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ARTIGO TÉCNCIO – Utilização do sangue jersey em cruzamentos. Vantagens e desvantagens. Stefanie Alvarenga Santos – Estudante de mestrado em Nutrição e produção de ruminantes DZO/UFV A raça Jersey, conhecida por sua característica manteigueira vem ganhando destaque devido à nova conjuntura que se estabelece aos pouco no cenário brasileiro, o pagamento por sólidos no leite. O melhoramento genético realizado durante anos, confere a esta raça, a capacidade de produção de gordura e proteína em taxas mais elevadas que a raça holandesa, sendo esta característica facilmente transmitida pela mãe às filhas. Algumas das vantagens em se utilizar a raça Jersey em cruzamento com holandês ou mestiço HZ são: facilidade de parto, maior vida produtiva, maior quantidade de sólidos por kg de peso vivo, além da adaptação ao clima mais quente. Porém existem algumas desvantagens como a debilidade dos ligamentos suspensórios do úbere, tendência a maior contagem de células somáticas em relação a outras raças e talvez como maior desvantagem, pouca utilização dos machos oriundos de cruzamento em que se utilizou Jersey, na produção de carne. Entretanto, o aumento na procura de sêmen Jersey só está abaixo do girolando, sendo crescente o número de provas de touros e compra e venda de animais da raça, mostrando que o mérito do cruzamento é notável. A raça pode ser utilizada em cruzamentos simples, rotativos entre duas ou três raças, ou após um cruzamento absorvente, sendo que o filho oriundo do choque de sangue de duas raças distintas apresenta o máximo valor de heterose. Tabela 1 - Resultados de cruzamento entre Jersey e Holandês na Nova Zelândia em 2001, segundo LIC 2003. Descrição Holandês Jersey Cruzado Leite (litros) 3912 2813 3519 Sólidos (kg) 306 275 304 Sólidos/ PV 0,630 0,720 0,690 Gordura (%) 4,4 5,7 5,0 Tabela 2 – Razões para finalização da lactação das vacas filhas de mães cruzadas HZ e diferentes pais: razões Holandê s Jersey PS 60 dias p/ parto 37,9 61,1 43,6 Baixa produção 52,9 30,9 49,7 enfermidade 9,2 8,0 6,7 total 100 100 100 Na tabela 2, podem ser observadas as razões para finalização da lactação das vacas. A maior percentagem das filhas geradas de pais Jersey, tiveram encerradas suas lactações porque atingiram os 60 dias antes do parto, enquanto que a maioria das filhas de touro holandês, por baixa produtividade. Para a raça pardo-suíço a proporção foi semelhante para as duas principais situações. Foi feita ainda uma análise econômica para quatro diferentes situações de pagamento por sólidos. A 1° é a valorização de quantidade de leite, gordura e proteína da mesma forma, que é o que ocorre no Brasil. A 2° é a maior valorização da gordura. A 3° maior valorização da gordura e proteína, como vem ocorrendo em algumas cooperativas. E a 4° situação é o que ocorre na Nova Zelândia, que a supervalorização da proteína, alta valorização da gordura e penalização da quantidade de leite. O lucro para cada situação em relação a diferentes raças dos pais está na tabela 3, não sendo apresentados dados monetários, e sim, um valor relativo para as diferentes situações. Tabela 3 – Lucro líquido em equivalente leite para diferentes raças dos pais nas diferentes situações apresentadas: Situação Holandês Jersey PS 1 0,86 1,27 0,34 2 0,86 1,32 0,37 3 0,81 1,39 0,41 4 0,55 1,46 0,46 Observa-se que as filhas de pais da raça Jersey proporcionaram maior lucro em todas as situações, sendo maior na situação 4. Outros resultados desta pesquisa mostram que existe maior receita com novilhas excedentes para pai jersey e menor receita

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ARTIGO TÉCNCIO – Utilização do sangue jersey em cruzamentos. Vantagens e desvantagens.Stefanie Alvarenga Santos – Estudante de mestrado em Nutrição e produção de ruminantes DZO/UFV

A raça Jersey, conhecida por sua característica manteigueira vem ganhando destaque devido à nova conjuntura que se estabelece aos pouco no cenário brasileiro, o pagamento por sólidos no leite. O melhoramento genético realizado durante anos, confere a esta raça, a capacidade de produção de gordura e proteína em taxas mais elevadas que a raça holandesa, sendo esta característica facilmente transmitida pela mãe às filhas.

Algumas das vantagens em se utilizar a raça Jersey em cruzamento com holandês ou mestiço HZ são: facilidade de parto, maior vida produtiva, maior quantidade de sólidos por kg de peso vivo, além da adaptação ao clima mais quente. Porém existem algumas desvantagens como a debilidade dos ligamentos suspensórios do úbere, tendência a maior contagem de células somáticas em relação a outras raças e talvez como maior desvantagem, pouca utilização dos machos oriundos de cruzamento em que se utilizou Jersey, na produção de carne. Entretanto, o aumento na procura de sêmen Jersey só está abaixo do girolando, sendo crescente o número de provas de touros e compra e venda de animais da raça, mostrando que o mérito do cruzamento é notável. A raça pode ser utilizada em cruzamentos simples, rotativos entre duas ou três raças, ou após um cruzamento absorvente, sendo que o filho oriundo do choque de sangue de duas raças distintas apresenta o máximo valor de heterose.

Tabela 1 - Resultados de cruzamento entre Jersey e Holandês na Nova Zelândia em 2001, segundo LIC 2003.Descrição Holandês Jersey CruzadoLeite (litros) 3912 2813 3519Sólidos (kg) 306 275 304Sólidos/PV 0,630 0,720 0,690Gordura (%) 4,4 5,7 5,0Proteína (%) 3,5 4,1 3,7

Observa-se na tabela 1 que o desempenho dos animais cruzados apresenta valores superiores aos da média de desempenho dos pais, representando a heterose.

Estudos realizados no DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA da UFV,em 1991 e na EMBRAPA GADO DE LEITE em 2003 pelos pesquisadores Roberto Teodoro e Fernando Madalena mostraram que quando se realiza cruzamento de mães de diferentes graus de sangue HZ com pais das raças holandês, Jersey ou pardo-suíço (tricross), as filhas geradas a partir de pai Jersey apresentam menor produção de leite, compensada pela maior vida produtiva no rebanho, e menor média de intervalo de partos, aliados a maior produção de sólidos.

Tabela 2 – Razões para finalização da lactação das vacas filhas de mães cruzadas HZ e diferentes pais:razões Holandês Jersey PS60 dias p/ parto 37,9 61,1 43,6Baixa produção 52,9 30,9 49,7enfermidade 9,2 8,0 6,7total 100 100 100

Na tabela 2, podem ser observadas as razões para finalização da lactação das vacas. A maior percentagem das filhas geradas de pais Jersey, tiveram encerradas suas lactações porque atingiram os 60 dias antes do parto, enquanto que a maioria das filhas de touro holandês, por baixa produtividade. Para a raça pardo-suíço a proporção foi semelhante para as duas principais situações. Foi feita ainda uma análise econômica para quatro diferentes situações de pagamento por sólidos. A 1° é a valorização de quantidade de leite, gordura e proteína da mesma forma, que é o que ocorre no Brasil. A 2° é a maior valorização da gordura. A 3° maior valorização da gordura e proteína, como vem ocorrendo em algumas cooperativas. E a 4° situação é o que ocorre na Nova Zelândia, que a supervalorização da proteína, alta valorização da gordura e penalização da quantidade de leite. O lucro para cada situação em relação a diferentes raças dos pais está na tabela 3, não sendo apresentados dados monetários, e sim, um valor relativo para as diferentes situações.

Tabela 3 – Lucro líquido em equivalente leite para diferentes raças dos pais nas diferentes situações apresentadas:Situação Holandês Jersey PS

1 0,86 1,27 0,342 0,86 1,32 0,373 0,81 1,39 0,414 0,55 1,46 0,46

Observa-se que as filhas de pais da raça Jersey proporcionaram maior lucro em todas as situações, sendo maior na situação 4. Outros resultados desta pesquisa mostram que existe maior receita com novilhas excedentes para pai jersey e menor receita com descarte de vacas e venda de machos de 1 dia. A partir destes resultados, nota-se que a raça Jersey vem ganhando destaque no cenário da pecuária de leite no Brasil, com isso a SOUCAM já recebeu o primeiro lote de novilhas cruzadas com a raça. Entretanto antes de melhorar qualidade do leite utilizando a raça, é necessário que a empresa já tenha boa média de produção de leite. E é importante saber que para fazer melhoramento genético, é necessária a preocupação com a recria das fêmeas para que seja praticada a seleção de animais superiores, passando a diante a boa genética que existe dentro da propriedade, preocupando-se ainda em utilizar no cruzamento machos que elevem o desempenho das filhas.

Brinco Genética Nasci -mento

Filiação Situação reprodutivaPai Mãe/produção

402 1/2 HZ 23/02/04 Ogan Banana/ 25 litros no pico IA Samuel em 22/11/05 DG +403ZA 1/2 HZ 23/03/04 Quiosque Carlota/ 21 litros no pico IA Samuel em 14/12/05 DG +403 1/2 HZ 03/02/04 Orbital Faceira/ 20 litros no pico da lactação IA Samuel em 14/12/05 DG + 403R 7/8 HZ 15/03/04 Garcia Garapa/ 21 litros no pico da lactação IA Puno em 27/12/05 DG + 25 7/8 HZ 12/05/04 Touro Paloma/ 6000 kg na lactação IA Samuel em 09/01/06 Dg + 1363 3/4 HZ 13/03/03 Dustin Traira/ sem informação (rebanho 18 L de média) IA Lazer em 18/01/06 DG + 404 3/4 HZ 17/03/04 Garcia Palestra/ 20 litros no pico da lactação IA Lazer em 29/01/06 DG +1074 1/2 HZ 23/10/03 Orbital Carla/ sem informação (rebanho 18 L de média) IA Lazer em07/02/06 DG +

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19 3/4 HZ 07/03/04 Woodrow Estrela/ 5000kg na lactação IA Lazer em 22/02/06405 7/8 HZ 20/05/04 Palma Teteia/ 21 litros no pico IA Puno em 22/02/06

Mais 20 novilhas estão inseminadas aguardando diagnóstico de gestão