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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE AS BRINCADEIRAS E JOGOS NO COTIDIANO INFANTIL Por: Marlúcia Santana Orientador: Mary Sue Pereira Niterói, RJ, julho/2005

AS BRINCADEIRAS E JOGOS NO COTIDIANO INFANTILšCIA SANTANA.pdf · contexto educacional. Dessa forma, pudemos perceber relação entre o desenrolar histórico das brincadeiras e jogos

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS BRINCADEIRAS E JOGOS NO COTIDIANO INFANTIL

Por: Marlúcia Santana Orientador: Mary Sue Pereira

Niterói, RJ, julho/2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS BRINCADEIRAS E JOGOS NO COTIDIANO INFANTIL

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de especialista em Psicopedagogia.

Niterói 2005

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Agradecimentos

Agradeço a Deus, aos amigos e aos meus familiares o

carinho e o estímulo recebido durante essa trajetória

importante da minha vida.

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Dedicatória

Dedico esta monografia a meus familiares e amigos

que sempre estiverem ao meu lado, incentivando e

apoiando com muita dedicação.

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RESUMO

Esta monografia vem demonstrar que, desde a idade média, até os

teóricos mais conceituados de hoje destaca-se as etapas de

desenvolvimento ao longo dos períodos. Os jogos e brincadeiras são os

instrumentos a serem utilizados nas vivências, com resultados a

experiências cotidianas, desde o surgimento das famílias e

conseqüentemente das escolas como utilização social.

Talvez o importante seja ficarmos atentos, reavaliando sempre que

possível, buscando, dentro de nossas possibilidades, novas aquisições. Uma

busca que é árdua e infinita, mas também gratificante e produtiva para o

educador e de grande valor para o educando.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido a partir de observação em sala de aula

onde atuo.

Mostra a importância do jogo na aprendizagem, pois é de maneira

prazerosa que eles aprendem.

A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através deste ato que a

infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a

cultura infantil, desenvolvendo forma de convivência social, modificando-se e

recebendo novos conteúdos, afim de se renovar a cada nova geração. É

pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a Vitória da

aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o cada novo brincar.

Foi através de leituras que enfocassem o tema BRINCADEIRAS E

JOGOS e observação aos alunos da educação infantil que eu desenvolvi o

tema AS BRINCADEIRAS E JOGOS NO COTIDIANO INFANTIL.

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Sumário

Introdução...................................................................................................08

Capítulo 1- A história das brincadeiras....................................................09

1.1 – A criança e a estrutura familiar aristocrática..................................09

1.2 - A criança e a estrutura familiar camponesa....................................12

1.3 - A criança e a estrutura burguesa.....................................................13

1.4 – A criança e a estrutura familiar operária.........................................16

Capítulo 2 –A Infância e o Brinquedo.......................................................17

2.1 – Características da criança na idade pré-escolar............................20

2.2 – O papel da faz-de-conta....................................................................23

2.3 – Espaço de aprendizagem e as regras do jogo...............................25

3 - Conclusão............................................................................................. 28

4 – Bibliografia............................................................................................31

5 – Índice.....................................................................................................33

6 – Folha de Avaliação...............................................................................34

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INTRODUÇÃO

Essa monografia apresenta perspectivas sobre brincadeiras e jogos

durante a infância sendo um assunto que ocorre constantemente durante

as propostas de atividades do currículo escolar.

Tornou-se necessário à relação de uma pesquisa através dos

tempos buscando a origem das brincadeiras e suas principais funções no

contexto educacional.

Dessa forma, pudemos perceber relação entre o desenrolar histórico

das brincadeiras e jogos na educação infantil.

Buscamos estudar também, contribuições teóricas que nos

possibilitassem melhor compreensão acerca do desenvolvimento e

aprendizagem da criança. Após recuperação sócio-histórica e análise de

aspectos comportamentais. Para identificar se tem havido um avanço em

relação a nossa experiência, o tem escolhido foi o principal elemento na

busca e reflexão sobre as atividades oferecidas na educação infantil.

Este trabalho é resultado de experiências no campo da educação,

em especial nos cursos de formação de educadores e psicopedagogos em

trabalhos desenvolvidos na capacitação de professores, nos cursos de

preparação de brinquedistas e em trabalhos diretos com criança pequena.

Tais experiências levaram-nos a acreditamos que o brinquedo é o veiculo

de crescimento e que no brincar a criança explora e descobre o mundo de

forma prazerosa.

Brincar ajuda no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e

social. A criatividade é, portanto, algo que se encontra, não apenas no

artista que produz sua obra, mas igualmente em todas as ações em que o

sujeito se volta de maneira saudável para alguma coisa ou realiza alguma

coisa.

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A HISTÓRIA DAS BRINCADEIRAS

Partindo da Idade Média, vamos observar que os jogos, brinquedos e

as brincadeiras eram comuns a toda a sociedade (independentemente de

idade ou classe social), formando um dos principais meios que dispunha

uma sociedade para estreitar seus laços coletivos e para se sentir unida.

Isso se aplica a quase todos os jogos e brincadeiras e era mais evidente nas

grandes festas sazonais e tradicionais onde crianças, jovens e adultos

participavam de modo igual.

Estamos nos referindo à sociedade européia, e para que fique clara a

força da coletividade colocaremos em linhas gerais as estruturas dos

diferentes tipos de familiares predominantes a partir da Idade Média.

1.1 – A criança e a estrutura familiar aristocrática

A aristocracia dava pouco valor à privacidade, à domesticidade e aos

cuidados maternos, sendo a vida da criança desenvolvida diante de uma

vasta gama de figuras de adultos.

Nas casas aristocratas circulavam várias pessoas como parentes,

criados e clientes. As relações estavam marcadas por papeis segundo uma

hierarquia fixada pela tradição. Segundo Pôster in Setúbal:

“O castelo era um lugar público e político, símbolo do poder do senhor sobre

o campesinato”. (1989, p.197)

A terra era a principal propriedade, considerada um patrimônio da

família. A riqueza era para ser herdada e transmitida, e não ganha ou

acumula.

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O casamento era considerado e um ato político através do qual se

preparava a linhagem da família, estando pouco relacionado com amor ou

sexo. Um outro costume que vigorava desde o fim da Idade Média até o

século XVII.

Era o benefício ao primogênito ou ao filho escolhido pelos pais como

Posterin Silva e S. Setúbal:

“O cotidiano era uma roda-viva de trocas públicas, cujo centro era o status

da casa e não a unidade conjugal”. (1989, p.197)

A função do homem nobre consistia em servir o Rei em tempos de

guerra e manter a ordem em seus domínios.

O papel da mulher não era menos importante, gerando filhos e

organizando a vida social.

As crianças não eram o centro das relações familiares e muitos delas,

de ambos os sexos, eram enviados a outras casas nobres para serem

criadas.

O treinamento de hábitos higiênicos era mínimo, devido aos padrões

sanitários da época serem baixos.

A educação da criança consistia em ensiná-la a obedecer às regras e

tradições.

O castigo corporal era utilizado para que respeitasse as normas.

Segundo Paulo Freire:

“A liberdade estava acima de qualquer limite. Para

mim, não exatamente porque aposto nela, porque sei

que sem ela a existência só tem valor e sentido na

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luta em favor dela. A liberdade sem limite é tão

negada quanto a liberdade asfixiada ou castrada”,

(2001, p. 118)

Os brinquedos eram os mesmos tanto para meninos como para

meninas:

· Cavalo-de-pau

· Cata-vento

· Pião

· Peteca

· Boneca

· Arco

· Miniaturas

· Bola

As brincadeiras eram comuns aos adultos e crianças que muitas

vezes misturavam-se para realiza-las no dia-a-dia ou em comemorações e

festividades.

Encontramos entre os jogos mais realizados:

· As mímicas,

· Cabra-cega

· Esconde-esconde

Os chamados jogos de salão e cartas, dados, gamão, cara ou coroa,

jogos

de azar.

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Também o teatro, a música, a dança e a literatura eram comuns ao

universo do adulto e da criança.

Todas essas atividades aparecem como divertimentos que levam o

Individuo a participar na comunidade e estabelecer relações sociais, bem

como seu papel e lugar dentro do grupo ao qual pertence.

1.2 – A criança e a estrutura camponesa

A vida da comunidade era regulada pelos costumes e tradições

cultivados na própria aldeia, e tudo ocorria a cada um passava pelo

conhecimento do coletivo, não existindo nenhuma privacidade.

Para Poster citado anteriormente:

“As mulheres eram subordinadas, mas dispunham de

considerável poder, pois seu trabalho era vital para a

sobrevivência da família e da comunidade.

Trabalhavam arduamente por longas horas –

cozinhavam, cuidavam dos filhos, dos animais, da

horta e juntavam-se a toda aldeia em época que era

necessário o trabalho de todos como a colheita”.

(1989, p.204)

A integração das crianças na comunidade fazia-se através do cultivo

da memória dos mortos presente nas historias e traições orais e do respeito

aos mais velhos e as normas e tradições da aldeia.

Era costume as crianças aprenderem desde cedo a tomarem conta de si

mesma e arranjarem-se como pudessem nas situações, pois passam grande

parte do dia sozinha.

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As mães que possuíam mais recursos deixavam os filhos com amas-

de-leite, e as mais pobres entregavam seus filhos para outras pessoas para

poderem trabalhar.

Os bebês eram enfaixados com o propósito de liberar a mãe para

suas atividades diárias e amamentação eram feitas com pouco envolvimento

emocional.

Era considerada e incomoda e consumidora de tempo. A higiene das

crianças passava por uma preocupação superficial.

Era costume enviar criança á casa de outro camponês por um

período, considerado aprendizado.

Desta forma, as crianças relacionavam-se cm vários adultos, criando

laços de dependência com a comunidade.

Os acontecimentos significativos como: festividades, cultos,

divertimentos, brincadeiras e jogos eram realizados com a participação de

toda a comunidade, e a vida simbólica e religiosa era dominada pelo culto

publico de figuras cristãs sagradas.

A vida era regida por normas fixas. O ciclo da natureza indicava as

formas de ser viver bem.

A coletividade formava junto com a natureza as estruturas da

convivência destes indivíduos.

1.3 – A criança e a estrutura burguesa

Desenvolveu-se se de maneira muito diferente da estrutura familiar da

aristocracia e do campesinato caracterizando-se por um cotidiano mais

afetivo e privativo.

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O aparecimento da estrutura familiar burguesa é um marco importante

nas transformações da família, infância e da relação indivíduos com o

coletivo.

A burguesia européia é o seio aonde vão se desenvolver novos

sentimentos em relação a estes aspectos e conseqüentemente levar os

jogos, os brinquedos, as festas e as brincadeiras a tornarem-se

gradativamente exclusivos do universo da criança.

Surge então o conceito do casamento para sempre, e o traço mais

forte era o interesse social e financeiro, mas por outro lado era cultivado ao

jovem burguês o amor romântico e a medida que se aproximava o final do

século XIX, este sentimento passou a ser motivação do casamento.

O marido aparece como autoridade máxima na família e responsável

pelo sustento desta através de seu trabalho. A esposa era dependente,

enquanto o marido era um ser livre e autônomo.

O interesse da mulher girava em torno dos filhos. O relacionamento

com os filhos começava a ser revisto dentro dac estrutura da família

burguesa como diz Áries in Silva S. Setúbal:

“Assim no fim do século XVIII não era mais comum ir a

casa de amigos ou sócio a qualquer hora, sem antes

avisar, as visitas eram realizadas em dias de recepção

ou através de cartões enviados pelos criados ou

correio”. (1989, p.266)

Assim os costumes separavam a vida pública da profissional e

privada. O lar agora se coloca como lugar mais intimo.

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A vida agora se diferencia da vivida na aristocracia e no campesinato

onde era estrutura era publica e oralmente.

Surge neste momento a escola como uma instituição social. A escola

junto com a família irá cuidar de educar, moral e espiritualmente, as

crianças.

Dentro desta perspectiva os fundamentos de alguns jogos são

considerados inadequados para as crianças, enquanto outros são reforçados

por caráter educativo.

As atitudes rigorosas em relação às crianças (infância) vão se

transformando sob influencia dos jesuítas.

Os jesuítas começaram a demonstrar as possibilidades educativas

dos jogos. Assim, estes foram adotados pela escola a partir de uma seleção

regulamentação e controle.

Dentro desta perspectiva conceberam uma nova técnica de higiene

corporal, cultura física e uma justificativa de que jogos preparavam os jovens

para a guerra.

Estabeleceu-se então um parentesco entre os jogos educativos dos

jesuítas, a ginástica dos médicos, o treinamento dos soldados e as

necessidades de patriotismo (preocupação moral).

Assim, podemos perceber as transformações ocorridas antes de

percebemos a criança e de como se relacionar com ela.

A escolarização, que teve grande importância e contribuição para o

novo sentimento familiar não foi imediatamente generalizada, ao contrario, é

uma grande parte da população infantil continou a ser educada segundo

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antigas praticas de aprendizagem que era feita com outros adultos que não

eram seus pais. Esta era a forma comum.

1.4– A criança e a estrutura familiar operária

Surge a classe operária com o inicio da industrialização e o

deslocamento de seu local de origem o campo para a vida na sociedade

urbana.

As condições sociais e econômicas são muito ruins, passando por

transformações marcantes.

Viviam do trabalho e com o tempo e espaço para as brincadeiras. As

crianças eram criadas sem uma constante e fiscalização da mãe, onde

“aprendiam depressa e bem o que era a vida sob o capitalismo”. (Pôster,

1989, p. 211).

O próprio ambiente de trabalho, onde conviviam eram influenciados

pelas normas e regras, inclusive a disciplina.

Dentre as atividades que reforçavam esse vínculo encontramos as

festas, os jogos e as brincadeiras como constituintes do cotidiano da

sociedade. Segundo Fagali:

“Os cadernos dedicados ao aluno procuram

desenvolver testes participativos em que a criança ou

jovem, através do dialogo, jogos associativos

expressões simbólicas, ampliam as informações,

saindo da postura, passiva, mecânica e distante,

diante da leitura”. (2003 p. 54).

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A INFÂNCIA E O BRINQUEDO

A criança ao longo da história e da evolução do homem e da

sociedade nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente com

vimos anteriormente ela era caracterizada como um ser ingênuo, inocente,

gracioso ou ainda imperfeito e incompleto.

Um conceito de criança, entendido com um ser “sem existência

social” miniatura do adulto, abstrato e universal. Portanto, um conceito que

independe da cultura ou classe social. Atualmente, uma nova concepção

sobre a criança vem tomando espaço. No panorama educacional. A criança

com ser social.

A infância é constituída por uma sucessão de etapas. Cada uma

delas prepara para a seguinte e os limites entre uma e outra não são

nítidos nem precisos em relação à idade cronológica.

Para cada etapa no desenvolvimento da criança buscamos

compreender sua natureza, e nossas buscas encontram “Brincar” como

uma necessidade básica que surge muito cedo nela. Segundo Santa Marli:

“A brincadeira é considerada a primeira conduta inteligente do ser

humano”. (2000, p.9)

O primeiro brinquedo surge na natureza sensório-motora. Isso

significa que o primeiro movimento com os dedos seja uma forma de

brincadeira. A verdade é que ela brinca de maneira diferente das outras

crianças maiores. As crianças muito pequenas já foram mencionadas por

muitos educadores que diziam que elas não brincavam.

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Nos primeiros meses o bebê vivência situações prazerosas

exercitando movimentos e sensações com o próprio corpo, que se

caracteriza por ser um brinquedo repetitivo e funcional, também chamado

autocósmico por Winnicott, que cita:

“Os bebês assim que nascem usam o punho, os dedos

e os polegares para estimular a zona erógena oral.

Após alguns meses passam a gostar de brincar com

objetos como a ponta do cobertor, uma fralda, uma

bola de lã, que lhe tornam vitais para o uso no

momento de dormir, constituindo-se uma defesa

contra a ansiedade. Esse fenômeno é chamado de”

objeto transicional” (Santa Marli, 2000 p.14)

Depois evoluem para brinquedos com ursinhos, bolas, bonecas ou

qualquer outro. A necessidade desses objetos específicos começa em data

muito primitiva, a partir dos quatro meses, e pode reaparecer em idades

posteriores, sempre que a privação ameaça.

O objeto transicional é simbólico. No inicio pode representar o seio da

mãe, uma pessoa, um animal de estimação de qualquer outra coisa que seja

importante para ela, e é utilizado nos momentos de solidão ou quando o

humor depressivo se manifesta.

Há uma evolução direta dos fenômenos transicionais para brincar, do

brincar para o compartilhado e destes para as experiências culturais.

Na medida em que a criança vai avançando em suas etapas, segundo

Piaget:

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“As etapas do desenvolvimento são estruturadas aos processos

mentais”. (Hohmann, Mary, 1979, p. 12)

Aceitamos como um bom ponto de partida a afirmação de Piaget de

que as alterações evolutivas se baseiam que em processos biológicos de

maturação, que nas experiências do sujeito atuante, que adquire

conhecimento agindo sobre o mundo e utilizando - o.

O sujeito interpreta as suas novas experiências. Então essas etapas

evolutivas das brincadeiras vão se tornando mais consistentes, de forma que

o adulto possa mais facilmente identificar as situações de jogo.

Segundo a Teoria piagetiana do desenvolvimento:

“o jogo como movimento predominante assimilativo do

organismo constitui a possibilidade primeira do

processo de desenvolvimento cognitivo, ou seja, o

desenvolvimento se dá através do jogo.”

O que se pede do adulto (educador) é que a criança se responsabilize

pelas suas próprias ações e atividades. No caso especifico, o que possa

demonstrar qual atividade (brincadeira) é desejada.

As atividades infantis têm interesse e são gratificantes para ac

crianças? Essa é uma questão a ser levantada nesse estudo.

O que é estimulada para uma criança durante as atividades

escolares?

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Qual brincadeira é prazerosa?

Como é evidente o envolvimento pleno e satisfatório que se retira do

próprio trabalho são aspectos de importância capital para o

crescimento sócio-afetivo da criança.

Temos formas mais corretas de descrever o desenvolvimento, graças

aos trabalhos de homens como Piaget, Bruner e Chomsky, mais a

informação é invulgarmente reduzida no que respeita aos determinantes

específicos das alterações do desenvolvimento e a possibilidade de sua

tradução de termos de pratica educativa.

2.1 – Características da criança na idade pré–escolar

As crianças em que idades pré-escolares estão interessadas em

exercitar suas aptidões, aptidões essas que segundo Piaget in Hohmann M.

diz:

“A representação simbólica, a utilização do chamado”

conhecimento figurativo” sob a forma de imagens

mentais e de imitação, desenvolveu-se a partir de

ações realizadas no período sensório-motor (do ano e

meio aos dois anos)”. (1988, p.23)

Para tal com estão obviamente “programadas” por estruturas

herdadas para exercitarem as suas aptidões de utilização e aprendizagem

da linguagem.

A criança em idade pré-escolar gosta de imitar, de fingir de fazer

bonecos ou “modelos” com cubos ou barro, porque através destas atividades

pode exercitar a sua capacidade de representar o mundo.

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Está a aprender a distinguir símbolos ou representações das próprias

coisas que eles figuram embora ás vezes lhe seja difícil distinguir a fantasia,

a magia, os sonhos e o faz-de-conta da própria realidade.

Segundo Lima Cavalcanti:

“Brincar é uma realidade cotidiana na vida das

crianças. E para que brinquem, é suficiente que

não sejam impedidas de Exercitar a imaginação

simbólica”. (1988, p. 22)

Os interesses e capacidades da criança congregam-se mais

prontamente quando se concebe aprendizagem com uma interação de atos

físicos e mentais desencadeados por aquele que aprende.

Quanto a nós, a afirmação primordial da obra de Piaget destinada a

educadores e a de que o professor é um auxiliar do desenvolvimento e que,

deste modo, o seu objetivo principal é promover a aprendizagem – o

experimentar direto e imediato dos objetos, das pessoas e dos

acontecimentos.

As crianças aprendem os conceitos por meio de atividades que é da

sua própria iniciativa e exercida num contexto social em que um professor

atento e sensível seja observador – participante.

A aprendizagem é decisiva e duradoura na medida em que for direta

e ativa, pois as diretas envolvem os sentidos e o sistema motor: habilitam

criança com a compreensão intima mediante a qual ela pode adquirir novos

conhecimentos por meios menos diretos e quando tiver atingido um grau de

maior maturação no desenvolvimento.

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Pode dizer-se que Piaget não está sozinho na defesa deste ponto de

vista, que esta filosofia está totalmente de acordo com as Dewry, Montessori

ou Sócrates.

Eles representam uma base sólida a partir da qual se pode continuar.

O que há nas crianças em pré-escolar que em termos de desenvolvimento

as distingue dos bebês, por um lado, e das crianças em idade escolar, por

outro?

A criança em idade pré-escolar começa a tornar-se capaz de refletir

sobre os seus próprios atos e de trocar a experiência habitual de causa-a-

efeito, de resolver mentalmente certos tipos de problemas cotidianos, sem

apoiar no processo físico de tentativa e erro, e de pensar em lugares e

tempos para além do aqui e agora.

O pensamento pré-operatório caracteriza-se também pelo

egocentrismo – O centrar-se sobre seu próprio ponto de vista. A concepção

de espaço e tempo da criança é egocêntrica, isto é, não é objetiva, pelo que

a usa compreensão da causalidade e da medida não pode assemelhar-se a

do adulto. Segundo Gouvêa:

“Os atos de conduta humana são grandemente

influenciados pelas pequenas ocorrências de cada dia.

Do ato irrefletido de atravessar alinha (rua)

descuidadamente, poderá a criança, pelo hábito

negligenciar a obediência ás leis e criar

comportamento desonesto, entretanto, pode também

estabelecer inconscientemente o controle de seus atos

pela aplicação de penalidades previstos nas regras do

jogo e que são igualmente impostas a todos os

companheiros que incorrem nas mesmas faltas” (1955,

p.25)

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2.2 – O papel do faz-de-conta

Desde o nascimento e durante toda a infância, como vimos

anteriormente, a criança age e se relaciona como ambiente físico e social.

Assim constrói seu conhecimento sobre a realidade que a rodeia e pode ir se

percebendo como individuo único entre outros indivíduos. A cada momento

desse processo de conhecimento se utiliza instrumento diferente e sempre

adequado ás suas condições cognitivas. Segundo Piaget:

‘’ Por volta dos 2 anos com o desenvolvimento da

capacidade simbólica do pensamento, o jogo

simbólico, atividade conhecida comumente como jogo

do faz-de-conta ou simplesmente brincadeira, passa a

ser atividade principal da criança e a prova constante e

evidente de sua capacidade criadora”.

Embora a criança pré-escolar dedique apenas algumas horas do seu

dia no faz-de-conta, essa atividade tem um papel relevante nos avanços que

ocorrem em suas condições de pensamentos.

As crianças brincam porque a brincadeira é o melhor instrumento para

a satisfação das necessidades que vão surgindo no convívio diário com a

realidade.

Desde muito pequena a criança se depara com um mundo objetivo

em permanente expansão no qual atua e que tenta conhecer, saber com

funciona, e com um mundo social, das relações e sentimentos, com o qual

se relaciona enquanto se esforça na construção de sua identidade.

Quando está brincando a criança cria situações imáginarias que lhe

permitem operar com objetos e situações do mundo dos adultos.

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Enquanto brinca, o conhecimento desse mundo amplia, pois ela pode

fazer de conta que age de maneira adequada do manipular objetos com os

quais o adulto opera e ela ainda não.

Se é permitido à criança, por exemplo, brincar em um automóvel, uma

charrete ou outro meio de transporte qualquer, tentará reproduzir as ações

que observa nos adultos que realmente conduzem. Esse meio de

transporte, ela se preocupará inclusive em reproduzir o barulho do motor ou

trote do cavalo.

Seu objetivo não é de se transportar, mas sim, o próprio processo de

atividade, ou seja, seu objetivo, ao brincar, é a própria ação e não seus

resultados.

As necessidades que satisfaz são de conhecimento do mundo em

que os homens agem e no qual ele próprio precisa aprender a viver, e ela

busca aprender agindo “como se”. Segundo Bettheim:

“Na imaginação, a criança pode ser absolutamente

despótica, sem limitações para o domínio. Mas quando

começa a representar a fantasia, aprende depressa

que mesmo soberanos absolutos estão sujeitos ás

limitações da realidade. Uma vez que tenha por

exemplo, feito uma lei, precisa obedecê-la as outras

crianças insistirão nisso. Se o pretenso rei for

caprichoso demais o jogo se desintegrará, a sua

majestade estará em vias de um despertar

desagradável. Aprenderá depressa que mesmo o

imperador mais poderosamente imaginado só poderá

reter o trono enquanto desfrutar da boa vontade dos

súditos, que só pode brincar de soberano se tornar

esse jogo atraente para seus companheiros. Nenhuma

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dessas restrições se aplica às suas fantasias que

flutuam livremente”. (1988, p. 150)

2.3 – Espaços de Aprendizagem e as Regras do Jogo

Vygotsky destaca:

“A criança é assim, um espaço de aprendizagem, onde

a criança ultrapassa o comportamento cotidiano

habitual de sua idade, onde ela age como se fosse

maior do que é, representando simbolicamente o que

mais tarde realizará. Um espaço onde, embora

aparente fazer apenas o que mais gosta, aprende a se

subordinar às regras das situações que reconstrói,

renunciando à ação impulsiva. A sujeição a essas

regras é uma das fontes de prazer no brinquedo. É ela

que fornece a estrutura par aquisição que, no futuro,

serão à base das realizações e da moralidade da

criança”. (1984, p. 105)

A atividade lúdica, alem de ser um espaço de conhecimento sobre o

mundo externo ( a realidade física e social), proporciona a criança a

possibilidade de experimentar as emoções com que convive em sua

realidade interior. Permitem-lhe vivenciar, em ações concretas, reais,

sentimentos que de outro modo ficariam guardados em sonhos de que

muitas vezes ela não se recorda.

Enquanto brinca pode realizar de forma “simbólica” toda sexualidade

que faz parte da experiência infantil saudável e encontrar maneiras de lidar

com sua carga de impulsos agressivos.

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No convívio com esses impulsos, e não querendo escondê-los, a

criança desenvolve, desde cedo, a disciplina de exprimi-los através do

brinquedo, que pode envolver sentimentos tanto de amor quanto de ódio.

Por isso para a Winicott:

“a presença da agressividade na brincadeira não deve

ser censurada, pelo contrário, é importante que seja

preservado esse espaço para que a criança possa

exprimir seus sentimentos em momentos que não está

realmente zangado, num meio conhecido, que não vai

reagir com violência”. (1975, p.112)

Ela sabe que num dado momento à brincadeira pode terminar e tem a

segurança de que realmente haverá um adulto por perto para controlar a

situação.

Assim, para Bettelheim:

“Brincando, criança desenvolve uma estrutura de

organização para relações emocionais que lhe dará

condições para o desenvolvimento das relações

sociais. Nas brincadeiras que envolvem outras

crianças ajustadas a papéis predeterminados, ela

encontra condições de aprender a aceitar que as

outras tenham uma existência social e emocional

independente”.

Embora nem todas as necessidades e desejos da criança dêem

origem as brincadeiras, e a presença de emoções e sentimentos tão

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variados não signifique que ela entenda as motivações de que se originam,

os brinquedos.

Embora as crianças brinquem das mesmas coisas em idades

diferentes, elas brincam de formas diversas. Em cada estágio de

desenvolvimento do pensamento os jogos infantis terão características

especificas. A atividade lúdica de uma criança entre 3 ou 4 anos é diferente

daquela de uma criança em idade escolar ou da de um adulto.

À medida que as crianças crescem e suas condições de pensamento

se desenvolvem num processo integrado ao processo de socialização, os

jogos com clara situação imaginária e com regras ocultas (como é o jogo do

faz-de-conta) dão lugar progressivamente aos jogos com regras claras e

situação imaginária oculta.

É muito difícil para uma criança de 3 ou 4 anos obedecer às regras de

um jogo, isso pressupõe sociais ou interindividuais e o abandono do jogo

egocêntrico em troca de uma aplicação efetiva das normas de cooperação

entre os jogadores – a regra é uma regularidade imposta pelo grupo.

Nesse sentido é que o jogo com regras é considerado a atividade

lúdica do ser socializado.

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Conclusão

Sabe-se que a brincadeira é transmitida pela oralidade infantil e seus

conteúdos provêm dos tempos passados, de fragmentos de contos, práticas

religiosas e culturais abandonadas pelos adultos.

Neste trabalho a preocupação com a influência das estruturas

familiares através dos períodos históricos e também das etapas de

desenvolvimento da criança temática dos jogos e brincadeiras.

Entretanto, quando se analisa a origem dos jogos e brincadeiras,

ultrapassamos as fronteiras e as situações perdidas no passado.

Assim fica difícil rastrear o percurso das brincadeiras. Embora não se

pretenda fazer um estudo das origens das brincadeiras infantis, o trabalho

procurou reunir uma perspectiva de tempo, demonstrar a importância desse

processo na valorização das brincadeiras na vida e desenvolvimento da

criança.

As relações entre o jogo, a criança e a educação tem um merecido

uma atenção especialmente dentro da visão histórica-antropológica e

psicopedagócicas que são, no entender de autores como Jolibert (1981) e

Guilhermaut, Miguel e Soulayrel (1984), bastante empregadas atualmente

para discutir temas dessa natureza.

Do ponto de vista histórico, a analise do jogo é feita a partir da

imagem da criança presente no cotidiano de uma determinada época. O

lugar que a criança ocupa num contexto social especifico, a educação a que

está submetida e o conjunto de relações sociais que mantém com

personagens do mundo, tudo isto permite compreender melhor o cotidiano

que se forma a imagem da criança e o seu brincar. O psicopedagogo vem

contribuir utilizando forma ativa nas relações ensinante e aprendente na

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capacitação deste processo de desenvolvimento cognitivo e emocional da

criança.

Todo ser humano tem seu cotidiano marcado pala heterogeneidade e

pela presença de valores hierárquicos são sentido ás imagens culturais de

cada época.

Construídas por personagens que fazem parte desse contexto.

Segundo Heller in Kischimto:

“... o homem participa da vida cotidiana com todos os

aspectos de sua individualidade, de sua

personalidade. Nele, coloca-se em funcionamento

todos os seus sentidos, todas as suas capacidades

intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus

sentimentos, paixões, idéias, ideologias”. (1989, p. 16

e 17)

Fora à hierarquia e o tempo histórico com seus valores que oferecem

uma organicidade a essa heterogeneidade: são esses valores que orientam

a elaboração desse estudo cultural e que abre espaço para a reflexão e nas

concepções de um olhar construtivo ao ver uma criança a brincar.

Dessa forma para se compreender com filhos de operários,

camponeses, aristocráticos brincavam. E com isso foi evolutivo e como

chegou aos nossos dias.

São tais imagens que favorecem ou limitam ás brincadeiras de ruas e

aos jogos que iniciam a criança na construção do conhecimento e auxiliam

seu desenvolvimento.

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Entretanto no processo de expansão e definição de suas funções, a

pré-escola acabou cerceando o jogo livre proposto inicialmente por Froebel

e criou condições para o aparecimento de jogos didáticos e educativos, com

finalidades definidas.

O processo gradual de escolarização acabou dando uma nova forma

ao jogo pré-escolar, um jogo aliado ao trabalho escolar, um jogo que visa a

aquisição de aprendizagens específicas definidas a priori, tais como forma,

cor, números, além de comportamentos mais amplos e complexos como

cooperação, socialização, autonomia, entre outros.

A família é o primeiro vínculo afetivo e social da criança e a matriz

dos pré-requisitos necessários para a aprendizagem.

Fica uma questão a ser definida por nós psicopedagogos e

educadores. Como Froebel enfatizou em seus trabalhos (a criança precisa

explorar livremente, manipular os objetos antes de dominar as formas de

manipular esse objeto).

O Brincar; será que nossas crianças então recebendo essa

oportunidade em todos os segmentos da nossa sociedade. Como isso

acontece?

O ambiente familiar saudável é importante nesta influência?

É por meio destas observações psicopedagócicas que a criança

aprende, cria e supera o seu descontroles emocionais, agressões, mau

humor.

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BIBLIOGRAFIA

M. Alice Setúbal S. e Silva – Memórias e Brincadeiras – na cidade de São

Paulo nas primeiras décadas do século XX. São Paulo, Ed. Vozes, 1989.

SANTOS, Santa Marli Pires – Brinquedo e Infância, um guia para pais e

educadores em creche. Ed. Vozes – 2ª -RJ, 2000.

Estatuto da Criança e do Adolescente – obra de referencia. Ed. Expressão

e Cultura 2001 – RJ

HOHMANN, Mary – A criança em acção. Fundação Calouste Gulbenkian,

Lisboa, 1979.

GOUVÊA, Ruth – Recreação – Jogos Infantis – em colaboração 1984 –

Editado pelo INEP. 1955. Linografia Editora Ltda., 1969.

Jornal da Alfabetização – ano 3 – nº 26 – Jogos e desenvolvimento –

Brincadeira é coisa séria – Zélia V. Cavalcanti Lima

BETTELHEIM B – Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro, Ed. Campus,

1988.

VYGOTSKY, L. S. – O papel do brinquedo no desenvolvimento in: A

formação social da mente. São Paulo, Livraria Martins Fonte Editora, 1984.

WINNICOTT, D. – Porque as crianças brincam. In: A criança e o seu

mundo. Rio de Janeiro, Zahar Ed, 1975.

KISCHMOTO, Tizuko Morchida – Jogos Tradicionais Infantis – O Jogo, A

criança e A Educação. Ed. Vozes, Rio de Janeiro, 1993.

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Freire, Paulo – Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários a

prática Educativa. Ed Paz e Terra, Rio de Janeiro, 2001.

FAGALI, Eloísa Quadros, DO VALE, Zélia Del Rio – Psicopedagogia

Institucional Aplicada – Ed. Vozes, 8ª Edição – 20

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ÍNDICE

Introdução...................................................................................................08

Capítulo 1- A história das brincadeiras....................................................09

1.5 – A criança e a estrutura familiar aristocrática..................................09

1.6 - A criança e a estrutura familiar camponesa....................................12

1.7 - A criança e a estrutura burguesa.....................................................13

1.8 – A criança e a estrutura familiar operária.........................................16

Capítulo 2 –A Infância e o Brinquedo.......................................................17

2.1 – Características da criança na idade pré-escolar............................20

2.2 – O papel da faz-de-conta....................................................................23

2.3 – Espaço de aprendizagem e as regras do jogo...............................25

3 - Conclusão............................................................................................. 28

4 – Bibliografia............................................................................................31

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS BRINCADEIRAS E JOGOS NO COTIDIANO

INFANTIL

Por:

Marlúcia Santana

Monografia apresentada como requisito parcial para

aprovação no curso de Psicopedagogia.

ORIENTADORA:

____________________________________

Mary Sue Pereira

CONCEITO : _______________________

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