28
31 RESUMO Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 28, p. 31-56, jun. 2007 Ary Cesar Minella REPRESENTAÇÃO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AMÉRICA LATINA: A REDE TRANSASSOCIATIVA NO ANO 2006 Recebido em 3 de março de 2007. Aprovado em 1º de julho de 2007. O trabalho analisa a estrutura de representação de classe do empresariado financeiro na América Latina com o objetivo de identificar as conexões que se estabelecem entre as associações de bancos a partir da presença comum de conglomerados ou grupos financeiros que atuam, simultaneamente, na diretoria de várias entidades, em diferentes países, tomando como referência o ano de 2006. Trabalha-se com a hipótese da formação de redes transassociativas, adotando-se a metodologia de Análise de Redes Sociais; parte dos resultados foi comparada com dados disponíveis para o ano de 2000. Entre outros aspectos, constatou-se: a) um número elevado de conexões entre as associações; b) a centralidade na rede de dez conglomerados ou grupos financeiros que atuam em associações de bancos em três ou mais países e c) as associações que apresentam maior grau de conexão estão localizadas na Argentina, Chile, Brasil, Costa Rica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai e Peru. Concluiu-se que grande parte da estrutura de representação de classe do empresariado financeiro na América Latina encontra-se transnacionalizada, reforçando nossa hipótese. Discute-se o alcance e o significado dessa rede à luz da literatura internacional, destacando-se, entre outros aspectos, o potencial de intercâmbio de informação, a possibilidade de articular e coordenar posicionamentos e ações corporativas e políticas, a vinculação com outras instâncias de organização e defesa dos interesses de classe do setor financeiro. PALAVRAS-CHAVE: empresariado financeiro; redes transassociativas; associações de bancos; estrutura de classe; conglomerados e grupos financeiros; sistema financeiro. I. INTRODUÇÃO Nos últimos anos minhas pesquisas trataram de analisar o sistema financeiro desde uma pers- pectiva sociopolítica, particularmente a organiza- ção e atuação corporativa e política do empresariado financeiro, a partir de sua estrutura de representação de classe na América Latina e especialmente no Brasil. Mais recentemente ex- plorei a possibilidade de utilizar a metodologia de análise de redes sociais para estudar esse univer- so, convencido de suas possibilidades para pesquisar os setores sociais dominantes na socie- dade capitalista contemporânea. Neste texto apre- sento alguns resultados preliminares dessa emprei- tada 1 . O impulso para o uso dessa metodologia sur- giu das constatações e dos limites de pesquisa anterior, que analisou as implicações do processo de globalização financeira na estrutura e dinâmica de representação de classe do empresariado fi- 1 Essa questão foi objeto central de minha pesquisa de pós-doutorado realizada junto ao Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic), no Departamento de So- ciologia da Universidade de São Paulo (USP), com a orien- tação de Francisco de Oliveira, durante o período de maio de 2006 a abril de 2007. Agradeço imensamente a acolhida aí recebida, o estimulante ambiente de debate e a infra- estrutura de pesquisa oferecida. A discussão mais conceitual e teórica sobre o tema será apresentada no relatório a ser debatido nesse Centro. O estudo sobre metodologia levou- me à Universidade Autônoma de Barcelona no início de 2007, onde tive acolhida e diálogo com José Luiz Molina e os membros do grupo de pesquisa que ele coordena. A todos sou imensamente grato. Contei também com oportu- nas indicações técnicas sobre o uso de programa Ucinet com Josep A. Rodriguez e Julián Cardenas, ambos da Universidad de Barcelona. Meu especial reconhecimento e agradecimento a Narciso Pizarro, da Universidad Complutense de Madrid, pela acolhida e pelos decisivos diálogos realizados durante minha breve estância naquela capital, que incluíram também Reyes Herrero e Delio Lucena Piquero. Pesquisa realizada com apoio do Conse- lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Ary Minella - Bancos Em Redes

Embed Size (px)

DESCRIPTION

REPRESENTAÇÃO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AMÉRICA LATINA: A REDE TRANSASSOCIATIVA NO ANO 2006

Citation preview

  • 31

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    RESUMO

    Rev. Sociol. Polt., Curitiba, 28, p. 31-56, jun. 2007

    Ary Cesar Minella

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADOFINANCEIRO NA AMRICA LATINA:A REDE TRANSASSOCIATIVA NO ANO 2006

    Recebido em 3 de maro de 2007.Aprovado em 1 de julho de 2007.

    O trabalho analisa a estrutura de representao de classe do empresariado financeiro na Amrica Latinacom o objetivo de identificar as conexes que se estabelecem entre as associaes de bancos a partir dapresena comum de conglomerados ou grupos financeiros que atuam, simultaneamente, na diretoria devrias entidades, em diferentes pases, tomando como referncia o ano de 2006. Trabalha-se com a hipteseda formao de redes transassociativas, adotando-se a metodologia de Anlise de Redes Sociais; parte dosresultados foi comparada com dados disponveis para o ano de 2000. Entre outros aspectos, constatou-se:a) um nmero elevado de conexes entre as associaes; b) a centralidade na rede de dez conglomeradosou grupos financeiros que atuam em associaes de bancos em trs ou mais pases e c) as associaes queapresentam maior grau de conexo esto localizadas na Argentina, Chile, Brasil, Costa Rica, Mxico,Nicargua, Panam, Paraguai e Peru. Concluiu-se que grande parte da estrutura de representao declasse do empresariado financeiro na Amrica Latina encontra-se transnacionalizada, reforando nossahiptese. Discute-se o alcance e o significado dessa rede luz da literatura internacional, destacando-se,entre outros aspectos, o potencial de intercmbio de informao, a possibilidade de articular e coordenarposicionamentos e aes corporativas e polticas, a vinculao com outras instncias de organizao edefesa dos interesses de classe do setor financeiro.

    PALAVRAS-CHAVE: empresariado financeiro; redes transassociativas; associaes de bancos; estruturade classe; conglomerados e grupos financeiros; sistema financeiro.

    I. INTRODUO

    Nos ltimos anos minhas pesquisas trataramde analisar o sistema financeiro desde uma pers-pectiva sociopoltica, particularmente a organiza-o e atuao corporativa e poltica doempresariado financeiro, a partir de sua estruturade representao de classe na Amrica Latina eespecialmente no Brasil. Mais recentemente ex-plorei a possibilidade de utilizar a metodologia deanlise de redes sociais para estudar esse univer-so, convencido de suas possibilidades parapesquisar os setores sociais dominantes na socie-dade capitalista contempornea. Neste texto apre-sento alguns resultados preliminares dessa emprei-tada1.

    O impulso para o uso dessa metodologia sur-giu das constataes e dos limites de pesquisaanterior, que analisou as implicaes do processode globalizao financeira na estrutura e dinmicade representao de classe do empresariado fi-

    1 Essa questo foi objeto central de minha pesquisa deps-doutorado realizada junto ao Centro de Estudos dosDireitos da Cidadania (Cenedic), no Departamento de So-ciologia da Universidade de So Paulo (USP), com a orien-tao de Francisco de Oliveira, durante o perodo de maiode 2006 a abril de 2007. Agradeo imensamente a acolhida

    a recebida, o estimulante ambiente de debate e a infra-estrutura de pesquisa oferecida. A discusso mais conceituale terica sobre o tema ser apresentada no relatrio a serdebatido nesse Centro. O estudo sobre metodologia levou-me Universidade Autnoma de Barcelona no incio de2007, onde tive acolhida e dilogo com Jos Luiz Molina eos membros do grupo de pesquisa que ele coordena. Atodos sou imensamente grato. Contei tambm com oportu-nas indicaes tcnicas sobre o uso de programa Ucinetcom Josep A. Rodriguez e Julin Cardenas, ambos daUniversidad de Barcelona. Meu especial reconhecimento eagradecimento a Narciso Pizarro, da UniversidadComplutense de Madrid, pela acolhida e pelos decisivosdilogos realizados durante minha breve estncia naquelacapital, que incluram tambm Reyes Herrero e DelioLucena Piquero. Pesquisa realizada com apoio do Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico(CNPq).

  • 32

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    nanceiro, focalizando a presena de instituiesfinanceiras estrangeiras na composio das dire-torias de 19 associaes de bancos, em 13 paseslatino-americanos, examinando um total de 212cargos de direo, no ano de 2000 (MINELLA,2003).

    Os resultados apontaram para uma ativa pre-sena de bancos estrangeiros, pois constatei queestes controlavam quase a metade dos cargos dedireo, com destaque para 11 grupos ou conglo-merados financeiros dos Estados Unidos e daEuropa que praticamente ocupavam 1/3 dos car-gos. Trs casos mostraram-se mais significati-vos: o estadunidense Citibank (Citigroup) e osespanhis Santander e Bilbao Vizcaya, cada umdeles participando em associaes de bancos emsete pases. Observei que a participao simult-nea de uma mesma instituio, grupo ou conglo-merado financeiro em diversas associaes esta-belece uma conexo entre elas, criando o que de-nominei de redes transassociativas, que teria umpapel fundamental na configurao da estruturade representao de classe formada pelas associ-aes de bancos no continente.

    Neste trabalho apresento os primeiros resulta-dos de nova pesquisa realizada sobre essa rede,com referncia ao ano de 2006, agora com umuniverso ampliado para 24 associaes, em 17pases e um total de 229 membros da direo (cf.Quadro 1, no anexo)2. Alm dessa ampliao, adiferena fundamental em relao pesquisa an-terior a utilizao da Anlise de Redes Sociais,metodologia que permitiu identificar com maiorpreciso o alcance e as caractersticas da rede,avanando de modo considervel na compreen-so do fenmeno estudado. Avalio que esse pro-cedimento contribuiu para lanar novas luzes so-bre a natureza e a dinmica das relaes que se

    estabelecem entre as entidades de classe que atu-am na defesa dos interesses corporativos e tam-bm polticos do setor financeiro na Amrica La-tina.

    Antes de apresentar e analisar os dados da redetransassociativa, conforme ela configurou-se em2006, necessrio deixar claro o contexto analti-co mais amplo em que essa anlise inscreve-se.Quero destacar assim que a representao de classedo empresariado, que se manifesta no formato deassociaes de bancos, interpretada como umentre vrios outros elementos constitutivos de umcampo analtico que procura entender as caracte-rsticas e o poder das instituies financeiras nocapitalismo contemporneo. nesse contexto,portanto, que insiro a rede transassociativa. Paraapresentar esse quadro mais amplo, reproduzo aseguir, de maneira sucinta, consideraes que de-senvolvi em outros trabalhos (MINELLA, 2005a;2005b; 2007).

    II. REDE TRANSASSOCATIVA EM SEU CON-TEXTO: AVALIANDO O PODER DAS INS-TITUIES FINANCEIRAS NO CAPITA-LISMO CONTEMPORNEO

    O momento atual do capitalismo caracteriza-se por uma preponderncia da acumulao fi-nanceira (CHESNAIS, 2003), amparada em umprocesso de liberalizao e desregulamentaodos mercados, e que tem levado, mediante di-versos mecanismos e inovaes financeiras, renovao do grau de endividamento (das fam-lias, das empresas, dos governos) e grandemovimentao de capitais, especialmenteespeculativos, ao redor do globo. Parece clarotambm que essa acumulao torna-se vivel nocontexto de uma reestruturao produtiva do ca-pitalismo, que tem imposto maior precarizaoao mundo do trabalho, pela combinao de no-vas e antigas formas de explorao, pela apro-priao da renda dos trabalhadores e outras ca-tegorias sociais, mediante crdito ao consumo edos servios financeiros, e pela apropriao fis-cal por meio da dvida pblica.

    A anlise leva em considerao a reestruturaofinanceira que, em momentos e ritmos diversos,ocorreu na Amrica Latina nas ltimas duas dca-das, especialmente o caso brasileiro a partir demeados dos anos 1990. No contexto de polticasmacro-econmicas e reformas das instituies, emgeral alinhadas aos parmetros definidos pelo cha-

    2 O nmero de cargos de direo que efetivamente serconsiderado na anlise um pouco menor, pois agregou-secomo uma nica participao os casos em que um mesmogrupo ou conglomerado ocupava mais um cargo em umamesma associao. o caso do Grupo AVAL, com quatrocargos na Asociacin Bancaria y de Entidades Financierasde Colombia (por meio das seguintes instituies: Avillas,Banco de Bogot, Banco de Occidente e Banco Popular),do grupo Bradesco no Brasil, com dois cargos na FederaoBrasileira de Bancos (Febraban) e o Deutsche Bank, emigual condio, na Associao Brasileira de Bancos Interna-cionais (ABBI).

  • 33

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    mado Consenso de Washington, e pelas crises queafetaram a economia do continente, o sistema fi-nanceiro da maioria dos pases caracterizou-se pormaior abertura, que levou ao incremento da parti-cipao estrangeira no controle de ativos locais, maior centralizao e concentrao e a um acele-rado processo de privatizao3. Acompanhou esseprocesso a reestruturao do trabalho bancrio(LARANGEIRA & FERREIRA, 2000; GRISCI,2002; JINKINGS, 2002; JUNCKES, 2004;RODRIGUES, 2004).

    Tendo presentes esses aspectos mais gerais, necessrio analisar o sistema financeiro e suas ins-tituies, vinculadas a um amplo contexto de po-der das instituies financeiras e de seus agentesno capitalismo. Na impossibilidade de analisar to-das as dimenses da questo, destaco os seguin-tes aspectos, alm da estrutura e dinmica da re-presentao de classe do setor: a) o controle so-bre o fluxo de capitais e seu significado em ter-mos de hegemonia financeira; b) a conformaode grupos econmicos ou financeiros, que ampliaa atuao para o setor no-financeiro; c) a partici-pao no processo poltico e nos aparatos de de-ciso do Estado; d) a participao e o financia-mento de entidades poltico-ideolgicas; e) avinculao com os meios de comunicao demassa e f) a vinculao com o mundo cultural edo entretenimento por meio do financiamento ecoordenao de atividades nesse campo, especi-almente por meio de fundaes culturais prpri-as. Com exceo dos dois ltimos, amplio as re-ferncias sobre cada um dos aspectos menciona-dos, incluindo como tema central a estrutura derepresentao de classe.

    II.1. Controle sobre o fluxo de capitais ehegemonia financeira

    Uma das bases fundamentais do poder dos ban-cos e das instituies financeiras o controle queexercem sobre parte substantiva dos recursos edo fluxo de capitais na economia. Esse controlepermite, em determinadas circunstncias, criarconstrangimentos ao processo decisrio das po-lticas governamentais e s decises estratgicasdas empresas, caracterizando-se uma situao de

    hegemonia financeira, conforme denominamMintz e Schwartz (1985). As instituies finan-ceiras aqui includos os investidores institucionais, ao controlar um fluxo significativo de capitais,possuem a capacidade de definir algumas linhasgerais da economia nas quais as corporaes no-financeiras operam, uma vez que podem impulsi-onar o desenvolvimento de determinadas reas emdetrimento de outras e tambm restringir o com-promisso com um determinado setor, empresa oupas.

    O exerccio dessa hegemonia, no entanto, algo problemtico, pois est inserido em diferen-tes conjunturas econmicas (e polticas) e con-textos regionais. Nos perodos crticos, quando adisponibilidade de capitais diminui, esse poderhegemnico faz-se sentir mais claramente. Pa-ses e empresas em condies de altoendividamento, necessitando renovar urgentemen-te seus crditos, esto submetidos de maneira maisintensa aos constrangimentos dessas instituiesfinanceiras (incluindo-se aqui, no caso dos pa-ses, a ao de organismos financeiros como oFundo Monetrio Internacional (FMI) e o BancoMundial). Assim, a possibilidade de impor cons-trangimentos aos processos decisrios das em-presas e dos governos est condicionada s con-dies diferentes do ciclo econmico, capaci-dade de autofinanciamento das empresas, ao graude desenvolvimento do mercado de capitais, possibilidade de existirem alternativas de crdito,ao grau de concentrao da oferta de crdito e scondies gerais de endividamento das empresase governos.

    Um dos aspectos mais importantes a ser des-tacado a grande concentrao dos recursos emalgumas poucas instituies, caracterstica pre-sente em maior ou menor grau na maioria dospases latino-americanos e que foi reforado pelaprivatizao ocorrida no setor financeiro. Essegrau de concentrao de recursos em poucasmos gera no apenas poder econmico, porquese gerencia um gigantesco fluxo de capital, mastambm interesse poltico na definio das polti-cas macro-econmicas que possam afetar esseuniverso. O resultado global que um nmeroreduzido de instituies financeiras e, portanto,seus controladores passam a exercer influnciasobre o mundo empresarial e governamental mui-to alm daquela exercida por outras foras soci-ais, incluindo-se os segmentos empresariais.

    3 Uma anlise mais extensa desse processo de reestruturaofinanceira, abordando as caractersticas aqui mencionadaspara o caso brasileiro, encontra-se em Minella (2005a).

  • 34

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    Um elemento particular dessa hegemonia re-fere-se relao que as instituies financeirasmantm com o Estado a partir da dvida pblica,que alm de contribuir para a lucratividade dosbancos favorece seu potencial de constrangimen-to ao processo de decises estratgicas de polti-ca econmica (FERREIRA, 2005).

    II.2. Grupos econmicos

    O segundo aspecto a ser considerado a exis-tncia de grupos econmicos que, embora cons-tituam um fenmeno bastante amplo e central nocapitalismo contemporneo, tm recebido umaateno ainda insuficiente por parte das CinciasSociais (GONALVES, 1991; GRANOVETTER,1994)4. A partir dos anos 1990 parece ter-se am-pliado o interesse pelo tema, com a publicao naAmrica Latina de vrios estudos empricos e dis-cusses tericas (p. ex.: ALCORTA, 1992;STOLOVICH, 1995; COMIN et alii, 1994; POR-TUGAL JNIOR, 1994; SCHVARZER, 1995;BASUALDO, 2002; COSTA, 2002). Embora exis-tam algumas divergncias conceituais e dificulda-des operacionais nos procedimentos empricos deanlise, em termos gerais tm-se destacado doisaspectos no estudo sobre os grupos econmicos:primeiro, sua importncia, tanto como agentesprivilegiados das operaes econmicas em esfe-ra global, quanto por sua influncia ou potencialde influncia direta e indireta sobre as polticasgovernamentais; segundo, seu papel no mundo doentretenimento e da cultura, constituindo-se emgrandes artfices da cultura mundial no final dosculo XX (ORTIZ, 1994, p. 147-182).

    Um grupo econmico pode ser definido comoum conjunto de empresas que, ainda que juridi-camente independentes entre si, esto interliga-das, seja por relaes contratuais, seja pelo capi-tal, e cuja propriedade (de ativos especficos e,principalmente, do capital) pertence a indivduosou instituies, que exercem o controle efetivosobre este conjunto de empresas (GONALVES,1991, p. 494). Assim, o grupo econmico ex-pressa relaes de fora e de poder, em torno dasquais se movimentam indivduos, classes, grupos

    sociais de um modo geral, formando redes desolidariedade e campos de conflito que envol-vem acionistas, gerentes e trabalhadores (POR-TUGAL JNIOR, 1994, p. 17). Considera-se as-sim o grupo econmico como um locus de acu-mulao de capital e um locus de poder (GON-ALVES, 1991, p. 494).

    necessrio reconhecer que existe uma am-pla variedade de grupos econmicos, que se ca-racterizam por diferentes tipos de propriedade.Alguns so controlados por indivduos, por umafamlia ou por conjunto de famlias relacionadasde maneira direta ou indireta. Em outros casos,podem ser mantidos indiretamente por meio desucessivas participaes acionrias ou por meiode holdings. Como sugere Granovetter (1994, p.461-462), acordos e participaes acionrias cru-zadas podem ganhar uma estrutura extremamen-te complexa, envolvendo vrias empresas, articu-ladas por redes de diretorias cruzadas.

    A relao entre as polticas governamentais eos grupos econmicos envolvem muitos aspec-tos, tais como regulamentao edesregulamentao, polticas antitrustes,estatizao, polticas industriais e tecnolgicas,formas de financiamento do Estado, regulao econtrole da fora de trabalho (GONALVES,1991, p. 494). Assim, a sua relao com o Estadomerece toda a ateno, no apenas para o enten-dimento dos problemas de poder e das polticaspblicas, mas tambm para a anlise das formas,das caractersticas e do comportamento que osgrupos assumem. Portanto, como sugeremGranovetter (1994) e Gonalves (1991), a ques-to da organizao e da configurao dos gruposeconmicos depende no somente de fatores eco-nmicos, mas tambm da interao de fatorespolticos e socioculturais. Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer o poder que os grupos tm sobreos mercados e a sociedade em geral, sua capaci-dade de instituir valores, de transformar-se assimem um instrumento poltico e de controlar subs-tantivos fluxos de capitais que lhes garantem con-dies de vetar decises de regulao pblica,relativizar o poder do Estado e afetar a economiade diversos pases (PORTUGAL JNIOR, 1994,p. 55-56). Muitos bancos que atuam na AmricaLatina e fazem parte da direo das associaesde classe esto inseridos em ou mesmo constitu-em o ncleo central de grupos econmicos; nes-se caso, sero referidos aqui como grupos finan-

    4 O fenmeno recebe diferentes denominaes: grupoeconmico (Amrica Latina); Zaibatsu e, depois,keiretsu (Japo); Chaebol (Coria do Sul); Twenty-two families (Paquisto); Indian Business House (n-dia); Business Group (Inglaterra) (GRANOVETTER,1994, p. 455).

  • 35

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    ceiros. A identificao especfica desses grupos esua posio na rede transassociativa ser objetode futuras anlises.

    II.3. Participao no processo poltico e nos apa-ratos de deciso do Estado

    A anlise das relaes que se estabelecem en-tre o Estado e o sistema financeiro constitui umgrande desafio para a compreenso da dinmicacapitalista contempornea. No Brasil, as conexese os interesses que se instituem a partir da dvidapblica representam um trao fundamental dessarelao. Alm disso, a centralidade que as deci-ses e aes do Banco Central passaram a ter paraa poltica econmica transformou-o em institui-o estratgica para a manuteno da hegemoniafinanceira, portanto essencial para os interessesdo empresariado financeiro no pas. A existnciade presidentes e diretores do Banco Central vin-culados ao universo dos bancos privados consti-tui uma das expresses dessa relao. Ao mesmotempo, o novo papel que o poder Legislativo pas-sou a assumir aps a democratizao poltica re-cebeu ateno do sistema financeiro e o financia-mento eleitoral representa apenas um dos indica-dores do interesse que o setor demonstra peloprocesso poltico5. Para o caso brasileiro, dos dezmaiores bancos privados, pelo menos cinco soimportantes financiadores eleitorais e dois desta-cam-se no trnsito com o Banco Central(MINELLA, 2007).

    II.4. Bancos e organizaes poltico-ideolgicas

    Alm da estrutura sindical, associativa e parti-dria, os empresrios ou a burguesia bancrio-financeira tambm articula seus interesses pormeio de um conjunto de organizaes de naturezapoltico-ideolgica. No caso brasileiro, um exem-plo importante so os Institutos Liberais, consti-tudos como entidades civis por um grupo de gran-des empresrios no incio dos anos 1980, centradosna difuso da doutrina neoliberal, especialmentecomo fundamento de polticas pblicas (GROS,2003b, p. 275). Mantidos por grandes gruposeconmicos nacionais e estrangeiros que operamno pas, os Institutos esto inseridos em uma rede

    mundial que inclui intelectuais, acadmicos, po-lticos, institutos de pesquisa, publicaes liberaise da mdia, em especial nos Estados Unidos e naGr-Bretanha (idem, p. 275-276). Vinculados auma rede internacional de think tanks, os institu-tos desenvolveram uma srie de aes durante osanos 1990 (cf. especialmente GROS, 2003b; paraos anos 1980, cf. GROS, 2003a)6. Mais recente-mente, o Instituto de Estudos de Poltica Econ-mica (conhecido tambm como Casa das Gar-as), sediado no Rio de Janeiro, constitui umimportante grupo de pesquisadores, de que parti-cipam tambm economistas e empresrios vincu-lados ao sistema financeiro e que desenvolve eprope polticas de cunho liberal.

    II.5. Estrutura e dinmica da representao declasse

    A partir de uma perspectiva sociopoltica, aanlise do poder das instituies financeiras develevar em considerao a estrutura e a dinmica derepresentao de classe, que se expressa por meiodas associaes de bancos e de outras institui-es financeiras que existem nos pases capitalis-tas avanados e tambm na Amrica Latina7. Pode-se considerar que o processo deinternacionalizao do sistema financeiro na Am-rica Latina manifesta-se tambm na significativapresena de instituies estrangeiras nas direesdos rgos de representao de classe em muitospases, incluindo o Brasil, destacando-se grandesgrupos internacionais dos Estados Unidos e daEuropa. Citibank (Citigroup), Banco BilbaoVizcaya Argentaria (BBVA) e o Banco SantanderCentral Hispnico (BSCH) constituem os exem-

    5 Uma interessante anlise sobre a reconfigurao do espa-o financeiro brasileiro e de sua relao com a cena poltica,a partir de uma Sociologia das Finanas, desenvolvida porGrn (2004).

    6 No Brasil, seis dos dez maiores bancos privados (classi-ficao de 2006) estiveram ou esto vinculados de algumaforma aos Institutos Liberais. Uma interessante anlise destetema para o universo latino-americano encontra-se em Mato(2005).7 Na Amrica Latina, a expresso formal maior da repre-sentao dos bancos a Federacin Latinoamericana deBancos (Felaban), cuja sede encontra-se em Bogot (Co-lmbia) e rene a maior parte das associaes de bancosexistentes no continente. No Brasil, alm das associaesexistem tambm os sindicatos de bancos, encarregados deestabelecer as negociaes com os trabalhadores bancrios;sua expresso maior a Federao Nacional dos Bancos(Fenaban) que, na prtica, est fundida com a FederaoBrasileira de Bancos (Febraban), que a federao das as-sociaes.

  • 36

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    plos mais significativos, como veremos mais adi-ante. Os dados apresentados sinalizam para a for-mao do que se denominou redestransassociativas, interpretadas como redes quese formam a partir da participao simultnea deuma mesma empresa ou de um mesmo grupoeconmico em nosso caso, uma instituio, umconglomerado ou um grupo financeiro em vri-as associaes de classe, em diferentes pases.Podemos assim falar de uma rede transassociativano sistema financeiro e da possibilidade de umaatuao articulada desses grupos na busca de de-finio de estratgias comuns para as associaesde bancos na Amrica Latina. A formao e o sig-nificado desta rede o tema que se ver a seguir.

    III. CONFIGURAO E ANLISE DA REDETRANSASSOCIATIVA: ESCLARECIMEN-TOS SOBRE O PROCEDIMENTO METO-DOLGICO ADOTADO

    O interesse central de pesquisa foi identificaras possveis conexes que se estabelecem entreas associaes de bancos na Amrica Latina apartir da presena de uma mesma instituio fi-nanceira na diretoria dessas entidades, que cons-tituem um dos canais de organizao e atuaocorporativa e poltica na defesa dos interesses declasse do empresariado e/ou burguesia bancrio-financeira. A metodologia de anlise de redes so-ciais um procedimento adequado para estudarrelaes sociais. Existe atualmente uma abundan-te literatura internacional sobre anlise de redessociais e mais recentemente se tem ampliado suautilizao por pesquisadores brasileiros8. Remetoa essa literatura limitando-me aqui a apresentarapenas os elementos essenciais para o entendi-mento do procedimento especfico adotado9.

    O ponto de partida a identificao dasinstituices financieras que integram a diretoriadas associaes de bancos. Preliminarmente fo-ram consultadas as pginas web das associaes;quando os dados eram incompletos, desatualizadosou inexistentes, realizou-se uma consulta diretacom as entidades por meio de correio eletrnicoou por via telefnica10.

    importante considerar que a instituio fi-nanceira que ocupa um cargo na diretoria podeconstituir-se basicamente de trs formas: comouma empresa nica, operando por exemplo ape-nas como banco comercial; como empresa inte-grada a um conglomerado financeiro ou comoempresa vinculada a um grupo financeiro, comofoi definido anteriormente. Um conglomeradofinanceiro entendido aqui como um conjuntode empresas que, sob um controle centralizado,atuam em diferentes segmentos do setor finan-ceiro. Algumas publicaes e rgos reguladoresdo setor freqentemente denominam esse conjuntocomo grupo financeiro, diferente portanto do con-ceito que se adota neste texto. Os conglomeradose grupos financeiros so os atores principais naconstituio da rede analisada.

    Em muitos casos, a condio de conglomera-do ou grupo financeiro facilmente reconhecida,mas em outros foi necessrio uma pesquisa maisdetalhada, como em relao quelas instituiesque operam na Amrica Central. Alm disso, noprocesso de centralizao financeira, os conglo-merados e grupos financeiros internacionais in-corporaram entidades nacionais e estatais e cer-tos arranjos patrimoniais nem sempre explicitamde maneira clara o controle acionrio. Assim, asinformaes sobre vnculos com conglomeradosou grupos financeiros, quando no evidentes, fo-ram pesquisadas em publicaes especializadas,especialmente aquelas disponveis na internete, nosrgos reguladores de cada pas e nas pginas dasmesmas instituies11. Dessa forma, as institui-8 Destaco especialmente as obras de Marques (2000; 2003;

    2006); cf. ainda Grn (2003), Dias e Silveira (2005), Lavalle,Castello e Bichir (2005), Nazareno (2005), Scherer-Warren(2005) e RAE Revista de Administrao de Empresas(2006).9 Vrios autores contriburam de maneira significativa naminha trajetria de aproximao anlise de redes sociais,especialmente para o mundo empresarial e poltico; porexemplo, Mintz e Schuartz (1985), Scott (1988; 1997;2005), Swedberg (1990) e mais recentemente o contatocom as obras de Emirbayer (1997), Wellman (2000), Molina(2001), Lozares Colina (2005), Rodrguez (2006), Cardenas(2006) e especialmente Pizarro (1998; 2005a; 2005b).

    10 A coleta de dados realizou-se de maneira mais intensanos meses de outubro, novembro e dezembro de 2006 eprimeira semana de janeiro de 2007. Para a presente anliseinteressa mais a instituio financeira do que a pessoa quea representa na diretoria da associao.11 Para a identificao dos conglomerados e grupos cen-tro-americanos, utilizou-se especialmente a publicaoMoneda El Peridico Financiero (2006).

  • 37

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    es financeiras foram agrupadas e identificadaspelo conglomerado ou grupo ao qual esto vincu-ladas. O Quadro 2, anexo, sintetiza os resultadosalcanados, identificando o cargo ocupado pelasinstituies, grupos ou conglomerados nas asso-ciaes de bancos.

    Os dados foram sistematizados e analisadas apartir de matrizes12, com o programa Ucinet 6(BORGATTI, EVERETT & FREEMAN, 2002) quepermite avaliar propriedades da rede e criarsociogramas para uma visualizao grfica do fe-nmeno estudado (nesse caso, com o programaNetdraw, incorporado ao Ucinet 6). A matriz-basefoi gerada a partir do Quadro 2, anexo, que basi-camente identifica a presena ou no de uma ins-tituio, grupo ou conglomerado nas entidades declasse. A partir dessa matriz, foi gerada a matrizde filiao (affiliation networks) 13, que identifi-ca a rede de filiao, que central para a anlise.

    Assim, necessrio um esclarecimento sobreessa matriz e sua utilizao. Recorro explicaodetalhada que se encontra no texto de Wassermane Faust (1994, cap. 8), de onde reproduzo algu-mas observaes, suficientes para o entendimen-to do procedimento que foi adotado. Basicamenteessa matriz representa a relao de um conjuntode atores com um conjunto de ocasies sociais,eventos ou organizaes14. Segundo os autores,existe uma longa tradio nas Cincias Sociais eespecialmente na Sociologia no estudo da partici-

    pao dos indivduos em coletivos; da a impor-tncia do estudo da rede de filiao. Os primeirosinsights a este respeito so encontrados emSimmel (o que ele denominou de crculos soci-ais), que foram desenvolvidos posteriormente porvrios pesquisadores. Uma concepo comumpresente nessa viso a idia que os atores vincu-lam-se por meio de suas participaes associadasem eventos sociais. A participao associada emeventos no apenas oferece a oportunidade paraos atores interagirem, mas tambm incrementa aprobabilidade de que laos semelhantes diretospossam desenvolver-se entre os atores. De modosimilar, quando uma pessoa ou um grupo de pes-soas participa de mais de um evento, uma cone-xo estabelecida entre esses dois eventos. Di-zendo de outra forma: a participao sobrepostaem grupos oferece maior oportunidade para o fluxode informao entre os grupos e a possibilidadede coordenao das aes dos grupos (idem, p.293). O fato de que eventos podem ser descritoscomo coletivos de atores filiados a eles e que ato-res podem ser descritos como coletivos de even-tos com os quais so filiados a caractersticadistintiva da rede de filiao (idem, p. 294).

    A rede de filiao oferece assim uma perspec-tiva pela qual os atores so conectados uns comos outros por sua filiao com eventos e, ao mes-mo tempo, os eventos so conectados pelos ato-res que so seus membros. Portanto existem doiscaminhos complementares para observar uma redede filiao: por um lado, como atores conectadospor eventos; por outro lado, eventos conectadospor atores. Analiticamente isso significa que po-demos estudar as conexes entre os atores, ou asconexes entre os eventos, ou ambas (idem, p.295).

    Segundo Pizarro (2005b, p. 14), de um pontode vista metodolgico, o estudo de grupos identi-fica-se com o de relaes de pertencimento: umindivduo I pertence (ou no) a um grupo G. Osmtodos desenvolvidos para o estudo desse tipode relaes so de uma enorme importncia teri-ca e metodolgica, porque colocam a questo [...]da homogeneidade entre entidades e relaes den-tro desse tipo de anlise.

    Os dados analisados as instituies financei-ras que compem o comando das associaes debancos na Amrica Latina so relaes depertencimento, ou seja, a relao de indivduos no caso instituies financeiras com coletivos

    12 De modo bem resumido, de acordo com o Glosario deanlisis de redes sociales (LISTA REDES, 2001), as deno-minaes e caractersticas das matrizes so as seguintes: amatriz de incidncia uma matriz binria resultante deuma matriz de atores x atores que mostra os atores nas filase as relaes nas colunas, indicando a presena ou ausnciade uma relao para cada ator; uma matriz na qual a srie deatores a mesma nas filas e nas colunas se chama de matrizde modo 1; no caso de que a srie de atores nas filas e nascolunas diferente se denomina matriz de modo 2. A ma-triz de filiao um tipo especial de matriz e que serexplicada mais detalhadamente adiante.13 Em termos tcnicos, da matriz-base gera-se uma matrizbipartite, que uma matriz de modo 1, que por sua vez dicotomizada, ou seja, transformada em uma matriz queindica somente a presena ou no de uma instituio finan-ceira, grupo ou conglomerado na diretoria das associaesde bancos. A partir dessa matriz gera-se a matriz de filiao.14 Segundo Wasserman e Faust (1994, p. 291), esse tipode rede tambm chamada de merbership network ouhypernetwork.

  • 38

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    bem definidos, as associaes de bancos. Portan-to, por meio desse procedimento, pode-se identi-ficar as possveis relaes que se estabelecem entreas instituies financeiras a partir de seupertencimento comum s associaes de bancos,assim como as conexes que se estabelecem en-tre as 24 associaes, em 17 pases, a partir dapresena das instituies financeiras na diretoriadessas entidades de representao de classe. Ofoco da presente anlise esse segundo tipo deconexo.

    IV. CONFIGURAO E ANLISE DA REDETRANSASSOCIATIVA

    A partir das matrizes possvel calcular o graude centralidade das instituies na rede. Nessecaso, trata-se do grau de sada (outdegree), queexpressa o nmero de diretorias de associaesde bancos nas quais esto presentes. A maior par-te das instituies participa da diretoria de apenasuma associao (grau 1), no estabelecendo as-sim relaes entre associaes, razo pela qual noser considerada na presente anlise. Na Tabela 1apresento as instituies financeiras (normalmen-te grupos ou conglomerados financeiros) presen-tes em duas associaes (16 casos) e em trs oumais (17 casos). Controlando 110 cargos diretivos,que representam 49% do total, essas 33 institui-es constituem a base para a formao da redetransassociativa das associaes de bancos naAmrica Latina.

    TABELA 1 INSTITUIES, GRUPOS OU CON-GLOMERADOS FINANCEIROS:PARTICIPAO EM DUAS OU MAISASSOCIAES DE BANCOS(AMRICA LATINA, 2006)

    Em termos conceituais mais estritos, conside-rei como mais significativo para a constituio darede transassociativa latino-americana a partici-pao de uma instituio financeira, grupo ou con-glomerado em pelo menos trs entidades, em pa-ses diferentes. Em termos menos estritos, pode-ria considerar a presena em apenas dois pases.Neste momento concentrarei a anlise na primei-ra alternativa.

    Entre os 17 casos que inicialmente se qualifi-cam para essa anlise (atuar em trs associaes),nem todos atendem ao requisito de atuar na dire-toria de entidades de classe em trs pases. Al-guns circunscrevem sua atuao s associaesde apenas um pas, como acontece com o BancoABC Brasil, o Bradesco e o Unibanco, presentesapenas em entidades no Brasil; outros remetem-se a dois pases (Argentina e Brasil), como oHSBC, o Banco BNP Paribas e o Ita, enquanto oBanco do Brasil, de controle estatal, apresenta-seno pas-sede e tambm na Bolvia.

    Dessa forma, so dez os grupos ou conglo-merados financeiros que esto presentes no co-mando de associaes em trs ou mais pases.Eles ocupam 53 cargos, o que representa 24% dototal, e constituem o ncleo central de atores naestruturao das conexes entre as associaes(Tabela 2).

    FONTE: o autor.

  • 39

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    TABELA 2 GRUPOS E CONGLOMERADOS FINANCEIROS: PARTICIPAO NA DIRETORIA DASASSOCIAES DE BANCOS DE 3 OU MAIS PASES (AMRICA LATINA, 2006)

    FONTE: o autor.

    O sociograma seguinte (Figura 1) permitevisualizar a participao desses grupos e conglo-merados nas diretorias das associaes de ban-cos. Nos sociogramas que sero apresentados ao

    longo do texto, a posio geomtrica das associa-es e das instituies financeiras arbitrria, bemcomo o comprimento das linhas, que indicam ape-nas a existncia de uma relao.

    FIGURA 1 SOCIOGRAMA DAS INSTITUIES, GRUPOS OU CONCLOMERADOS FINANCEIROS QUEPARTICIPAM DA DIRETORIA DE ASSOCIAES DE BANCOS EM TRS OU MAIS PASES(AMRICA LATINA, 2006)

    FONTE: o autor.

    NOTA: os crculos representam os grupos e conglomerados financeiros; os quadrados representam as associaes debancos, aqui identificadas pelo pas onde esto localizadas e pela respectiva sigla, quando foram consideradas mais deuma entidade no pas. O nome completo das entidades de classe encontra-se no Quadro 1, anexo.

  • 40

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    O sociograma acima revela a existncia de doissubgrupos entre as instituies que estruturam arede transassociativa. Um deles, formado por trsconglomerados ou grupos com operaes locali-zadas especialmente na Amrica Central: UNO,BAC e Banistmo. O outro integrado por conglo-merados ou grupos financeiros internacionais,especialmente com sede nos Estados Unidos(Citibank, JP Morgan e BankBoston), Canad(Scotiabank) e Europa (Santander, BBVA e ABN-AMRO).

    O primeiro grupo parece ter um importantepapel na direo e na conexo entre as associa-es centro-americanas, enquanto a conexo des-sas com as demais processa-se especialmente pormeio do Citibank e do BBVA (caso do Panam) edo mesmo Citibank com o Scotiabank (caso daassociao da Costa Rica).

    Trs grupos ou conglomerados apresentam omaior grau de centralidade (outdegree), ou seja,participam da direo do maior nmero de asso-ciaes: o estadunidense Citibank, que integra ocomando de 13 entidades de classe, em dez pa-ses, com intensa participao nas associaes doBrasil (quatro casos); os espanhis Santander eBBVA (Banco Bilbao Vizcaya Argentaria), ambospresentes em sete pases, em igual nmero deentidades de classe, incluindo a Asociacin deBancos de la Argentina (ABA) e a Asociacin deBancos de Mxico, e o primeiro atuando igual-mente em duas entidades no Brasil, enquanto oBBVA est ausente nesse pas. importante lem-brar que os trs grupos tambm apresentavam omaior grau de centralidade na rede no ano de 2000.

    O conglomerado ABN-AMRO concentra suaatuao em quatro associaes de classe no Brasile est presente tambm nas entidades da Colm-bia e do Paraguai. A presena em associaes detrs pases garantida pelo BankBoston (Argenti-na, Chile e Peru), pelo Scotiabank (Mxico, Chilee Costa Rica) e pelo JP Morgan Chase (Mxico,Argentina e Brasil).

    importante lembrar que movimentos recen-tes (final de 2006 e comeo de 2007) no processo

    de centralizao bancria podem afetar o controlepatrimonial de algumas instituies financeirasmencionadas na Tabela 1, com repercusses naparticipao nas entidades de classe. Em 2006, oBankboston passou parte de suas operaes noCone Sul para o grupo brasileiro Ita, que poderassim ampliar seu raio de participao em direto-rias associativas para trs ou mais pases. No fi-nal do mesmo ano, o grupo Banistmo, com sedeno Panam e posicionado na diretoria de trs as-sociaes, passou para o controle do conglome-rado HSBC (no momento da pesquisa, a operaoainda deveria ser confirmada pelas autoridadesreguladoras, o que dever ocorrer em 2007), am-pliando assim a possibilidade de participao des-se conglomerado europeu nas associaes de ban-cos na Amrica Latina (j ocupa posies em quatroassociaes no Brasil e uma na Argentina). Porsua vez, no final de 2006, o grupo Citibank ex-pandiu sua presena na Amrica Central com acompra do grupo UNO, que integra a diretoria detrs entidades de classe na regio e tambm estpresente na diretoria da Felaban. O grupo norte-americano adquiriu tambm o Banco Cuscatln,importante instituio financeira com sede em ElSalvador e que participa da diretoria de duas as-sociaes de classe (em El Salvador e na CostaRica). Nessa perspectiva, poder ampliar-se aposio dos grupos financeiros internacionais narede transassociativa.

    Identifico a seguir o grau em que as associa-es de bancos recebem a participao dos dezgrupos ou conglomerados com maior centralidade(Tabela 3)15.

    15 A partir da matriz que contm os dados de toda rede,criou-se uma matriz especfica para os dez grupos selecio-nados, em que se observa o grau de centralidade das insti-tuies financeiras e das associaes (outdegree e indegree,respectivamente).

  • 41

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    TABELA 3 ASSOCIAES DE BANCOS: POSIO OCUPADA NAS ASSOCIAS DE BANCOS PELOSDEZ GRUPOS E CONGLOMERADOS COM MAIOR CENTRALIDADE NA REDE (AMRICALATINA, 2006)

    FONTE: o autor.

    NOTA: O nome completo das entidades de classe est no Quadro 1, anexo.

    Os dados sobre algumas associaes eviden-ciam uma forte presena dos grupos e conglome-rados de maior centralidade na rede, como ocaso das entidades de classe da Argentina (ABA)e do Chile, nas quais cinco deles esto presentes.Seguem prximas as associaes do Brasil (ABBI),da Costa Rica e do Mxico, nas quais quatro gru-pos ou conglomerados marcam sua presena, comdestaque para os grupos regionais no caso da CostaRica. Seis outras associaes, das quais duas noBrasil (Febraban e Anbid), duas na Amrica Cen-tral (Nicargua e Panam) e as demais no Paraguaie no Peru, recebem trs conglomerados ou gru-pos entre os de maior centralidade.

    Para avaliar melhor a relevncia da conexoque se estabelece entre duas associaes, deve-selevar em conta tambm o nmero total de mem-bros que compem a diretoria de cada uma delas.Em princpio, a presena comum de uma ou duasinstituies em diretorias composta por poucosmembros pode ser muito mais relevante do que

    aqueles casos em que a diretoria composta pormuitos membros16.

    Assim, na considerao da possvel influnciados dez grupos no comando das associaes declasse do continente, necessrio considerar, des-sa perspectiva quantitativa, sua participao re-lativa na composio da diretoria das entidadesde classe. Conforme dados da Tabela 3, nas enti-dades de trs pases (Argentina, Mxico e Chile),essa presena igual ou superior a 50%; em ou-tros seis casos (Nicargua, Panam, Paraguai, ElSalvador, Costa Rica e ABBI, no Brasil), fica en-tre 30 e 50%; nos demais, mais fraca, permane-cendo menor que 30%.

    16 Como exemplos do primeiro caso, podemos mencionaro nmero de membros da diretoria das associaes doMxico (5), El Salvador (5) e da Bolvia (4). No segundo, asentidades com sede no Brasil como a Anbid (19), Febraban(14) e ABBI (13); no Peru (15), Costa Rica e RepblicaDominicana (13 membros cada).

  • 42

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    importante mencionar que a presena dessesgrupos ou conglomerados estende-se a 20 associ-aes das 24 pesquisadas e atingem 16 dos 17 pa-ses considerados. No entanto, eles tm uma parti-cipao reduzida na Federacin Latinoamericana deBancos (Felaban), entidade de cpula do sistemaformal de representao dos bancos no continente,pois somente um deles (Grupo UNO) participa dadiretoria dessa federao.

    Embora no seja possvel desenvolver nos li-mites deste texto, importante indicar que algu-mas associaes devem ser consideradas de ma-neira diferenciada pelo significado que podem terenquanto entidades agregadoras de outras, como o caso da Federacin Latinoamericana de Ban-cos (Felaban), que rene a quase totalidade dasassociaes aqui mencionadas e representa for-malmente os bancos e outras instituies finan-ceiras do continente. Da mesma forma, a Confe-derao Nacional das Instituies Financeiras(CNF), rgo de cpula da representao de clas-se dos vrios segmentos do sistema financeiro noBrasil17.

    V. CONEXES ENTRE AS ASSOCIAES DEBANCOS

    Os dados e as anlises desenvolvidas at aquidestacaram as instituies financeiras, indicandoem que medida elas esto presentes nas diretoriasdas entidades de classe. Constatei um nmero re-lativamente significativo de instituies ocupandoespao diretivo em pelo menos duas entidades eum conjunto que se destaca por integrar o co-mando associativo em trs ou mais pases e inte-grado por dez grupos/conglomerados financeiros a maioria dos quais com sede nos Estados Uni-dos ou na Europa.

    No passo seguinte, central na anlise, identifi-co as conexes que se estabelecem entre as enti-dades de classe a partir da presena comum emsuas diretorias de uma ou mais instituies finan-ceiras. A anlise desenvolve-se a partir da matrizde filiao, cujos significado e relevncia foramindicados. Esse procedimento permitiu identificarquais so as associaes que esto conectadas,qual o alcance em termos do nmero de associ-

    aes com as quais cada uma conecta-se e a den-sidade dos vnculos, considerando o nmero deinstituies financeiras que estabelece a relaoentre cada par de associaes18. O resultado estna matriz de filiao, anexa, cuja leitura necessitade alguns esclarecimentos.

    Os nmeros representam as instituies finan-ceiras que conectam duas associaes que seentrecruzam nas linhas e colunas; a diagonal damatriz indica o nmero de instituies presentesna diretoria da entidade de classe, isto , o nme-ro total de cargos. Examinando a linha 1, pode-seobservar que a Asociacin de Bancos de Argenti-na (ABA) conecta-se de maneira intensa, especi-almente com as associaes existentes no Brasil:sete instituies financeiras de sua diretoria tam-bm esto presentes na diretoria da Associao deBrasileira de Bancos Internacionais (ABBI); coma Associao Brasileira de Bancos de Investimen-to e Desenvolvimento (Anbid) so cinco mem-bros comuns e quatro com a Federao Brasileirade Bancos (Febraban). Ao mesmo tempo, quatroinstituies que esto na ABA tambm esto nocomando da Asociacin de Bancos y EntidadesFinancieras de Chile (Abefc), e trs compartilhama diretoria da Asociacin de Bancos de Per(Asbanc) e da Asociacin de Bancos de Mxico(ABM).

    Os dados sugerem que a ABA ocupa uma po-sio significativa na estrutura da redetransassociativa, pois est conectada a vrias as-sociaes, com alto grau de entrelaamento de suadiretoria (trs ou mais instituies financeiras) eparece exercer importante papel nas interconexesentre as entidades de classe do setor financeirono Brasil com as congneres de outros pases degrande relevncia econmica, especialmente oMxico e o Chile. Observe-se que as diretoriasdas associaes desses dois pases (ABM e Abefc)esto interconectadas por trs instituies finan-ceiras.

    A seguir (Tabela 4) reno alguns dados conti-dos na matriz de filiao e agrego outros deriva-dos da mesma por meio de procedimentos utiliza-dos pela anlise de redes sociais.

    17 Alm da representao dos bancos (Febraban), a CNFagrega as associaes que respondem pelos interesses dosbancos de investimento (Anbid), empresas do mercado aber-to (Andima), corretoras e distribuidoras e as financeiras.

    18 O procedimento adotado transforma a matriz originalem matriz de modo 1 (mesmos atores nas linhas e colunas no caso, as associaes de bancos) e identifica no cruza-mento das linhas e colunas o nmero de instituies finan-ceiras que as conectam.

  • 43

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    TABELA 4 ASSOCIAES DE BANCOS: DADOS SOBRE A REDE TRANSASSOCIATIVA (AMRICA LATINA)

    FONTE: matriz de filiao (anexa).

    NOTAS:1. O nome completo e a sigla das associaes encontram-se no Quadro 1, anexo;2. A diagonal da matriz de filiao informa o nmero de membros da diretoria da associao;3. Grau de centralidade obtido a partir da transformao da matriz de filiao em uma matriz dicotmica (indica apenas seh ou no conexo entre as associaes).

    A transformao da matriz em matrizdicotmica, ou seja, uma matriz que indica ape-nas se h ou no conexo entre duas associaes(portanto, sem se referir ao nmero de institui-es que realizam essa conexo), permite verifi-car o nmero total de associaes com as quaiscada uma delas est conectada (grau decentralidade, conforme coluna trs da tabela).Como se pode verificar, algumas entidades de clas-se apresentam um alto grau de conexo, conside-rando o nmero total de associaes (24). Porexemplo, a Asociacin Bancaria Costarricense(ABC) vincula-se a outras 18, sinalizando seu im-portante papel de intermediao entre as associa-es centro-americanas e as demais do continen-te; a Federao Brasileira de Bancos (Febraban),uma das entidades centrais na articulao dos in-teresses do empresariado financeiro no Brasil, estconectada com outras 17 associaes, treze delasfora do pas; a Asociacin de Bancos de Argenti-

    na (ABA), uma entidade que basicamente repre-senta os interesses dos grupos financeiros inter-nacionais que operam naquele pas, est conectadacom 15 outras associaes.

    A maioria das 24 associaes estudadas vin-cula-se a dez ou mais entidades de classe, dandouma idia da densidade alcanada pela rede. A ni-ca entidade no conectada s demais pela via ana-lisada a Asociacin de Bancos Pblicos y Priva-dos de la Repblica Argentina (Abapra), que basi-camente agrega bancos de controle estatal e al-guns pequenos bancos privados.

    Os dados revelam um alto grau de vinculaoentre as entidades de classe no Brasil, com ex-pressivo exemplo de duas delas, Anbid e Febraban,com nove instituies comuns presentes em suasdiretorias. Em que pese a diversidade de associa-es de classe no caso brasileiro, o comando de-las est em grande parte ocupado por um reduzi-

  • 44

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    do nmero de conglomerados e grupos financei-ros nacionais e internacionais.

    Ao considerar-se o nmero total de conexes,quatro associaes destacam-se por estabelecercada uma delas mais de 35 vnculos dentro darede: Febraban, Anbid e ABBI, no Brasil, e ABA,na Argentina. O maior grau de centralidade nessecaso (42 conexes) da Febraban, que, alm devnculos densos com as entidades brasileiras e

    com a ABA, apresenta um leque diversificado deinterconexes, incluindo associaes do Paraguai,do Chile, da Venezuela, da Repblica Dominicana,da Bolvia, do Equador, da Costa Rica, do Pana-m, do Peru e do Mxico.

    O sociograma seguinte (Figura 2) apresentatodas as conexes existentes entre as associaes,a partir da presena comum na diretoria de umaou mais instituies financeiras, oferecendo umaidia geral da densidade da rede.

    FIGURA 2 SOCIOGRAMA DA REDE TRANSASSOCIATIVA: CONEXES ENTRE AS ASSOCIAES DEBANCOS PELA PRESENA COMUM EM SUAS DIRETORIAS DE UMA OU MAIS INSTITUIESFINANCEIRAS (AMRICA LATINA, 2006)

    FONTE: matriz de filiao (anexa).

    NOTAS:1. As associaes so identificadas pelo pas onde esto localizadas e pela respectiva sigla (quando existe mais de umaentidade no pas).2. O nome completo e as siglas das entidades de classe esto no Quadro 1, anexo.

    O nmero de associaes com as quais cadauma interconecta-se um dado relevante, mas possvel tambm verificar com que intensidadeesse vnculo realiza-se. Nesse sentido, interpre-ta-se que quanto maior o nmero de instituies,grupos ou conglomerados financeiros compertencimento comum a duas associaes, mai-or ser o vnculo que se estabelece entre elas(Tabela 5). Em termos quantitativos, considerobaixa a intensidade da conexo estabelecida por

    apenas uma instituio (intensidade 1), embora emtermos qualitativos possa ser significativa seestabelecida por algum dos grupos ou conglome-rados de maior centralidade na rede (por exem-plo, o Citibank, o Santander e o Bilbao Vizcaya).Nessa linha interpretativa, considero como signi-ficativo o vnculo que se constitui a partir da pre-sena de dois grupos, conglomerados ou institui-es financeiros (conexo de intensidade 2) (cf.Tabela 5 e Figura 3).

  • 45

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    TABELA 5 REDE TRANSASSOCIATIVA: GRAU DE CONEXO ENTRE AS ASSOCIAES DE BANCOS(AMRICA LATINA, 2006)

    FONTE: matriz de filiao.

    NOTA: O nome completo e a sigla das associaes esto no Quadro 1, anexo.

    FIGURA 3 SOCIOGRAMA DA REDE TRANSASSOCIATIVA: CONEXES ENTRE AS ASSOCIAES DEBANCOS PELA PRESENA COMUM EM SUAS DIRETORIAS DE DUAS OU MAIS INSTITUIESFINANCEIRAS (AMRICA LATINA, 2006)

    FONTE: matriz de filiao.

  • 46

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    Febraban

    Andima

    Anbid

    Como se pode observar, expressivo o nme-ro de associaes que se conectam pela presenade suas diretorias de duas ou mais instituies.Em muitos casos, as conexes com essa intensi-dade estendem-se a vrias associaes, chegandoa mais de cinco, cujos exemplos expressivos soa Asociacin de Bancos y Entidades Financierasde Chile (Abefc), a Febraban e a ABA.

    Em termos do significado latino-americano darede, necessrio levar em considerao a diver-sidade dos pases das associaes conectadas.Muitas delas vinculam-se com entidades de cincoou mais pases, como a Abefc (oito pases) e aABA (sete pases), enquanto algumas alcanamapenas um pas, como a Asociacin de BancosPrivados de Ecuador (ABPE) e a Asociacin Ban-caria y de Entidades Financieras de Colombia(Asobancaria, que se vincula a trs associaes

    TABELA 6 REDE TRANSASSOCIATIVA: INTENSIDADE DE CONEXO 3 ENTRE AS ASSOCIAES DEBANCOS (AMRICA LATINA, 2006)

    no Brasil) e outras restringem suas conexes deintensidade 2 a entidades do prprio pas, como o caso da ABBC e da CNF (Brasil).

    Associando o critrio de conexo de intensi-dade 2 com o alcance regional de pelo menos doispases, pude identificar 14 associaes de ban-cos, que seriam mais expressivas na formao darede latino-americana aqui mencionada(identificadas pelo pas): Chile, Argentina (ABA),Brasil (Febraban, Anbid, Andima e ABBI), Peru,Paraguai, Panam, Venezuela, Costa Rica, Mxi-co, Nicargua e El Salvador.

    A seguir, avano a anlise da rede a partir deum critrio mais estrito de conexo entre as asso-ciaes: a existncia de pelo menos trs elos co-muns (intensidade 3 ou mais). Os resultados apre-sentam-se na Tabela 6 e podem ser visualizadosna Figura 4.

    FONTE: matriz de filiao.

    NOTA: O nome completo e a sigla das associaes encontram-se no Quadro 1, anexo.

    FIGURA 4 SOCIOGRAMA DA REDE TRANSASSOCIATIVA CONEXES ENTRE AS ASSOCIAES DEBANCOS PELA PRESENA COMUM EM SUAS DIRETORIAS DE TRS OU MAIS INSTITUIESFINANCEIRAS (AMRICA LATINA, 2006; REPRESENTAO PONDERADA)

    FONTE: matriz de filiao.

    NOTA: Os nmeros e a espessura da linha indicam a quantidade de instituies financeiras que realizam a conexo.

  • 47

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    Esse recorte da rede apresenta as associaesconectadas de maneira mais intensa em termosquantitativos, ou seja, pela presena comum emsuas diretorias de trs a nove grupos ou conglo-merados financeiros. Elas constituem o ncleocentral da rede e est formado por associaeslocalizadas no Brasil (especialmente Febraban,ABBI e Anbid) e pelas associaes da Argentina

    (ABA), do Chile, do Peru e do Mxico. A partirdesse sociograma ampliou-se a visualizao, coma incluso de todas as conexes entre essas asso-ciaes de maior centralidade, ou seja, tambmaquelas que se estabelecem a partir de uma e duasinstituies financeiras (Figura 5)19. O resultado indicativo da intensidade das conexes dentrodesse ncleo central.

    19 A partir desse sociograma possvel visualizar tambma existncia de cliques, ou seja, subgrupos formados porassociaes em que todas esto conectadas entre si. Noslimites deste artigo no exploro as possibilidades analticasoferecidas pela existncia de cliques dentro da rede.

    FIGURA 5 SOCIOGRAMA PARCIAL DA REDE TRANSASSOCIATIVA: TODAS AS RELAES ENTRE ASASSOCIAES DE MAIOR CENTRALIDADE (AMRICA LATINA, 2006; REPRESENTAOPONDERADA)

    FONTE: matriz de filiao.

    NOTA: O nmero e a espessura de cada linha indicam a quantidade de instituies financeiras que realizam a conexo.

    VI. COMENTRIOS CONCLUSIVOS

    A anlise realizada sinaliza para a formao doque denominei de rede transassociativa das asso-ciaes de bancos na Amrica Latina, que se con-figura a partir da participao simultnea de ummesmo grupo, conglomerado ou instituio finan-ceira nessas entidades de classe, em diferentespases. Em 2000, assim como em 2006, essa redemantm-se especialmente pela presena de algunsgrupos ou conglomerados financeiros internacio-nais e alguns regionais, especialmente na AmricaCentral, como foi possvel observar para este l-timo ano.

    Os dados aportados pela anlise de redes soci-ais permitem observar que, para alm da aparente

    desconexo formal existente entre as associaesde classe de natureza regional (nacional), ou suaestrita vinculao formal por meio da existnciade uma federao agregadora (no caso a Felaban),existe uma conexo no-institucionalizada ou no-formalizada entre essas associaes, em distintosgraus, estabelecida pela presena comum em suasdiretorias de um mesmo grupo ou conglomeradofinanceiro. Constatou-se um ncleo central na

    Febraban

    Andima

    Anbid

  • 48

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    rede, constitudo pelas associaes de classe commaior grau de conexo (trs ou mais vnculoscomuns), e que inclui entidades de classe do Bra-sil, da Argentina, do Mxico, do Chile e do Peru.A partir de um grau menor de conexo (dois vn-culos comuns), constitui-se um grupo de associ-aes de classe em oito pases (Panam, El Salva-dor, Nicargua e Costa Rica, que formam um sub-grupo na rede, e os sul-americanos Venezuela,Colmbia, Equador e Paraguai); finalmente, po-deramos falar de um grupo perifrico de associ-aes que se posicionam na rede com apenas umaconexo em comum.

    O alcance e o significado dessa rede podemser discutidos luz da literatura internacional queanalisa as redes sociais, especialmente as de natu-reza corporativa20 e tambm redes de poder quevinculam elites burocrticas, polticas eempresarias, a exemplo do estudo realizado porPizarro (2005a) sobre a transio poltica espa-nhola.

    1. Estudos sobre as diretorias cruzadas no uni-verso empresarial (interlookingdirectorates) enfatizam as redes enquantoum componente importante do sistema decomunicao no mundo corporativo, poistais diretorias oferecem um grande poten-cial para o intercmbio de informaes. Emnosso caso, um grupo, conglomerado ouinstituio financeira que atua simultanea-mente em vrias associaes, em diferen-tes pases, incrementa seu nvel de infor-mao sobre a dinmica das relaes e or-ganizao dos interesses de classe em cadapas e da relao que estabelecem com osrespectivos governos e outros setores em-presariais, ao mesmo tempo que estimula atroca de informaes entre as associaesdas quais participa. Visto dessa perspecti-va, considero que existe um grande poten-cial de intercmbio de informaes na es-trutura de representao de classe do setorfinanceiro na Amrica Latina, que permiti-ria subsidiar anlises e definies de aocorporativa e poltica a partir de uma visomais ampla. Grupos financeiros internacio-nais e alguns poucos locais desempenham

    um papel central nesse processo, como in-dicam os dados apresentados.

    2. Considero que possvel ocorrer uma atu-ao coordenada desses grupos na defini-o de estratgias comuns para as associa-es de bancos na Amrica Latina. Ao mes-mo tempo, a rede transassociativa cria pos-sibilidade de articular posicionamentos eaes entre vrias associaes, mesmo queno existam relaes formais entre elas. Pormeio dos vnculos criados, as associaespodem mobilizar-se em mbito continentalpara a defesa dos interesses do setor finan-ceiro, inclusive em circunstncias nacionaisespecficas. Ademais, podem atuar de ma-neira coordenada com outras organizaesde natureza ideolgica e poltica que estosob influncia direta ou indireta dos grupos,conglomerados ou instituies financeirasde maior centralidade na rede. Assim, na an-lise da estrutura e dinmica das associaesde classe do setor financeiro e seu possvelpapel nas discusses e implementaes dereformas financeiras e outras polticas eco-nmicas na Amrica Latina, parece neces-srio ter presente a rede transassociativa aquiapresentada. Em que medida esse potencialde articulao e coordenao torna-se efeti-vo e em que medida as associaes somobilizadas de acordo com os interesses t-ticos e estratgicos dos grupos e conglo-merados de maior centralidade so questesem aberto, que exigem uma investigaoespecfica.

    3. A possibilidade de estabelecer redes dessanatureza um elemento que indica e aomesmo tempo refora as assimetrias depoder existentes no sistema financeiro embenefcio de poucos grupos ou conglome-rados, alguns regionais mas especialmenteaqueles com sede nos Estados Unidos e naEuropa. O processo de centralizao finan-ceira em curso no parece alterar significa-tivamente esse quadro, na medida em que orecuo de algumas instituies internacionais compensado pela expanso e pela conso-lidao de outras congneres e so poucosos grupos ou conglomerados financeiroslatino-americanos que tm ampliado de ma-neira significativa suas operaes no conti-nente, embora deva-se prestar especial aten-o a eles (o Banco Ita seria um caso a

    20 Inspirado principalmente nas observaes de Mintz eSchwartz (1985) sobre as redes corporativas.

  • 49

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    mencionar aqui). Enquanto os grupos ouconglomerados financeiros internacionaisocupam uma posio central na redetranssassociativa, as instituies financeiraslatino-americanas nem de perto parecemocupar espao semelhante na estrutura derepresentao de classe do setor nos pasescapitalistas dominantes.

    4. Os dados obtidos sugerem ainda que o es-pao da representao de classe desse setorna Amrica Latina encontra-se em grandeparte transnacionalizado e nele os gruposinternacionais encontram mais um caminhopara internalizar seus interesses, a partir dasassociaes de classe regionais (nacionais) interesses que assim ganhamrepresentatividade e legitimidade nas nego-ciaes internas com o governo e com ou-tros segmentos empresariais e sociais.

    5. Embora no seja possvel, pelas razesindicadas, comparar plenamente os dadosda pesquisa de 2006 com a realizada para operodo de 2000, parece importante sinali-zar para o fato de a rede transassociativa,nos termos em que foi definida, apresentar-se nos dois perodos, indicando, portanto,certa estabilidade. Alm disso, embora te-nha-se constatado alteraes na posioocupada por alguns grupos ou conglome-rados, aqueles de maior centralidade no en-lace entre as associaes de bancos so osmesmos nos dois perodos (Citibank,Santander e Bilbao Vizcaya). A constataoda presena de trs conglomerados centro-americanos em 2006 importante mas notenho elementos seguros para comparar coma pesquisa do ano 2000, pois para esse anono foi possvel incluir todos os pases des-sa regio e informaes mais detalhadas dasinstituies financeiras.

    Estou consciente de que possvel ampliar aanlise e explorar mais as possibilidades ofereci-

    dos pela metodologia utilizada, incluindo os re-cursos de visualizao, e especialmente dimensesqualitativas do contexto histrico na qual a redetransassociativa est inserida. Nessa perspectiva,este trabalho parte de um projeto maior que pre-tende utilizar esse procedimento metodolgico naanlise da estrutura e da dinmica da representa-o de classe dos setores sociais dominantes, nocaso representado pelo empresariado e pela bur-guesia bancrio-financeira na Amrica Latina, vin-culada s demais dimenses analticas menciona-das no incio do trabalho.

    Finalmente, enfatizo que a anlise aqui realiza-da considerada um ponto de partida para a com-preenso da dinmica e da estrutura de represen-tao de classe dos interesses do empresariado eda burguesia bancrio-financeira na Amrica La-tina. As associaes esto inseridas em uma rederelativamente densa de conexes, grande partedelas realizadas pela presena de alguns poucosgrupos financeiros internacionais, e sua atuaodeve ser analisada considerando essasinterconexes e suas implicaes. No entanto, creioque fundamental levar em conta o contexto maisamplo em termos continentais e regionais em quecada entidade atua. A formao da rede vincula-seaos processos de abertura e de desregulamentaofinanceiras que, em ritmos e graus diversos, fo-ram adotadas pelos governos da regio, no bojodas polticas neoliberais ao longo dos anos 1980 e1990. A rede transassociativa estrutura a repre-sentao de classe de maneira transnacionalizada21,com as posies centrais ocupadas por poucosgrupos ou conglomerados financeiros. Elemen-tos histricos que incluam tambm o papel quedesempenham as demais classes e foras sociaisso fundamentais para uma compreenso melhordo tema.

    Ary Cesar Minella ([email protected]) Doutor em Estudos Latino-americanos pela UniversidadNacional Autnoma de Mxico (UNAM) e Professor Titular do Departamento de Sociologia e CinciaPoltica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    21 Discusso que pode ser aprofundada luz do quesugere Oliveira (2006).

  • 50

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    ALCORTA, L. 1992. El nuevo capital financie-ro : grupos financieros y ganancias sistmicasen el Per. Lima : Fundacin Friedrich Ebert.

    BAENA, M.; GARRIDO, L. & PIZARRO, N.1984. La elite espaola y la presencia en ellade los burcratas. Estudios, Madrid, n. 200,p.73-131.

    BASUALDO, E. 2002. Concentracin ycentralizacin del capital en la Argentina du-rante la dcada del noventa. Quilmas :Universidad de Quilmes.

    BORGATTI, S. P.; EVERETT, M. G. &FREEMAN, L. C. 2002. Ucinet for Windows :Software for Social Network Analysis.Harvard : Analytic Technologies.

    CARDENAS H. J. 2006. La visualizacin de losinterlocks globales. In : RODRGUEZ, J. A.(ed.). Sociologa para el futuro. Barcelona :Icaria.

    CARDENAS, J.; OLTRA, C. & RODRIGUEZ,J. A. 2002. El poder econmico nacional ytransnacional en Europa. Barcelona : Progra-ma Sectorial de Promocin General deConocimiento, 2002. Disponvel em : http://w w w . d s t e . u a . e s / n a g a r / t e x t o s /El%20poder%20econ%F3mico....pdf. Acessoem : 14.abr.2007.

    CHESNAIS, F. 2003. A nova economia : umaconjuntura prpria potncia econmicaestadunidense. In : _____. (org.). Uma novafase do capitalismo? So Paulo : Xam.

    COMIN, A.; OLIVEIRA, F.; SARAIVA, F. &LINO, H. 1994. Crise e concentrao : quem quem na indstria de So Paulo. Novos Es-tudos Cebrap, So Paulo, n. 39, p. 149-171,jul.

    COSTA, F. N. 2002. Origem do capital bancriono Brasil : o caso RUBI. Texto para discusson. 106. Campinas : Instituto de Economia.

    DIAS, L. C. D. 2005. Os sentidos das redes. In :DIAS, L. C. D. & SILVEIRA, R. L. L. (orgs.).Redes, sociedades e territrios. Santa Cruz doSul : UNISC.

    DIAS, L. C. D. & SILVEIRA, R. L. L. (orgs.).2005. Redes, sociedades e territrios. SantaCruz do Sul : UNISC.

    EMYRBAYER, M. & GOODWIN, J. 1994.Network Analysis, Culture and the Problem ofAgency. American Journal of Sociology, Chi-cago, v. 99, n. 6, p. 1411-1454.

    EMYRBAYER, M. 1997. Manifesto for aRelational Sociology. American Journal ofSociology, Chicago, v. 103, n. 2, 281-317, Sept.Disponvel em : http://www.chssp.columbia.edu/events/documents/Emirbayer.pdf. Acesso em : 14.abr.2007.

    FERREIRA, A. C. 2005. Os donos da dvida.Um enfoque sociopoltico da dvida pblicainterna durante o governo FHC. Florianpolis.Dissertao (Mestrado em Sociologia Polti-ca). Universidade Federal de Santa Catarina.

    FREEMAN, L. 2002. The Development of SocialNetwork Analysis : A Study in Sociology ofScience. North Charleston : Booksurge.

    GIL-MENDIETA, J.; CASTRO, J. & RUIZ, A.2001. Sistema experto para el anlisis de redessociales grandes. Redes, v. 1, n. 1, abr. Dispo-nvel em : http://revista-redes.rediris.es/webredes/red_tematica/ . Acesso em :14.abr.2005.

    GONALVES, R. 1991. Grupos econmicos :uma anlise conceitual e terica. Revista Bra-sileira de Economia, Rio de Janeiro, v. 4, n. 4,p. 491-518, out.-dez.

    GRANOVETTER, M. 1994. Business Groups.In : SMELSER, N. J. & SWEDBERG, R.(eds.). The Handbook of Economic Sociology.Princeton : Princeton University.

    GRISCI, C. L. I. 2002. Tempos modernos, tem-pos mutantes : produo de subjetividade nareestruturao do trabalho bancrio. SociusWorking Papers, Lisboa, n. 3, p. 1-19.

    GROS, D. B. 2003a. Organizaes empresariaise ao poltica no Brasil a partir dos anos 80.Civitas, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 273-300,jul.-dez.

    _____. 2003b. Institutos Liberais e o neolibe-ralismo no Brasil da Nova Repblica. TesesFEE n. 6. Porto Alegre : Fundao de Econo-mia e Estatstica Siegfried Emanuel Heuser.

    GRN, R. 2003. A promessa da insero profis-sional instigante da sociedade em rede : a im-

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

  • 51

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    posio de sentido e a sua sociologia. Dados,Rio de Janeiro, v. 46, n. 1, p. 5-38. Disponvelem : http://www.scielo.br/pdf/dados/v46n1/a01v46n1.pdf. Acesso em : 14.abr.2007.

    _____. 2004. A evoluo recente do espao finan-ceiro no Brasil e alguns reflexos na cena pol-tica. Dados, Rio de Janeiro, v. 47, n. 1, p. 5-47.

    HANNEMAN, R. A. 2001. Introduction to SocialNetwork Methods. On-line textbook, Sociologyn. 157. Riverside : University of California.Disponvel em : http://revista-redes.rediris.es/webredes/text.htm. Acesso em : 14.abr.2007.

    HANNEMAN, R. A. & RIDDLE, M. 2005.Introduction to Social Network Methods.Riverside : University of California. Dispon-vel em : http://faculty.ucr.edu/~hanneman/.Acesso em : 10.nov.2005.

    JINKINGS, N. 2002. Trabalho e resistncia nafonte misteriosa : os bancrios no mundoda eletrnica e do dinheiro. Campinas :UNICAMP.

    JUNCKES, I. J. 2004. O sindicalismo novo dosbancrios na reestruturao financeira dosanos noventa no Brasil. Florianpolis. Tese(Doutorado em Sociologia Poltica). Universi-dade Federal de Santa Catarina.

    LARANGEIRA, S. & FERREIRA, V. 2000.Excludos e beneficirios dos processos dereestruturao : estudo comparativo daregulao do emprego no sector bancrio emPortugal e no Brasil. Revista Crtica de Cin-cias Sociais, Lisboa, n. 57-58, p. 53- 85, jun.-nov.

    LAVALLE, A. G.; CASTELLO, G. & BICHIR,R. M. 2006. Os bastidores da sociedade civil.Protagonismos, redes e afinidades no seio dasorganizaes civis. So Paulo : Centro Brasi-leiro de Anlise e Planejamento.

    LISTA REDES. 2001. Glosario de anlisis deredes sociales. Sunbelt XXI, Budapest, Apr.25-28. Disponvel em : http://revista-redes.rediris.es/glosario.pdf. Acesso em :14.abr.2007.

    LOZARES COLINA, C. 1996. La teoria de re-des sociales. Papers n. 48, 1996. Disponvelem : http://seneca.uab.es/antropologia/ars/paperscarlos.rtf. Acesso em : 14.abr.2007.

    _____. 2005. Bases metodolgicas para el Anlisisde Redes Sociales, ARS. Empiria, n. 10, p. 9-35, jul.-dic. Disponvel em : http://d i a l n e t . u n i r i o j a . e s / s e r v l e t /fichero_articulo?articulo=1374915&orden=72939.Acesso em : 14.abr.2007.

    MARQUES, E. C. 2000. Estado e redes sociais :permeabilidade e coeso nas polticas urbanasno Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : Revan.

    _____. 2003. Redes sociais, instituies e atorespolticos no governo da cidade de So Paulo.So Paulo : Annablume, 2003.

    _____. 2006. Redes sociais e poder no Estadobrasileiro a partir das polticas urbanas. Revis-ta Brasileira de Cincias Sociais, So Paulo,v.21, n. 60, p. 15-41, fev. Disponvel em : http:// w w w. s c i e l o . b r / p d f / r b c s o c / v 2 1 n 6 0 /29759.pdf. Acesso em : 14.abr.2007.

    MATO, D. 2005. Redes de think tanks,fundaciones, empresarios, dirigentes sociales,economistas, periodistas y otros profisionalesen la promocin de ideas (neo)liberales a es-cala mundial. In : _____. (coord). Polticas deeconomia, ambiente y sociedad en tiempos deglobalizacin. Caracas : Universidad Centralde Venezuela.

    MINELLA, A. C. 2003. Globalizao financeira eas associaes de bancos na Amrica Latina.Civitas, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 245-272,jul.-dez.

    _____. 2005a. Reestruturao do sistema finan-ceiro brasileiro e a representao de classe doempresariado 1994-2004. In : GROS, D.;DELGADO, I. G.; CAPELLIN, P. & DULCI,O. (orgs.). Empresas e grupos empresariais :atores sociais em transformao. Juiz de Fo-ra : UFJF.

    _____. 2005b. Grupos financeiros e associaesde classe do sistema financeiro. In : MEN-DONA, S. R. (org.). O Estado brasileiro :agncias e agentes. Niteri : UFF.

    _____. 2007. Maiores bancos privados no Brasil :perfil econmico e sociopoltico. Sociologias,Porto Alegre, v. 18, p. 100-125.

    MINELLA, A. C. & FERREIRA, A. C. 2006.Bancos no Brasil : muito mais que operaesde crdito (poucas) no final do sculo XX.Texto para discusso. Florianpolis : Progra-

  • 52

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINA

    ma de Ps-Graduao em Sociologia Polticada Universidade Federal de Santa Catarina.

    MINTZ, B. & SCHWARTZ, M. 1985. The PowerStructure of American Business. Chicago :University of Chicago.

    MIZRUCHI, M. S. & STEARNS, L. B. 2002.Social Networks, CEO Background, andCorporate Financing : A Dyadic Analysis ofSimilarity of Borrowing by Large U. S. Firms,1973-1993. Ann Arbor : Michigan University.Disponvel em : http://www-personal.umich.edu/~mizruchi/dyad.pdf. Aces-so em : 14.abr.2007.

    MOLINA, J. L. 2001. El anlisis de redessociales. Una introduccin. Barcelona :Bellaterra.

    _____. 2004. La ciencia de las redes. Apuntes deCiencia y Tecnologia, Bellaterra, n. 11, p. 36-42, jun. Disponvel em : http://seneca.uab.es/antropologia/jlm/public_archivos/ciencia.pdf.Acesso em : 15.abr.2007.

    NAZARENO, L. R. 2005. Redes sociais e coali-zo de governo em Curitiba (1985-2004). SoPaulo. Dissertao (Mestrado em Cincia Po-ltica). Universidade de So Paulo.

    OLIVEIRA, F. 2006. A dominao globalizada :estrutura e dinmica da dominao burguesano Brasil. In : BASUALDO, E. & ARCEO, E.(orgs.). Neoliberalismo y sectores dominantes.Tendencias globales y experiencias nacionales.Buenos Aires : Consejo Latinoamericano deCiencias Sociales.

    ORTIZ, R. 1994. Mundializao e cultura. 2 ed.So Paulo : Brasiliense.

    PIZARRO, N. 1998. Tratado de metodologa delas Ciencias Sociales. Madrid : Siglo XXI.

    _____. 2005a. Solidaridad estructural y cohesinen las elites del poder en la transicin espao-la : Estado y economa. Ponencia presentadaen el Cuarto Seminario Internacional sobreGobierno y Polticas Pblicas, realizada enCuliacn (Mxico), en 30 de junio. Disponvelem : http://www.sinaloa.gob.mx/NR/rdonlyres/4D84B938-D240-4F3E-B225-63E0B82120F9/0/NarcisoPizarro.pdf. Acessoem : 14.abr.2007.

    _____. 2005b. Un nuevo enfoque sobre laequivalencia estructural : lugares y redes de

    lugares como herramientas para la teora soci-olgica. REDES, v. 5, n. 2, ene.-feb. Dispon-vel em : http://revista-redes.rediris.es/pdf-vol5/vol5_2.pdf. Acesso em : 11.out.2005.

    PORTUGAL JNIOR, J. G. (org.). 1994. Gru-pos econmicos : expresso institucional daunidade empresarial contempornea. So Pau-lo : Fundao do Desenvolvimento Adminis-trativo.

    RODRIGUES, L. 2004. Metforas do Brasil :demisses voluntrias, crise e rupturas no Ban-co do Brasil. So Paulo : Annablume.

    RODRIGUEZ, J. A. 2002. Revisiting the Power :Changes in the Spanish Structure of EconomicPower (1991-2000). Paper prepared forSUNBELT XXII International Social NetworkConference. New Orleans, February 13-17.Disponvel em : http://www.dste.ua.es/nagar/textos/revpowentero.PDF. Acesso em :14.abr.2007.

    RODRIGUEZ, J. A.; CARDENAS, J. & OLTRA,C. 2006. Redes de poder econmico en Euro-pa. Revista Sistema, Madrid, n. 194, p. 3-43,sept. Separata.

    SANTOS, M. J. 2002. Processos de moderniza-o empresarial : o papel das redes locais. In :SCHERER-WARREN, I. & FERREIRA, J. M.C. (orgs.). Transformaes sociais e dilemasda globalizao : um dilogo Brasil/Portugal.So Paulo : Cortez.

    SCHERER-WARREN, I. 2005a. Redes sociais :trajetrias e fronteiras. In : DIAS, L. C. &SILVEIRA, R. L. L. (orgs.). Redes, socieda-des e territrios. Santa Cruz do Sul : UNISC.

    _____. 2005b. Redes de movimentos sociais. 3ed. So Paulo : Loyola.

    SCHVARZER, J. 1995. Grandes gruposeconmicos en Argentina. Formas de propiedady lgicas de expansin. Revista Mexicana deSociologa, Ciudad de Mxico, v. 57, n. 4, p.191-210, oct.-dic.

    SCOTT, J. 1988. Social Network Analysis andIntercorporate Relations. Hitotsubashi Journalof Commerce and Management, n. 23, p. 53-68.

    _____. 1997. Corporate Business and CapitalistClasses. New York : Oxford University.

    _____. 2005. Social Network Analysis. A

  • 53

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    Handbook. 2nd ed. London : Sage.

    STOLOVICH, L. 1995. Los grupos econmicosde Argentina, Brasil y Uruguay. Revista Mexi-cana de Sociologa, Ciudad de Mxico, v. 57,n. 4, p. 173-189, oct.-dic.

    SWEDBERG, R. 1990. International FinancialNetworks and Institutions. Current Sociology,London, v. 38, n. 2-3, p. 259-325.

    THOMPSON, G. F. 2003. Between Markets andHierarchy. The Logic and Limits of NetworkForms of Organization. New York : OxfordUniversity.

    WASSERMAN, S. & FAUST, K. 1994. SocialNetwork Analysis : Methods and Applications.

    Cambridge : Cambridge University.

    WELLMAN, B. 1988. Structural Analysis : FromMethod and Metaphor to Theory andSubstance. In : WELLMAN, B. &BERKOWITZ, S. D. (eds.). Social Structure :A Network Approach. Cambridge : CambridgeUniversity. Disponvel em : http://www.chass.utoronto.ca/~wellman/vita/index.html. Acesso em : 14.abr.2007.

    _____. 2000. El anlisis estructural : del mtodo yla metfora a la teora y la sustancia. Polticay Sociedad, Madrid, n. 33, p. 11-40, ene-mayo.Disponvel em : http://www.ucm.es/info/pe-car/Revis.htm. Acesso em : 14.abr.2007.

    Moneda El Peridico Financiero, 2006, edicinespecial ranking de grupos financieros, n. 83,27.nov-1.dic. Disponvel em : http://moneda.terra.com.ni/moneda/noticias/

    OUTRAS FONTES

    mnd28800.htm. Acesso em : 4.jan.2007.

    RAE Revista de Administrao de Empresas.2006. So Paulo, v. 46, n. 3, jul.-set. FrumRedes sociais e interorganizacionais.

  • 54

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINAAN

    EXO

    S

    REP

    RES

    ENTA

    O

    DE

    CLA

    SSE

    DO

    EM

    PRES

    ARIA

    DO

    FIN

    ANC

    EIR

    O N

    A AM

    RIC

    A L

    ATIN

    A: A

    RED

    E TR

    ANSA

    SSO

    CIA

    TIVA

    NO

    AN

    OD

    E 2

    006

    QU

    ADR

    O 1

    A

    SSO

    CIA

    ES D

    E BA

    NC

    OS

    INC

    LUD

    AS N

    A PE

    SQU

    ISA

    (AM

    RIC

    A LA

    TIN

    A, 2

    006)

    FON

    TE: o

    aut

    or.

    NO

    TAS:

    1. A

    ass

    ocia

    o

    resu

    ltou

    da fu

    so

    da A

    soci

    aci

    n de

    Ban

    cos

    Arg

    entin

    os (

    AD

    EB

    A)

    com

    a A

    soci

    aci

    n de

    Ban

    cos

    de la

    Rep

    ublic

    a A

    rgen

    tina

    (AB

    RA

    ) em

    199

    9.2.

    A s

    ede

    da F

    eder

    ao

    loca

    liza-

    se e

    m B

    ogot

    .3.

    Par

    a fa

    cilit

    ar a

    iden

    tific

    ao

    das

    Ass

    ocia

    es

    ado

    tou-

    se o

    nom

    e ab

    revi

    ado

    do p

    as,

    iden

    tific

    ando

    -se

    a en

    tidad

    e no

    cas

    o do

    Bra

    sil,

    da A

    rgen

    tina

    e da

    Fel

    aban

    .4.

    A A

    soci

    aci

    n de

    Ban

    cos

    de U

    rugu

    ay, q

    ue a

    tuav

    a em

    200

    0, n

    o fo

    i inc

    lud

    a em

    200

    6 po

    is e

    stav

    a se

    m o

    pera

    r nes

    te p

    ero

    do.

  • 55

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 31-56 JUN. 2007

    QU

    AD

    RO

    2

    RE

    DE

    TR

    AN

    SA

    SS

    OC

    IATI

    VA: I

    NS

    TITU

    I

    ES

    , GR

    UP

    OS

    OU

    CO

    NG

    LOM

    ER

    AD

    OS

    FIN

    AN

    CE

    IRO

    S P

    RE

    SE

    NTE

    S N

    A D

    IRE

    TOR

    IA D

    E D

    UA

    S O

    U M

    AIS

    ASSO

    CIA

    ES D

    E BA

    NC

    OS.

    CAR

    GO

    S O

    CU

    PAD

    OS

    (AM

    RIC

    A LA

    TIN

    A, 2

    006)

    FON

    TE: o

    aut

    or.

    NO

    TA: C

    dig

    os/c

    argo

    : 1 =

    Pre

    side

    nte;

    2 =

    Vic

    e-pr

    esid

    ente

    ; 3 =

    Sec

    ret

    rio; 4

    = T

    esou

    reiro

    ; 5 =

    Dire

    tor;

    6 =

    Out

    ro.

  • 56

    REPRESENTAO DE CLASSE DO EMPRESARIADO FINANCEIRO NA AM. LATINAM

    ATR

    IZ D

    E FI

    LIA

    O

    RED

    E TR

    ANSA

    SSO

    CIA

    TIVA

    : CO

    NEX

    ES

    EN

    TRE

    AS A

    SSO

    CIA

    ES D

    E BA

    NC

    OS

    PELA

    PR

    ESEN

    A

    CO

    MU

    M D

    E IN

    STIT

    UI

    ES

    FIN

    ANC

    ERIA

    SN

    AS R

    ESPE

    CTI

    VAS

    DIR

    ETO

    RIA

    (AM

    RIC

    A LA

    TIN

    A, 2

    006)

    FON

    TE: o

    aut

    or.

    NO

    TA: o

    s n

    mer

    os in

    dica

    m o

    tota

    l de

    inst

    itui

    es

    finan

    ceira

    s qu

    e co

    nect

    am d

    uas

    asso

    cia

    es;

    a d

    iago

    nal d

    a M

    atriz

    indi

    ca o

    nm

    ero

    de in

    stitu

    ie

    s qu

    e fa

    zem

    par

    te d

    a di

    reto

    ria d

    a en

    tidad

    e(re

    la

    o da

    ass

    ocia

    o

    com

    ela

    mes

    ma)

    . Cas

    as s

    em n

    mer

    o in

    dica

    m a

    usn

    cia

    de c

    onex

    o (

    os z

    eros

    fora

    m s

    uprim

    idos

    par

    a fa

    cilit

    ar a

    leitu

    ra d

    a m

    atriz

    ).

  • 259

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 259-263 JUN. 2007ABSTRACTS

    THE STRUCTURE OF CLASS REPRESENTATION FOR THE LATIN AMERICANFINANCIAL ENTREPRENEURIAL SECTOR: TRANS- ASSOCIATIVE NETWORKSDURING THE YEAR 2006

    Ary Cesar Minella

    This paper analyzes the structure of class representation among the financial entrepreneurial sectorin Latin Amrica. Our goal is to identify the connections established between bank associationsthrough the common presence of conglomerates or financial groups that act simultaneously in thedirectorship of several entities in different countries, taking the year 2006 as our reference. We workwith a hypothesis on the building of trans-associative networks. For our purposes, we studied 24associations in 17 different countries, providing a total of 229 positions. Data was collected from thewebsites of the entities and through e-mail and telephone contacts. We adopted the methodology ofSocial Network Analysis and a part of our results were compared with data available for the year2000. Among other things, we were able to confirm: a) a high number of connections betweenassociations; b) centrality within the network of 10 conglomerates or financial groups that act withinbanking associations in three or more countries; among them, Citibank and the Spanish banks Santanderand Bilbao Vizcaya stand out; d) the associations that present highest degrees of connection arelocated in Argentina, Chile, Brasil, Costa Rica, Mxico, Nicargua, Panam, Paraguai and Peru. Weconclude that a large portion of the structure of class representation among the financial entrepreneurialsector in Latin Amrica has been transnationalized. This reinforces our hypothesis on the buildingof trans-associative networks, from which we go on to discuss the scope and meaning of this networkas illuminated by international literature on the issue. KEYWORDS: finance sector entrepreneurs; trans-associative networks; bankers associations; classstructure; financial groups and conglomerates; finance system.

  • 267

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA N 28: 267-271 JUN. 2007RSUMS

    STRUCTURE DE LA REPRSENTATION DE LA CLASSE DE LENTREPRENEURFINANCIER EN AMERIQUE LATINE: LE RSEAU TRANSASSOCIATIF EN LAN 2006

    Ary Cesar Minella

    Ce travail analyse la structure de la reprsentation de la classe de lentrepreneur financier en Amriquelatine et a pour objectif didentifier, au long de lanne 2006, les connexions qui naissent entre lesassociations des banques partir de la prsence partage des conglomrats ou des groupes financierstravaillant simultanment dans ladministration de plusieurs organisations, dans plusieurs pays. Notrehypothse est la formation de rseaux transassociatifs. Il a t pris en compte 24 associations, dans17 pays, et 229 postes au total. Les donnes ont t collectes dans les pages web des organisations,sur le courrier lectronique et par contact tlphonique. Il a t adopt la mthodologie de lAnalysede Rseaux Sociaux et une part des rsultats ont t compars aux donnes disponibles pour lanne2000. Constats: a) un grand nombre de connexions entre les organisations; b) centralisation sur lerseau de dix conglomrats ou groupes financiers travaillant dans des associations de banques danstrois pays ou plus, surtout Citibank et les espagnols Santander et Bilbao Vizcaya; d) les associationsprsentant le plus grand nombre de connexions se trouvent en Argentine, au Chili, au Brsil, auCosta Rica, au Mexique, au Nicaragua, au Panama, au Paraguay et au Prou. Nous avons concluquune grande part de la structure de reprsentation de la classe de lentrepreneur financier enAmrique latine est transnationale, ce qui renforce lhypothse de la formations de rseauxtransassociatifs, do nat la discussion sur la porte et la raison de ce rseau la lumire de lalittrature internationale.

    MOTS-CLS: entrepreneur financier; rseaux transassociatifs; associations de banques; structurede classe; conglomrats et groupes financiers; systme financier.

    * * *