12
Visões econômicas do Brasil Holandês: Sobre os olhares de Sergio Buarque e Evaldo Cabral de Melo. Caíque de Oliveira Rodrigues** Resumo: Este Artigo pretende comparar dois autores sobre suas respectivas visões acerca do período de dominação holandesa no Brasil colonial sobre a perspectiva econômica desse período. Sabemos ao estudar a historia da formação de nosso país, que este foi durante o período colonial, atacado por nações européias inimigas de Portugal, que como preceitos econômicos queriam desfrutar de um “pedacinho” do Novo mundo, onde Espanha e Portugal tinham “descobertos” e buscavam nessas terras lucros comercias. A conquista e período de longos anos de dominação holandesa são objeto deste artigo que vai desdenhar um pouco deste período holandês, bem como enfoque principal a economia deste período nas regiões conquistadas, sem não deixar de ressaltar o contexto histórico das invasões holandesas, que aproveitando do período de dominação espanhola sobre Portugal e suas colônias, onde como isso os governo holandês se move ao criar a companhia das índias orientais e organizar ataques ao Nordeste brasileiro. Palavras- chave: Economia, Dominação holandesa, açúcar. _________________________ * Graduando Curso de Licenciatura Plena em História na Universidade Estadual do Piauí – UESPI. * Trabalho realizado como nota avaliativa da disciplina de História do Brasil Colonial do Professor Doutor Alcebíades Costa Filho.

Artigo Caique Brasil Holandes

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Artigo Caique Brasil Holandes

Visões econômicas do Brasil Holandês: Sobre os olhares de Sergio

Buarque e Evaldo Cabral de Melo.

Caíque de Oliveira Rodrigues**

Resumo:

Este Artigo pretende comparar dois autores sobre suas respectivas visões

acerca do período de dominação holandesa no Brasil colonial sobre a

perspectiva econômica desse período. Sabemos ao estudar a historia da

formação de nosso país, que este foi durante o período colonial, atacado por

nações européias inimigas de Portugal, que como preceitos econômicos

queriam desfrutar de um “pedacinho” do Novo mundo, onde Espanha e

Portugal tinham “descobertos” e buscavam nessas terras lucros comercias. A

conquista e período de longos anos de dominação holandesa são objeto deste

artigo que vai desdenhar um pouco deste período holandês, bem como

enfoque principal a economia deste período nas regiões conquistadas, sem

não deixar de ressaltar o contexto histórico das invasões holandesas, que

aproveitando do período de dominação espanhola sobre Portugal e suas

colônias, onde como isso os governo holandês se move ao criar a companhia

das índias orientais e organizar ataques ao Nordeste brasileiro.

Palavras- chave: Economia, Dominação holandesa, açúcar.

Introdução

De 1580 a 1640, começou a dominação espanhola sobre Portugal, a

“União Peninsular” chamada assim e também conhecida, mas comumente nos

livros de historia como “União Ibérica”, foi o período das dinastias dos Filipes,

Filipe II, Filipe III e Filipe IV, foi durante esse período que sobre posse dos

espanhóis todo o Novo mundo, já que as conquistas portuguesas, na África e

na America o Brasil, passaram a ser da Coroa espanhola, assim como,

território português. Vai ser nesse período segundo podemos perceber na

_________________________* Graduando Curso de Licenciatura Plena em História na Universidade Estadual do Piauí – UESPI.* Trabalho realizado como nota avaliativa da disciplina de História do Brasil Colonial do Professor Doutor Alcebíades Costa Filho.

Page 2: Artigo Caique Brasil Holandes

leitura do Sergio, que ocorreram, as invasões holandesas e outros “encontros”

de nações européias, franceses, holandeses e os corsários a pedidos ingleses

se aventuram por terras brasileiras. No entanto vão ser os franceses e

holandeses que terão uma estadia maior no Brasil.

Mesmo com vários fatores divergentes para essa união entre coroas que

se deu, mas pela necessidade econômicas, onde um Portugal arrasado de

campanhas cruzadas e logo Espanha enfrentando a mesma dificuldade

causada pela guerra, vem em anexar Portugal, como algo necessário e

proveitoso para o momento em que a coroas portuguesas estava sem um “rei”

de fato, a questão religiosa, Portugal era um país “inteiramente” católico, foi

uma dos preceitos espanhóis para uma conquista sem guerras. No entanto a

política espanhola de manter monopólio do comercio das America, também se

faria das terras americanas de domínio português, esse política poderia

acarretar problemas na União. Como dita Sergio em seu livro:

“... podemos compreender que grave problema constituía a intenção de unir na

Península Ibérica os dois reinos e impedir que essa união possibilitasse ligações

comerciais com a colônia portuguesa na América. Quando a esta regra sabemos

que ela estava bem dentro do sistema usado pela Espanha, porquanto, na própria

América, havia restrições quanto às ligações comerciais diretas entre as varias

partes da colônia espanhola fora das rotas marítimas e terrestres autorizadas pela

Mãe Pátria.”

Na leitura de Sergio podemos ver que a economia colonial portuguesas

sobre a direção espanhola teria que ser cuidadosa, a fim de manter as relações

entre as duas nações nos eixos, não mexer na administração portuguesa na

America, mas, não largando de um controle desta mesma, mas a falta de uma

política vai ser questionada por Sergio como possível problema para uma

expansão territorial das terras brasileiras.

Importantes se ter essa contextualização, para entendermos os motivos

da fragilidade vista nesse período dos Filipes, já que, e nesse período de união

das coroas que vai se ocorrer invasões externas, como holandesa, foco deste

trabalho, a relação das conquistas do nordeste e norte brasileiro consumadas

na era de dominação vão ter relação no que se passa no velho continente, o

acordo entre França e Espanha, vai ser de fundamental importância para fim

Page 3: Artigo Caique Brasil Holandes

do domínio dos franceses no maranhão, assim como vai ser, por questões no

velho continente que fará a Holanda a invadir o Brasil e assim ser um

contraponto da conquista territorial e expulsão dos franceses.

Invasão Holandesa

As invasões holandesas iniciadas em 1624, como tentativa de conquista

de Salvador, fracassadas essas invadem Pernambuco onde se estabelecem no

período de 1630 a 1654, sobre as questões dos motivos levados para a

invasão holandeses Evaldo de Cabral e Sergio não vão se contrapuser muito

em qual motivo seria o principal nessa invasão, logo percebemos que, Evaldo

Cabral faz mais uma cronologia de fatos das invasões e através dos relatos da

época vai destrinchando o período holandês.

Sergio Buarque bate encima em dizer que, as políticas holandesas de

um capitalismo centrado na organização de companhias comerciais, que vão

refletir na administração holandesa em terras brasileiras, a burguesia forte e

crescente holandesa vai depositando suas receitas na companhia das Índias

Orientais as e dando ferramentas para a invasão. Evaldo que separa as

invasões em dois períodos (1624-1625) e (1630-1654), vai da ênfase na

exploração do açúcar e do pau Brasil, vão ser essas atividades que vão ser

alvo e logo os motivos principais dos holandeses, mas, como frisa bem Sergio,

o monopólio do comercio destes, e que vão ferir os espanhóis com que

rivalizam, de embargá-los assim como eles aos holandeses.

Vai de rixas e interesses econômicos partir o planejamento holandês de

invadir a colônia portuguesa, na qual antes da união Ibérica, mantêm relações

“estáveis”, mas com domínio espanhol e seus embargos vão compor motivos a

mais para invasão, nessa questão particular Evaldo trabalha mais, já que seus

estudos e obras são sobre a invasão holandesa e período Flamenco em

nossas terras, mas como proposto, vou comparar na fala dos autores (Sergio e

Evaldo) os preceitos econômicos e reflexos destes na colônia. Como Caio

Prado em Evolução política do Brasil, viés econômico, vão ser a ponta da lança

para Caio para construção da política brasileira, o viés economista e que

também mais caracteriza as invasões Flamencas, a Holanda vem para Brasil

com intuito de domínio comercial do açúcar, a questão de expandir e colonizar

Page 4: Artigo Caique Brasil Holandes

não estão em primeiro plano, não podemos excluir isso já que aqui no período

de dominação de Recife, de Pernambuco houve uma colonização e instalação

holandesa que abrilhantou o nordeste brasileiro.

Na leitura de Sergio, o Brasil holandês, e idade de ouro do nordeste

açucareiro, já que, diferente dos portugueses a aplicação de capital da

economia açucareira e bastante usada numa serie de obras públicas, Nassau

sabe usar deste ganhado em montar um infrarestrutura pra cidades conquistas,

Recife e o exemplo que urbanizada aos moldes das cidades holandesas da

Europa se torna capital de Pernambuco, e cidade mais “européia” do Brasil.

A economia nordestina que girava na monocultura do açúcar e no

desenvolvimento, mais no interior da pecuária, uma economia de subsistência

para os engenhos, no Brasil Holandês descrito por Evaldo Cabral, ele trata

como a açucareira e exploração as atividades, que os holandeses controlavam,

Evaldo se parte de construir sua narrativa encima de relatos, sendo assim,

apenas que mostrar quais e de forma os holandeses se apropriaram da cultura

do açúcar e do pau-brasil.

Usando essa formula, Evaldo propõe ao leitor, conhecer os fatos do

Brasil holandês, através das próprias historias daqueles que ali estiveram, e

importante perceber que o dialogo, os questionamentos são próprios

levantados pelos leitores de seu livro O Brasil holandês (1630-1654), mesmo

com essa diferença de escritas em comparação ao Sergio, o capitulo referente

à economia da época holandesa e Evaldo e rica e proveitosa.

Evaldo começa mostrando o modo de produção açucareira no relato de

Adriaan van der Dussen:

“.O açúcar obtém se do modo seguinte. O senhor de engenho arrenda as suas

terras a diversos lavradores, com a condição de plantarem nelas cana de açúcar

para entrega ao engenho, nas safras, de um determinado número de tarefas de

cana. Cada tarefa representa o que um engenho pode moer em um dia e uma noite,

isto é, em um engenho de bois entre 25 e 35 carros de cana e em um engenho

d’água, entre quarenta e cinqüenta carros. O lavrador obriga se a plantar cana, com

a ajuda ou não do senhor de engenho, conforme a condição do contrato. A cana

uma vez plantada tem a duração igual à da existência humana e não precisa ser

replantada senão aqui e ali, onde morre uma soca, a menos que ocorra uma

queimada durante o verão ou a seca de um rio. O canavial, às vezes, por isto,

Page 5: Artigo Caique Brasil Holandes

cresce pouco, quando não perece de todo; e então tem de ser inteiramente

replantado.”

Podemos ver nesse pequeno trecho que os holandeses, em primeiro

buscam o saber da produção de açúcar, conhecimento do modo de produção,

saber disso permite a eles ter o controle dessa produção, impondo regras às

engenhos, aperfeiçoando suas técnicas de plantio e conhecendo o que o

engenho precisa pra se manter, onde logo, fornecimento de capital, esse

emprestado ao senhor de engenho, para manutenção, controlando gastos e

valores de empréstimos. Vemos outro trecho que demonstra mais o

conhecimento da produção e esse controle holandês desde a produção do

açúcar ate refinamento e venda do produto:

“ O lavrador necessita para o trato de um partido (com o que se obriga a levar

à moenda quarenta tarefas por ano) de vinte negros, com os seus utensílios

(enxadas, foices, machados), quatro, seis ou oito carros conforme o canavial seja

longe ou próximo do engenho (e sendo muito longe, ainda aluga comumente alguns

carros). Para cada carro, são necessários, pelo menos, quatro bois; para dois

carros, seis bois (a fim de que se possa revezá-los). Tendo o lavrador recebido a

sua parte do açúcar fabricado, ainda tem que despender com panos para secálo e

com caixas, pregos e carpinteiros para encaixálo e ainda com o frete para levá-lo

para o mercado ou para o lugar conveniente. O senhor de engenho, tendo feito, com

muita despesa, a sua moenda movida à água ou a boi, para onde a cana é levada;

tendo feito a casa das caldeiras (onde se acham quatro, cinco ou seis tachos

grandes de cobre e três ou quatro menores) com os seus apetrechos: colheres,

escumadeiras, bicas, bacias etc.; a casa de purgar ou de refinar (onde o açúcar é

separado do mel) com as suas andainas, lanças e correntes, tanques, bicas ou

grandes tachos onde o (açúcar) panela é posto a ferver, e muita ferragem mais,

adquirida a alto preço (como já foi dito) — o senhor de engenho, dizíamos, recebe a

cana na moenda e fala funcionar com a sua própria gente, leva o caldo a ferver na

casa das caldeiras até o ponto conveniente, expurgando o mestre de açúcar com

cuidado, fazendo temperar e beneficiar por outros oficiais, até que tome a

consistência e se transforme em açúcar. Passando dos tachos grandes para os

pequenos e já com consistência, é posto no tacho frio até que a sua elevada

temperatura diminua, a fim de ser posto em formas de barro já prontas para isso e

onde é muito misturado. Depois “de frio e solidificado o açúcar, essas formas são

levadas no dia seguinte para a casa de purgar.”

Nesse trecho, visto no livro de Evaldo, de Adriaan van der Dussen

administrador holandês das conquistas nas terras brasileiras, vem da um

Page 6: Artigo Caique Brasil Holandes

panorama da monocultura do açúcar, na qual era o que objetivo dos

Flamencos aqui, com açúcar em alta na Europa ainda, a companhia das índias

orientais recuperavam seus investimentos na invasão, feria Espanha e Portugal

pelo domino deste comercio e de brinde ainda, com administração impecável

de Nassau urbaniza Recife, Pernambuco. No entanto Evaldo mostra que não

só o açúcar como a extração do Pau-Brasil e no próprio comercio de

manufaturados holandeses.

Sobre Pau-Brasil, a extração e comercio são de domínio da Companhia

das índias orientais, mas importante perceber a critica dos holandeses quanto

a forma de extração da madeira, e no relato do próprio Mauricio de Nassau,

que Evaldo levanta a essa questão, critica se parte da mal corte da arvore,

levando a perdas de lotes de madeira e também pelos lusitanos não

desbravarem a terra para interior em busca da madeira. Essa outra atividade

comercial que fica agora sobre comando holandês, toma novos rumos, nos

levando a pensar que administração portuguesa teve mais falhas do que

acertos, e que posso levantar ao ler Evaldo e Sergio sobre o assunto, já que,

os holandeses desde primeira investida sem sucesso na Bahia mostraram um

planejamento, não só para conquistar, mas para também aproveitar e organizar

as atividades econômicas brasileiras, virem dominar, na devastação causada

pela guerra na conquistas de terras, os engenhos arrasados pelos propor

proprietários, numa tentativa de impedir os avanços dos Flamencos, a

Companhia das Índias orientais tinha a se programar e que pode dizer prever

os estragos da guerra e agir, para não haver perdas, mas sim lucros.

Mauricio de Nassau, sem duvida, para ambos os autores, e para

qualquer estudioso do assunto, a de concordar que foi figura importante, não

só no corpo administrativo das atividades comercias da colônia brasileira,

açúcar, extrativismo do Pau-Brasil, no comercio de manufaturas holandesas e

como também na administração publica, onde a urbanização da cidade de

Recife e do agrado aos colonos Luso-brasileiros e Flamencos, a questão

religiosa entre judeus, calvinistas e católicos, a tolerância era o caminho mais

viável para paz, Sérgio também destaca nos aspectos da era Nassauniana, os

casamentos e varias tentativas de união dos colonos luso-brasileiros e os

Page 7: Artigo Caique Brasil Holandes

novos vizinhos holandeses, tentativas que não mudaram o cenário de

rivalidade entre ambos.

Um ponto a ser tocado ainda por Evaldo e respeito do abastecimento de

povo holandês que aqui chegava, problema da carne e da farinha de mandioca

era complicado, mesmo com incentivo e exigências para plantação de

mandioca, a escassez que assolava os armazéns holandeses, que também

não queria saber muito das coisas daqui preferindo as vindas de suas terras,

nisso Sergio também toca nessa deficiência e problema que assolava os

flamencos. Sabemos que no Brasil e pecuária vai surgir da necessidade dos

engenhos de abastecimento de comida e mantimentos e que as fazendas de

criação de gado vão surgir no cenário onde uma nova força surge dela.

O comercio de manufaturados vindos da Holanda e outro ponto

comercial de destaque, outra forma de lucro comercial, nas descrições do livro

de Evaldo mostram o gosto dos luso-brasileiros, nas manufaturas holandesas,

tecidos, artigos de luxo vindos de lá, agradavam e permitiam o comercio ate

bem rentável para os Flamencos. Se objetivo era lucrar os holandeses se

fraturam do Brasil ate o cenário já começar a mudar, como queda do preço do

açúcar e fim da união ibérica, retorno da Portugal na figura de D. João IV, da

família dos Bragança de Portugal, a dominação holandesa vai acabar

chegando ao seu fim, Nassau que volta a Holanda por atritos com a

Companhia, também fragiliza os flamencos aqui instalados e com as famosas

Guerras dos Guararapes, as duas, que culminam com fim da estadia

holandesa.

A economia da época holandesa era a já citadas, ambos os autores o

seu jeito mostram, de suas formas as características delas, como Caio Prado

em seus trabalhos a economia parece ser viés de melhor referência para,

construção dos aspectos administrativos, políticos, ela vai mover as relações, o

desenrolar das coisas, o período holandês não escapara disso, já que como

falado a própria invasão e também a expulsão, ocorrera graça as mudanças

econômicas que vão ocorrer tanto na Holanda, como em Portugal e Espanha e

futuro pais o Brasil.

Conclusão

Page 8: Artigo Caique Brasil Holandes

Posso concluir que ambos os autores, Evaldo e Sergio, vão destacar a

economia e demonstram que os preceitos comerciais, a economia da colônia

Brasil, vai ser motivos das invasões e nas mãos dos holandeses as atividades

aqui desenvolvidas na época, vão ser bem estruturadas e renderem a região

de Pernambuco, a Recife urbanizada, os bolsos holandeses, Sergio e Evaldo

tem visões diferentes e escritas diferentes ao falar não só da economia

holandesa, mas ambos contribuem muito no enriquecimento de conhecimento

acerca desse período holandês da historia brasileira.

Referências

Page 9: Artigo Caique Brasil Holandes

VIANNA, Helio. História do Brasil Período Colonial - Monarquia e República. 12ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1975.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira. A

Época Colonial – Administração, economia e sociedade. 12ª Ed. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.