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Eleição no Espírito Santo Tribunal escolhe novos dirigentes para o biênio 2016-2017 Encontro no Rio Presidentes do Conselho dos Tribunais de Justiça se reúnem no Rio de Janeiro 100% digital Tribunal do Tocantins conclui a implantação do PJe NOVOS DESAFIOS Presidentes transformam Colégio em Conselho dos Tribunais de Justiça. Mudança foi decidida durante o 104º Encontro, em Curitiba. EDIÇÃO 8 ANO II / OUTUBRO DE 2015 REVISTA DO CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ARTYOM SHARBATYAN / WIKIMEDIA

ARTYOM SHARBATYAN / WIKIMEDIA DESAFIOS - Início · E isso só pode ocorrer a longo prazo, a partir de mudanças na formação e, portanto, no perfi l profi s- ... signifi cados

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Eleição no Espírito SantoTribunal escolhe novos dirigentes

para o biênio 2016-2017

Encontro no RioPresidentes do Conselho dos Tribunais de

Justiça se reúnem no Rio de Janeiro

100% digitalTribunal do Tocantins conclui

a implantação do PJe

NOVOS DESAFIOSPresidentes transformam Colégio em Conselho dos Tribunais de Justiça. Mudança foi decidida durante o 104º Encontro, em Curitiba.

EDIÇÃO 8 ANO II / OUTUBRO DE 2015

REVISTA DO CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

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Esta revista, no seu segundo ano de vida, chega à 8ª Edição, renova-da por ser a primeira do Conselho dos Tribunais de Justiça que não é apenas uma nova designação dada ao Colégio Permanente de Presi-dentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, mas sim um passo fi rme no sentido de consolidar nosso cole-giado como instituição essencial e destinada a preencher a lacuna de-corrente do fato de a Constituição da República ter criado o Conselho da Justiça Federal (art. 105, Pará-grafo Único, II) e o Conselho Su-perior da Justiça do Trabalho (art. 111-A, § 2º, II), sem, contudo, do-tar o maior segmento do Judiciário Nacional, vale dizer, a Justiça dos Estados, de um órgão semelhante.

Há, portanto, nesta edição um duplo signifi cado: I) representa a inequívoca demonstração de que a atual gestão do Conselho con-seguiu cumprir integralmente a meta de criar e manter um órgão de divulgação dos seus atos e de suas reuniões de trabalho, bem como de boas práticas adotadas pelos Tribunais de Justiça, fazen-do, além disso, em cada edição, o registro histórico do Judiciário de um Estado da Federação; II) serve de marco inicial de um tempo mais proveitoso nas atividades do Con-selho, de modo a assegurar maior conhecimento à nova feição con-ferida ao colegiado dos Presidentes dos Tribunais Estaduais.

Na apresentação dos números

anteriores, tenho reiterado alertas sobre os cenários difíceis e de ele-vada gravidade enfrentados mais recentemente pelo Brasil, os quais terminam produzindo, ao lado do progressivo aumento no gigantesco acervo dos processos que há muito tramita nos nossos tribunais, a ju-dicialização de questões de elevada complexidade e cuja solução, por isso mesmo, exige maior tempo, contribuindo para as elevadíssi-mas taxas de congestionamento reveladas nos anuários estatísticos publicados pelo Conselho Nacio-nal de Justiça.

Conforme o último relatório Justiça em Números, publicado no corrente ano com dados relativos ao exercício anterior, tramitam em nossas Varas e Tribunais cerca de 100 milhões de processos, embo-ra em 2014, contando com 16.927 magistrados, o Judiciário Brasileiro tenha julgado defi nitivamente, isto é, baixado 28,5 milhões de processos, o que indica um excelente desempe-nho demonstrado pela média anual de 1684 feitos por magistrado ano ou 140 mês e 7 por dia, consideran-do-se 20 dias úteis de trabalho neste último período.

Não precisa grande esforço de compreensão para concluir que os nossos magistrados, no geral, en-frentam uma situação de exaustão na sua capacidade de atender com efi ciência à demanda por presta-ção jurisdicional exigida pelos ór-gãos do Estado, empresas e demais

Mudar o modelo. É preciso!

Desembargador Milton NobrePresidente do CTJ

"A história da nossa grande nação tem todo o tempo que não temos. De nossa parte, basta começar!"

APRESENTAÇÃO

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pessoas no Brasil. Que a equação en-tre a quantidade de processos e o nú-mero de magistrados precisa ser equa-lizada em patamares compatíveis não só com a proporcionalidade necessária a garantir a qualidade da prestação jurisdicional adequada, como também com os recursos humanos e técnicos passíveis de disponibilização para esse fi m. E, sobretudo, com o custo que os brasileiros têm capacidade de pagar por esse serviço essencial à manuten-ção da paz e da tranquilidade sociais, em especial considerando que isso che-gou em 2014 a 1,2% do nosso Produto Interno Bruto.

Tomando por empréstimo a aguda observação do muito prezado colega Desembargador José Renato Na-lini, Presidente do e. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, fei-ta em recente entrevista divulgada na Revista Eletrônica CONJUR, edição de 12.10.2015, precisamos "chamar a atenção da sociedade de que se é esse modelo que ela quer, então, que ponha a mão no bolso e prepare-se para ser sacrificada ainda mais, porque a máquina não vai parar de crescer".

Em resumo, como o problema, cer-tamente, está além do Judiciário, não se resolve apenas com mais juízes, servidores, meios técnicos de apoio e novos métodos de trabalho, mesmo porque isso envolve mais recursos fi -nanceiros e estes são e serão sempre insufi cientes ou, para usar expressões em moda, limitados ao possível.

É preciso, como disse Naline, mu-dar o modelo. E isso só pode ocorrer a longo prazo, a partir de mudanças na formação e, portanto, no perfi l profi s-sional de todos os atores necessários ao cenário da Justiça antes ou mediante o processo judicial. Mas não só! É preci-so simplifi car ainda mais os procedi-mentos e recursos judiciais. Preparar melhor os atuais e futuros bacharéis em direito para o salutar caminho aberto pelos meios extraprocessuais de composição de confl itos. Enfi m, é preciso ultrapassar a barreira edi-fi cada sob a cultura do processo ju-dicial como única forma de se cons-truir soluções seguras e justas para por fi m às questões individuais ou sociais controvertidas.

Não me parece utópico pretender que num país de direito escrito, mas que tem, dentre as suas maiores rique-zas, uma linguagem rica de signos e signifi cados como nossa, se possa paci-fi car interesses confl itantes através do diálogo construtivo de consensos ou de concessões recíprocas que eliminem a beligerância no dissenso.

Mudanças de paradigma, como ponderou Boaventura de Souza San-tos, demandam tempo e não se sabe bem quando começa ou quando termina. Isso para mim, porém, ao que estou tentando aqui dizer, pou-co importa. Precisamos apenas fa-zer uma reflexão prática. A histó-ria da nossa grande nação tem todo o tempo que não temos. De nossa parte, basta começar!

Não me parece utópico pretender que num país de direito escrito, mas que tem, dentre as suas maiores riquezas, uma linguagem rica de signos e signi� cados como nossa, se possa paci� car interesses con� itantes através do diálogo construtivo de consensos ou de concessões recíprocas que eliminem a beligerância no dissenso.

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Homenagem no TJPAMinistro Ricardo Lewandowski,

presidente do STF e do CNJ, recebe a Comenda do Mérito Judiciário.

PÁGINAS 26 A 28.

Atenção à sociedadeLuiz Edson Fachin, ministro do STF,

alerta que o Judiciário deve ouvir o clamor social.

PÁGINAS 12 E 13.

União contra o crimeGovernador de São Paulo, Geraldo

Alckmin, defende união entre poderes para combater a criminalidade.

PÁGINA 14.

TJTO é 100% digitalTribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) consolida virtualização e

encerra a era dos processos de papel. PÁGINAS 52 A 54.

Efi ciência exigeorçamento

Desembargador Milton Nobre critica as manobras técnicas para cortar

recursos dos tribunais. PÁGINAS 16 A 19.

Rio de Janeiro recebe EncontroConselho dos Tribunais de Justiça se reúne na Cidade Maravilhosa para discutir mudança estatutária.PÁGINAS 30 A 45.

EDITOR RESPONSÁVEL

WALBERT MONTEIRO DRT 1095/PA

FOTOSASSESSORIAS DOS TRIBUNAIS

DE JUSTIÇA, CNJ, WIKIMEDIABR

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ES

NESTA EDIÇÃO

EXPEDIENTE

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OUTUBRO 20156

REVISTA DO

Tribunal de Justiça do Acre Desa. MARIA CEZARINETE DE SOUZA ANGELIM(2015-2017)

Tribunal de Justiça de AlagoasDes. WASHINGTON LUIZ DAMASCENO FREITAS(2015-2017)

Tribunal de Justiça do Amazonas Desa. MARIA DAS GRAÇAS PESSOA FIGUEIREDO (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Amapá Desa. SUELI PEREIRA PINI(2015-2017)

Tribunal de Justiça da Bahia Des. ESERVAL ROCHA (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Ceará Desa. MARIA IRACEMA MARTINS DO VALE(2015-2017)

Tribunal de Justiça do DF e Territórios Des. GETÚLIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA(2014-2016)

Tribunal de Justiça do Espírito Santo Des. SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Goiás Des. LEOBINO VALENTE CHAVES(2015-2017)

Tribunal de Justiça do Maranhão Desa. CLEONICE SILVA FREIRE (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Mato Grosso Des. PAULO DA CUNHA(2015-2017)

Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul Des. JOÃO MARIA LÓS(2015-2017)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais Des. PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDES (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Pará Des. CONSTANTINO AUGUSTO GUERREIRO(2015-2017)

Tribunal de Justiça da Paraíba Des. MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE(2015-2017)

Tribunal de Justiça do Paraná Des. PAULO ROBERTO VASCONCELOS(2015-2017)

Tribunal de Justiça de Pernambuco Des. FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Piauí Des. RAIMUNDO EUFRÁSIO ALVES FILHO (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Des. LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO(2015-2017)

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Des. CLAUDIO SANTOS(2015-2017)

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Des. JOSÉ AQUINO FLÔRES CAMARGO (2014-2016)

Tribunal de Justiça de Rondônia Des. ROWILSON TEIXEIRA (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Roraima Des. ALMIRO PADILHA(2015-2017)

Tribunal de Justiça de Santa Catarina Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (2014-2016)

Tribunal de Justiça de São Paulo Des. JOSÉ RENATO NALINI (2014-2016)

Tribunal de Justiça de Sergipe Des. LUIZ ANTÔNIO ARAÚJO MENDONÇA (2015-2017)

Tribunal de Justiça do Tocantins Des. RONALDO EURÍPEDES DE SOUZA(2015-2017)

CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

COMISSÃO EXECUTIVA COM MANDATO ATÉ NOVEMBRO DE 2015

Presidente: Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE (TJPA)

Membros:Des. ARMANDO TOLEDO (TJSP)

Des. JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES (TJAM)Des. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (TJAL)Des. MARCELO BANDEIRA PEREIRA (TJRS)

Des. LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO (TJRJ)Des. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (TJPA)

Des. OTÁVIO AUGUSTO BARBOSA (TJDFT)Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (TJSC)

Des. PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDES (TJMG)

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OUTUBRO 20158

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Por unanimidade, os presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil aprovaram, durante o 104ª Encontro, em reunião extra-ordinária no dia 21 de agosto, uma signifi-cativa alteração nos Estatutos do Colégio, transformando-o em Conselho dos Tribu-nais de Justiça. A medida vem sedimentar novos caminhos para os desafios que o Po-der Judiciário nos Estados irá enfrentar nos próximos anos.

Com a mudança, cria-se a possibilidade de que venha a ser apresentada uma Propos-ta de Emenda Constitucional para incluir na

Carta Magna a estrutura do colegiado, que ganhou status de Conselho Consultivo da Presidência do Conselho Nacional de Justi-ça (CNJ) conforme Portaria 49, aprovada em 24 de março deste ano.

O presidente do colegiado, desembarga-dor Milton Nobre, destacou a importância dessa iniciativa entendendo que, dessa for-ma, os Tribunais, através do Conselho, fi-cam mais fortalecidos, ampliando os deba-tes das questões que se apresentam como desafios e obstáculos à boa gestão do judi-ciário estadual.

Aprovado novo Conselho dos Tribunais de Justiça

FOTOS: RODRIGO MOREIRA /ANDERSON FREITAS

Abertura do Encontro de Curitiba. Reunião definiu

a criação do Conselho dos Tribunais de Justiça.

Presidentes de TJs criam organismo que fortalece a magistratura

ENCONTRO

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Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil acompanharam palestras e participaram das discussões no 104º Encontro, em Curitiba.

COMISSÃOOs presidentes também decidiram formar

uma comissão de desembargadores, que se-rão escolhidos por região, para visitar os mi-nistros do Supremo Tribunal Federal (STF) em um trabalho de sensibilização para apre-ciação da Ação Direta de Inconstitucio-nalidade (ADI) que questiona a utilização, pelo poder Executivo, dos depósitos judi-ciais em dinheiro referentes a processos judiciais ou administrativos, tributários ou não tributários, nos quais o Estado, o Dis-trito Federal ou os Municípios sejam parte.

O Conselho dos Tribunais é contra a lei Complementar n. 151/2015 que possibili-ta esse uso e vai tentar "minimizar os efeitos desse confi sco", como afi rmou o presidente do Conselho, desembargador Milton Nobre.

Anfi trião do Encontro, o presidente do Tri-bunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembar-gador Paulo Roberto Vasconcelos, dirigiu uma saudação de acolhida e boas-vindas aos pre-sentes. Participaram da mesa de honra na Sala do Pleno o presidente do TJPR, desembarga-dor Paulo Roberto Vasconcelos; o presidente do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do País, desembargador Milton Nobre; o Procurador-Geral do Muni-cípio, Joel Macedo Soares Pereira Neto, repre-sentando a Prefeitura Municipal de Curitiba; o Procurador-Geral do Estado, Paulo Sérgio Rosso; o presidente do Tribunal Regional do Trabalho-9ª Região, desembargador Altino

Pedrozo dos Santos; o presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Ivan Bonilha; o juiz de Direito Gervásio Protásio dos Santos Junior, representando a Associação dos Magistrados Brasileiros; e a juíza de Direito Nilce Regina Lima, vice-presidente da Associação dos Ma-gistrados do Paraná.

O desembargador Paulo Roberto Vascon-celos cumprimentou os integrantes da mesa, os membros do Conselho, convidados e destacou a relevância do momento para o Judiciário paranaense. “Estamos passando

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OUTUBRO 201510

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por um momento muito crítico em nos-so País, as dificuldades são imensas e as-sim peço que nesse momento tenhamos efetivamente uma unidade, com a lideran-ça do presidente desembargador Milton Nobre, a quem honramos e temos imensa satisfação em recebê-lo nesta Corte. Com a sua liderança, e nossa união, vamos cer-tamente conseguir muito junto ao CNJ, STJ e ao STF”, destacou.

Ao fazer uso da palavra, o desembar-gador Milton Nobre, agradeceu ao de-sembargador Paulo Roberto Vasconcelos a prontidão e o esforço dispensado para que o evento acontecesse em Curitiba e brindasse a todos “com a conhecida fi dalguia do povo paranaense”. O objetivo central dos encon-tros é uniformizar a aplicação de boas práti-cas que possam contribuir para uma melhor prestação dos serviços jurisdicionais.

O desembargador Milton Nobre lem-brou que o Conselho está sempre com-prometido com a magistratura, sua dig-nidade e independência. Comentou ainda que, apesar das conquistas e dos avanços, os presidentes dos TJs travam lutas cons-tantes, exigindo dos seus membros uma redobrada vigilância e estratégias ade-quadas na busca de seus ideais. Lembrou também que o Judiciário estadual não é apenas o mais antigo e maior segmento da Justiça brasileira. É, igualmente, ressal-tou, o que tem a competência jurisdicio-nal mais ampla e diversificada com cerca de 75 milhões de processos tramitando nas Varas e Tribunais, além dos mais de 90% dos processos criminais se encontra-rem sob a responsabilidade do Judiciário dos Estados. “O que é bastante signifi-cativo, por qualquer ângulo de exame”, acentuou, para demonstrar a importân-cia de um órgão como o agora Conselho dos Tribunais de Justiça, “na medida em que objetiva construir ações conjuntas e adotar nacionalmente boas práticas que aprimorem a eficiência na prestação ju-risdicional”. O desembargador disse ainda que acredita que o Encontro do Paraná “seja um marco referencial na história do Tribunal paranaense e um fórum de de-bates fundamentais à trajetória do Poder Judiciário estadual”.

No centro dos debates sobre a criação do Conselho dos Tribunais de Justiça está o

fortalecimento da magistratura.

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O COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL, EM REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA CONVOCADA REGULARMENTE E REALIZADA AOS VINTE E UM DIAS DO MÊS DE AGOSTO DO ANO DE DOIS MIL E QUINZE, APÓS A APROVAÇÃO EM PLENÁRIO,

CONSIDERANDO a proposta apresentada pela Comissão Executiva e visando adequar a existência do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça às circunstâncias atuais;

CONSIDERANDO o disposto no Artigo 6º do Estatuto vigente;RESOLVE:

Art. 1º - Fica alterada a denominação do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça para CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA.

Art. 2º - À Comissão Executiva são delegados poderes necessários para proceder as modificações e registros pertinentes, dando ampla divulgação a esta alteração.

Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.Curitiba (PR), em 21 de agosto de 2015

Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBREPRESIDENTE DO COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE

TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL

Desembargador PAULO ROBERTO VASCONCELOSPRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

Desembargadora GARDÊNIA PEREIRA DUARTE REPRESENTANDO O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA

BAHIA

Desembargador LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA

Desembargador ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAUJO Representando o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO

MARANHÃO

Desembargador CONSTANTINO AUGUSTO GUERREIRO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARÁ

Desembargador FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE

PERNAMBUCO

Desembargador JOSÉ RENATO NALINI Presidente do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO

PAULO

Desembargador PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDESPRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA

Desembargador LEOBINO VALENTE CHAVES PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS

Desembargador PAULO DA CUNHA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MATO GROSSO

Desembargador JOSÉ AQUINO FLORES CAMARGO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

Desembargador CLAUDIO MANOEL DE AMORIM SANTOS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE

DO NORTE

Desembargador NELSON SCHAEFER MARTINSPRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA

MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA

Desembargador WASHINGTON LUIZ DAMASCENO FREITASPRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS

Desembargador LUIZ ANTÔNIO ARAÚJO MENDONÇA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE

SERGIPE

Desembargadora MARIA DAS GRAÇAS PESSOA FIGUEIREDO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO

AMAZONAS

Desembargadora MARIA CEZARINETE DE SOUZA ANGELIM PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE

Desembargador JOÃO MARIA LÓS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO

GROSSO DO SUL

Desembargador ROWILSON TEIXEIRA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE

RONDÔNIA

Desembargador RONALDO EURÍPIDES DE SOUZA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO

TOCANTINS

Desembargadora SUELI PEREIRA PINI PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ

Desembargador JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONASMEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA

Desembargador JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS

MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA

Desembargadora LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA

Desembargadora ELAINE CRISTINA BIANCHI REPRESENTANDO O TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DO ESTADO DE RORAIMA

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OUTUBRO 201512

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O ministro do Supremo Tribunal Fede-ral (STF), Luiz Edson Fachin, abriu o ciclo de palestras do 104º Encontro do Conse-lho dos Tribunais de Justiça, realizado em Curitiba. Com o tema "Gestão Cooperati-va e Justiça Brasileira", Fachin abordou a instabilidade do ponto de vista da presta-ção jurisdicional e a superlotação do siste-ma carcerário.

O ministro Fachin falou ainda sobre a processualização da justiça e o consequen-te gasto nesse processo. Para ele, o Judi-ciário tem que estar atento aos chamados da sociedade, entre os quais estão soluções rápidas dos conflitos, participação nas decisões, qualidades nas decisões, previ-sibilidade e segurança. "Será que estamos atendendo a essas exigências?", questionou

Fachin. O ministro abordou, ainda, os de-safios do Poder Judiciário e o intercâmbio e diálogos nas atividades gerenciais: “A todos trago uma mensagem de nosso presidente, ministro Ricardo Lewandowski, que me pe-diu que expressasse o compromisso do chefe do Poder Judiciário com todas as questões que digam respeito ao mais alto interesse da administração da Justiça, as questões que di-gam respeito não só à magistratura, eis que juntos devemos enfrentar esse desafio da boa prestação jurisdicional”.

Participaram como palestrantes con-vidados, também, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O senador Álvaro Dias, ao abordar as mudanças do modelo de Administração

Fachin alerta que Judiciário deve ouvir o clamor social

FOTOS: RODRIGO MOREIRA /ANDERSON FREITAS

Ministro Luiz Edson Fachin, do STF, no

Encontro do Conselho dos Tribunais de Justiça,

em Curitiba.

Ministro do STF aponta quais são os desa� os da magistratura

ENCONTRO

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OUTUBRO 2015 13

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Presidente do Conselho dos Tribunais de Justiça, desembargador Milton Nobre, com o ministro Luiz Edson Fachin, no Encontro de Curitiba. Abaixo, senador Álvaro Dias fala durante o evento.

Pública Brasileira, defendeu a existência do Conselho dos Tribunais de Justiça. “Não se trata de despesa e sim de investimento, porque ao oferecer as condições para que o Poder Judiciário possibilite a construção da cidadania e com isso a plena garantia dos direitos, do outro lado, o Poder Judi-ciário valorizado, estimulado contribui para ressarcir aos cofres públicos, de for-ma exuberante, os prejuízos provocados pela corrupção. Não há necessidade de des-crever aqui as consequências desse sistema de governança que foi instalado no Brasil. É preciso ir além dessa análise superficial que trata dos números apresentados diariamente – a inflação, o desemprego. A causa disso eu acredito ser o sistema ou modelo de governo do País. Eu chamo de balcão de negócios, a usina dos grandes escândalos e de gover-nos incompetentes”, afirmou.

Após discorrer sobre várias situações da economia brasileira, da “ideia de interde-pendência entre os poderes, que não acon-teceu”, o senador disse que o que se bus-ca hoje é um modelo de projeto de poder e não de um projeto de nação. “O Estado passou a gastar exageradamente para a ma-nutenção da sua estrutura e a capacidade de investir produtivamente foi enfraque-cida. Precisamos ousar e fazer reformas. Precisamos ter esperanças, porque estamos vendo o surgimento de um novo País nas ruas do Brasil, mais presente, mais indig-nada e trazendo suas exigências.”

O Conselho também discutiu a "Desju-dicialização das Execuções Fiscais e/ou supressão da competência delegada em re-lação às execuções fiscais da União e ações previdenciárias e Política de Regularização Fundiária", o "Plantão do Segundo Grau (Pequenos e Médios Tribunais)" e o projeto da nova Loman (Lei Orgânica da Magistra-tura Nacional). A minuta de anteprojeto do Estatuto da Magistratura, que altera a Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979, está sendo discutida no STF. Em se-guida, o texto segue para o Congresso Na-cional, onde será votado.

A proposta da Loman apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski define uma série de mudanças na legislação e cria novas condições para a carreira de magistrado no Brasil.

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OUTUBRO 201514

REVISTA DO

Em palestra sobre “Parceria entre Exe-cutivo e Judiciário no Combate à Crimina-lidade”, durante o 104º Encontro de Pre-sidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, realizado em Curitiba, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, destacou a importância das audiências de custódia como instrumento para desafo-gar os tribunais e tornar mais eficientes as práticas judiciais no Brasil. Alckmin disse que o Poder Executivo do Estado de São Paulo, como parceiro do Judiciário, já im-plementou e realizou mais de sete mil au-diências de custódia e que essa experiência poderá ser levada para outras capitais e comarcas do Brasil.

O governador citou que esse é um im-portante passo para a efetividade da liber-

dade e resolução da cultura do encarcera-mento no Brasil. “A segurança pública não é um trabalho só de polícia, é tam-bém união entre governos, Ministério Público, Poder Judiciário e sociedade, por isso o Governo do Estado de São Paulo propõe alterações e projetos de lei com o objetivo de aprimorar a segurança da população e combater a impunidade e a criminalidade”, afirmou.

Em sua exposição, o governador apre-sentou ainda outras propostas do seu Es-tado, como o Núcleo de Combate à Vio-lência no Futebol, projeto de aumento de pena a quem mata policiais, aumento de pena a quem usa explosivos em furtos, en-tre outras iniciativas que permitem a con-solidação da Justiça.

Alckmin destaca união no combate à criminalidade

TJPR /DIVULGAÇÃO

Governador Geraldo Alckmin, ao lado do

desembargador Milton Nobre (à direita), no Encontro de Curitiba.

Governador de São Paulo defende parceria entre Executivo e Judiciário

ENCONTRO

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OUTUBRO 2015 15

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CARTA DE CURITIBA O COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS

DE JUSTIÇA, reunido na cidade de CURITIBA (PR), ao final de seu 104º ENCONTRO, no período de 20 a 22 de agosto de 2015, divulga, para

conhecimento público, as seguintes conclusões aprovadas por unanimidade:

1) EXPRESSAR, uma vez mais, o apoio e a solidariedade dos Tribunais de Justiça ao Excelentíssimo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente

do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, em seu posicionamento na defesa dos princípios institucionais do Poder Judiciário.

2) MANIFESTAR a sua frontal oposição à aprovação do PL 1775/2015 (trata

do sistema de identificação no Brasil) por vulnerar o disposto no Art. 236 da Constituição da República, que atribui ao Poder Judiciário a disciplina e

fiscalização das delegações extrajudiciais, interferindo na segurança jurídica do cidadão (inciso X do Art. 5º da CF/88).

3) EXIGIR, em atenção ao Pacto Federativo, respeito à autonomia dos Estados e a observância de irrestrito equilíbrio na formulação das propostas orçamentárias, de modo a assegurar o cumprimento dos repasses devidos

aos Poderes Judiciários estaduais.

4) REPUDIAR quaisquer ações que atentem contra a autonomia e independência do Poder Judiciário, em especial a Lei Complementar

151/2015, que retira do Poder Judiciário a administração dos depósitos judiciais e permite a sua movimentação pelo Poder Executivo, por sua

flagrante inconstitucionalidade.

Curitiba, 22 de agosto de 2015

Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBREPRESIDENTE DO COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE

TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL

Desembargador PAULO ROBERTO VASCONCELOSPRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

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OUTUBRO 201516

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Minhas senhoras e meus senhores,Ao declarar aberto o 104º Encontro

do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, que-ro, inicialmente, manifestar os meus mais sinceros agradecimentos ao eminente De-sembargador Paulo Roberto Vasconcelos, Presidente do e. Tribunal de Justiça do Es-tado do Paraná, que, numa inequívoca de-monstração de solidariedade aos seus pares na luta objetivando vencer os obstáculos co-muns enfrentados pelo Judiciário Estadual, não mediu esforços para sediar este evento, mobilizou de imediato sua eficiente equipe de colaboradores e brinda a todos com a conhecida fidalguia do povo paranaense e com uma organização primorosa.

Para mim, particularmente, mas creio

poder isso afirmar em nome de todos os participantes, voltar a este tão fértil e pujante pedaço da imensa terra brasi-leira, cujos filhos tanto honram quanto engrandecem a nossa história, é moti-vo de grande satisfação e alegria, o que, por certo, muito contribuirá para tornar estes nossos dias de intensos trabalhos mais prazerosos do que cansativos.

Neste primeiro momento é imperioso, também, louvar o expressivo compareci-mento dos amigos Presidentes, os quais, mais uma vez, e como tem sido ao tempo em que estou à frente deste Colegiado, conse-guem abrir espaço em suas atribuladas agen-das de trabalho para interagir nos debates dos importantes e preocupantes temas que são objeto de nossas aflições presentes.

Efi ciência da gestão depende de aporte orçamentário

FOTOS: TJPR/ DIVULGAÇÃO

Desembargador Milton Nobre: sem aportes

orçamentários não é possível atingir

qualidade e eficiência.

Desembargador Milton Nobre critica manobras que limitam recursos

PRESIDENTE

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OUTUBRO 2015 17

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E, como não poderia deixar de ser, aproveito igualmente este instante ini-cial para agradecer às autoridades e de-mais convidados que nos honram com suas presenças prestigiando esta ses-são, bem ainda faço uma menção es-pecial ao Excelentíssimo Senhor Beto Richa, Chefe do Poder Executivo esta-dual que, logo mais nos recepcionará no Palácio do Governo.

Por motivação de Justiça – e em reco-nhecimento ao esforço que fizeram para conciliar seus relevantes compromissos de ordem institucional com o desejo de elevar o prestígio do Colégio de Pre-sidentes – devo também agradecer ao Excelentíssimo Senhor Ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Fe-deral, ao Excelentíssimo Senhor Gover-nador do Estado de São Paulo, Doutor Geraldo Alckmin e ao Excelentíssimo Senhor Senador Álvaro Dias, os quais no dia de amanhã nos brindarão com pa-lestras que irão, certamente, enriquecer nossos conhecimentos e conferir maior prestígio à história deste colegiado.

O Colégio Permanente de Presiden-tes, vale relembrar, nasceu há 23 anos, fruto, basicamente, de uma inquietação dos Presidentes dos Tribunais de Justiça por ter o legislador constitucional cria-do os Conselhos da Justiça Federal e Su-perior da Justiça do Trabalho, omitindo--se, contudo, de dotar o Judiciário dos Estados de um órgão semelhante.

Essa injustificável lacuna no nosso ordenamento fundamental terminou criando um vácuo que, não fosse a atu-ação deste Colégio, prejudicaria a im-plementação de ações conjuntas e co-ordenadas dos Tribunais Estaduais no cumprimento de metas e programas instituídos pelo Conselho Nacional de Justiça que, convém ressaltar, mesmo de passagem, dada a sua composição e, sobretudo, suas competências cons-titucionais, não tem condições e nem meios gerenciais para suprir tamanha falta estrutural.

O certo é que, lamentavelmente, nem para aplacar reclamos, a classe dirigen-te costuma lembrar que o Judiciário Estadual não é apenas o mais antigo e

maior segmento da Justiça brasileira. É, de igual modo, o que tem a competência jurisdicional mais ampla e diversificada. Cerca de 75 milhões de processos trami-tam em seus Tribunais e Varas, ou seja, em torno de 75% dos 100 milhões de conflitos sociais judicializados no Bra-sil, em busca de pacificação ou, pelo menos, de uma solução que permita a convivência pacífica do dissenso, estão em andamento sob a responsabilidade dos seus 11.600 magistrados, entre Ju-ízes e Desembargadores.

Mas não só isto! Como lembrou em recente evento o Ministro Ricardo Lewandowiski, o Brasil hoje é o quarto país que mais encarcera pessoas, sendo ultrapassado nesse lamentável ranking apenas pelos Estados Unidos, a Rússia e a China. São cerca de 600 mil presos, dos quais aproximadamente 240 mil (40%) são provisórios, vale dizer, sem conde-nação definitiva). Acontece, todavia, que mais de 90% dos processos criminais se encontram sob a responsabilidade do Judiciário dos Estados, o que é bastan-te significativo, por qualquer ângulo de exame, para demonstrar a importância de um órgão como o Colégio de Presi-dentes na medida em que objetiva cons-truir ações conjuntas e adotar nacional-mente boas práticas que aprimorem a eficiência na prestação jurisdicional.

Este Colegiado, não é demasiado re-petir, sempre esteve comprometido com a magistratura, sua dignidade e indepen-dência, embora não tenha objetivos cor-porativos ou de proteção de interesses individuais, já que, por disposições esta-tutárias, suas finalidades são restritas: i) a defender os princípios, prerrogativas e funções institucionais do Poder Judici-ário, especialmente do Poder Judiciário Estadual; ii) a integração dos Tribunais de Justiça em todo o território nacional; iii) ao intercâmbio de experiências fun-cionais e administrativas; iv) ao estudo e ao aprofundamento dos temas jurídicos e das questões judiciais que possam ter repercussão em mais de um Estado da Federação, buscando a uniformização de entendimentos, respeitadas a autonomia e peculiaridades locais.

"Este Colegiado, não é demasiado repetir, sempre esteve comprometido com a magistratura, sua dignidade e independência, embora não tenha objetivos corporativos ou de proteção de interesses individuais."

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Em pouco mais de duas décadas, conquistamos muitos avanços. Mas, os cenários em que travamos nossas lutas foram se modificando e exigindo de nós, além de redobrada vigilância, a formula-ção de estratégias em variados campos. Hoje, contudo, a Justiça Estadual, sem sombra de dúvida, enfrenta grandes ad-versidades que, ao fim e ao cabo, estão agravadas pela crise econômica, de difí-cil reversão a curto e médio prazos, que assola o país e que assume perspectivas mais negativas porque influenciada por incertezas de um momento político, quando pouco, eticamente deplorável.

O fenômeno da judicialização, que abarrota nossos Tribunais com milhões de processos, se, de uma banda, repre-senta a esperança do cidadão de que o Poder Judiciário venha assegurar seus direitos; por outra acaba desaguando na insatisfação com a morosidade dos

julgamentos, como resultado da escas-sez dos recursos financeiros que são in-dispensáveis não só à manutenção, mas, exponencialmente, a investimentos que permitam o reaparelhamento da justiça estadual. Não há como, sem aportes or-çamentários à altura das necessidades da estrutura do Judiciário nos Estados, acenar-se com a eficiência e a quali-dade há muito exigidas pela sociedade brasileira de um serviço público que, indiscutivelmente, é o mais essencial à efetiva existência da convivência pací-fica do tecido social.

Não bastasse o cenário negativo – que nos assusta, sim! porém não nos acovarda –, temos que enfrentar, como observei em outra ocasião, a lamentável e, por que não dizer?, merecedora de absoluta reprovação, a reiterada práti-ca, pelos Executivos de alguns Estados, de manobras técnicas, sempre calcadas

Em seu discurso, Milton Nobre destacou que o fenômeno da judicialização abarrota os Tribunais com milhões de processos.

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na invejável criatividade contábil bra-sileira, para diminuir os já franciscanos recursos destinados, por regras fiscais nacionais ao Judiciário.

Creio não ser inoportuno trazer a esta fala inaugural do 104º Encontro parte do que escrevi na apresentação da nossa Revista, objetivando chamar a atenção à temática que será desenvolvi-da amanhã e depois nos debates inter-nos deste Colégio:

“Não desconheço que o país enfrenta grandes dificuldades na área econômica, cujos efeitos negativos nas finanças pú-blicas não são superáveis a curto prazo e atingem todos os entes federativos. Os tempos, pois, são adversos para todos os níveis e poderes estatais. Isso, porém, não justifica a continuidade quase oficializa-da de práticas que ofendem a própria in-dependência do Judiciário estadual e [...] maltratam o estado democrático de di-reito e causam sérios prejuízos aos mais carentes, os quais, por isso mesmo, são os maiores necessitados e dependentes da atuação eficiente dos juízes e tribunais.

Nos tempos difíceis, não há lugar para a inércia. Para o simples deixar passar do qual só pode resultar a piora. Impõe--se enfrentar e superar os obstáculos, não por caminhos contrários a relevan-tes princípios éticos e manifestamente inconstitucionais como o pavimentado com a recente Lei Complementar nº 151, de 05.08.2015, que institucionaliza a apropriação pelos Estados e Municípios de valores alheios depositados em juí-zo, sob pretexto de que tais depósitos, feitos sobretudo sob a égide da boa-fé objetiva e da confiança na autoridade imparcial do Poder Judiciário, consti-tuem “receita pública potencial”, o que afronta a Constituição e, no mínimo, cria a absurda presunção de que esses entes federativos sempre têm razão nas demandas que enfrentam.

Essa malnascida Lei Complemen-tar, mais do que afetar negativamente a arrecadação orçamentária dos fundos de reaparelhamento do Poder Judiciário de vários Estados, uma vez que supri-me a receita decorrente do spread pago pelas instituições financeiras oficiais

contratadas pelos Tribunais de Justiça, mediante processo licitatório adequado, para exercerem a guarda dos valores dos depósitos judiciais – assunto cuja legalidade já foi assentada pelo Conse-lho Nacional de Justiça – é um notório exemplo de como as conveniências políti-cas convergentes são capazes de levar ao pragmatismo parlamentar que não fica contido no estrito respeito aos princípios e regras constitucionais, o qual, quando não preservado pelo veto do Executivo, deixa como última esperança a pretensão de obter da Suprema Corte o provimento restaurador da integridade da Constitui-ção da República. Prenuncia-se, assim, desde já, o 104º

Encontro do Colégio de Presidentes como um marco referencial na história desta instituição e um fórum de debates fundamentais à trajetória do Poder Ju-diciário estadual.

Mas, ao término desta saudação, fu-gindo um pouco da aridez das aprecia-ções técnicas e da própria análise nem sempre otimista do panorama presente e do porvir, é alentador constatar que, fortalecido no combate que nos une em defesa dos ideais comuns, tenho a gra-tificante certeza de que estamos soli-dificando uma amizade que supera os patamares dos relacionamentos institu-cionais e que se constrói na grandeza de sentimentos que transcendem os limites onde transita o nosso cotidiano para galgar a universalidade do que é solidá-rio e fraterno.

Tenhamos, todos, proveitosos dias de trabalho e companheirismo,

Muito obrigado! Senhor Presidente: peço vênia para

quebrar o protocolo e, mesmo após ter encerrado este discurso, fazer um me-recido registro – que se traduz em ho-menagem – a uma notável cidadã deste Estado, que muito bem o representou ao integrar o Conselho Nacional de Justiça. Quero me referir à Conselheira Morga-na Richa, cuja atuação no CNJ, além de importantíssima contribuição pessoal, dignificou a magistratura do Paraná. A ela dirijo o meu reconhecimento e os aplausos pela sua exemplar conduta.

"Não há como, sem aportes orçamentários à altura das necessidades da estrutura do Judiciário nos Estados, acenar-se com a e� ciência e a qualidade há muito exigidas pela sociedade brasileira."

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O Conselho dos Tribunais de Justiça divul-gou nota ofi cial de apoio ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribu-nal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em face de críticas que têm sido feitas à atual gestão da corte suprema do País. O Conselho reúne todos os presidentes dos Tribunais de Justiça e desde março deste ano é um órgão consultivo da presidência do CNJ. Veja a íntegra da nota:

O CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA, em face de crítica recen-temente postada nos meios de comunica-ção social a respeito da atuação do Exce-lentíssimo Senhor Ministro RICARDO LEWANDOWSKI notadamente na con-dição de Presidente do Conselho Nacional de Justiça, torna público a solidariedade deste Colegiado à Sua Excelência na ges-tão dos destinos tanto do Supremo Tribu-nal Federal como no do CNJ, aplaudindo sua inabalável postura na defesa institu-cional do Poder Judiciário e do respeito aos direitos de todos os cidadãos.

Reconhece, ainda, que uma das pri-meiras preocupações do Ministro Ricar-do Lewandowski, ao assumir o CNJ, foi ouvir as Associações de Classe e o en-tão Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça (atual Conselho dos Tribunais de Justiça) sobre maté-rias de natureza institucional, medida que, revestida de inspiração democráti-ca, beneficia a transparência e em nada condiciona ou restringe os poderes e a atuação do Conselho Nacional de Justi-ça, mas assegura, sobremaneira, o aper-feiçoamento da efetividade das decisões daquele órgão maior de planejamento e controle administrativo do Poder Judici-ário, para o qual este Conselho e as en-

tidades de classe muito têm a contribuir.Nessa mesma linha, destaca a pos-

tura firme que vem sendo desempenha-da, sem alardes, pela Ministra Fátima Nancy Andrighi, como Corregedora Nacional de Justiça, em absoluta con-sonância com o que prescreve o art. 40 da Lei Orgânica da Magistratura (LOMAM): “A atividade censória de Tribunais e Conselhos é exercida com o resguardo devido à dignidade e à in-dependência do magistrado”.

Entendem os Tribunais de Justiça que a função primordial do CNJ não é de cará-ter fiscalizador e punitivo, mas, essencial-mente buscar, em diálogo, com o Sistema de Justiça, as soluções para o aperfeiçoa-mento da prestação jurisdicional em todos os níveis, mesmo porque é de notório co-nhecimento que os desvios passíveis de sanções são ínfimos comparados à gran-deza da magistratura nacional.

O Conselho proclama que a defesa da manutenção da autonomia administra-tivo-financeira dos Tribunais de Justiça não pode jamais ser vista como postura corporativista, e, sim, como respeito ao preceito constitucional esculpido no art. 99 da Constituição Federal.

Finalmente, o CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA conside-ra que qualquer tentativa de confronto pessoal com o Ministro Ricardo Lewan-dowski configura um condenável des-serviço à Nação brasileira e, portanto, merecedor de veemente repúdio.

Brasília (DF), 14 de setembro de 2015Des. MILTON Augusto de Brito NOBRE

Presidente do Conselho dos Tribunais de Justiça

Conselho manifesta apoio ao ministro Ricardo Lewandowski

Presidentes dos TJs expressam solidariedade ao presidente do STF e do CNJ

NOTA OFICIAL

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OUTUBRO 201522

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O Registro de Imóveis é uma ins-tituição que surgiu como necessida-de do Estado de controlar o direito de propriedade e como instrumento de segurança jurídica para o tráfego imobiliário.

Com a CF de 1988 se incorporou e foi valorizado o conceito de fun-ção social da propriedade na forma em que concebemos hodiernamente (arts. 5º, inciso XXIII, inciso III, e 225). No âmbito civil, o artigo 1.228, § 1º, do Código Civil de 2002, decla-ra que o “direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as be-lezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas“. Por fim, o novo Código Florestal reforçou a ideia constante do CC de que o direito de proprieda-de deve ser exercício com observação de sua finalidade social, devendo ser preservados “a flora, a fauna, as be-lezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”.

A propriedade imobiliária é o objeto do Registro de Imóveis. Os direitos a ela inerentes são contro-lados pelo sistema registrário e a compreensão do reflexo da evolu-ção da propriedade é a compreensão também do Registro de Imóvel mo-derno. O direito de propriedade que o Registro de Imóveis garantia há mais de um século no Brasil não é o mesmo de hoje. As relações jurídicas

imobiliárias tornaram-se complexas com a necessidade do cumprimento de uma função ambiental e social.

O Registro de Imóveis como órgão pacificador de conflitos – instituto destinado à garantia da segurança jurídica do tráfego imobiliário, bem como de exercer um filtro jurídico dos títulos que ingressam no fólio real – surge no direito de proprie-dade como importante ferramenta para estabilizar os negócios e atos jurídicos que envolvam imóveis, exercendo, nesse ponto, função es-sencial para a sociedade moderna.

A CF ao instituir em cláusula pé-trea a função social da proprieda-de (art. 5º, XXIII), ao estabelecer a função social das cidades (art. 182) e declarando que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225), atribuiu ao Registro de Imóveis características que outrora não possuía. Dentre elas, está a necessidade de incorpo-ração do conceito de função social da propriedade e do meio ambien-te, percepção claramente observada pelo legislador no Estatuto da Cida-de e na legislação ambiental. Nesse aspecto, o Registro de Imóveis tem sido utilizado estrategicamente para potencializar a função social da propriedade.

A função ambiental do Registro de Imóveis é facilmente observada por meio da publicidade dos cha-mados espaços territoriais especial-mente protegidos, que são conforme definição de José Afonso da Silva, “áreas geográficas públicas ou pri-vadas (porção do território nacio-nal) dotadas de atributos“. Podemos

Meio ambiente e registro de imóveis

Marcelo Augusto Santana de Meloé Registrador imobiliário em Araçatuba, São Paulo. Mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Especialista em Direito Imobiliário pela Universidade de Córdoba, Espanha e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais-PUCMINAS. Diretor de Meio Ambiente da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo – ARISP e Instituto de Registro Imobiliário do Brasil – IRIB.

OPINIÃO

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OUTUBRO 2015 23

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materializar quatro categorias fun-damentais de espaços territoriais es-pecialmente protegidos que recebem publicidade registral: as Áreas de Proteção Especial (APE) como áreas que foram contaminadas com subs-tâncias tóxicas ou áreas de proteção aos mananciais, a Área de Preser-vação Permanente (APP), a Reserva Legal Florestal (RLF) e as Unidades de Conservação (UC) como parques e a reserva particular do patrimônio natural - RPPN.

O Registro de Imóveis também exerce importante papel na fiscaliza-ção do cumprimento do prévio licen-ciamento ambiental. Isso ocorre de forma mais efetiva quando da aná-lise de projeto de desmembramentos e loteamentos (Lei 6.766/79), em que existe a necessidade de licenciamen-tos ambientais municipais, estaduais e, dependendo do interesse público, também federal. Nas incorporações imobiliárias e condomínios edilícios (Lei 4.591/64) ocorre o mesmo.

Finalmente, os Cartórios de Re-gistro de Imóveis têm se tornado

referência também em sustentabili-dade. A ARISP – Associação dos Re-gistrados Imobiliários do Estado de São Paulo, desde 2005, implantou o Ofício Eletrônico para atendimento de pesquisa dos órgãos públicos, ten-do chegado a mais de 450 milhões de pedidos que representam forte economia de papel que impediram o corte de mais de 650 mil árvores. Fora isso, criou a Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade que tem atuado na educação, na implantação de práticas sustentáveis e na neu-tralização das emissões de CO² nos cartórios de Registro de Imóveis do Estado de São Paulo, (http://susten-tabilidade.registradores.org.br).

É notória a evolução do Registro de Imóveis no Brasil, exteriorizando um forte dinamismo e capacidade de crescimento e adaptação, demons-trando fidelidade ao direito de pro-priedade e habilidade na utilização das novas tecnologias, não somente para o desenvolvimento de suas fun-ções primárias, mas também para as práticas sustentáveis.

"É notória a evolução do Registro de Imóveis no Brasil, exteriorizando um forte dinamismo e capacidade de crescimento e adaptação, demonstrando � delidade ao direito de propriedade e habilidade na utilização das novas tecnologias."

ARISP / DIVULGAÇÃO

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OUTUBRO 201524

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O protagonismo do Judiciário é um fenômeno que, finalmente, mereceu análise de outros pensadores, não mais se restringindo à esfera jurídi-ca. Todos os assuntos hoje são sub-metidos ao sistema Justiça. Desde os mais triviais e singelos, até os mais complexos.

Na República em que o único apa-rente consenso é a absoluta falta de consenso, há muitas leituras para o quadro. Os otimistas entendem que a excessiva judicialização é termômetro democrático favorável ao Estado Bra-sileiro. Afi nal, os Tribunais estão fun-cionando, haverá sempre um juiz para responder, ainda que não com a rapidez desejável, à demanda de quem procurou por ele. Para os pessimistas, a situação já ingressou no caos. Mais de 106 mi-lhões de processos tornam impossível a missão de solucioná-los de maneira a resolver os problemas neles contidos.

Para os realistas, impõe-se urgente reflexão. Continuaremos no mesmo modelo de cinco ramos de Judiciário, quatro instâncias, dezenas de possi-bilidades de reapreciação do mesmo tema, diante de um prolífico arsenal de recursos?

A população descobriu a Justiça e, paradoxalmente, não confi a plenamen-te nela. As últimas pesquisas da FGV nos reservam modesta posição, inferior a 25% dos entrevistados, quanto à con-fi abilidade nas Instituições.

Entretanto, sabemos que somos tec-nicamente preparados e idealistas. Se a vocação - o chamado - entrou em co-lapso com a corrida aos concursos, to-dos eles previsíveis pois calcados na ca-pacidade de memorização, o despertar da sensibilidade provê a magistratura de seres humanos que se apaixonam pelo que fazem.

Mas isso é pouco para fornecer à nacionalidade elementos concretos da esperança de que ela necessita. Preci-samos investir na informatização, não apenas para que o processo eletrônico seja uma realidade em todo o Bra-sil. Mas para explorar as potencia-lidades das TCIs - Tecnologias de Comunicação e Informação, ainda pouco utilizadas no arcabouço ju-rídico. Nossos quadros funcionais precisam abandonar a nomencla-tura arcaica e mergulhar no uni-verso da inteligência artificial. A quebra de paradigmas é um fato incontroverso e só os surdos não con-seguem ouvir o ruído continuamente produzido.

A receita expressa pelo "mais do mesmo" já se esgotou. Não é crescer até o infi nito que resgatará a confi ança e intensifi cará o prestígio do Judiciário. É outra a trilha a ser percorrida: a efi -ciência. Toda Administração Pública se submete ao princípio da efi ciência, incluído no artigo 37 da Constituição Cidadã pela Emenda 19/98, exatamen-te dez anos depois da promulgação do pacto-panaceia.

Efi ciência signifi ca responder, com a possível exatidão e em tempo oportuno, àquilo que o jurisdicionado pleiteou. Para isso, é preciso recordar que proces-so é instrumento, não fi nalidade. Redu-zir ao máximo a possibilidade de res-postas meramente procedimentais, que podem por fi m à ação judicial, mas não resolvem o confl ito. Diante de soluções que apenas o "juridiquês" pode explicar ao jejuno, aumenta a legião dos desa-lentados, dos órfãos da Justiça.

A informatização não resolve to-dos os problemas, porém pode revo-lucionar a autoestima do servidor. Desaparecerão os serviços braçais.

Desafi os para a Justiça

Desembargador José Renato NaliniPresidente do Tribunalde Justiça do Estadode São Paulo

"Continuaremos no mesmo modelo de cinco ramos de Judiciário, quatro instâncias, dezenas de possibilidades de reapreciação do mesmo tema, diante de um prolí� co arsenal de recursos?"

OPINIÃO

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OUTUBRO 2015 25

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Não haverá necessidade de prateleiras, nem de arquivos mortos, que custam fortuna a um povo pobre e sofrido. O ambiente de trabalho poderá ser "clean" e aproximar-se do ideal que a juven-tude enxerga hoje nas dependências do "Google": espaços agradáveis, propí-cios à criatividade e a uma satisfação pessoal que se refletirá em incremento à eficiência e à produtividade.

O Judiciário precisa se livrar da burocracia e um bom começo é trans-ferir a jurisdição voluntária própria ou análoga às delegações extrajudi-ciais. Estas podem ser mais úteis do que já são, pois têm inegável experti-se na atuação do mister judicial. No tempo em que os tabeliães e registra-dores eram também responsáveis pelo ofício judicial, havia devotamento ao trabalho, consciência da relevância da missão, disciplina e hierarquia nem sempre existentes no serviço público. Isso porque a opção do constituinte de 1988 em relação aos antigos cartó-rios foi a mais inteligente: entregou atuação estatal a concursados fisca-lizados e orientados pelo Judiciário, mas que a exercem por sua própria conta e risco, em caráter privado. O Erário não coloca um real nas ser-ventias, pode cassar a delegação em casos graves e participa do resultado do trabalho particular, arrecadando boa parte dos emolumentos.

Estas precisam ser legitimadas a fazer aquilo que a lei já determina: formalizar juridicamente a vontade da parte. E a vontade da parte pode ser um ajuste, um acordo, uma compo-sição de interesses. Pois o caminho da pacificação é a alternativa ao desvio rumo ao desvario. Não é possível mul-tiplicar cargos e estruturas, sob pena de consequente perda de qualidade e vulgarização de funções ainda hoje simbolicamente diferenciadas.

Intensifi car todas as estratégias de composição consensual dos confl itos é vital para a subsistência da função judicial e para o fortalecimento da De-

mocracia Brasileira. Pois além de invia-bilizar qualquer possibilidade de efi ci-ência, o crescimento das demandas inibe a população de alcançar a maturidade.

É preocupante a tendência à preser-vação de mentalidade assistencialista, hábil a manter o povo cativo das benes-ses do Estado. Em todos os setores. Até na Justiça, com a existência de uma ver-dadeira "bolsa-Justiça", eis que é enorme a quantidade de demandas benefi ciadas com a gratuidade.

Questões singelas não podem recor-rer a um equipamento complexo, sofi s-ticado até, dispendioso e, por esses mo-tivos todos, invencivelmente lento. Pois se as pessoas não conseguirem dialogar para acertar suas diferenças, não enca-rarem os seus problemas com vontade de resolvê-los, continuarão infantilizadas e incapazes de verifi car o que acontece com a gestão da coisa pública.

O Brasil não teria atingido este pata-mar de indigência moral não fora a fal-ta de fi scalização cidadã, a anestesiada capacidade de indignação, a ausência de consciência de que o Estado é outro ins-trumento de realização das fi nalidades individuais e aquelas perseguidas pelas sociedades de fi ns particulares. Ferra-menta a serviço do povo, não fi nalidade em si mesma.

Extrair do sistema tudo aquilo que se puder resolver mediante orientação e acompanhamento dos advogados, ressuscitar o princípio da subsidiarie-dade, reclamar consciência de que esta República impõe também deveres, não elenca apenas direitos, é missão apta a converter o Judiciário no serviço es-tatal célere, eficiente, efetivo e eficaz com que sonha - e tem direito de so-nhar - o brasileiro lúcido.

Insistir na postura ética de todos os profi ssionais do direito, a começar do juiz, de quem se exige o consequencia-lismo no artigo 25 do Código de Ética da Magistratura Nacional editado pelo CNJ em 2007, auxiliará - e muito - esse processo transformador para a qual to-dos somos conclamados.

"Intensi� car todas as estratégias de composição consensual dos con� itos é vital para a subsistência da função judicial e para o fortalecimento da Democracia Brasileira."

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O presidente do Supremo Tribunal Fe-deral (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewan-dowski, assinou o termo de instalação da Audiência de Custódia no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), onde foi recebido pelo desembargador-presidente Constantino Guerreiro, na presença dos demais desembargadores e desembarga-doras, servidores, defensores, promotores de Justiça, juízes, advogados e jornalistas. Constantino Guerreiro saudou o ministro e ressaltou que a gestão dele à frente do Conselho Nacional de Justiça tem prima-do pela valorização da magistratura e por

projetos e iniciativas que têm posicionado o Judiciário brasileiro no centro do de-bate das principais questões nacionais, como protagonista e principal fiador das liberdades individuais e do estado demo-crático de direito.

O presidente do STF e do CNJ foi dis-tinguido pelo Tribunal de Justiça do Pará com a Comenda do Mérito Judiciário. Também estiveram à mesa que presidiu a solenidade o prefeito Zenaldo Couti-nho, o procurador-geral do Estado, An-tônio Sabóia Neto, representando o go-vernador Simão Jatene; e o presidente do Conselho dos Tribunais de Justiça,

Ministro Lewandowski instala audiência de custódia no Pará

FOTOS RICARDO LIMA / TJPA

Desembargador Constantino Guerreiro,

presidente do TJPA, e o ministro Ricardo

Lewandowski, homenageado.

Presidente do STF e do CNJ recebe homenagem do TJPA durante cerimônia

HOMENAGEM

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Ministro Lewandowski assina o Termo de Instalação das Audiências de Custódia no Pará.

desembargador Milton Nobre. Ivo Jefferson dos Santos, 20 anos, de-

sempregado, ganhou uma nova oportuni-dade após ser preso em flagrante ao roubar um celular no Comércio. Ele usou um si-mulacro de arma para intimidar a vítima, mas foi capturado por guardas municipais e conduzido à central de triagem de São Brás. Ivo responderá ao processo em li-berdade após decisão do juiz da Vara Es-pecial de Inquéritos Policiais, Flávio San-ches Leão, proferida durante a primeira audiência de custódia feita no Pará pelo Tribunal de Justiça do Estado.

O projeto foi lançado em fevereiro deste ano, em São Paulo, e o Pará é o 21º esta-do da Federação a implantá-lo. O 22º é o Amapá, cuja instalação ocorreu na tarde desta sexta-feira, em Macapá.

Segundo o ministro Lewandowski, em sete meses, a economia total já está em mais de R$ 480 milhões, com mais de seis mil cidadãos que não deveriam estar pre-sos liberados e o equivalente a oito presí-dios não construídos.

O caso de Ivo Jefferson dos Santos é exemplar. Sem antecedentes criminais, de-sempregado e arrimo de uma família cuja renda o coloca abaixo da linha de pobreza, Ivo não foi para a cadeia, mas está proibi-do pelo juiz de se ausentar da cidade, não pode mudar de endereço sem comunicar a Justiça e nem se aproximar das testemu-nhas e da vítima.

Ele responderá ao processo e, além dis-

so, terá se de apresentar regularmente ao cartório do Fórum Criminal e procurar o serviço social do ProPaz, que juntamen-te com a Secretaria de Assistência Social, Emprego, Trabalho e Renda (Seaster) vai acompanhá-lo para que ele obtenha uma chance de qualificação para o trabalho.

A Fundação Papa João XXIII, da Prefei-tura de Belém, fará o acompanhamento em caso da necessidade de reabilitação para dependência química. "Um rapaz desse, de 20 anos, sem antecedentes criminais, arrimo de família, na cadeia, será facil-mente recrutado pelo crime organizado que está dentro dos presídios e fará uma pós-gradução em criminalidade", advertiu o ministro Lewandowski, ao ponderar que, após alguns meses de prisão, pelo crime ca-talogado no Código Penal Brasileiro como roubo simples, ele cumpriria as mesmas medidas fixadas pelo juiz na audiência de custódia, com o ônus de ter passado por uma experiência extrema na cadeia, com prejuízos para ele e para a sociedade. "É uma pena antecipada", disse o ministro.

PILOTOO projeto da audiência de custódia con-

siste em apresentar ao juiz em um prazo de 24 horas os presos em flagrante. Antes da audiência, ele se avista com o defensor público, que apresentará a sua defesa. O representante do Ministério Público faz a acusação e o Instituto Médico Legal desig-na o perito no local para fazer o exame de

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corpo de delito, atestar a integridade física e mental dos detidos e verificar se foram submetidos a alguma forma de tortura.

A experiência piloto em Belém envol-verá presos em flagrante da Unidade Inte-grada ProPaz da Terra Firme e das seccio-nais da Marambaia, Icoaraci e São Brás. A média de presos provisórios no Pará está acima da nacional, com 49% do total de 13.268 detentos. O estado tem 41 unidades prisionais, com um déficit de 4.247 vagas, de acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) do ano passado.

As audiências de custódia serão realiza-das em duas salas na Vara Especializada de Inquéritos Policiais da Comarca de Belém, de segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas. Haverá plantões judiciários para atendi-mento fora do horário de expediente.

Além do Tribunal de Justiça, também são parceiros do projeto do CNJ no Pará o Ministério Público, a Defensoria Pú-blica, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Pará), a Prefeitura de Belém e o Governo do Estado. A ideia é acompa-nhar os indiciados liberados nas audi-ências de custódia, com medidas sociais para evitar a reincidência.

"Nós temos hoje no Brasil a 4ª popula-ção carcerária do mundo, depois dos Esta-dos Unidos, China e Rússia. São quase 600 mil presos, 40% dos quais são provisórios, um total de 240 mil pessoas que nunca vi-ram um juiz. Com esse procedimento (au-diência de custódia), nós vamos deixando de prender aquelas pessoas que não são violentas, que não oferecem perigo à so-ciedade, e vamos abrindo espaço nas peni-tenciárias e cadeias públicas para aqueles que realmente merecem ser presos, provi-soriamente e definitivamente. Já há uma grande economia para os cofres públicos. Cada preso custa, em média, R$ 3 mil re-ais ao mês para o erário. Então, desde que começamos a implantar esse projeto em fevereiro deste ano, em 20 Estados, já economizamos quase meio bilhão de reais para os cofres públicos, deixando de pren-der seis mil cidadãos que não oferecem riscos à sociedade e deixamos de construir 8 mil presídios", ressaltou o ministro.(Com informações do TJPA)

Ministro Ricardo Lewandowski com desembargadores e juízes na primeira audiência de custódia do Pará, que beneficiou jovem de 22 anos.

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Diante do impasse criado pela grande demanda de ações, em que todos no Poder Judiciário são desafiados a buscar soluções para reduzir o acervo de 100 milhões de processos hoje em curso nas comarcas do país, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ) recebeu neste ano de 2015 uma notícia que muito orgulha os magistrados e servidores fluminenses. O Conselho Na-cional de Justiça (CNJ) conferiu ao TJ do Rio o maior índice de produtividade den-tre todos os tribunais estaduais, conforme a divulgação da 11ª edição do relatório Justiça em Números.

Com esse mérito, o TJRJ recebe os pre-sidentes de TJs de todo o Brasil para o 105º Encontro do Conselho dos Tribu-nais de Justiça. O evento será nos dias

20 a 22 de outubro.O TJ do Rio e o Tribunal de Justiça do

Rio Grande do Sul (TJRS) apareceram, en-tre os tribunais de grande porte, com os maiores percentuais de eficiência, iguais a 100%, índice que tem se mantido duran-te toda a série histórica desde 2009. De acordo com o estudo, que tem 2014 como ano-base, o TJRJ alcançou um Índice de Produtividade dos Magistrados (IPM) de 3.790 ações no primeiro grau. O indicador computa a média de processos baixados por magistrado em atuação.

Com uma área de 43.696 km² e população de mais de 16 milhões de habitantes, o Rio de Janeiro divide-se em 92 municípios. O TJ do Rio está presente em todos esses cantos, do maior ao menor município, seja em den-

TJ do Rio de Janeiro apresenta maior índice de produtividade

Sede do TJRJ: instalações e infraestrutura

modernas para atingir índices expressivos de

produtividade.

Ações inovadoras garantem ao Tribunal o selo de e� ciência do CNJ

RIO DE JANEIRO

TJRJ / DIVULGAÇÃO

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sidade demográfica ou extensão territorial, para cumprir o seu papel constitucional.

Mesmo em situações que lhe sejam ad-versas pela urgência das decisões, os ma-gistrados do TJ do Rio se apresentam de-dicados em seus afazeres, como apontou o relatório do CNJ.

“O Tribunal de Justiça do Rio de Ja-neiro se destaca ao analisar os índices de produtividade dos magistrados (IPM), de produtividade dos servidores (IPS) e de atendimento à demanda (IAD) e taxa de congestionamento (TC), uma vez que este tribunal apresentou no ano de 2014 o maior IPM, o terceiro maior IPS, IAD su-perior a 100% e mesmo assim obteve a ter-ceira maior taxa de congestionamento da Justiça Estadual. Tais indicadores demons-tram que, mesmo com alta produtividade, o TJRJ não consegue reduzir o resíduo processual de anos anteriores”.

Esta observação é pertinente ao mal que assola todos os tribunais no país. Pressio-nados por orçamentos que mínguam em razão das dificuldades econômicas dos es-tados brasileiros, os tribunais estaduais se ressentem da impossibilidade de contrata-ção de magistrados e servidores suficientes para dar conta do crescimento geométrico dos processos. Assim, 10% dos 100 milhões de processos no âmbito nacional consti-tuem o acervo da Justiça fluminense.

Mas o próprio relatório do CNJ garante ao TJ do Rio uma posição de destaque, pois observando-se ainda a relação entre a taxa

de congestionamento e a produtividade dos magistrados (IPM), isto é, o percentual de processos em tramitação que não foram resolvidos no ano de 2014 versus o total de processos baixados por magistrado, “pode-se perceber que apenas o TJRJ (gran-de porte) e o TJAP (pequeno porte) constam na fronteira da eficiência”. O relatório acres-centa que o TJ do Rio apresentou o maior quantitativo de processos baixados por magistrado entre os tribunais estaduais.

A carga de trabalho do magistrado do TJRJ, que computa a média de efetivo tra-balho de cada magistrado durante o ano, considerando casos novos, casos penden-tes e recursos internos, entre outros, é de 19.691 processos no 1º grau, ocupando o primeiro lugar no ranking da Justiça Esta-dual neste quesito. Já no segundo grau, a carga de trabalho é de 1.911 ações.

Ainda de acordo com a análise, a Justiça do Rio ocupa o segundo lugar no ranking da Justiça Estadual, com 802 magistrados e 25.945 servidores e auxiliares, com uma despesa total de R$ 3.787.885.038, ficando atrás do Tribunal de Justiça de São Paulo com uma despesa de R$ 8.362.824.642. Para a classificação por porte dos Tribu-nais de Justiça, consideram-se as despesas totais, os casos novos, os casos pendentes, o número de magistrados, o número de servidores (efetivos, requisitados e comis-sionados sem vínculo efetivo) e o número de trabalhadores auxiliares (terceirizados, estagiários, juízes leigos e conciliadores).

À esquerda, ao centro, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do TJRJ.

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VALORIZAÇÃO DE PESSOALPara alcançar os números que

atestam a capacidade e a compe-tência jurisdicional do TJ do Rio, a sua Presidência, exercida pelo desembargador Luiz Fernando Ri-beiro de Carvalho, tem como um dos pilares priorizar a valorização dos magistrados e servidores da primeira instância e o fortaleci-mento do diálogo com a sociedade. “A comunicação é uma das metas da nossa gestão, com o objetivo de darmos maior oxigenação ao Po-der Judiciário fluminense”, diz o presidente Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, que tomou posse no dia 2 de fevereiro deste ano, junta-mente com os demais membros da Alta Administração: a corregedora--geral da Justiça, desembargadora Maria Augusta Vaz; a 1ª vice- pre-sidente, desembargadora Maria Inês da Penha Gaspar; a 2ª vice--presidente, desembargadora Nilza

Bittar; e o 3º vice-presidente, de-sembargador Celso Ferreira Filho.

Com assiduidade e acompa-nhado da corregedora e juízes, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho tem mantido reuniões para ouvir reivindicações e sugestões de magistrados e servi-dores, na capital e no interior. É um intenso corpo a corpo, em constan-tes deslocamentos pela periferia e interior do Rio, cujos resultados traduzem uma gestão moderna e firme na busca de resultados.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICANesses nove meses de adminis-

tração, são visíveis os avanços nas áreas de Violência Doméstica, In-fância, Juventude e Idoso, dando acolhida aos casos em que os per-sonagens se mostram vulneráveis. Em julho passado, por exemplo, o TJ do Rio promoveu a segunda edi-ção da “Semana da Justiça pela Paz

em Casa”, com a realização de cer-ca de 1,5 mil audiências dedicadas aos direitos da mulher vítima de violência doméstica. A campanha, liderada pela ministra Cármen Lú-cia, do Supremo Tribunal Federal (STF), buscou resolver o maior nú-mero possível de casos de violência de gênero. Para isso, foi feito um mutirão de audiências, acelerando os julgamentos dos crimes de vio-lência contra a mulher em todo o estado do Rio. E não vai parar por aí, já que em novembro será realizada mais uma semana de campanha.

Tendo ainda a mulher como foco, o TJ do Rio realizou, recen-temente, o II Seminário Inter-nacional “Violência de Gênero e Feminicídio”, reunindo autori-dades do Brasil, Espanha, Chile e Argentina. Do encontro, nasceu uma Carta Compromisso, que, en-tre outras abordagens, teve a se-guinte conclusão: “Reconhecemos e

Projeto do TJ do Rio promove casamento comunitário na cidade de Magé-RJ.

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afi rmamos nossas formas de produ-ção de conhecimento no âmbito dos estudos feministas, de gênero e da diversidade sexual, articula-das com as lutas dos diversos mo-vimentos políticos na esfera civil e da pesquisa acadêmica. Reitera-mos que houve avanços nas lutas e que, ano após ano, além de se realizar uma análise quantitativa dos fatos registrados, vem sendo elaborado um estudo que procu-ra acompanhar as mudanças na legislação, bem como as políticas públicas específicas para as mu-lheres”.

Ainda neste âmbito, foi realiza-da a assinatura de convênio entre o Tribunal, o Ministério Público e a Polícia Civil para a implementação do Projeto Violeta, com o objetivo de dar maior segurança às vítimas de violência doméstica, efetivando com mais rapidez as medidas pro-tetivas contra os agressores.

QUESTÃO DOS MENORESO TJ do Rio também tem enfren-

tado com firmeza, porém manten-do a sensibilidade que a situação requer, a questão dos menores in-fratores. “O encarceramento não é a solução. É preciso um olhar dife-renciado na aplicação das medidas socioeducativas para adolescentes infratores, já que ele – o jovem - é um ser que ainda se encontra em formação”. Foi com essas palavras que o desembargador Luiz Fernan-do Ribeiro de Carvalho inaugurou a Vara de Execução de Medidas So-cioeducativas da Comarca da Capi-tal. A nova unidade jurisdicional é responsável pela execução das me-didas socioeducativas aos menores em conflito com a lei. “Em grande parte dos casos, o adolescente in-frator é fruto de uma família de-sintegrada e não tem acesso à edu-cação e saúde de qualidade. Falta estrutura, faltam políticas públicas

para formar uma pessoa de bem. Hoje, o que fazemos aqui, é plantar uma semente. Nossa responsabilida-de é muito grande, mas confio nos magistrados e servidores a quem en-tregamos essa missão”, acrescentou o presidente durante a solenidade de instalação da nova serventia, que funciona na Zona Norte do Rio.

Outra situação com o envolvi-mento de menores é a exploração do trabalho infantil. O TJ do Rio engajou-se na questão, assinando um protocolo de intenções para erradicação do trabalho infantil no estado e a regularização das ativi-dades trabalhistas desenvolvidas por adolescentes. O termo foi firmado com o Tribunal Regional do Traba-lho (TRT) da 1ª região, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a De-fensoria Pública do Rio e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que já desenvolvem ações na área.

O presidente do TJRJ destacou a

O TJ do Rio promoveu a “Semana da Justiça pela Paz em Casa”, com cerca de 1,5 mil audiências.

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importância da iniciativa. “Esse protocolo manifesta a intenção de uma política pú-blica. Ele não é meramente formal, o pro-tocolo é essencial para o resgate da digni-dade da criança e do adolescente”, afirmou o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, após assinar o documento.

Se o menor tem recebido atenção espe-cial, do outro lado da moeda está o amparo aos idosos. A campanha de Conscientiza-ção e Valorização dos Direitos dos Idosos, promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), teve um saldo positivo. Em dois meses de ações, o TJRJ chegou à marca de 9.943 sentenças e decisões proferidas a partir da priorização dos processos que envolvem idosos, e mais de 16% do acervo total de processos foram movimentados. O sistema de priorização de processos já foi implantado de forma eletrônica e manual, através de etiquetas de cor verde.

O presidente do TJRJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, para-benizou o esforço dos juízes e serventias e disse que o objetivo da campanha pelo cumprimento da Lei 10.741/03, o Estatu-to do Idoso, foi cumprido. “Se a filosofia da administração do Tribunal é atender da melhor forma possível o jurisdiciona-do, é evidente que essa lei merece uma atenção especial”, falou o presidente, referindo- se às ações promovidas pela campanha. O magistrado considera ain-da que o trabalho pelos idosos é um ato de reciprocidade. “Não é nenhum tipo de favor. Isso se chama reconhecimento. É o reconhecimento que um órgão tem que ter daqueles que trabalharam em uma vida inteira pela sociedade”, disse o de-sembargador Luiz Fernando.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIAO TJ do Rio também implementou a au-

diência de custódia, que consiste na ime-diata apresentação do preso em flagrante, no prazo de 24 horas, à autoridade judi-ciária e está prevista em pactos e tratados internacionais assinados pelo Brasil, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose.

Para o presidente do Tribunal de Justi-ça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, a inicia-tiva representa uma inovação no siste-ma processual penal. “O projeto evita o ingresso do detido no sistema carcerá-rio, quando o cidadão, em princípio, não oferecer periculosidade criminal. O juiz faz uma avaliação para saber se aquela pessoa pode, sem prejuízo da sociedade, ser colocada em liberdade. Trata-se de uma análise feita com cautela, firmeza e sensibilidade”. À solenidade de inaugura-ção compareceu o presidente do Supre-mo Tribunal Federal (STF) e do Conse-lho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski, que declarou na ocasião que se estava dando um grande passo no combate à corrupção. “Temos cerca de 600 mil encarcerados no país, sendo aproximadamente 40% provisó-rios, ou seja, sem culpa formada. O Brasil

Audiência de Custódia no Rio de Janeiro: inovação no sistema processual penal.

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prende muito, mas prende mal. A audiên-cia de custódia contribui para pacificação social, na medida em que vamos reservar a prisão somente para aqueles efetivamente perigosos à sociedade” – disse o ministro.

VIOLÊNCIA E CORRUPÇÃOO Judiciário fluminense também de-

monstra sensibilidade com temas que estão preocupando a sociedade. No início deste mês de outubro, o TJ do Rio abriu espaço para a realização do seminário “Corrupção e Violência: Reféns, até quando?”, em que reuniu representantes dos mais diversos segmentos, como juristas, políticos, soció-logos, jornalistas e lideranças comunitárias para uma reflexão e elaboração de metas de combate às duas questões. Idealizador do seminário, o desembargador Luiz Fernan-do Ribeiro de Carvalho disse, na oportu-nidade, que “A realização deste seminário

demonstra que o Poder Judiciário se sen-sibiliza com os temas que estão preocu-pando a nossa sociedade. Abrir o espaço para discutir a violência e a corrupção com a sociedade civil torna-se necessá-ria e fundamental”.

No encerramento do seminário, a vice--presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia Antunes Ro-cha, conclamou a sociedade a lutar contra todos os que utilizam dos métodos que, para ela, contribuem para a descrença nas insti-tuições. “Não queria estar aqui para en-cerrar um seminário, mas sim, para poder anunciar que a corrupção e a violência acabaram em todo o mundo. Me sinto em uma situação de desconforto com esses males, mas nem por isso eu sou refém de-les. Temos que ter a audácia de lutar con-tra aqueles que lançam mão da violência e da corrupção. Porque o medo nos deixa mais vulneráveis. Se eu em sentir refém, o outro vai se sentir mais à vontade para me fazer o mal.”

Os compromissos firmados durante o seminário, visam promover a Justiça, a garantia dos direitos humanos e o com-bate à degradação social. Nos três dias de seminário, realizado entre quarta (30/09) e sexta-feira (02/10), foram promovidos painéis e debates para discutir a segu-rança, a corrupção e a violência, além da apresentação das ações que o TJRJ pre-tende adotar sobre os temas.

Os compromissos também têm o ob-jetivo de melhorar os mecanismos do Poder Judiciário no Rio e levar o aten-dimento jurídico para alcance de toda a população, incluindo a atuação do TJRJ junto à educação.

JUSTIÇA ITINERANTEPara aproximar ainda mais a Justi-

ça da sociedade, o TJ do Rio conta com ônibus especialmente adaptados que são deslocados para dar atendimento à po-pulação em regiões carentes na capital e no interior. Os cartórios-móveis, com a presença de magistrados, servidores, representantes do Ministério Público e da Defensoria, representam uma exten-são do tribunal. Entre outros serviços, a

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população que recorre aos serviços oferecidos pela Justiça Itinerante pode regularizar documentos, bus-car soluções conciliadoras em con-flitos com vizinhos, o corte indevi-do de luz, água e telefone, registro tardio de nascimento, conversão de união estável em casamento e o reconhecimento voluntário de paternidade. O objetivo da Justiça Itinerante é integrar os juízes às comunidades, promovendo uma mudança de relacionamento en-tre a sociedade civil e o Poder Judiciário, além de modernizar a prestação jurisdicional, afastan-do os rituais formais ultrapassa-dos e com ênfase na celeridade do processamento.

CONCILIAÇÃONa procura de soluções à cres-

cente demanda de processos, a Justiça do Rio tem encontrado na mediação e conciliação ins-trumentos capazes de reduzir o acervo de ações nas Varas Cíveis. O Núcleo Permanente de Méto-

dos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) foi criado pela Resolução nº 23/2011 do Órgão Especial, em conformida-de com a Resolução CNJ nº 125 de 2010, que institui a Política Judiciária Nacional de Trata-mento dos Conflitos de Interes-ses, com foco nos denominados meios consensuais, que incen-tivam a autocomposição de li-tígios e a pacificação social. O Nupemec é um órgão colegiado não-jurisdicional permanente, com sede na Comarca da Capital.

Os mutirões para a solução de conflitos têm encontrado re-ceptividade nas empresas, que tem participado na resolução dos conflitos.

JUIZADO DO TORCEDOR E GRANDES EVENTOS

Para lidar com as demandas oriundas de eventos que reúnam grande massa de participantes, o Tribunal de Justiça do Rio conta com o Juizado Especial do Torce-

dor e dos Grandes Eventos. Criado pelo Órgão Especial do

Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ) em 2013, o Juizado tem atuado com eficácia para garantir a segurança dos eventos e a tran-quilidade do cidadão que sai de casa com a principal finalidade de entretenimento. A iniciativa tem atingido resultados positivos e já acrescenta em seu currículo uma atuação destacada como a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, o Rock in Rio e a Copa do Mundo. Aliás, na Copa do Mundo, o juizado atuou intensa-mente nas ações contra a venda de ingressos por cambistas e nos mais diversos delitos praticados por tor-cedores no Maracanã.

Os postos avançados do Juizado também marcaram a sua presença num dos maiores festivais de mú-sica do Rio, realizado em setembro: o Rock in Rio. Durante o festival, a unidade móvel do Juizado do Torce-dor (um caminhão com 13 metros de comprimento) mobilizou um total de

Justiça Itinerante leva assistência às comunidades distantes da capital.

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74 pessoas, entre servidores, ofi-ciais de Justiça e 18 juízes. Eles trabalharam das 14h até acabar o espetáculo. E, diferentemente do que muita gente pensa, mal deu para ver ao vivo algum show. E o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos já está se preparando para atuar nas Olím-piadas do Rio, em 2016.

Recentemente o Juizado autuou 69 torcedores por desacato e lesão corporal, na entrada Sul do Mara-canã, antes do início do jogo Fla-mengo x Vasco, realizado em 27 de setembro pela série A do Campeo-nato Brasileiro. Após serem iden-tificados e citados, os torcedores, 65 da Torcida Jovem Fla e quatro da Raça Rubro-Negra, foram li-berados. E o trabalho do Juizado no Maracanã se repete em todos os jogos ou qualquer outro evento esportivo que mobiliza multidões de torcedores. É a Justiça coibin-do a violência e garantindo a be-leza do espetáculo.

No período de realização dos

grandes eventos, o Tribunal de Justiça também reforça sua atu-ação no plantão dos aeroportos, com a designação de mais juízes para auxiliar nos juizados. Nessas ocasiões especiais, além de resol-ver as divergências entre empre-sas aéreas e passageiros, os ma-gistrados vão atuar nas questões relativas à Infância, à Juventude e ao Idoso.

PROCESSO ELETRÔNICOO TJ do Rio tem implementado a

modernização dos sistemas com a im-plantação do processo eletrônico nas Comarcas da Capital e do Interior.

A partir de 2 de fevereiro de 2016, por exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Ja-neiro (TJRJ) somente vai receber as ações de execução fiscal dis-tribuídas por meio eletrônico. Além de cumprir determinação do Conselho Nacional de Justi-ça (CNJ), a medida proporciona-rá mais agilidade na tramitação das ações e redução do acervo do

TJRJ, já que mais de 50% dos pro-cessos em curso correspondem à recuperação da dívida ativa junto aos devedores de tributos estadu-al e municipais.

O presidente do TJRJ destaca o empenho do tribunal em promover novos mecanismos na cobrança da divida ativa. Segundo ele, é res-ponsabilidade do tribunal estabe-lecer parcerias, incrementando a cobrança da dívida ativa e com os créditos revertidos não só para os municípios, mas a todos os envol-vidos. A recuperação também evita que a dívida caia em prescrição.

PROJETOS SOCIAIS Entre os compromissos assumi-

dos pela administração do TJ do Rio está o incentivo à realização de projetos de inclusão social. Com os programas “Começar de Novo”, “Pais Trabalhando”, “Justiça pelos Jovens” e “Jovens Mensageiros” , o tribunal proporciona apoio e su-porte para a recondução das pesso-as ao convívio social.

Juizado do Torcedor e Grandes Eventos:

segurança aprimorada desde 2013.

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PROGRAMAS CULTURAISO TJ do Rio também tem uma atu-

ação marcante na vida cultural do Rio de Janeiro, com a promoção de uma ex-tensa agenda de e v e n t o s . I n i c i a t i v a s i n é d i t a s , q u e f o g e m à s o b r i e d a d e c o m u m e n c o n t r a d a n o e xe r c í c i o d a m a g i s t r a t u r a , p o n t u a m e s s a s m a n i -f e s t a ç õ e s c u l t u r a i s , q u e g a n h a m o g o s t o p o p u l a r .

U m d o s m a i o r e s e v e n t o s f oi o “Desenforcamento de Tiradentes” , com a encenação simbólica do destino de Jo-aquim José da Silva Xavier. O espetáculo, que foi realizado no dia 21 de abril, en-cenou um novo julgamento do Tiradentes (vivido pelo ator Milton Gonçalves), con-denado à morte em 1792 pelo crime de le-sa-majestade. Ao fi nal do espetáculo, o ator não escondeu a emoção por ter interpretado o herói nacional, agora com um fi nal feliz. “Eu não paro de chorar. Foi uma emoção úni-ca viver esse momento e esse herói na-cional”, disse Milton.

Mais um sucesso de público e de mídia, foi a realização do Baile Charme. Consi-derado uma das maiores manifestações culturais da cidade, o Baile Charme foi promovido no último dia 29 de agosto, em frente ao TJ. O evento, com ambiente familiar, atraiu cerca de mil pessoas e foi considerado um sucesso.

O “Conte Algo que não sei”, inspira-do na coluna do jornal O Globo, já é integrante da agenda cultural da cidade e teve sua primeira edição em julho. O objetivo é convidar a sociedade civil ao debate de temas importantes. Pes-soas em geral não visíveis que vivem em seu dia a dia situações difíceis , ou que têm conhecimento específico como cientistas , escritores, pesquisa-dores, ar t i s tas , par t ic ipam do pro-grama, contando suas exper iências . Essa pessoas podem se mani fes tar e t razer re f lexões para d iversas ques-tões que podem a judar a Jus t iça a ampl iar seus conhecimentos .

Espetáculos teatrais promovidos pelo TJRJ incentivam a cultura no Estado.

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Conhecida internacionalmente pela bele-za das praias, da sua natureza exuberante e o contorno dos morros que circundam a Baía da Guanabara, a cidade vive um frenético ritmo de transformação nos últimos anos. A modernida-de da vida tem exigido essa onda “retrofi t” dos prédios e monumentos. A revitalização do que já existe se impõe a passos largos para acompanhar o crescimento de uma cidade.

Novas avenidas são abertas numa transfor-mação que há muito não se via. De Norte a Sul, passando pelo Centro, o Rio de Janeiro sofre ra-

dical modifi cação. Porém, o rejuvenescimento da cidade não interfere naquilo que é históri-co. O novo e o antigo convivem harmoniosa-mente, mesclando a arquitetura urbana deste antigo arraial, que também já foi capital do Império e da República.

Avenidas são rasgadas no traçado urbano, numa preparação frenética, adequando a cida-de para receber em 2016 os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

O transporte coletivo é uma das preocupa-ções dos urbanistas. Neste planejamento surge

Bela e sempre jovem, a Cidade Maravilhosa encanta o turista

Com 450 anos de fundação, completados em março de 2015, o Rio de Janeiro não se curva à idade

TURISMO

Pão de Açúcar (acima) e Maracanã (na foto à

direita): dois dos pontos turísticos mais visitados

do Rio de Janeiro.

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MARACASe o Maracanã antigo foi abaixo,

no lugar dele surgiu o novo Maraca-nã, com instalações mais adequadas ao conforto dos torcedores. O ícone de jogos memoráveis não deixou de existir, mas se adaptou e continua sendo o “templo” de muitas emoções e alegrias, proporcionadas por cra-ques com fama mundial.

Depois de sediar a Copa do Mun-do em 2014, incluindo a grande fi nal, será palco em 2016 da abertura e do encerramento dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Com 78 mil lugares, é um dos estádios mais modernos e seguros do mundo, que proporcio-na entretenimento e lazer. O nosso Maraca é de todos e não está aberto somente nos dias de jogos. Que tal se sentir um craque entrando em cam-po? Você pode visitar os bastidores do estádio, conhecendo a Tribuna de Imprensa, vestiários, camarotes e um acervo de relíquias dos craques que fi zeram a história do futebol no Brasil e no mundo. As visitas são realizadas diariamente, das 9h às 17h, com cerca de uma hora de duração. O ingresso é vendido no próprio Maracanã.

MUSEUSCai o viaduto da Perimetral, der-

rubado a marretadas e implosão. Após quatro anos de obras, abre-se a vista para o mar. É a antiga Praça Mauá, agora revestida de novos con-tornos e abrigando museus e centros culturais. Além de uma intensa pro-gramação artística nos finais de se-mana, pode-se conhecer o Museu de Arte do Rio (MAR), definido como uma das âncoras culturais do Porto

o BRT, um sistema de transporte cole-tivo do município. Inaugurado em 6 de junho de 2012, o projeto de Bus Rapid Transit and System (BRT) é constituído de quatro corredores de vias expressas exclusivos para ônibus do sistema.

Novos caminhos também são aber-tos para o Metrô, levando-o da Zona Norte até a Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Enquanto isso, as linhas de ôni-bus que servem a cidade tiveram os seus cursos reestruturados.

Além desses, a maior novidade em termos de transporte é o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que ligará Centro e Região Portuária, num percurso de 28 Km e 32 paradas. O projeto fortalece o conceito de transporte público integrado ao conectar metrô, trens, barcas, teleféri-co, BRTs, redes de ônibus convencionais e aeroporto (Santos Dumont). Com fun-cionamento 24h por dia, sete dias por se-mana, o sistema terá capacidade de trans-portar 300 mil passageiros diariamente.

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Maravilha. Ao lado do museu está a Escola do Olhar, destinada à educação e que desenvolve programas de formação continuada em artes e cultura visual com professores e educadores.

O museu funciona no Palacete Dom João VI, inaugurado em 1916 e tombado pelo mu-nicípio em 2010. Foi submetido a um longo e meticuloso processo de restauro para se transformar no pavilhão de exposições. A visitação é feita de cima para baixo. Os vi-sitantes sobem até o último andar da Esco-la do Olhar, onde há um terraço com vista para a Região Portuária. De lá, têm acesso aos pavilhões com as mostras do museu. O último andar é dedicado ao Rio de Janeiro e tem sempre exposições que tratam do tema. Os outros três pavilhões trazem exposições com temáticas variadas que duram apro-ximadamente três meses cada. No site do MAR é encontrada a programação completa.

Ali perto, na Rua Primeiro de Março, o tu-rista pode visitar o Centro Cultural Banco do Brasil (também conhecido como CCBB). Cons-truído em 1880, o prédio de linhas neoclássicas

já foi sede do Banco do Brasil e da Associa-ção Comercial do Rio de Janeiro. Em 1989 tornou-se centro cultural e hoje reúne dois teatros, quatro salas para mostras, biblioteca com mais de 100 mil volumes em acervo in-formatizado, auditório, salas de vídeo e cine-ma. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 10 às 21 horas.

Vizinho ao CCBB está a Casa França-Brasil, um dos principais espaços culturais do Rio de Janeiro, desde a sua inauguração em 1990. O centro cultural localiza-se em um prédio pro-jetado pelo arquiteto ofi cial da Missão Fran-cesa, Grandjean de Montigny, e já abrigou a Praça do Comércio e a Alfândega. Hoje é um polo de difusão de cultura e referência em arte contemporânea. A Casa França-Brasil possui uma sala de leitura, um espaço gastronômico e um lounge, que oferecem mais opções de en-tretenimento, conforto e lazer ao visitante. A lateral externa, um pátio amplo e aconchegante, com plantas, bancos de pedra, mesas cobertas e iluminação têm vista privilegiada para a tradicio-nal Igreja de Nossa Senhora da Candelária. Está

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Museu de Arte do Rio: projeto arquitetônico une tradição e modernidade.

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aberto de terça a domingo, das 10 às 20 horas. Também em processo de transformação da

cidade está a Praça Quinze. No seu entorno foi erguido o complexo judiciário do Rio de Janei-ro. Integra o complexo o Museu da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que foi inaugurado em 23 de agosto de 1988 e pioneiro em seu gênero no país. Tem por objetivo resgatar, preservar e divulgar a memória do Judiciá-rio fluminense, proporcionando a pesquisa-dores, historiadores, magistrados e ao públi-co em geral o acesso a fontes históricas da Justiça do nosso estado.

Instalado inicialmente no prédio da Praça da República 26, integrava o Departamento--Geral de Arquivo e Documentação Histórica do Tribunal de Justiça, mas dele se desvin-culou em 1995, fi cando então subordinado à Presidência do Tribunal e passando a realizar as suas atividades no prédio do Fórum de Ni-terói, antigo Palácio da Justiça da ex-capital fl uminense.

Em 1998, a sede do Museu foi transferida para o histórico palácio situado na Rua Dom Manuel 29, que abrigara sucessivamente três tribunais: a Corte de Apelação do Distrito Fe-deral (denominada, em 1937, Tribunal de Ape-lação e, em 1946, Tribunal de Justiça do Dis-trito Federal), o Tribunal de Justiça do Estado da Guanabara e o Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de Janeiro. Em Niterói se es-tabeleceu apenas o Centro da Memória Judi-ciária daquela comarca. O museu funciona na Rua Dom Manuel 29.

CRISTO REDENTORNo Rio de Janeiro está situado uma das

sete maravilhas do mundo: o Cristo Re-dentor. Concebido pelo engenheiro Hei-tor da Silva Costa, o monumento teve a colaboração do escultor francês Paul Lan-dowski e o engenheiro francês Albert Ca-quot na construção entre os anos de 1922 e 1931. Tem 30 metros de altura, sem contar os 8 metros do pedestal, e seus braços se esti-cam por 28 metros de largura. A estátua pesa 635 toneladas e está localizada a 700 metros de altura, no pico do Corcovado, no Parque Nacional da Floresta da Tijuca. A inauguração ocorreu em 12 de outubro de 1931, dia de Nossa Senhora Aparecida. O horário de visi-tação é das 8 às 19 horas.

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Cristo Redentor: atração está entre as sete novas maravilhas do mundo.

PÃO DE AÇÚCARQuem vai ao Cristo não pode deixar de

visitar o Pão de Açúcar. Junto com a estátua do Cristo Redentor é cartão-postal da cidade e um dos mais famosos do Brasil. O Pão de Açúcar é um complexo de morros localizado no bairro da Urca, no fi nal da Praia Vermelha, Zona Sul do Rio. Às margens da Baía de Gua-nabara constitui-se em uma referência turísti-ca internacional para a cidade.

Um bondinho transporta o visitante pelo teleférico, interligando a Praia Vermelha ao Morro da Urca. Conhecido como Bondinho do Pão de Açúcar, o teleférico foi inaugura-do em 1912, tornando-se o primeiro telefé-rico instalado no país e o terceiro do mundo.

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Nesses 103 anos de existência, transportou milhões de pessoas. Na última estação do bon-dinho tem-se a vista panorâmica das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.

PRAIASO carioca não vive sem praia, já que a cidade

oferece uma extensa orla marítima. É também a primeira opção de lazer do turista que vem ao Rio. Na Zona Sul estão localizadas as mais famosas, entre as quais Copacabana, conheci-da internacionalmente e cuja fama abrange o bairro pela sua vida diurna e noturna. Na lar-ga faixa de areia, se pratica vôlei e futevôlei. Quiosques modernos vendem bebidas e co-mida. No fi m da praia, está localizado o Forte de Copacabana e a estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade, que virou mais um ponto de atração da praia, reconhecida como a “princesinha do mar”.

Outra praia badalada é Ipanema, que man-tém a fama de lançadora de moda e de mo-vimentos culturais. O posto 9 é o mais con-corrido, enquanto a juventude dourada se concentra na altura da Rua Joana Angélica. Em dezembro de 2014, o bairro ganhou uma estátua do cantor e compositor Tom Jobim. Próxima ao Arpoador, a obra retrata o músico jovem, caminhando com um violão nas costas.

Numa continuação de Ipanema, está a praia do Leblon, um dos bairros com o metro quadrado mais caro do mundo. Nas areias, as escolinhas de

vôlei, futebol e surfe movimentam a área. Além dessas, o turista pode conhecer as

praias do Leme, Arpoador, São Conrado e a Barra da Tijuca. Com 15 quilômetros de ex-tensão ao longo da Avenida Sernambetiba, a Barra da Tijuca é a maior praia da cidade. As águas são esverdeadas, com ondas que atraem adeptos do surfe e do bodyboard. Os ventos constantes reúnem praticantes de ki-tesurf e windsurf.

É na Barra da Tijuca que se encontra a Praia do Pepê. Quem vem da Zona Sul é a primeira praia do bairro. São quase dois qui-lômetros de orla, cercada por prédios com poucos andares. A Barraca do Pepê, cria-da pelo campeão de voo livre Pedro Paulo Carneiro Lopes, morto em um acidente em 1991, é um dos tradicionais pontos de en-contro da região .

JARDIM BOTÂNICOUma das mais preservadas áreas verdes

da cidade, o Jardim Botânico abriga cerca de 6.500 espécies da fl ora em uma área de 54 hectares. O espaço fi ca na Rua do mesmo nome, na Zona Sul da cidade.

O arboreto científi co (parque) está aberto aos visitantes de segunda a domingo, duran-te todos os dias do ano, excetuando-se 25 de dezembro, 1º de janeiro e momentos especí-fi cos de horários adotados pela Presidência do Instituto. O horário normal de visitação é: segundas-feiras, das 12 às 17h, e de terça a domingo, das 8h às 17h, com prorrogação de uma hora para o fechamento das bilheterias no período de horário de verão. Para mais in-formações, ligue para o Centro de Visitantes - Telefone: +55 (21) 3874-1808 / 3874-1214.

TOUREm frente à praia de Ipanema está a Ca-

garras, composta por sete ilhas e rochedos. O arquipélago é integrado pelas ilhas: Lage de Cagarra, Cagarra, Filhote de Cagarra, Ma-tias, Praça Onze, Ilha Comprida e Palmas. Por lá, é comum encontrar diversas espécies de aves, como gaivotas, fragatas, atobás, ma-çaricos, gaviões, corujas, trinta-réis, bem-te--vis, biguás, garças, urubus e outros.

É possível conhecer essas ilhas. Saindo às 10h da Marina da Glória, o tour é feito de escuna, onde são apresentadas as praias da Zona Sul. Logo após, há duas possibili-

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As praias são outro ponto alto do Rio. Ipanema, Copacabana, Leblon e Barra enchem os olhos dos turistas.

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dades de roteiro: no primeiro, o percurso vai pela Praia do Flamengo, Forte de S. João, Urca, Pão de Açúcar, Praia Vermelha, Leme, Praia de Copacabana, Ilhas Cagarras e retorno. Já no segundo, Praia do Flamengo, Forte da Lage, Fortaleza de Santa Cruz, Praia do Imbuí, Forte do Imbuí, Praia de Piratininga, Camboinhas, Praia de Itaipú e retorno.

SANTA TERESAO visitante ainda tem a opção de conhecer

o bairro de Santa Teresa, um dos mais tradi-cionais perto do Centro do Rio de Janeiro. O passeio inclui a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito do homem preto, Igreja de Nossa Senhora de Conceição e de Nossa Senhora da Boa Morte, Igreja de Nossa Senhora da Candelária, CCBB e Casa França Brasil, Rua do Rosário, Rua do Mercado, Rua do Ouvidor; Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores; Travessa do Comércio, Casa da Carmen Miranda, Praça XV, Paço Imperial, Chafariz do Mestre Valentim, Antigo Con-vento das Carmelitas e a Nossa Senhora do Carmo; Rua Sete de Setembro, Confeitaria Colombo, Rua Uruguaiana, Largo da Carioca, Cinelândia e passagem pelos principais pontos de Santa Teresa.

FLORESTA DA TIJUCALocalizada a 10 minutos do Centro do Rio

de Janeiro, se encontra uma das áreas de preser-vação ambiental mais diversifi cada do mundo. Com fauna e fl ora apaixonantes, a Floresta da Tijuca, no Parque Nacional da Tijuca. É um ver-dadeiro tesouro urbano. O parque, que possui 3 972 hectares, é a quarta maior área verde urbana do país, atrás apenas do Parque Estadual da Can-tareira (7. 916,52 hectares), da Reserva Floresta Adolpho Ducke (10 mil hectares), em Manaus, e do Parque Estadual da Pedra Branca (12. 500 hectares), na Zona Oeste do Rio.

Uma das opções de visita ao Parque é o tour em transporte de jeep. Após embarque no ho-tel, acontece a subida pela estrada do Horto Florestal, parada na Cachoeira dos Macacos, parada na Vista Chinesa, Mesa do Imperador, parada na Cascatinha, Capela Mayrink, Cen-tro dos Visitantes, caminhada pela Floresta da Tijuca, saída pelo Açude da Solidão, Estrada das Canoas, parada na praia do Pepino para ver os voos de Asa Delta e retorno ao hotel pela Avenida Niemeyer.

LAPAO Rio de Janeiro também oferece ao visi-

tante uma movimentada noite, proporciona-da por bares e restaurantes no Centro e na Zona Sul. Em Copacabana, Ipanema e Le-blon estão localizados famosos restaurantes e bares da moda, onde a boa comida e bebida fazem a fama desses lugares.

No Centro, a Lapa é o berço da boemia carioca. As casas noturnas têm uma grande oferta de samba, forró, chorinho e rock — no mítico Circo Voador. O bairro é eclético e para todos. O turista terá difi-culdade de fazer a sua escolha, diante de tantas opções regadas a chope, os petis-cos e a música. Apenas uma noite é pouca para aproveitar a vida na Lapa.

Jardim Botânico: espaço para lazer e contato com a natureza.

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O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) elegeu a Mesa Diretora para o biênio 2016/2017. À unanimidade de votos, o Tri-bunal Pleno sufragou o nome do desembar-gador Annibal de Rezende Lima para o cargo de presidente da Corte. Já para a função de vice-presidente do TJES foi eleito o desem-bargador Fábio Clem de Oliveira, enquanto o desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa continuará como corregedor-geral da Justiça, cargo que assumiu no último mês de junho após a aposentadoria do desembargador Car-los Roberto Mignone.

Para a função de vice-corregedor foi es-colhido o desembargador Ney Batista Cou-tinho. Também à unanimidade, a desembar-gadora Eliana Junqueira Munhós Ferreira foi eleita ouvidora judiciária, tendo o desembar-

gador Fernando Estevam Bravin Ruy como suplente-ouvidor. Quanto ao Tribunal Re-gional Eleitoral (TRE-ES), os desembarga-dores Sérgio Luiz Teixeira Gama e Samuel Meira Brasil Júnior foram eleitos, respectiva-mente, presidente e vice-presidente/correge-dor do TRE-ES.

Para a Comissão de Reforma Judiciária, o Tribunal Pleno elegeu o desembargador Willian Silva para presidente, tendo como membros da comissão os desembargadores Telêmaco Antunes de Abreu Filho e Janete Vargas Simões. Já como presidente da Co-missão de Regimento, o Pleno escolheu o desembargador Ewerton Schwan Pinto Jú-nior, enquanto os membros eleitos foram os desembargadores Fernando Estevam Bravin Ruy e Eliana Junqueira Munhós Ferreira.

TJES elege Mesa Diretora para o próximo biênio

FOTOS: CAMISAL SOUZA / GOVBA

Acima, no centro, o desembargador Annibal

de Rezende Lima, novo presidente do TJES

Tribunal do Espírito Santo terá Annibal de Rezende Lima na presidência

PELOS TRIBUNAIS

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Já o Conselho Superior da Magistratura será formado pela Mesa Diretora (desembargado-res Annibal de Rezende Lima, Fábio Clem de Oliveira e Ronaldo Gonçalves de Sousa), ten-do como membros vogais os desembargadores José Paulo Calmon Nogueira da Gama e Carlos Simões Fonseca e, como suplentes vogais, os desembargadores Namyr Carlos de Souza Fi-lho e Dair José Bregunce de Oliveira.

GESTÃOA gestão do desembargador Sérgio Bizzot-

to Pessoa de Mendonça à frente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) neste bi-ênio (2014-2015) foi marcada pelos esforços realizados para reestruturar o Poder Judici-ário Estadual, promover e estimular a trans-parência nos atos gerenciais e reduzir gastos sem prejuízo para as atividades jurisdicionais.

Entre as medidas adotadas no mandato que se encerra no próximo dia 18 de dezem-bro, merece destaque a nomeação de novos juízes, fato que não ocorria há dez anos. Ao todo, foram empossados 60 juízes e promo-vidos ao cargo de desembargador dez ma-gistrados. Assim, pela primeira vez na his-tória todas as 30 cadeiras do Tribunal Pleno foram ocupadas.

Com mais magistrados, foi possível reali-zar um maior número de julgamentos e agi-lizar a prestação jurisdicional. Desta forma, houve a reestruturação das Comarcas, opor-tunidade em que as unidades judicias com menor número de processos foram fundidas com o objetivo de otimizar a prestação de serviços e economizar recursos.

Os esforços para reorganizar o Judiciário Estadual resultaram na Lei Complementar nº 788/2014, aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo e sancionada pelo então governador do Estado. A lei reestruturou a primeira instância do Po-der Judiciário e deixou mais funcional a má-quina judiciária.

Essas mudanças garantiram um atendi-mento mais rápido às demandas da sociedade e ainda economizaram recursos financei-ros. A lei permitiu o equilíbrio da carga de trabalho dos juízes, com a criação e reor-ganização das comarcas. Como resultado ficou a redução de gastos com transporte, diárias e funções gratificadas.

No alto, o atual presi-dente, desembargadorSérgio Bizotto. Acima e ao lado, o desembar-gador Annibal sendo cumprimentado e discur-sando após ser eleito.

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Outra importante melhoria foi a inaugu-ração dos novos fóruns de Dores do Rio Pre-to e Boa Esperança. Com a implementação de programas de ampliação de serviços, o obje-tivo de aproximar a Justiça do cidadão vem sendo alcançado.

De igual importância na aproximação do Judiciário com o cidadão foi a redução nas custas processuais. No fi nal de 2013, o Tribu-nal de Justiça propôs, o Legislativo aprovou e o Executivo sancionou a revisão da lei que aumentava o valor das custas processuais em até 1.500%.

A Lei nº 9.974 entrou em vigor em janeiro de 2014, logo no início da administração, que precisou solicitar a revisão dos valores. A Pre-sidência entendeu que um aumento tão alto nas custas poderia difi cultar o acesso à Justiça.

Já para evitar o congestionamento de pro-cessos, a administração do TJES criou o Gru-po Permanente de Sentenças. A ideia é que o grupo julgue a maior quantidade possível dos processos incluídos na Meta 02 do CNJ.

O Grupo Permanente de Sentenças é composto por juízes que tenham cumprido, no ano corrente, no mínimo 90% das metas prioritárias do CNJ. Ele foi instituído pela

Resolução nº 57/2015 e teve a atuação regulamentada pelo Ato Normativo nº 241/2015. O trabalho será realizado sem prejuízo das atividades dos magistrados em suas unidades judiciárias.

PJESeguindo a linha da modernização, a ges-

tão do desembargador Sérgio Bizzotto deu iní-cio à implantação no Espírito Santo do Proces-so Judicial Eletrônico (PJe). Todo o trâmite vem sendo feito de forma segura, com treinamento e preparação dos envolvidos.

O PJe vem sendo implantado nas Varas de Execução Fiscal. Ao todo, 38 comarcas já rece-beram o programa e quase dois mil processos já foram peticionados de forma eletrônica. A previsão do TJES é que todo o sistema judicial seja eletrônico nos próximos quatro anos.

DESTAQUE NACIONALSegundo Estado a implantar o programa

Audiência de Custódia, o Espírito Santo foi destaque nacional ao ser também o segundo ente da Federação a ampliar o atendimento para o interior. O lançamento do programa teve a presença do presidente do Supremo Tribunal

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Acima, a moderna sede do TJES.

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Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justi-ça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski.

As audiências garantem que os presos em fl agrante sejam apresentados a um juiz em até 24 horas após a prisão. Esse programa garante os direitos constitucionais do cida-dão, mantendo na prisão apenas os crimi-nosos de maior poder ofensivo e economi-zando recursos públicos.

Apenas nos quatro primeiros meses de implantação (maio – setembro), o programa economizou para os cofres públicos mais de R$ 4 milhões. Foram apresentados ao juiz em menos de 24 horas mais de dois mil presos em fl agrante. O índice de reincidência de cri-mes dos custodiados liberados é de apenas 7%. Merece registro ainda o fato de o Espírito Santo ter a iniciativa de encaminhar custo-diados para atendimento psicossocial.

SOCIALPara evitar a superlotação dos presídios, a

administração do TJES recomendou aos juí-zes estaduais a aplicação de medida cautelar de monitoramento eletrônico por meio de torno-zeleira, nas hipóteses em que não houver pa-gamento de fi ança devido à situação fi nanceira do custodiado. A Recomendação Conjunta nº 001/2015 foi publicada no Diário da Justiça Eletrônica (e-diário) do dia 13 de fevereiro.

Outra iniciativa de destaque do TJES diz respeito à aplicação dos recursos de penas pe-cuniárias em projetos sociais. Por meio dos edi-tais lançados pelo Judiciário Estadual, em dois anos cerca de R$ 2,5 milhões foram destinados a entidades fi lantrópicas da Grande Vitória.

Para participar do programa, as entidades fi lantrópicas devem se credenciar para obter os recursos oriundos das penas pagas em dinheiro. Dessa forma, o pagamento da pena se transfor-ma, de forma direta, em benefício social.

Em observância à Resolução nº 203/2015 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ad-ministração do TJES aprovou a reserva aos negros em todo o Poder Judiciário Estadual, de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para cargos efetivos e de ingresso na magistratura.

A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de cargos oferecidos no concurso público for igual ou superior a três. Caso a apli-cação do percentual de 20% resulte em número

fracionado de vagas, este será elevado para o primeiro número inteiro subsequente.

CRISEA atual administração do TJES passou por

um grande desafi o. Diante da crise econômi-ca que assola o país, o orçamento da Justiça Estadual para 2015 foi reduzido em R$ 133 milhões. Este valor é equivalente a dois meses inteiros de despesas com pessoal. Contudo, mesmo com a redução de recursos nenhum servidor foi demitido.

Apesar das difi culdades fi nanceiras, foi na gestão do desembargador Sérgio Bizzotto que o Plano de Carreira dos Servidores foi aprovado. As alterações aprovadas pela As-sembleia Legislativa e sancionadas pelo go-vernador do Estado garantiram reposições e reajustes salariais, proporcionando a reorga-nização das carreiras.

MEDIDAS INTERNASAlém da reforma da Justiça de primeiro

grau e da nomeação de novos juízes, a admi-nistração do TJES tomou uma série de me-didas para otimizar o funcionamento da Corte e reduzir gastos. Destaque para a criação do Núcleo Socioambiental do Poder Judiciário do Espírito Santo (PJES), que atende à resolução do CNJ que dispõe sobre a criação dos núcleos

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Acima, o desembargador Sérgio Bizotto, atual presidente do TJES.

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socioambientais, de caráter perma-nente, nos órgãos do Poder Judiciário de todo o País para o planejamento, a implementação e o monitoramento de metas anuais e avaliação de indica-dores de desempenho.

Este núcleo está responsável por elaborar o Plano de Logística Sus-tentável (PLS), que visa estabelecer e acompanhar práticas de sustentabili-dade, racionalização e qualidade, para que se alcance uma melhor efi ciência do gasto público e da gestão dos pro-cessos de trabalho na Justiça Estadual.

Outra importante medida apro-vada pelo TJES nesta gestão foi a criação do Código de Ética. O tex-to foi aprovado pelos servidores em Conferência Estadual e segue agora para apreciação do Tribunal Pleno. A previsão é que o lançamento e a di-vulgação aconteçam em novembro. A elaboração do documento atende a uma recomendação do CNJ para que a regulamentação seja implantada em todos os Tribunais do País.

Com o objetivo de gerar economia

e desafogar as salas ocupadas pelos processos, o TJES aprovou o Plano de Classifi cação e a Tabela de Tempora-lidade Unifi cada dos Processos Judi-ciais do Poder Judiciário do Espírito Santo (PCTTUPJ/PJES).

Após a aprovação deste plano, os processos com decisões transitadas em julgado serão defi nitivamente ar-quivados quando não necessitarem de diligência do juízo processante, da se-cretaria da unidade judiciária respecti-va e de terceiros designados para atuar na lide ou alcançados pelo julgado.

Também foi criado nesta gestão o Centro de Memória e Espaço Cultu-ral do TJES. O espaço, que funciona permanentemente no andar térreo do Palácio Renato de Mattos, abriga objetos, fotos e documentos que re-gistram a história do órgão e do Es-tado. No local também são realizadas exposições e mostras de arte.

PRECATÓRIOSPara manter em dia o pagamento

de precatórios no Espírito Santo, o

presidente do TJES, desembargador Sérgio Bizzotto, nomeou um juiz com dedicação exclusiva ao tema. Coube ao magistrado Rodrigo Cardoso Frei-tas administrar os pagamentos.

Nesta gestão foi fi rmado ainda um termo de cooperação técnica entre o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), o Tribunal de Contas Estadu-al (TCE) e o Governo do Estado para a apuração dos valores referentes aos 30 denominados "precatórios da tri-mestralidade".

FUTUROPara garantir a organização do Po-

der Judiciário para os próximos anos, a administração 2014/2015 realizou o Planejamento Estratégico que tra-çou os rumos da Justiça Estadual até 2020. Pela primeira vez na história do TJES, o planejamento foi realiza-do dentro de técnicas modernas, uti-lizando tecnologia de ponta e com o envolvimento de todos: magistrados, servidores e sociedade civil.(Informações da Ascom TJES)

Espaço ajuda a contar a história da Justiça no Tribunal do Espírito Santo.

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OUTUBRO 2015 51

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TJRR / DIVULGAÇÃO

Patrulha Maria da Penha (abaixo) vai atuar no

acompanhamento dos casos de violência doméstica. Acima, o desembargador

Almiro Padilha, presidente do TJRR.

O Tribunal de Justiça de Roraima, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, fechou parceria com a Prefeitura de Boa Vista para que, por meio da Guar-da Civil Municipal, seja desenvolvido o Programa Patrulha Maria da Penha. A parceria é resultado da assinatura de um Termo de Cooperação firmado no ano passado, entre as duas instituições.

A Patrulha será uma efi ciente ferramenta que vai preencher a lacuna atual existente entre a ex-pedição da medida protetiva de urgência, em favor da mulher agredida, e o fi el cumprimento desta ordem judicial, por parte do agressor. O que se pretende é proporcionar um acompanhamento aproximado da situação familiar em que vive tanto a vitima das agressões, quanto os seus eventuais dependentes que venham a compartilhar o mes-mo teto: fi lhos, pais etc.

De acordo com a juíza Maria Aparecida Cury, o Programa será desenvolvido por guardas mu-nicipais, que contarão com uma viatura diferen-ciada, já que a ideia é que ela seja identifi cada nas

visitas realizadas às residências das vítimas, mos-trando para a sociedade o engajamento do Execu-tivo Municipal e do Poder Judiciário na proteção daquela mulher.

Além da especialização, o diferencial da Patru-lha é que ela não atende a ocorrência, mas sim tra-balha após o delito, fi scalizando o cumprimento da medida protetiva e acompanhando mulheres que foram vítimas de agressão.

Durante os meses de agosto e setembro os Guardas Civis que compõem o projeto passaram por capacitação, que incluíam os seguintes temas: direitos humanos, igualdade de gêneros, Lei Maria da Penha, atuação e operacionalização do patru-lhamento, além de ter participado de audiências no 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar. Destaca-se que durante esse período a patrulha Maria da Penha já está atuando, porém com um número reduzido de casos, pois, trata-se de um momento de capacitação e refl exão das situações encontradas em cada residência.(Com informações do TJRR)

Guarda Municipal forma Patrulha Maria da Penha

TJRR firma parceria com prefeitura de Boa Vista para implantar programa

PELOS TRIBUNAIS

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OUTUBRO 201552

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No dia 15 de setembro, o presidente do TJTO, desembargador Ronaldo Eurípedes, anunciou a virtualização e a inserção no Processo Eletrônico (e-Proc) do último processo de papel em tramitação no Judi-ciário do Tocantins, condição que o conso-lida como um Poder moderno e mais pró-ximo do cidadão. Com o ato, a Justiça do Tocantins passa a atuar 100% digital.

Desde o relatório "Justiça em Números 2013", com dados de 2012, o Conselho Na-cional de Justiça (CNJ) classifica o TJTO como o único do País a ter a entrada de processos, nas duas instâncias, 100% ele-trônico. O índice foi atingido em 2012 com a conclusão da implantação do Pro-cesso Eletrônico (e-Proc) nas 42 comarcas.

Se por um lado nenhum novo processo

passou a ser aceito pela Justiça tocantinen-se na forma física, desde 2012, de outro, na contramão desta inovação, havia o acervo com mais de 135 mil processos físicos re-manescentes que ainda tramitavam em papel, agora extintos. "Hoje nós somos o único do país com um sistema eletrônico que vai da delegacia ao Supremo Tribunal Federal em cliques", afirmou o presidente, ao comentar o momento histórico.

SAGAO primeiro passo rumo à moderniza-

ção ocorreu durante a gestão (2011/2013), presidida pela desembargadora Jacqueline Adorno, ao decidir implantar o Sistema de Processo Eletrônico (e-Proc/TJTO). Da es-colha pelo sistema à sua total implantação nas

Tocantins atinge 100% de digitalização processual

FOTOS: RODRIGO MOREIRA /ANDERSON FREITAS

Processo eletrônico no TJTO acabou com a era do papel. Digitalização

chegou a 100%.

TJTO consolida virtualização e encerra era do processo de papel

PELOS TRIBUNAIS

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OUTUBRO 2015 53

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Presidente do TJTO, desembargador Ronaldo Eurípedes (centro), detalha a digitalização de processos.

42 comarcas o ato foi um grande desafio que marcou o Judiciário. “Recebo a notícia de que o último processo físico entrou no sistema com uma alegria enorme. É mui-to bom ver um projeto com esta dimen-são finalizando. Mas o sistema está vivo e nós precisamos atualizá-lo diuturnamente para não ficar defasado”, avalia.

A magistrada lembra que, quando assu-miu a gestão do TJTO, o processo eletrô-nico estava começando. “Tinha um esboço de início deste processo, mas não estava regularizado, estava tudo muito confuso. Não tinha um acordo com o TRF4 (Tribu-nal Regional Federal da 4ª Região, pioneiro na implantação do sistema) e não tínhamos autorização do Tribunal Pleno. A parte le-gal do processo eletrônico não estava mon-tada. Tivemos de começar do zero”.

Em 2014 a digitalização do acervo de processos remanescentes virou meta do Poder Judiciário do Tocantins, após medi-das tomadas pela desembargadora Ângela Prudente, então presidente do Tribunal de Justiça, fixadas pela portarias nº 1.656/2014; nº2056; e nº3742. As normas, publicadas gradativamente no Diário da Justiça, estabe-leceram prazos para a virtualização das co-marcas de 1ª, 2ª e 3ª entrância.

"Não podíamos mais esperar que os pro-cessos fossem encerrados naturalmente, já vivenciávamos a era digital e não tinha mais volta, graças a Deus. Era um grande desafio, mas sabendo do comprometimen-to de magistrados e servidores, tínhamos a

certeza da superação", afirma a desembar-gadora, que reforçou o trabalho das Co-marcas ao criar Central de Digitalização do Núcleo de Apoio às Comarcas (Nacom).

Entre 2014 e 2015 foram digitalizados 13.434 e inseridos 14.858 processos de diferentes unidades judiciais do Estado. Entre servidores e estagiários cerca de 10 pessoas se revezavam no trabalho. "A Cen-tral foi uma importante medida de apoio às comarcas que tinham grandes demandas de digitalização. Sem esse reforço mui-tas unidades não teriam alcançado o Selo 100% digital, que também instituímos para reconhecer o esforço e dedicação com a virtualização dos processos. Encerramos a Gestão com as Comarcas de 1ª e 2ª Entrân-cias 100% digitalizadas e mais de 70% das Varas de 3ª Entrância totalmente digitais", reforça a desembargadora Ângela.

Além do trabalho da Central, o Nacom, desde que foi criado em 2013, veio auxi-liando as unidades que desejavam entrar definitivamente para a era digital. Somados aos números da Central o Núcelo alcançou um total de 16.532 processos digitalizados e 19.063 inseridos nos últimos três anos.

SUSPENSOSEm 2015 um novo capítulo foi registra-

do na saga da digitalização. O presidente do TJTO, Ronaldo Eurípedes, determinou que os processos suspensos também fos-sem virtualizados, buscando efetivamente um Judiciário 100% digital. Todos os que

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OUTUBRO 201554

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t inham processos guardados voltaram a por a mão na massa, vencendo mais um desafio.

A saga da virtualização de 135 mil pro-cessos remanescente digitalizados, de mi-lhares de páginas virtualizadas uma a uma, encerra a trajetória que exigiu empenho e comprometimento de magistrados e servi-dores para concretizar mais modernização e celeridade ao serviço jurisdicional pres-tado à sociedade tocantinense.

PIONEIRASUm dos marcos dessa saga se deu no dia

1º de outubro de 2012 quando a comarca de Araguaína encerrou a implantação do Processo Eletrônico (e-Proc) e o Poder Judiciário do Tocantins passava a atuar virtualmente nas 42 comarcas. Abriu-se então, duas matrizes de trabalho: a digital, com todas as comarcas recebendo apenas processos virtuais e a física representada pelos mais de 135 mil processos do acer-vo. A realidade exigiu comprometimento e ousadia de magistrados e servidores para se atualizar com o novo sistema e se liber-tar do acervo analógico.

A 2ª Vara Cível da Comarca de Palmas, sob o comando do juiz Luis Otávio de Queiroz Fraz enfrentou o desafio e se tor-nou no dia 1º de janeiro de 2013 a primei-ra Vara Judicial 100% digital do Brasil. Em três meses, 1.400 processos digitalizados, com o apoio do Tribunal de Justiça e par-cerias com o 22º Batalhão de Infantaria e a Faculdade Católica de Palmas. "Nas nossas medições, pelo ritmo de julgamento nos-so, levantamos que iríamos levar sete anos para migrar definitivamente para a matriz digital. Então começamos a digitalizar e fomos avançando muito rápido, baixando o número de processos físicos mês a mês", relembra o magistrado.

Sete meses depois, no Sul do Tocantins, o titular da Comarca de Alvorada, juiz Fabiano Gonçalves Marques capitaneou a digitalização da unidade e em 27 de se-tembro de 2013 sua equipe comemorou a digitalização e inserção no sistema e-Proc de 1.759 processos físicos remanescen-tes nas áreas cível e criminal. O empenho permitiu que Alvorada fosse a primeira comarca do Tocantins 100% digital. “Fi-zemos uma verdadeira força tarefa e a boa vontade foi unânime, inclusive os servi-dores terceirizados que atuam na área de serviços gerais, voluntariamente, contri-buíram. Só assim foi possível concluir o trabalho", lembra Marques, que também foi responsável por concluir a digitaliza-ção da Comarca de Figueirópolis.

AÇÕESEntre julho de 2011 e 31 de agosto de

2015, período que marca a implantação do e-ProcTJTO e a digitalização de todo o acervo processual de papel, o sistema atin-giu a marca de 614.198 ações conforme dados da Diretoria Judiciária do TJTO. É como se um a cada 2,5 tocantinenses - en-tre os 1.515.126 habitantes estimados pelo IBGE-, tivesse protocolado uma ação na Justiça do Tocantins.

A conta considera os 478.436 proces-sos novos protocolados entre 2011 e 2015, mais os 135.762 processos físicos que fo-ram digitalizados desde a implantação do sistema.

(Texto: Lailton Costa – Cecom/TJTO)

Desembargador Ronaldo Eurípedes: 135

mil processos foram digitalizados.

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O I Mutirão de Negociação Fiscal reali-zou aproximadamente 10 mil atendimen-tos, no Centro de Eventos do Ceará. Foi uma parceria entre o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o Governo do Estado, através da Secretaria da Fazenda, e a Pre-feitura de Fortaleza.

Para a juíza Andréa Mendes Bezerra Del-fino, coordenadora das Varas de Execuções Fiscais e de Crimes contra a Ordem Tribu-tária da Capital, a iniciativa foi excelente. “Tivemos um grande comparecimento da população que veio negociar suas dívidas”, disse. A magistrada também destacou a atuação dos órgãos envolvidos. “O mutirão contou com uma grande interação entre as procuradorias, secretarias e Judiciário, que ajudou bastante no sucesso do evento.”

Outro ponto favorável da força-tarefa foi a redução processual. Segundo a juíza, houve uma diminuição de, aproximada-mente, 10% no acervo processual das Varas de Execução de Fortaleza. “Ficamos com a sensação de missão cumprida.”

Andréa Delfino disse ainda que, em vir-

tude do resultado obtido, o comitê organi-zador do mutirão deverá manter reuniões frequentes, com a finalidade de pensar fu-turas iniciativas de negociação. Além dos atendimentos, o público contou com ser-viços de aferição de pressão arterial, teste de glicemia e hepatite, entre outros. No local, os entes públicos também disponi-bilizaram informações educacionais sobre tributos e cidadania em geral.(Com informações do TJCE)

Mutirão do TJCE realiza 10 mil negociações fi scais

TJCE DIVULGAÇÂO

Atendimento a usuários, com apoio do TJCE,

resolveu pendências fiscais no Ceará. Abaixo,

a desembargadora Maria Iracema Martins do Vale,

presidente do TJCE.

Tribunal faz acordos para pagamento de dívidas e evita processos

PELOS TRIBUNAIS

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OUTUBRO 201556

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Moradores da Comarca de Cruzeiro Sul, distante 650 km de Rio Branco, já podem usufruir dos benefícios do Projeto Bosque Florido e do Programa Qualidade de Vida, desenvolvidos pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). As iniciativas têm o objetivo de cuidar da saúde, proporcionar o bem--estar de magistrados e servidores e avançar na conscientização ambiental no âmbito do Poder Judiciário Acriano.

As ações foram lançadas ofi cialmente pela desembargadora-presidente Cezarinete An-gelim, que esteve no Vale do Juruá para ga-rantir a interiorização das ações do Tribunal. Ao se reunir com os magistrados e os servido-res na Cidade da Justiça de Cruzeiro do Sul, a presidente do TJAC lançou ofi cialmente o Programa Qualidade de Vida, destacando que

continuará “trabalhando pela humanização do Judiciário Acriano, para que os profi ssionais possam atuar de modo mais efi ciente em seus respectivos setores e unidades e, sobretudo, viver bem, para servir melhor à população.

“Todos nós recebemos com alegria e gran-de expectativa todos esses serviços que Vos-sa Excelência tem trazido a nossa Comarca, que demonstram o cuidado e a sensibilidade com aqueles que estão mais distantes”, ressal-tou o juiz de Direito Hugo Torquato, diretor do Foro de Cruzeiro do Sul, enfatizando que o projeto e o programa citados eram aqueles pelos quais mais ansiava.

O Programa Qualidade de Vida, com o slo-gan “Cuidar e servir, de coração pra coração”, tem como objetivo cuidar da saúde e proporcio-nar o bem-estar de magistrados e servidores do

Justiça do Acre ampliaincentivo à qualidade de vida

TJAC / DIVULGAÇÃO

Desembargadora Cezarinete Angelim,

presidente do TJAC, no lançamento do projeto.

Comarca de Cruzeiro do Sul recebe o projeto Bosque Florido, do TJAC

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Bosque Florido possibilita a caminhada por trilhas e o plantio de mudas.

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Poder Judiciário Acreano. Na capital, o pro-grama foi lançado em abril deste ano, na sede do TJAC.

Ainda sobre essa ação, foi instalado o Es-paço Saúde, que também funciona na Cidade da Justiça, e oferecerá os seguintes serviços: aferição de pressão, atendimentos diversos de enfermagem, alguns testes, como glicemia etc.

Ao se preocupar com a saúde e com o bem--estar, o Tribunal de Justiça do Acre visa pro-porcionar condições mais dignas de trabalho para os magistrados e servidores, bem como tratamento mais respeitoso e de integralidade da atenção. A melhoria do nível de qualidade de vida, de maior acolhimento e de práticas mais humanizadas são metas que serão per-manentemente buscadas pela gestão.

PROJETO BOSQUE FLORIDOAutoridades, incluindo o prefeito munici-

pal José Vagner, e os serventuários da Justi-ça participaram de dois momentos especiais para o lançamento do Projeto Bosque Flori-do: primeiro percorreram uma trilha ecoló-gica (com mais de 500 metros) e, em seguida, acompanharam o plantio de mudas da espécie Jacarandá-mimoso (nome científi co Jacaranda mimosaefolia), que terão como mantenedores os próprios magistrados que atuam na unida-de judiciária.

Os juízes de Direito Hugo Barbosa, Adi-maura Cruz, Adamarcia Nascimento, Erik Farhat e Evelin Bueno plantaram mudas da espécie originária da Argentina – América do Sul, acompanhados pela desembargadora--presidente.

Com o slogan “Cuidando do meio ambien-te, preservando o planeta”, o “Bosque Florido” é a primeira de uma série de ações que estão sendo implementadas nestes dois anos de ges-tão, as quais visam promover a responsabilida-de social e a economia de recursos e, não me-nos importante, o estabelecimento de metas de redução de consumo de energia, água, papel, telefonia e descartáveis.

O Programa “Natureza Viva”, que engloba o Bosque Florido, está alinhado não apenas com as recomendações do Conselho Nacional de Justiça (Resolução nº 201/2015), mas também à necessidade de conscientização ambiental e ao Planejamento Estratégico 2015-2020.

O intuito é promover a responsabilidade social e a ambiental no contexto do Judici-ário Estadual. Além disso, o programa visa transformar a paisagem austera do Judiciário Acreano em um espaço mais leve, acolhedor, de maior bem-estar para os que trabalham e visitam o prédio, como também promover a sintonia com o meio ambiente.(Com informações do Gecom/TJAC)

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OUTUBRO 201558

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A população da Ponta do Abunã, re-gião que compreende os distritos de Nova Mutum, Jaci-Paraná, Gleba Rio Pardo e União Bandeirantes, ao lon-go da BR-364, em Rondônia, rece-beu atendimento do programa Justiça Rápida It inerante. Foram realizadas audiências de concil iação para solu-cionar casos judiciais mais fáceis de serem resolvidos. Para isso, as pessoas que têm o conflito participam de uma conversa, com a mediação de conci-l iadores e de um Juiz de Direito, com apoio de defensores públicos e pro-motores de Justiça.

Na ação, foram realizadas mais de

100 audiências , além de atendimentos com informações e orientações jurí-dicas. É o caso da jovem Marisa Cor-reia , que após quatros anos de união estável foi até a escola César Cassol , em União Bandeirantes, para oficial i-zar o f im do relacionamento e buscar o direito da f i lha de receber a pensão alimentícia . Ao fim da audiência, Ma-risa se disse fel iz por ter resolvido seu problema de forma rápida. “Fiquei sabendo que ia ter (a operação) pelo pessoal da escola e vim logo resolver essa situação”, conta a jurisdicionada. A relação amigável de ambos colabo-rou para a celebração do acordo, que

Justiça Rápida Itineranteatua em Porto Velho

TJRO DIVULGAÇÃO

Em Rondônia, eficiência no atendimento aos usuários tem sido a

marca do TJRO

Serviço garante assistência jurídica para três comunidades de Rondônia

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Trabalho garante assistência judiciária a comunidades distantes de Porto Velho. Ao lado,o desembargador Rowilson Teixeira, presidente do TJRO.

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foi homologado pela Justiça, com par-ticipação do Ministério Público e De-fensoria.

O trabalho é realizado pela equipe dos Juizados Especiais Cíveis e Crimi-nais da comarca de Porto Velho, que se desloca até às localidades mais afasta-das da sede da comarca, como no Bai-xo Madeira e na Ponta do Abunã, onde proporciona acesso à emissão de do-cumentos, como a certidão de nasci-mento; necessidade de pessoas que já se separaram em oficial izar o f im do casamento, além de realizar a homolo-gação da união estável entre um casal e até a mudança de nome em documen-tos confeccionados com erros.

Há casos mais complexos também, como os que envolvem fi lhos meno-res e divisão de bens, ou mesmo obri-gações de fazer, disputa pela posse de bens, entre outros casos diversos, nos quais é preciso que a ação conciliado-ra da Justiça promova a resolução do conflito, fazendo dos compromissos as-sumidos pelas partes que brigavam um

acordo pela pacificação.Mesmo com a animosidade a in-

da presente na re lação soc ia l , o bem dos f i lhos faz com que as partes d ia-loguem e busquem a so lução . Gente que passa por c ima das d i f icu ldades e do orgulho para buscar pac i f icação , como a agr icu l tora Sandra Ol ive i-ra e o mecânico Valdec i Cruz Si lva , que inverteram a guarda das f i lhas e f ixaram pensão no va lor de 30% do sa lár io-mínimo.

Segundo a juíza Angélica Freire, que coordena o trabalho na região, por conta da dificuldade de acesso en-frentado por essa população, a presen-ça do Judiciário é essencial , até para questões que podem parecer mais cor-riqueiras. A magistrada conta que, em localidades como a Gleba Rio Pardo, são percorridos quase 200 quilôme-tros desde Porto Velho, metade dos quais em estrada de chão e em condi-ções ruins. (Com informações da Assessoria de Comunicação Institucional do TJRR)

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OUTUBRO 201560

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O presidente do Tribunal de Justi-ça do Estado da Bahia, desembargador Eserval Rocha, assinou convênio de cooperação para criação da Câmara de Conciliação da Saúde. A solenidade foi realizada no gabinete do governador Rui Costa, com representantes da prefeitura de Salvador, Procuradoria Geral do Es-tado, Ministério Público, Defensoria Pú-blica, entre outros órgãos.

“Com a câmara, podemos reduzir os ajuizamentos”, disse o presidente Eser-val Rocha, lembrando que o Judiciário não pode ficar inerte com as demandas que chegam no sentido de alcançar uma composição em relação aos conflitos. O desembargador ressalvou que já funcio-na, com sucesso, um Plantão Médico no

Tribunal de Justiça, incluindo feriados e finais de semana, com profissionais capacitados para dar suporte às deman-das dos juízes nas questões envolvendo saúde dos cidadãos.

A coordenadora do Plantão Médico, Jamile Ferraz, confirmou a eficiência do órgão, que funciona em tempo in-tegral. A juíza Laura Scaldaferri Pessoa testemunhou em favor do plantão, que continuará funcionando normalmente.

O governador Rui Costa afirmou que a Câmara de Conciliação vai atuar em busca de soluções administrativas, oferta de medicamentos, entre outras deman-das de modo a reduzir a judicialização de ações. “A ideia é gerar economia e reduzir os litígios.”

Câmara abre o caminho da conciliação na Bahia

CAMISAL SOUZA / GOVBA

Acima à direita, o governador da Bahia Rui Costa, durante a

solenidade de criação da Câmara de Conciliação

da Saúde.

TJBA assina convênio para negociar solução de conflitos sem ajuizamentos

PELOS TRIBUNAIS

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Estiveram presentes também, pelo tribunal, o assessor especial da Presi-dência para Assuntos Institucionais, juiz Anderson Bastos; o chefe de Gabi-nete, Augusto Souza; e o diretor-geral Franco Bahia.

GARANTIAUm dos magistrados mais atuantes

na área, desde que era titular de uma vara da Fazenda Pública, o desembar-gador Mário Albiani Júnior ressaltou que a Câmara de Conciliação vai atuar em busca de garantir a saúde dos juris-dicionados e que a celeridade nas de-cisões deverá ser uma qualidade a ser priorizada.

Ele explicou que o órgão é resultado da Recomendação nº 31 do Conselho Nacional de Justiça, de 2010, que suge-re aos tribunais “a adoção de medidas visando a melhor subsidiar os magis-trados e demais operadores do direito, para assegurar maior eficiência na solu-ção das demandas judiciais envolvendo a assistência à saúde”.

“A partir daí foi criado o Fórum Na-cional de Saúde, com a participação de diversas instituições para tratar a ques-tão, uma política pública”, diz.

Em seguida, nasceram os comitês executivos estaduais, todos ligados ao fórum. “É formado por procuradores do Estado e do Município de Salvador, promotores de Justiça, defensores pú-blicos e gestores”, afirma o desembarga-dor Mário Albiani Júnior, presidente do comitê da Bahia desde 2010, quando foi designado pelo ministro Cesar Peluso, à época presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Tribunal de Justiça será represen-tado na Câmara de Conciliação da Saúde pelo Plantão Médico. Também integram o órgão representantes das secretarias de Saúde do Estado e do município de Salvador, Ministério Público e das defensorias públicas do Estado e da União. “O modelo será o da mediação, já al inhado com o que prevê o novo Código de Processo Civil”, f inaliza o desembargador.(Com informações do TJBA)

Abaixo, Eserval Rocha, presidente do TJBA. Ao lado, o desembargador Mário Albiani Júnior.

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OUTUBRO 201562

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O Tribunal de Justiça do Distrito Fe-deral e Territórios (TJDFT) já deu início aos trabalhos para a instalação de equipa-mentos de gravação de audiências que, até o final deste ano, estarão funcionando em 88 varas, quase todas de natureza infracio-nal. Em um segundo momento, o sistema chegará a todas as varas que compõem a 1ª Instância do TJDFT.

A iniciativa, ao lado da implantação do Processo Judicial Eletrônico – PJe, amplia as ações para trocar o suporte papel pela agilidade, segurança e dispo-nibilidade do meio digital. Conforme de-termina a Resolução 105 do CNJ, a gra-vação audiovisual de audiências dispensa a redução a termo. Em seu artigo 2º, a norma estabelece que “os depoimentos documentados por meio de audiovisual não precisam de transcrição”.

O novo Sistema de Gravação de Audi-ências do TJDFT, operado por meio do software DRS Audiências, cujas licenças foram adquiridas recentemente por meio de licitação, possibilita o registro de som e imagem ou apenas de som das au-diências realizadas durante a instrução processual. A medida trará muitos be-nefícios, entre eles a realização de maior número de audiências, em decorrência da redução, em até pela metade, do tem-po necessário para sua efetivação.

O software DRS Audiências, desen-volvido pela Secretaria de Soluções de Tecnologia da Informação – SETIC, permite separar e indexar depoimentos por orador, nome, assunto, horário ou tempo, atribuindo-lhes marcações para possibilitar amplo sistema de pesquisa, fazendo com que a localização de trechos dos depoimentos seja uma tarefa simples e rápida. As marcações são feitas pelo se-

cretário de audiência que conta, também, com um editor de texto próprio para a elaboração da ata.

O sistema é protegido por login e senha e permite criptografia e assinatura digital. As gravações são armazenadas no storage do Tribunal, que fica protegido na sala co-fre. Permite, também, a produção de có-pias dos depoimentos em CD, DVD, pen-drive e disco rígido, imediatamente após o término da gravação.

Em alguns casos, a pedido da parte e a critério do juiz, a imagem do depoente não será mostrada, sendo o depoimento registrado apenas em áudio.

Modernizar a Justiça do DF é um com-promisso assumido pelo Presidente do TJDFT, desembargador Getúlio de Mo-raes Oliveira, que, em seu discurso de posse, afirmou: “É tempo de nos desven-cilharmos de velhas práticas processuais e de antigos métodos de trabalho. Luta-remos por uma Justiça moderna, eficien-te, transparente e com foco no alvo prin-cipal, o jurisdicionado”.(Com informações do TJDF)

Audiências gravadas levammais agilidade à instrução

TJDFT implanta gravação audiovisual de audiências em 88 varas

PELOS TRIBUNAIS

Gravação de audiências facilita a tramitação de processos no Distrito Federal. Abaixo, o presidente do TJDFT, desembargador Getúlio Vargas de Moraes Oliveira.

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Atuação da Justiça do Mato Grosso do Sul leva cultura de paz às escolas. Abaixo, o presidente do TJMS, desembargador João Maria Lós.

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Em comemoração ao Dia Internacional da Não Violência, a Justiça Restaurativa Es-colar, coordenada pelo juiz da Vara da Infân-cia e Juventude de Campo Grande, Mauro Nering Karloh, e vinculada à Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), realizou ação na Escola Estadual João Carlos Flores, no bairro Rita Vieira, visando contribuir para o desenvolvimento da cultura da paz nas esco-las, bem como fazer com que os alunos valo-rizem princípios como respeito, tolerância, diálogo e solidariedade.

Durante a ação, voltada para as quatro turmas do 8º e 9º ano, foi realizado um gran-de círculo com diálogo restaurativo e depois círculos menores com diversas atividades e dinâmicas voltadas para a prática da não-vio-lência. Houve também a distribuição de 500 marca-páginas para os estudantes da escola.

A Justiça Restaurativa Escolar é um pro-jeto do Poder Judiciário, implantada em 2012, que busca solucionar causas de menor potencial ofensivo, como agressões, amea-ças, bullying e desacato, a fim de evitar que esses casos atinjam maiores proporções e, com isso, necessite de encaminhamento aos órgãos judiciais.

A Justiça Restaurativa Escolar é um mo-delo alternativo e complementar da justiça que busca, de forma pacífica e educativa, a resolução de conflitos utilizando como principal ferramenta o diálogo. O objetivo é que o indivíduo causador de algum tipo de ofensa repense seus atos, repare os danos causados, e que as partes responsáveis reú-nam-se para resolver coletivamente como lidar com as consequências da ofensa e suas implicações para o futuro.

A equipe da Justiça Restaurativa Escolar do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS) é formada por três psicólogas, uma advogada e uma assistente social que

atendem atualmente 16 escolas estaduais. O projeto também é desenvolvido em duas escolas municipais, com três facilitadores da área de educação. A expectativa é expandir o projeto para mais três escolas municipais até o final do ano.

A equipe é responsável também pela ca-pacitação de multiplicadores do projeto, escolhidos no próprio ambiente escolar e que serão responsáveis pela continuação do projeto na escola. No primeiro semestre de 2015 foram realizadas 164 atividades entre capacitação de multiplicadores, procedi-mentos restaurativos, sensibilização com a comunidade escolar, reunião com os pais, círculos de construção de paz, palestras, di-álogos restaurativos nas escolas estaduais e círculo de diálogos com a participação de 2.776 pessoas.

Para a psicóloga e gestora do projeto da Justiça Restaurativa Escolar, Valquíria Ré-dua, o resultado apresentado é bastante po-sitivo e o Tribunal de Justiça pretende futu-ramente ampliar o projeto para o interior do Estado de Mato Grosso do Sul.(Com informações do TJMS)

Justiça Restaurativa realizaação em escola pública

TJ de Mato Grosso do Sul desenvolve campanha de cultura da paz

PELOS TRIBUNAIS

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OUTUBRO 201564

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O Tribunal de Justiça de Santa Catarina ampliou a velocidade de trânsito de da-dos em sua rede de informações, cujo link na internet passará de 400Mbps para 600 Mbps. Este incremento será benéfico tanto ao público interno, integrado por magis-trados e servidores, quanto ao público ex-terno, seja ele formado por instituições e entidades parceiras ou mesmo pelos usuá-rios em geral. As ferramentas digitais pos-tas à disposição de juízes, assessores e téc-nicos e os serviços oferecidos ao público vão ganhar maior celeridade e eficiência.

"Com esta ampliação pavimentamos também o caminho para a implantação do processo eletrônico no 2º Grau", explica o desembargador Jorge Henrique Schaefer Martins, presidente do Comitê Gestor de Informática (CG-Info) do TJ. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que acaba de completar 124 anos de instalação, sempre esteve na vanguarda tecnológica entre os tribunais estaduais. Para se ter ideia, os acessos diários ao Portal do Poder Judici-ário em 2001, quando foi disponibilizado, eram de aproximadamente 50 mil. Em se-tembro deste ano, foram registrados cerca de 7,5 milhões de visualizações de páginas, com 120 mil acessos diários de segunda à sexta, que geraram cerca de 340 mil visua-lizações de páginas por dia.

MICROSOFT AD A Diretoria de Tecnologia da Informa-

ção do Tribunal de Justiça divulgou que o projeto de implantação do Microsoft AD já atingiu a marca de 8,8 mil estações de tra-balho migradas em todo o Estado, o que re-presenta 80% do total de computadores em uso. O Microsoft AD é um serviço de diretó-rio que armazena informações sobre objetos em redes de computadores e disponibiliza

essas informações aos usuários e adminis-tradores da rede.

Na prática, possibilita ao usuário aces-sar todos os recursos disponíveis na rede a partir da utilização de uma senha única. O trabalho teve início em outubro de 2014, com a migração das diretorias administra-tivas e judiciárias, gabinetes e demais áreas da administração central do TJ. Nas uni-dades jurisdicionais, os TSIs das comarcas polo foram capacitados e realizam a mi-gração de forma independente e em para-lelo com suas demais atividades.

Neste mesmo projeto, é realizada tam-bém a migração das contas de e-mail do Zimbra para o Microsoft Exchange, que já contabiliza 8.554 contas de e-mails migradas. A DTI trabalha com o propósi-to de, ainda em outubro, implantar per-centual próximo de 95%, com a conclu-são do serviço previsto para novembro. O status geral da migração pode ser visto na imagem abaixo.(Com informações do TJSC)

Desembargador Nelson Schaefer Martins, presidente do TJ-SC

TJSC amplia velocidade dainternet aberta ao público

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Tráfego de dados mais rápido vai facilitar o acesso a informações processuais

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OUTUBRO 2015 65

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Os apenados na colônia agrícola “Major César de Oliveira”, no Piauí, participaram de uma importante ação promovida pelo Tribu-nal de Justiça do Estado. Detentos acompa-nharam debates com profi ssionais sobre fatores condicionantes ao cumprimento das sentenças e tomaram conhecimento de fatores que limitam ou que propiciam a mais breve restauração das relações sociais em base cidadãs.

Ofertada pela Vara de Execuções Penais, que já mantém junto àquela unidade pri-sional um calendário semanal de palestras orientadas pelos princípios da Justiça Res-taurativa e Círculos de Construção de Paz, a atividade inaugura ação integrada com o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC, responsável pela oferta das modalidades autocompositivas de resolução de conflitos previstas no novo Código de Processo Civil. Por meio do seu Setor de Cidadania, o Judiciário do Piauí estimula a revisão de condutas para a reto-mada da convivência em sociedade daqueles que cumprem pena restritiva de liberdade.

Integraram a equipe do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI) a assistente social Sara Bastos, a psicóloga Carolina Colares, o servidor da Corregedoria de Justiça Aristeu Paulo da Cos-ta e, pelo CEJUSC, a coordenadora do Pro-grama Justiça Presente, Maria Lila Carvalho, que conduziu o círculo de diálogo. Contou--se também com importante contribuição da Fazenda da Paz, representada por Roberto Gomes Nascimento, coordenador de produ-ção, administrador de empresa e estudante de serviço social no Instituto Camilo Filho. O administrador ofereceu um testemunho de su-peração pessoal da dependência química e suas consequências nefastas, trazendo aporte moti-vacional para os apenados, por se tratar de pro-blemática presente na história de vida de parcela signifi cativa destes.

Participaram voluntariamente do círculo quarenta apenados, que puderam manifestar suas demandas e dúvidas, bem como sugerir temáticas de seu interesse a serem levadas na continuidade da ação. A integração da Vara de Execuções Penais com o CEJUSC, instância responsável pela oferta no Estado do que determina a Emenda nº 31/2013 – Resolução nº 125/2010 do CNJ, permitirá a oferta da Justiça Restaurativa e Círculos de Construção de Paz também às famílias dos apenados e vítimas.

A integração entre as unidades judiciárias dá cumprimento à prioridade estratégica definida pela atual gestão do TJPI, quanto ao aprimoramento da gestão da justiça cri-minal, adoção de soluções adequadas de conflitos e garantia dos direitos de cida-dania. Com a iniciativa, a presidência do TJPI objetiva o aprimoramento da atenção sócio-jurídica ao jurisdicionado e a am-pliação da integração operacional entre as unidades judiciárias. (Com informações do TJPI)

NO TJPI, ação social revê conduta de apenados para garantir celeridade a processos. Abaixo, o desembargador Raimundo Eufrásio Alves Filho.

Círculos de diálogo integram unidades judiciárias no Piauí

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TJPI promove ação social para estimular revisão de conduta de apenados

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OUTUBRO 201566

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O Tribunal de Justiça de São Paulo inau-gurou o Departamento Estadual de Execu-ção Criminal da 8ª Região Administrativa Judiciária (RAJ), com sede em São José do Rio Preto. A cerimônia de instalação acon-teceu no Salão do Júri da comarca e foi conduzida pelo corregedor-geral da Jus-tiça, desembargador Hamilton Elliot Akel, que também representou o presidente do TJSP, desembargador José Renato Nalini.

O setor receberá, exclusivamente no formato digital, os feitos de novos execu-tados da base territorial da 8ª RAJ, além de ter a atribuição do serviço de corregedo-ria dos cinco estabelecimentos prisionais da região: Centros de Detenção Provisória (CDP) de Riolândia e São José do Rio Pre-to; Penitenciária de Riolândia; Centro de

Ressocialização Feminino (CRF) e Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Rio Preto. Será coordenado pelo juiz Zurich Oliva Costa Netto, auxiliado pelos juízes Evandro Pelarin e Maria Letícia Pozzi Bu-assi. As varas de Execução Criminal exis-tentes na 8ª RAJ continuam em funciona-mento e atendem os feitos já existentes.

O juiz Zurich Costa Netto e a promo-tora Ana Beatriz Pranuvi Costa Silveira, que representou o Ministério Público, destacaram em seus discursos os benefí-cios do andamento das execuções em for-mato digital, que permite o julgamento de benefícios em tempo reduzido, assim como economia de recursos e de espaço físico. “O TJSP completa mais uma etapa na busca de prestar um serviço cada vez

Tribunal paulista avança na digitalização das comarcas

ANTÔNIO CARRETA / TJSP

Inauguração em São José do Rio Preto:

Execução Criminal totalmente digital.

TJSP instala Departamento de Execução Criminal em São José do Rio Preto

PELOS TRIBUNAIS

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Ao lado, o presidente do TJSP desembargador José Renato Nalini. Acima, a inauguração do jardim.

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melhor”, disse o magistrado. “O processo digital é um grande avanço. Quem tra-balha com a execução em papel sabe da dificuldade de manuseio desses feitos”, afirmou a promotora.

“A parceria entre o Governo do Estado e o Tribunal representa um ganho expressi-vo para o Judiciário da região, que propor-cionará agilidade e modernidade”, disse o prefeito Valdomiro Lopes.

Para o secretário estadual da Admi-nistração Penitenciária, Lourival Gomes, que representou o governador Geraldo Alckmin na solenidade, a solução para o sistema carcerário passa, necessaria-mente, por parcerias e iniciativas, como a criação dos Deecrins. “A execução crimi-nal precisa ser tratada de maneira dife-renciada, com mais rapidez, o que ocorre nos Deecrims. O Brasil tem 600 mil pre-sos e 226 mil estão em São Paulo, o que re-presenta 37%. Para se ter uma ideia, Minas Gerais é o segundo estado com mais presos no País, com 65 mil pessoas encarceradas”, contou o secretário.

Em seu pronunciamento, o corregedor afirmou que o modelo de organização ju-diciária na área da execução penal estava falido e que o Judiciário tinha duas opções. “Ou deixávamos as coisas como estavam,

nos limitaríamos a ver a construção de presídios e nos transformaríamos em me-ros expectadores do caos, ou poderíamos assumir o protagonismo com uma revo-lução do sistema. Ficamos com a segunda opção e a criação do modelo dos Depar-tamentos de Execução nas RAJs”, disse. Também destacou outras parcerias com a secretaria de Administração Penitenciária, como a realização de mutirões carcerários e o projeto “Semear”, que promove a resso-cialização de sentenciados com atividades educacionais e laborativas.

Os Deecrims foram criados pela Lei Complementar 1.208/13 e regulamentados pela Resolução 628/13 do Órgão Especial do TJSP. A unidade de Rio Preto foi a nona inaugurada pelo Tribunal de Justiça. Das dez RAJs do Estado, falta apenas a insta-lação em Santos (7ª RAJ). Os departamen-tos e as varas de execuções criminais são responsáveis pelos processos de pessoas condenadas a cumprir algum tipo de pena – privativa de liberdade, prestação de ser-viço à comunidade ou prestação pecuniá-ria – bem como a concessão de benefícios a réus presos, como livramento condicional, progressão de regime e sursis relacionados aos feitos sob sua jurisdição.(Com informações do TJSP)

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OUTUBRO 201568

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Em parceria com a prefeitura de Manaus, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) lançou o Projeto "De Bem Com a Vida", programa que pre-vê a criação de vagas para detentos e ex-detentos no mercado de trabalho e em cursos profi ssiona-lizantes. A solenidade ocorreu no auditório Paulo Cesar Quintana, na Escola de Serviço Público Mu-nicipal, na UniNilton Lins, em Manaus.

O desembargador Sabino Marques, coorde-nador do Grupo de Monitoramento Carcerário, representou o TJAM no evento, ao lado do juiz de Direito Henrique Veiga, coordenador do sub-grupo do Projeto Começar de Novo. Também estiveram na solenidade o secretário municipal de trabalho, David Reis, e o deputado estadual Carlos Alberto. "São dois pontos que podem ser destaca-dos: seguir em frente porque somos seres huma-nos, portanto dotados de fraquezas e fortalezas, e a tomada de decisão para que aconteça o continuar das coisas. É preciso persistência e acreditar em si mesmo", observou o desembargador.

A parceria entre TJAM e prefeitura prevê a união de esforços com vistas à efetiva implanta-ção do programa de reinserção social de presos e egressos e cumpridores de medidas e penas al-ternativas, com o incentivo ao trabalho e à pro-fi ssionalização, com base na Recomendação nº 21 do CNJ, que instituiu o projeto "Começar de Novo", no âmbito do Poder Judiciário. De acor-do com o CNJ, o público atendido pelo progra-ma exerce atividades nas próprias unidades pri-sionais, em órgãos públicos, empresas privadas e entidades da sociedade civil.

Num primeiro momento, serão oferecidos quatro cursos de Formação Profi ssional para os Sentenciados e Egressos do Sistema Carcerário, além de Cumpridores de Medidas e Penas Alter-nativas. Serão cursos de: Almoxarife (20 vagas), Instalador Elétrico Predial NR-10 (40 vagas), Auxiliar de Cabeleireiro (20 vagas) e Auxiliar de Cozinha (20 vagas), que totalizam 100 vagas. (Com informações do TJAM)

TJAM lança programa para a profi ssionalização de egressos

RAPHAEL ALVES / TJAM

Lançamento do projeto "De Bem Com a Vida"

reuniu autoridades. Abaixo, a presidente do TJAM, desembargadora

Maria das Graças Pessoa Figueiredo.

Iniciativa abre vagas para detentos e ex-detentos no mercado de trabalho

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OUTUBRO 2015 69

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Convocada por seu presidente, de-sembargador Milton Nobre, a Comis-são Executiva do Conselho dos Tribu-nais de Justiça realizou, no último dia 30 de setembro, uma reunião extraor-dinária na sede do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios com o objetivo de analisar o andamento dos Projetos de Lei e dos Projetos de Emen-da Constitucional que estão em trami-tação no Congresso Nacional que, de alguma forma, afetam o Poder Judiciá-rio nos Estados e a própria carreira da Magistratura, para traçar as estratégias de ação a serem adotadas pelo Conselho

e pelos próprios Tribunais.Durante o encontro foram traçadas

as diretrizes que serão encaminhadas aos Tribunais para que os presidentes esclareçam as representações estadu-ais no Congresso a respeito dos efeitos que tais projetos desencadearão na ges-tão e na própria carreira da Magistra-tura, notadamente o PL 3123/2015, que disciplina, em âmbito nacional , a aplicação do l imite máximo remune-ratório mensal de agentes polít icos e públicos de que tratam o inciso XI do caput e os §§ 9º e 11º do art . 37 da Constituição Federal .

Reunião extraordinária da Comissão Executiva

DIVULGAÇÃO

Reunião da Comissão Extraordinária do Conselho discutiu as demandas da

magistratura.

Comissão debate projetos em tramitação no Congresso

PELOS TRIBUNAIS

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Nas primeiras décadas do sé-culo XVIII teve início, em Goiás, uma epopeia mineradora, que foi a responsável pela deflagração do caótico processo de povoamento das regiões centrais. A bandeira do paulista Bartolomeu Bueno da Sil-va, o filho, cognominado o Anhan-guera, após perambular pelos ser-tões, descobriu minas de ouro que estimularam o Reino a incentivar as incursões pelos sertões, tanto com o objetivo de explorar os veios auríferos quanto de aprisionar e domesticar a população indígena ali radicada. Bueno foi nomeado Superintendente das Minas dos Goyazes, com poderes para exercer a jurisdição civil e militar e con-

ceder sesmarias. Seu genro João Leite da Silva Ortiz foi designado Guarda mor. Houve, naturalmente, expedições anteriores à de Bueno, mas de menor repercussão históri-ca, justamente porque não atuaram no sentido de dar continuidade à exploração do minério e à coloni-zação da região.

Duzentos e vinte e oito anos ha-viam transcorrido desde que os por-tugueses aportaram na costa bra-sileira, mas um único Tribunal de segunda instância fora instalado no Brasil, a Relação da Bahia, criada em 1587 e só instalada em 1609, com uma composição de dez desembar-gadores. Ainda assim, esse órgão foi suspenso durante a invasão holan-

desa, só vindo a ser restaurado em 1652, com oito juízes.

O Reino estimulava aqueles que se enveredavam pelos sertões à pro-cura de ouro e diamantes. Em meio à euforia da exploração do ouro e do povoamento desordenado em tor-no dos garimpos, sucediam-se, nos grotões da capitania, os desmandos, contrabandos, desordens e crimes. A vastidão do território, domina-do pelo Cerrado; o isolamento dos povoados, formados à beira dos ri-beirões, em regiões acidentadas; a precariedade das estradas e a au-sência do Poder Público facilitavam a eclosão de conflitos e desavenças, que eram solucionados à força, fre-quentemente com uso da violência.

Do Tribunal de Relação de Goiás ao reconhecimento

nacionalPor des. Itaney Francisco Campos

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Em História do Direito, Flávia Lages de Castro observa, com acui-dade, a respeito do incipiente siste-ma judiciário que se implantava sob a égide das Ordenações de Felipe II, vigente a partir do ano de 1603, que a estrutura judiciária da Ordenação Filipina é um pouco mais complexa que as anteriores (Afonsina e Ma-nuelina) (...), a quantidade de juízes singulares aumentou e prolifera-ram as funções específicas de cada um, os Tribunais colegiados de se-gundo e terceiro grau também se-guiram o mesmo caminho. (p. 280).

Acrescenta que o Ouvidor-mor “situava-se como a maior autorida-de da justiça na Colônia, entretanto, conforme afirma Caio Prado Júnior,

não podemos contar com uma divi-são de poderes tão bem caracteri-zada quanto vemos hoje nas socie-dades modernas, portanto, muitas vezes as atribuições poderiam se confundir ou sobrepor, dependendo exclusivamente da personalidade ou interesses daqueles que compunham o Governo-Geral”.

Reportando-se a informações do naturalista francês Auguste de Saint--Hilaire, que, no período de 1816 a 1822, percorreu, em lombo de burro e em canoas, as terras do interior do Brasil, indo até o Rio Grande do Sul, a escritora Marivone Matos Chaim registra, com propriedade:

“Os Ouvidores eram, na maioria das vezes, escolhidos entre os pró-

prios colonos, partilhando de seus vícios e costumes, sendo os primei-ros a violar as leis. É Castro quem anota que o Ouvidor da Comarca exercia as mesmas funções do Cor-regedor, e contra seus atos caberia agravo para o Corregedor. O Ouvi-dor era nomeado por Carta Régia, com mandato de três anos.

No dizer de Luiz Palacin, o mais conceituado historiador de Goiás, entre os vícios da justiça no Bra-sil, durante a época do ouro, além da fama de venalidade, poder-se-ia enumerar: a complexidade legal; o fato de ser administrada, qua-se em sua totalidade, por leigos; a dificuldade dos recursos, seu alto custo, a lentidão de seus processos

Gravura do histórico prédio da Justiça de Goiás, onde funciona o Fórum.

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– segundo Saint Hilaire, “talvez em país algum, a justiça seja tão lenta como no Brasil”. (...)

O incremento da atividade minerí-fera determinou a criação de toda uma legislação específi ca para esse setor, com vistas a controlar a produção, au-ferir os impostos e promover a fundição em barras do metal extraído. Citem-se, como mais expressivos, entre os tex-tos legais, o Código Mineiro de 1603 e 1618 e o Regimento de 1702. A fi gura do Superintendente das Minas foi cria-da pelo regimento, que lhe atribuiu po-deres mais extensos, visando à defesa dos interesses da Metrópole e à efi ciência do

sistema de cobrança do quinto. Em 1736, o capitão general D.

Antonio Luiz da Távora, Conde de Sarzedas, veio à região das minas dos Goyazes, com o Ouvidor de São Paulo, Gregório Dias da Silva. O Conde de Sarzedas faleceu em Tra-íras, ao retornar de uma viagem ofi-cial ao norte da região. O Ouvidor Gregório assumiu a administração das minas dos Goyazes até a chegada de D. Luiz Mascarenhas, que consti-tuiu a Vila, denominada Vila Boa de Goiás, em julho de 1739, onde per-maneceu por três anos.

O governo das terras foi entregue

ao Ouvidor Manuel Antunes da Fon-seca, que enfrentou sérios proble-mas nas minas do Norte, motivados pelos constantes ataques indígenas.

Em 1744 criou-se a Capitania dos Goyazes, e quatro anos depois, em 1749, tomava posse o primeiro governador de Goiás, D. Marcos de Noronha, posteriormente titulado Conde dos Arcos. Exerceram o car-go de Ouvidor de Goiás, nesse pri-meiro período, o referido Agostinho Pacheco Telles, que tomou posse em 1737; Manoel Antunes da Fonseca, no ano de 1741, e Agostinho Luiz Ribeiro Vieira, no ano de 1749.

Fórum: construção histórica carrega as marcas de uma arquitetura predominante no início do século XX.

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Nessa época, o Brasil contava ape-nas com a Relação da Bahia. Havia apenas uma comarca para atender o vasto território goiano.

Em 1752, foi instalada no Rio de Janeiro a segunda Relação da Colônia, com jurisdição extensiva a São Paulo, Espírito Santo, Ouro Preto, Sabará, Serro Frio, Rio das Mortes, Rio das Velhas, Paranaguá, Goiás, Cuiabá, Ita-cazes e Santa Catarina.

Em Goiás, a partir do ano de 1752, as funções de Ouvidor foram exerci-das por Sebastião José da Cunha So-ares, que foi sucedido por Antônio da Cunha Souto Maior, em 1756, e pelo Desembargador Antonio José de Araújo e Souza, em 1762;

Em 1759, o novo governante, João Manuel de Melo, e seu Ouvidor, Francisco Atouguia Bittencourt Lira, abriram a maior devassa até então realizada, no Brasil, contra o capi-tão Álvaro Xavier Botelho, o Conde de São Miguel, cuja família entrara em desgraça junto ao Marquês de Pombal. O Conde de São Miguel foi pronunciado em diversos graus de culpa, juntamente com funcionários da Ouvidoria e da Intendência, em 1770. Nesse período, a Corte autori-zou a criação de uma Junta da Justiça e a ereção de uma forca, em que se executaram, segundo Silva e Souza, sem apelação nem agravo, mais as-sassinos que ladrões. Já em 1762, o citado Francisco Atouguia foi preso por ordem do sindicante desembar-gador Manoel da Fonseca Brandão, arrestando-se os bens de muitos outros funcionários por desvios e sonegação de tributos devidos à Co-roa. Nesse período, organizaram-se várias expedições com o intuito de dizimar os Chavantes e os Cayapó. Duas grandes aldeias desse povo fo-ram atacadas , como registrou Silva e Souza, na obra citada.

No ano de 1774, na adminis-tração de José de Almeida de

Primeira sede do Fórum da Comarca de Goiânia (acima) e a sede da praça Cívica

Vasconcellos Soveral e Carvalho, era Ouvidor da Comarca Antônio José Cabral de Almeida, que rea-lizou incursão à ilha do Bananal (então Nova Beira), aprisionando índios e construindo um presí-dio, mas sem grande sucesso na descoberta de ouro.

Palacin traça um quadro ge-ral da situação, no que se refere à criminalidade, disseminada pelos sertões, desprovidos dos serviços públicos de segurança e justiça, tal

a precariedade do aparato repres-sivo do governo local:

“Pior era a situação da justiça criminal. Numa época em que o enforcamento dos criminosos com o horror do espetáculo parecia o único meio dissuasório para o cri-me, só o tribunal de relação tinha autoridade para decretar a pena de morte. Isto equivale a dizer que em territórios tão distantes da Bahia como Goiás, os criminosos ficavam impunes, pois resultava

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impossível, na prática, o transpor-te dos acusados até a Capital.” (Luiz Palacin. O Século do Ouro em Goiás, Ed. Oriente/INL).

Com o traslado da Corte Portu-guesa para a América, transforman-do o Brasil em metrópole, o Prínci-pe-regente transformou o Tribunal de Relação do Rio de Janeiro em Casa de Suplicação do Brasil, insti-tuindo a terceira instância, em 1808, cumulando ainda o Tribunal com as atribuições da Relação.

D. João VI institucionalizou o ter-ceiro tribunal da Relação do Brasil no Maranhão, em 1812, e depois o de Pernambuco.

No ano de 1809 a Capitania de Goiás foi dividida em duas comarcas, denominando-se São João das Duas Barras a circunscrição do norte, para

a qual foi designado Ouvidor o ba-charel Joaquim Theotônio Segura-do, rico proprietário de terras, que já ocupara pouco antes a Ouvidoria goiana; foi o décimo quinto Ouvidor de Goiás (1805), sucedendo a José Manuel de Aguiar Mourão, ocupan-te do cargo desde 1795.

A segunda Comarca de Goiás com-preendia os julgados de Porto Real, Natividade, Conceição, Arraias, S. Fé-lix, Cavalcante, Flores e Trahiras.

Theotônio Segurado exerceria poderosa influência nos negócios daquela região, instalando a Vila de São João da Palma e estimulando a navegação do Tocantins. Em 1821 foi eleito deputado às Cortes de Lis-boa, transferindo-se para Portugal.

Em novembro de 1826, o Rei nomeou o bacharel Jerônimo José

da Silva Castro para o cargo de Ouvidor do Norte, para um triê-nio. Ele só veio a assumir em junho de 1828, na presidência de Lino de Morais. Na calada da noite de 26 de junho de 1831, como relata Americano do Brasil, dois tiros de bacamarte prostraram o Desem-bargador, vítima de sete homens armados que invadiram sua resi-dência. Esse episódio insere-se no quadro de entreveros que opuse-ram os chamados brasileiros sedi-ciosos e os portugueses.

Em 14 de outubro de 1831, quan-do já se dedicava às suas atividades particulares, na Comarca de São João das Duas Barras, Theotônio Segurado foi também vítima de homicídio, no quadro de turbulência que dominava a região. A Matutina Meiapontense,

Sessão da Corte de Apelação do Tribunal de Justiça de Goiás, em 1932.

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primeiro jornal a circular em Goiás, em sua edição de 3 de dezembro de 1831, noticiou o fatídico episódio: “A comarca de São João das Duas Barras serviu de teatro a hum novo assassínio e outro desembargador acaba de ser vítima da anormalidade e turbulência em que se acha huma grande parte dessa comarca. No dia 14 de outubro p.p. foi passado com uma bala e morreu sem sacramento o dr. Joaquim Theotônio Segurado; este sr. tomou posse de ouvidor nes-ta Província em 1804; então toda a Província era huma só comarca.” O registro é de Americano do Brasil, na obra citada.

Até o ano de 1809, portanto, uma única circunscrição judiciária exis-tiu em Goiás Colônia para atender ao vasto território das minas.

Em 1832, com o Código Crimi-nal, Goiás foi dividido em quatro Comarcas: a de Goyaz (capital da Província e cinco vilas e dois julga-dos); a de Santa Cruz (quatro vilas e um julgado), a de Cavalcante (três Vilas e dois julgados) e a da Palma (cinco vilas e um julgado). O ex Ou-vidor José de Assis Mascarenhas foi nomeado juiz de Direito da Capital. Tinha então Goiás, segundo o últi-mo recenseamento, 80.000 habitan-tes, dos quais 20.000 eram índios, anota Americano do Brasil, em “Pela história de Goiás”.

O aumento pouco melhorou os serviços da justiça, em face das dis-tâncias consideráveis, a deficiên-cia das estradas e transportes, bem como ausência de juízes nas comar-cas, cujas funções eram exercidas em caráter precário pelos juízes muni-cipais. O padre Luiz Antonio da Sil-va e Souza relaciona os Ouvidores da Capitania, do ano de 1737 até o ano de 1809, especificando os anos em que tomaram posse no cargo,

nominando, entre outros que citarei alhures: Agostinho Pacheco Telles, que tomou posse em 1737; Manoel Antunes da Fonseca, em 1741, famo-so pelo grave desentendimento havi-do entre ele e o Pe. João Perestrello de Vasconcelos, de que resultou a prisão de ambos; Agostinho Luiz Ri-beiro Vieira, em 1749; Sebastião José da Cunha Soares, em 1752; Antônio da Cunha Souto Maior, em 1756; Francisco de A. Bittencourt Lira, em 1758; Desembargador Antônio José de Araújo e Souza, em 1762; Antônio José Cabral de Almeida, em 1769; Manoel José de Aguiar Mourão, em 1799; Joaquim Theotônio Segurado, em 1805; Joaquim Ignácio da Silvei-ra da Mota, em 1808. Em Almana-ch da Provincia de Goiaz, publicado em 1886, por Antônio José da Costa Brandão, relacionam-se, ainda, os Ouvidores Antônio José Alves Mar-ques, a partir de 1818, Desembarga-dor José Joaquim da C. Ferreira do Lago e Joaquim Francisco G. Ponce de Leão, este empossado em 1831.

O Almanach informa que a

Comarca da capital – Vila Boa – foi criada em 1737, tornando-se entrância especial, como sede da Relação do distrito, em novembro de 1873. No ano de 1886 exercia o cargo de Juiz de Direito da capital o Dr. Antônio P. de Abreu, funcionando como Juiz municipal Joaquim Xavier dos Guimarães Natal e, como Promotor Público, João Bonifácio Gomes de Siqueira. No ano de 1850, a Lei n. 19 dividiu em sete as quatro Comarcas existentes.

A análise da conjuntura jurídi-ca da Província dos anos sessenta mostra que a divisão judiciária não atendia à sua realidade geopolíti-ca: comarcas com áreas grandes, termos separados por grandes dis-tâncias, alguns situados em locais intransitáveis no tempo das chu-vas. Apenas três termos possuíam juízes formados.

Os conflitos floresciam, os cri-mes se multiplicavam e a impuni-dade persistia, como observaram os historiadores Maria Augusta Santana e Ursulino Leão, no livro

Museu do Judiciário guarda documentos históricos do Tribunal de Relação.

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“Presença do Tribunal de Justiça na história de Goiás”.

Proclamada a independência do Brasil, em relação a Portugal, e pro-mulgada a Constituição de 1824, previu esse estatuto a criação do Supremo Tribunal de Justiça como órgão máximo da Justiça Brasilei-ra, com responsabilidade de julgar causas em segunda e última ins-tância. A Constituição estabelecia, ademais, que, “para julgar as cau-sas em segunda e última instância, haverá nas províncias do Império as Relações que forem necessárias para comodidade dos povos”.

Somente no ano de 1874, já no segundo reinado, instalaram-se no Brasil mais sete Tribunais da Rela-ção, inclusive o de Goiás e o de Mato Grosso, criados por decreto de 6 de agosto de 1873, designando-se, por

outro ato, o dia 1º de maio de 1874 para a instalação da Relação da Pro-víncia central.

A pecuária extensiva, que deman-dava pouco dispêndio de capital e insignificante emprego de mão de obra, e, ainda, a produção de alguns gêneros agrícolas foram o sustentá-culo econômico de Goiás no século XIX. Santana explica que a estrutura social deteriorada, conjugada com outros fatores, tais como a agrope-cuária de caráter extensivo, vai per-mitir a formação de latifúndios, com suas implicações econômicas, polí-ticas e sociais, onde o coronel era o chefe supremo. No interior, as lutas entre os chefes políticos pelo poder local eram comuns, culminando, muitas vezes, em mortes, e conse-quente impunidade dos criminosos. Na capital, formava-se uma elite

Documentos e informes registram os processos do antigo Tribunal de Relação, em Goiás. Acervo está no Museu do Judiciário.

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econômica e cultural, que buscou assumir o poder político da Pro-víncia, até então sob controle e re-presentação de elementos alieníge-nas. “As famílias Rodrigues Jardim, Fleury, Bulhões, Rodrigues Moraes, Caiado, Sócrates e Alves de Castro delinearam a dinâmica dos parti-dos monárquicos goianos Liberal e Conservador”. Uma nascente clas-se média vai projetar, no cenário goiano, um terceiro partido, o Re-publicano, que congregou número insignificante de adeptos.

Segundo Americano do Brasil, em 1870 o governo imperial empreen-deu um recenseamento geral no ter-ritório brasileiro, nos termos da lei n. 1.829, de 9 de setembro. O de-creto 4.856, de 10 de dezembro de 1871, regulou o serviço censitário, tendo o mesmo chegado a Goiás com o aviso de 28 de fevereiro de 1872. O aludido decreto escolheu o dia 1o. de agosto desse ano para o recenseamento geral”.

Não tendo sido possível realizar--se o censo naquela data, em Goiás, o presidente Dr. Antero Cícero de Assis escolheu a data de 25 de junho de 1873 para o mesmo fim, o que foi cumprido. “Verificou-se então para Goiás a população de 160.395 almas. Incluídos 10.228 escravos.”

Neste Estado, instalou-se, em 1º de maio de 1874, no Governo de Antero Cícero de Assis, o Tribu-nal da Relação, motivo de grande solenidade social na antiga capital. Assumiu o cargo de Presidente, em caráter interino, o desembargador José Ascenço da Costa Ferreira, até a posse, em 17 de agosto daquele ano, do Presidente efetivo, Desembar-gador Adriano Manoel Soares, pelo prazo de três anos, conforme carta imperial. Clenon narra que a Rela-ção instalou-se, na antiga capital do Estado, no conhecido prédio situado no Largo do Rosário n. 1, então per-tencente aos herdeiros do coronel João Nunes da Silva.

Inauguração da sede do atual Tribunal de Justiça de Goiás, em 1986.

A Província, por força da Lei provincial de 29 de julho de 1872, dividia-se em treze Comarcas: Goyaz, Rio das Almas, Rio Verde, Rio Maranhão, Rio Corumbá, Rio Paranahyba, Imperatriz, Cavalcan-te, Rio Paranã, Posse, Palma, Porto Imperial e Boa Vista.

Quando da instalação do Tribunal de Relação, segundo anota Geraldo Coelho Vaz, já tinham se acrescen-tado três Comarcas àquelas já no-minadas: Santa Cruz, Coxim e Rio Tocantins. A Corte goiana compôs--se de cinco juízes de direito, quais sejam, além daqueles que assumiram como Presidentes, interino ( José As-cenço Ferreira) e o efetivo (Adriano Manoel Soares), os desembargado-res Luiz José de Medeiros, Joaquim de Azevedo Monteiro e Elias Pinto de Carvalho. Clenon registra que Elias Pinto de Carvalho não assumiu o cargo, motivando a nomeação do juiz de Direito José Mariano Lustosa do Amaral, empossado no dia 3 de setembro de 1875.

No longo período de governo de Antero Cícero de Assis, empossado em abril de 1871 e que se manteve na

direção administrativa da Provín-cia até julho de 1878, enumeram-se como acontecimentos relevantes a reforma da magistratura, com a ins-talação em 1º de maio de 1874, do Tribunal das Relações, criado a 6 de agosto de 1873; recenseamento da Província, que apresentava, à época, uma população estimada de 160.395 habitantes; organização do registro civil; adoção do sistema métrico de-cimal na Província; reconstrução da catedral de Santana, e ainda a com-pra pelo governo do Teatro São Jo-aquim, consoante registra Joaquim Carvalho Ferreira.

No ensaio, “Centenário da Rela-ção de Goiás”, Clenon observa que, para a primeira sessão ordinária da Corte, no dia 5 de maio, foram con-vocados os Juízes, da Capital, Jerôni-mo José do Campos Curado Fleury, e da Comarca do Rio das Almas, Bene-dito Félix de Souza, em substituição aos desembargadores Elias Pinto de Carvalho, nomeado Procurador da Coroa, que obtivera prorrogação de prazo para assumir o cargo, e Adria-no Manoel, Presidente nomeado, que não compareceu à instalação,

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por se achar em viagem, dirigindo--se para a província goiana.

Sucedendo à administração do Con-selheiro Adriano Manoel, o desembar-gador José Antônio da Rocha exerceu por três períodos, ou seja, durante onze anos, a direção do Tribunal, encerran-do-se a sua gestão em 1889.

Nos quinze primeiros anos, re-lata Clenon, vinte juízes de Direito ocuparam as cinco cadeiras da Rela-ção de Goiás, mas apenas dois eram magistrados goianos: os desembar-gadores Jerônymo José de Campos Curado Fleury e Benedito Felix de Souza. Com a proclamação da Repú-blica, o Tribunal passou a ser desig-nado Superior Tribunal de Justiça, e seus membros, até o ano de 1898, intitulados Ministros. A partir daí, esse título foi substituído, em caráter definitivo, pelo de Desembargador. A primeira eleição para Presidente

recaiu na pessoa do des. Francisco Manoel Paraíso Cavalcante, empos-sado em 14 de maio de 1890. Sob a égide da primeira Constituição da República, que outorgou aos Estados autonomia administrativa e poder de legislar sobre o direito processu-al, foi eleito Presidente do Superior Tribunal o desembargador Coriola-no Augusto de Loyola, notável juiz e professor, um dos fundadores da Academia de Direito de Goiás, que retornaria à Presidência no período de 1905 a 1914, ano em que faleceu.

NOS DIAS ATUAISAtualmente, o Tribunal de Jus-

tiça do Estado de Goiás compõe-se de 36 membros, dos quais 17 inte-gram a Corte Especial, formando o colegiado de 2o. grau de jurisdição, em um Estado cuja população é de 6 milhões de habitantes distribuídos

em 127 Comarcas. Conta com uma força de trabalho de mais de 10 mil pessoas, entre servidores, terceiri-zados, estagiários e pró-jovens; 384 magistrados, 1,8milhão de processos judiciais em trâmite. Tem estrutura física composta por 400 unidades judiciárias, distribuídas em 155 pré-dios, totalizando 1,4 milhão de me-tros quadrados de área construída.

Esta estrutura pessoal e física tem propiciado o alcance de resultados destacados nacionalmente, como a conquista de três categorias no prê-mio Conciliar É Legal, devido ao re-sultado alcançado na 9ª Semana Na-cional de Conciliação, em 2014, e no Justiça em Números, recentemente divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça, em que obteve desem-penho superior à média nacional e produtividade acima dos tribunais de grande porte.

Sede do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO): espaço moderno representa eficiência no atendimento aos usuários.

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COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

Desembargador Leobino Valente ChavesPresidente

Desembargador João Waldeck Félix de SousaVice-Presidente

Desembargador Gilberto Marques FilhoCorregedor-Geral da Justiça

Desembargador Leobino Valente Chaves

Presidente do Tribunalde Justiça do Estado de Goiás(2015-2017)

Desa. Beatriz Figueiredo Franco

Des. Ney Teles de Paula

Des. Leobino Valente Chaves

Des. Gilberto Marques Filho

Des. João Waldeck Félix de Sousa

Desa. Nelma Branco Ferreira Perilo

Des. Walter Carlos Lemes

Des. Carlos Escher

Des. Kisleu Dias Maciel Filho

Des. Zacarias Neves Coelho

Des. Luiz Eduardo de Sousa

Des. Alan Sebastião de Sena Conceição

Des. Leandro Crispim

Des. Itaney Francisco Campos

Desa. Amélia Netto Martins de Araújo

Des. Luiz Cláudio Veiga Braga

Des. Geraldo Gonçalves da Costa

Des. Ivo Fávaro

Des. Jeová Sardinha de Moraes

Des. Fausto Moreira Diniz

Des. Norival Santomé

Des. Carlos Alberto França

Des. Francisco Vildon José Valente

Des. Amaral Wilson de Oliveira

Des. José Paganucci Júnior

Desa. Maria das Graças C. Requi

Desa. Avelirdes A. Pinheiro de Lemos

Desa. Elizabeth Maria da Silva

Des. Orloff Neves Rocha

Des. Gerson Santana Cintra

Desa. Carmecy Rosa M. Alves de Oliveira

Des. Edison Miguel da Silva Jr

Des. Nicomedes Domingos Borges

Des. Itamar de Lima

Desa. Sandra Regina Teodoro Reis

Des. Olavo Junqueira de Andrade