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  • Soc. & Nat., Uberlndia, ano 24 n. 3, 519-534, set/dez. 2012

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    Dragagem e conflitos ambientais em portos clssicos e modernos: uma revisoSilvia Machado de Castro, Josimar Ribeiro de Almeida

    DRAGAGEM E CONFLITOS AMBIENTAISEM PORTOS CLSSICOS E MODERNOS: UMA REVISO

    Dredging and environmental conflicts in classic and modern harbors: a revision

    Silvia Machado de Castro Gegrafa, Mestre em Engenharia Ambiental, UFRJ

    [email protected]

    Josimar Ribeiro de AlmeidaProfessor Associado, Escola Politcnica de Engenharia, UFRJ

    [email protected]

    Artigo recebido em 29/05/2012 e aceito para publicao em 25/08/2012

    RESUMO: No Brasil, investimentos recentes em projetos de dragagem tm visado ampliao da eficincia lo-

    gstica dos portos, incluindo obras de dragagem de aprofundamento, recuperao e melhoramento de

    vias de acesso, sendo imprescindvel considerar os impactos positivos e negativos da atividade sobre

    o meio ambiente. Este trabalho objetiva fazer uma reviso dos principais impactos, tratamentos e usos

    benficos dos sedimentos oriundos da obra ou servio de dragagem porturia, como tambm os critrios

    de seleo dos locais para disposio do material dragado, os quais esto no centro de conflitos, pela

    possibilidade de atingirem ou mesmo eliminarem irreversivelmente ecossistemas aquticos costeiros.

    Conflitos ambientais tm sido associados obra de dragagem em portos clssicos e modernos, destacando

    a necessidade de uma agenda ambiental porturia que considere essas questes juntamente com grupos

    relevantes da sociedade no planejamento estratgico de aes para este setor.

    Palavras-chave: Portos. Dragagem porturia. Conflitos ambientais.

    ABSTRACT: In Brazil, recent investments on dredging projects have focused on the improvement of logistic effi-ciency of harbors, including dredging works to deepen, to recuperate and to improve of access ways,

    being indispensable to consider positive and negative impacts from that active over environment. The

    latter players object to make a revision about the principal impacts, treatments and benefic uses of the

    sediments derived of harbor dredging works or services, as well as the classification of their degree of

    contamination, which are in the inner of conflicts and can impact or eliminate irreversibly coastal aquatic

    ecosystems. Environmental conflicts are being associated with dredging works, in harbors classified as

    classic and modern, pointing out the necessity to implement a harbor environmental agenda which con-

    siders these questions and the participation of relevant social groups on the elaboration of the strategic

    planning of actions for the harbor sector.

    Key-word: Harbors. Harbor dredging. Environmental conflicts.

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    Dragagem e conflitos ambientais em portos clssicos e modernos: uma revisoSilvia Machado de Castro, Josimar Ribeiro de Almeida

    INTRODUO

    Considera-se porto o conjunto de instalaes com funes de abrigo, atracao, armazenagem e circulao em terra e mar (acessos martimos), loca-lizado em um territrio denominado stio porturio (PORTO e TEIXEIRA, 2002). O porto clssico ou porto-cidade aquele localizado em metrpoles, abri-gado em continente, com acesso martimo de baixas profundidades e terrestre restrito, hinterlndia bem prxima e movimentao de carga geral no unitizada. O porto moderno logstico, com rotas internacionais, a maioria em zonas costeiras, que movimenta cargas na forma especializada, tem pouca relao com seu entorno e reas de influncia longnquas, tem reas Martimas Desenvolvidas Industrialmente, extensa retrorea e facilidade de desenvolvimento dos acessos terrestres (PORTO, 2007; 2008).

    Intensas e constantes, as atividades desen-volvidas em um porto geram perturbaes com con-sequncias sobre o meio ambiente, este entendido como um conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permitem, abrigam e regem a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981), exigindo-se, cada vez mais, mecanismos de gesto ambiental eficientes.

    A dragagem, realizada para a limpeza, de-sobstruo, remoo, derrocamento ou escavao de material do fundo de rios, lagos, mares, baas e canais, removendo rochas e sedimentos, para lanamento em local de despejo (MARINHA DO BRASIL, 1998, BRASIL, 2007), uma necessidade no somente para implantao, aprofundamento ou manuteno, mas tambm para a remediao, que tem como propsito limpar e recuperar reas com sedimentos contami-nados (GOES FILHO, 2004), que, no entanto, gera conflitos.

    Conceitua-se conflito ambiental a disputa de grupos sociais pelo uso de recursos fsico, social ou moral do meio em que vivem. Por isso mesmo, conflitos socioambientais envolvem necessariamente questes valorativas, que devem ser solucionadas pelo entendimento das necessidades coletivas (COSTA, 2009).

    Os conflitos ambientais por dragagem portu-ria relacionam-se com o nvel de contaminao dos

    sedimentos dragados e com o local selecionado para o despejo, que podem gerar danos biota aqutica, com reflexos sobre a qualidade de vida de atores regionais que, embora vivam num ambiente comum, possuem interesses antagnicos (THEODORO, 2005).

    Qual a composio dos sedimentos dragados? Quais so os impactos ambientais negativos ou de que forma essa obra ou servio de engenharia pode afetar habitats da fauna e flora aqutica, alm de atividades socioeconmicas? Quais os tratamentos e usos benfi-cos do material dragado? Existem conflitos ambientais associados dragagem porturia? Se existem, so importantes para identificar e prevenir problemas e, desse modo, gerar solues?

    MATERIAL DRAGADO

    Material dragado aquele que retirado ou deslocado do leito dos corpos dgua pela atividade de dragagem, desde que no constitua bem mineral (CONAMA, 2004). Na sua composio predominam partculas minerais, que variam de areia grossa a fina, silte e argila; tambm matria orgnica e diferentes tipos de materiais como pedras, madeira, pedaos de metais, vidros etc. (CASTIGLIA, 2006; MONTEIRO, 2008).

    Resduos e rejeitos de dragagem so com-postos orgnicos halogenados, plsticos, mercrio, cdmio, petrleo, leos, substncias radioativas e outras substncias produzidas para a guerra qumica e biolgica. Na dragagem, deve-se dar ateno tam-bm aos resduos com quantidades considerveis de arsnio, zinco, cobre, fluoretos e pesticidas (LONDON [DUMPING] CONVENTION, 1972).

    Algumas alternativas para disposio dos resduos de dragagem so: (i) em corpos hdricos abertos, como oceanos, esturios, rios e lagos, que no estejam isolados das guas adjacentes durante o processo. Nesse caso, os resduos devem estar limpos ou moderadamente contaminados; (ii) em mar aberto, so consideradas duas opes: em gua profunda, alm da plataforma continental, e na prpria plataforma continental; (iii) em locais confinados ou reas de disposio confinadas, sejam em corpos hdricos, como depresses na regio costeira ou retidos entre diques, sejam em terra, destinado, principalmente, ao

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    sedimento dragado contaminado, que necessita de con-trole, monitoramento ou manejo da rea de estocagem ou mesmo aterro (GOES FILHO, 2004; ALMEIDA, 2004; CASTIGLIA, 2006; TORRES, 2000).

    IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS DA DRAGAGEM

    O Conselho Nacional do Meio Ambiente define impacto ambiental como:

    qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sa-de, segurana, bem estar da populao; as atividades sociais e econmicas; a biota; as condies estticas e sanitrias do meio am-biente; e a qualidade dos recursos ambientais. (Art. 1 da Resoluo CONAMA N 001/1986)

    Consistem impactos ambientais por obra de dragagem, com efeito direto ou indireto sobre o meio ambiente (OECD, 1993; LEAL NETO, 2000; PORTO & TEIXEIRA, 2002; TORRES, 2000):

    a) alterao das condies hidrulicas e sedi-mentolgicas do escoamento, com possvel alterao dos padres de circulao e mistura da gua, salinidade e turbidez;

    b) alterao das condies do local de lana-mento do material dragado;

    c) poluio por substncias txicas existentes no material de dragagem, sua suspenso e movimen-tao durante a atividade, com alterao da qualidade da gua (turbidez); e

    d) impactos diretos sobre habitats da fauna e flora aqutica, associada ao sedimento marinho e guas interiores.

    A ao das dragas e a suco do material geram impactos negativos de efeito direto sobre or-ganismos e habitats. O efeito indireto ocorre com a movimentao de contaminantes e nutrientes durante a suspenso do sedimento, podendo haver alterao da qualidade da gua e a qumica global do esturio (TORRES, 2000).

    A qualidade do ar e do som na rea porturia relaciona-se com a concentrao de atividades, dentre muitas, a dragagem de baas, canais e beros de atra-cao. Vapores e gases so emitidos por navios, por equipamentos de manuseio e por transporte de carga como navios-dragas, caambas e caminhes na retira-da e transporte de sedimentos para a rea de bota-fora ou de estocagem. Poeira, gases e maus odores, princi-palmente, os nveis de Dixido de Enxofre (SO

    2) e de

    Dixido de Nitrognio (NO2), alm de particulados em

    suspenso como fuligem, fumaa e vapor, poluem o ar. Os odores podem ser gerados pela movimentao da carga de material dragado contaminado, lquida e/ou slida, para os locais de disposio e/ou estocagem. Perturbaes por rudos e vibraes a nveis e frequ-ncia elevados podem estar relacionados dragagem de derrocamento ou desagregao de material para a extrao de minrio ou remoo de rochas submersas com explosivos, que geram rudos e ondas de choque (LEAL NETO, 2000; CASTRO, 2012).

    Em algumas reas de bota-fora, quando o despejo das dragagens efetuado na mar vazante, os impactos na regio costeira so irrelevantes, porm, efetuados na mar enchente, se o material grossei-ro, poder originar uma nuvem de poluio, que se direcionar para a costa e se sedimentar, podendo diminuir o potencial pesqueiro (CDRJ, 2002). Proble-mas decorrentes da disposio de material dragado no mar tambm podem gerar risco navegao, ativi-dade pesqueira, de turismo e lazer, com reflexo sobre aspectos culturais (FEEMA, 2002). Considera-se tambm a possibilidade de acidentes de dutos e cabos submarinos, que podem depositar sedimento dragado contaminado em local inadequado gerando impactos negativos ao meio ambiente (ALMEIDA, 2008).

    TRATAMENTOS E USOS BENFICOS DO RE-SDUO DE DRAGAGEM

    Em se tratando de gesto ambiental de ativida-des porturias, a preveno como forma de antecipar solues diante de algo que se sabe que ocorrer ou poder ocorrer com base em estimativas e algum conhecimento sobre o que se pretende prevenir, seus efeitos e modos de ocorrncia (BARBIERI, 2007), o melhor a fazer. O monitoramento da qualidade da

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    gua e dos sedimentos, alm da seleo criteriosa do local de despejo ou bota-fora, so medidas de pre-veno. O prprio investimento em conhecimento uma medida de preveno, eliminando a necessidade de se tomar medidas de precauo (PORTO, 2012). Pode-se afirmar que a legislao ambiental brasileira mitiga impactos ambientais quando estabelece nor-mas e procedimentos para o licenciamento ambiental (CASTRO, 2012).

    So vrios os tratamentos (Quadro 1) e usos benficos do sedimento dragado, suavizando o dano.

    O tratamento consiste em processar o material draga-do contaminado com vistas a reduzir a concentrao dos contaminantes, a fim de atenderem aos padres estabelecidos pela legislao, no caso brasileiro, da Resoluo CONAMA N 344 (CONAMA, 2004). Anteriormente considerados dispendiosos, com a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) o tratamento, reciclagem e reuso de resduos tornam--se obrigatrios, cabendo s Autoridades Porturias atender seus princpios e diretrizes (BRASIL, 2010).

    Quadro 1 Processos de tratamento dos materiais contaminados

    TRATAMENTO ESPECIFICIDADE

    Pr-tratamento

    Reduo de volume do material dragado atravs da separao de partculas de diferentes tamanhos, resultando na secagem e compactao do material slido; pode ser com o uso de bacias de separao, hidrociclones, flotao, desidratao e separao magntica. Usam-se geotubos, geobolsas e cortinas de geotxtil.

    Fsico-qumico

    Utiliza processos qumicos na remoo, alterao e estabilizao dos contaminantes. Aplicam-se tcnicas de extrao cida, de complexos, de solventes e fluda supercrtica; tcnicas de imobilizao, de oxidao atravs da umidade do ar, de destruio de Bifenilas Policloradas (BPC) e de troca inica.

    Biolgico ou degradao biolgica

    Busca o aumento da quebra natural de contaminantes orgnicos em compostos inofensivos atravs dos microrganismos; pode-se realizar fora do local de deposio, atravs do cultivo apropriado do solo e biorreatores, o que depende da temperatura, umidade e disponibilidade de nutrientes; a biorremediao busca descontaminar solo e gua por meio de organismos vivos e, a fitorremediao, visa a remediao de reas contaminadas com plantas, solo e prticas agronmicas.

    TrmicoRemove, destri e imobiliza certos contaminantes; deve ser precedido da desidratao e secagem dos sedimentos; ocorre atravs de dissociao trmica, incinerao e imobilizao trmica.

    Eletrocintico

    Aplicao de corrente constante em solo saturado com contaminantes, resultando no armazenamento de ons metlicos e outros ctions no catodo e dos anions, no anodo positivo; permiti a remoo in situ dos metais pesados, evitando manejo e conteno do mesmo.

    Cimentao ou imobilizao

    O dragado pastoso com contaminantes estabilizado e solidificado aplicando-se cimento ou p de cal.

    Fontes: Goes Filho (2004); Monteiro (2008); Coutinho & Barbosa (2007); Tavares (2009); Farra & Rodrguez (2003); Lundin, Esco-

    bar & Stephens, 2006; e Castro, 2012.

    habitats e na produtividade biolgica (MONTEIRO, 2008).

    A aprovao do local de disposio cada vez mais restrita, j que os sedimentos dragados, principal-

    O solo dragado tem grande poder de ma-nejo e gerenciamento com benefcios ambiental, social e econmico. O uso do rejeito contamina-do, no entanto, deve ser evitado na formao de

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    mente os resultantes da manuteno de portos, canais, rios e lagos, podem apresentar mdio ou alto grau de contaminao (CASTIGLIA, 2006).

    Para uso benfico, deve ser considerada a composio e distribuio granulomtrica do material dragado, alm das condies de remoo, sua aceita-bilidade ambiental e custos para o processo (GOES FILHO, 2004).

    So algumas alternativas de manejo e uso benfico do rejeito de dragagem (MONTEIRO, 2008):

    a) construo de aterros, mais econmico e ambientalmente aceito do que dispor no mar ou em terra;

    b) engordamento ou alimentao de praia, soluo para reposio de sedimento perdido pela eroso costeira, grande problema para as praias oce-nicas e estuarinas;

    c) restaurao e formao de habitats, no estabelecimento da produtividade biolgica de plantas e animais em ilhas construdas com essa finalidade;

    d) pntanos, em cujo substrato predomina a areia de granulometria mais fina; requer a conteno do material atravs de estruturas ou mecanismos de proteo;

    e) terras elevadas, que so habitats com gran-de variedade de comunidades terrestres, desde um solo exposto at uma floresta; localizados em pequenas ou grandes reas naturais ou construdas para adaptao vida silvestre ou urbana;

    f) habitat aqutico, cujo desenvolvimento depende do estabelecimento de comunidades biol-gicas, atravs do material dragado na superfcie ou abaixo da mar, em reas costeiras ou em lagos e rios, geralmente aplicado para ostras, peixes, gramneas, mariscos, moluscos e plantas aquticas;

    g) agricultura, na formao de pastagens para gado e para melhorar a qualidade dos solos marginais para fins agrcolas;

    h) recuperao de reas de minerao, controle da drenagem cida da superfcie, como tam-bm da eroso e a velocidade da gua, favorecendo o estabelecimento de plantas na rea;

    i) cobertura em aterros de resduos slidos, linhas, barreiras para gs, drenos de lixiviados ou de gs, condicionados s caractersticas fsicas do aterro; e

    j) usos mltiplos, construo de reas recre-ativas sobre aterros controlados, habitats de espcies silvestres, matria prima da indstria de construo civil, material combustvel (gs) e substrato para a produo de biomassa vegetal.

    Outro uso do sedimento dragado tem sido na manufatura do cimento de Portland, devido grande quantidade de slica, alumnio, clcio e xidos de ferro, importantes na constituio do cimento (DUBOIS et al., 2009). Na construo de estradas, esse sedimento necessita de reduo de sais e matrias orgnicas. A descontaminao do solo dos metais pesados tem sido realizada pela tcnica de ultrassonda acoplada pres-so a vcuo (ZENTAR, ABRIAK & DUBOIS, 2009).

    GESTO AMBIENTAL PORTURIA

    A gesto ambiental dos portos organizados e demais instalaes porturias do pas deve se basear num modelo institucional com uma estrutura ge-rencial gil e adequada, que privilegie a articulao entre todas as autoridades envolvidas e tenha como funcionamento a Lei de Modernizao dos Portos e a legislao ambiental (CIRM, 1998).

    O objetivo atingir elevados padres de proteo ambiental dentro de um conceito de de-senvolvimento sustentvel, atravs da formao de ncleo ambiental, o qual deve reunir profissionais capacitados para equacionar problemas: no mnimo, um engenheiro, um bilogo e um oceangrafo; num grupo expandido, um qumico, um urbanista ou ar-quiteto ou gegrafo, um advogado e um economista (ANTAQ, 2007; 2008).

    O relatrio de agosto de 2011 da Agncia Nacional de Transportes Aquavirios (ANTAQ, 2011) indicou uma contnua evoluo do desempenho am-biental dos portos brasileiros justificada, dentre outras coisas, pela entrada em vigor de novas diretrizes e exigncias legais; compromissos internacionais as-sumidos pelo Estado do porto; ao uso de tecnologias mais limpas e eficientes nas operaes porturias; a uma melhor qualificao dos profissionais para tratar das questes ambientais; uma busca cada vez maior da sociedade por produtos e servios ambientalmen-te sustentveis; e a uma atuao mais participativa dos rgos reguladores ambientais no processo de

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    construo e implementao de um modelo de gesto ambiental porturia.

    Na comparao entre os perodos de 2009/2010 e 2006/2007, a avaliao da gesto ambiental dos portos pblicos brasileiros identificou que mais trs portos obtiveram a Licena de Operao (LO); maior proporo de atendimento pleno pelos portos em relao implantao de um Plano de Emergncia Individual (PEI), preconizado na Lei N 9.966, de 28 de abril de 2000 e na Resoluo CONAMA N 398, de 11 de junho de 2008, que tratam da poluio por leo em guas jurisdicionais; maior proporo de atendimento pelos portos em relao ao correto gerenciamento de resduos slidos, incrementada pela publicao da Lei N 12.305/2010, que instituiu a PNRS; e a auditoria ambiental compulsria, regrada pela Resoluo CONANA N 306/2002, deixou de ser realizada corretamente em alguns portos.

    So duas as provveis causas do resultado negativo em relao auditoria ambiental: o pequeno nmero de auditores qualificados para realiz-la; ou a no observncia do porto em atualiz-la de dois em dois anos, conforme se obriga.

    Em relao implantao e qualificao de ncleos ambientais nos portos, a comparao entre esses dois perodos indicou um resultado negativo, justificado, segundo essa mesma agncia, pela pu-blicao da Portaria SEP N 104/2009, que obriga a redefinio da estrutura organizacional porturia, de forma a instituir o Setor de Gesto Ambiental e de Segurana e Sade no Trabalho (ANTAQ, 2011).

    A introduo da questo ambiental no dia a dia do porto faz-se atravs de medidas de ordenao como a adoo de regulamentos sobre preservao, conservao e valorizao do meio ambiente. De cunho estratgico, a Agenda Ambiental molda um desempenho a ser cumprido pelas Administraes de Portos e outras entidades exploradoras de instalaes porturias, dentro e fora dos portos organizados (MT, 2001, p. 75).

    Agenda Ambiental Porturia

    Em 19 de maro de 1998, foi criado, atravs da Portaria SECIRM N 005, o Subgrupo Agenda Ambiental Porturia (AAP). Em 2 de dezembro de

    1998, essa agenda foi elaborada e aprovada no mbito do Grupo de Integrao do Gerenciamento Costeiro (GI-GERCO) e aprovada pela Comisso Interministe-rial para os Recursos do Mar (CIRM), da MB, atravs da Resoluo N 006/98/CIRM, como proposta para adequar o setor porturio aos parmetros ambientais vigentes com vistas a estabelecer mecanismos de acompanhamento e o cumprimento de normas de pre-servao ambiental em todos os portos e instalaes porturias, iniciou-se a preparao de uma Agenda Ambiental. A partir da aprovao desse documento, iniciou-se a conciliao da atividade porturia com a preservao ambiental.

    Na AAP federal so apresentadas: Pro-postas de Modelo Institucional para a Gesto Ambiental Porturia; Procedimentos para a Im-plementao da Gesto Ambiental Porturia; e Aes Programadas para a Implementao da AAP. A gesto ambiental dos portos organizados e de-mais instalaes do Pas deveria se basear num modelo institucional com uma estrutura gerencial gil e adequada, que privilegie a articulao entre todas as autoridades envolvidas, fundamentado na Lei de Modernizao dos Portos e na legislao ambien-tal (CIRM, 1998, p. 5).

    Em se tratando do controle ambiental da atividade porturia, padres de procedimentos pre-cisam ser firmados visando evitar impactos ao meio ambiente, constituindo-se uma das metas a obteno das certificaes da International Organization for Standardization (ISO) sries 9.000 e 14.000. Sua implantao deve ocorrer a partir de programas, tais como: monitoramento ambiental; controle de ero-so e assoreamento, incluindo o gerenciamento das dragagens; risco ambiental e preveno de acidentes (anlises de risco, plano de contingncias); Plano de Controle Ambiental (resduos slidos, efluentes lqui-dos e emisses); controle da introduo de espcies marinhas exticas, atravs da gua de lastro; e con-servao dos recursos naturais (pesca e ecossistemas costeiros na rea de influncia do porto).

    Uma reviso peridica, a fim de adequar a AAP s realidades institucionais e financeiras, deve considerar: atualizao da legislao ambiental; incluso das relaes ambientais porto-cidade; im-plantao de agendas ambientais institucionais, local

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    e da organizao porturia, com o comprometimento dos agentes intervenientes; alocao de recursos para a gesto ambiental da infraestrutura porturia (ambiente antrpico e natural); e realizao de in-ventrios ambientais porturios, acerca dos recursos (inclusive relaes) ambientais envolvidos ou a serem envolvidos na atividade (PORTO, 2008). Seu papel estar atenta no somente s demandas de mercado como tambm s demandas ambientais, alm de adotar um papel mais responsvel frente sociedade. Nesse sentido, a dragagem como obra de melhoramento da parte externa do porto, requer planejamento com foco em aes preventivas para a minimizao de impactos ambientais.

    Agenda Ambiental Local

    A idia de uma Agenda Ambiental Local (AAL) de um plano de ao pactuado com os prin-cipais atores regionais, com base no dilogo com as agncias ambientais, governos locais, movimentos ambientalistas e outros grupos de interesse, pesca-dores e outros segmentos econmicos diretamente interessados na atividade porturia e/ou em seus desdobramentos nos ambientes de utilizao comum, cabendo iniciativa de sua elaborao Autoridade Porturia (ANTAQ, 2009).

    Anloga AAP, a AAL deve ajustar as atividades do porto s conformidades ambientais e capacitar agentes para equacionar os problemas ambientais decorrentes, objetivando a valorizao de seus ambientes. Para tanto, necessrio que haja envolvimento desses atores; disponibilidade e ma-nuseio de informaes tcnicas e cientficas sobre os impactos ambientais; experincia de uma equipe multidisciplinar; uma boa agenda de marketing; metas e prazos para tarefas estabelecidas; e base institucional e organizacional para implantao.

    A estrutura de uma AAL deve incluir: (i) caracterizao do porto e de suas atividades, desta-cando-se informaes sobre sua situao institucional, dados sobre os documentos de licenciamento e sobre possveis disputas e pendncias judiciais de natureza ambiental e outras intervenientes; (ii) elaborao do diagnstico ambiental, com informaes sobre o meio natural, sua hidrodinmica, os principais ecossistemas

    e influncias positivas e negativas sobre eles; a iden-tificao de passivos ambientais; e a identificao de problemas ambientais atuais, relacionando os tipos e locais das principais fontes de poluio no porto e em suas reas de influncia; (iii) elaborao do diagnsti-co de segurana e sade ocupacional; (iv) elaborao de propostas de ao, definindo, entre outras coisas, os objetivos da Agenda, identificando as situaes--problemas e os atores e agentes intervenientes ou mobilizveis, em face das aes programadas, espe-cificando mecanismos de articulao disponveis ou a serem criados; e o gerenciamento da Agenda, para avaliar, acompanhar, monitorar o desempenho de suas aes, definir estratgias para sua implantao e do cronograma das aes previstas.

    Este um padro geral, podendo todos os portos formular a estrutura que melhor se adqua s suas peculiaridades.

    Agenda Ambiental Institucional

    A Agenda Ambiental Institucional (AAI), embora no sendo um dispositivo de lei, constitui-se num instrumento da vontade de dirigentes em promover a qualidade ambiental da sua atividade, fator indutor de um processo de mudana especialmente da imagem da organizao associada proteo e valorizao do seu meio ambiente. A AAI est inserida no contexto de dois outros instrumentos de mesma natureza, tambm no compulsrios, como a AAL (do porto) e a AAP (federal), em conformidade com outros instrumentos de gesto. Na sua elaborao deve-se considerar a viso estratgica do mercado, no caso, das instituies porturias ambientalmente orientadas, na incorporao integrada dos aspectos econmicos, sociais e ambientais de suas atividades, antecipando formas de lidar com a sociedade consumidora de seu produto (ANTAQ, 2011). Uma AAI adequadamente estruturada atende tanto ao ambiente externo como ao interno da organizao: o primeiro diz respeito relao da organizao com a sociedade no sentido mais amplo e com a comunidade porturia; no mbito interno, no se deve deixar de lado aes em favor da sustentabilidade que incorporem o discurso externado sociedade, tudo de forma bastante clara, fazendo

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    valer todos os elementos estruturantes da Agenda, que so: misso; poltica; objetivos estratgicos; objetivos especficos; diretrizes; metas; planos e programas; Sistema de Gesto Ambiental (SGA); e ndice de qualidade ambiental. Os produtos associados a esse processo so: a melhoria da imagem da organizao, da eficincia na prestao dos servios, da competitividade e da qualidade do ambiente interno; reduo de custos e riscos ambientais; atrao de novos mercados consumidores; e aumento da confiabilidade da organizao, no necessariamente nessa sequncia. Sua adoo, pela organizao, porturia ou no, produz resultados positivos, tais como: o desenvolvimento de novas lideranas mais conscientes e socialmente responsveis; melhor clima organizacional; melhor satisfao e motivao dos funcionrios; aumento da autoestima de todos os participantes; e reconhecimento e orgulho pela participao em projetos sociais.

    CONFLITOS AMBIENTAIS

    Falar de conflitos falar das relaes huma-nas, que envolvem valores morais ou tudo aquilo que pertence ao carter. O ambiental reporta natureza e tudo que nela existe, inclusive o indivduo com seus valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias. Os problemas ambientais da sociedade humana resultam da sua organizao econmica e social e, qualquer problema aparentemente extremo, se apresenta primeiro como um conflito, demandando solues equilibradas, ou seja, com ganho para ambas as partes. Isso, no entanto, de difcil alcance (FO-LADORI, 2001).

    O conflito, na verdade, deve ser encarado como um dos elementos de construo da prpria democracia, para que ocorra a valorizao de espaos de tenso e negociao, legtimos e relevantes avanos de cooperao no sentido da coeso social (COSTA, BURSZTYN & NASCIMENTO, 2009).

    Existem muitos mtodos de resoluo de conflitos, mas a construo de consenso, a mediao e o dilogo pblico tm sido os mais utilizados para questes ambientais (BREDARIOL, 2001). um direito da sociedade organizada o acesso informa-

    o ambiental, assim como a participao social na elaborao de polticas ambientais. Ela encontra nas audincias pblicas uma das formas de participao e de controle popular da administrao pblica no estado social e democrtico de direito e, no Ministrio Pblico, o poder fiscalizador da aplicao das leis, da defesa do patrimnio pblico e do zelo pelo efetivo respeito dos poderes pblicos aos direitos assegurados na Carta Magna, inclusive a proteo do meio am-biente (MINISTRIO PBLICO FEDERAL, 2012).

    DRAGAGEM E CONFLITOS AMBIENTAIS EM PORTOS CLSSICOS E PORTOS MODERNOS

    A seguir, dois casos de portos clssicos e dois de portos modernos brasileiros, em que h registros de conflitos em torno de impactos ambientais e sociais por obra de dragagem. So eles: Porto de Tubaro, no Esprito Santo; Porto do Rio de Janeiro e Complexo Industrial do Superporto do Au, no Rio de Janeiro; e Complexo Industrial Porturio de Suape, em Per-nambuco.

    Porto de Tubaro

    O Complexo Porturio de Tubaro (tambm denominado Terminal ou Porto de Tubaro) foi inau-gurado em 1966 e est localizado na Ponta de Tubaro e administrado pela Companhia Vale do Rio Doce (hoje VALE S.A.). Para a dragagem de aprofunda-mento, iniciada em janeiro de 2011 com o propsito de oferecer acesso a embarcaes com calado de 25,3 metros no Per II e no Terminal de Carvo do Porto de Praia Mole, ou seja, um aumento de 600 metros na extenso do canal de acesso e uma ampliao de 130 metros na bacia de evoluo, estima-se a movimen-tao de cerca de 7 milhes de m3, incluindo a der-rocagem de cerca de 150 mil m3 (VALE/CEPEMAR, 2010; ZANDONADI, 2011).

    O processo de licenciamento ambiental e os impactos negativos da dragagem e da disposio do sedimento dragado sobre a biodiversidade marinha regional, como tambm sobre atividades socioecon-micas, foram questionados durante a audincia pblica realizada em Vila Velha no dia 27 de maio de 2010. Naquela ocasio, foram esclarecidas as caractersticas

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    da obra como tambm apresentadas algumas preocu-paes de ambientalistas e moradores da regio, tais como: a localizao da rea de bota-fora ou rea de despejo; os danos causados no ecossistema de man-guezal da Baa de Vitria, a ser compensado com ajuda financeira para a criao/manuteno de Unidade de Conservao; e a toxicidade dos sedimentos e poss-veis danos ao meio bitico e abitico, com reflexos sobre atividades de pesca e lazer na rea de influn-cia do empreendimento. Segundo eles, faltou uma ampla divulgao da audincia pblica, o Conselho Comunitrio e a Cmara Municipal local no estavam presentes; no houve participao das comunidades pesqueiras no Estudo de Impacto Ambiental; e faltou consulta prvia sociedade sobre a forma e local de despejo em Vila Velha (GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO, 2010).

    A dragagem da Baa de Vitria, cujo edital de licitao foi publicado em setembro de 2011, visa conteno e ampliao do cais comercial do Porto de Vitria para a entrada de navios maiores, atravs da remoo de cerca de 15 milhes de m3 de sedimentos (CODESA, 2012). Essa obra tambm tem sido contes-tada, principalmente, por ser a rea de despejo em Vila Velha, ou seja, a mesma rea de bota-fora dos materiais dragados no Porto de Tubaro (BERNARDES, 2011).

    Porto do Rio de Janeiro, RJ

    Inaugurado h 112 anos, o Porto do Rio de Janeiro situa-se ao sul da Baa de Guanabara e ad-ministrado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro, que tambm administra os portos de Niteri, de Itagua e de Angra dos Reis (CDRJ, 2012).

    Entre fevereiro de 2010 e setembro de 2011, foi realizada a primeira fase da dragagem de apro-fundamento dos canais de acesso interno e externo das bacias de evoluo dos cais da Gamboa, So Cristvo e Caju (incluindo o Canal do Mangue), que retirou 3,9 milhes de m3 de sedimentos, sendo 30 mil m3 de material contaminado para tratamento na Ilha da Pombeba, e o restante para lanamento em rea ocenica (CDRJ, 2011).

    Conflitos surgiram em torno dos impactos e possveis danos biota da Baa de Guanabara e Re-gio Ocenica de Niteri, RJ, onde inclusive se loca-

    liza o Monumento Natural do Arquiplago das Ilhas Cagarras, uma Unidade de Conservao de proteo integral, pela disposio de sedimento contaminado da ltima dragagem do Porto do Rio de Janeiro, em rea ocenica. Pescadores artesanais, assim como a sociedade organizada de Niteri e Maric, alertam sobre os nveis de poluio da gua, degradao dos ecossistemas aquticos e perda da qualidade de vida, com reflexos sobre a economia familiar, turismo e lazer da regio. So suas principais reivindicaes: condicionar a seleo da rea de bota-fora a uma ava-liao prvia da qualidade da biota e da produtividade pesqueira; acesso prvio s informaes do projeto de dragagem; e condicionar o licenciamento ambiental de obras de dragagem no Porto do Rio de Janeiro a uma avaliao prvia da pesca e efeitos negativos do material dragado sobre a atividade pesqueira, com base em anlise prvia da ecotoxicologia da rea de bota-fora (CASTRO, 2012).

    Nessa primeira fase da dragagem, alguns tre-chos alcanaram profundidade de -15 metros. A segun-da fase, ainda em licitao, prev o aprofundamento de at -17 metros em algumas reas (VIEIRA, 2011). O volume de material a ser dragado nessa segunda fase ainda no est confirmado.

    Complexo Industrial do Superporto do Au, RJ

    Exemplo de porto moderno, o Complexo In-dustrial do Superporto do Au, em Au, distrito do mu-nicpio de So Joo da Barra, RJ, engloba: a construo de um terminal porturio privativo de uso misto com-posto por seis beros de atracao de navios e peres off-shore, com acesso por meio de um canal com 18,5 metros de profundidade, para receber navios de grande porte, com capacidade de transporte de cargas at 220 mil toneladas; alm de quatro beros para atracao de embarcaes de apoio s atividades de explorao de petrleo na regio. A retro-rea dever abrigar um complexo siderrgico, usinas termoeltricas, plantas de pelotizao de minrio, plo metal-mecnico, alm de reas para trancagem de granis lquidos e proces-samento de petrleo. O Terminal Porturio dever contar tambm com um mineroduto, que transportar de Minas Gerais at l minrio de ferro para exporta-o (LLX, 2012).

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    A regio ser ocupada por outros empre-endimentos, formando um Complexo Logstico e Industrial nas divisas dos municpios de Campos dos Goytacazes e Quissam e, com isso, o crescimento econmico regional certamente ser favorecido, po-rm os impactos ambientais negativos no podem ser desconsiderados.

    Populao, agricultores e pescadores artesa-nais da regio esto preocupados com a possibilidade de danos ambientais pela dragagem de implantao e aprofundamento, como tambm as futuras dragagens de manuteno. Esses trabalhadores j prevem a mor-talidade de espcies marinhas e a expulso dos peixes, como tambm registram perda de equipamentos de trabalho, o que poderia ser evitado ou minimizado por um diagnstico eficiente sobre essas atividades na regio (KURY, REZENDE e PEDLOWSHI, 2010; SOUZA e OLIVEIRA, 2010).

    A implantao de uma Agenda Ambiental Local, como um plano de ao pactuado com os principais atores regionais; o uso da abordagem dos ganhos mtuos, que prope a ultrapassagem de um padro de jogos de soma zero, para administrar os conflitos; e a organizao, nesse caso, da classe de pescadores da regio, pois a desestruturao impede o desenvolvimento pleno de programas e projetos adequados para a comunidade, pelo enfraquecimento do poder de reivindicao e de participao associado organizao incipiente, so medidas que podem solucionar os impasses (SOUZA e OLIVEIRA, 2010).

    Para a abertura do porto TX2, que faz parte desse empreendimento, o total de volume previsto na obra de dragagem de um canal de entrada e um canal interno, de uma bacia de manobras e da bacia do porto, dever chegar a 43 milhes de m3, sendo que uma parte ser usada para o aterro de terrenos para construo de instalaes porturias (BARRA EM NOTCIAS, 2011).

    Complexo Industrial Porturio de Suape, PE

    O Complexo Industrial Porturio Eraldo Guei-ros, ou simplesmente Suape, um plo para locali-zao de negcios industriais e porturios, que conta com um porto interno, externo, cais de mltiplos usos, terminais de granis lquidos, alm de um terminal de

    contineres e agregar diversas outras modalidades de transportes, com rodovias e ferrovias internas e um porto de guas profundas, possuindo toda uma estru-tura de comunicao e servios. A posio geogrfica de Pernambuco, no centro da Regio Nordeste, trans-forma Suape em um centro concentrador e distribuidor de cargas. A localizao tambm o torna com vocaes de porto internacional concentrador de cargas (hub-port) para toda a Amrica do Sul. O complexo, com caractersticas de porto moderno, administrado pelo Governo do Estado de Pernambuco (GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, 2012).

    Os conflitos ambientais relativos ao Suape, considerado um porto moderno, so discutidos desde 1975. O local escolhido para o projeto, numa rea ao sul do cabo de Santo Agostinho, era povoado e tinha rios, praias, manguezais, matas, pomares e canaviais. A boa profundidade e disponibilidade de retro-rea para a instalao e as atividades de um porto justificaram a irreversibilidade da paisagem (CAVALCANTI, 2008).

    Apesar de representar um benefcio socioeco-nmico para a regio nordeste, a construo do porto e do terminal de trancagem gerou impactos ambientais que se revelaram desastrosos (S, 2008), destaca-damente a obstruo de um dos quatro rios (Ipojuca), transformando o esturio em uma laguna costeira (KOENING et al., 2002) e o desequilbrio ecolgico das espcies estuarino-costeiras (KITZMANN & ASMUS, 2006). Com isso, marisqueiros e pescadores saem prejudicados em suas atividades.

    O ordenamento urbano das comunidades que moravam l antes da instalao do Complexo con-tinua gerando conflitos que aguardam por soluo (GOUVEIA, 2011). Vale ressaltar que muitos desses moradores tm relao direta com a pesca artesanal, dependendo dela para garantir a sobrevivncia de suas famlias. Em janeiro de 2010, a dragagem de aprofundamento do canal interno do porto de Suape, teria lanado dejetos (bota-fora) provenientes da dragagem (lama, barra de concreto, ferro...) em cima dos pesqueiros (cabeos e arrecifes naturais), amea-ando a continuidade da atividade pesqueira artesanal e deixando centenas de famlias sem condies de trabalho (REDE MANGUEMAR PE, 2010). Este um impacto negativo aditivo de conflitos de natureza

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    ambiental com reflexos social, econmico e cultural.Duas dragagens de aprofundamento foram

    inseridas na primeira fase do PAC: a dragagem do canal interno foi concluda em maio de 2011, mobi-lizando cerca de 3,9 m3 mil de sedimentos; a draga-gem de aprofundamento do canal externo iniciou em novembro de 2011, prevendo dragar cerca de 4,7 m3 mil (MPOG, 2011; 2012; GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, 2011).

    CONCLUSES

    A dragagem porturia uma necessidade que demanda uma eficiente gesto ambiental do material dragado, em que se considere o monitoramento das condies dos elementos biticos e abiticos, os tra-tamentos e usos possveis dos resduos de dragagem, como tambm fatores socioeconmicos da zona costeira com toda sua dinmica de uso e ocupao.

    A Agenda Ambiental Local deve buscar se enquadrar na poltica de gesto dos portos brasileiros para tratamento dos aspectos ambientais na pers-pectiva de uma gesto negociada, na forma de um importante instrumento no impedimento de conflitos ambientais entre os diversos atores do cenrio portu-rio. No entanto, o desempenho das agncias ambien-tais, as exigncias para o licenciamento ambiental e seu tempo de tramitao tambm constituem fontes de conflito, exigindo disposio para o consenso na resoluo das demandas.

    Cabe lembrar que a responsabilidade pela poluio e pela necessidade de dragagem no apenas dos portos, mas tambm das cidades. Nesse sentido, o planejamento do uso e ocupao do solo deve con-siderar os aspectos social e econmico nas questes ambientais.

    Por outro lado, o acesso prvio s informaes sobre projetos de dragagem porturia tem sido rei-vindicado por grupos tradicionais, que consideram a prvia avaliao da ecotoxicologia dos sedimentos e a seleo criteriosa dos locais de disposio uma forma de evitar ou minimizar possveis danos biodiversida-de aqutica e perda de fontes de sobrevivncia. Nesse sentido, conflito deve ser visto como uma oportuni-dade de definir novas estratgias de desenvolvimento ou mesmo exercitar princpios democrticos nas

    relaes sociais mediadas pela natureza. Os fatos so atuais e, por isso, recomenda-se no deixar escapar o momento propcio para o dilogo sobre a questo, pois dever de todos preservar e conservar, para esta e futuras geraes, os recursos naturais e a qualidade do meio ambiente.

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