5

Click here to load reader

ARTIGO UNIFOR

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ARTIGO UNIFOR

XVI Encontro de Iniciação à PesquisaUniversidade de Fortaleza

20 a 22 de Outubro de 2010

MARANGUAPE – CE: PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS

Palavras-chave: Região Metropolitana. Atividades industriais. Costumes rurais.

Resumo

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa realizada durante a disciplina de Geografia

Urbana do Curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), tendo como objetivo

apresentar uma análise do município de Maranguape-Ce, a partir das transformações

socioespaciais ocorridas desde a década de 1970 quando o município passa a integrar a Região

Metropolitana de Fortaleza (RMF) até a atualidade, destacando-se suas principais atividades em

desenvolvimento (fábricas e confecções) que dinamizam a organização socioespacial do

município. Outro aspecto a ser abordado neste trabalho refere-se à sua peculiaridade quanto às

características interioranas observadas no município, com poucas movimentações de pessoas e

veículos, sendo atípico em relação a outros municípios de regiões metropolitanas brasileiras.

Introdução

O município de Maranguape, inserido na região metropolitana de Fortaleza, conforme

dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) possui uma população de

aproximadamente 110.523 habitantes. Possui 17 distritos se configurando como um dos municípios

nordestinos que possuem mais distritos, possibilitando, assim, uma maior arrecadação de impostos

para o município.

Até a década de 1970 a principal atividade de Maranguape era a agricultura. Quando da in-

serção do município na RMF suas atividades se reconfiguram e este passa a possuir como princi-

pal atividade a indústria, seguido do setor terciário.

Segundo Mendes e Amora (2009, p. 2):

O setor industrial de Maranguape tornou-se bastante expressivo nos últimos anos, haja vista todo o conjunto de políticas destinadas ao fomento desta ativida-de. O município configura, atualmente, uma realidade mais próxima do padrão encontrado nas regiões metropolitanas brasileiras em geral, e nordestinas em particular, onde a indústria tem tido peso significativo na organização espacial metropolitana.

No ano de 2000, Maranguape já contava com uma população de 88.135 habitantes, sendo

que deste total cerca de 75% residiam nas áreas urbanas, evidenciando como a atividade industrial

ISSN 18088449

Page 2: ARTIGO UNIFOR

alterou de forma substancial o espaço do município, que agora já contava com sua população em

maior parte nas áreas urbanas.

Metodologia

Para a realização dessa pesquisa foram utilizados textos de autores que trabalham com a

temática da Geografia Urbana, que serviram de referencial teórico. Também foi realizada uma

pesquisa de campo ao município de Maranguape com o objetivo de observar como se dá sua

dinâmica socioespacial levando em consideração a sua inserção na RMF. Foram feitas entrevistas

com populares para que fosse identificado como a população se posiciona em relação ao

município.

Resultados e Discussão

Percebe-se que as transformações em Maranguape devido ao setor secundário deram-se

muito rapidamente, haja visto que até 1970, a população rural (60%) e a agricultura eram predomi-

nantes. Com a indústria, Maranguape passa a incorporar novas dinâmicas em seu território, provo-

cadas pela criação de empregos, desencadeamento de novos fluxos (pessoas e mercadorias) com

alterações no espaço urbano e surgimento de novas espacialidades.

Figura 01 – Participação dos setores de atividades noProduto Interno Bruto de Maranguape – PIB (1999 – 2003)

Fonte: Ceará em números 2005 – Ipece.

Em entrevista à funcionários da Prefeitura Municipal de Maranguape foi relatado que o

município está passando nestes últimos anos por grandes mudanças no tocante às suas atividades

laborais, pois a população está passando por um processo de substituição de trabalho, deixando o

campo para trabalhar em atividades nas indústrias, fábricas de confecções ou atividades

relacionadas ao ecoturismo.

A instalação de indústrias na região está relacionada com os incentivos fiscais do governo

do Estado do Ceará, na intenção de dinamizar esta área, pois conforme explana Ribeiro (2004, p.

ISSN 18088449

Page 3: ARTIGO UNIFOR

10) “qualquer estratégia de desenvolvimento está fortemente condicionada à capacidade da

sociedade em enfrentar os desafios metropolitanos de crescimento”. Ou seja, as mudanças

ocorridas em Maranguape se explicam para que o mesmo possa acompanhar o ritmo da

Metrópole, em sua dinâmica da economia.

Maranguape conta com três parques industriais localizados em seus distritos, o primeiro é

o Novo Parque Iracema (pré - moldados), Parque Iracema e Tangueiras. As principais indústrias do

município são a Dakota, Mallory, Comprem e Ypioca.

Percebe-se uma forte ligação de Maranguape com Fortaleza, o acesso a este município se

dá por linhas intermetropolitana, e sua dependência com a capital refere-se aos setores de

serviços, comércio e atendimento à saúde mais especializado. A movimentação de pessoas se

locomovendo de Maranguape à Fortaleza e vice-versa é bastante intenso, mas Maranguape se

mostra também bastante autônomo, pois a maioria de sua população trabalha no centro do

município ou em seus distritos.

Mesmo com todas estas mudanças de contexto, o município de Maranguape ainda man-

tém traços de ruralidade e estilos de vida semelhantes ao rural. Isso fica evidenciado ao adentrar-

mos a cidade que transmite um ar bucólico e de tranqüilidade.

Pode-se comparar essa manutenção do rural ao processo de inércia do qual fala Corrêa (1989)?

Segundo Corrêa (1989) o processo de inércia atua na organização espacial através da

permanência de certos usos em certos locais, apesar de não terem cessado as causas que no pas-

sado justificaram a localização deles. Esse processo resulta em uma forma espacial que vai se ma-

terializar no urbano, que são as áreas cristalizadas.

Várias são as possibilidades da manutenção da forma ou conteúdo de um município. Ao

estudar Maranguape pode-se supor que a criação de novos fatores de permanência através do

aparecimento de economias de aglomeração, pela criação de unidades de produção ou de servi-

ços pode ter possibilitado a garantia de novas vantagens que não existiam até então.

Há também a possibilidade da inexistência de conflitos com outros usuários do solo urba-

no. Mas o que se percebe mesmo é a força do sentimento e do simbolismo, que se atribuem às for-

mas espaciais do município, tendenciando sempre que as pessoas conservem o estilo sossegado

de viver.

A inércia mais do que outros processos espaciais é marcada por um forte relativismo. A

permanência de um dado uso do solo pode nos parecer a cristalização deste uso, quando na ver-

dade pode ser um lento processo de mudança no uso deste solo. Esse fato é muito difícil de ser

detectado pelo pesquisador, tendo em vista as variadas possibilidades de ser um fato ou outro na

contribuição do caráter rural de Maranguape.

ISSN 18088449

Page 4: ARTIGO UNIFOR

Na visita ao centro de Maranguape notou-se que a rotina da população e seus costumes

continuam sem fortes mudanças, as pessoas ainda têm o costume de colocar as cadeiras na

calçada, não há uma movimentação agitada que seria típica de centros urbanos. O que se

encontra em Maranguape é uma cidade pacata, tranqüila, bucólica, com ruas organizadas, limpas

e que dá ênfase ao Meio Ambiente.

Ao mesmo tempo em que Maranguape está próximo do centro urbano de Fortaleza e de

todas possibilidades que esta proximidade oferece ao município, também possui um aspecto de

cidade do interior, mostrando poucos índices de violência e insegurança. Todas estas

características são visíveis na afabilidade dos populares ao município e um forte sentimento de

pertencimento com o lugar.

Foto 01 – Indústria Mallory Foto 02 – Centro de Maranguape com a igreja Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Data: 12/7/2008. matriz ao fundo. Fonte: Os autores

Conclusão

A partir da pesquisa realizada são expostas algumas considerações a respeito do

Município de Maranguape. Nota-se que este município passa por diversas mudanças no setor

econômico e em suas atividades laborais. Motivos estes relacionados à sua inserção em uma rede,

a rede metropolitana de Fortaleza.

Foi constatado também que até o presente momento essas mudanças pouco afetaram o

comportamento social de seus habitantes, onde a maioria leva uma vida serena, com condutas

semelhantes às pequenas cidades interioranas, muito embora este município faça parte da Região

Metropolitana de Fortaleza. Olhando desta ótica pouco parece que se analisa um município de

uma rede metropolitana que é uma das maiores do Brasil.

ISSN 18088449

Page 5: ARTIGO UNIFOR

Enfim, concluímos que Maranguape possui contradições e peculiaridades nos seus

processos de transformação e em sua organização socioespacial. Assim, surgiram outras

implicações de pesquisa neste município, revelando a necessidade de estudar a ambiência e o

conceito de lugar a partir dos sentimentos e comportamentos dos maranguapenses com o seu

município.

Referências

MENDES, Marília Colares; AMORA, Zenilde Baima. A produção dos espaços metropolitanos: o Município de Maranguape e suas dinâmicas recentes – Ceara – Brasil. In: ENCONTRO DE GEÓ-GRAFOS DA AMÉRICA LATINA, 12., 2009, Montevideo. Anais eletrônicos... Montevideo, Uru-guai: 2009. Disponível em: <http://egal2009.easyplanners.info/area05/5830_Colares_Mendes_Ma-rilia.pdf. Acesso em: 10 jul. 2010.

RIBEIRO, Luiz César de Queiroz (org). Metrópoles: entre a coesão e a fragmentação, a

cooperação e o conflito. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo; Rio de Janeiro: FASE,

2004.

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989.

< http://www.ibge.com.br/cidadesat/topwindow.htm?1> acessado em 16/07/2010 as 14:32

Agradecimentos

Agradecemos a nossa professora orientadora por nos ajudar na realização deste trabalho.

Agradecemos, também, aos funcionários da Prefeitura Municipal de Maranguape pela atenção aos

nos receber e relatar suas experiências e vivências no município.

ISSN 18088449