artigo sobre produção de cerveja

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  • 7/30/2019 artigo sobre produo de cerveja

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    Braz. J. Food Technol., v. 11, n. 4, p. 279-287, out./dez. 2008

    Autor Correspondente | Corresponding Author

    Recebido | Received: 14/05/2007Aprovado | Approved: 20/10/2008

    Resumo

    O objetivo do presente trabalho oi produzir cervejas utilizando cevada

    como adjunto de malte e compar-las, quanto s caractersticas sico-qumicas

    e sensoriais, com cerveja padro produzida com 60% de malte e 40% de maltose

    de milho. Alm disso, vericou-se a possibilidade de quanticar cada uma das

    matrias-primas (malte, cevada e maltose de milho) empregadas na abricao

    das bebidas pela metodologia de istopos estveis dos elementos qumicos

    carbono (13C) e nitrognio (15N). Foram produzidas cervejas do tipo Pilsen, com

    dierentes quantidades de malte e cevada, porm oi xada a proporo de maltose

    de milho. O mosto oi inoculado com levedura cervejeira de baixa ermentao.A ermentao transcorreu a 10 C e oi acompanhada com medies dirias

    at o valor de 1Brix acima da atenuao limite. Quando atingiu esse valor, a

    cerveja oi engarraada manualmente e levada ao freezer temperatura de 0 C

    por 15 dias, para que ocorresse a maturao. A carbonatao ocorreu na prpria

    garraa, atravs da ermentao do acar residual presente na cerveja, por ao

    de leveduras remanescentes. No 16 dia, iniciaram-se as anlises. Vericou-se

    que, com a utilizao crescente de cevada como adjunto de malte na ormulao

    da cerveja, houve queda na intensidade da cor da bebida e a aceitabilidade oi

    menor. Com a utilizao da metodologia dos istopos estveis dos elementos

    qumicos carbono (13C) e nitrognio (15N), oi possvel identicar e quanticar as

    ontes de carbono C3e C

    4utilizados na abricao das bebidas. Este mtodo no

    permitiu a identicao da cevada em relao ao malte.

    Palavras-chave: Bebida; Fermentao; Qualidade; Istopos; Fraude.

    Summary

    The aim o this work was to produce beers using barley as a malt adjunct,

    and compare them with standard beers produced with malt (60%) and corn

    maltose (40%) with respect to their physicochemical and sensory characteristics.

    In addition, the possibility o quantiying each raw material (malt, barley and

    corn maltose) used in the beer production by way o carbon (13C) and nitrogen

    (15N) isotopic analyses was checked. Pilsen beers were produced with dierent

    amounts o malt and barley, but the proportion o corn maltose was xed. Thewort was inoculated with bottom yeast. Fermentation occurred at 10 C and was

    ollowed by daily measurements until a value o 1 Brix above the attenuation

    limit. When it reached this value, the beer was bottled manually and placed in a

    reezer at 0 C or 15 days to mature. Beer carbonation occurred in the bottle by

    ermentation o the residual sugar by the action o remaining yeast cells. The beers

    were analysed as rom the 16th day. It was shown that as the amount o barley used

    as a malt adjunct in the beer ormulation increased, so the colour intensity and

    acceptability decreased. The use o the carbon (13C) and nitrogen (15N) isotopic

    analyses allowed or the identication and quantication o the C3

    and C4

    carbon

    sources used in the beer production, but did not allow or the identication o

    barley in relation to malt.

    Key words: Beverage; Fermentation; Quality; Isotopes; Adulteration.

    Produo de cerveja utilizando cevada e maltose de milho comoadjunto de malte: anlises fsico-qumica, sensorial e isotpica

    Beer production using barley and corn maltose as malt adjuncts:

    physicochemical, sensory and isotopic analyses

    Autores | Authors

    Roberto Abdallah CURI

    Universidade Estadual Paulista (UNESP)Faculdade de Cincias Agronmicas

    Departamento de Gesto e TecnologiaAgroindustrial

    e-mail: [email protected]

    Waldemar Gastoni VENTURINI

    FILHOUniversidade Estadual Paulista (UNESP)

    Faculdade de Cincias AgronmicasDepartamento de Gesto e Tecnologia

    AgroindustrialCaixa Postal: 237CEP: 18610-307

    Botucatu/SP - Brasile-mail: [email protected]

    Carlos DUCATTI

    Universidade Estadual Paulista (UNESP)Instituto de Biocincias de Botucatu

    Centro de Istopos Estveis Ambientaise-mail: [email protected]

    Toshio NOJIMOTO

    Universidade Estadual Paulista (UNESP)Faculdade de Cincias Agronmicas

    Departamento de Gesto e TecnologiaAgroindustrial

    e-mail: [email protected]

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    essa proporo. Isso pode ser uma importante erramenta

    no combate a possveis raudes.

    O objetivo do presente trabalho oi produzir

    cervejas utilizando cevada como adjunto de malte ecompar-las, quanto s caractersticas sico-qumicas

    e sensoriais, com a cerveja padro produzida com 60%

    de malte e 40% de maltose de milho.

    Vericou-se, tambm, a possibilidade de quanticar

    cada uma das matrias-primas (malte, cevada e maltose

    de milho) empregadas na abricao das bebidas, utili-

    zando a metodologia de istopos estveis dos elementos

    qumicos carbono (13C) e nitrognio (15N).

    Material e mtodos2

    A abricao das cervejas e as anlises sico-qumicas e sensoriais oram realizadas no Laboratrio de

    Bebidas, da Faculdade de Cincias Agronmicas (FCA).

    A anlise isotpica oi realizada no Centro de Istopos

    Estveis Ambientais do Instituto de Biocincias (IB), todos

    pertencentes UNESP, Campus de Botucatu.

    2.1 Material

    2.1.1 Produo da cerveja

    As matrias-primas utilizadas na produo da

    cerveja oram: gua,daredepblicaltradaemdoisltrosde

    carvo ativo;

    Malte,doadopelaMalteriadoValeS/A,emsacosde 50 kg;

    Cevada,doadapelaMalteriadoValeS/A,emsacos de 50 kg;

    Maltosedemilhoemp(MOR-REX1557),doadapor Corn Products International, em sacos de

    25 kg;

    Lpulo,na forma depletes, adquirido emcervejaria industrial.

    Como ermento cervejeiro, oi utilizada levedura de

    baixa ermentao, coletada em ermentadores industriais

    contendo cerveja em processo de maturao.

    2.2 Mtodos

    2.2.1 Planejamento experimental

    Os ensaios de produo de cerveja oram eitos

    com quatro tratamentos (Tabela 1), distribudos em trsblocos (semanas dierentes de abricao), sendo duas

    repeties nas anlises sico-qumicas e trinta nas

    anlises sensoriais.

    Introduo1

    A legislao brasileira (BRASIL,1997)definecerveja como sendo a bebida obtida pela ermentao

    alcolica de mosto oriundo de malte de cevada e guapotvel, por ao de levedura, com adio de lpulo.

    Parte do malte de cevada poder ser substituda por

    adjuntos (cevada, arroz, trigo, centeio, milho, aveia e

    sorgo, todos integrais, em focos ou a sua parte amilcea)

    e por carboidratos de origem vegetal, transormados ou

    no.

    Ainda,segundoalegislaobrasileira(BRASIL,1997), quanto proporo de malte na ormulao, as

    cervejas podem ser classicadas em: a) puro malte,

    aquela que possuir 100% de malte de cevada, em peso,

    na base do extrato primitivo, como onte de acares;

    b) cerveja, aquela que possuir proporo de malte de

    cevada maior ou igual a 50%, em peso, na base do extrato

    primitivo, como onte de acares; c) cerveja com o nome

    do vegetal predominante, aquela que possuir proporo

    de malte de cevada maior do que 20% e menor que

    50%, em peso, na base do extrato primitivo, como onte

    de acares.

    Na abricao das cervejas, podem ser adicionados

    adjuntos que so denidos como matrias-primas ricas

    em carboidratos que substituem parcialmente o malte,

    desde que permitidos por lei. So utilizados, principal-

    mente, por razes econmicas, pois apresentam menorcusto na produo de extrato em relao ao malte e, alm

    disso, melhoram a qualidade sico-qumica e sensorial

    dacervejaacabada(VENTURINIFILHO,2000).

    Os adjuntos so classicados em amilceos e

    aucarados, conorme o tipo de carboidrato que predo-

    mina em sua composio. Os exemplos mais comuns

    de adjuntos amilceos so o arroz, o milho, a cevada, o

    trigo e o sorgo, enquanto que a maltose (oriunda princi-

    palmente do milho) um exemplo de adjunto aucarado

    (VENTURINIFILHO,2000).

    Algumas cervejarias usam uma mistura de malte

    e cevada no maltada para abricao de cerveja. Com

    menos de 30% de cevada, as enzimas do malte podem

    ser sucientes para degradar o amido e a protena durante

    oprocessodemosturao(HOUGH,1991).SegundoStewart (1995), a cevada no maltada pode substituir

    o malte em at 50%, exigindo o emprego de enzimas

    comerciais, alm de dierente programao de tempo e

    temperatura de mosturao.

    Anlises convencionais realizadas em cerveja no

    quanticam a proporo de malte e de adjuntos empre-

    gados na sua ormulao, dicultando a scalizao e

    deteco de produtos ora dos padres de identidade equalidade exigidos por lei. A utilizao da metodologia de

    istopos estveis dos elementos qumicos carbono (13C)

    e nitrognio (15N) permite quanticar, em alguns casos,

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    construda em ao inoxidvel, encamisada e com sistema

    de aquecimento e isolamento trmico, por 60 min, sendo

    que, logo no incio, introduziu-se a maltose de milho em p

    e, aps 30 min, o lpulo em pletes. Terminada a ervura,

    realizou-se o whirlpool, durante 5 min. Aps esse perodo,

    ocorreu repouso de mais 60 min para a retirada do trub,

    por decantao.

    O mosto claricado oi, ento, transerido para

    o ermentador, provido de controlador e indicador de

    temperatura e, neste, resriado temperatura de 10 C,

    em aproximadamente 4 h. Quando o mosto atingiu

    essa temperatura, seu teor de extrato oi corrigido para

    12 Brix, atravs de adio de gua. Posteriormente, o

    mosto oi inoculado com levedura cervejeira (centriu-

    gada) na proporo de 1% m/m e iniciou-se o processo

    de ermentao.Logo aps o seu preparo, 100 mL de mosto

    (12 Brix) oi inoculado com aproximadamente 10 g

    de ermento cervejeiro centriugado e colocado para

    ermentar em temperatura ambiente at a estabilizao

    do teor de extrato (atenuao limite).

    A ermentao oi acompanhada com medies

    dirias at o valor de 1 Brix acima da atenuao limite.

    Quando atingiu esse valor, a cerveja oi engarraada

    manualmente em garraas com capacidade de 600 mL,

    que oram levadas ao reezer temperatura de 0 C por

    15 dias, para que ocorresse a maturao. A carbona-

    tao ocorreu na prpria garraa, atravs da ermentao

    do acar residual presente na cerveja, por ao de

    leveduras remanescentes. No 16 dia, iniciaram-se as

    anlises.

    Nos tratamentos (2, 3 e 4) em que a cevada oi

    usada como adjunto, a mosturao oi realizada pelo

    processo de inuso de duas massas, conorme a

    Figura 2.

    2.2.2 Elaborao das cervejas

    As quantidades de malte, cevada e maltose de

    milho em p utilizadas na produo das cervejas esto

    apresentadas na Tabela 1. Foram utilizados, ainda, 32 kgde gua em cada abricao. Sendo 12 kg na mosturao

    e 20 kg para a lavagem do bagao (torta de ltro).

    O malte utilizado nos quatro tratamentos oi tritu-

    rado em moinho de dois rolos, a seco. Para a abricao

    das cervejas do tratamento 1, oi adicionada gua ao

    malte modo e mosturado em tanque de ao inoxidvel,

    provido de agitador, aquecimento, controlador e indicador

    de temperatura e isolamento trmico, pelo processo de

    inuso, conorme a Figura 1.

    Com o trmino do processo de mosturao,

    realizou-se o teste do iodo, para conrmao da sacari-

    cao do amido. O mosto oi, ento, separado do bagao

    de malte atravs de ltrao convencional sob presso

    atmosrica, na mesma tina de mosturao, equipada,

    tambm, com undo also ranhurado, usando o prprio

    bagao de malte (torta) como elemento ltrante. Aps

    a ltrao do mosto primrio, a torta oi lavada com

    gua temperatura de 80 C, em trs etapas de 20 min

    cada, obtendo, assim, o mosto secundrio. A mistura do

    primrio com o secundrio resultou no mosto misto. Com

    o nal da ltrao, o mosto misto oi ervido em equipa-

    mento denominado ervedor de mosto ou tina de ervura,

    Tabela 1. Quantidade de malte, cevada e maltose de milho emp utilizada na abricao das cervejas.

    Tratamento Malte Cevada Maltose de

    milho

    (kg) (%) (kg) (%) (kg) (%)

    T1 2,4 60 0,0 0,0 1,6 40

    T2 2,0 50 0,4 10 1,6 40

    T3 1,6 40 0,8 20 1,6 40

    T4 1,2 30 1,2 30 1,6 40

    Figura 1.Relaodetempoetemperaturanamosturaopeloprocesso de inuso para as cervejas do tratamento 1.

    Tempo (min)

    Temperatura(C)

    100

    75

    50

    25

    0

    0 25

    30 min

    40 C 1 C/min

    70 C

    80 C

    30 min

    50 75 100 125

    Figura 2.Relaodetempoetemperaturanamosturaopeloprocesso de inuso de duas massas para a produo das

    cervejas dos tratamentos 2, 3 e 4.

    Tempo (min)

    0

    25Temperatura(C)

    50

    75

    100

    30

    30 min

    1 C/min

    1 C/min

    30 min

    40 C

    30 min

    30 min

    70 C

    80 C

    Ebulio

    38 C

    60 90 120 150 180 210

    Adjunto (cevada) Malte

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    metria) e teor de extrato (densimetria), conorme EBC

    (1987). Na maltose de milho em p, oram realizadas as

    determinaes de umidade (gravimetria), teor de extrato

    (densimetria),odor(olfato)epH(potenciometria)EBC(1987).

    No mosto, oram analisados o teor de extrato

    (densimetria),pH(potenciometria),cor(espectrofoto-metria, 430 nm), ermentabilidade [F = (12 - teor extrato

    ermentado/12) x 100] e amargor (extrao de subs-

    tncias amargas com iso-octano e espectrootometria,

    275 nm), segundo EBC (1987) e acidez total (titulometria

    com soda 0,1 N), de acordo com ASBC (1958).

    As anlises realizadas nas cervejas oram: extrato

    aparente (densimetria); extrato real (densimetria), ermen-

    tabilidade aparente [FA

    = (12 teor extrato aparente/12)

    x 100], ermentabilidade real [FR = (12 teor extratoreal/12) x 100], lcool (mtodo da destilao e densi-

    metria),pH(potenciometria),cor(espectrofotometria,430 nm) e amargor (extrao de substncias amargas

    com iso-octano e espectrootometria, 275 nm), conorme

    EBC (1987), acidez total (titulometria com soda 0,1 N) e

    CO2

    (tabela presso-temperatura e correo do volume

    de ar com soda), de acordo com ASBC (1958), espuma

    (tempo de colapso), atravs de De Clerk (1958) e turbidez

    (neelometria com suspenso de ormazina), de acordo

    com EBC (1987).

    2.2.5 Anlise sensorial

    A anlise sensorial das cervejas oi realizada em

    cabinas apropriadas, sob luz branca, longe de rudos

    e de odores. Foi aplicado o teste de aceitao global

    (escala hednica estruturada), com pontos variando de

    um (1 = desgostei extremamente) a nove (9 = gostei

    extremamente), de acordo com Stone e Sidel (1985). O

    painel sensorial oi composto por 30 provadores de ambos

    os sexos. As amostras (codicadas com 3 dgitos) oram

    servidas em copo de vidro e estavam temperatura de

    5 C.

    2.2.6 Anlise estatstica

    Para a anlise sensorial, oram recrutados trinta

    provadores que no oram necessariamente os mesmos

    nos trs blocos (trinta repeties por bloco e trata-

    mento).

    O eeito de tratamento, para cada varivel, oi estu-

    dado utilizando-se Anlise de Varincia para experimento

    em blocos, (Tabela 2) com repetio (trinta no caso das

    variveis sensoriais e duas no caso das variveis sico-

    qumicas)conformeVieiraeHoffman(1989).

    Em todas as anlises (sensorial e sico-qumica),oram calculadas as estatsticas F e p para vericar eeito

    de tratamento. As mdias dos tratamentos oram compa-

    radas pelo teste de Tukey.

    Foram utilizados dois tanques para a produo

    do mosto cervejeiro. No tanque denominado cozedor

    de cereal, ocorreu a adio de pequena quantidade de

    malte modo (10% em relao massa do adjunto) em

    gua a 38 C, permanecendo em macerao durante

    30 min. Em seguida, adicionou-se a cevada e elevou-se

    a temperatura da massa at a ebulio, que oi mantida

    por mais 30 min. Aps o perodo de ervura, essa mistura

    (adjunto/malte/gua) oi transerida para a tina de

    mosturao, onde estava a massa principal de malte, e

    mosturada como descrito anteriormente.

    2.2.3 Produo dos padres de referncia da anliseisotpica

    O padro de malte oi produzido utilizando-se 50 g

    de malte previamente modo, ao qual oram adicionados200 g de gua destilada a 40 C. A mistura permaneceu

    em repouso por 30 min e, posteriormente, elevou-se a

    temperatura taxa aproximada de 1 C por minuto at

    atingir 70 C. Neste momento, oram adicionados mais

    100 g de gua destilada (70 C) mistura, que perma-

    neceu em repouso por 60 min. Em seguida, elevou-se a

    temperatura a 80 C e procedeu-se ao resriamento da

    mistura temperatura ambiente, num intervalo de 15 min.

    A ltrao oi realizada em papel de ltro comum, para

    retirar o bagao de malte. Em seguida, erveu-se o mosto

    por 60 min, sendo que, a cada 15 min, completava-se o

    volume inicial com gua destilada (EBC, 1987). A seguir,o teor de extrato oi corrigido para 12 Brix e adicionou-se

    levedura cervejeira de baixa ermentao. A ermentao

    oi conduzida temperatura de 10 C, dando origem ao

    ermentado puro malte, que passou a ser considerado

    padro de reerncia de onte de carbono C3.

    Como padro de onte de carbono C4, oi utilizada

    a maltose de milho diluda em gua (12 Brix). Esse mosto

    oi ermentado nas mesmas condies que o mosto de

    malte.

    Os valores isotpicos (13C) do padro de malte

    (C3) e do padro de maltose de milho (C4) oram usadosno clculo da percentagem de carbono C3

    e C4

    nas

    cervejas.

    2.2.4 Anlise fsico-qumica

    No malte, oram realizadas as seguintes determina-

    es: umidade (gravimetria), teor de extrato (sacaricao

    enzimtica do amido do malte e densimetria), odor

    (olato), ermentabilidade [F = (teor extrato mosto - teor

    extrato ermentado/teor extrato mosto) x 100], velocidade

    de sacaricao (tempo de sacaricao), velocidade de

    ltrao (tempo de ltrao), poder diasttico (hidrlise

    enzimtica de soluo padro de amido por enzimasdo malte e quanticao de acares redutores por

    iodometria)epH(potenciometria),deacordocomEBC(1987). Na cevada oram determinados umidade (gravi-

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    Onde:

    a = enriquecimento relativo (13C) das ontes

    de carbono no padro de malte;

    b = enriquecimento relativo (13C) das ontesde carbono no padro de milho;

    p = enriquecimento relativo (13C) do carbono

    no produto (cerveja);

    A=propororelativadasfontesdecarbonodo malte no produto;

    B=propororelativadasfontesdecarbonodo milho no produto; e

    A+B=1.

    Resultados e discusso3

    3.1 Anlises das matrias-primas

    As anlises do malte e da cevada utilizados na abri-

    cao das cervejas esto relacionadas na Tabela 3.

    O teor de umidade do malte de 8,2% oi elevado se

    comparado s recomendaes eitas na literatura. Isso

    pode ter ocorrido em uno do transporte e armazena-

    mento. Almeida e Silva (2005) citam uma aixa de 4 a 6% e

    Hough(1991)recomendade4a5%.Ovalordeumidadeda cevada de 11,1% est dentro da aixa descrita por

    Almeida e Silva (2005) entre 10 e 14%. Como o malte e a

    cevada utilizados neste trabalho oram armazenados em

    reezer a 0 C, no soreram decomposio microbiana

    e nem ataques de insetos.

    As demais variveis apresentadas na Tabela 3

    apresentaramvaloresemconcordnciacomHough(1991),Reinold(1997),Sleiman(2002)eVenturiniFilho(2000).

    2.2.7 Anlise dos istopos estveis de13C e15N

    Nas matrias-primas, nas cervejas e nos ermen-

    tados padres, oram realizadas anlises dos istopos

    estveis de13

    C e15

    N. O malte e a cevada oram modos emmoinho criognico, contendo nitrognio lquido, durante

    cinco minutos, a m de obter material homogneo com

    granulometria semelhante a talco. A maltose de milho em

    p no precisou ser moda, pois j tinha granulometria

    adequada.

    Para anlises dos valores isotpicos de 13C, as

    cervejas e os ermentados padres oram descarbona-

    tados em agitador rotativo (4 h), evitando, assim, que o

    CO2

    produzido durante as ases de ermentao e matu-

    rao intererisse nas anlises isotpicas. Para amostras

    lquidas, tomou-se uma alquota de 1,1 L, utilizando-se

    pipeta volumtrica e para amostras slidas pesou-se60 g. Essas amostras oram colocadas em cpsulas

    de estanho contendo chromosorb. As cpsulas oram

    introduzidas em analisador elementar (EA 1108 CHN

    Fisons Elemental Analyzer), onde soreram combusto

    total a 1.020 C, convertendo, assim, todo o carbono da

    amostra em CO2, que oi direcionado ao espectrmetro

    demassaderazoisotpica(IRMS- Delta S FinniganMat) para a vericao dos valores de 13C.

    Para as anlises dos valores isotpicos de 15N,

    as amostras de cerveja oram desidratadas em estua,

    com circulao de ar, temperatura de 50 C, a m de

    concentrar o nitrognio. O peso das amostras oi de

    700 g. O CO2

    gerado oi retido com carbosorbe a gua

    oi retida com perclorato de magnsio. O N2

    e xidos de

    nitrognio da amostra passaram por uma coluna de C a

    650 C, para a converso completa em N2e determinao

    dos valores de 15N.

    As matrias-primas e as cervejas oram analisadas

    em duplicata.

    Para determinar a quantidade (%) de cada matria-

    prima encontrada na cerveja, oi utilizada a Equao 1.

    a*A + b*B = p (1)

    Tabela 2. Anlise de varincia dos resultados das anlisessico-qumicas e sensoriais de mosto e cerveja.

    Causa de

    variao

    GL SQ QM F

    Tratamento 3 - QMtratamento

    QMtrat./QMres.

    Bloco 2 - - -

    Interao

    tratamento x bloco

    6 - - -

    Resduo 12 - QMresduo -

    Total 23 - QMtotal -GL-grausdeliberdade;SQ-somadequadrados;QM-quadradomdio;paraaanlisesensorialdecerveja,GLresduo=348eGLtotal = 359.

    Tabela 3. Anlise de malte, cevada e maltose de milho em pusado na abricao das cervejas.

    Variveis Malte Cevada Maltose de

    milho

    Umidade(%) 8,2 11,1 3,4

    Teor de extrato (%)a 81,9 82,1 96,6

    Velocidade de

    sacaricao (min)

    10-15 - -

    Velocidade de ltrao Normal - -

    Odor Normal - Caracterstico

    Fermentabilidade

    aparente (%)

    80,60 - -

    Fermentabilidade real (%) 65,29 - -Poder diasttico (WK)a 243,00 - -

    pH 5,63 - 4,58ba Base peso seco; e b soluo 10%.

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    CURI, R. A. et al.

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    3.3 Anlises fsico-qumicas das cervejas

    Os resultados da anlise sico-qumica das

    cervejas so mostrados nas Tabelas 6 e 7.

    Com a utilizao crescente de cevada na ormu-lao, ocorreu reduo na intensidade da cor das

    cervejas, pelos mesmos motivos descritos no item 3.2.

    Percebe-se, tambm, em todos os tratamentos, que a cor

    da cerveja oi menor que a do mosto. De acordo com De

    Clerk (1958), isto ocorre devido eliminao de material

    corante na espuma durante o processo ermentativo,

    ao redutora da levedura sobre as molculas oxidadas

    detaninoereduodosvaloresdepH.Brasil(1997)classica cervejas claras como sendo as que contm at

    20 unidades EBC. Portanto, as cervejas produzidas neste

    trabalho esto dentro desta classicao.

    O teor de gs carbnico apresentou valores que

    no dieriram signicativamente entre os tratamentos e

    mostraram-se acima das aixas propostas por Compton

    (1978) que variaram de 2,4 a 2,8 v/v e Swistowicz (1978)

    que oram de 2,55 a 2,75 v/v. No presente trabalho, o mais

    importante o valor relativo de carbonatao do produto

    entre os tratamentos, j que uma possvel dierena no

    nvel de CO2

    poderia ter intererido negativamente na

    anlise sensorial das cervejas.

    As demais variveis apresentadas na Tabela 6

    apresentaram valores em concordncia com Compton

    (1978),Hardwick(1995),Reinold(1997),Sleiman(2002)e Venturini Filho (2000).

    3.4 Anlise sensorial das cervejas

    Os resultados da anlise sensorial das cervejas

    so mostrados nas Tabelas 8 e 9.

    A cerveja de maior aceitao, caracterizada por

    mdia mais alta na prova sensorial, oi obtida no trata-

    mento 100% malte. Os tratamentos 2 e 3 obtiveram mdias

    intermedirias e no dieriram entre si. A bebida de menor

    aceitao oi aquela produzida com a menor proporo

    de malte na ormulao (30%).De acordo com Bradee (1977), quantidades

    elevadas de cevada na ormulao podem resultar em

    3.2 Anlises dos mostos

    Os resultados da anlise sico-qumica dos mostos

    so mostrados nas Tabelas 4 e 5.

    Constatou-se que, na medida em que se aumentoua quantidade de cevada na ormulao, ocorreu queda

    signiicativa na intensidade da cor. De acordo com

    Stewart (1995), a utilizao de cevada como adjunto

    provoca diminuio da intensidade da cor no mosto.

    Sleiman (2002), mesmo utilizando outros tipos de adjunto,

    tambm, vericou que eles oram responsveis pela

    reduo da intensidade da cor quando comparados aos

    mostos que no zeram uso desta matria-prima. Venturini

    Filho (2000) e Bradde (1977) mencionam que o uso de

    adjuntos resulta em cervejas com menor intensidade de

    cor. Vericou-se que a casca da cevada no contribuiu

    para a cor do mosto na mesma intensidade que a cascado malte.

    Os resultados de extrato para os dierentes trata-

    mentos no apresentaram dierena signicativa, pois

    oram corrigidos para 12 Brix. De acordo com Brasil

    (1997), as cervejas abricadas com mostos a 12 Brix so

    classicadas como comuns pela legislao brasileira.

    Os resultados da atenuao limite, ermentabili-

    dade,pH,acideztotaleamargor,apresentaramvaloresemconformidadecomHough(1991),Meilgaard(1978)e Sleiman (2002).

    Tabela 4.Resultadosestatsticosdaanlisefsico-qumicadosmostos.

    Variveis QM

    tratamento

    QM

    resduo

    Estatstica

    Extrato (Brix) 0,01111 0,01111 F = 1,00

    Atenuao l imi te (Br ix) 0,10889 0,00722 F = 15,08a

    Fermentabilidade (%) 5,79851 1,21446 F = 4,77

    pH 0,01765 0,00283 F = 6,23

    Acidez total (% m/v) 0,00072 0,00017 F = 4,30

    Cor (EBC) 21,05153 0,01208 F = 1742,20a

    Amargor (UA) 0,06931 0,01708 F = 4,06aDiferenaestatsticasignicativa(p

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    7/9Braz. J. Food Technol., v. 11, n. 4, p. 279-287, out./dez. 2008 285

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    resultados dever impossibilitar a identicao do malte

    em relao cevada e vice-versa, nas cervejas abri-

    cadas.

    A maltose de milho apresentou valor mdio de 13C

    igual a 11,53, caracterstico de plantas C4. Esse resul-

    tado dever possibilitar sua identicao nas cervejas

    que zeram uso deste adjunto. Essa matria-prima, que

    constituda basicamente de carboidratos [Cx(H

    2O)

    y],

    no apresentou valores isotpicos para o nitrognio,

    conorme previsto.

    Os valores mdios de 13C e 15N apresentadosna Tabela 10 esto em conormidade com os valores

    citados por Brooks et al. (2002), Schmidt et al. (1980) e

    Sleiman (2006).

    cerveja com sabor spero. Este pode ter sido um dos

    atores que infuenciaram os provadores, que atriburamnotas mais baixas s cervejas abricadas com maiores

    quantidades de cevada.

    3.5 Anlise isotpica

    3.5.1 Anlise das matrias-primas

    Os valores obtidos para o 13C e 15N nas amostras

    de malte e cevada esto relacionados na Tabela 10.

    A dierena de 1,01, observada na Tabela 10,

    entre o 15N da cevada e do malte pode ser indicativo

    de que essas matrias-primas no tenham a mesmaorigem.

    As mdias do 13C do malte e da cevada apre-

    sentam valores muito prximos. Essa proximidade de

    Tabela 6. Anlise sico-qumica das cervejas.

    Variveis Tratamentos

    T1 T2 T3 T4

    lcool(GL) 4,7 0,05a 4,5 0,12b 4,7 0,08a 4,8 0,05a

    Extrato real (Brix) 4,6 0,10a 4,6 0,21a 4,6 0,15a 4,8 0,10a

    Fermentabilidade real (%) 61,39 0,86a 61,39 1,72a 62,50 1,29a 59,72 0,86a

    Extrato aparente (oBrix) 3,0 0,23a 2,9 0,31a 2,7 0,10a 3,1 0,05a

    Fermentabilidade aparente (%) 75,28 1,88a 75,83 2,58a 77,22 0,86a 74,45 0,43a

    pH 3,84 0,10a 3,91 0,02a 3,79 0,23a 3,78 0,11a

    Acidez total (%m/v) 0,15 0,01a 0,13 0,01a 0,15 0,01a 0,16 0,02a

    Cor (EBC) 8,6 0,31a 7,0 0,12b 6,2 0,20c 5,6 0,15d

    Amargor (UA) 11,5 0,14a 11,5 0,43a 11,8 0,26a 11,4 0,22a

    Turbidez (EBC) 1,6 0,11a 1,6 0,11a 1,6 0,10a 1,6 0,26

    Espuma (s) 146 4,88a 142 5,54a 146 6,55a 144 4,67a

    CO2

    (v/v) 3,2 0,19a 3,0 0,12a 3,2 0,23a 3,2 0,19a

    Letras dierentes indicam dierenas signicativas entre tratamentos pelo teste de Tukey (p < 0,05).

    Tabela 8. Anlise sensorial das cervejas pelo teste de escalahednica.

    Tratamentos Blocos Mdias dos

    tratamentosB1 B2 B3

    T1 8,2 0,8 8,0 1,0 7,9 0,8 8,0a

    T2 6,8 1,7 6,5 1,3 6,6 1,1 6,6b

    T3 6,6 1,4 6,7 1,4 6,6 1,3 6,6b

    T4 4,2 1,3 4,5 1,5 4,1 1,7 4,3c

    Mdiasdosblocos

    6,5 6,4 6,3 -

    Letras dierentes indicam dierenas signicativas entre tratamentospelo teste de Tukey (p < 0,05).

    Tabela 9. Resultadosestatsticos daanlise sensorial dascervejas pelo teste de escala hednica.

    Varivel Tratamento Resduo Estatstica

    GL QM GL QM

    Avaliao

    global

    3 221,084 348 1,680 F = 131,58*

    * Dierena estatstica signicativa (p < 0,05).

    Tabela 7.Resultadosestatsticosdaanlisefsico-qumicadascervejas.

    Variveis QM

    tratamento

    QM

    resduo

    Estatstica

    lcool(GL) 0,09611 0,00250 F = 38,44a

    Extrato real (Brix) 0,11333 0,06167 F = 1,84

    Fermentabi lidade rea l (%) 7,87966 4,27316 F = 1,84

    Extrato aparente (Brix) 0,11778 0,10611 F = 1,11

    Fermentabilidade

    aparente (%)

    8,17656 7,36591 F = 1,11

    pH 0,02390 0,00302 F = 7,92

    Acidez total (%m/v) 0,00104 0,00013 F = 7,79

    Cor (EBC) 10,48375 0,01875 F = 559,13a

    Amargor (UA) 0,21833 0,02500 F = 8,73

    Turbidez (EBC) 0,01056 0,02750 F = 0,38

    Espuma (s) 17,11100 36,33300 F = 0,47

    CO2

    (v/v) 0,20370 0,03710 F = 5,49aDiferenaestatsticasignicativa(p

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    Concluses4

    Dentro das condies experimentais deste

    trabalho, pode-se concluir:

    Ousodecevadacomoadjuntodemalteinter-

    ere negativamente na qualidade sensorial dacerveja;

    Nose recomendao uso decevadacomoadjunto de malte na abricao de cervejas tipo

    Pilsen; e

    Ametodologiabaseadanarazoisotpicadocarbono adequada para estimar a proporo

    de carbono de origem C3

    e C4

    na cerveja, mas

    no permite identicar a presena de cevada

    na bebida.

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    3.5.2 Anlise das cervejas

    Os valores da anlise isotpica de 13C e 15N esto

    relacionados na Tabela 11.

    A mdia dos valores de 13C encontrados indica a

    presena da maltose de milho, onte de carbono C4, que

    oi utilizada na ormulao das cervejas. Porm, no oi

    possvel dierenciar a cevada em relao ao malte nas

    bebidas produzidas.

    Os valores mdios da anlise isotpica de 13C e

    as respectivas porcentagens de carbono C3

    e C4

    encon-

    trados nas cervejas esto apresentados na Tabela 12.

    O erro de 2 a 6% observado para a concentrao

    de carbono C3nas cervejas pode ser atribudo perda de

    carboidratos, das ontes de carbono C3(malte e cevada),

    ocorrida durante o processo de ltrao do mosto. Neste

    caso, uma parcela dos carboidratos na orma solvel

    (acares e dextrinas) e insolvel (amido) oi perdida natorta de ltrao (bagao de malte). Isto explica porque

    os valores de concentrao de C3

    so sempre ineriores

    a 60% (proporo das ontes C3

    na ormulao).

    Tabela 10. Valores mdios de 13C e 15N nas amostras de malte,cevada e maltose de milho em p utilizados na abricao das

    cervejas.

    Amostra 13C () 15N ()

    Mdia D. M. Mdia D. M.

    Malte(C3) -27,40 0,02 3,91 0,03

    Cevada (C3) -27,19 0,07 2,90 0,15

    Maltosedemilhoem p (C

    4)

    -11,53 0,01 - -

    D.M.desviomdio(mdiadosdesviosemvalorabsoluto);C3 planta

    do ciclo otossinttico C3; e C

    4 planta do ciclo otossinttico C

    4.

    Tabela 11. Valores mdios da anlise isotpica de 13C e 15Nnas cervejas.

    Amostra 13

    C () 15

    N ()Mdia D. M. Mdia D. M.

    T1B1 -20,07 0,20 3,19 0,05

    T1B2 -20,16 0,14 2,93 0,03

    T1B3 -20,10 0,17 2,91 0,03

    T2B1 -20,10 0,16 2,97 0,01

    T2B2 -20,30 0,03 3,03 0,02

    T2B3 -20,34 0,18 2,99 0,02

    T3B1 -20,11 0,09 2,90 0,06

    T3B2 -20,16 0,17 3,05 0,10

    T3B3 -20,30 0,01 2,91 0,08

    T4B1 -20,55 0,15 3,04 0,04

    T4B2 -20,14 0,08 2,93 0,08

    T4B3 -20,14 0,10 2,98 0,04

    D.M. desviomdio (mdiadosdesvios emvalorabsoluto);T Tratamento; e B Bloco.

    Tabela 12. Valores mdios da anlise isotpica de 13C e asrespectivas porcentagens de matria-prima encontrada nas

    cervejas.

    Amostra 13C () Cervejaa

    T1B1 -20,07 54% de C3 e 46% de C4T1B2 -20,16 55% de C

    3e 45% de C

    4

    T1B3 -20,10 54% de C3

    e 46% de C4

    T2B1 -20,10 54% de C3

    e 46% de C4

    T2B2 -20,30 56% de C3

    e 44% de C4

    T2B3 -20,34 56% de C3

    e 44% de C4

    T3B1 -20,11 55% de C3

    e 45% de C4

    T3B2 -20,16 55% de C3

    e 45% de C4

    T3B3 -20,30 56% de C3

    e 44% de C4

    T4B1 -20,55 58% de C3

    e 42% de C4

    T4B2 -20,14 55% de C3

    e 45% de C4

    T4B3 -20,14 55% de C3

    e 45% de C4

    a Para o clculo das porcentagens de carbono C3e C

    4, encontrados nas

    cervejas, oram utilizados os valores mdios de 13C dos ermentadospadres (cerveja puro malte = -26,81 e cerveja puro milho =-12,07). C

    3 Planta do ciclo otossinttico C

    3. C

    4 Planta do ciclo

    otossinttico C4. T Tratamento; e B bloco.

  • 7/30/2019 artigo sobre produo de cerveja

    9/9Braz J Food Technol v 11 n 4 p 279-287 out /dez 2008 287

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