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201 Argumentum, Vitória (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014. Política pública, juventude e sustentabilidade Public Policy, Youth and Sustainability Cristiane Bonfim FERNANDEZ 1 Débora Cristina Bandeira RODRIGUES 2 Maísa Bruna de Almeida NUNES 3 Maria Alcione Pereira TELES 4 Resumo: A questão ambiental e a discussão em torno da sustentabilidade têm ocupado espaço importante na agenda dos meios de comunicação, da sociedade civil e do governo, o que requer de diferentes estudiosos uma análise. Nesse sentido, este artigo desenvolve uma reflexão sobre a relação entre juventude, política pública para jovens e sustentabilidade. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que recorreu à literatura sobre o tema, principalmente, a Política Nacional da Juventude. Este estudo revelou os avanços das políticas pú- blicas de juventude, particularmente, a criação de Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) e da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA) Constatou-se, ainda, que a discussão da sus- tentabilidade está presente, principalmente, quando aponta o eixo qualidade de vida na Política de Juventu- de e há uma orientação visando à preservação do meio ambiente para as gerações futuras. Palavras-chave: Política Pública, Juventude, Sustentabilidade. Abstract: Environmental issues and the discussion around sustainability have occupied important place on the agenda of the media, civil society and government, which requires an analysis of different scholars. Thus, this paper develops a reflection on the relationship between youth, public policy for young and sus- tainability. This is a literature search that turned to literature on the subject, especially the National Youth Policy. This study revealed the progress of youth policies, particularly the creation of young people's Envi- ronment (CJs) and the Youth Network for the Environment and Sustainability (REJUMA) It was also the discussion of sustainability is present mainly when you point the axis quality of life in Youth Policy and there is an orientation aimed at preserving the environment for future generations. Keywords: Public Policy, Youth, Sustainability. Submetido em: 01/07/2014. Revisado em: 10/11/2014. Aceito em: 22/11/2014. 1 Assistente Social. Doutorado em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB, Brasil). Professora ad- junta da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: <[email protected]>. 2 Assistente Social. Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). Professora adjunta da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: <[email protected]>. 3 Assistente Social. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Ama- zônia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: <[email protected]>. 4 Assistente Social. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Ama- zônia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: < [email protected]>. ARTIGO

ARTIGO Política pública, juventude e sustentabilidade · ... este artigo desenvolve uma reflexão sobre a relação entre juventude, ... Isso aponta diferenças e semelhanças na

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201

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

Public Policy, Youth and Sustainability

Cristiane Bonfim FERNANDEZ1

Dbora Cristina Bandeira RODRIGUES2

Masa Bruna de Almeida NUNES3

Maria Alcione Pereira TELES4

Resumo: A questo ambiental e a discusso em torno da sustentabilidade tm ocupado espao importante

na agenda dos meios de comunicao, da sociedade civil e do governo, o que requer de diferentes estudiosos

uma anlise. Nesse sentido, este artigo desenvolve uma reflexo sobre a relao entre juventude, poltica

pblica para jovens e sustentabilidade. Trata-se de uma pesquisa bibliogrfica que recorreu literatura sobre

o tema, principalmente, a Poltica Nacional da Juventude. Este estudo revelou os avanos das polticas p-

blicas de juventude, particularmente, a criao de Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) e da Rede da

Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA) Constatou-se, ainda, que a discusso da sus-

tentabilidade est presente, principalmente, quando aponta o eixo qualidade de vida na Poltica de Juventu-

de e h uma orientao visando preservao do meio ambiente para as geraes futuras.

Palavras-chave: Poltica Pblica, Juventude, Sustentabilidade.

Abstract: Environmental issues and the discussion around sustainability have occupied important place on the agenda of the media, civil society and government, which requires an analysis of different scholars.

Thus, this paper develops a reflection on the relationship between youth, public policy for young and sus-

tainability. This is a literature search that turned to literature on the subject, especially the National Youth

Policy. This study revealed the progress of youth policies, particularly the creation of young people's Envi-

ronment (CJs) and the Youth Network for the Environment and Sustainability (REJUMA) It was also the

discussion of sustainability is present mainly when you point the axis quality of life in Youth Policy and

there is an orientation aimed at preserving the environment for future generations.

Keywords: Public Policy, Youth, Sustainability.

Submetido em: 01/07/2014. Revisado em: 10/11/2014. Aceito em: 22/11/2014.

1 Assistente Social. Doutorado em Poltica Social pela Universidade de Braslia (UnB, Brasil). Professora ad-

junta da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: . 2 Assistente Social. Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil).

Professora adjunta da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: . 3 Assistente Social. Mestranda no Programa de Ps-graduao em Servio Social e Sustentabilidade na Ama-

znia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: . 4 Assistente Social. Mestranda no Programa de Ps-graduao em Servio Social e Sustentabilidade na Ama-

znia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). E-mail: < [email protected]>.

ARTIGO

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

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Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

Introduo

questo ambiental tem ocupado

um espao importante na agenda

da sociedade em todo o mundo,

principalmente na contempora-

neidade. Do ponto de vista do

discurso, todos reconhecem a impor-

tncia de um ambiente sustentvel em

que recursos naturais no sejam utiliza-

dos indiscriminadamente, pois precisam

ser conservados; disso depende a quali-

dade de vida das pessoas e a prpria so-

brevivncia das prximas geraes. No

entanto, persiste a explorao do uso de

recursos da natureza de forma irracional

e exaustiva, sobretudo, pelas sociedades

ocidentais capitalistas. Considerando que

todos so responsveis pela conservao

do ambiente em que vivemos, algumas

questes foram levantadas. Qual a parti-

cipao dos jovens no debate socioambi-

ental? Que relao existe entre este debate

e as polticas pblicas direcionadas ju-

ventude?

partindo destas inquietaes que este

artigo desenvolve uma discusso sobre

juventude e meio ambiente no contexto

das polticas pblicas direcionadas a esse

segmento da populao. Considera-se

que os jovens so objetos de polticas p-

blicas e tambm participantes respons-

veis por uma sociedade (in)sustentvel.

Para tanto, so considerados discursos e

conceitos presentes, principalmente, na

Poltica Nacional da Juventude (PNJ), e no

Estatuto da Juventude que sinalizam a rela-

o entre debate socioambiental e polti-

cas pblicas direcionadas aos jovens. Tra-

ta-se, portanto, de uma pesquisa biblio-

grfica. Sendo assim, discutem-se concei-

tos como meio ambiente e sustentabilida-

de em sua interface com o debate sobre

juventude, na mediao de polticas e

programas voltados para os jovens. Pri-

meiramente apresentado um debate

sobre juventude na sociedade contempo-

rnea, focando as polticas e aes direci-

onadas aos jovens e, num segundo mo-

mento, contempla-se a discusso sobre

sustentabilidade e juventude, conside-

rando os documentos supracitados.

Juventude e polticas pblicas: o jeito

jovem da juventude

Ser jovem vivenciar uma fase especial

da vida, repleta de fora, vigor e sonhos.

Para alguns, quando se comea a viver,

a ter conscincia da vida, tomar decises

e assumir responsabilidades. Quando

jovem, o ser humano faz planos referen-

tes vida familiar, educao e profis-

so. Sendo assim, uma das compreenses

da condio juvenil esta, de um ciclo da

vida, em que se adentra na vida adulta,

pois no se mais criana, o prprio cor-

po sinaliza as mudanas biolgicas,

acompanhadas das sociais, psicolgicas e

culturais. A condio juvenil transitria,

h uma expectativa de emancipao que

acompanha esta fase visando superao

da dependncia dos pais ou responsveis

e autonomia da condio adulta.

A juventude vivenciada de forma hete-

rognea nas sociedades. Ou seja, os jo-

vens percorrem trajetrias diferentes e

so condicionados pela realidade em que

esto inseridos. Para alguns, a autonomia,

a emancipao da condio adulta, adi-

antada, para outros, estende-se mais o

tempo da juventude e da dependncia

A

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

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Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

dos pais ou responsveis. H jovens obri-

gados a deixar sua adolescncia e juven-

tude, ainda precocemente, devido s con-

dies de vida em que se encontra sua

famlia. Muitas vezes, necessrio contri-

buir para o sustento financeiro e familiar.

Neste caso, a classe social afeta direta-

mente a vida escolar e de trabalho do jo-

vem.

Quando falamos em juventude, no h

consenso. possvel ter compreenses

mltiplas conforme a lente utilizada pelos

atores sociais, portanto, ser jovem signifi-

ca receber todas as inflexes da socieda-

de. Noutras palavras, juventude deve ser

compreendida considerando o contexto

sociopoltico e cultural em que se inserem

os jovens. A juventude tem significados

distintos para pessoas de diferentes estra-

tos socioeconmicos, e vivida de manei-

ra heterognea, segundo contexto e cir-

cunstncias. Esse um dos embasamen-

tos para a utilizao do termo juventudes

no plural (UNESCO, 2004, p. 25).

Um dos parmetros usados para definir

juventude refere-se questo cronolgi-

ca. Logo, faz-se um contraponto com ou-

tros ciclos da vida - infncia, vida adulta,

velhice e suas respectivas faixas etrias.

Assim, firmado um marco para incio

da juventude e consequente sada da in-

fncia. Do ponto de vista demogrfico

uma pessoa jovem corresponde a certa

faixa etria que varia segundo as particu-

laridades dos contextos, mas est geral-

mente localizada entre os 15 e os 24 anos

de idade. As fronteiras no so rgidas,

em alguns casos, podem ter incio aos 10

anos de idade - o caso de reas rurais ou

de extrema pobreza, em outros, pode-se

estender at os 29 anos de idade - estratos

sociais mdios e altos urbanizados.

(UNESCO, 2004).

Juventude, segundo a Poltica Nacional

da Juventude, considerada como uma

condio social, parametrizada por uma faixa

etria, que no Brasil congrega cidados e ci-

dads com idade compreendida entre os 15 e

os 29 anos de idade. Definies como esta

so usadas para promover direitos espec-

ficos ou definir o pblico-alvo de seus

programas, considerando, sobretudo, as

expresses e as peculiaridades histricas

e culturais de cada pas. Se entendemos

que jovens so cidados, devemos consi-

der-los como sujeitos de direitos coleti-

vos, com autonomia, vivncias e identi-

dades que devem ser respeitadas e valo-

rizadas.

Alguns estudiosos trabalham os conceitos

de adolescncia e juventude juntos, con-

siderando a linha tnue que separa estes

ciclos da vida. O adolescente jovem,

ento, a adolescncia faz parte da juven-

tude, mas, o jovem no adolescente. No

Brasil, segundo o Estatuto da Criana e

do Adolescente (ECA), considera-se ado-

lescente a pessoa na faixa etria entre 12 e

18 anos de idade incompletos, a quem

no se imputa a mesma responsabilidade,

direitos e deveres de um jovem acima de

18 anos. Durante muito tempo at incio

dos anos 2000 o termo jovem estava as-

sociado criana e adolescente, no havia

especificamente, a categoria juventude.

Ao sair da adolescncia, entrava-se na

fase adulta, com todos os direitos e deve-

res inerentes a ela. Isso aponta diferenas

e semelhanas na definio de juventude.

Recentemente, em 2013, foi aprovado o

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

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Estatuto da Juventude, que considera jo-

vem a pessoa entre 15 e 29 anos de idade,

ratificando assim, a PNJ.

Se, por um lado, ser jovem est condicio-

nado a uma determinada faixa etria, por

outro, no est restrito mesma. Ser jo-

vem uma construo social que est re-

lacionada ao modo como a sociedade v o

jovem e ao modo como ele prprio se v.

uma categoria plural, como j mencio-

nado, no h consenso quando discutida,

pois h diferentes conceitos e significa-

dos. A juventude s pode ser compreen-

dida como uma construo histrica e

cultural inserida numa sociedade mais

ampla. Quando se fala no Brasil, pode-

mos destacar, sobretudo, diferenas soci-

ais e regionais que afetam diretamente a

trajetria de vida dos jovens. distinta a

vivncia e o jeito de ser do jovem, segun-

do o gnero, classe social, raa, religio,

entre outros. Numa sociedade em que

ainda h traos de dominao masculina,

ser jovem branco, homem e rico mais

vantajoso do que ser jovem negro, mulher

e pobre. No entanto, deve se considerar

tambm caractersticas comuns que os

aproximam, pois ser jovem , ao mesmo

tempo, algo singular e plural. Singular,

aquilo que a caracteriza, isto , a peculia-

ridade de ser jovem em qualquer lugar, o

que une; no plural, pois preciso apreen-

der, tambm, o que separa as diferentes

juventudes, seja negra, branca, religiosa,

militante, feminina, urbana, rural, pobre,

rica, desempregada, trabalhadora, intelec-

tual. Pode-se dizer: so todos iguais e

so todos diferentes.

Segundo Carmo (2001), definir jovem

difcil, e ao subdividir a juventude em

diversos segmentos, corre-se o risco de

cair numa pulverizao infinita de gru-

pos. Ainda assim, um risco necessrio

se quisermos compreender a complexi-

dade e particularidades da vida jovem. A

complexidade se refere s mltiplas faces

que envolvem a vida do jovem: a econ-

mica, cultural, poltica, social e tica. Os

jovens sofrem os impactos do capitalis-

mo, do processo de globalizao, da ex-

cluso social, da intensificao das desi-

gualdades sociais. A juventude marcada

pelas diferenas de classes. O jovem po-

bre, negro, morador de favela, trabalha-

dor, com baixo nvel de escolaridade tem

um status diferenciado de um jovem

branco, morador de condomnio de classe

mdia, com nvel superior, que apenas

estuda. Outro aspecto importante refere-

se cultura de consumo da sociedade

capitalista que impe valores, padres e

estilo de comportamentos massificados a

serem seguidos. Assim, muitos jovens so

impelidos a se inclurem socialmente por

meio do consumo, e quando isso no

ocorre, muitas vezes, so estigmatizados

ou discriminados.

Alm destas mltiplas faces, h outras

formas de olhar o Jovem. H certas ima-

gens associadas a ele. Muitos associam

jovens a problemas, a algum que se mete

em encrencas, inexperiente, rebelde,

sem juzo. H uma construo social ne-

gativa em torno da juventude, ou seja,

relacionada violncia, criminalidade,

desorganizao social. Nesta perspectiva,

jovens so vistos socialmente como gera-

dores de problemas. Segundo Esteves e

Abromovay (2007, p. 29), so Jovens Im-

putados de culpa. A juventude constan-

temente associada ameaa social, cri-

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

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Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

minalidade, delinquncia, como se o ser

jovem implicasse, de forma potencializa-

da e direta, no desvio e na transgresso

criminal, cujos desdobramentos seriam

capazes de colocar em risco tanto a sua

integridade fsica e moral quanto de

toda a sociedade.

Assim sendo, o modo como a sociedade e

o governo concebem o jovem, de uma

forma ou de outra, est relacionada s

respostas dadas aos inmeros problemas

vivenciados pela juventude. Portanto,

necessrio construir polticas pblicas

direcionadas juventude na contempo-

raneidade considerando seus distintos

perfis e suas peculiaridades.

Polticas Pblicas de Juventude

Polticas Pblicas de juventude esto re-

lacionadas ao prprio reconhecimento da

juventude enquanto uma categoria espe-

cifica, pois, durante muito tempo, como j

citado, juventude no Brasil esteve associ-

ada infncia. Do ponto de vista interna-

cional, segundo Leon (2009), somente en-

tre 1985 e 1995, quando a Organizao

das Naes Unidas (ONU) constatou a

condio de vida da juventude mundial,

sobretudo, dos pases da Amrica Latina,

que se encontravam em situao de vul-

nerabilidade social, que surgiram as

discusses sobre juventude, associadas s

mobilizaes de organizaes da socie-

dade civil que chamavam a ateno dos

governantes para as questes que as afe-

tavam e da necessidade de respostas dife-

renciadas.

As primeiras aes voltadas juventude

no Brasil tiveram incio nas ltimas dca-

das do sculo XX, a partir do reconheci-

mento do jovem como ator importante no

cenrio socioeconmico, poltico e cultu-

ral, digno de receber ateno do Estado e

da sociedade civil. Todavia, tais aes

foram norteadas pela viso estigmatizada

do jovem como delinquente, causador de

problemas para sociedade, que participa-

va dos movimentos de contestao e se

envolvia com situaes de violncia, por

este motivo precisava ser contido e inse-

rido na sociedade de acordo com os pa-

dres pr-estabelecidos pelos adultos

(BANGO, 2008).

Na dcada de 1990, comea a generalizar-

se um modelo de polticas juvenis, cuja

preocupao maior a incorporao dos

jovens excludos no mercado de trabalho.

Sobretudo, no final dos anos dessa dca-

da, ocorre uma preocupao mais siste-

mtica com a elaborao de algumas

aes especficas para a juventude. Como

afirma Sposito (2003):

Observa-se, nesse perodo, no plano lo-

cal e regional, o aparecimento de orga-

nismos pblicos destinados a articular

aes no mbito do poder executivo e

estabelecer parcerias com a sociedade

civil tendo em vista a implantao de

projetos ou programas, alguns financi-

ados pela esfera federal, para jovens.

Esse fato bastante recente e decorre

sobretudo de compromissos eleitorais

de partidos [...] que por meio de pres-

ses de sua militncia juvenil ou de se-

tores organizados do movimento estu-

dantil, incluram na sua plataforma po-

ltica as demandas que aspiravam pela

ao de formulaes especficas desti-

nadas aos jovens (SPOSITO, 2003, p.

68).

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

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Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

Neste sentido, a juventude passa a fazer

parte da agenda poltica do Estado. Como

afirma Bango (2008), esta presena da

questo juvenil na agenda pblica est

relacionada visibilidade que os jovens

ganharam nos processos de democratiza-

o que ocorreram na Amrica Latina no

final dos anos de 1980. No entanto, so-

mente na dcada de 1990 e nos anos 2000,

que se direcionam polticas e programas

para a juventude. Segundo Sposito e Car-

rano (2003), at o segundo mandato do

governo Fernando Henrique Cardoso

(1999-2002) no se pode falar em polticas

estratgicas orientadas para os jovens

brasileiros, e sim, em propostas realiza-

das com base na preveno, controle ou

efeito compensatrio que abrangem a

juventude, como apontado a seguir.

Quadro 1 - Programas/aes do governo federal aos jovens

Perodo Programa Pblico-Alvo Ministrio

1995-1998

FHC 1

mandato

Jogos da Juventude Jovens Esporte

Esporte Solidrio Crianas e Adolescentes Esporte

Programa Nacional de Educao na

Reforma Agrria PRONERA

Jovens e Adultos Desenvolvimento

Agrrio

Plano Nacional de Formao Profissi-

onal PLANFOR

Trabalhadores em situao de

vulnerabilidade no mercado

de trabalho

Trabalho e Emprego

MTE

Capacitao Solidria Jovens entre 16 e 21 anos Presidncia da Rep-

blica - PR

Alfabetizao Solidria Prioritariamente pessoas de

12-18 anos

Presidncia da Rep-

blica - PR

1999-2002

FHC 2

mandato

Projeto Escola Jovem Jovens e jovens adultos Educao MEC

Programa de Estudante em Convnio

de Graduao

Cidado estrangeiro entre 18-

25 anos

Educao -MEC

Olimpadas Colegiais Adolescente-jovens de 12-17

anos

Esporte e Turismo

Projeto Navegar Adolescente de 12-15 anos Esporte e Turismo

Servio Civil Voluntrio Jovens de 18 anos Justia

Programa de Reinsero do adoles-

cente em conflito com a Lei

Adolescentes em conflito com

a Lei

Justia

Promoo de Direitos de Mulheres

Jovens Vulnerveis ao abuso sexual e

explorao sexual comercial no

Brasil

Jovens brasileiras violentadas

sexualmente nos primeiros

anos de vida

Justia

Programa de sade do adolescente e

do jovem

Indivduos de 10 a 24 anos Sade

Jovem empreendedor Jovens em fase de concluso

de curso ou recm-formado

entre 18 e 29 anos

Trabalho e Emprego

Programa Brasil Jovem Jovens entre 14 e 25 anos em

condies de vulnerabilidade

social

Assistncia e Previ-

dncia Social

Agente Jovem Alfabetizados e carentes Assistncia e Previ-

dncia Social

Capacitao Jovem Jovens entre 16 e 21 anos de Assistncia e Previ-

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

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Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

dncia Social

Prmio Jovem Cientista do Futuro Alunos do ensino mdio Cincia e Tecnologia

Projeto Rede Jovem Jovens de baixa renda Cincia e Tecnologia

Brasil em Ao/Grupo Juventude Jovens entre 15 e 29 anos Planejamento, Ora-

mento e Gesto

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir de Sposito e Carrano (2003).

Segundo Sposito e Carrano (2003), as

aes direcionadas aos jovens, no segun-

do governo de FHC, representaram uma

exploso da temtica juventude e adoles-

cncia. No entanto, no constituram uma

totalidade orgnica em relao focaliza-

o no segmento jovem, apresentavam

um quadro de fragmentao setorial e

pouca consistncia conceitual. Era ainda

inexistente uma coordenao do governo

federal com capacidade de concentrar e

publicar informaes sobre polticas de

juventude.

No governo Lula, ocorre a institucionali-

dade das polticas pblicas de juventude

por meio da criao da Secretaria Nacio-

nal da Juventude (SNJ) em 2005, que se

torna responsvel por desenhar, executar,

coordenar e avaliar as polticas pblicas

para os jovens. Na leitura de Furiati

(2010):

Com a criao da Secretaria Nacional

da Juventude (SNJ) e do Conselho Na-

cional da Juventude em 2005, o governo

Lula toma para si o papel de agente

central na Poltica da Juventude, dei-

xando de atuar como legitimador de

acordos em Rede Poltica. [...] O Estado

passou, portanto, a coordenar as polti-

cas de juventude, produzir discursos e

conhecimento, bem como assumiu a

identidade Sujeito de Direito para a ju-

ventude brasileira, alinhando a ao do

executivo (SNJ e Conjuve) com o traba-

lho que j vinha se realizando no Legis-

lativo em prol da aprovao da PEC da

Juventude (FURIATI, 2010, p. 200).

Confirma-se, assim, a primazia que o go-

verno Lula deu juventude, modificando

o olhar sobre a mesma, principalmente,

por meio de polticas e programas volta-

dos para este segmento. Neste sentido,

apontamos algumas aes desenvolvidas

a partir dos governo Lula e Dilma que

apontam a prioridade, o espao e con-

quistas da juventude no incio do sculo

XXI.

Quadro 2 - Marcos histricos de polticas de juventude: no governo Lula e Dilma (2003 2013)

ANO MARCOS HISTRICOS

2003

Criao da Comisso Especial de Polticas Pblicas de Juventude na Cmara Federal

Projeto Juventude

Conferncia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente

Encontro da Juventude pelo Meio Ambiente

Criao dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente CJs

Rede da Juventude pelo Meio Ambiente REJUMA

2004

Publicao do Mapa da Violncia IV: os Jovens do Brasil e do Relatrio do Desenvol-

vimento Juvenil 2003

Criao das Comisses de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-vidas)

GT Interministerial da Juventude

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

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Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

2005

Poltica Nacional da Juventude

Secretaria Nacional da Juventude SNJ

Conselho Nacional da Juventude Conjuve

Programa Nacional de Incluso de Jovens Projovem

Relatrio de Pesquisa Perfis dos Conselhos Jovens de Meio Ambiente

2007 Lanamento do Projovem Integrado

Programa Juventude e Meio Ambiente

2008 1 Conferncia Nacional de Juventude

1 Pacto pela Juventude

2010 Aprovao da Emenda Constitucional 65- PEC da Juventude

2 Pacto pela Juventude

2011 Aprovao do Estatuto da Juventude pela Cmara Federal

2 Conferncia Nacional da Juventude

2012 Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Juventude e Meio Ambiente

2013 Sancionado o Estatuto da Juventude Lei 12852/2013

Fonte: Elaborao das Autoras (2013).

Constata-se partir do governo Lula, uma

nova tica do Estado em relao juven-

tude. Um dos avanos que merece desta-

que a criao do Conselho Nacional da

Juventude, cuja composio assegura a

participao da sociedade civil e do go-

verno na formulao de polticas pbli-

cas. Busca-se, ento, garantir uma poltica

de juventude orientada por um modelo

democrtico e participativo que considera

os jovens como sujeitos de direitos, tam-

bm responsveis no processo de mudan-

as sociais, vivenciados no Brasil, princi-

palmente a partir da Constituio de

1988. Alm disso, quando se discute ju-

ventude, dialoga-se com outros minist-

rios na tentativa de articular polticas pa-

ra os jovens. Neste cenrio de participa-

o, ressalta-se o jovem discutindo no s

o eixo da juventude especificamente, mas

tambm possvel perceber sua insero

numa ao poltica mais ampla, na qual

se destacam as questes concernentes

rea ambiental, que sero abordados a

seguir.

Juventude, meio ambiente e

sustentabilidade

Considerando a sociedade em que vive-

mos, importante destacar que os deba-

tes em torno das questes ambientais se

intensificam a partir da identificao da

crise ambiental global, particularmente

com o aumento da degradao ambiental,

assumindo certa visibilidade com cresci-

mento econmico e tecnolgico vivencia-

do no ps-guerra e se estendendo at o

incio do sculo XXI. Isso est associado

ao modelo de desenvolvimento capitalis-

ta vigente que promove fortes impactos

sobre os recursos naturais existentes.

Com isso, muitas conferncias, pesquisas

e discusses vm sendo desenvolvidas

sobre a necessidade de se estabelecer no-

va forma de (re)pensar a relao homem /

natureza/ sociedade, bem como as aes

de proteo da natureza, pensando de

maneira concomitante o desenvolvimento

econmico e social (GODARD, 1997).

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

209

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

Neste processo, considera-se, de forma

efetiva, a participao do conjunto da so-

ciedade. Com base neste entendimento,

foram realizados fruns internacionais a

fim de abordar de forma especfica a refe-

rida temtica, que se constituram marcos

histricos e terico-prticos neste debate,

conforme apontados a seguir.

Quadro 3 - Marcos histricos no debate sobre sustentabilidade

EVENTO ANO DISCUSSO

Clube de Roma

1972 Conhecido mundialmente como Os limites do cres-

cimento, este relatrio abordou os problemas liga-

dos ao crescimento econmico e populacional, ten-

do como referncia meio ambiente e a sustentabili-

dade do planeta

Conferncia das Naes Unidas

sobre o Meio Ambiente (Estocol-

mo)

1972 Aumento da degradao ambiental, que resultou

no entendimento de que se tratava de uma proble-

mtica tanto local quanto global.

Unio Internacional para a Conser-

vao da Natureza e dos Recursos

Naturais (UICN)

1980

Rompe com ponto de vista limitado de proteo a

natureza, avanando para o reconhecimento das

aspiraes das populaes quanto ao desenvolvi-

mento econmico.

Assembleia Geral das Naes Uni-

das

1983 Criada a Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente

e o Desenvolvimento que resultou em 1987 Relat-

rio de Brundtland.

Conferncia das Naes Unidas

sobre o Meio Ambiente (Rio de

Janeiro)

1992 Estabilizao das concentraes atmosfricas de gs

com efeito estufa; marco histrico nas discusses

ambientais no sculo XX .

Protocolo de Quioto 1997

Intensas preocupaes sobre o combate ao aqueci-

mento global e agravamento dos impactos ambien-

tais no globo terrestre.

Rio+10 Conferncia das Naes

Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

2002 Avaliao quanto efetivao de decises tomadas

pelos governos na rea ambiental, 10 anos aps a

Eco-92.

Rio+20 Conferncia das Naes

Unidas sobre Desenvolvimento

Sustentvel

2012 O futuro que queremos. Afirmao e preocupao

entre os pases sobre necessidade de elaborao e

construo de prticas para um desenvolvimento

sustentvel.

Fonte: Elaborao das autoras com base em Godard (1997) e Bellen (2006).

A realizao destes eventos e aes

contribuiu de forma significativa para o

reconhecimento e visibilidade do

agravamento da problemtica ambiental,

em nvel mundial; ao mesmo tempo,

suscitou questes que merecem destaque,

como o Protocolo de Quioto. Este proces-

so implicou a elaborao de respostas e

aes concretas por parte dos

governantes e da sociedade civil

organizada, de modo geral, para reduo

do impacto ambiental vivenciado neste

incio do sculo XXI.

Em meio a esta discusso, possvel

afirmar que os jovens, gradativamente,

tm-se inserido no cenrio poltico e soci-

al brasileiro, de forma qualitativa, discu-

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

210

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

tindo e contribuindo significativamente

em diversas temticas, inclusive na ques-

to ambiental. Como exemplo, temos a

Conferncia Nacional Infanto-Juvenil do

Meio Ambiente de 2003 que se configu-

rou como importante espao de partici-

pao e articulao da juventude na dis-

cusso e viabilizao de aes concernen-

tes s questes ambientais.

Outro ponto importante que merece des-

taque neste debate se refere ao incentivo

do Governo Federal para efetiva partici-

pao dos jovens na discusso e elabora-

o de solues para as problemticas

ambientais, haja vista a abertura de espa-

os polticos e criao de programas e

projetos que estabelecem uma interface

entre juventude e meio ambiente. Portan-

to, o jovem pode e deve participar da de-

fesa do direito ao meio ambiente, garan-

tido pela Constituio Federal de 1988,

artigo 225: quando afirma que Todos

tm direito ao meio ambiente ecologica-

mente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial sadia qualidade de

vida, impondo-se ao poder pblico da

coletividade o dever de defend-lo e pre-

serv-lo para as presentes e futuras gera-

es.

Entre as iniciativas prticas do envolvimen-

to da juventude com a temtica meio ambi-

ente, podemos destacar a experincia da

Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e

Sustentabilidade (REJUMA), uma rede de

jovens ligados a questes socioambientais.

A REJUMA, formada em setembro de 2003,

surgiu a partir das discusses realizadas na I

Conferncia Nacional Infanto-Juvenil de

Meio Ambiente. Envolve cerca de 700 jovens

e est presente em todos os estados brasilei-

ros, buscando propor, fomentar e acompa-

nhar as polticas pblicas relacionadas s

questes de juventude e de meio ambiente, a

exemplo da Agenda 21, dos Coletivos de

Jovens de Meio Ambiente, das Comisses de

Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas

Escolas (COM-VIDAs) e das Conferncias

de Meio Ambiente nas suas verses Infanto-

Juvenil e Adultos (CONSELHO NACIO-

NAL DE JUVENTUDE, 2005; 2006).

Esta rede constitui-se um importante espao

de discusso, mobilizao e articulao das

juventudes em nvel local, regional, nacional

e at planetrio, visando fortalecer as aes

locais de grupos de juventudes atravs da

troca permanente de informaes, experin-

cias e execuo de projetos a favor da trans-

formao da sociedade. Utiliza-se de estra-

tgias presenciais, ao buscar fortalecer o tra-

balho de base, mas tambm atua a distncia,

a partir de veculos de informao, como o

site da REJUMA que busca difundir concei-

tos e aes, e, desta forma, configura-se,

tambm, como ferramenta para a autogesto

da rede, por meio de uma estrutura descen-

tralizada.

Outro dilogo importante que articula ju-

ventude, meio ambiente e polticas pblicas

encontra-se no Programa Juventude e Meio

Ambiente formulado em 2007 para atuar di-

retamente com os Coletivos Jovens de Meio

Ambiente e seus integrantes - jovens com

idade entre 15 e 29 anos - que participam ou

no de organizaes e movimentos de ju-

ventude ou meio ambiente (BRASIL, 2007).

Este programa busca ampliar e fortalecer

as articulaes entre os Coletivos Jovens e

a REJUMA, com instncias e espaos de

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

211

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

formulao e induo de polticas pbli-

cas na rea de juventude e de educao

ambiental, tais como Conselho Nacional

de Juventude (CONJUVE), Conselhos

Estaduais e Municipais de Juventude,

Conselhos Estaduais e Municipais de

Meio Ambiente, Comisses Estaduais

Interinstitucionais de Educao Ambien-

tal (CIEAs), dentre outros. Um dos seus

objetivos Contribuir para fortalecer

pessoas, organizaes e movimentos de

juventude do pas com foco na educao

ambiental e juventude, com especial atu-

ao junto aos Coletivos Jovens. Portan-

to, h um reconhecimento da importncia

da juventude neste processo de defesa

referente s questes ambientais. Uma

das formas desta articulao se d por

meio dos Coletivos Jovens de Meio Am-

biente que podem ser vistos noutro obje-

tivo que consiste em Contribuir para o

fortalecimento e expanso dos Coletivos

Jovens de Meio Ambiente nos Estados e

da Rede da Juventude pelo Meio Ambi-

ente e Sustentabilidade (BRASIL, 2007).

Neste sentido, os objetivos propostos no

referido programa coadunam se com as

discusses desenvolvidas, em nvel inter-

nacional, quanto necessidade de aes

que contribuam para construo de um

novo tipo de relao homem-natureza-

sociedade. No entanto, quanto ao meio

ambiente, necessrio considerar a com-

plexidade da temtica e a diversidade de

concepes. Desse modo, compartilha-

mos do pensamento de Reigota (1997)

que define meio ambiente como:

[...] o lugar determinado ou percebido

onde os elementos naturais e sociais es-

to em relaes dinmicas e em intera-

o. Essas relaes implicam processos

de criao cultural e tecnolgica e pro-

cessos histricos e sociais de transfor-

mao do meio natural e construdo

(REIGOTA, 1997, p. 14).

Esta compreenso nos remete ideia de

que meio ambiente no se limita ao as-

pecto fsico/natural, embora, muitas ve-

zes, seja usado como sinnimo de flora e

fauna. Ao contrrio, construdo a partir

do estabelecimento das relaes dos ho-

mens entre si e em determinada socieda-

de, com a natureza, tendo como refern-

cia as relaes culturais estabelecidas.

Mais recentemente, na Assembleia Geral

das Naes Unidas (1983), outro conceito

concernente s questes ambientais ga-

nha destaque e passa a ser discutido o de

Desenvolvimento Sustentvel. Naquele

momento, foi criada a Comisso Mundial

sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

cujo resultado foi a publicao do Rela-

trio de Brundtland em 1987.

No referido relatrio, o conceito de De-

senvolvimento Sustentvel entendido

como [...] aquele que atende as necessi-

dades do presente sem comprometer a

possibilidade de as geraes futuras

atenderem as suas prprias necessida-

des (BRUDTLAND, 1987). Importa sali-

entar que esta proposta de desenvolvi-

mento sustentvel est associada ao con-

ceito de necessidade, principalmente a

dos pobres no mundo, que devem receber

mxima prioridade por meio da satisfa-

o das suas necessidades bsicas, a sa-

ber: sade, roupas, habitao, emprego,

alimento. Partindo desta compreenso,

pode-se entender na leitura de alguns

estudiosos (SACHS, 1986; BELLEN, 2006),

que meio ambiente e desenvolvimento

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

212

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

sustentvel esto relacionados qualida-

de de vida, principalmente dos pobres,

que discutem esta questo. Importa res-

saltar que as necessidades bsicas so

geralmente asseguradas por meio de pol-

ticas sociais destinadas a toda populao.

No Brasil, a dcada de 1990 foi marcada

pela Conferncia Mundial sobre Meio

Ambiente (ECO 1992). Destaca-se, tam-

bm, a Lei n 9795/99 Poltica Nacional

de Educao Ambiental, mas ainda no

se percebia a presena do segmento ju-

ventude. Somente nos anos 2000, quan-

do surge, no Brasil, o reconhecimento dos

jovens enquanto sujeitos de direitos de

polticas pblicas que se torna possvel

estabelecer a relao entre juventude e

sustentabilidade na mediao de polticas

pblicas, seja as voltadas diretamente ao

meio ambiente ou para o segmento jo-

vem, mas que contemplam a questo do

meio ambiente. Assim, potencializa-se a

relao entre juventude e meio ambiente,

como por exemplo, a insero de jovens

em instncia do Sistema Nacional do

Meio Ambiente (SISNAMA), como os

conselhos municipais e estaduais do meio

ambiente. Portanto, veremos a seguir,

como isso se evidencia na PNJ.

No tocante relao entre jovens e as

questes ambientais, possvel identifi-

car, por meio da Poltica Nacional de Juven-

tude, diretrizes e perspectivas que per-

meiam o dilogo entre Juventude, Polti-

cas Pblicas e Sustentabilidade.

Quadro 4 - Poltica nacional da juventude

POLTICA NACIONAL DA JUVENTUDE - diretrizes e perspectivas

FOCO DA ABORDAGEM AFIRMATIVAS

Igualdade social e sustentabilida-

de socioambiental

Maior equidade e igualdade social proporcionariam maior sustentabi-

lidade socioambiental e mais acesso ao esporte e ao lazer e, consequen-

temente, mais qualidade de vida.

Contexto socioeconmico e ambi-

ental e meio ambiente.

Compreender o contexto socioeconmico e ambiental que afeta a vida

dos jovens dificultando o acesso sade, ao esporte, ao lazer e ao cui-

dado com o meio ambiente.

Desenvolvimento x qualidade de

vida

O padro de desenvolvimento do pas afeta diretamente a vida dos

jovens, por isto mesmo preciso avaliar quais oportunidades esto

sendo construdas para as juventudes no sentido de elevar, de maneira

sustentvel, sua qualidade de vida.

Interfaces entre demandas das

juventudes e reas especficas.

Em nossa tarefa de articular os olhares sobre temas envolvidos, apre-

sentamos um panorama geral de cada rea especfica (sade, esporte,

lazer e meio ambiente) e suas interfaces com as demandas das juventu-

des

Participao de jovens na questo

ambiental

Na rea ambiental, a participao de jovens,- por meio da sua partici-

pao em movimentos e organizaes de denncia e combate degra-

dao ambiental e poluio - histrica.

Marco legal x espaos de partici-

pao da juventude

Decorrente da ausncia de marcos legais, identifica-se a quase inexis-

tncia de instncias e espaos de participao da juventude no Sistema

Nacional de Meio Ambiente. Neste sentido, explicam-se as restries ao

trabalho conjunto e em parcerias entre organizaes juvenis e institui-

es da rea ambiental

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

213

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

Vrios sentidos de meio ambiente

Tema meio ambiente pode ser percebido de diversas formas e sob

diferentes abordagens (muitas delas contraditrias e conflitantes), e isso

possvel identificar tanto entre jovens que j se encontram militando

na rea (por meio dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Ongs),

quanto entre jovens que no atuam na rea.

Viso integradora - perspectiva

mais socioambiental

Portanto, entende-se que a viso Integradora abarca uma perspectiva

mais socioambiental do tema, englobando as dimenses poltica, cultu-

ral, tnico-racial e no se restringindo apenas ao meio natural. Seria

razovel que polticas pblicas de juventude na perspectiva da quali-

dade de vida dialogassem com esta concepo de meio ambiente, uma

vez que ela se relaciona mais enfaticamente com os elementos sociais,

culturais, polticos e econmicos presentes nos temas da sade, esporte

e lazer e em projetos mais progressistas de desenvolvimento nacional.

Fonte: Brasil (2005).

As polticas e programas desenvolvidos

nas ltimas dcadas indicam um posicio-

namento do Estado frente s questes

relacionadas ao meio ambiente.

Particularmente na Poltica Nacional de

Juventude, foi possvel identificar a propo-

sio de aes para inserir os jovens no

processo de discusso, elaborao de

propostas e implementao de programas

e projetos que assegurem esta discusso

em torno da sustentabilidade, ao mesmo

tempo em que estes se constituem

enquanto espao de denncia poltica e

exerccio de cidadania.

Diante deste cenrio, sabe-se que a

discusso em torno do desenvolvimento

sustentvel tem sido trabalhada por

diferentes grupos, com perspectivas

distintas. Este entendimento revela que o

tratamento desta temtica tem

possibilitado abertura de novos espaos

de expresso, ao mesmo tempo em que se

constitui como campo de legitimidade,

tanto nacional quanto internacional.

Na leitura de Svedin, (1987, p. 474), o

conceito de sustentabilidade se constitui

algo dinmico, uma vez que leva em

considerao as crescentes necessidades

das populaes, assim, [...] o

desenvolvimento sustentvel no

representa um estado esttico de

harmonia, mas, antes, um processo de

mudana, no qual a explorao dos

recursos, a dinmica dos investimentos, e

a orientao das inovaes tecnolgicas e

institucionais so feitas de forma

consciente face s necessidades tanto

atuais quanto futuras . Pode-se, tambm,

considerar as dimenses da

sustentabilidade apontadas por Sachs

(2002):

Sustentabilidade social tem como base

o estabelecimento de uma proposta de

desenvolvimento que assegure um

crescimento estvel, com distribuio

equitativa de renda, garantindo o direito

de melhoria de vida das grandes massas

da populao. Esta dimenso se coaduna

com o foco da igualdade social e

sustentabilidade socioambiental da Poltica

Nacional da Juventude que aborda

diretamente a questo da igualdade e

equidade; Sustentabilidade econmica,

possvel a partir de um fluxo constante de

inverses pblicas e privadas, alm do

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

214

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

manejo e alocao eficiente dos recursos

naturais; Sustentabilidade ecolgica,

atravs da expanso da capacidade de

utilizao dos recursos naturais

disponveis no planeta terra, com menor

nvel de impacto ao meio ambiente.

Impondo-se, ainda, a necessidade de

reduo do volume de substncias

poluentes, a partir da adoo de polticas

de conservao de energia e de recursos,

entre outras medidas. Esta dimenso est

diretamente relacionada a outro foco da

PNJ que trata da Participao de jovens na

questo ambiental que destaca o combate

degradao ambiental; Sustentabilidade

geogrfica, uma vez que a maioria dos

problemas ambientais tem sua origem na

distribuio espacial desequilibrada dos

assentamentos humanos e das atividades

econmicas; Sustentabilidade cultural,

esta se apresenta de forma mais complexa

para efetivao, uma vez que exigiria

pensar o processo de modernizao de

forma endgena, trabalhando as

mudanas de forma sintonizada com a

questo cultural vivida em cada contexto

especfico.

Partindo deste entendimento, Chaves

(2004) afirma que a proposta de

desenvolvimento sustentvel abrange, ao

mesmo tempo, aspectos econmicos,

sociais, culturais, polticos, tecnolgicos e

ecolgicos, buscando uma integrao

entre estes vrios fatores. exatamente

esta complexidade que perpassa a

compreenso de sustentabilidade,

presente na PNJ, sobretudo, quando em

seu foco Viso integradora perspectiva

mais socioambiental destaca uma anlise

que engloba as dimenses poltica,

cultural, tnico-racial e no se limitando

apenas a uma leitura concernente ao meio

natural.

Diante do exposto, possvel afirmar que

h uma relao entre sustentabilidade e

juventude, presente na Poltica Nacional

da Juventude, pois os focos de aborda-

gem da poltica centram-se na igualdade

social, contexto socioeconmico e ambi-

ental, desenvolvimento, qualidade de

vida e participao dos jovens nas discus-

ses ambientais, apresentando uma leitu-

ra de totalidade das relaes ho-

mem/natureza/sociedade.

Um outro documento que aborda esta

temtica o Estatuto da Juventude que

trata do direito sustentabilidade e ao

meio ambiente, os quais podem ser

visualizados no quadro a seguir:

Quadro 5 - Estatuto da juventude

ESTATUTO DA JUVENTUDE

Do direito a sustentabilidade e ao meio ambiente

Artigo Contedo

34

O jovem tem direito sustentabilidade e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida, e o dever de defend-lo e preserv-lo

para a presente e as futuras geraes.

35 O Estado promover, em todos os nveis de ensino, a educao ambiental voltada para a preserva-

o do meio ambiente e a sustentabilidade, de acordo com a Poltica Nacional do Meio Ambiente

36 Na elaborao, na execuo e na avaliao de polticas pblicas que incorporem a dimenso ambi-

ental, o poder pblico dever considerar:

Poltica pblica, juventude e sustentabilidade

215

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

I o estmulo e o fortalecimento de organizaes, movimentos, redes e outros coletivos de juventu-

de que atuem no mbito das questes ambientais e em prol do desenvolvimento sustentvel;

II o incentivo participao dos jovens na elaborao das polticas pblicas de meio ambiente;

III a criao de programas de educao ambiental destinados aos jovens;

IV o incentivo participao dos jovens em projetos de gerao de trabalho e renda que visem ao

desenvolvimento sustentvel nos mbitos rural e urbano.

Pargrafo nico. A aplicao do inciso IV do caput deve observar a legislao especfica sobre o

direito profissionalizao e proteo no trabalho dos adolescentes

Fonte: Brasil (2013).

Direitos so geralmente fruto de lutas

histricas que devem ser consolidadas no

cotidiano da sociedade, ou seja, precisam

se transformar em conquistas sociais. O

jovem deve estar ciente do seu direito

sustentabilidade e ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado. Assim sen-

do, merece destaque, no Estatuto da Ju-

ventude a Educao Ambiental, que, se

realmente assegurada em todos os nveis,

muito contribuir para que os jovens de-

fendam e preservem o meio ambiente. E

esta defesa significa assegurar qualidade

de vida, cidadania, direitos e deveres de

cada cidado jovem.

Consideraes finais

Com base nas reflexes desenvolvidas,

pode-se concluir que:

1) O jovem tem um papel de grande

relevncia no processo de construo de

uma sociedade sustentvel. A experincia

da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e

Sustentabilidade - REJUMA um exemplo

de como o envolvimento da juventude

com a temtica meio ambiente pode ser

fortalecido atravs de canais simples de

participao e interao, possibilitando ao

jovem sua insero em discusses que

facilitem seu protagonismo frente s

questes socioambientais que perpassam

o seu cotidiano.

2) O Programa Juventude e Meio Ambiente

constitui-se um marco para a discusso

sobre juventude, meio ambiente, educa-

o ambiental e sustentabilidade, pois

tem possibilitado a participao de diver-

sas instituies e da juventude. Portanto,

preciso fortalecer as polticas pblicas

que envolvem as questes ambientais e

de fomento das prticas sustentveis,

uma vez que assegurar o direito da juven-

tude ao territrio um dos desafios do

programa com vistas superao das de-

sigualdades sociais e ambientais existen-

tes.

3) Tanto as polticas pblicas voltadas

exclusivamente aos jovens quanto as pol-

ticas estruturais que contemplam os direi-

tos fundamentais tm incorporado a

questo ambiental, principalmente, a par-

tir dos anos 2000, por meio de documen-

tos, legislaes, conferncias e polticas

que tm dado maior visibilidade s ques-

tes ambientais.

4) Est presente, na Poltica Nacional da

Juventude, o tema meio ambiente

mesmo que seja um termo com diversas

concepes e em constante construo.

Mas, predomina a ideia de que meio am-

biente e sociedade so indissociveis

da muitas vezes o uso do termo socio-

ambiental.

5) necessrio superar a concepo res-

trita de meio ambiente que o vincula ao

meio fsico/natural sem relacion-lo a

Cristiane Bonfim FERNANDEZ

216

Argumentum, Vitria (ES), v. 6, n.2, p. 201-217, jul./dez. 2014.

questes sociais, culturais, ticas e polti-

cas.

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