para sentado). Noventae três (27,8%) deste total de 335citações foram relacionadas à ati -vidade de marcha, 66 (19,7%) aosentado para de pé, 53 (15,8%) aode pé para sentado e 51 (15,2%)ao giro. Algumas citações se referi -ram a todas as atividades do testee foram agrupadas em categoriasglobais, sendo 01 (0,3%) relacio -nada a auxílio, 10 (2,98%) mo -vimentos associados de tronco, 6

    (1,79%) a movimentos preparató -rios, 6 (1,79%) a descarga de peso,21 (6,28%) ao equilíbrio e contro -le postural, 10 (2,98%) à ativida -de muscular e 18 (5,37%) a cate -gorias outros. Esta última catego -ria foi criada para agrupar citaçõesisoladas e que não se encaixavamnas demais categorias, como porexemplo, aumento do tempo gastopor insegurança e medo.

    A partir do total das 335 cita -

    ções, foram identi cadas 16 cate -gorias distintas após estudo exaus -tivo dos questionários. Essas cate -gorias estão apresentadas na ta -bela 1. Como pode ser observadonesta tabela, a categoria com maiscitações pelos pro ssionais foi a demovimentos associados de tronco,com 51 citações (15,22%), seguidapela categoria movimentos prepa -ratórios, com 50 citações (14,9%),que foi a mais citada na atividade

    sentado para de pé (36,36%) e depé para sentado (30,1%). Na ati -vidade de marcha, a questão maisapontada foi a amplitude angu -lar da articulação do quadril, joe -lho e/ou tornozelo (36,55%), e naatividade de giro foi o tipo de giro(41,7%), como, por exemplo, frag -mentado, em bloco, lento ou comaumento de pivoteamento.

    Do total de 335 citações apre -sentadas nas questões de 1 a 5,

    apenas 61 (18,20%) se repetiram

    na sexta questão, que questiona -va sobre as variáveis que poderiamser modi cadas pela reabilitação.Dessas 61 citações, a mais aponta -da foi em relação à atividade mus -cular (18,03%), seguida pela des -

    carga de peso (14,75%), comoapresentado na tabela 2. O forta -lecimento de membro inferior foi oitem mais citado na categoria mo -di cável pelo tratamento.

    DISCUSSÃOIdenti car as variáveis relacio -

    nadas às características biomecâ -nicas e estratégias de movimentoconsideradas como relevantes paraa avaliação de hemiplégicos duran -

    te o desempenho do teste TUG, soba perspectiva de pro ssionais sio -terapeutas da área da reabilitaçãomotora e funcional desses indiví -duos, foi o foco do presente estu -do. A partir da análise das respos -tas apresentadas, foi identi cadoum total de 335 citações, as quaisforam agrupadas em 16 categoriasdistintas. Dentre as atividades doTUG, a marcha foi a que apresen -tou o maior número de citações, se -

    guida do sentado para de pé, de pépara sentado e, por ultimo, o giro.Dentre as categorias identi cadas,a mais referida foi a “Amplitude an -gular da articulação do quadril, joe -lho e/ou tornozelo na marcha”.

    A maioria das categoriasapontadas pelos pro ssionais jáforam citadas por estudos pré -vios como comprometidas emhemiplégicos(4-12) . Além disso, aatividade com o maior número de

    citações pelos pro ssionais, a mar -cha, também é a atividade mais in -vestigada em hemiplégicos e a queapresenta alguns instrumentos clí -nicos para a sua avaliação (18) . Umdos fatores que parece estar asso -ciado ao maior interesse por estaatividade, tanto pelos pro ssionaisda área clínica quanto pelos pro s -sionais da área cientí ca, é o fatode a recuperação bem sucedidada marcha ser decisiva para a in -tegração social e ocupacional dos

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    indivíduos acometidos pelo AVE(23) .Tanto os pro ssionais da área dareabilitação (24), quanto os indiví -duos acometidos (23) , consideramas disfunções de desempenho damarcha uma das mais importan -

    tes dentre todas as incapacidadesapresentadas, dada a sua associa -ção com a severidade das de ciên -cias motoras e com a independên -cia funcional(25). Por esses motivos,a recuperação de uma marcha fun -cionalmente su ciente para aten -der às demandas das tarefas diá -rias é o maior objetivo dos progra -mas de reabilitação destinados aesta população (23) e, possivelmen -te, justi ca o fato de os pro ssio -

    nais apresentarem um maior nú -mero de citações quanto às carac -terísticas biomecânicas e estraté -gias de movimento a serem obser -vados durante o TUG para esta ati -vidade. Além disso, já é bem es -tabelecido que indivíduos hemi -plégicos apresentam velocidade,comprimento da passada e cadên -cia diminuídos, uma fase de supor -te mais prolongada, principalmen -te do lado não parético, e desvios

    consideráveis das excursões dasarticulações do tronco, quadril, jo -elho e tornozelo 6. Tais desvios sãocomumente foco de diferentesinvestigações (4,5) e, provavelmen -te, isto seja uma das justi cativaspara o fato de a categoria amplitu -de angular da articulação do qua -dril, joelho e/ou tornozelo ser amais apontada pelos pro ssionaisna atividade da marcha.

    Após a marcha, a atividade

    que obteve o maior número de ci -tações foi o sentado para de pé, oque pode estar associado à sua im -portância como atividade de vidadiária comum e essencial para odesempenho de tantas outras (26,27) ,além de um componente essencialna manutenção da independên -cia, pois levantar de uma cadeirade forma independente torna pos -sível a realização das demais ativi -dades, como mobilidade na postu -ra de pé e, conseqüentemente, o

    Tabela 1 - Categorização das características biomecânicas e estratégias de movimentoapontadas pelos pro ssionais como importantes de serem observadas durante o desem -penho de hemiplégicos no teste Timed “Up and Go”

    Necessidade de auxílio de membrosuperior

    Todas as atividades em seqüência (1 - 0,2%)Sentado para de pé (7 – 2,08%)Giro (4 – 1,19% )De pé para sentado (7 -2,08%)

    Impulsão no sentado para de pé (6 -1,79% )

    Movimentos associados de troncoTodas as atividades em seqüência (10 – 2,98%)Sentado para de pé (21 – 6,26%)Marcha (10 – 2,98%)De pé para sentado (10 -2,98%)

    Movimentos preparatórios/ posicio -namentos

    Todas as atividades em seqüência (5 -1,49%)Sentado para de pé (24 – 7,16%)Giro (5 – 1,49%)De pé para sentado (16 – 4,77%)

    Descarga de peso

    Todas as atividades em seqüência (6 -1,79%)Sentado para de pé (8 – 2,38%)Marcha (4 -1,19%)Giro (7 -2,08%)De pé para sentado (5 -1,49%)

    Preferência de lado/direção do giro (10 – 2,98%)

    Tipo de giro (21 – 6,26%)

    Comprimento do passoTodas as atividades em seqüência (1 - 0,2%)Giro (1 - 0,2%)Marcha (2 – 0,59%)

    Altura do passo na marcha (6 -1,79% )

    Cadência Giro (3 – 0,89%)Marcha (1 - 0,2%)Velocidade na marcha (3 – 0,89%)Amplitude angular da articulaçãodo quadril, joelho e/ou tornozelona marcha

    (34 – 10,14%)

    Alterações nas fases da marcha (33 – 9,85%)

    Equilíbrio/ controle postural (21 – 6,26%)

    Atividade muscularTodas as atividades em seqüência (10 -2,98%).De pé para sentado (15 – 4,47%)

    Outros (18 – 5,37%)

    TOTAL 335 (100%)

    Tabela 2 - Variáveis apontadas como modi cáveis pela reabilitação segundo a opiniãodos pro ssionaisNecessidade de auxílio de membro superior (1 – 1,63%)Movimentos associados de tronco (6 – 9,83%)Movimentos preparatórios (6 – 9,83%)Descarga de peso (9 – 14,75%)Tipo de giro (2 – 3,27%)Comprimento do passo (1 – 1,63%)Altura do passo na marcha (1 – 1,63%)Cadência (2 – 3,27%)Velocidade na marcha (3 – 4,91%)Amplitude angular da articulação do quadril, joelho e/ou tornozelo na marcha (4 – 6,55%)

    Alterações nas fases da marcha (2 – 3,27%)Equilíbrio/ controle postural (7 – 11,47%)Atividade muscular (11 – 18,03%)Outros (2 – 3,27%)Atividades do teste como um todo (4 – 6,55%)TOTAL 61 (100%)

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    andar (26). Depois da marcha, a ati -vidade de levantar de uma cadeiraé a mais investigada (8,26) . Cheng etal.(1998) (6) demonstraram que in -divíduos com AVE demoram maistempo, possuem distribuição as -

    simétrica de peso e desvio lateralmaior que ântero-posterior duran -te essa atividade. Além disso, al -guns estudos têm investigado asmodi cações nas característicasbiomecânicas e nas estratégias demovimento que ocorrem associa -das a diferentes posicionamentosdos pés durante o sentado para depé (8-10) . Possivelmente, estes foramfatores importantes para que osmovimentos associados de tronco

    e o posicionamento dos pés em re -lação à cadeira terem sido os maisapontados pelos pro ssionais paraesta atividade.

    Comparado à marcha e aosentado para de pé, o sentar na ca -deira e o giro foram as atividadescom menores citações pelos pro s -sionais, o que não reduz a sua im -portância. Sentar em uma cadeiraé uma atividade comumente rea -lizada pelos indivíduos, e a habili -

    dade de desempenhá-la também érequisito fundamental para outrasatividades (9-10) . Segundo Riley etal. (1991) (28) levantar de e sentarem uma cadeira são duas ativida -des de grande demanda mecânicae, portanto, a identi cação e quan -ti cação das características biome -cânicas associadas durante o seudesempenho pode ter um impactoimportante no processo de reabi -litação de indivíduos com incapa -

    cidades, como os acometidos peloAVE. Além disso, alguns estudos já identi caram alterações biome -cânicas no desempenho desta ati -vidade por esses indivíduos, comomodi cações na magnitude, ampli -tude, e velocidade de deslocamen -to do centro de massa, tanto ânte -ro-posterior quanto látero-lateral;diminuição dos momentos geradosnas diferentes fases do movimen -to; assimetrias posturais; e altera -ções da base de suporte (8-10) . Tais

    achados sugerem uma instabilida -de durante a execução dessa ati -vidade, o que poderia justi car ofato do maior número de citaçõespelos pro ssionais estarem relacio -nados a movimentos preparatórios,

    oscilatórios e a atividade muscularque, possivelmente, estão associa -dos a essas alterações.

    O giro foi a atividade commenos citações , sendo que a maio -ria dos pro ssionais distinguiram asvariáveis do giro de 180º conside -rando o tipo de giro e o lado de re -alização do mesmo. Os pro ssio -nais provavelmente se embasaramna premissa de que indivíduos comalterações motoras assimétricas

    nos membros inferiores, como asdemonstradas por indivíduos comhemiparesia/hemiplegia, podemapresentar diferença no desempe -nho dessa atividade segundo o ladoem direção à qual é realizada. En -tretanto, dois estudos recentes (11,12)apontaram para a ausência de mo -di cação funcional signi cativa narealização desta atividade quan -do comparações foram realizadasentre o giro em direção ao lado pa -

    rético e não parético. Primeiramen -te, foi demonstrado que o giro de180º realizado em direção ao ladoparético apresentou valores simila-res de tempo e oscilação média docentro de gravidade quando com -parado ao giro realizado em direçãoao lado não parético (11) . Além disso,o tempo de realização do teste TUGdesempenhando por hemiplégicosnão apresentou diferença signi ca -tiva quando o giro realizado em di -

    reção ao lado parético foi compara -do ao giro realizado em direção aolado não parético (12) . Dessa forma,o lado em direção ao qual o giro de180º é realizado, considerando suaanálise em direção ao lado paréticoe não parético, parece não ser umfator importante que inter ra nodesempenho dessa atividade (11,12) ,diferentemente do que os pro ssio -nais apontaram. Dessa forma, nãohá evidências na literatura que su -porte o fato de o maior número de

    variáveis citadas pelos pro ssionaisem relação ao giro estarem relacio -nadas a maneira como o mesmo érealizado e para a preferência delado durante sua execução. Entre -tanto, é preciso considerar que esta

    é a atividade menos investigada e,portanto, as evidências existentesainda são limitadas.

    Como citado anteriormen -te, dentre todas as atividades queconstituem o teste TUG, apenas amarcha apresenta instrumentos demedida para a sua avaliação clí -nica. Entretanto, as propriedadespsicométricas destes instrumen -tos apresentam importantes limi-tações, como ausência de validade

    de critério concorrente, e não con -templam todas as variáveis apon -tadas pelos pro ssionais e queforam identi cadas no presente es -tudo. Nestes instrumentos, a ava -liação que é realizada está priorita -riamente relacionada a descriçõesdas excursões articulares (18) . Entre -tanto, como apontado por Herbertet al. (1993) (29), a análise clínica re -quer mais que uma simples descri -ção dos desvios dos ângulos articu -

    lares. Além disso, não houve umaabordagem sistemática para o de -senvolvimento e avaliação dessesinstrumentos, os quais re etemmais uma necessidade clínica deuso prático do que um exame cien -tí co minucioso e mais informativosobre os problemas da marcha (18) .Possivelmente, as informações for -necidas pelos pro ssionais que par -ticiparam do presente estudo, nãoapenas sobre a atividade de mar -

    cha, mas sobre as demais ativida -des do TUG, podem ser importan -tes para complementar de formaclinicamente relevante as já esta -belecidas na literatura, e, assim,serem utilizadas para o desenvol -vimento de um instrumento clínicoavaliativo destas atividades na po -pulação de hemiplégicos.

    Das 335 citações identi ca -das no presente estudo, apenas 61(18,21%) foram repetidas na sextaquestão, que solicitava aos pro s -

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    sionais apontar as variáveis citadasnas questões anteriores que pode -riam ser modi cáveis pela reabili -tação. Esse resultado ilustra queos pro ssionais podem conside -rar mais variáveis como importan -

    tes de serem observadas/avaliadasdo que variáveis que são importan -tes de serem tratadas e/ou modi -

    cáveis pela reabilitação. Essa di -ferença aponta para uma caracte -rística interessante: a avaliação dequestões que os próprios pro ssio -nais consideram que não são modi -

    cáveis pela sua atuação. Uma vezque a avaliação é utilizada para seestabelecer um diagnóstico funcio -nal e direcionar o processo de to -

    mada de decisão clínica(30,31)

    , tor -na-se incoerente o foco em vari -áveis que não são potencialmen -te modi cáveis pela reabilitação (30) .Possivelmente, a grande diferençanumérica entre variáveis observa -das e modi cáveis pela reabilitaçãopode estar relacionada ao modeloteórico utilizado pelos pro ssionaisque participaram do presente es -tudo para basear os seus raciocí -nios clínicos. Os conceitos e prin -

    cípios que fundamentam o mode -lo de atuação prática são transfe -ridos para as estratégias de avalia -ção e tratamento (30,31) . Ainda que omodelo biomédico (31) , em que ava -liações baseadas em sinais e sin -tomas associados a uma determi -nada condição de saúde, não sejao mais adequado para embasar osraciocínios clínicos da área da re -abilitação, é possível que os seusprincípios ainda estejam vincula -

    dos às perspectivas dos pro ssio -nais, que, em média, apresenta -vam 17 anos de atuação na áreae, portanto, formação acadêmicano nal da década de 80 e inícioda década de 90. Modelos teóricosclássicos, como o modelo biomédi -co, já foram utilizados para funda -mentar avaliações voltadas para aidenti cação de variáveis não mo -di cáveis pela reabilitação (30) .

    Finalmente, é importante dis -cutir o fato de terem sido apon -

    tadas variáveis relevantes para aavaliação de hemiplégicos que nãopodem ser visualmente observa -das, como o planejamento do mo -vimento de giro, descarga de pesono membro inferior parético, força

    e tônus muscular. Mesmo que amaioria das variáveis citadas possaser considerada como importanteno processo de avaliação, as mes -mas só podem ser inferidas pelospro ssionais que observarão o de -sempenho dos indivíduos no TUG.Portanto, parece que os conceitosde observação e análise não são in -terpretados de forma distinta pelospro ssionais, o que pode compro -meter o processo de avaliação (29) .

    A observação está relacionada àdescrição, enquanto a análise é oprocesso pelo qual as inferênciassão feitas sobre as causas da dis -função do movimento observa -das, o que envolve a elaboraçãode hipóteses embasadas em mo -delos teóricos (29) . Dessa forma, éimportante observar para identi -car os comportamentos de interes -se e, em seguida, analisar para de -terminar as variáveis possivelmen -

    te associadas aos comportamentosobservados (29) . Após esta análise,novos testes e medidas devem serutilizados, novas hipóteses devemser elaboradas, para que o conjuntode informações seja utilizado comounidade para a tomada de decisãoclínica. A idéia de que a observa -ção fornece informação sobre vari -áveis que na verdade são inferidas,ou seja, obtidas após um longo ecomplexo processo de elaboração

    de hipóteses clinicas, aplicação detestes e medidas e etc, pode levara tomadas de decisões limitadas ouate mesmo inadequadas (29) .

    Portanto, conclui-se que amaior parte das variáveis citadaspelos pro ssionais é possível de serobservada, algumas delas podemapenas ser inferidas a partir da ob -servação do desempenho de hemi -paréticos no TUG, sendo que menosde um quinto foram apontadascomo modi cáveis pela reabilita -

    ção. Os resultados obtidos demons -tram que a marcha é a atividadecom características biomecânica eestratégias de movimento mais fa -cilmente identi cadas sob a pers -pectiva dos pro ssionais, enquanto

    o giro assume o outro extremo, re -sultado congruente com o fato des -sas serem as atividades com maiore menor quantidade de informaçõesna literatura, respectivamente.

    A maior parte das variáveisapontadas pelos pro ssionais já foiidenti cada na literatura como im -portante de serem avaliadas emhemiplégicos, principalmente porestarem associadas a alteraçõesno desempenho funcional. Entre -

    tanto, algumas das variáveis apon -tadas, principalmente aquelas rela -cionadas à atividade de giro e desentar em uma cadeira, que aindanão foram muito investigadas nes -tes indivíduos, devem ser consi -deradas por estudos futuros, umavez que apresentam um valor clíni -co importante, segundo a perspec -tiva dos pro ssionais.

    Considerando as limitações e/ou di culdades ainda identi cadas

    nos relatos dos pro ssionais paraa identi cação de variáveis rela -cionadas ao desempenho funcio -nal que sejam desfechos importan -tes de serem abordadas pela reabi -litação, uma vez que foram apon -tadas variáveis que não podem serobservadas a partir do desempe -nho no teste e menos de um quin -to de todas as variáveis considera -das como relevantes foram apon -tadas como modi cáveis, torna-se

    necessário o desenvolvimento deum instrumento clínico para sis-tematizar a avaliação das caracte -rísticas biomecânicas e estratégiasde movimento adotadas por hemi -plégicos durante o desempenho noteste TUG. As informações forne -cidas pelo presente estudo, asso -ciadas àquelas já estabelecidas naliteratura, podem ser úteis parao desenvolvimento de um instru -mento clinicamente relevante paraatender a este propósito.

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    Artigo Original

    Efeito agudo de três técnicas de alongamento

    muscular sobre o torque flexor do joelho.The acute effect of three muscle stretching thechniques on knee flexion torque.

    Jailson Oliveira Ferreira (1) , Maria Isabel de Noronha Neta (1) , Nícia Farias Braga Maciel (1) , Jamilson SimõesBrasileiro (2) .Laboratório de Plasticidade Muscular, Departamento de Fisioterapia, Univ. Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil.

    ResumoIntrodução: Exercícios de alongamento são comumente usados precedendo a realização de atividades físicas, noentanto, pesquisas recentes têm sugerido uma redução da força muscular após o alongamento. Objetivo: O objeti-vo deste estudo foi observar o efeito agudo de três técnicas de alongamento muscular sobre o torque exor do joe -lho, produzido pelos músculos ísquiotibiais. Método: Sessenta mulheres jovens, saudáveis, (idade média de 22,5 ± 3anos), com encurtamento clínico dos ísquiostibiais, foram alocadas aleatoriamente em 4 grupos: controle, alongamen -to estático, manter-relaxar, e agonista-manter-relaxar. Todas foram submetidas a um protocolo de avaliação no qualrealizaram 5 contrações concêntricas máximas de exão/extensão do joelho a 60º/s antes e após a aplicação do res -pectivo alongamento, o qual teve duração média de um minuto. O grupo controle permaneceu 5 minutos em repouso.Os dados foram analisados estatisticamente e o nível de signi cância foi atribuído em 5%. Resultados: Não foi iden-ti cada diferença entre os grupos antes nem depois da intervenção. Também não houve diferença intragrupo após aintervenção. Conclusão: Os resultados sugerem que o alongamento da musculatura posterior da coxa, com duraçãomédia de um minuto, não provoca modi cações imediatas no torque exor do joelho.Palavras-chave: Flexibilidade, ísquio-tibiais, torque, rigidez muscular.

    AbstractIntroduction: Stretching exercises are commonly used prior to physical activities, however, recent researchs identi -

    ed reduction of muscle strength post-stretching. Objective: The aim of this study was to observe the acute effect ofthree techniques of muscle stretching on torque produced by hamstrings on the knee. Method: Sixty women, heal -thy, mean age 22.55 ± 3.04 years, with shortening hamstrings, were randomly distributed into 4 groups (control, sta -tic stretching, hold-relax, and agonist-hold-relax). They were submitted to evaluation protocol in which performed 5maximal concentric contractions of knee exion/extension at 60°/s before and after the application of stretching tech -nique, which had total duration about 48-60s, depending on the group. The control group remained at rest 5 minutes.The data were statistically analyzed and the level of signi cance set at 5%. Results: No difference was detected be -tween groups before or after the intervention. There was no intragroup difference after the intervention in any of thegroups. Conclusion: The results suggest that the muscle stretching, lasting up to 60 seconds does not cause acutechanges in the knee exion torque.Keywords: Flexibility, hamstrings, torque, muscle stiffness.

    * Artigo recebido em 15 de abril de 2010 e aceito em 7 de junho de 2010.

    1 Fisioterapeuta, Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal, RN.2 Fisioterapeuta, Prof. Dr. do Programa do Mestrado em Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

    Endereço para correspondência:Jamilson Simões Brasileiro. Av. Jaguarari, 5250. BL A, Apt 801 – Candelária. Natal, RN. CEP 59064-500. E-mail: [email protected].Órgão Financiador: Capes / CNPq

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    Jailson Oliveira Ferreira, Maria Isabel de Noronha Neta, Nícia Farias Braga Maciel, Jamilson Simões Brasileiro.

    INTRODUÇÃOO alongamento muscu -

    lar é amplamente utilizado nomeio esportivo (1,2) , em acade -mias de ginástica (3) , em centros dereabilitação (4), dentre muitos outros

    ambientes. É recomendado em guiase manuais de uso pro ssional (5) eda população geral (3) , sendo umatécnica indicada para o tratamen -to de diversas disfunções do apare -lho locomotor e como procedimen -to a ser realizado antes e/ou apósexercícios, inclusive testes de apti -dão física (6).

    Um estudo (4) realizado nos Es -tados Unidos com 141 sioterapeu -tas contabilizou as técnicas utiliza -

    das em 2.598 atendimentos de pa -cientes com problemas cervicais,lombares e de joelho. Constatou-se que os exercícios de exibilida -de muscular foram a terceira técni -ca mais utilizada na fase inicial detratamento, cando atrás apenasdos exercícios multimodais (quecombinavam várias propostas) eda hipertermoterapia.

    Estudos recentes têm sido re -alizados na intenção de analisar o

    efeito do alongamento muscularsobre o torque produzido por estesmúsculos, onde tais estudos mos -tram, em geral, uma redução dotorque após vários tipos de alon -gamento (7-9) .

    Ao observar as evidênciasde que a duração do alongamen -to in uencia diretamente a força,Ryan et al. (10) conduziram um es -tudo no qual foram avaliadas dife -rentes durações (2, 4 e 8 minutos)

    de alongamento estático dos exo -res plantares, e observaram o PTisométrico em diferentes temposapós o alongamento (imediato, 10,20 e 30 minutos). Eles observaramque o PT isométrico diminuiu ime -diatamente após todas as condi -ções, mas esses valores retorna -ram à linha de base após 10 minu -tos do alongamento.

    Em sua revisão de literatura,Rubini et al . (11) observaram que dos27 estudos que analisaram o efei -

    to agudo do alongamento sobre aforça, 21 identi caram que o alon -gamento reduz a força. A dura -ção do alongamento utilizada nes -ses 21 estudos variou de dois mi -nutos à uma hora. No entanto, foi

    encontrado que o alongamento nãoprovocou alterações na força em 6experimentos, os quais utilizaramalongamentos com duração entre30 segundos e oito minutos.

    Há ainda uma escassez de pes -quisas que comparem as diferentestécnicas de alongamento emprega -das pelo sioterapeuta e educadorfísico. A maioria dos experimentosclínicos utiliza o alongamento está -tico, por várias razões (12) , em de -

    trimento de técnicas derivadas daFacilitação Neuromuscular Proprio -ceptiva (FNP). Tais técnicas foramconcebidas partindo do princípioque o músculo inibido aceitaria sermais alongado (13) .

    Tendo em vista a relevânciado assunto, bem como as dúvi -das que persistem sobre o mesmo,o objetivo deste estudo foi avaliaro efeito agudo de três técnicas dealongamento muscular sobre o tor -

    que exor concêntrico do joelho.

    MÉTODOO presente estudo foi realiza -

    do no Laboratório de PlasticidadeMuscular do Departamento de Fi -sioterapia da Universidade Federaldo Rio Grande do Norte (UFRN) eo projeto foi aprovado pelo Comi -tê de Ética em Pesquisa desta Uni -versidade, sob parecer de núme -ro 181/2008. Todos os sujeitos da

    pesquisa foram informados sobretodos os procedimentos a seremrealizados e concordaram em par -ticipar voluntariamente da pes -quisa, tendo assinado o Termo deConsentimento Livre e Esclarecido(TCLE).

    A amostra foi composta por60 voluntárias jovens, com idadede média de 22,5 ± 3 anos, altu -ra de 1,64 ± 0,1 m, e massa cor -poral de 58 ± 8,6 Kg, que obedece -ram aos seguintes critérios de in -

    clusão: a) Sexo feminino (para ga -rantir a homogeneidade da amos -tra); b) Idade entre 18 e 28 anos;c) Ausência de patologias ou se -quelas músculo-tendinosas e ar -ticulares nos membros inferiores

    e coluna vertebral nos últimos 6meses; d) Sedentarismo, caracte -rizado como a ausência de qual -quer atividade física regular nos úl -timos 6 meses; e) Não estar fazen -do uso de qualquer medicação quetivesse efeito direto ou indireto namusculatura esquelética ou nas ar -ticulações; f) Encurtamento dosmúsculos isquiotibiais, caracteriza -do pelo dé cit de, no mínimo, 20ºde extensão ativa do joelho (consi -

    derando 0º como a extensão com -pleta do joelho), com o sujeito emdecúbito dorsal e o quadril a 90ºde exão (15) .

    A alocação dos sujeitos foialeatória e individual, por meio desorteio, nos seguintes grupos ex -perimentais, com 15 indivíduosem cada grupo: Grupo Controle(GC), Grupo Alongamento Estático(GE), Grupo Manter-Relaxar (GMR)(n=15) e Grupo Agonista Manter-

    Relaxar (GAMR).Para a avaliação do torqueisocinético foi utilizado um Dina -mômetro Isocinético Computado -rizado (Biodex Multi-Joint System3, Biodex Biomedical System Inc,New York, USA) alocado no Labo -ratório de Plasticidade Musculardo Departamento de Fisioterapiada UFRN. O equipamento consis -te essencialmente de uma cadeira,uma unidade de recepção de força

    conectada a um braço de alavan -ca e de uma unidade de controle,cujo monitor oferece feedback vi-sual ao sujeito durante a execuçãodos testes.

    Após tomarem conhecimentodos procedimentos a serem reali -zados na pesquisa e assinarem oTCLE, os sujeitos foram analisadosquanto aos critérios de inclusão.Apenas o membro inferior não-dominante foi escolhido para sersubmetido à avaliação e interven -

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    Efeito agudo do alongamento sobre o torque exor do joelho.

    ção, tendo sido identi cado comosendo o membro inferior contrala -teral àquele preferido pelo sujeitopara chutar uma bola (9). Cada su -

    jeito sorteou o grupo ao qual fariaparte, e em seguida foi submetido

    a uma avaliação inicial.Cada sujeito foi posicionado

    e a xado na cadeira, com cintasem X na altura do tórax, uma cintaem torno da cintura pélvica, umacinta sobre o terço distal da coxae uma no terço distal da perna, deforma a deixar livre os movimen -tos do tornozelo (Figura 1). O joe -lho do membro inferior não-domi -nante foi posicionado de modo queo epicôndilo lateral do fêmur esti -

    vesse alinhado com o eixo de rota -ção do braço de alavanca do dina -mômetro. Todos estes ajustes se -guiram recomendações preconiza -das por Dvir (16).

    tro, com objetivo de contabilizaresse valor no momento do cálcu -lo do torque (16). O sujeito foi orien -tado a realizar 1 série de 5 repe -tições ininterruptas de extensão e

    exão do joelho, de 90º de exão

    até a extensão completa, utilizandoa sua capacidade máxima de con -tração muscular, tanto na extensãoquanto na exão, a uma velocida -de angular constante de 60º/s.

    Comando verbal foi dado aosujeito apenas para dar início aoteste, que foi executado semprepelo mesmo avaliador. Neste mo -mento o sujeito deveria iniciar oteste com uma extensão do joelhoutilizando sua força máxima até o

    limite da amplitude, seguida ime -diatamente por uma exão do joe -lho também com força máxima atéos 90º de exão, e repetir mais 4vezes este ciclo até que o compu -tador emitisse o sinal sonoro e vi -sual indicando que as cinco repeti -ções foram concluídas.

    Nos grupos submetidos aoalongamento, após a execução da1 a Avaliação, as cintas foram reti -radas do sujeito e ele foi orientado

    deitar-se em um colchonete, emdecúbito dorsal para a execuçãodo alongamento, de acordo com o

    grupo. No grupo controle, cada su - jeito permaneceu sentado na ca -deira do dinamômetro durante 5minutos, e após este tempo, foi re -alizada a 2 a Avaliação.

    Todas as manobras de alon -

    gamento foram realizadas pelomesmo pesquisador, que realizou oprocedimento de alongamento le -vando o membro inferior não-do -minante à exão do quadril como joelho em extensão, deixando otornozelo livre. Os sujeitos foramorientados a falar e/ou avisar comum sinal quando o ponto de des -conforto fosse alcançado. O mem -bro inferior dominante foi mantidoem posição neutra por outro pes-

    quisador durante a manobra (Figu -ra 2).

    A m de evitar confusão noque se trata de musculatura ago -nista e antagonista, esta pesqui -sa irá adotar a nomenclatura uti -lizada por Surburg e Shrader (14),que considera o músculo que estásendo alongado como antagonista,e aquele que está sendo encurtadocomo agonista.

    No GE, os sujeitos foram

    orientados a se manterem relaxa -dos durante toda a execução damanobra de alongamento, bem

    Figura 1 - Posicionamento do sujeitona cadeira.

    Após a acomodação do sujei -to, o mesmo foi orientado a reali -zar 3 exo-extensões do joelho nodinamômetro, sem carga, a m deque se familiarizasse com o apare -lho. Tal procedimento foi seguidopor um intervalo de 1 minuto, du -rante o qual foi feita a aferição dotorque gerado pelo peso da pernado sujeito, no próprio dinamôme -

    Figura 2 - Posicionamento da voluntária para a realização das manobras de alonga -mento.

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    como no intervalo. O membro infe -rior não-dominante foi submetidoa duas manobras de alongamento,de 30 segundos cada, intercaladaspor um intervalo de 30 segundosde repouso.

    No GMR e no GAMR, os sujei-tos foram orientados a obedeceraos seguintes comandos verbais:

    “Contrai!” e “Relaxa!”. Estes co -mandos foram dados pelo pesqui -sador que aplicava o alongamen -to. A manobra iniciava com o pes-quisador conduzindo o membro in -ferior não-dominante à posição dealongamento, neste momento eradado o primeiro comando verbal:

    “Contrai!” As contrações muscula -

    res foram orientadas para seremrealizadas de forma submáximadurante 6 segundos.

    Os sujeitos do GMR foramorientados a contrair os isquiotibiais,realizando uma extensão do quadrilassociada a uma exão do joelhocontra a resistência manual do pes -quisador, de modo que não era reali -zado o movimento articular, con gu -rando-se uma contração isométrica.

    Os sujeitos do GAMR foram

    orientados a contrair o quadrí -ceps e exores da coxa, realizan -do uma exão da coxa associada auma extensão do joelho, no entan -to, por já estar em posição de alon -gamento da musculatura posteriorda coxa, a contração realizada foido tipo isométrica. Ao nal dos 6segundos de contração muscular, opesquisador dava o comando “Re -laxa!”, e durante 10 segundos apli -cava o alongamento sobre os mús -

    culos isquiotibiais, respeitando o li -miar de dor de cada sujeito. Esteciclo foi repetido mais 2 vezes, to -talizando 3 contrações de 6 segun -dos seguidas por 3 relaxamentos/alongamentos de 10 segundos.

    O tempo total de alongamen -to para o GE foi de 60 segundos,enquanto o GMR e o GAMR alon-garam durante 48 segundos, con -siderando-se que durante os 18segundos de contração musculartambém ocorreu tensionamento de

    componentes miotendíneos.Esses valores foram utilizados

    baseando-se no tempo e no núme -ro de repetições mais comumenteutilizados na prática clínica. Após oalongamento, cada sujeito foi re -

    conduzido e xado à cadeira do di -namômetro pelos mesmos pesqui -sadores. Em seguida foi realizadaa 2 a Avaliação do torque, de formaidêntica a primeira.

    Na análise estatística inferen -cial foi utilizado o teste Kolmogo -rov-Smirnov para veri cação danormalidade dos dados e o testeAnova One-Way para veri car ahomogeneidade dos grupos na 1 a Avaliação. Foi utilizado o teste t pa -

    reado para veri car se houve dife -rença entre o PT na 1 a e 2 a Ava-liação. O teste Anova One-Way foirealizado novamente para veri carse houve diferença entre os gru -pos na 2 a Avaliação. Foi utilizado osoftware SPSS 15.0 ( Statistical Pa-ckage for the Social Science ) atri-buindo-se o nível de signi cânciade 5% em todos os testes.

    RESULTADOS

    Não foi observada diferençaentre os grupos quanto à idade, al -tura e massa corporal dos sujeitos.

    A Tabela 1 apresenta os resul-tados da 1a e da 2a Avaliação dotorque exor do joelho. Não foi ob -servada diferença entre os gruposquando as avaliações foram com -paradas individualmente. Tambémnão foi constatada diferença intra-grupo quando comparada a 1 a e a2 a Avaliação.

    DISCUSSÃOOs resultados deste estudo

    sugerem que o alongamento dos

    músculos ísquiotibiais, com dura -ção de cerca de um minuto, inde -pendente da técnica utilizada, nãoprovoca efeitos agudos no torque

    exor do joelho. Tais achados cor -roboram com alguns experimentos

    prévios, e diverge de outros.Michael et al. (17) analisaram o

    efeito de 30 segundos de alonga -mento estático sobre o torque con -cêntrico provocado pelo quadrícepse constataram que não houve al -teração logo após a manobra, enem quando o grupo submetidoao alongamento foi comparado aogrupo controle.

    Em seu estudo, Egan et al . (18) realizaram alongamento estáti -

    co com duração de 120 segundosnos isquiotibiais de jogadoras pro -ssionais de basquete, e consta -

    taram que não foi produzida al -teração aguda no PT exor con -cêntrico do joelho a 60º/s e nema 300º/s. No entanto, em outroexperimento (9), a mesma equipede pesquisadores aplicou 120 se -gundos de alongamento estáti -co e com a técnica manter-relaxarsobre o quadríceps de sujeitos com

    nível de atividade física recreacio -nal e constataram que houve umaredução do PT extensor do joelho a60º/s e 300º/s. Eles sugeriram queo efeito do alongamento muscularé dependente do nível de ativida -de física do sujeito, ou seja, quan -to menor o nível de preparo físico,mais susceptível a sofrer os efeitosdeletérios do alongamento sobre aforça. No presente estudo, mesmoas voluntárias sendo sedentárias,

    nenhuma das técnicas utilizadasproduziu efeitos deletérios sobre aforça muscular.

    No experimento conduzido

    Tabela 1 - Valores do PT exor do joelho antes e após a intervenção.

    1 a Avaliação (N.m) 2 a Avaliação (N.m) p

    GC 50,46 ± 13,08 53,05 ± 12,21 0,056

    GE 43,42 ± 12,23 43,59 ± 12,20 0,925

    GMR 49,63 ± 12,13 49,19 ± 12,82 0,562

    GAMR 50,57 ± 17,54 51,87 ± 19,15 0,435

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    Efeito agudo do alongamento sobre o torque exor do joelho.

    por Garrison et al . (19) também foiconstatado que o alongamento de8 minutos do quadríceps não pro -vocou alteração no torque extensordo joelho a 60º ou a 120º/s, bemcomo não foi observada no grupo

    de jovens (19-27 anos) nem no deidosos (62-79 anos). No entanto, oteste de força foi realizado apenas10 minutos após o término da ma -nobra de alongamento. Na pesqui -sa feita por Ryan et al. (10) foi obser -vado que o efeito deletério do alon -gamento (com duração de 2, 4 e 8minutos) sobre o torque muscularfoi encontrado imediatamente apósa manobra, mas não foi mantidoquando avaliado 10 minutos após

    a mesma. No presente estudo, a 2a

    avaliação foi realizada logo após amanobra de alongamento, sugerin -do que a ausência de alteração naforça muscular não foi in uenciadapor outros fatores, como um perío -do de repouso, por exemplo.

    Behn et al . (20) veri cou que oalongamento estático de 135 se -gundos sobre o quadríceps, isquio -tibiais e exores plantares do tor -nozelo produziu redução aguda

    no torque isométrico (6,9%), aqual foi similar à condição contro -le (5,6%). Porém, antes da avalia -ção inicial foi realizado um aqueci -

    mento de 5 minutos em uma bici -cleta ergométrica, e os pesquisa -dores observaram que este aque -cimento pode ter in uenciado amusculatura de maneira a facilitara execução da avaliação inicial. No

    presente estudo, não foi realizadonenhum procedimento de aqueci -mento, sugerindo que na avalia -ção inicial, a musculatura não so -freu qualquer in uência facilitado -ra ou inibidora.

    Poucos experimentos (9,21,22) compararam o efeito do alonga -mento estático e alguma técnica daFNP sobre o torque; em todos essesestudos foram encontrados efeitodeletério do alongamento muscular

    sobre o pico de torque. No entanto,ao observar o tempo de aplicaçãodo alongamento nesses experimen -tos, veri ca-se que Marek et al. (9) eRubini et al. (21) utilizaram 120 se -gundos, enquanto Mello e Gomes (22) utilizaram uma hora.

    O presente estudo compa -rou o alongamento estático (60 se -gundos) a duas técnicas da FNP, amanter-relaxar (48 segundos) e aagonista manter-relaxar (48 se -

    gundos), constatando que nenhu -ma delas provoca redução de forçamuscular, quando aplicadas com aduração utilizada no presente es -

    tudo. A opção por esse tempo deaplicação reproduz os valores co -mumente encontrados nas mano -bras que antecedem às ativida -des físicas ou aqueles utilizados naprática sioterápica.

    Tais achados viabilizam a reali -zação das técnicas de alongamentomuscular sem a preocupação de queo indivíduo, mesmo sendo sedentá -rio, sofra uma redução temporáriada força muscular. Para tanto, pre -coniza-se que a duração da mano -bra, para cada grupo muscular, sejade aproximadamente 60 segundos.

    CONCLUSÃOOs resultados desta pesquisa

    sugerem que o alongamento mus -cular, quando realizado com umaduração de cerca de um minuto,em jovens saudáveis e sedentá -rias, independente da técnica utili -zada, não promove alterações sig -ni cativas no pico de torque isoci -nético concêntrico. Sugerimos quefuturos estudos avaliem os efeitoscrônicos do alongamento sobre aperformance muscular, haja vistaque o presente trabalho avaliou

    apenas os efeitos imediatos. Suge -re-se também que novos estudosavaliem os efeitos do alongamentoem populações de atletas.

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  • 8/17/2019 Artigo Bola Suiça Revista

    24/84

    192

    Ter Man. 2010; 8(37):192-197

    Artigo Original

    Avaliação do risco de quedas de idosas ativas

    submetidas a treinamento de equilíbrio comhaste vibratória.Evaluation of fall risk of active elderly women submitted a balance training with vibratory po

    Camilla Zamfolini Hallal (1,2) , Nise Ribeiro Marques (1,2) , Mauro Gonçalves (2,3) .Universidade Estadual Paulista “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” - Campus de Rio Claro (Unesp).

    ResumoIntrodução: Os distúrbios de equilíbrio têm importante impacto para os idosos, haja vista o alto índice de internaçãoe óbito decorrentes de quedas. Objetivo: Avaliar o risco de quedas de idosas ativas antes e após 8 semanas de treina -mento de equilíbrio, com e sem haste vibratória. Método: Participaram do estudo 16 voluntárias do gênero feminino,faixa etária de 60 a 75 anos (65,7±3,9 anos), sicamente ativas e não institucionalizadas. As participantes do estudoforam divididas aleatoriamente em 2 grupos: grupo de treinamento de equilíbrio com haste vibratória (GTHV) e grupode treinamento de equilíbrio sem haste vibratória (GT). Todas as voluntárias foram avaliadas antes e após o protocolode treinamento (avaliação I e avaliação II) por meio da Escala de Equilíbrio de Berg. O treinamento teve duração de 8semanas consecutivas, com 2 sessões semanais de 30 minutos de duração cada. Para análise dos dados foi aplicado oteste T-student para amostras pareadas e adotado o nível de signi cância de p < 0,05. Resultados: Houve diferençasigni cativa entre a avaliação I e a avaliação II para os grupos GTHV e GT (p=0,002 e p=0,003 respectivamente). Nacomparação entre os grupos, GTHV e GT, não foi encontrada diferença signi cativa nas pontuações iniciais e nais ob -

    tidas, sendo p=0,082 para a avaliação inicial e p=0,164 para a avaliação nal. Conclusão: O treino de equilíbrio pro -porcionou uma diminuição do risco de quedas em idosas ativas segundo a Escala de Equilíbrio de Berg.Palavras-chave: Quedas em idosos, equilíbrio, atividade física.

    AbstractIntroduction: Balance disorders have an important impact for elderly people, considering the high risk of hospitalizationand death due falls. Objective: To evaluate the risk of falls in elderly physically t females before and after of 8 weeksof balance training, with and without oscillatory pole. Method: Participated of this study 16 volunteers of feminine gen -der, aged 60 to 75 years (65,7±3,9 years), physically t and un-institutionalized. The participants were randomly divid -ed in 2 groups: group of balance training with oscillatory pole (GTOP) and group of balance training without oscillatorypole (GT). All volunteers were evaluated before and after training protocol (evaluate I and evaluate II) by Berg Scale.The training was conducted for 8 weeks consecutively, with 2 week sessions of 30 minutes for each. For the data analy -sis was used paired-samples t-student , and was used the signi cance level of p