As Batalhas de Outubro - Julio Sosa

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Texto analisando as eleições de outubro de 2014 para presidente no Brasil.

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As Jornadas de Outubro

Prof. Julio Sosa

As lies tiradas das urnas, no ltimo 5 de outubro, servem para que se faam uma anlise do perfil dos brasileiros e do que pensamos. No falo dos sujeitos que fazem poltica sempre e no somente no perodo eleitoral, sejam eles de esquerda ou de direita. Falo do cidado comum, que ouso dizer a maioria do povo brasileiro.

Pesquisa feita pelo Datafolha, em outubro de 2014, revelou que, supostamente, a maioria do povo brasileiro teria um perfil centro-direita e de direita. Isto , o brasileiro conservador. Por mais contraditrio que isso sendo a maioria do nosso povo de trabalhadores e trabalhadoras.

Outro dia, via nas redes sociais um grupo autointitulado: gays de direita. Ora, isso to contraditrio quanto judeus serem nazistas. Mas o que nos falta? Formao poltica? Somos alimentados seguidamente com falsas informaes de que no existem mais ideologias que tudo igual. No existe mais diferena entre e esquerda e direita.

Ouvi alguns dizerem, aps os resultados de domingo, que o Brasil deu uma guinada direita nestas eleies. Ser mesmo? Ou ser que j estava por l? As jornadas de junho de 2013 vistas por alguns sonhadores com a tomada de fora poltica da juventude que foi s ruas serviram para qu? O Gigante acordou! Qual gigante? O do conservadorismo reacionrio e sexista?

A TERCEIRA VIA Em 2002, com Ciro Gomes; em 2006, com Helosa Helena; em 2010, com Marina Silva; e, em 2014, primeiro com Eduardo Campos, e, depois, da trgica morte do ex-governador de Pernambuco, novamente com Marina Silva; a mdia procurou gerar o cenrio de uma falsa terceira, que colocaria fim na polarizao PTversusPSDB. Tudo mentira tudo iluso, com um nico objetivo, garantir que o candidato da direita dispute um segundo turno, onde unida a direita enfrenta uma esquerda, como sempre, esfacelada. A esquerda s se une para ler ou na priso.

No existe terceira via. Existe sim disputa de projetos de pas. A direita defende um Estado mnimo que atenda os interesses do capital sem distribuio de renda; sem participao poltica; a esquerda, no defende um Estado nem menor nem maior, e sim, do tamanho certo para que possa garantir programas sociais de incluso social e de distribuio de renda. Simples assim.

So esses dois projetos que mais uma vez enfrentam-se neste segundo turno das eleies presidenciais. O projeto privatista e de Estado mnimo do PSDB, que considera o bolsa famlia bolsa vagabundo, embora o candidato diga que v manter todos os programas sociais do PT. Como acreditar? Se os tucanos sempre atacaram esses mesmo programas sociais? Como acreditar se bastou sair os resultados do primeiro turno para tucanos de todas as plumagens, inclusive o ex-presidente FHC atacarem os nordestinos como famintos, burros e ignorantes porque votaram no PT; e dizem que, os nordestinos s votam no PT, por causa dos malditos programas sociais? O outro projeto em disputa o PT, que busca a incluso social com distribuio de renda e diminuio das desigualdades.

A Esquerda e a Direita A quem interessa vender a ideia de que no existe mais ideologia? Que no existe mais diferena entre direita e esquerda? Certamente no esquerda. Para a esquerda que precisa fazer a disputa de projetos em um pas conservador pontuar as diferenas entre um e outro projeto essencial. Ento, vender a falsa ideia de que tudo igual s serve direita. Portanto, na maioria dos casos, quem diz que no existe mais diferena entre direita e esquerda de direita.

Como disse, no existe terceira via; no h espao para neutralidade. Quem fica em cima do muro escolhe o lado do dono muro. Talvez, esse segundo turno tenha essa grande contribuio unificar as esquerdas. Pois isso que somos, esquerdas, no plural. No Brasil e no mundo nunca existiu uma nica esquerda. Porm, muito do que nos difere est na metodologia e no na teoria. hora de olharmos para o que nos une e no o que nos separa. Ou vamos deixar a direita voltar ao poder.

A Diviso do Brasil Ontem, ao defender o PT, no Twitter, um cidado, perguntou-me: de qual estado do nordeste eu era. Como se isso fosse uma ofensa. Depois que eu lhe informei que era do RS, diga-se aqui Dilma ficou em primeiro lugar, ele disse que eu deveria ser um beneficirio dos programas sociais, como se isso tambm fosse ofensa.

Causa-me espcie as ofensas dirigidas ao povo nordestino e ao povo que destinatrio dos programas sociais. Causa-me espcie sujeitos se acharem mais inteligentes do que outros, pelo grau de instruo que tm. Causa-me espcie esse preconceito vir de um ex-presidente da Repblica, como FHC que chamou os eleitores do PT de ignorantes. E acabou, por repetir Marina, e chamar a Presidenta Dilma de gorda.

Mas essa diviso est dentro do contexto de disputa de projetos. Como no existe terceira via tudo faz parte da disputa. Se olharmos os perfis do Ciro Gomes, da Helosa Helena, do Eduardo Campos e da Marina Silva, todos os que serviram de falsa terceira via; todos tem um vis esquerdista. Por qu? Para tirar votos da esquerda e garantir assim uma disputa de segundo turno entre a direita sempre unida e a esquerda sempre divorciada.

E os nanicos de direita: com seus discursos reacionrios e fascistas? Qual sua utilidade para o processo eleitoral? Ora, servem para dizerem o que o candidato oficial da direita no pode dizer. Servem para colocar o terror no conservadorismo do povo brasileiro de que a esquerda deseja criar a ditadura gay; distribuir drogas; desmanchar as famlias; atacar a moral e os bons costumes da famlia brasileira.

O Sul e o Sudeste que se acham mais politizados que o nordeste elegeu qual Congresso Nacional? No RS o deputado federal mais votado considera os negros, ndios e gays tudo o que no presta no pas. No Rio de Janeiro o deputado mais votado um notrio homofbico e racista. So Paulo reelegeu o pastor que ataca os direitos civis das minorias. Ser mesmo que somos mais politizados?

As Jornadas de Outubro O que est em disputa muito mais que uma eleio. O que est em disputa um projeto de pas. Agora hora do Vem pra rua; agora hora de acordar. Agora hora de disputar a conscincia das pessoas e o voto de cada uma e cada um. Quem se omitir agora, poder ser responsvel por um retrocesso histrico.

No se deixe enganar no ser fcil a volta ao poder das esquerdas, nem mesmo com Lula, em 2018. A direita com a fora do poder (que sempre teve nas mos) aliada a mquina do governo no permitir que isso ocorra.

A classe trabalhadora alijada das decises do governo precisar de uma gerao inteira para assimilar uma derrota eleitoral desta importncia. Foi o mesmo que ocorreu em 1989. Com a derrota para a direita naquele momento. o mesmo que poder ocorrer agora.

Portanto, deixemos de lado nosso comodismo. No caiamos no discurso do falso moralismo poltico contra corrupo; no caiamos da esparrela de que todos os partidos e polticos so iguais. Vamos fazer as jornadas de outubro. Vem pra rua, vamos derrotar a direita.