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Artrose Do Joelho

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Page 1: Artrose Do Joelho

ARTROSE DO JOELHO – GONARTROSE

INTRODUÇÃO:

O joelho é uma das maiores articulações do corpo humano e também a mais

complexa. O movimento de flexão e extensão do joelho permite controlar a distância do

corpo em relação ao solo. O complexo do joelho para além de permitir grande

mobilidade possui um papel maior no suporte do peso do corpo durante as actividades

estáticas e dinâmicas. Porém, o facto de suportar elevadas forças e de fazer parte da

maior alavanca do corpo humano torna-o mais susceptível a lesões.

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DEFINIÇÕES: Artrose do joelho - Gonartrose

A artrose é uma alteração degenerativa da articulação, na qual ocorre perda

progressiva da cartilagem articular. Acompanhada de nova formação óssea e fibrose

capsular. É definida como primária, quando não há causa óbvia e secundária quando

segue uma anormalidade demonstrável (Apley, 1998).

A artrose é conhecida sob inúmeras designações: osteoartrite, artrite hipertrófica,

artrite senil, artrite deformante, artrite degenerativa e reumatismo degenerativo entre

outros.

A gonartrose é uma patologia articular crónica de etiologia não-inflamatória,

caracterizada por uma degenerescência da cartilagem hialina na articulação do joelho.

A B

A artrose do joelho é muito frequente entre os 40-70 anos, atingindo mais o sexo

feminino(80% dos casos).

A degenerescência articular do joelho e da anca são das causas mais frequentes de

incapacidade nas populações ocidentais. A gonartrose é três vezes mais frequente que a

coxartrose. Em indivíduos acima dos 70 anos a frequência radiológica de artrose do

joelho é de 40% no entanto, cerca de 70% dos idosos com mais de 70 anos possuem

alterações cartilagíneas no joelho. A sua etiologia dominante é a artrose idiopática.

Fig. 1 - A. Comparação de joelho com sinais de artrose e joelho são (adaptado de w3med.univ-

lille2.fr/pedagogie/contenu/mod-transv/module05/item57/gonarthr.pdf). B. Degenerescência articular dos côndilos

femorais (adaptado dehttp://www.arthrosedugenou.com/francais/introduction_resume_gen.htm).

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FISIOPATOLOGIA:

Na cartilagem articular, ocorrem erosões mais frequentemente nas áreas de maior

sobrecarga (provocada por excesso de peso corporal, defeitos posturais, sobrecarga

mecânica pela prática de certos desportos).

A lesão da cartilagem vai ser compensada com osteólise focal (geódes) nos pontos

de máxima crise compressiva e aparecimento de neoformações ósseas, os osteófitos, em

áreas menos solicitadas pelas forças de stress tentando expandir a área de suporte de

carga com o objectivo de diminuir a pressão lesiva.

No osso, ocorre a eburnação, onde as superfícies ósseas ficam duras e polidas,

pois há perda de protecção da cartilagem. Ocorrem microfracturas que permitem a

passagem de líquido sinovial para o tecido ósseo. Formam-se osteófitos na margem das

superfícies articulares, onde eles podem projectar-se para a articulação e na cápsula e

ligamentos (fig.2).

A membrana sinovial, sofre hipertrofia e fica edemaciada. Mais tarde, há

degeneração fibrosa. A redução de secreção de líquidos sinovial resulta em perda de

nutrição e lubrificação da cartilagem articular.

A cápsula, sofre degeneração fibrosa e há alterações inflamatórias crónicas de

baixo grau. Os ligamentos ficam contracturados ou alongados.

ARTICULAÇÃO NORMAL OSTEOARTROSE

1. Osso subcondral 1. Esclerose subcondral

2. Espaço Articular 2. Redução de espaço

3. Bordo ósseo 3. Osteófito

Fig.2 - Alterações radiológicas

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Fig.3 - Fisiopatologia da osteoartrose

Os músculos, quadricípite e isquiotibiais, sofrem atrofia, que podem estar

relacionada com o desuso, devido ao quadro álgico, que limita o movimento e a função

ETIOPATOLOGIA:

A artrose do joelho, ou gonartrose, pode surgir como consequência de trauma

(fractura do fémur, tíbia e/ou rótula), infecção, meniscectomia, lesão ligamentar

(especialmente do ligamento cruzado anterior), pode surgir com a idade (quanto maior a

idade maior a probabilidade) ou qualquer outra agressão articular (artrose secundária),

mas também ocorre sem qualquer razão aparente. Esta última, a artrose idopática, é

usualmente bilateral (embora não obrigatoriamente concomitante) e atinge mais o sexo

feminino (80% dos casos) que o masculino.

A razão do predomínio da gonartrose no sexo feminino não é absolutamente

clara. A explicação mais sugestiva baseia-se na diferença anatómica entre os sexos: o

maior diâmetro transversal da bacia feminina (vantagem obstétrica) que implica um

maior ângulo em valgo no joelho.

Logo, o alinhamento dos membros inferiores pode constituir um factor de risco.

Esse alinhamento varia de pessoa para pessoa. Podemos ter um joelho varo, com os dois

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joelhos afastados (arqueadamente) um em relação ao outro. Ou o inverso, ou seja, pode

ter um joelho valgo, os dois joelhos juntam-se e os pés afastam-se.

Fig. 4 - Desvios axiais no plano frontal A. Joelho normal. B. Joelho varo. C. Joelho Valgo (retirado de www. www-sante.ujf-grenoble.fr/SANTE/corpus/disciplines/ortho/ortho/hp2/leconimprim.pdf)

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:

A gonartrose pode atingir um ou todos os compartimentos

do joelho (Fig.5):

compartimento fémur-tibial medial;

compartimento fémur-tibial lateral;

compartimento fémur-patelar.

- DOR – É a dor que leva o paciente a dirigir-se a um profissional de saúde e à

realização de exames radiográficos. A dor pode localizar-se lateralmente ou

medialmente mas, normalmente é difusa e posterior.

- RIGIDEZ – Surge normalmente mais tarde do que a dor e caracteriza-se por

limitação dos movimentos passivos e activos de extensão (mais frequente) e/ou flexão.

Fig.5 - Localização da artrose no joelho (retirado de

www.genou.com/arthrose/arthrose.htm).

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- CREPITAÇÃO;

- LAXIDEZ LIGAMENTAR (PLANO FRONTAL) – Testada com o joelho em

extensão;

- Posteriormente, pode ainda desenvolver-se uma DEFORMAÇÃO DO

JOELHO em valgo ou varo;

- HIDARTROSE – há aumento do volume do joelho (confirmado pelo choque da

rótula)

- Em alguns pacientes pode-se encontrar um QUISTO POPLÍTEO;

- Em alguns indivíduos com gonartrose ocorre AMIOTROFIA DO MÚSCULO

QUADRICÍPETE.

SINAIS RADIOGRÁFICOS (Rx):

Diminuição da interlinha articular;

Osteófitos;

Condensação subcondral.

Geralmente, o exame radiográfico é suficiente para confirmar o diagnóstico no

entanto, se necessário, podem-se realizar outros exames como por exemplo,

cintiligrafia, artroscopia e ressonância magnética nuclear. O Rx deve ser realizado de:

face, com os dois joelhos em carga para comparação entre si e com 30° de flexão

(incidência postero-anterior); perfil com extensão do joelho e a 30° de flexão.

A evolução da gonartrose é crónica com agravamento dos sinais/sintomas porém,

isso não significa que a totalidade dos sinais/sintomas referidos anteriormente estejam

presentes em todos os pacientes.

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TIPOS DE GONARTROSE:

Na artrose do joelho o desgaste da cartilagem pode ser completo ou incompleto:

- Incompleto: ocorre diminuição da espessura da cartilagem com

irregularidade da superfície e o movimento do segmento é doloroso. Na radiografia

observa-se diminuição da interlinha articular(Fig.6);

- Completo: existe desaparecimento da

cartilagem, o contacto articular é osso contra osso e a dor

sentida pelo paciente é muito intensa. No exame

radiográfico desaparece o espaço da interlinha e pode

existir desgaste ósseo com formação de osteófitos (Fig.7).

Fig.6 - Desgaste da cartilagem incompleto (retirado de www.genou.com/arthrose/arthrose.htm).

Fig. 7 - Desgaste da cartilagem completo (retirado de

www.genou.com/arthrose/arthrose.htm).

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TRATAMENTO:

O tratamento conservador deve ser sempre tentado antes da sugestão operatória.

Muitos doentes com gonartrose inicial sentem apenas alguma dor depois de

longos passeios e só necessitam medicação anti-inflamatória. Alguns considerarão que

apenas necessitam de tomar um comprimido antes de um projectado passeio de maior

duração. Em alguns destes doentes, o uso periódico de “condroprotectores” pode torná-

los assintomáticos por mais um ou dois anos.

Em casos mais avançados, a conjugação de medidas conservadoras, como o uso

de bengala, a perda de peso, a restrição de actividades mais exigentes e o uso rotineiro

de anti-inflamatórios, pode ser suficientemente benéfica. Só quando estas medidas

falham se perspectiva a cirurgia.

O objectivo principal no tratamento de uma gonartrose é diminuir a dor. Não

existe actualmente nenhum tratamento que permita a regeneração da cartilagem, os

medicamentos são utilizados, no entanto não se consegue provar a sua eficácia.

O tratamento é essencialmente médico, no entanto a persistência e/ou aumento

da dor pode levar a deformações do membro inferior, podendo ser necessário recorrer

ao tratamento cirúrgico.

Tratamento médico

a. Higiene articular (inclui a redução ponderal do peso e conselhos

para prevenir maior desgaste do joelho)

b. Fármacos (antálgicos, anti-inflamatórios, infiltrações)

c. Fisioterapia (principais objectivos: manter as amplitudes

articulares evitando o flexo do joelho, reforço muscular do quadricípete)

Tratamento cirúrgico

a. Artroscopia (lavagem articular, extrair corpos livres, etc)

b. Osteotomia – reduz os desvios axiais do joelho para reequilibrara

o funcionamento desta articulação. Osteotomia de valgização para corrigir o

joelho varo e de varização no caso de joelho valgo. A fixação é feita com

material de osteossíntese (placa com parafusos);

c. Artroplastia (substitui a cartilagem deteriorada com colocação de

prótese).

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