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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA – UNIVERSO Campus Goiânia
CURSO DE DESIGN DE MODA
A CRIAÇÂO DO VESTUÁRIO FEMININO
ALMINDA ALVES CARDOSO
RESUMO
Este projeto apresenta uma estrutura lógica para o desenvolvimento de um projeto de coleção de artigos do vestuário, com ênfase no vestuário feminino, área crescente no percentual das indústrias no Brasil. Relata a importância da pesquisa e do planejamento para as indústrias do vestuário, visando identificar os pontos importantes da pesquisa e do planejamento, para previamente definir as etapas de criação e desenvolvimento de um produto de moda. As vestimentas surgiram da necessidade de cobrir o corpo, vem desde a era primitiva, passando a ser uma questão cultural e posteriormente social, hoje a moda é considerada um reflexo da evolução do comportamento, deixando de ser adquirido como uma necessidade e se tornando objeto de desejo e luxo entre as mulheres, principal consumidora dos artigos de vestuário. Para uma coleção de moda obter bons resultados é importante fazer um estudo detalhado da área de comercialização dos produtos, assim como as características do público desejado, essa análise contribui para uma boa aproximação entre objetivos e resultados. O processo de produção quando seguido de um bom planejamento, materiais e recursos tecnológicos atualizados, garantem o um bom desempenho do trabalho, assim como o sucesso de uma indústria. Palavras-chaves: Vestuário, Pesquisa, Coleção, Planejamento, Desenvolvimento.
2
INTRODUÇÃO
A moda é um conceito que se estabeleceu a partir da necessidade do
homem de cobertura e proteção do corpo contra os fatores naturais, tornando se
mais tarde um motivo de diferenciação de classes sociais, e posteriormente um fator
responsável pelos reflexos da sociedade, enquanto cultura e comportamento.
O projeto em questão aborda a contribuição da pesquisa e do
planejamento na criação do vestuário feminino, na busca de identificar os pontos
importantes para definição das etapas de criação e desenvolvimento do produto de
moda.
A natureza da moda enquanto conceito teve sua iniciação documentada a
partir do costureiro Charles Frederick Worth, precursor do desfile de moda e criação
de produtos de moda, assim como apresentando suas coleções, ate então só existia
roupas sob encomenda do cliente.
Os estudos para aplicação dos métodos de criação são bastante
diversificados nos produtos de vestuário, no processo de desenvolvimento precisa
estar relatado todas as etapas e elaborações dos processos, desde a pesquisa ate a
data da venda.
DESENVOLVIMENTO
5.1 Moda
A raiz etimológica da palavra moda introduzida na língua italiana em torno de
1950 é derivada do latim mos, que significa uso, costume, habito, tradição,
boas maneiras, moralidade e ainda lei, tipo, regra (COBRA, 2007, pag.10).
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Muitos historiadores, sociólogos, filósofos, jornalistas e ate mesmo a
sociedade já tentaram explicar os hábitos de vestir suas respectivas sociedades,
dando algumas definições sobre o tema. É um sistema que integra um contexto
politico, social, sociológico ou simplesmente o dia-a-dia das pessoas. “Já a palavra
fashion, usada comumente pelo plano internacional, é derivada do latim facere, que
significa fazer, construir”. (AMON, 2007, pag. 07).
Integrada a um contexto social, fica evidente que, muito embora a moda se
caracteriza uma expressão individual, enfrentando um sistema de regras sociais,
capaz de identificar estilo de vida, posição social, etnias e religiões de cada um.
Desde a pré-história o homem vem construindo sua moda, não só como uma
forma de proteger o corpo, mas também como reflexo dos aspectos sociais,
religiosos, estéticos e culturais, a exemplo disso são os sacerdotes que usavam
peles de animais para cobrir o corpo em rituais religiosos. Uma vez que as figuras de
animais associavam se aos deuses. Ainda nas primeiras civilizações, que
diferenciaram as vestimentas, ao invés de peles curtidas era a vez de fibras naturais
cobrirem o corpo.
A moda pode ser considerada o reflexo da evolução do comportamento. Uma
espécie de retrato da comunidade. É uma linguagem não verbal com
significado de diferenciação que instiga novas formas de pensar e agir
(MORAES, 2008, pag.2).
No passado o conceito de moda era atribuído apenas ao vestuário,
“principalmente das áreas mais especificas do segmento de roupas: a alta costura e
mais recentemente o prêt-à-porter”. (COBRA, 2007, pag. 11). Nas ultimas décadas
o conceito de moda se espalhou em outros segmentos, como acessórios,
cosméticos, artigos para casa, eletrodomésticos, veículos, musicas e ate mesmo
animais de estimação.
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A partir dessa migração do conceito de moda para outros segmentos de
consumo, pode se explicar as rápidas mudanças no comportamento, sobretudo nas
ultimas três décadas. O conceito do estilo de vida é baseado no cruzamento das
características individuais e comportamentais dos indivíduos com a realidade da vida
de cada um.
Nesse sentido a moda não esta ligada apenas a um objeto determinado, mas
é, em primeiro lugar, “um dispositivo social, caracterizado por uma
temporalidade particularmente breve, por reviravoltas mais ou menos
fantasiosas, podendo por isso afetar esferas muito diversas da vida coletiva.
(LIPOVETSKY, 2009, pag.25).
Os valores de uma sociedade, os hábitos e os costumes são vistos pela
moda como um fenômeno sociocultural. Desde cedo que o homem faz do uso da
roupa para diferenciar ou identificar a posição do individuo na sociedade. Com a
Revolução Comercial os comerciantes adquiriram títulos de nobreza, na busca cada
vez mais pela melhor posição social, e para isso houve mudanças também no modo
de vestir.
Com o crescimento da nobreza e dos comerciantes bem sucedidos, crescia
também a necessidade de mudanças nas suas roupas para melhor percepção da
sua riqueza. Foram criando os detalhes das suas peças. As influências políticas das
nações é que ditava os estilos da época, fazendo com que a roupa remetesse os
acontecimentos do momento através das características das suas vestimentas, onde
a Europa era uma das mais influentes. Com isso os estilos iam variando de acordo
com os acontecimentos políticos da época, a partir dessas mudanças a moda foi
caracterizada.
A moda e as roupas precisam ser adequadas ao estilo de vida, tipos de trabalhos e
formas de lazer do individuo.
“Acredita se que a moda é um fenômeno social, que age de acordo com o
tempo, descrevendo quilo que é aceito, adquirindo padrões e estilos através
do mercado consumidor em sua grande massa, contribuindo para a
diferenciação social”. (TREPTOW, 2005, pag. 24).
5
Com a evolução do vestuário, hoje a moda implica em lidar com elementos
mais complexos. Obtendo-se como valores, a autoestima, estética, inovações,
padrões de beleza. Ela respeita a multiplicidade e se torna parte do nosso cotidiano,
é feita com pensamentos, comportamentos, valores e informações.
A troca de modelos impõe também uma absolênscia ao produto, a roupa
tende envelhecer, nascendo assim a necessidade de uma nova peça. A
necessidade de lançamento de novos produtos parte do consumidor, o que acontece
também em outras áreas da indústria, porém na moda é mais frequente por ser mais
transitória, chegando a ultrapassar inclusive, os dois lançamentos anuais, inverno e
verão.
Integrada a um contexto social, a moda é estilo de vida, manifestando a
classe social ou a tribo na qual o individuo se inclui. Ela demarca o lugar de inserção
do individuo no espaço e do tempo, servindo como importante fonte de informação
dos signos nas pesquisas de natureza histórica. A roupa, quando elaborada
conforme as tendências de moda, não atende apenas as necessidades básicas do
vestir-se, ela acrescenta valor à existência, cumprindo, ademais, as funções de
sedução e glamour. Fica evidente que, muito embora a moda se caracterize uma
expressão individual, enfrentando um sistema de regras sociais, capaz de identificar,
posição social, etnias e religiões de cada um.
Para Lipovetsky (2009), o primeiro sinal de moda, na metade do século XIV,
foi o aparecimento de um novo traje, que propunha claramente a diferenciação entre
os sexos, sendo justos e longos para as mulheres e ajustados e curto para os
homens. Desse modo relaciona o surgimento dos primeiros ciclos breve de moda ao
período final da Idade Media. Nesse momento a moda ainda não conhecia
verdadeiras inovações e sim pequenas modificações de detalhes. A grande
novidade é o abandono da longa e flutuante sobrecota em forma de blusão em
proveito de um traje masculino curto e ajustado na cintura. Transformação que
institui uma diferença muito marcada entre os trajes masculinos e femininos e isso
para toda a evolução das modas futuras até o século XX.
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Evidenciando suas mudanças na vida humana, a moda tem sua existência
marcada no tempo, no qual gera pequenos blocos de eternidade, a partir da
renovação de seus produtos, criando monumentos que homenageiam a beleza.
Analisando as vestimentas nos anos 50 ou 70, é visto grandes
transformações para os dias atuais. Outro bom exemplo ocorreu durante a 1ª guerra
mundial, quando a mulher assumiu um novo papel na sociedade (enquanto os
homens lutavam na guerra, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas).
Segundo Aguiar (2003) a moda se pluralizou, o que facilita e ao mesmo
tempo dificulta o ato de cobrir o corpo, devido às diversas possibilidades de fazê-lo:
Não existe mais uma única verdade vestível e sim às varias que se
apresentam, de acordo com o nicho-alvo, daí as inúmeras possibilidades de
estar na moda, amparadas pelas incontáveis oportunindades de se informar
pelos veículos de comunicação que se tornaram populares no final do século
XX e inicio do século XXI. (AGUIAR, 2003, pag.13).
A moda atualmente ganha um papel de criadora de imagens, criadoras de
simulacros, criadora e facilitadora das expressões de subjetividade. Considerada a
liberdade de expressão por excelência, liberdade com informação e formação.
A natureza da moda vive em estado transitório em busca do inusitado, do
ineditismo e da inovação para consequentemente atingir o uso generalizado. Ainda
para Aguiar (2003) a moda não chega a ser cíclica, mas helicoidal, uma vez que o
fator tempo não a deixa voltar ao mesmo lugar, mas a uma proximidade a uma
referencia anterior.
Sendo tão transitória, a indústria do vestuário classifica a moda em ciclos,
como: fases de lançamento, aceitação e desgaste. O lançamento da moda se dá
com uma proposta de estilo, podendo ser originada, por exemplo, numa coleção de
um estilista. Os lançamentos de coleções podem ser realizados através de desfiles
de moda.
O aparecimento da primeira forma de desfile de moda, foi por volta de 1860,
em Paris, durante a Revolução Industrial inglesa, atrelado a uma serie de
7
modificações na produção do vestuário. Os desfiles funcionam como uma forma de
junção, entre a invenção humana, o apoio institucional e a atividade básica, o vestir.
“A moda consumada vive de paradoxos: sua inconsciência favorece a consciência;
suas loucuras de tolerância; seu mimetismo, o individualismo; sua frivolidade, o
respeito pelos direitos do homem”. (LIPOVETSKY, 2009, pag. 19).
Considerando-a como mídia secundária, que engloba tudo o que é colocado
sobre o corpo: ornamentos, pinturas corporais, tatuagens, - complementos, o
sistema na moda. A mídia secundaria amplia a mensagem da mídia primaria, o
corpo, e esta ao mesmo tempo sujeita a ele. Sabe-se que o desfile de moda
promove a universalização do corpo, afastando-o de limites físicos.
Dentre desses segmentos a imagem corpórea, a estrutura do corpo vestido
é manipulada, evidenciando partes mais atraentes do mesmo, eleitas segundo
valores estéticos daquele momento. Nesse conceito o que importa é o conceito da
marca, que desencadeia um campo de relações e conexões sociais.
Para um lançamento ser aceito, as pessoas que se identificam com o perfil
para o qual é dirigido passam a ver no estilo proposto uma nova maneira de
expressar modernidade. O estilo sugerido, depois de se tornar moda, perderá seu
conceito original, chegando ao seu desgaste e necessitando serem lançadas novas
propostas.
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Figura: desfile de moda
(FLICKR, 2011, ONLINE)
Lançamento de coleção realizado através de desfiles de moda, muito usado
pelas grandes marcas no Brasil e no mundo. Os desfiles contem numa média de 60
looks a cada coleção, sendo elas inverno e verão.
Para um lançamento ser aceito, as pessoas que se identificam com o perfil
para o qual é dirigido passam a ver no estilo proposto uma nova maneira de
expressar modernidade. O estilo sugerido, depois de se tornar moda, perderá seu
conceito original, chegando ao seu desgaste e necessitando serem lançadas novas
propostas.
5.2 Coleção
Muitos são os estudos de aplicações de métodos de criações de um produto
de moda e como se dá o processo de desenvolvimento de um produto de moda,
relatando as etapas e elaborações dos processos. Não se pode falar de processos
criativos sem antes esclarecer a percepção criativa do designer de moda.
Afirmações de Ostrower (1977) esclarece o ato de criar como, compreensão,
organização e esclarecimento:
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Criar é basicamente formar. É poder dar forma a algo novo. Em qualquer que
seja o campo de atividade, trata-se, nesse “novo”, de novas coerências, que
se estabelecem para mente humana, fenômenos relacionados de modo novo
e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto a
capacidade de compreender; e esta por sua vez, a de relacionar, ordenar,
configurar, significar. (OSTROWER, 1977, pag.12).
O estudo da criatividade vem sendo tema de pesquisas ao longo da
existência humana, se apresenta como interesse suplementar e que, por
consequência, levanta um numero variado de interrogações de ordem cientifica e de
sua pratica em geral.
Ao revisar inúmeras tentativas de definição da criatividade, comprova-se a
existência de uma variedade de olhares e aspectos ou facetas da criatividade, ora
enfocando a pessoa criativa, ora o seu processo, outras vezes o tipo e qualidade do
produto. Ou ainda a qualidade do ambiente que estimula ou cerceia a criatividade.
Nos estudos sobre criatividade indica que elementos ambientais também
recebem o foco dos estudos da criatividade, dando ênfase da importância da família
e da escola como ambientes essenciais na valorização e estimulação da
criatividade. Ela vai se formar no exercício de si mesma, num desenvolvimento
dinâmico em que o homem, procurando sobreviver, e agindo, ao transformar a
natureza se transforma também afirma Ostrower (1977).
Utilizando a criatividade e uma vasta pesquisa, o designer desenvolve uma
coleção de moda, incluindo peças de roupas e/ou acessórios que possuam relação
entre si, através de uma harmonia visual.
Ainda na metade do século XIX, não existia a profissão do criador de moda,
os artesões eram quem confeccionavam as roupas seguindo as instruções do
encomendador.
Surgiu então na década de 1850, na França, o conceito de alta-costura,
criado por um inglês radicado em Paris – Charles Frederick Worth. Ele vestia
toda a prestigiada sociedade parisiense, inclusive Eugenia de Montijo, esposa
de Napoleão III. A facilidade financeira vinda com a Revolução Industrial
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favoreceu até mesmo quem não tinha tradição ou sangue azul, e com a
invenção e o uso da maquina de costura, ainda no período do romantismo,
houve, de fato, uma enorme aproximação visual entre os grupos sociais
(BRAGA, 2007, pag. 63).
Foi o costureiro, que abriu a primeira Maison de moda em Paris. Ele é o
primeiro a confeccionar modelos pensando nas clientes que pretendia vender, pois
ate então as roupas eram confeccionadas apenas por encomendas. Nas Maisons
que foram registradas as primeiras coleções de moda, onde as clientes eram
convidadas a assistir aos desfiles das criações.
As mulheres que realizavam a prova dos modelos é que também desfilavam
com os trajes nos desfiles de moda, com esse artificio, cria-se a profissão de modelo
manequim.
Coleção de Moda “é um conjunto de produtos com harmonia do ponto de
vista estético ou comercial, cuja fabricação e entrega são previstas para
determinadas épocas do ano” (RECH, 2002, pag. 68). Numa coleção são
considerados os conceitos da marca, o perfil do consumidor e a escolha do tema.
Para que uma coleção seja coerente, é necessária uma metodologia para o
processo de criação Treptow (2005), a diferença de um designer e um artesão pode
ser vista com a existência de um método criativo.
5.2.1 Planejamento
A primeira fase do planejamento é marcada pela coleta e analise de
informações que darão subsídio às decisões que serão tomadas no decorrer
do processo, nessa situação exige muita comunicação entre os membros da
equipe (TREPTOW, 2005. pag.95).
Nessa reunião, é necessário definir algumas questões a ser futuramente
desenvolvidas, como a quantidade de peças que terá na coleção, a distribuição
dessas peças no mix de produtos como o tempo de comercialização, capital de giro
disponível para o processo e potencial de faturamento.
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O planejamento é de fundamental importância no desenvolvimento de uma
coleção, pois além de tornar o trabalho do designer de moda mais eficiente, auxilia
no processo criativo. Para o processo de desenvolvimento de coleção ser dinâmico é
importante muita comunicação entre os membros da equipe de toda empresa.
Seguindo das informações do mercado e histórico dos seus produtos
interiores, a empresa de moda pode detectar as necessidades e os desejos dos
consumidores, visando oportunidades que poderão ser transformadas em questões
de design.
No período em que são feitas as análises para o planejamento
mercadológico e as metas técnicas, funcionais e estéticas do produto a se
desenvolver define-se a dimensão da coleção, que é o número de peças que serão
trabalhados na coleção. Pra melhor organização dessas propostas, é criado o mix de
produto, nesse quadro é dado a variedades de produtos oferecidos pela empresa.
Na reunião de planejamento é preciso considerar qual o mix que a empresa já
possui e definir se será mantido, reduzido ou ampliado o mix.
Para Treptow (2005) Mix de Produtos é o nome que se dá à variedade de
produtos oferecidos por uma empresa. Para melhor organização das atividades que
serão realizadas no desenvolver da coleção, é importante desenvolver um
cronograma com as atividades e datas para cada fase do processo. A produção e
distribuição da coleção dependem de sua quantidade, complexidade e sem duvida
da equipe que a ira desenvolve-la. Independente dos prazos de produção e
distribuição, o designer deve atentar para que a coleção esteja disponível ao varejo
no período pré-determinado.
Segundo Treptow (2005), o cronograma é uma maneira de organização,
muito eficiente nas empresas de confecção:
O cronograma pode ser usado para acompanhar o andamento das
atividades. Nesse caso, são usadas duas linhas para cada atividade: uma
correspondente ao prazo previsto para sua execução e a outra para marcar
quando a tarefa foi efetivamente executada. Essa técnica não é muito
12
difundida, mas bastante útil para o desenvolvimento de coleções, pois
dificilmente os cronogramas são cumpridos à risca. (TREPTOW, 2005. pag.
99).
Os produtos de uma coleção de moda poderão ser divididos em categorias
para melhor identificação de suas características, essa divisão se dá pelo Mix de
Estilos ou Mix de Moda. Esse Mix é composto por três segmentos:
1. Básicos: Peças funcionais, presentes em todas as coleções, elas compõem
pelo menos 10% da coleção deve concentrar nessa categoria;
2. Fashion: Modelos que seguem tendências de moda, incluindo cores,
tecidos, acabamentos, formas e padronagens. Esses modelos deverão se
vendidos no período da coleção, pois futuramente saíram de moda. Eles
são responsáveis por cerca de 70% dos produtos de cada coleção;
3. Vanguarda: Peças que completam a coleção são as peças que mais
explore os conceitos da coleção. Essas peças geralmente estão nos desfiles
de moda, catálogos e vitrinas. (TREPTOW, 2005, pag.101).
O planejamento e desenvolvimento de uma coleção de moda exigem uma
metodologia para o processo de criação, o designer de moda é o profissional com
diferentes habilidades entre elas o talento para combinar formas, cores e texturas e
o treinamento para se comunicar através de croquis, modelos, modelagem e
pilotagem. É necessário conhecer as tecnologias disponíveis para desenvolver dos
produtos que possam ser absorvidos por um publico determinado.
2 Pesquisa
A pesquisa é fundamental para definir o caminho a seguir, deve ser uma
atividade frequente e ampla. É preciso disciplina, técnicas e criatividade no trabalho
de pesquisa, requer cuidados e observação minuciosa de tudo o que envolve o
pesquisador. Na pesquisa deve ser registrado tudo o que ver, além de feiras, vitrinas
e desfiles, é importante um olhar mais criativo na observação, desse modo torna
mais rica a pesquisa, aumentando as possibilidades de um trabalho original e melhor
elaborado.
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Quanto mais diversificadas forem as fontes de informações, maior serão
apoiadas as suas propostas. A pesquisa requer sensibilidade do criador para
traduzir as mudanças, sentimentos e comportamento, interpretando e adaptando aos
conceitos da empresa, tanto nos aspectos tecnológicos e mão de obra disponível,
quanto ao público que atinge.
É muito comum nas pesquisas resgatar as referencias das décadas ou
épocas anteriores para atualizar os costumes do publico alvo e melhores percepções
futuras.
Toda pesquisa de projeto de moda tem por objetivo agrupar informações
importantes para o desenvolvimento de coleções inovadoras, que estejam em
sintonia com o mercado e os desejos de consumo. Porém, a velocidade das
mudanças do mercado de moda e a disseminação de informações sobre o consumo,
acabam dificultando a qualidade e o tempo das pesquisas. Não há como negar que
dentro das engrenagens da moda, existe um processo de fast fashion (produtos que
atingem um pico de venda muito rápido, e consequentemente a sua duração no
mercado é de curto período do tempo) onde somente consumidores de classes
dominantes conseguem absorver a quantidade de novidade impostas a cada seis
meses pelas tendências apresentadas pelas grandes marcas, reforçadas pela
massificação da informação da mídia, pelas celebridades que adotam, e pela
cobrança social da estética do novo.
A partir dos anos 80, o fenômeno de releitura tem norteado muitas coleções
de moda, quem sabe no intuito de reavaliar aquilo que já foi feito, ou até mesmo a
falta de inovações suficientes para mudanças radicais. Numa análise da moda atual,
é muito presente a valorização do “vintage”, exemplar único de roupas ou acessórios
de brechó, muito valorizados principalmente por conhecedores ou profissionais da
moda. Tendo também aqueles que percorrem o mundo, buscando outras culturas ou
ambientes específicos, trazendo uma proposta temática de fantasia dentro do dia-a-
dia.
14
Alguns têm estilo tão definido que promovem pequenas alterações em seus
produtos, podendo ser uma nova textura ou um detalhe de silhueta, mas nada
muito significativo a ponto de alterar sua identidade, esses podem ser
incluídos nesta categoria e acabam se tornando “os novos clássicos” da
moda. (RIGUEIRAL, 2002, pag.40).
5.2.2.1 Pesquisa de comportamento
Na pesquisa de sinais e comportamentos sociais, devem ser explorados
conceitos de outras áreas, procurando encontrar convergências com os conceitos de
moda. Pode se explicar como as características marcantes dos finais de épocas,
provocam um maior interesse pela sociedade pelo misticismo e espiritualidade. A
tendência de comportamento pode ser usada pela moda por meio do uso de ícones
relacionados à espiritualidade, como estampas com imagens de santos, acessórios
com crucifixos, são grandes exemplos dessa intervenção.
Para o desenvolvimento de coleções, não basta conhecer apenas aquilo que
o mercado já consome. Moda é a dinâmica da mudança, da constante
renovação. O surgimento de novas modas é, em última análise, o que
mantem viva a indústria, uma vez que, se dependesse da durabilidade das
roupas, não seria necessário efetuarmos novas compras a cada estação
(TREPTOW, 2005, pag.79).
A pesquisa de comportamento acompanha os hábitos de consumo do
público-alvo e seus interesses atuais, como lugares que costumam frequentar,
ícones musicais, cinema, televisão.
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Figura: Cantora Madonna
(MODALOGIA, 2011 ONLINE)
Nos anos 80 trouxeram-nos uma verdadeira profusão de influencias e
contrastes, em que os opostos começaram a viver em harmonia e ambos sendo
aspectos de moda. Essa multiplicidade passou a ideia que não havia uma única
verdade de moda e, sim, varias realidades; diversos vieses, inúmeros caminhos a
serem trilhados, criando um leque de possibilidades. As roupas misturavam glamour,
preocupação com o corpo e visual informal. A cantora Madonna foi uma forte
influencia no comportamento e na moda da década.
Segundo Treptow, (2005) as novas modas que vão surgindo nas suas
ultimas leituras, é o que faz sobreviver a indústria da moda, uma vez que a
durabilidade das roupas duram muito mais que estações anuais.
O designer que conhece bem a sua marca, deve conhecer também quem
são os ídolos atuais do seu público-alvo, essa é a relação marca e consumidor, a
loja, por exemplo, deve conter características que agradem o publico (musica, cheiro
decoração) e causem desejo de compra.
As pessoas tendem a ser influenciadas pela opinião dos lideres que são
seus similares. Os grupos sociais possuem seus lideres de moda, que acabam por
ditar as tendências. Sendo assim a moda implica a imposição do grupo e depende
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de sentimento especial para a aceitação coletiva. É importante conhecer os clientes
e suas preferências de maneira a adotar ações eficazes para atraí-los, garantindo
sempre sua satisfação e fidelidade.
5.2.2.2 Pesquisa de Tendências
Quando se pensa em futuro, a imaginação é acionada. Imagens cultivadas
por filmes ou livros de ficção vão dando formas e formulas. Alguns desses
filmes têm apresentado interessantes e diversificadas projeções de futuro.
(RIGUEIRAL, 2002, pag.40).
A tendência geralmente é imposta pelos desfiles “de grandes nomes” no
mundo da moda, como também por outros recursos como vídeos, fotografias,
revistas, anotações de viagens, entre outros. As tendências e cores da moda são
massificadas na forma de coleções verão, inverno ou meia estação que chegam às
lojas.
O painel de tendências é um compilado de informações agrupadas de
maneira agradável e de fácil percepção visual, para auxiliar o designer a identificar
tendências para a estação. É por meio desse painel que o designer identifica os
elementos de estilo a serem utilizados em sua coleção.
É importante para um designer criativo, aprofundar seus conhecimentos
sobre tendências e consumo, perceber quais as vertentes que estão sendo
abordadas pelo mercado, e se posicionar, filtrar bem o excesso de informações
existentes e apostar naquilo que acredita ser a construção ideal do universo estético
que deseja ser consumido pelo seu publico.
O profissional das tendências deve incorporar conceitos e posicionamentos
metodológicos que darão outra dimensão à sua prática, como os de filtro,
interpretação, construção de narrativas e produção de sentidos. (CALDAS,
2006, pag. 94).
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Como afirma Miranda (2008), o fenômeno moda necessita de constantes
mudanças sociais, alternando então os processos de consumo. “Moda
essencialmente envolve mudança, definida pela sucessão de tendências e manias
em espaço curto de tempo, é um processo de obsolescência planejada” (pag.17).
Para melhor compreensão da moda, é importante que se entenda que a
maior parte da sociedade identifica, em primeiro lugar, como campo reservado aos
costumes e adornos, mas ela não se restringe ao vestuário. Envolve a arquitetura,
indústria automobilística, decoração de interiores, nomes consagrados,
gerenciamentos de negócios, entre outros, que são atingidos pelos processos da
moda.
O consumo dos símbolos é visto como forma de mediar autoconceito e
comportamento de consumo. O símbolo impulsiona a atitude de compra para um
produto ou outro, conforme os seus significados expressos na sociedade, na qual o
individuo interage e como ele se define, ou como deseja ser percebido por ela. A
ideia base é que os atributos simbólicos são dependentes do contexto social e que
ao valor cultural corresponde uma necessidade individual.
Ao realizar uma pesquisa de tendências, o pesquisador pode usar vários
materiais, como vídeos, fotografias, revistas, anotações de viagens e tudo o que
venha servir de propostas criativas.
Algumas publicações como revistas de comportamento e design, antecipam
ou direcionam caminhos, contendo detalhes que são a tradução da vanguarda,
esses materiais expressam através da diagramação, das fotos, do enfoque, das
cores, uma preocupação acurada.
De acordo com Treptow (2005) o painel de tendências é um compilado de
informações agrupadas de maneira agradável e de fácil percepção visual, para
auxiliar o designer a identificar tendências para a estação.
Para uma analise de tendências, é importante uma coleta de dados
sistemática, é importante criar arquivos e dividi-los em cores, modelagens, detalhes,
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estampas e matéria-prima. A partir deste arquivo, pode-se fazer subdivisões dentro
de cada tópico principal.
Através dos detalhes, a peça chama a atenção para determinados pontos,
não necessariamente o todo. Esses detalhes são tão importantes que podem até ser
encarnado o tema da coleção, e representado através deles.
A matéria-prima para algumas marcas é até possível ter fabricação própria,
facilitando na representaçao do tema de uma maneira mais original e exclusiva,
podendo fazer o uso da estampa, que por sua vez servem para orientação de um
traço, estilo, harmonia de cores.
É importante enfatizar que essa seleção é feita considerando o perfil do
consumidor e os conceitos da marca. Unindo com criatividade, é possível adaptar as
tendências respeitando essas características.
Este “agrupamento” por tópicos é uma forma de facilitar a visualização e, ao
mesmo tempo, conferir a informação que mais se repete entre as grifes. Esta
“repetição” tende a ser a chamada “tendência”; são os pontos fortes, as
inspirações que mais designers enxergaram neste momento. Na verdade o
intuito de cada criador é justamente propor um caminho mais inovador que o
outro, mas os editores tentam e conseguem agrupar estas linguagens.
(RIGUEIRAL, 2002, pag.46).
5.2.2.3 Pesquisa de Mercado
Ao avaliar diferentes segmentos de mercado é fundamental que a empresa examine
dois macrofatores: a atratividade global do segmento e os objetivos e recursos da
empresa Este ultimo aspecto é sistematicamente negligenciado pelas empresas.
(RIGUEIRAL, 2002, pag. 151).
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Na pesquisa de mercado é realizada a analise da concorrência, tanto nos
produtos como em outros produtos de consumo, pois conhecendo o gosto dos
clientes por outras áreas facilmente será reconhecido a escolha pelos produtos de
moda.
É importante saber quem são os concorrentes do mercado, e está atentos as
estratégias utilizadas pelos mesmos para reter seus clientes.
Quando realizada corretamente, a pesquisa de mercado oferece
informações consistentes, tornando o processo decisório mais rico e preciso.
Atitudes como visitar a concorrência, verificar os pontos fortes e fracos, ouvindo suas
reclamações, elogios dos seus clientes são importantes fontes de informações que
muitas vezes são desprezadas pelos profissionais de moda.
A pesquisa de mercado deve ser feita para analisar a validade de uma
hipótese ou responder questões importantes que antes não foram respondidas. As
marcas de moda para se consolidarem no mercado devem oferecer benefícios que a
concorrência não ofereça ou algo com maior qualidade, estética ou preço
diferenciado.
5.2.2.4 Pesquisa de Tecnologia
Quando a informação se move a uma velocidade elétrica, o mundo das
tendências e dos rumores, torna-se o mundo real. A facilidade da informação
permite a tração de diferentes formas, as relações pessoais, sociais e de
trabalho. (KERCKHOVE, 1997, pag 179).
20
O acelerado surgimento dos aparatos tecnológicos, teve grande influencia
no comportamento das empresas no ramo de moda. Novos recursos foram
aparecendo e cada vez mais o mercado vem se aderindo a essas inovações.
Para que o designer esteja sempre informado dessas mudanças na
tecnologia, é necessário uma pesquisa, tanto no mesmo segmento, como em outros
segmentos de consumo, pois, conhecendo o gosto do seu cliente por outras áreas,
facilmente será reconhecida a sua escolha pelos produtos de moda. Para Treptow
(2005) a pesquisa de mercado deve acompanhar as novas técnicas e maquinários
lançados, buscando melhoria para a indústria do vestuário.
Nessa pesquisa é importante estabelecer contato com fornecedores, através
de participação em feiras e eventos de moda, acompanhando os últimos
lançamentos do que é oferecido pelo mercado tecnológico.
Nem sempre receber visitas de fornecedores e representantes comercial é a
maneira mais eficiente de conhecer novas tecnologias, é importante visitar as lojas,
onde os produtos se encontram, lá é possível ver o mostruário, com todas os
benefícios e/ou desvantagens desses produtos.
Atualmente, a tecnologia é uma das forças que mais afetam o dia-a-dia das
pessoas. O surgimento de um recurso é a substituição do recurso anterior. Imensas
estão sendo as investidas em programas de softres, internet e redes sociais.
A facilidade de utilização e a rapidez das informações na internet, permite
que os usuários administrem de forma diferente suas relações comportamentais,
pessoais, sociais, de aprendizagem e de trabalho. Os ambientes interativos
proporcionam novas situações que transformam as possibilidades de participação,
interferência e expressão dos consumidores. A relação consumidor/empresa passou
a ser também por meio desses ambientes, permitindo a sua busca e até mesmo
compra, de presença e ação a distancia.
21
Na indústria, a informática, associada ao aparecimento de novas matérias
primas e processos, é a fase mais visível das inovações tecnológicas disponíveis.
A implementação do CAD’S (computer aided designer) torna mais rápido as
processos de criação e ilustração da coleção; facilitam o desenho, encaixe,
graduação e impressão das modelagens e a criação de estampas. Enquanto a
máquina computadorizada permite o corte de moldes com formatos diferenciados,
para modelos exclusivos, os encaixes mais compactos garantem a economia,
produzindo com maior agilidade e assegura o aumento sem comparação na
quantidade de pecas cortadas/hora.
Figura: Má
quina de Corte Automatizada
(ISTOEVIP, 2011, ONLINE)
Matérias-primas como tecidos, aviamentos e acessórios além de agregar
valor aos produtos, mantém atualizados os produtos fabricados, agregando
diferenciação às coleções.
22
Figura: Catalytic Clothing
(ISTOEVIP, 2011, ONLINE)
A peça com tecido tecnológico reage com as partículas aéreas,
transformando-as em substancias inofensivas. Contem catalisadores que quebram
as moléculas poluentes. A roupa pode ser “reabastecida” no momento da lavagem.
Tem a função de purificar o ar enquanto a pessoa passeia pela cidade.
5.2.2.5 Pesquisa de Vocações Regionais
A pesquisa consiste na coleta de dados e características de vocações
profissionais, capacidade de produção e obtenção de matéria prima especifica. Com
o aumento da concorrência após a abertura dos mercados e a globalização, a
indústria da moda tem utilizado dos conhecimentos adquiridos através destas
pesquisas como elementos de diferenciação. A pesquisa de vocações regionais dá
subsídios ao designer para o desenvolvimento de produtos com aplicação de
elementos étnicos, culturais e artesanais como forma de agregação de valor
diferenciado.
23
Foto: Coleção do Ronaldo Fraga
(MANEQUIM, 2011,ONLINE)
O trabalho com as bordadeiras de Passira (PE), e com as rendeiras de
Monteiro (PA) rendeu peças delicadas, com a missão de recuperar a tradução do
ofício. Assim, as peças são recheadas de pontos-cheios, pontos-sombra, crivos,
matames e rendas renascença.
5.2.2.6 Pesquisa de Tema de Coleção
O tema consiste no conceito, estilo, elementos e imagens coletadas através
da pesquisa de tendências, com elementos que poderão ser usados e agregados
aos produtos de moda, estabelecendo formas, cores imagens e convergência de
dados, onde o designer expressa o conceito da sua coleção. A escolha do tema é
livre, porem é importante basear em pesquisas junto a escritórios de estilismo, que
apontam tendências de comportamento e focos de interesses dos consumidores.
Entre outros exemplos de temas podemos ter os temas históricos, musicais,
de etnias, literários, personalidades, natureza, tecnológicos entre outros. O designer
de moda ao utilizar os elementos das tendências para a criação do tema, esta a
confirmar através dos produtos, as previsões de mercado.
24
Além das pesquisas especificas para cada etapa da coleção, outras fontes
de pesquisa são imprescindíveis para o sucesso do trabalho.
A decodificação da moda e do que será ou não tendência passa
necessariamente pelas grandes revistas, na figura dos editores de moda, que
sintetizam os desfiles, agrupando-os, por cores, formas e temas, resultado nos
editorias que irão nortear o consumidor final.
A revista é um grande meio de divulgação de moda, principalmente nas
edições de marco e setembro, onde estão marcados os lançamentos de novas
coleções.
Um método bastante eficaz de ter um apanhado geral do que acontece e
consegue boa visualização das coleções dos estilistas consagrados, para que se
descubram as tendências e os elementos mais utilizados.
Outro tópico fundamental para atualização nas pesquisas é a internet, uma
maneira ágil e capaz de realizar pesquisas futuras de forma organizada. Uma dica
importante é observar as grifes com as quais se identifica o seu publico alvo.
Existem outras fontes interessantes que facilita na definição do publico alvo,
a ponto de identificar ate seus gostos musicais. Com esse perfil definido, pode se
entrar num mundo específico de linguagens e imagens que se tornam fonte
inesgotável para produzir coleções, catálogos, desfiles, etc.
5.2.3 Criação
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A rua, perigosamente criadora, é uma das principais tendências de moda
atualmente, começou a ser explorada a partir de uma observação das sociedades e
mundo ao nosso redor.
Nessa parte do trabalho faz- se a coleta de todo o material ate aqui
agrupado, para então se iniciar o desenvolvimento da coleção. Todos os dados que
foram estudados contribui na visualização dos elementos de estilos que
evidenciarão.
As influencias observadas e analisadas pelos pesquisadores de tendências
funcionam como espécie de espelho da modernidade, sendo assim expressões do
espírito do tempo anunciando traços posteriores.
Pesquisar as tendências é como estudar o futuro, como modo de minimizar
os riscos em relação ao tempo desconhecido, o que não é novidade na nossa
sociedade. Vale ressaltar que apesar da prospecção de sinais emergentes
apontarem geralmente direções definidas, nada pode assegurar que tais
direcionamentos serão atingidos. A idéia de incerteza com relação a tais percepções
exemplifica muito bem as inseguranças e incertezas com que o mercado de criação
e o pesquisador de tendências lidam no seu cotidiano.
5.2.3.1 Briefing de Coleção
O briefing consiste em informações para instruir o profissional de moda no
desenvolvimento da coleção. No briefing são definidos o publico alvo, estimativa de
preços, volume de vendas esperado e condições ambientais.
Este briefing funciona como um instrumento usado para comunicar
visualmente as inspirações adotadas durante o desenvolvimento da coleção para
toda a empresa. A partir disso, o estilista possui conteúdo suficiente para dar início
ao processo de desenvolvimento da coleção em si; produzindo, primeiramente, os
esboços e, posteriormente, os desenhos fashions e técnicos das peças constituintes
da coleção.
26
A decomposição do briefing visa interpretar as tendências de moda e
mercado, gerando uma forte inspiração para a equipe de criação. Na linguagem dos
profissionais de moda, representa a atmosfera da coleção, o seu espírito.
5.3 Produto de moda
O consumidor é influenciado por diversos fatores que o fazem escolher por
um ou outro produto. Nas sociedades pre-industriais, as pessoas precisavam
sujeitar-se a uma escassa oferta de produtos. Atualmente, a produção de
bens é muito maior do que a capacidade do mercado em observar esses
bens, sobretudo em função do poder aquisitivo do consumido (TREPTOW,
2005, pag. 55).
Percorrendo o mercado consumidor, percebe-se inúmeros fabricantes,
oferecendo produtos similares, esses representantes comerciais lutam para
conseguir uma posição de destaque para seus produtos.
5.3.1 Modelagem
A modelagem tem o dom de modernizar, de dar leveza e embelezar a
criação. Sair do papel e tornar-se tridimensional é o passo para a
concretização do objetivo desejado. As proporções devem ser estudadas
27
para que o detalhe escolhido seja realmente valorizado e todo o restante da
obra sirva de suporte para este detalhe. (RIGUEIRAL, 2002, pag.104).
Na materialização de um projeto de produto de moda, por meio da definição
de tecidos, aviamentos e pilotagens, os aspectos concretos são determinantes para
a definição do tipo de produto. Todas essas atividades dependem umas das outras
para o estabelecimento de uma coleção de produtos de moda.
Para Treptow (2005) “a modelagem é para o designer de moda, assim como
a engenharia é pra arquitetura”(pag. 154). Numa coleção de moda é desenvolvida a
modelagem, (cujas medidas se enquadrem no padrão da empresa), a pilotagem
(protótipos) e o corte, esses são como os principais processos de produção em uma
confecção.
A modelagem, segundo Araújo (1996) consiste na “arte de confecção de
moldes a partir de um modelo pré-estabelecido”. Cabe ao modelista por sua
imaginação e capacidade de observação, ser capaz de adaptar, transformar e criar
moldes, dentro daquilo que é mais importante: a base do corpo. A modelagem tem
como objetivo, adaptar a coleção à produção, por meio do desenvolvimento dos
moldes, baseando no design do modelo, numa base de dados de moldes básicos,
componentes normalizados e famílias ou blocos de moldes que representam o corpo
humano e suas respectivas necessidades de cobri-lo.
O processo de modelagem se dá, por duas maneiras: a “moulage” e a
modelagem plana industrial. A “moulage” é o método característico da alta-costura,
mas vem sendo empregada no desenvolvimento de peças para confecção industrial,
pelo uso de manequins de prova, confeccionados em medidas padronizadas.
A modelagem industrial é a técnica empregada na construção de roupas,
sendo desenvolvida de forma bi ou tridimensional em quantas partes forem
necessárias. Para isso o modelista faz a interpretação de todas as formas do corpo,
por meio de medidas antropométricas. Para a elaboração de modelagens de
vestuários as principais referencias que devem ser consideradas, são os desenhos
28
projetados pelos designers e principalmente as dimensões antropométricas do
usuário, o corpo (MEDEIROS, 2007, pag. 72).
No processo de modelagem plana, os moldes são traçados sobre papel,
com base numa tabela de medidas e cálculos geométricos. Na tabela de medidas é
representadas as medidas de circunferências do busto, cintura e quadril, entre
outras medidas, com o uso da fita métrica rente ao corpo.
O desenvolvimento da modelagem plana industrial compreende as etapas
descritas a seguir:
Etapa Atividade
1 Analise da tabela de medidas que será utilizada na realização dos
modelos, de acordo com o publico alvo da empresa;
6 Traçado detalhado do diagrama base do corpo (utilizando a
tabela de medidas) que servirá de orientação para realização dos
modelos criados pelos designers. O molde base facilita e agiliza o
trabalho do modelista, pois sempre partira de bases já testadas e
aprovadas para modelar novas peças;
3 Interpretação e elaboração dos modelos criados pelo designer de moda.
Nessa fase o modelista a partir da base faz as interpretações do modelo a
ser desenvolvido, a partir de analises elaborada no desenho técnico do
produto que esta na ficha técnica;
Preparação da modelagem para realização do corte das peças piloto;
Analise e aprovação da peça piloto;
29
Correção de moldes e execução de novas caso seja necessário;
Elaboração da modelagem final com devidas sinalizações para a
produção em serie;
8 Graduaçao dos moldes – realização das devidas ampliaçoes e reduções
dos moldes aprovados conforme tabela de medidas padrão.
A modelagem plana também pode ser desenvolvida por meio de sistemas
CAD/CAM. Alguns programas permitem, além da manipulação de moldes prontos
inseridos no sistema, a interpretação de moldes na tela, por meio de medidas ou
pela movimentação de pontos no mouse. O sistema pode operar de duas maneiras:
com a construção de moldes pela alteração de bases arquivadas no sistema ou pela
alteração de moldes produzidos fora do sistema. Esses moldes são inseridos ao
sistema através do “scanner” para modelagem ou mesa digitalizadora.
5.3.2 Pilotagem
A peça piloto ou protótipo é confeccionado por um costureiro polivalente,
chamado pilotista, capaz de discutir com o designer e o modelista as
dificuldades encontradas ao costurar a peça e propor alterações que a tornem
de produção mais fácil. (TREPTOW, 2007, pag 158).
O designer, o modelista e o pilotista precisam estar sempre em sintonia para
que seja realizado um bom trabalho. Na execução da pilotagem é necessário
apontar os defeitos de modelagem que possam compreender a execução do
modelo, e alertar para o comportamento do tecido na maquina de costura. Esses
protótipos deverão ser vestidos numa modelo com medidas que correspondam á
30
tabela desejada, para avaliar caimento e conforto da peça, assim como também as
questões de acabamento.
Aos protótipos que não forem aprovados, devem ser descartados, mas
devem continuar em poder da empresa, caso queira reaproveita-lo, que esteja ao
dispor. Na aprovação das peças pilotos é necessária a presença do designer, do
modelista, do pilotista, dos gerentes de vendas e do dono da empresa para que
entrem num consenso na decisão final antes da fabricação do produto.
Fichas
Ficha Técnica:
Essa ficha é o documento descritivo de uma peça de coleção. Seu
preenchimento é geralmente tarefa dos assistentes do designer ou estagiários,
porem a supervisão é do próprio designer ou do setor de engenharia de produto. O
formato das fichas pode variar de uma empresa para outra, considerando os campos
fundamentais que devem existir em todas elas.
Ficha de Modelagem:
A ficha de pilotagem tem como função orientar o pilotira no desenvolvimento
da peça piloto. Nela estarão descritos todos os detalhes, tanto para a modelagem
como para os pilotistas. Pode ser considerada o rascunho da ficha técnica.
O design no produto do vestuário
O estudo da inovação vem sendo tema de pesquisas ao longo da
existência humana, se tornou um interesse suplementar e indispensável por todos os
segmentos, essa característica para obter um bom resultado, precisa estar agregada
a cuidados como
Atuação do Designer de moda
31
O processo criativo esta intimamente ligado à percepção do criador de
moda, que há de entender o ato de criar como, compreensão, organização e
esclarecimento de suas ideias.
Para esse campo de atividade trata se de novas coerências que se
estabelecem pela mente humana, fenômenos que se relacionam de uma maneira
nova e termos novos. Utilizando a criatividade e uma vasta pesquisa, o designer
desenvolve uma coleção de moda, incluindo peças de roupas e/ou acessórios que
alem de possuir uma relação entre si, através de uma harmonia visual, se agregado
o design nos seus produtos, é possível ter uma diferenciação de produto no
mercado, adquirindo valor e potencial a uma marca de moda.
METODOLOGIA
O projeto em questão teve aplicação do método de pesquisa positivista descritiva,
utilizando a pesquisa bibliográfica e leitura e fichamento de referencias como técnica
de pesquisa. Para coleta de dados, foram usados os dados observados e coletados
no tempo de estagio, assim como referencias bibliográficas, o que alem de facilitar a
compreensão do autor sobre o tema, contribuíram para confirmar seus estudos
teóricos.
RESULTADOS
Para complementar o repertorio do profissional, é importante uma vivencia
no ambiente onde é estudado, a prática do estagio contribui para o crescimento
profissional, tanto em experiência de trabalho como pra criar um elo entre aluno e
mercado, assim como aumentar sua rede de contatos profissionais que servirão de
grandes resultados na profissão de um designer de moda.
Conhecer o funcionamento de uma empresa, enquanto criação,
desenvolvimento das pecas, perfil do cliente, é uma maneira de reforçar as
pesquisas realizadas através de pesquisas bibliográficas sobre tais assuntos. Assim
como o método de organização dos materiais, identificar a coerência entre modelo,
acessórios e aviamentos em cada peça de maneira organizada da credibilidade ao
32
profissional tanto para desenvolver o seu trabalho como para liderar sua equipe de
colaboradores.
CONCLUSÃO
O estudo a cerca das estratégias usadas no desenvolvimento de uma
coleção, traz cada vez mais novas descobertas sobre o processo criativo, o
planejamento é de fundamental importância no deslanchar de uma coleção, pois
alem de tornar o trabalho do designer de moda mais eficiente, auxilia no processo
criativo, aumentando suas referencias imagéticas, aumentando seu dinamismo entre
percepções, configurações e significados.
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