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ARTIGO PDE LURDINHA - Operação de migração para o novo data … · regiões frias ou temperadas, crescem no solo, sendo chamadas de terrestres. Já Já nas zonas tropicais e subtropicais,

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ORQUIDÁRIO NATURAL: uma ferramenta para educação ambiental

Maria de Lourdes P. Nonciboni1 Marcia Regina Royer2

Resumo

Este trabalho teve como objetivo desenvolver atividades diferenciadas através da produção e plantio de mudas de orquídeas em árvores e desta forma propiciar uma reflexão sobre o respeito e a preservação do meio ambiente. Considerando que o homem é quem destrói o equilíbrio natural, muitas vezes por falta de informações, foram realizado trabalhos atrativos com o intuito de orientar a comunidade escolar, procurando fazer com que se refletisse sobre a necessidade de equilibrar o Ecossistema superando a qualidade de vida, diminuído o stress, embelezando e tornando o ambiente mais agradável. Por isso foram desenvolvidas atividades que estimularam a socialização entre a comunidade escolar, a criatividade e a cidadania, através de dinâmicas de grupo com a produção de orquídeas no orquidário na escola e plantio em árvores dentro e fora da escola, assistindo vídeos, realizando leituras e visitas técnicas-culturais. Estas atividades contribuíram para que as aulas tornassem mais dinâmicas, despertando o interesse dos alunos e da comunidade escolar a observarem os troncos das árvores com presença de orquídeas, que antes passavam despercebidas. O envolvimento da comunidade escolar foi significativo, além do grupo da terceira idade. Pode ser mensurado pela grande receptividade ao projeto e a constante cobrança da continuidade destas ações, tornando gratificantes os resultados obtidos.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Orquidário; Equilíbrio Ecológico; Qualidade de Vida; Sensibilidade Ambiental.

1 Introdução

O presente trabalho atende às diretrizes do Programa de Desenvolvimento

educacional (PDE) oferecido pela secretaria de Educação (SEED) a professores da

rede pública estadual de ensino. (PARANÁ, 2008)

1 Professora de Biologia da rede pública de educação do Estado do Paraná, em Nova Esperança-PR. 2 Professora Adjunta da Universidade Estadual do Paraná, Campus Paranavaí (Orientadora).

A vida na Terra, e de todas as sociedades humanas, depende cada vez mais

da manutenção de determinados elementos e de delicados equilíbrios da base

natural do planeta.

A ação educacional consiste do processo de construção das estruturas

vivenciais, integrando a ação do trabalho nas atividades cotidianas.

A cultura, de uma forma ampla torna-se valorizada através das vivencias

curriculares cuja finalidade está, entre outras coisas, tornar a escola um lugar onde

se possam proporcionar condições para a melhoria da vida do indivíduo, de sua

família e da comunidade, transformando a escola e a sala de aula num ambiente

educativo.

Considerando que o homem é quem destrói o equilíbrio natural, muitas

vezes por falta de informações, é necessário que seja realizado trabalhos atrativos

relacionado ao meio ambiente com o intuito de orientar a comunidade escolar,

procurando fazer com que se reflita sobre a necessidade de equilibrar o

Ecossistema para recuperar a qualidade de vida, diminuindo o stress, embelezando

e tornando nosso ambiente mais agradável.

As relações entre as sociedades humanas e a natureza têm gerado, ao

longo da história, inúmeros problemas sobressaindo-se a degradação ambiental do

planeta.

É preciso reverter o quadro crítico e para tal, é fundamental a auto reflexão e

ação individual de cada habitante. É nesse sentido que o aluno deve ser integrado

como agente que interioriza a s mudanças de atitudes em relação ao meio que está

inserido e também agente transformador e participativo, desde o seu lar, sua rua,

escola e sociedade.

A educação ambiental constitui um inovador caminho educacional como

parte da solução para problemática da degradação ambiental que preocupa e

envolve todos os setores da sociedade.

O Plano Nacional de Educação (PNE), lei n 10172/2001, reafirma em seu

artigo 28, que a educação ambiental, tratada como tema transversal, deverá ser

desenvolvido como prática integrada, o que reforça um currículo integrado.

Sendo assim os trabalhos com orquídeas podem ser utilizado como

estratégias metodológicas valiosa para educação ambiental desenvolvendo algumas

das competências e habilidades em biologia previstas nos Parâmetros Curriculares

nacionais (PCN), promovendo a participação dos educandos com vistas à mudança

de comportamento frente às questões ambientais incluindo várias atividades com o

engajamento de toda a comunidade escolar e segmentos sociais.

Este projeto surgiu a partir do princípio que os alunos se interessam mais

por atividades extraclasses: trabalho de campo, visitas, experiências, visando

mobilizar o aluno para questões ecológicas e de preservação do ambiente.

Acreditamos que o trabalho com orquídeas, possibilita uma reflexão sobre as

relações harmônicas ou não entre os seres humanos que refletem nas questões

ambientais.

O objetivo deste trabalho foi desenvolver atividades diferenciadas através do

cultivo de orquídeas e desta forma propiciar uma reflexão sobre o respeito e a

preservação do meio ambiente.

1.1 Orquídeas

Não se sabe ao certo quando as orquídeas passaram a ser cultivadas pelo

homem e nem se este cultivo foi motivado por razões estéticas ou medicinais. Na

história dos antigos povos das Américas, também são feitas referências as

orquídeas. Antigas inscrições astecas falam de como a fava da Vanilla era usada

pelos seus ancestrais para perfumar a bebida feita a partir do cacau. Hoje a Vanilla é

usada como aromatizante em todo o mundo, conhecido como baunilha. (RAPOSO,

1992)

A família Orchidaceae é a mais numerosa do reino vegetal, presente em

todas as partes do globo, exceto no pólo sul. O Brasil é um dos países mais rico em

orquídeas, comparável somente à Colômbia e ao Equador. Estudos recentes

registram cerca de duas mil e trezentas espécies para o território brasileiro. Elas

vivem nos mais diversos ambientes, desde regiões frias a quentes; de secas a muito

úmidas; de elevadas até baixas altitudes. Existem em maior número de espécies nas

regiões tropicais e subtropicais, em altitudes não superiores a 2 mil metros.

Muitas orquídeas, segundo Raposo (1992), principalmente as que vivem nas

regiões frias ou temperadas, crescem no solo, sendo chamadas de terrestres. Já

nas zonas tropicais e subtropicais, a predominância das espécies ocorre nas

florestas, onde a umidade atmosférica é muito alta, com dias relativamente quentes

e noites mais frescas. Na sua maioria, vivem sobre as árvores e são denominadas

de epífitas.

Conhecer as funções biológicas de uma orquídea ajuda a compreender a

melhor forma de cultivo.

1.2 Meio ambiente e educação ambiental

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente celebrada em

Estocolmo, em 1972, definiu-se o meio ambiente da seguinte forma: “O meio

ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais

capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os

seres vivos e as atividades humanas”.

Segundo o art. 225 da Constituição Federal “Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à

qualidade de vida impondo-se ao Poder público e à coletividade o dever de defendê-

lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações”.

A sociedade como um todo é responsável pela preservação do meio

ambiente, então, é preciso agir da melhor maneira possível para não modificá-lo de

forma negativa, pois isso terá consequências para a qualidade de vida da atual e

das futuras gerações, entendendo que:

“O meio ambiente concebido, inicialmente, como as condições físicas e químicas, juntamente com os ecossistemas do mundo natural, e que constitui o habitat do homem, também é, por outro lado uma realidade com dimensão do tempo e espaço. Essa realidade pode ser tanto histórica (do ponto de vista do processo de transformação dos aspectos estruturais e naturais desse meio pelo próprio homem, por causa de suas atividades) como social (na medida em que o homem vive e se organiza em sociedade produzindo bens e serviços destinados a atender “as necessidades e sobrevivência de sua espécie”. (EMÍDIO, 2006, p.127)

O espaço ocupado pelo homem está a todo o momento sofrendo

modificações relacionadas ou impostas pelo próprio homem, que podem ser

danosas ao meio quando não administradas corretamente. Contudo, Vygotsky,

(2007), afirma devemos nos deixar dominar pelo entusiasmo em face de nossas

vitórias sobre a natureza. Após cada uma dessas vitórias a natureza adota sua

vingança. É verdade que as primeiras consequências dessas vitórias são previstas

por nós, mas em segundo e terceiro lugar aparecem consequências muito diversas,

totalmente imprevistas e que, com frequência, anulam as primeiras.

Diariamente, encontramos notícias que indicam como o Planeta está

ameaçado pelo egoísmo, pela ganância de alguns e pela desinformação de muitos,

que ainda acreditam que desenvolvimento é sinônimo de uso predatório da

natureza. No entanto, é possível buscar a prosperidade de forma mais equilibrada,

sem recorrer à prática que podem trazer lucros e progressos em curto prazo, mas

certamente comprometerão a continuidade da vida em nosso planeta.

Aos poucos, o progresso científico e tecnológico tem mostrado ao homem

que seu modo de agir está provocando alterações no planeta e ameaçando a própria

vida. Muitas pessoas já tomaram consciência da necessidade de buscar o

desenvolvimento sem contribuir para a degradação do meio ambiente.

Segundo Branco (1997) O grande problema da civilização moderna,

industrial e tecnológica é talvez o de ela não ter percebido que ainda depende da

natureza, ao menos em termos globais. Que sua liberação ainda não é total e que

provavelmente, nunca será; que não é possível produzir artificialmente todo o

oxigênio necessário à manutenção da composição atual da atmosfera, nem toda a

matéria orgânica necessária ao seu próprio consumo; que não é possível manter,

sem a participação da massa vegetal constituída pelas florestas, savanas e outros

sistemas, os ciclos naturais da água de modo a garantir a estabilidade do clima, a

constância e a distribuição normal das chuvas e a amenidade da temperatura.

Portanto, é nesta construção dos processos do desenvolvimento humano,

responsável pelas estruturas das políticas de conhecimento, pela mudança de

mentalidades, bem como pela formação de novas identidades sociais, que a

Educação Ambiental parece surgir, como mediadora à problemática socioambiental

e caracterizada como um fenômeno social complexo.

Por sua vez, o processo formativo da educação ambiental, comportando

uma historicidade, também é formado e reformado dentro de um processo histórico

de diálogos e disputas diante da manifestação da humanidade e, por consequência,

de produção de pensamentos significativos sobre a relação da sociedade e da

natureza.

A relação do ser humano com o ambiente sempre teve sua essência na

transformação da natureza mediante à dominação. Entretanto, como se pode

constatar, esse domínio do ambiente, hoje não tem mais sentido. O ser humano não

está mais no centro do Universo, mas sim na periferia e, para tanto, é preciso

desvencilhar desse modo de pensar e de agir, próprio de uma educação tradicional,

na busca de uma alternativa pautada num processo reflexivo e critico, com caráter

político. (MORALES, 2004)

Assim cabe reconhecer que foi diante do repensar a relação sociedade e

natureza, e da necessidade de intervenção política e cultural, que as primeiras

iniciativas de educação ambiental se desencadearam, como componente educativo

essencial na tentativa de deflagrar ação consciente, crítica e transformadora das

posturas em relação ao modo de conhecer o ambiente, o mundo e seus

semelhantes, assinalando possível articulação entre as ciências naturais e as

ciências humanas e sociais.

Perante essa articulação, Grün (1996) afirma que é necessário adicionar o

predicado ambiental à educação. A educação ambiental surge hoje como uma

necessidade quase inquestionável pelo simples fato de que não existe ambiente na

educação moderna. Tudo se passa como se fossemos educados e educássemos

fora do ambiente.

Nesses debates dos movimentos ambientalistas que surge a educação

ambiental, no intuito de (re) discutir a relação natureza e sociedade prevalecida na

sociedade contemporânea e as implicações dessas concepções com aquilo que se

interpreta e se entende por educação ambiental, na busca de um novo saber

ambiental.

Diante dessas manifestações, destaca-se o movimento ambientalista, que

representa “todas as formas de comportamento coletivo que, tanto em seus

discursos como em sua prática visam corrigir formas destrutivas do relacionamento

entre o homem e o ambiente natural” (CASTELLS, 1999, p.143). Esse movimento foi

marcado pela exigência de mudanças e das condições sociais, humanas, ambientais

e éticas, embasadas na crítica ao próprio modo de vida das sociedades industriais

modernas.

Segundo Carson (1962), a perda da qualidade de vida é consequência do

uso indiscriminado e excessivo dos produtos químicos e seus efeitos dessa

utilização sobre os recursos ambientais. Identifica situações alarmantes frente à

relação antropocêntrica entre ser humano e natureza, como esta que:

A rapidez da mudança e a velocidade em que novas situações se criam acompanham o ritmo impetuoso e insensato do Homem, ao invés de acompanhar o passo deliberado da Natureza. A radiação, agora, não é apenas a radiação, de plano secundário, das rochas; nem é mais o bombardeio dos raios cósmicos, e menos ainda os raios ultravioletas do Sol, que já existiam antes que houvesse qualquer forma de vida sobre a Terra. A radiação, agora, é criação não-natural dos malfazeres do Homem às quais a vida é solicitada a efetuar os seus ajustamentos, já não são mais meramente o cálcio, o silício e o cobre, justamente com todo o resto dos minerais lavados pelas chuvas, e por elas levados para longe das rochas, a caminho dos rios e dos mares; tais substâncias são as criações sintéticas do espírito inventivo do Homem; são substâncias compostas nos laboratórios, e que não tem as contrapartes na Natureza. (...) Entre tais substâncias, figuram muitas que são utilizadas na guerra do Homem contra a Natureza. (CARSON, 1962, p.16-17)

Motivados por Carson, os movimentos ambientalistas mundiais cresceram,

alimentados pela crescente e notória queda de qualidade ambiental produzida pela

ganância dos lucros a qualquer custo, através da exploração predatória dos recursos

naturais.

Em Estocolmo 1972 foi ressaltada a importância de se trabalhar a conexão

entre ambiente e educação, bem como a responsabilidade do ser humano em

relação ao ambiente, solicitando a responsabilidade coletiva e individual. Como

resultado do evento, retomou-se a necessidade de nova ética ambiental. E, também

foi tratada a educação interdisciplinar, na perspectiva de que a educação ambiental

deveria contribuir na formação de um cidadão consciente do ambiente total. Perante

essa perspectiva, a necessidade de criar um amplo programa de educação ambiental

com enfoque interdisciplinar e com caráter escolar e extra-escolar, que envolva todos

os níveis de ensino e se dirija ao público em geral, ao jovem e ao adulto

indistintamente, com vistas a ensinar-lhes as medidas simples que, dentro de suas

possibilidades, podem tomar para ordenar e controlar seu meio, como descreve a

Recomendação 96, citado por Minini-Medina (2001, p. 28).

O Rio de Janeiro, em 1992 sediou a Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento e Meio Ambiente, sendo esta de fundamental importância para a

educação ambiental brasileira, pois legou documentos importantes para a área,

entre os quais, a Agenda 21 que focaliza a educação ambiental no Tratado de

Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e

a Carta da Terra que serve de referência valorativa para a maioria dos educadores

ambientais.

Em 1996, é sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que

evidencia a dimensão ambiental na educação escolar, na amplitude dos processos

formativos do cidadão e na introdução de novos temas, considerando as inter-

relações decorrentes dos processos sociais, culturais e ambientais como enunciados

em alguns dos seus artigos.

Em função da LDB, são aprovados em 1997, os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNS) pelo MEC, que definem temas transversais, como saúde, ética,

orientação sexual, pluralidade cultural e meio ambiente, a serem inseridos em todas

as áreas de conhecimento no ensino fundamental. A interdisciplinaridade questiona

os conhecimentos fragmentados, e a transversalidade está relacionada a uma

prática educativa que relaciona o aprender sobre a realidade.

O Plano Nacional de Educação (PNE), lei nº 10172/2001, reafirma em seu

artigo 28, que a educação ambiental, tratada como tema transversal, deverá ser

desenvolvida como prática integrada, o que reforça um currículo integrado.

Conforme Leff (2002), com a expansão da educação ambiental no cenário

mundial e nacional, observa-se um avançar na discussão de uma educação

ambiental como prática educativa socioambiental crítica, que seja de aprender a

complexidade ambiental, “reconhecendo que o ato de perceber o mundo parte de o

próprio ser de cada sujeito, reconhece o conhecimento e contempla o mundo como

potência e possibilidade e entende a realidade como construção social.

Assim, destacamos que a educação ambiental diante de sua própria

trajetória, delimitou caminhos aproximando a teoria e a prática, através de uma

metodologia, buscando por meio da interdisciplinaridade e complexidade contribuir

para a formação de sujeitos políticos, capazes de agir criticamente na sociedade e

consequentemente com o meio ambiente.

Atualmente o objetivo central da educação Ambiental é a promoção do

desenvolvimento sustentável, denominada de Sociedades Sustentáveis, porque de

nada adianta termos desenvolvimento econômico, sem termos desenvolvimento

social. Também de nada adianta termos os dois, sem que tenhamos um ambiente

saudável, ecologicamente equilibrado. O desenvolvimento sustentável é um modelo

de desenvolvimento que permita à sociedade e a distribuição dos seus benefícios

econômicos e sociais, enquanto se assegura a qualidade ambiental para as

gerações presentes e futuras. Como já dissemos anteriormente, é o

desenvolvimento sustentável que prevê sociedades sustentáveis. (MOREIRA;

SENE, 2007)

Podemos representar o desenvolvimento sustentável assim:

D. S. = Desenvolvimento Sustentável que busca compatibilizar as necessidades das atividades econômicas e sociais com as necessidades de preservação ambiental.

Para que isto ocorra, a Educação Ambiental deve fugir do estagio de

contemplação para assumir uma postura de tomada de decisões, fazer acontecer.

Devemos traçar a ação baseada na identificação de problemas ambientais

concretos da nossa comunidade, quer seja iniciado pela sala de aula, pátio, prédio,

escolar, circunvizinhança, comunidade. Precisamos sair da posição sentantes para

pensantes. Precisamos ser atuantes. (DIAS, 1994, p.124)

Toda mudança deve ser planejada para que ocorra da forma mais positiva

possível. Esse planejamento é a base da Agenda 21, que é uma lista de

compromissos que nós seres humanos, individualmente ou por meio de nossas

comunidade, organização, empresas e governos deveríamos assumir parra mudar

nossa vida e as condições em que se encontra o planeta.

Sociedades sustentáveis não é uma utopia. São viáveis, desde que haja

interesse e vontade política em concretizá-la. O desenvolvimento da consciência de

que todos os seres humanos têm os mesmos direitos é o ponto de partida desse

desenvolvimento. Em outras palavras: se quisermos melhorar o mundo, precisamos

primeiro melhorar a nós mesmos. (BORN; BORN; HORN, 2006)

Desenvolvimento Social

Desenvolvimento Econômico

Preservação Ambiental

D.S.

2 Desenvolvimento

Este trabalho foi realizado com alunos do 2º ano do Ensino Médio do

Colégio Estadual São Vicente de Paula em Nova Esperança - PR.

Os encontros foram estruturados através de quatro atividades fundamentais,

e vários encontros conforme a necessidade de cultivo e plantio de orquídeas.

O desenvolver das atividades propostas no material didático, coincidiu com a

florada das orquídeas a qual ocorreu no início da execução do projeto.

A primeira atividade desenvolvida com os alunos foi visitar o orquidário da

escola. Neste orquidário foram desenvolvidas as mudas das orquídeas. Nesta

oportunidade receberam todas as instruções para o preparo, plantio e cultivo das

orquídeas, em particular a espécie Dendrobium nobilis, utilizada neste trabalho. O

professor PDE demonstrou as técnicas para fazer uma muda e posteriormente os

alunos iniciaram a produção das mesmas. Esta atividade ocorreu em setembro,

período do florescimento da D. nobilis. Desta forma, os alunos puderam observar a

morfologia completa de uma orquídea presente tanto no orquidário quanto nos

troncos das árvores que estão localizadas no interior da escola. Após a observação,

os alunos registraram na forma de desenhos e posteriormente descreveram seus

órgãos com as respectivas funções.

O processo de preparação, cultivo e espera da florada de orquídeas permitiu

que os educandos percebessem o quanto é longo o percurso de reequilíbrio do meio

ambiente.

Em outro momento foi estudada a morfologia floral na sala de aula. As flores

foram coletadas e doadas por senhoras colaboradoras e também retiradas pelo

professor de locais onde ocorreu em maior concentração. A coleta destas flores não

foi realizada pelos alunos para não despertar o interesse em coletá-las, e sim só

aprecia-las preservando-as em seu habitat. Os alunos desenharam as flores e

posteriormente estas flores foram colocadas no meio de uma lista telefônica para

desidratá-la. Passado alguns dias, as flores já desidratadas foram coladas ao lado

do desenho.

Cada aluno ganhou uma muda e um vaso e seguindo todas as técnicas,

realizou o plantio, identificou a orquídea, seguindo as regras da nomenclatura

científica e posteriormente pode acompanhar o desenvolvimento até observar a

primeira florada. Foram realizadas a coleta dos pseudobulbos, colocando-os na

areia lavada no próprio orquidário as quais foram molhadas por eles, quando

podiam, também fora da aula executavam este trabalho. O excesso dos

pseudobulbos foi transferido ao viveiro municipal para maiores cuidados durante o

ano, até total enraizamento para serem transplantadas nas árvores desejadas.

As mudas enraizadas foram colocadas em pedaços de madeiras que serviu

de suporte para serem colocadas diretamente nas árvores.

O interesse e a participação dos alunos foram contagiante. Houve interação

entre os alunos, desde o transporte das mudas do orquidário através de cestos, a

escada, o barbante, o revezamento do trabalho, e os cuidados necessários para

subir na escada, momentos divertidos de descontração.

Primeiramente as mudas das orquídeas foram colocadas nos troncos das

árvores no pátio da escola, depois nas árvores das ruas ao redor da escola.

Os avanços obtidos foram muitos, porém o mais importante foi o interesse

da comunidade escolar em participar do projeto, observando junto com os alunos, as

orquídeas já existentes em algumas árvores no pátio da escola, que tempos atrás,

passava despercebido (relato feito por eles em admirar agora a beleza das flores).

Grupo da terceira idade sensibilizados com o projeto doou mudas para a escola para

que os alunos pudessem reproduzir.

O trabalho com orquídeas é um processo dinâmico, pois muitas mudas

utilizadas já estavam no orquidário presente na escola. Estas mudas foram obtidas

por turmas de anos anteriores. Entretanto, estas mudas preparadas por eles neste

projeto serão utilizadas em outro momento pelos seus colegas, sendo assim, o

trabalho nunca para de acontecer.

Paralelamente a este trabalho com orquídea, utilizada como estratégia de

sensibilização sobre a questão ambiental, foi realizada uma visita técnica ao Museu

Dinâmico Interdisciplinar (MUDI) da UEM favorecendo a aquisição de

conhecimentos, valores, comportamentos e habilidades, a partir da orientação das

diversas disciplinas e experiências educativas.

Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer técnicas de plantio e

cultivo de orquídeas in vitro, no orquidário do MUDI, o que veio contribuir para o

desenvolvimento deste projeto. Esta visita foi de grande importância, pois tiveram

acesso a vários conhecimentos, uma vez que muitos alunos nunca tiveram

oportunidade de sair da cidade para este fim.

Outra visita foi realizada no Sitio Ecológico Água Cristalina. Neste sítio o

proprietário mostrou a propriedade e explicou como era a propriedade antes da sua

aquisição. Os alunos tiveram a oportunidade de verificar onde anteriormente

apresentava uma área degradada, um pasto abandonado, com apenas uma árvore,

a guajuvira, rio sem mata ciliar.

O proprietário faz a recuperação da mata ciliar, plantio de árvores frutíferas

e realiza a compostagem no local. Ao longo da caminhada, foram identificadas

algumas árvores e discutidas suas respectivas funções. Seguindo a mata ciliar, até

chegar numa mina totalmente preservada foi explicada a importância da vegetação

local, ou seja, as espécies nativas que brotaram naturalmente naquela área

compondo a mata ciliar.

Os alunos puderam observar na prática o valor de uma nascente bem

conservada. No local, o proprietário do sítio explicou o porque plantar, citando como

exemplo uma sibipiruna que sozinha transpira no verão cerca de 400 litros de água e

nutrientes por dia e transporta esta mistura mineral pela árvore inteira até cada uma

das folhas. Depois de converter tudo em uns 8 quilos de carboidratos e fabricar

quase 2 metros cúbicos de oxigênio. Isto equivale ao efeito refrescante

proporcionado por 4 aparelhos de ar condicionado, funcionando o tempo inteiro, 24

horas por dia. Como se não bastasse, uma árvore ainda proporciona sombra, abrigo

e alimentos para pássaros e pequenos animais, pode dar ainda privacidade à

propriedade, reduzindo o barulho e a poeira.

Durante a visita ao sítio, os alunos puderam perceber as relações entre os

seres vivos entre si e com o meio ambiente, e também reconhecer o ser humano

como agente e paciente de transformações intencionais por ele produzidas no seu

ambiente.

Com todo este desenvolvimento prático, os alunos puderam vivenciar os

conteúdos de uma maneira divertida e prazerosa, perceberam que foi uma tarefa

árdua e que requer paciência e dedicação. Puderam perceber que provocar um

desequilíbrio ecológico é fácil, mas que para consertá-lo leva muitos anos e que

alguns danos podem ser irreparáveis.

Educação Ambiental pressupõe Ação, desta maneira foi necessário utilizar

todos os recursos pedagógicos disponíveis, concomitantemente foram realizadas

atividades práticas. Segundo Dias (1994) uma das falhas mais comuns em projetos

de Educação Ambiental, ocorre quando se tenta envolver pessoas em determinadas

ações e elas não participam. Isso tem ocorrido, com frequência, porque se trabalha

apenas com informação, sem incluir atividades de sensibilização. Se a pessoa não é

sensibilizada, ela não valoriza o que esta sendo degradado ou ameaçado de

degradação. Sem a valorização, não há envolvimento. O ser humano é movido por

emoções. Caso elas não sejam estimuladas, a resposta não ocorre.

3. Considerações Finais

O programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é uma política de

estado que está trazendo grandes inovações à educação pública do Estado do

Paraná contribuindo não só para elevação de nível na carreira do professor, mas

também para a capacitação continuada dos docentes e ainda aproximando a

educação básica do ensino superior.

Durante a realização deste estudo tendo como objetivo desenvolver

atividades diferenciadas com os alunos através da produção e plantio de mudas de

orquídeas em árvores, propiciando uma reflexão sobre o respeito e a preservação

do meio ambiente.

Ações como esta reconhece o ser humano como agente e paciente de

transformações intencionais por ele produzidas no seu ambiente. Os recursos

metodológicos utilizados sensibilizaram os alunos sobre a questão da preservação

ambiental bem como a beleza que as orquídeas proporcionam no ambiente e na

vida das pessoas.

O envolvimento da comunidade escolar foi significativo, podendo ser

mensurado pela grande receptividade ao projeto e a constante cobrança da

continuidade destas ações, tornando gratificantes os resultados obtidos. Espera-se

que este conhecimento seja passado para os demais estudantes e familiares, desta

forma podemos formar pessoas conscientes e atuantes na questão da preservação

ambiental.

4 Referências bibliográficas

BORN, R. H.; BORN, G. C. C. HORN, A. L. P. Agenda 21 : Nós da espaçonave Terra dependemos dessa idéia. Editora Vitae Civilis, 2006. BRANCO, S. M. Poluição : O meio ambiente em debate. 27ª ed. São Paulo: Moderna, 1997. 96 p. CARSON, R. A primavera silenciosa . São Paulo: Melhoramentos, 1962. CASTELLS, M. O Poder da Identidade . São Paulo: Paz e Terra. VII, 1999. DIAS, G. F. Educação Ambiental : princípios e práticas. São Paulo: Global, 1994. EMÍDIO, T. Meio Ambiente & Paisagem . São Paulo, Senac, 2006. GRÜN, M. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. Campinas: Papirus, 1996. LEFF, E. Epistemologia Ambiental . São Paulo: Cortez, 2002. MININI-MEDINA, N. (org.) Educação Ambiental: curso básico à distância – documentos e legislação da Educação Ambiental. Brasília: MMA, 2001. MORALES, A. G. M. Educação com afeto: uma proposta ambiental. Revista Corporal. Curitiba: v.4, p.56 - 60, 2004. MOREIRA, J.C. SENE, E. Geografia - Ensino Médio. Volume único. São Paulo: Scipione, 2007. PARANÁ/SEED. Diretrizes Curriculares para a Educação Básica : Biologia. Curitiba, SEED, 2008. RAPOSO, J. G. A etimologia a serviço dos orquidófilos . São Paulo, v.1, ed. Ave-Maria, 1992. VYGOTSKY, Lev S. (2007). A Transformação Socialista do Homem. URSS: Varnitso, 1930. Tradução Marxists Internet Archive, english version, Nilson Dória, julho 2004. Disponível em: <http//:www.marxistts.org/>. Acesso em: fev. 2011.