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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ALINE-LARA MAXIMIANO DA SILVA MAQUELIN MILLNITZ AS CONCEPÇÕES DOS USUÁRIOS DO SUS SOBRE SEUS DIREITOS Biguaçu 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ALINE-LARA MAXIMIANO DA SILVA

MAQUELIN MILLNITZ

AS CONCEPÇÕES DOS USUÁRIOS DO SUS SOBRE SEUS DIREITOS

Biguaçu

2009

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ALINE-LARA MAXIMIANO DA SILVA MAQUELIN MILLNITZ

AS CONCEPÇÕES DOS USUÁRIOS DO SUS SOBRE SEUS DIREITOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeira na Universidade do Vale do Itajaí – Campi Biguaçu. Orientadora: Maritê Inês Argenta Co- Orientadora: Msc. Felipa Rafaela Amadigi

Biguaçu

2009

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Aline-Lara Maximiano Da Silva Maquelin Millnitz

As concepções dos usuários do SUS sobre seus direitos

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do

título de Enfermeira e aprovado pelo Curso de Enfermagem – Biguaçu, da

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde.

Área de Concentração – Enfermagem

Biguaçu, 26 de junho de 2009

Profª. Msc Maritê Inez Argenta UNIVALI – Biguaçu

Orientadora

Profª. Msc. Felipa Rafaela Amadigi UNIVALI – Biguaçu

Co- orientadora (Membro)

Profª. Dra. Lygia Paim UNIVALI – Biguaçu (Membro)

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SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................... 5 ABSTRAT .................................................................................................... 6 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7 2 OBJETIVOS ...........................................................................................10

2.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 10 2.2 Objetivos Específicos........................................................................... 10

3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................11 4 MARCO TEÓRICO ..............................................................................17

4.1 Primeiro princípio ................................................................................. 18 4.2 Segundo princípio ................................................................................ 19 4.3 Terceiro princípio ................................................................................. 20 4.4 Quarto princípio.................................................................................... 20 4.5 Quinto princípio .................................................................................... 21 4.6 Sexto princípio...................................................................................... 22

5 METODOLOGIA ..................................................................................23

5.1 Tipo de pesquisa .................................................................................. 23 5.2 Espaço e sujeitos da pesquisa............................................................ 23 5.3 Coleta e devolução dos dados ............................................................ 26 5.4 Análise e interpretação dos dados ..................................................... 27 5.5 Considerações éticas........................................................................... 28

6 A CONCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DO SUS SOBRE SEUS DIREITOS .................................................................................................31

6.1 A definição de saúde para os usuários do SUS................................. 31 6.2 O entendimento de direito à saúde ...................................................... 34 6.3 Quem deve garantir o direito à saúde.................................................. 36 6.4 A adesão ao plano de saúde privado como garantia do acesso ao

direito......................................................................................................... 38 6.5 O cotidiano dos usuários do SUS ........................................................ 40 6.6 Direitos e deveres à saúde na visão dos usuários do SUS ............... 44

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................47 REFERÊNCIAS ........................................................................................50 Apêndice I ..................................................................................................54 Apêndice II................................................................................................55 Apêndice III .............................................................................................56 Anexo I .......................................................................................................58 Anexo II......................................................................................................57

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RESUMO MILLNITZ, Maquelin; SILVA, Aline-Lara Maximiano. As Concepções dos Usuários do SUS Sobre Seus Direitos. 2009. 62f. Trabalho de Conclusão de

Curso (Graduação) – Curso de Graduação em Enfermagem. Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu. Biguaçu/SC, 2009.

Um direito fundamental do cidadão brasileiro é o direito a saúde. Neste trabalho tivemos como objetivo identificar a concepção dos usuários do SUS sobre seus direitos. Selecionamos 40 usuários moradores do Município de São José adstritos a oito Unidades Básicas de Saúde escolhidos aleatoriamente por sorteio simples entre as 19 existentes na rede básica do Município. Como guia desta pesquisa utilizamos o método qualitativo de abordagem descritiva exploratória. Os dados coletados através de formulário foram tratados segundo a técnica do discurso do sujeito coletivo para posterior análise. As categorias de análise foram: 1 - A definição de saúde; 2 – O entendimento de direito à saúde; 3 – Quem deve garantir o direito à saúde; 4 – A adesão ao plano de saúde privado como garantia do acesso ao direito; 5 – O cotidiano dos usuários do SUS; 6 – Direitos e deveres à saúde na visão dos usuários do SUS. Tais categorias foram utilizadas para o levantamento de indicativos relacionados ao direito que subsidiaram a atividade de educação em saúde desenvolvida na rede, através de oficina como proposta do estágio curricular das 180 horas. Entre os achados da pesquisa destaca-se que a falta de conhecimento limita a participação da sociedade no seu exercício de cidadania. Palavras-chave: Saúde, direito à saúde, SUS.

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ABSTRAT MILLNITZ, Maquelin; SILVA, Aline-Lara Maximiano. Awareness of SUS Users About Their Rights. 2009. 62f. Course Completion Thesis (Undergraduate) –

Nursing Undergraduate Course, University of Vale do Itajaí, Education Center

of Biguaçu. Biguaçu/SC, 2009.

A basic right of the Brazilian citizen is the right the health. In this work we had as objective to identify the conception of the users of the SUS on its rights. We select 40 users living of the attached City of Are Jose the eight chosen Basic Units of Health randomly for simple drawing between the 19 existing ones in the basic net of the City. As it guides of this research we use the qualitative method of exploratory descriptive boarding. The data collected through form had been dealt with according to technique the speech of the collective citizen for posterior analysis. The categories of analysis had been: 1 - The health definition; 2 - The agreement of right to the health; 3 - Who must guarantee the right to the health; 4 - The adhesion to the private plan of health as a pledge of the access to the right; 5 - The daily one of the users of the SUS; 6 - Rights and duties to the health in the vision of the users of the SUS. Such categories had been used for the survey of indicative related to the right that had subsidized the activity of education in health developed in the net, through workshop as proposal of the curricular period of training of 180h. It enters it is distinguished the of the research we detach that the knowledge lack limits the participation of the society in its exercise of citizenship.

Keywords: health, rights to health, SUS.

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1 INTRODUÇÃO

Saúde define-se num contexto histórico de determinada sociedade e em

um dado momento de seu desenvolvimento, deve ser conquistada, pela

população, em suas lutas cotidianas.

E, o direito à saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições

dignas de vida e de acesso universal e igualitário aos serviços de promoção,

proteção e recuperação de saúde, em todos os seus níveis, a todos os

habitantes no território nacional. Levando, portanto, ao desenvolvimento pleno

do ser humano em sua individualidade.

O direito não recusa os benefícios que puderem resultar da atuação de

outras forças socialmente significativas, mas só ele é capaz de assegurar a

convivência harmônica, sem violência material, psicológica ou moral, e de

proporcionar a distribuição justa dos resultados que a vida social propícia.

(DALLARI, 1996. p.3).

Esse direito não se materializa, simplesmente, pela sua formalização no

texto constitucional. Há, simultaneamente, necessidade de assegurar meios

que permitam efetivar uma política de saúde integrada às demais políticas

sociais, explicitamente assumidas pelo Estado.

Por isso, o direito sempre renasce como solução normal para os

conflitos que são inerentes à vida em sociedade, pois só ele proporciona

ordem, segurança e progresso sem afrontar a dignidade humana. (DALLARI,

1996. p.5).

Um direito fundamental do cidadão brasileiro é o direito à saúde, que é

parte de um conjunto de direitos chamados direitos sociais, reconhecidos no

Brasil somente em 1988 pela constituição federal.

O percurso da saúde, no Brasil, tomou um novo rumo após a VIII

Conferência Nacional de Saúde em março de 1986, em Brasília. Essa

Conferência foi responsável pela mudança na forma de compreender a saúde,

anteriormente entendida como completo bem estar biopsicossocial, passa a ser

entendida de forma ampliada determinada e influenciada pelas condições do

meio. É na VIII Conferência que se consolidam as idéias da reforma sanitária

brasileira que, posteriormente, efetiva-se com a criação do SUS (Sistema Único

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de Saúde) pela constituição federal de 1988, e regulamentada pelas Leis 8080

e 8142 de 1990.

O SUS tem por diretrizes básicas: a descentralização, o atendimento

integral e a participação da comunidade.

A descentralização é feita por meio da municipalização dos serviços, o

gestor do sistema será o executivo municipal, com a participação de todos

envolvidos na política (prestadores de serviços, trabalhadores, gestores e

usuários). (DALLARI, 1996. p.60).

O atendimento integral visa uma assistência que privilegia a saúde, e

não a doença. Nesta lógica os serviços de saúde devem funcionar atendendo

ao indivíduo como ser humano integral, submetidos às mais diferentes

situações de vida e trabalho que o levam a adoecer e morrer. Todas as

pessoas têm direito a um atendimento mesmo que não dê conta de tratar a

doença, mas, principalmente, ofereça serviços de prevenção e promoção da

saúde (LACERDA, 1997).

Para contribuir com a construção e consolidação do SUS, na concepção

de integralidade, foi criado o Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994,

que faz parte do novo modelo de atenção à saúde, com intuito de incrementar

as ações de prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais

freqüentes e manter a saúde da comunidade, não centrado apenas em ações

curativas (ALVES, 2005).

Para redefinir as responsabilidades de cada gestor em 2006 foi criado o

pacto pela saúde, que se divide em três diretrizes: Pacto pela Vida, Pacto em

Defesa do SUS e Pacto de Gestão, formando um conjunto de reformas

institucionais do SUS pactuado entre as três esferas de governo com a

finalidade de qualificação da gestão pública do SUS, buscando maior

efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas (CEAP, 2003).

O controle social deve refletir o poder da população em modificar planos

e políticas de saúde, por meio de mecanismos de mobilização e participação

com os vários movimentos e grupos sociais organizados, e que estejam

vinculados às necessidades percebidas e vivenciadas pela população nos

diferentes territórios do país. (BRASIL, 2006a).

A participação da comunidade é uma forma de controle social que

possibilita a população, por meio de seus representantes, definir, acompanhar

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e executar a fiscalização das políticas de saúde através das conferências e dos

conselhos de saúde.

Para garantir uma participação efetiva da comunidade é necessário que

as equipes de saúde tenha como uma de suas ferramentas de trabalho, a

educação em saúde, pois, entende-se que é por meio da mesma, que os

usuários transformam suas condições de vida. Quando é oferecida a população

conhecimento sobre seus direitos facilitamos sua relação com os serviços de

saúde, ampliando sua capacidade de participação.

Uma sociedade ativa pode exercer influência positiva quando se trabalha

junto com o serviço de saúde na comunidade, de modo a lutar pela garantia de

seus direitos.

Diante desta afirmativa, busca-se responder a seguinte pergunta de

pesquisa: qual a concepção dos usuários, sobre seus direito à saúde?

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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

Reunir as percepções dos usuários do SUS sobre direito à saúde, como

indicativos básicos de um programa de educação em saúde.

2.2 Objetivos Específicos

• Identificar as percepções dos usuários do Sistema Único de Saúde

sobre o direito à saúde.

• Levantar as vivências dos usuários relacionadas ao exercício do direito à

saúde.

• Desenvolver atividade de educação em saúde aos usuários do SUS

sobre o direito à saúde.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

A evolução da história das políticas de saúde no Brasil nos mostra que

essa foi uma conquista recente da sociedade, motivada por décadas de

políticas públicas parciais e fragmentadas. Entretanto, vale destacar a evolução

histórica das políticas de saúde.

A caracterização da política de saúde na história do Brasil foi muito

influenciada pelos momentos históricos da nação. E, por esse motivo, foi

dividido didaticamente em cinco períodos (CEAP, 2003).

O período da república velha (1889-1930) vem marcado pela ocorrência

de alguns problemas, como epidemias e o risco de contágio de doenças infecto

contagiosas, que dizimavam grande número de vidas. O que levou o estado a

tomar medidas imediatas de saúde pública, como campanhas sanitárias e

vacinação obrigatória. Nesse período, a saúde não era direito de todos, a

população tinha acesso à saúde somente mediante pagamento ou de maneira

gratuita e eram atendidos nos hospitais de caridade. Ainda nesse período,

ocorreu também a reforma Carlos Chagas em 1920 quando foi implantado um

novo regulamento separando a saúde em: saúde pública e previdência social, e

ainda a lei Elói Chaves de 1923, que organizou a Caixas de Aposentadorias e

Previdências (CAPs) (CEAP, 2003)

Na era Vargas (1930 - 1945) aconteceu a reestruturação nos órgãos do

Estado, criação do Ministério da Saúde e do Trabalho com a função de cuidar

da medicina previdenciária e saúde ocupacional coexistindo com a medicina

privada, hospitais beneficentes e filantrópicos. Na saúde, as CAPs foram

transformadas em Institutos de Aposentadoria e Previdência (IAPs). Nesse

período valorizava-se a educação sanitária, institucionalizando as campanhas

de controle de doenças. Em 1942, foi criado o serviço especial de saúde

pública – SESP, para assegurar as condições sanitárias na Amazônia para a

produção da borracha e atendendo as indústrias bélicas. Em 1953 o Ministério

da Saúde incorpora o serviço de combate às endemias. Já em 1956 é criado o

Departamento Nacional de Endemias Rurais, sendo que mais tarde todos

esses órgãos se transformaram em Fundação Serviço Especial de Saúde

Pública (SESP), Superintendências de Campanha de Saúde Pública (SUCAN)

e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) (CEAP, 2003).

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No Autoritarismo (1964 – 1984) o destaque foi o golpe militar, o modelo

de saúde era hospitalocêntrico, onde o governo financiava a construção de

hospitais para a iniciativa privada. Em 1966, os IAPs foram unificados sendo

criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Em 1973 houve a

inclusão dos trabalhadores na previdência – FUNRURAL. Já em 1974 é criado

o Ministério da Previdência e Assistência Social e em 1979 discutiu-se

publicamente uma proposta de reorientação do sistema de saúde que se

contrapunha ao modelo hospitalocêntrico (CEAP, 2003).

Já na Nova república (1985- 1988) aconteceu a VIII Conferência

Nacional de Saúde, a saúde aparece como direito inerente à cidadania e à

personalidade, acontecendo também, a reformulação do sistema nacional de

saúde e o financiamento do setor de saúde. Em 1988, foi criado o Sistema

Único de Saúde firmado na Constituição da República Federativa do Brasil de

1988, que consagrou a saúde como produto social e estabeleceu as bases

legais dos municípios como responsáveis pela elaboração das políticas de

saúde (CEAP, 2003).

No período pós-constituinte (1989 – 2008), a saúde foi incluída no

capítulo da seguridade social. Foram criadas as leis orgânicas da saúde

(8080/90 e 8142/90). Este período foi considerado como normativo. Em 2001

cria-se a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), que define o

processo de regionalização da assistência, criando o mecanismo para o

fortalecimento da capacidade de gestão do SUS, atualizando os critérios de

estados e municípios (CEAP, 2003).

O processo de implementação do SUS começou por estratégias de

caráter universal a cobertura das ações de saúde, de forma gratuita e integral a

toda população, com o propósito de alterar a situação de desigualdade na

assistência a saúde.

O artigo 198, da Constituição Federal de 1988 define:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

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III – participação da comunidade. Parágrafo único – O sistema único de saúde será financiado, nos termos do artigo 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes (BRASIL, 1988, p. 124).

Para complementar esses diretrizes na sua operacionalização, através

da Lei 8080/90 em seu artigo nº 7, foram criados os seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços à saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

IV - igualdade da assistência a saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;

V - direito à informação, às pessoas assistidas sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo; a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência a saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;

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XIII - “organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos (BRASIL, 1990, p.4)

Como instrumento de regulação do SUS, foi criada a Norma Operacional

Básica – NOB em 1996, que inclui orientações operacionais, explicita e dá

conseqüência prática, aos princípios e às diretrizes do SUS, que estão na

Constituição Federal e nas Leis nº8080/90 e 8142/90, favorecendo as

mudanças essenciais no modelo de atenção à saúde no Brasil. (NOB, 1996)

A participação da comunidade surge como uma forma de controle social

que possibilita a população, através de seus representantes, definir,

acompanhar e executar a fiscalização das políticas de saúde.

A participação da comunidade na gestão do SUS: as Conferências e os

Conselhos de Saúde.

As conferências são: Fóruns amplos, onde se reúnem representantes da sociedade, profissionais de saúde, dirigentes, prestadores de serviços de saúde, parlamentares e outros, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos três níveis de governo (Artigo 1º, §2º, Lei 8.142/9º, p. 01).

Já os conselhos de saúde:

Em caráter permanente e deliberativo, órgãos colegiados composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo (Artigo 1º, §2º, Lei 8.142/90, p.01).

O pacto pela saúde de 2006 procura preservar os princípios de

diretrizes do SUS previstos na constituição e na lei orgânica da saúde, é apartir

dele, que se construiu uma pactuação dividida em três diretrizes: Pacto pela

Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS (CEAP, 2007).

O Pacto pela Vida estabelece um conjunto de prioridades sanitárias a

serem assumidas pelos gestores das três esferas, com prioridades

apresentadas em forma de metas nacional, estadual e municipal, conforme a

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realidade específica de cada gestão. Em 2006, foram pactuados seis

prioridades: a saúde do idoso, controle do câncer do colo de útero e da mama;

redução da mortalidade infantil e materna; fortalecimento das capacidades de

resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue,

hanseníase, tuberculose, malária e influenza; promoção da saúde e

fortalecimento da atenção básica. Tais prioridades procuram enfrentar os

principais problemas de saúde, que assolam o país, os estados, as regiões e

os municípios.

No Pacto pela Vida é importante a definição e vinculação de recursos

financeiros para essas prioridades. As prioridades devem atender as três

esferas e não ser determinada pela esfera federal aos municípios, porém o

município deve estar atento para que as prioridades das outras esferas

atendam as suas necessidades. O documento que deve guiar o

estabelecimento dessas metas é o Plano de Saúde (CEAP, 2007).

O Pacto em Defesa do SUS é a repolitização da discussão dos

princípios fundamentais do SUS, com envolvimento da sociedade. Tem como

primeira finalidade a promoção e efetivação do direito à saúde. Esse processo

resultou na cartilha dos usuários da saúde, que serve de instrumento para

mobilização e controle social (CEAP, 2007).

No Pacto em Defesa do SUS, outra diretriz em curto prazo é o

financiamento compatível com as necessidades de saúde por parte dos entes

federados, expressos na luta pela regulamentação da Emenda Constitucional

n.º 29 pelo Congresso Nacional, e em longo prazo o dos recursos

orçamentários e financeiros. A terceira diretriz diz respeito a priorização de

espaços de discussão com a sociedade para realização das ações previstas

(CEAP, 2007).

Já o Pacto de Gestão do SUS define com mais clareza as

responsabilidades de cada gestor, suas diretrizes tratam da regionalização,

hierarquização, financiamento, planejamento, programação pactuada e

integrada da Atenção à Saúde e da Assistência, à participação e Controle

Social, a Gestão de Trabalho e a Educação na Saúde.

No Pacto de Gestão do SUS, ressalta o esforço de reconhecer o

controle social e sua importância na gestão do SUS. Para que o controle social

tenha melhores condições de atuação, propõe-se um conjunto de ações, que

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reconhece os deveres dos gestores de destinar maior orçamento para o

exercício do controle social (CEAP, 2007).

Segundo Dallari (1988, p. 59), o direito à saúde é um termo empregado

no sentido subjetivo na reivindicação à saúde, definida como direito, deve

inevitavelmente conter aspectos sociais e individuais.

Como direito individual pode-se dizer que a pessoa tem a liberdade de

escolher em seu mais amplo sentido. As pessoas devem ser livres para

escolher aquilo que considera melhor para si, seja no aspecto de moradia, de

meio ambiente, condições de vida, trabalho, na saúde ou quando doente que

tipo de tratamento que submeteram entre outros.

Dallari (1988, p.50) diz que, por outro lado, no aspecto social, o

indivíduo deve zelar pela igualdade, ou seja, uma sociedade onde todos têm os

mesmos direitos sem discriminação. E, pensando na saúde da sociedade, é

necessário que ninguém possa impedir outrem de procurar seu bem estar ou

induzí-lo a adoecer. Essa é a razão das normas jurídicas que obrigam à

vacinação, à notificação, ao tratamento, e mesmo ao isolamento de certas

doenças, à destruição de alimentos deteriorados, e também, ao controle do

meio ambiente, das condições de trabalho. Quando se fala em direito à saúde,

se está falando em direito individual e coletivo, que envolve também, a situação

de desenvolvimento da sociedade onde se vive que depende do Estado,

aquele que tem obrigação de garantir os cuidados com a saúde.

Uma das formas de desenvolvimento da sociedade acontece por meio

do processo de educação em saúde. A educação em saúde constitui um

conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção de doenças e

promoção da saúde.

Alves (2005) tratar-se de um recurso por meio do qual, o conhecimento

cientifico produzido no campo da saúde, intermediado pelos profissionais,

atinge a vida cotidiana das pessoas, favorecendo sua autonomia e cidadania.

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4 MARCO TEÓRICO

A seguir apresentaremos o marco teórico que norteou esta pesquisa.

A definição de direito segundo Dallari (1996, p.57) vem ao encontro à

temática que vamos desenvolver nesse trabalho, pois o indivíduo tem que zelar

pela igualdade sem discriminação, no seu direito individual, mas também

pensando no coletivo, na sociedade. Todas as pessoas devem ser livres para

exercer os seus direitos à saúde, o autor deixa claro que se pode incluir nesse

contexto, as melhores condições de moradia, de trabalho, de meio ambiente. E

essa condição de direito está envolvido também, o direito individual e coletivo,

para o desenvolvimento da sociedade onde se vive.

A participação da comunidade na compreensão do direito á saúde, tem

relevante importância na municipalização dos serviços de saúde, pois

conhecendo seus direitos e também, a necessidade de garantia do direito à

saúde, muito pode ser feito pela comunidade para melhorar a saúde, os seus

serviços e alcançar o bem-estar social (DALLARI, 1996. p. 12).

Um marco importante está na Constituição Federal 1988, no artigo 198,

que trata a saúde como um direito social, o detalhamento foi regulamentado

nas leis: 8080/90 e 8142/90, que é a concepção de direito à saúde e a

participação da comunidade nas políticas de saúde.

A formulação do Pacto pela Saúde é um instrumento importante nessa

forma de saúde. Quando as três esferas de governo (federal, estadual e

municipal) juntamente com o Conselho Nacional de Saúde, rediscutiram os

princípios do SUS, foi criado esse Pacto pela Saúde, que dentre as suas

diretrizes: Pacto pela vida, Pacto de Gestão do SUS e principalmente ai, o

Pacto em Defesa do SUS que reafirma a importância da participação da

sociedade promovendo e efetivando o direito à saúde.

Dentre as metas do Pacto em Defesa do SUS está priorizar espaços

com a sociedade civil, por meio da promoção da cidadania com estratégia de

mobilização social, colocando a cidadão agindo juntamente com o governo nas

formulações e operacionalização das políticas de saúde, tornando mais fácil ao

cidadão exerce os seus direitos.

Como já citado, numa ação conjunto do Ministério da Saúde, Conselho

Nacional de Saúde e Comissão Intergestora Tripartite, foi elaborada a Carta

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dos Direitos dos Usuários da Saúde, que tem como base seis princípios

básicos de cidadania, no intuito de fazer com que o usuário conheça seus

direitos, contribuindo para a melhoria no atendimento à saúde no país.

Dos princípios da Carta de Direitos (BRASIL, 2006b):

1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde. 2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado

e efetivo para seu problema. 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento

humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação.

4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos.

5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada.

6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos.

4.1 Primeiro princípio

Quando se fala em acesso ordenado e organizado aos sistemas de

saúde, está ali incluído: o direito as ações de promoção, proteção e

recuperação à saúde, prioritariamente na atenção básica próxima de sua

moradia, nos serviços de urgência/emergência de forma incondicional, nos

casos de risco de vida ou lesão grave a uma remoção em condições seguras.

Um encaminhamento à atenção especializada e hospitalar conforme a

necessidade e indicação clínica, com apoio se necessário das centrais de

regulação ou outros mecanismos que facilitem o acesso ao serviço de

retaguarda, quando o serviço de saúde local por qualquer motivo apresentar

limitações no atendimento. O gestor local deverá resolver o problema de forma

acolhedora, prestando as devidas informações ao usuário da prioridade do

acesso na localidade disponível baseada em critérios de vulnerabilidade clínica

e social sem discriminação, informações sobre os serviços de saúde que

devem conter critérios de acesso, endereços, horários de funcionamento, nome

e horário de trabalho dos profissionais da equipe que devem estar disponíveis

aos cidadãos no local e nos espaços de controle social. Acesso também as

ações de proteção e prevenção relativos a agravos à saúde e meio ambiente,

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informações relativas a vigilância sanitária e epidemiológica e que a

acessibilidade seja sem barreiras arquitetônicas e de comunicabilidade,

oferecendo atendimento adequado especialmente para deficientes, idosos e

gestantes.

4.2 Segundo princípio

Este vem tratando dos direitos de um atendimento resolutivo de

qualidade, com garantia de continuidade da atenção, sempre que necessário,

com presteza, tecnologia apropriada e condições de trabalho para os

profissionais da saúde. Informações do seu estado de saúde e para seus

familiares e/ou acompanhantes de maneira clara, objetiva, respeitosa,

compreensível e adaptada à condição cultural, respeitando os limites éticos por

pela equipe de saúde nos diagnósticos, exames, procedimentos seja,

terapêuticos ou diagnósticos e seus objetivos, riscos, finalidades e benefícios.

No registro do prontuário devem constar de forma legível e atualizada,

motivo da internação, prescrição, avaliação da equipe, procedimentos e

cuidados prestados, registro de sangue recebido e dados para identificação da

sua origem, sorologias e prazo de validade e ainda a identificação do

responsável pelas anotações. Direito ao acesso à anestesia em todas as

situações em que houver indicação bem como para aliviar a dor e sofrimento.

As prescrições de medicamentos devem conter: nome genérico, indicação,

posologia, dosagem, sem códigos ou abreviaturas, escrita impressa,

datilografada, digitada ou em caligrafia legível com nome legível do

profissional, seu número de registro no órgão controlador e regulador da

profissão além de sua assinatura e data.

Encaminhamento para continuidade e acompanhamento em centros de

reabilitação psicossocial ou em serviços de menor ou maior complexidade,

observando: caligrafia legível, digitada, resumo da história clínica, hipóteses

diagnosticas, tratamento realizado, evolução e motivo do encaminhamento,

sem utilizar códigos ou abreviaturas com nome legível do profissional, seu

número de registro no órgão controlador e regulador da profissão além de sua

assinatura e data.

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4.3 Terceiro princípio

Fala-se de um atendimento acolhedor e livre de discriminação de forma

humanizada, sem restrições ou negação. Sendo o usuário identificado pelo

nome e sobrenome, não podendo der tratado por número, nome da doença ou

códigos de modo preconceituoso. É imprescindível aos profissionais sempre

estarem identificados por crachás legíveis, garantindo aos cidadãos a

integridade física, individualidade, respeito aos valores éticos, culturais e

religiosos, bem estar emocional, privacidade de toda e qualquer informação

durante procedimentos, diagnósticos preventivos e tratamentos. Garante

também, neste princípio ao direito de um acompanhante, de sua escolha, em

todas as situações como, por exemplo, exames, consultas, internações, pré-

parto, parto e pós- parto, e nas demais situações, ter direito a acompanhante

e/ou visita diária, não inferior a duas horas durante as internações, e em caso

de crianças e adolescentes fica assegurado a continuidade das atividades

escolares, bem como alguma forma de recreação. O paciente tem direito a ser

informado sobre as possibilidades de tratamento, considerando a relação custo

benefício, com direito a recusa, e quando, o médico não pertencer àquela

unidade hospitalar, será facultado a esse profissional o acesso ao prontuário, e

no caso relacionado a morte, o cidadão tem a opção de escolha do local de

morte.

4.4 Quarto princípio

Assegura-se o atendimento que respeite a cidadania e seus direitos

como paciente, observando os seguintes itens: a opção de um tipo de plano de

saúde que melhor lhe convier; sigilo e confiabilidade de todas as informações

pessoais, mesmo após a morte. Acesso a qualquer momento a seu prontuário

e aos dados nele registrados, e o encaminhamento de cópia a outra unidade de

saúde, em caso de transferência; recebimento de laudo médico; não ser

submetido a nenhum exame, sem conhecimento e consentimento, nos locais

de trabalho, nos estabelecimentos prisionais e de ensino, públicos ou privados.

Indicação de um representante legal de sua livre escolha, a quem confiará a

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tomada de decisões para a eventualidade de tornar-se incapaz de exercer sua

autonomia. Receber ou recusar assistência religiosa, psicológica e social; ter

liberdade de procurar segunda opinião de outro profissional ou serviço sobre

seu estado de saúde em qualquer fase do tratamento; ser prévia e

expressamente informado quando o tratamento proposto for experimental

decidindo sobre sua participação. Saber o nome dos profissionais que

trabalham nas unidades de saúde; ter acesso para apresentar sugestões,

reclamações e denúncias, sendo respeitada a privacidade. Participar dos

processos de eleição de seus representantes nas conferências, nos conselhos

nacional, estadual, do Distrito Federal, Municipal e Regional ou Distrital de

saúde e conselhos gestores de serviços.

4.5 Quinto princípio

Neste princípio se assegura as responsabilidades que o cidadão

também deve ter para com o seu tratamento. Todo cidadão deve se

comprometer a prestar informações apropriadas nos atendimentos, sobre

queixas, enfermidades e hospitalizações anteriores, história de uso de

medicamentos, reações alérgicas e demais indicadores de sua situação de

saúde; manifestar a compreensão sobre as informações e em caso subsistam

dúvidas, solicitar esclarecimentos sobre elas. Seguir o tratamento

recomendado pelo profissional e pela equipe de saúde, participando

ativamente do projeto terapêutico; informar ao profissional de saúde sobre

qualquer mudança de sua condição de saúde; assumir responsabilidades pela

recusa a procedimentos ou tratamentos fornecidos pela equipe de saúde.

Contribuir para o bem-estar de todos que circulam no ambiente de

saúde, evitando principalmente ruídos, uso de fumo, derivados do tabaco e

bebidas alcoólicas, colaborando com a limpeza do ambiente. Ter sempre

disponíveis seus documentos e resultados de exames; atentar para situações

em que sua saúde esteja em risco e as possibilidades de redução da

vulnerabilidade ao adoecimento. Participar de eventos de promoção de saúde e

desenvolver hábitos e atitudes saudáveis que melhorem a qualidade de vida.

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4.6 Sexto princípio

Finalmente, assegura o comprometimento dos gestores para que os

princípios anteriores sejam cumpridos, comprometendo-se à: promover o

respeito e o cumprimento desses direitos e deveres para sua efetivação;

adotando providências necessárias para subsidiar a divulgação dessa

declaração formalizada; incentivar e implementar formas de participação dos

trabalhadores e usuários nas instâncias e nos órgãos de controle social do

SUS. Promover atualizações necessárias nos regimentos e/ou estatutos dos

serviços de saúde, adequando-os a esta declaração. Adotar formas para o

cumprimento efetivo da legislação e normatizações do sistema de saúde.

Toda essa contextualização sobre os direitos à saúde nos serviu de

base para elaboração do marco teórico, sendo considerado um conjunto de

direitos e deveres sociais, onde todos devem conhecer em sua integralidade,

para exercer plenamente sua cidadania.

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5 METODOLOGIA

5.1 Tipo de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo descritivo exploratório.

Opta-se pela pesquisa qualitativa, pois ela é apropriada para verificar

como problemas acontecem e como se apresentam. Com esse tipo de

pesquisa, tenta-se compreender um problema da perspectiva dos sujeitos que

o vivenciam, partindo então, da vida diária desse sujeito, bem como, de sua

satisfação, desapontamentos, surpresas, outras emoções e desejos, assim

como também na perspectiva do próprio pesquisador (LEOPARDI, 2002).

De abordagem descritiva, pois é um estudo caracterizado pela

necessidade de se explorar uma situação não conhecida, da qual se tem

necessidade de maiores informações. Pretende-se descrever, com a exatidão

possível os fatos ou fenômenos de determinada realidade e exige do

pesquisador, várias informações sobre o que se deseja estudar, ou seja, o

pesquisador deverá saber escolher com muita eficiência os instrumentos, que

mais se adequam para efetuar a coleta de informações (LEOPARDI, 2002).

É exploratória, pois pretende investigar uma temática sobre problemas

nos quais há escasso conhecimento acumulado e sistematizado. Para Tobar

(2001), as pesquisas exploratórias descrevem características de determinada

população ou determinado fenômeno, não partindo de hipóteses, e sem

compromisso de explicar os fenômenos que descreve.

A pesquisa foi desenvolvida com usuários que utilizam os serviços de

atenção básica de saúde, para conhecer a concepção que os mesmos têm

sobre os seus direitos à saúde, visando uma aproximação com a realidade e

as vivência dos sujeitos sobre o tema.

5.2 Espaço e sujeitos da pesquisa

O espaço desta pesquisa foi escolhido levando em consideração a

conveniência e interação que assegurasse o êxito do trabalho, selecionou-se 8

(oito)Unidades Básicas de Saúde, aleatoriamente, por sorteio simples a partir

das 19 (dezenove)unidades de saúde que compõem a rede municipal do

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município de São José. A escolha deu-se pelo livre e sequenciado acesso dos

sujeitos da pesquisa em busca dos serviços de saúde oferecidos.

Para garantir representatividade, seleciona-se 5 (cinco) usuários em

cada uma das 8 (oito) Unidade de Saúde sorteadas dentre os que utilizavam os

serviços no momento da seleção para está pesquisa. A amostra foi selecionada

assim, para garantir variabilidade dos sujeitos a serem entrevistados.

O primeiro passo para conhecer o perfil dos usuários entrevistados foi

fazer um levantamento destes dados coletados nos questionários, que mostrou

informações correspondentes a suas características.

A caracterização dos 40 usuários entrevistados estava inserida no inicio

do questionário: sexo, faixa etária, estado civil e escolaridade.

Pelo gráfico pode-se perceber que dos 40 entrevistados, 24 eram do

sexo feminino, correspondendo a 60% dos participantes da pesquisa e o

restante, 16 participantes, ou seja, 40% eram do sexo masculino, esse dado

nos mostra que as mulheres usam mais os serviços de saúde da UBS’s.

Estudos de Travassos et. al. (2002), sobre o perfil de utilização dos

serviços de saúde por homens e mulheres, confirmam que as mulheres

utilizaram mais os serviços de saúde. Foi constatado que as mulheres brancas,

com maior escolaridade, maior poder aquisitivo, empregadas no setor formal da

economia e pertencentes a famílias chefiadas por homens, apresentou as

maiores chances de uso de serviços de saúde na presença de restrição de

atividade por motivo de saúde. E ainda, também é possível que as donas de

casa disponham de mais tempo livre para consumir serviços de saúde, já que

não submetidas a uma dupla jornada de trabalho.

Figura 1 Distribuição dos usuários segundo sexo

60%

40%

Feminino

Masculino

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Segundo faixa etária, o extrato apresentou-se homogênio entre as faixas

de 20 a 30 anos dos entrevistados, que correspondem a 25% do total,

entretanto, destacou-se os participantes das faixas de 51 a 60 anos

representando 30%, que correspondem a 55% dos entrevistados.

Os dados acima mostram que, dos entrevistados vinte oito deles eram

casados, o que corresponde a 70% do total, oito são solteiros, ou seja, 20%,

um viúvo, 2,5%, dois são divorciados, sendo 5% e um apenas não respondeu a

pergunta.

Figura 2 D istribuição dos usuários segundo faixa etária (idade)

25,00%17,50%

15,00%

30,00%12,50%

20-30

31-40

41-50

51-60

61-70

Figura 3 Distribuição dos usuários de acordo com o estado civil

20%

70%

2,50% 5% 2,50%

solteiro

casado

viúvo

divorciado

não respondeu

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Costa e Loyola Filho (2008) relataram em sua pesquisa ser controversos

a relação do estado civil e o uso dos serviços de saúde, pois um estudo

realizado na Holanda mostrou uma associação entre maior uso de serviços de

saúde e ser viúvo ou divorciado, independente de diversos fatores. Em outro

estudo na Noruega e Finlândia já não se encontrou associação entre uso de

serviços e estado conjugal. No Brasil, esse comparativo ainda não foi bem

realizado, e depende de um estudo mais aprofundado, além de associação

com características sócio-demográficas, condições de saúde e estilo de vida.

Figura 4 Distribuição dos usuários segundo escolaridade

15%

25%

37,50%

17,50%

5%

Primário

1º grau

2º grau

3º grau

não sabia

No gráfico, é importante notar que dos entrevistados, seis deles

possuem somente o primário representando 15%%, 10 possuem ginásio ou 1º

grau, dez deles sendo 25%, 2ª grau temos 15 participantes, ou seja, 37,5%, 3º

grau tem-se sete representando 17,5% e não sabia dizer apenas dois

participantes, que é 5% do total. Neri e Soares (2002) apud Noronha e Viegas

(2002) relatam que, o grau de escolaridade maior estaria relacionado ao

acesso aos serviços de saúde pública e o plano de saúde, além de ter uma

melhor percepção dos efeitos do tratamento sobre a saúde, das especialidades

médicas para cada tipo de tratamento.

5.3 Coleta e devolução dos dados

A coleta de dados foi feita nos meses de Outubro e Novembro de 2008,

através de formulário com 9 questões.

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Os formulários caracterizam-se por ser uma lista informal destinado à

coleta de dados resultantes de observações ou interrogações, cujo

preenchimento é feito pelo próprio investigador. As questões são de perguntas

abertas, sendo preenchidos os dados na medida em que pergunta ao

entrevistado (LEOPARDI, 2002).

O formulário abordou questões a respeito de saúde, de direito à saúde e

sua garantia, alem das vivências pessoais relacionadas à temática. (Apêndice

1).

Como forma de contribuir para a emancipação da população participante

da pesquisa, desenvolve-se durante o estágio curricular das 180 horas, oficinas

de divulgação do direito à saúde.

Para isso, elabora-se um folder (anexo II) sobre o tema, baseado na carta

dos direitos dos usuários da saúde, como forma de esclarecer e motivar a

mobilização popular para a garantia do direito à saúde.

Optou-se pela elaboração de oficinas, por considerá-las um processo de

educação que propicia o diálogo, aproxima as pessoas, além de transformar as

práticas existentes, possibilitar o desenvolvimento da autonomia e da

responsabilidade social com a saúde.

5.4 Análise e interpretação dos dados Para essa etapa foi utilizado o discurso do sujeito coletivo. Optou-se por

este método, pois é um método estratégico que é composto de um ou vários

discursos-síntese, extraindo a idéia central ou ancoragens e suas

correspondentes expressões chaves das respostas analisadas com as idéias

centrais/ancoragens e expressões chaves semelhantes, compõe-se um ou

vários discursos-síntese que são os Discursos do Sujeito Coletivo (LEFÈVRE,

2008).

Segundo Lefèvre e Lefèvre (2005) para confeccionar os DSCs devem

ser criadas as seguintes figuras metodológicas:

• Expressões chave (ECH): são pedaços, trechos ou transcrições literais

do discurso, que devem ser sublinhadas, iluminadas, coloridas pelo

pesquisador, e que revelam a essência do depoimento;

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• Idéia Central (IC): nome ou expressão lingüística que revela e descreve

de maneira sintética, o sentido de cada um dos discursos analisados;

• Ancoragem (AC): é a manifestação lingüística explícita de uma dada

teoria, ou ideologia, ou crença do autor do discurso.

Com a leitura dos formulários, constrói-se uma grade de análise

(Apêndice III) com dados das repostas. A cada resposta foram destacadas as

expressões chave e suas idéias centrais, que posteriormente, compuseram o

discurso síntese, revelando o pensamento do grupo como se fosse um discurso

individual.

5.5 Considerações éticas

A pesquisa foi cadastrada no CONEP sob o nº21011 e submetida ao

Comitê de Ética da Univali sob o nº 450/08 conforme (anexo I).

Ao realizar pesquisa com seres humanos teve-se o cuidado de garantir e

respeitar os preceitos éticos do código de ética de enfermagem, aos quatro

princípios da bioética e da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Com a preocupação de assegurar a proteção aos sujeitos da pesquisa por

meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o sigilo e anonimato das

informações restritas do trabalho e o direito de desistirem do estudo a qualquer

momento.

Na história a primeira regulamentação sobre ética em pesquisa foi o

Tribunal Militar Internacional que processou dez nazistas, que haviam feito

experimentos com seres humanos nos campos de concentração, chamado

Código de Nuremberg, uma declaração com dez itens que resume o que seria

permitido em pesquisa médica com seres humanos (CONEP, 2007)

Destaca-se, o primeiro tópico que trata do consentimento voluntário,

onde a pessoa que será submetida à pesquisa deve ser capaz legalmente de

dar o consentimento, com direito de escolha, sem intervenções quaisquer

(força, fraude, coação, mentira) devendo ter conhecimento suficiente do

assunto de estudo. Devem ser explicadas as pessoas à natureza da pesquisa,

sua duração e o porquê do experimento, como será feito, seu efeito sobre a

saúde que eventualmente podem ocorrer (CONEP, 2007).

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A seguir veio a Declaração de Helsinque de 1964, o Convênio sobre

Direitos Humanos e a Biomedicina em 1997 e no mesmo ano, a Declaração

Universal sobre Genoma Humano e os Direitos Humanos (CONEP, 2007).

No Brasil, Regulamentado pelas Diretrizes e Normas de Pesquisa em

Seres Humanos, da Resolução 196 estabelecida em Outubro de 1996 pelo

Conselho Nacional de Ética, com intuito de garantir e avaliar os princípios

éticos de projetos de pesquisa por meio de três princípios básicos: a

beneficência, o respeito à pessoa e a justiça, com todos os envolvidos na

pesquisa: o sujeito da pesquisa, o pesquisador, o trabalhador das áreas onde a

pesquisa de desenvolve e a sociedade (GOLDIM, 1997-2005).

Conforme o capítulo IV da CNS 196/96:

O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa.

Para isso, foi elaborado o consentimento informado, que é um meio legal

de garantir a voluntariedade dos participantes, buscando preservar a

autonomia de todos os sujeitos. O processo de consentimento informado deve

fornecer informações completas, incluindo os riscos e desconforto, os

benefícios e os procedimentos que serão executados, com uma redação clara

que permita o indivíduo à compreensão do documento, e registrado em um

documento denominado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

que deve ter sua redação aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Esse

documento é a garantia que o participante é voluntário e que se negar a sua

participação não é passível de qualquer censura ou desaprovação (GOLDIM,

1997-2005)

Ainda com base na resolução 196/96, e seguindo os quatros referenciais

básicos da bioética (beneficência, autonomia, não maleficência e justiça), ao

realizar essa pesquisa teve-se o cuidado básico com o sujeito da pesquisa:

esclarecendo aos sujeitos sobre a temática do estudo e esclarecendo as

duvidas dos sujeitos; permitindo ao sujeito a decisão de participar da pesquisa

e esclarecendo sobre a possibilidade de desistência a qualquer momento, sem

ônus para a pessoa; garantindo o anonimato, confidencialidade e privacidade e

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que as informações prestadas não seriam utilizadas para a pessoa/ou

comunidade; respeitando seus valores culturais, morais, religiosos e éticos,

além de seus hábitos e costumes; respeitando esses princípios, utilizou-se o

TCLE (apêndice II), para ficar claro e bem entendido pelo sujeito a nossa

pesquisa.

A abordagem nas Unidades foi de forma humanizada e acolhedora no

momento em que os sujeitos chegavam ao serviço para utilizar os mesmos ou

no momento da espera para consultas e realização dos procedimentos. ‘

Sempre procurou-se nos identificar e explicar de forma clara todo o

procedimento da pesquisa a ser realizada.

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6 A CONCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DO SUS SOBRE SEUS DIREITOS Neste capítulo, apresentar-se as concepções dos usuários do SUS

sobre a definição de saúde, e direito à saúde, a responsabilidade pela garantia

do direito, os planos privados como forma de acesso, as situações vivenciadas

cotidianamente, além da percepção de direitos e deveres enquanto usuários.

Tais questões foram discutidas a partir dos discursos coletivos associadas as

experiências que emergiram durante as oficinas de direito à saúde.

6.1 A definição de saúde para os usuários do SUS

O conceito de saúde, ao longo do tempo tem, passado por mudanças,

não sendo visto apenas os aspectos biológicos, envolvendo também aspectos

sociais e econômicos da população, sendo assim, resultado também de ações

políticas. Vasconcelos e Pache (2006) falam que, saúde e organização de

serviços são, nesta medida, espaços de disputa, de afirmação ou de negação

de direitos e de necessidades.

Quando questionados sobre o entendimento de saúde, em geral os

entrevistados tiveram dificuldade em discorrer sobre o assunto.

A partir dos tratamentos dos dados e considerando a idéia que ancora o

discurso, elaboraram-se dois DSC:

Obtivemos o seguinte discurso coletivo:

Saúde é tudo. Não ter doença nenhuma, não depender

dos outros, não ter limitações, não tomar remédios, nem

precisar de médico (DCS).

Para os entrevistados a definição de saúde está ligada aos aspectos

biológicos, ou seja, a ausência de doença, não depender de assistência

médica, de remédios. Tal conceito nos leva a crer que para os sujeitos, ter

saúde remete ao exercício da autonomia plena, sem dependência de qualquer

pessoa/medicamento. Autonomia no sentido de ter sua capacidade funcional

plena e poder desenvolver suas atividades sem interferências externas ou

problemas de saúde.

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Para Vasconcelos e Pache (2006), ao longo do tempo, o conceito de

saúde vem sendo modificado, adquirindo conexões com outros campos de

ação da vida humana devendo estar integrada com aspectos sociais da

sociedade.

Já na perspectiva de Almeida et. al. (1998), deve-se considerar saúde e

doença como estados de um mesmo processo, composto por fatores

biológicos, econômicos, culturais e sociais.

A concepção de saúde importa uma visão afirmativa, que a identifica

com bem-estar e qualidade de vida, e não simplesmente com ausência de

doença. A saúde ao longo dos anos deixou de ser um estado estático,

biologicamente definido, para ser compreendida como um estado dinâmico,

socialmente produzido. Nesse sentido, a intervenção visa não apenas a

diminuição do risco de doenças, mas um aumento das chances de saúde e de

vida. Para isso, é necessário intervenções multi e intersetoriais sobre as

determinantes do processo saúde-enfermidade que devem representar a

essência das políticas públicas saudáveis (BUSS, 2000).

O reconhecimento dos aspectos sociais na saúde exige uma nova

maneira de pensar e atuar na saúde. A atual política de saúde no Brasil oferece

ações de atenção à saúde, que reúne ações promocionais, preventivas e

assistenciais, para que o atendimento integral e a assistência proporcionem

mais qualidade de vida e melhora da saúde da população.

Indo a este encontro, os entrevistados relatam:

Saúde depende do estado de espírito e bem estar físico

e mental, depende de ter as necessidades básicas como:

casa, comida trabalho garantidos. É estar de bem com a

vida (DSC).

Viu-se, então, que os usuários percebem que a saúde está ligada

também, a aspectos biopsicossociais e não apenas biológico. Sendo assim,

fica claro que ter saúde engloba condições de vida digna com moradia,

saneamento básico, alimentação, educação, que fazem parte dos direitos

sociais, permitindo que possa ter possibilidade de um espaço digno na

sociedade, usufruindo, assim de sua cidadania.

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Segundo Oliveira (2006), os direitos sociais, devem ser resgatados e

debatidos, pois é onde está inserida a maioria dos direitos à saúde. Sendo

assim concretizado o que traz o texto da constituição federal.

Para que essa saúde seja concreta, e tornando efetiva aquilo que mostra

a Constituição Federal por meio da Lei 8080/90 em seu artigo 3º:

A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso a bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País (BRASIL, 1990, p. 1).

São necessárias maiores ações públicas para transformar os direitos

sociais de fato e condições de vida adequadas para alcançar a cidadania e a

saúde.

A definição dada por Nunes (2006), saúde é uma qualidade inata do

homem e está compreendida como resultante de condições concretas de vida

(renda, alimentação, condições de trabalho e moradia, etc.), exemplificando

isso.

O conceito de saúde estabelecido pela Organização Mundial de Saúde

(OMS), como o estado de “pleno bem-estar físico e mental”, e não apenas

ausência de doença, tem uma formulação estrategicamente positiva em

relação à saúde. Entretanto, a operacionalização desse conceito enfrenta

dificuldades, especialmente na definição do que venha a ser bem-estar

(DUNCAN et. al. 2004).

Amadigi (2005) apud Berlinguer (2004), traduz saúde como um bem

indivisível, que, ao mesmo tempo em que representa um dos processos mais

íntimos do indivíduo, representa um dos fenômenos mais ligados à vida

coletiva.

De posse desses conceitos fica claro que a saúde está relacionada com

diversos fatores, o estar bem, depende não apenas de ações na saúde, mais

também se ações no campo social com moradia, emprego, saneamento

básico. Falar hoje em saúde, deve se levar em conta como o homem se

relaciona como seu meio social e ambiental, caso contrario é voltar a época em

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que a doença era um fenômeno meramente biológico, desprovido de qualquer

interferência que não fosse o homem e seu corpo.

De acordo com o nosso entendimento e, analisando os discursos que se

formaram, observamos que no primeiro a concepção de saúde relaciona-se

exclusivamente aos fatores biológicos, características da concepção

biologicista de saúde, defendida pelo modelo flexneriano. Por outro lado, o

segundo discurso associa saúde às necessidades básicas de estar bem, à

condições de saneamento básico, emprego, moradia, alimentação. Discurso

este que vai ao encontro do que preconiza o SUS, relacionando-a não só a

aspectos biológicos, mas também aspectos sociais.

A Legislação Brasileira conceitua saúde como direito do cidadão,

garantido pelo Estado, por meio do acesso universal aos serviços de saúde,

com tratamento adequado, atendimento humanizado, respeitando a pessoa do

cidadão, seus valores e seus direitos como trás a carta dos direitos do usuário.

6.2 O entendimento de direito à saúde

Para considerar o papel dos usuários na construção dos direitos a saúde

na relação com os profissionais e serviços de saúde em nosso instrumento de

pesquisa, pedimos para que os pesquisados definissem seu entendimento

sobre direito à saúde, o discurso coletivo que se segue:

É quando o SUS funciona. Direito que todo cidadão tem,

a um atendimento digno e disponível quando necessário.

Saúde básica que o governo deveria fornecer é direito

constitucional de prevenção e proteção independente da

situação financeira, direito a não esperar, as fontes vêm

das contribuições (DSC).

O sujeito traz a concepção de que o direito a saúde está ligado ao

acesso e atendimento na saúde pública, no Sistema Único de Saúde (SUS), a

antiga fórmula de saúde onde se tinha direito aqueles que contribuíam ao

antigo INPS, hoje, previdência social. Modelo utilizado na era do autoritarismo

(1964-1984), mais especificamente em meados de 1973, quando criou se a

previdência e assistência social.

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A realidade atual, período pós-constituinte, o modelo está mudado com a

promulgação da lei nº 8080/90 e 8142/90 a assistência a saúde engloba ações

de promoção, prevenção e assistência a saúde.

O financiamento do SUS é realizado via pagamento de impostos e

contribuições sociais, essa forma de financiamento do SUS está instituída na

emenda constitucional n.º 29/2000, que inclui o orçamento da saúde às três

esferas do governo, definindo a receita mínima específica de municípios e

estados, estipulando as despesas da União com base nos recursos utilizados,

acrescidos da variação nominal, anual, do Produto Interno Bruto (PIB)

(DUNCAN et. al. 2004).

Aos gestores cabe administrar os recursos e prestar conta ao conselho

de saúde, infelizmente essas diretrizes não são seguidas em muitos municípios

(VASCONCELOS, 2006).

Este fato poderia ser minimizado pela atuação dos conselhos municipais

de saúde, por meio da participação da comunidade na gestão do SUS.

Assim com a participação da comunidade, no controle social, fica mais

claro como os recursos são empregados.

O direito à saúde é acesso, atendimento, financiamento, controle social,

mais do que isso, a carta dos direitos dos usuários da saúde trata dos seis

princípios básicos para que o usuário conheça e tenha assegurado seu

ingresso digno no sistema de saúde.

No entendimento do usuário fica explicita a idéia de que o direito à

saúde é um dever do Estado e cabe a ele, garantir o acesso às condições

básicas de vida (saúde, trabalho, transporte, educação). Enquanto a

população, por sua vez, contribui por meio do pagamento de impostos e da

gestão através do controle social. Entretanto, verifica-se que essa garantia

muitas vezes é influenciada pelos diferentes modos de organização da

sociedade, daí a importância de conhecer e exercer seus direitos.

Por isso, nas oficinas desenvolvidas abordamos o tema enfatizando os

princípios que percebe-se não ser bem claro no entendimento dos usuários,

além de entregar o folder e mostrar o que significava cada princípio.

Apesar do respeito aos direitos do usuário fazer parte do código de ética

dos profissionais da saúde, dos princípios do SUS e também, da carta dos

direitos do usuário da saúde, essa vivência demonstrou que alguns

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profissionais ainda têm resistência ao tema. Entretanto, enquanto profissionais

da saúde devemos informar e esclarecer aos usuários sobre seus direitos, para

facilitar a compreensão do seu atendimento na saúde, seja na prevenção,

promoção ou tratamento de doenças, dando ao sujeito a possibilidade de agir e

exercer sua autonomia na tomada de decisão e no exercício de sua cidadania.

6.3 Quem deve garantir o direito à saúde

O direito deve ser garantido pelo Estado, mas não dispensa cada

indivíduo da responsabilidade do seu auto cuidado e de participação nesse

processo. No que diz respeito a quem deve garantir o direito á saúde, os

entrevistados disseram:

Os governos devem garantir o direito à saúde, pois são

eles que recebem nossos benefícios e eles que repassam

para os estados e municípios, cumprindo assim o que

está na constituição federal do país. Estas autoridades,

então repassam as verbas para hospitais e ambulatórios,

direcionando assim para nós que somos a comunidade,

pois assim temos o direito à saúde como cidadãos, já que

eles arrecadam nossos impostos (DSC).

O discurso formado trás a concepção de que os governos são os

responsáveis em garantir o direito à saúde.

A Constituição Federal e nas Leis nº 8080/90 e 8142/90, a Norma

Operacional Básica (NOB) e o sexto princípio da carta dos direitos dos usuários

da saúde asseguram o comprometimento dos gestores com a saúde

favorecendo o modelo de atenção no Brasil.

Em seus escritos, Dallari (1996) lembra que, o direito a saúde é um

direito social individual e coletivo, pois o indivíduo tem que zelar pela igualdade

sem discriminação, no direito individual, mas também, pensando no coletivo,

para desenvolvimento da sociedade onde se vive.

Fica evidente a dificuldade existente em garantir os direitos à saúde

quando se considera a amplitude do significado do termo saúde e a

complexidade do direito que depende do equilíbrio entre a liberdade e a

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igualdade, permeado pela necessidade de reconhecimento do direito do Estado

ao desenvolvimento. Encontrar o meio de garantir efetivamente o direito à

saúde é tarefa que se impõe de modo iniludível aos atuais constituintes

brasileiros. Não basta apenas declarar que todos têm direito à saúde; é

indispensável que a Constituição organize os poderes do Estado e a vida social

de forma a assegurar a cada pessoa o seu direito (DALLARI, 1988).

A forma de o cidadão garantir seu direito à saúde é ter conhecimento

dos seus direitos além de participar das ações de controle social, possibilitando

ao usuário o exercício de sua cidadania.

Dallari (1988, p.62) diz:

Quando o Brasil reconhecer constitucionalmente que todo o povo tem direito à saúde e que esse direito tão complexo só pode ser definido e garantido pelo município, se terá dado o primeiro passo para a conquista efetiva da saúde para todos.

O sexto princípio da carta destaca exatamente compromisso dos

gestores no cumprimento dos direitos e deveres apresentados pelos 5

princípios anteriores, além de incentivar a participação de trabalhadores e

usuários no controle social do SUS.

Durante as oficinas de educação e saúde, a população demonstrou

desconhecer o conselho local de saúde e algumas vezes até afirmou a

inexistência do mesmo em sua comunidade.

Sendo o conselho local de saúde, um instrumento importante de

participação da comunidade nas ações de saúde, esse desconhecimento

sugere que não há participação efetiva da comunidade. Contudo, quando

existe conselho local a divulgação das ações são insuficientes na comunidade,

e o interesse na participação é baixo por parte da população.

O discurso trás a idéia de quem deve garantir os direitos, mais é

importante salientar que, a participação da comunidade no controle das ações

do governo é fundamental, tornando assim, a garantia dos direitos à saúde um

papel de toda a sociedade.

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6.4 A adesão ao plano de saúde privado como garantia do acesso ao direito

A busca pelo serviço privado de saúde, muitas vezes está relacionado à

qualidade da assistência prestada, por isso resolvemos levantar o

questionamento a respeito de plano de saúde privado e o que levou o usuário a

contratá-lo.

Dentre os participantes da pesquisa verificamos que 55% do total de

participantes têm plano privado e 35% não possuem plano de saúde e 5% se

abstiveram de responder ou não deixaram claro.

Diante do questionamento de plano de saúde privado obtivemos o

seguinte discurso:

Não, não tenho dinheiro, nem salário, então prefiro

esperar pelo posto (DSC).

No primeiro momento percebemos que o sujeito remete o uso do SUS à

falta de condições financeiras.

Entretanto, ao longo da história a implantação do SUS começou por

estratégias de caráter universal a cobertura das ações de saúde de forma

gratuita e integral a toda população, com o propósito de alterar a situação de

desigualdade na assistência a saúde (BRASIL, 2006c).

Por isso, deve-se valorizar a nova concepção de saúde originada pela

implantação do SUS, pois, oferece assistência e ações de saúde a todos,

independente de poder aquisitivo e social, como um direito universal de acesso

gratuito.

Mesmo diante do citado acima, 55% dos entrevistados possuíam algum

tipo de plano de saúde. Então, um segundo discurso de formou:

Sim, pela dificuldade e a demora no atendimento pelo

SUS, não dá para esperar muito. O governo não dá

assistência necessária, a saúde pública está falida. O

plano de saúde ainda é melhor que o SUS, facilita as

coisas, melhora o acesso as consultas, quando se

precisa é mais rápido (DSC).

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O sujeito relata que possui plano privado pela qualidade no atendimento

prestado pelo SUS no que diz respeito a demora dos serviços.

As dificuldades do SUS são conhecidas, porém não podemos esquecer

que o SUS não é apenas um plano de saúde, é um sistema, formado por várias

instituições dos três níveis de governo e pelo setor privado que são contratados

e conveniados para realizar serviços e ações de saúde. É um sistema único,

porque tem a mesma filosofia de atuação em todo território nacional e é

organizado com uma mesma lógica (IDEC, 2006. p. 12).

O sistema de saúde brasileiro conta com atuação dos setores públicos e

privado no provimento e financiamento dos bens e serviços de saúde. O setor

de saúde suplementar, caracterizado pelo financiamento privado, representa

uma importante e significativa parcela do mercado de assistência médica no

Brasil (ANDRADE e MAIA, 2009).

Neri e Soares (2002) realizaram uma pesquisa sobre desigualdade

social e saúde no Brasil, e constataram que indivíduos pobres e não-pobres

possuem diferentes necessidades de cuidados com a saúde. Identificaram

também a desigualdade entre aqueles que possuem planos de saúde, pois se

observa que aproximadamente 25% da população brasileira têm algum plano

de saúde, sendo que, desses, 25% são detentores de plano de assistência ao

servidor público. Dos 10% mais pobres, cerca de 2,8% possuem algum plano

de saúde, enquanto que dos 10% mais ricos esse número chega a 74%. Na

pesquisa os sujeitos em seu discurso alegam que a opção pelo plano de saúde

está relacionada à demora e dificuldade no atendimento do SUS.

Não se podem comparar serviços distintos com a mesma finalidade,

deve-se lembrar que, mesmo quem possui plano privado utiliza de alguma

forma os serviços do SUS, como em campanhas de vacinação, controle de

medicamentos, transplantes e hemoderivados entre outros.

No discurso, percebeu-se a insatisfação do usuário com os serviços

prestados e que ainda não é o ideal. Sabe-se que devem ser melhorados, ter

mais recursos disponibilizados, maior comprometimento e organização da

sociedade para melhoria na qualidade da saúde pública.

O acesso da população à saúde deve ter a garantia de serviços que

possibilitem a obtenção de cuidados de saúde de acordo com as suas

necessidades e esse é o objetivo do SUS.

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6.5 O cotidiano dos usuários do SUS

Os serviços de saúde devem estar organizados e ter capacidade de

atender as necessidades da população com assistência integral, de forma

contínua sempre que necessário, com ações humanizadas e acolhedoras que

resultem na resolutividade.

Aborda-se questões que focavam os principais serviços utilizados, nas

situações onde os usuários percebiam que seu direito não era respeitado e nas

atitudes tomadas pelos mesmos diante da negação de seus direitos.

a) Os serviços utilizados no SUS

No que diz respeito aos serviços utilizados, durante a pesquisa nas

Unidades de Saúde, percebe-se que a procura dos usuários voltava-se

essencialmente para tratamento de saúde, seja em consultas médicas,

odontológicas ou simplesmente para pegar remédios. Entretanto, uma pequena

parcela dos participantes demonstrou procurar o serviço para acompa-

nhamento de saúde e adoção de medidas preventivas.

Segundo os usuários,

Os serviços de saúde que mais uso são:

exames, vacinas,consultas com dentista, médico,

enfermeiro. Uso também o hospital, e o posto de

saúde para pegar remédios e para os serviços

básicos. Muitas vezes é difícil de marcar, mas,

sempre utilizo tudo que posso, mesmo que

demore (DSC).

Os sujeitos em seu discurso demonstraram fazer uso de praticamente

todos os serviços oferecidos pelo SUS, atenção primária, secundária e

terciária.

Dal Poz e Viana (2005) falam que, o modelo de saúde inscrito na

constituição brasileira de 1988, definiu o princípio do universalismo para as

ações de saúde, a descentralização municipalizante e um novo formato

organizativo para os serviços, sob a lógica da integralidade, da regionalização

e da hierarquização, com definição de porta de entrada. Além disso, as ações

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preventivas e curativas passaram a ser responsabilidade dos gestores

públicos.

Assim, a porta de entrada na saúde deve ser pelas unidades de saúde e

seus serviços, como estratégia, do Ministério da Saúde, propondo reorganizar

a prática assistencial nos serviços de saúde, a minimizar as desigualdades

existentes e garantir o direito dos cidadãos à saúde, lançam o Programa de

Saúde da Família (PSF) no ano de 1994, que, posteriormente, consolidou-se

como estratégia de reorganização e passa a ser conhecido como Estratégia de

Saúde da Família.

Quando houver necessidade de uma assistência especializada, usuário

deve ser referenciado a serviços de maior complexidade, como policlínicas e

hospitais através do centro de saúde. Nos casos de urgência e emergência

pode ser encaminhado para a Unidade de pronto–atendimento ou emergência

hospitalar. Esse fluxo deve ser seguido e após a resolução do caso, o usuário

deve ser contra-referenciado à Unidade de saúde próxima de sua residência,

permitindo o acompanhamento e o controle da saúde pela equipe de saúde

local.

Percebe-se que, toda essa programação está se aperfeiçoando para

melhorar os serviços e proporcionar acessibilidade os usuários, possibilitando

ao sujeito a oportunidade de utilizar diversos serviços oferecidos pelo SUS,

desde aqueles de atenção básica aos de média e alta complexidade, ou seja,

acesso universal aos serviços de saúde.

b) situações de negação do direito à saúde e atitudes de cidadania

O cotidiano da saúde quando não se constrói uma relação de trabalho

como direito à saúde, reproduz-se situações de limitações, dificuldades

negação do acesso aos serviços, resultando na negação do direito de fato e

levando algumas vezes a atitudes desconcertadas.

A garantia de acesso aos serviços de saúde deve ser reconhecida pela

população para poder ser efetivado. Diante do exposto questionamos os

sujeitos para que descrevam seus direitos à saúde que lhes foram negados:

Sim, todas as pessoas que conheço tiveram dificuldades,

também já ouvi pelo rádio e TV. Por falta de médico,

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exames, problemas nas emergências dos hospitais,

cirurgias, até para pegar receita. É difícil, tudo é muito

demorado, tem fila de espera, teve médico que ofendeu

uma pessoa com palavras e atitudes e se recusou a

atender (DSC).

O discurso do sujeito demonstra sua insatisfação com os serviços de

saúde prestados. Muitas vezes tendo de recorrer a veículos de comunicação

para garantir a assistência.

Quando o usuário procura o serviço de saúde ele busca resolutividade

do seu problema, muitas vezes não sendo atendido por diversos motivos.

Nas vivências, percebeu-se que a procura por atendimento normalmente

é maior que a possibilidade de oferta dos serviços. Associado a oferta nos

depara-se com diversas questões de cunho gerencial que influenciam

diretamente a assistência prestada aos usuários e a garantia do seu direito à

saúde. Dentre elas, pode-se destacar: o processo de trabalho das equipes

centrado no atendimento médico; a falta de recursos (humanos e materiais); a

desmotivação pessoal. A não resolução destas questões dificulta ainda mais o

acesso as ações de saúde, o acolhimento e o vínculo com a população.

Quando a população conhecer de fato seus direitos como usuários da

saúde, ela vai saber exigi-la no seu dia-a-dia, sempre que houver a negação,

utilizando-se dos recursos certos para o cumprimento da lei.

Diante do exposto de negação da questão anterior, questionamos aos

sujeitos, a respeito de qual atitude tomada quando teve seu direito negado? A

situação foi resolvida como? O DSC é o seguinte:

Foram várias situações, muitas vezes fui embora sem

fazer nada; eu conversei com a responsável pela unidade

de saúde e fiz reclamação, me direcionei para outro posto

e assim consegui atendimento, outras vezes cansei de

esperar e fui para o hospital. Já até paguei particular, pois

tinha urgência e depois trouxe para o médico do posto vê.

Já acionei a ouvidoria e até mesmo a mídia e aí no outro

dia aconteceu à internação que eu precisava (DSC).

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O discurso demonstra a insatisfação com os serviços da unidade básica

além da falta resolutividade quando procurou o responsável pela Unidade e até

mesmo na ouvidoria do município.

Como já foi mencionada anteriormente a porta de entrada no

atendimento de saúde pública são as Unidades Básicas, de onde o usuário

deve ser referenciado em caso de necessidade de tratamento especializado e

novamente contra-referenciado para a Unidade após a resolução do problema

inicial para dar continuidade no seu tratamento.

Porém, a realidade ainda está longe de acontecer, a população muitas

vezes não é devidamente atendida na Unidade Básica e acabam procurando

as emergências dos hospitais levando a super lotação. Tal situação, além de

prejudicar o atendimento, sendo que muitas vezes o problema poderia ser

resolvido na própria unidade básica de saúde, o que seguiria o fluxo normal

proposto nas políticas de saúde. Traria menos demanda as emergências e

menos transtorno ao usuário que muitas vezes precisa de transporte para se

locomover ao invés de utilizar o serviço próximo de sua residência.

A falta de atendimento nos serviços de saúde gera revolta na

população, pois geralmente quando se procura os serviços e por que a saúde

está comprometida.

Atualmente, é muito usado pela população que diante na negação ao

atendimento é acionarem a mídia (rádio e TV) para através desses veículos de

comunicação fazer valer seus direitos.

Para Martins (2007), a comunicação pode ser percebida de muitos

modos, e cada modo determina um entendimento da relação entre pessoas, no

contexto institucional e social. Os diferentes modos implicam diferentes formas

de intervir na realidade. Também pode-se tratar do tema da comunicação por

qualquer um de seus aspectos, que são muitos: a comunicação interna nas

instituições, a comunicação pela TV, rádio, jornal, a comunicação comunitária.

Ainda segundo a autora, em todos os níveis a comunicação tem um

papel a cumprir e, dependendo de como for feita, pode favorecer essa

participação, ou dificultá-la. Pode favorecer, à medida que são desenvolvidos

processos e práticas que ampliam as vozes da população, geralmente

abafadas pelas vozes das instituições (as ouvidorias, por exemplo); quando

são oferecidas a essa população, de forma adequada, conhecimentos sobre

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seus direitos e outras informações que facilitem sua relação com as instituições

e serviços de saúde. (MARTINS, 2007).

O uso da mídia para garantir o atendimento vem sendo uma fórmula

muito utilizada pela população atual por saber que os meios de comunicação

têm forte apelo na sociedade, muitas vezes é o elo de falar e ouvir entre

sociedade e poder público. Porém, por ser também um veiculo de direito a

comunicação deveria ser utilizada não apenas para reivindicação, mas para

informação de saúde e divulgação dos direitos incentivando assim a

participação popular nas políticas de saúde. 6.6 Direitos e deveres à saúde na visão dos usuários do SUS

Partindo dos princípios do direito à saúde descrita na carta dos direitos

dos usuários da saúde, questionamos aos sujeitos a respeito dos direitos à

saúde que conhecem e DSC é o seguinte:

Todos não. Sei que tenho direito a ser bem atendido,

direito a ter médico, remédios, exames, internação,

atendimento e visita de enfermagem, médica e de ACS’s.

Auxílio psicológico, acesso a vacinas, Todo atendimento

sempre que necessário sem ter que voltar para casa sem

ser atendido, não ter fila, sem espera e com dignidade

(DSC).

A carta a que nos referimos foi elaborada em uma ação conjunta do

Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde e Comissão Intergestora

Tripartite. Foi concebida com o intuito de trazer ao conhecimento dos usuários

seus direitos nos serviços de saúde públicos e privados visando a melhoria no

atendimento em todo o país.

Dallari (1988), afirma que a reivindicação do “direito à saúde” é moderna,

e está, agregada ao rol dos "Direitos Humanos", cuja reivindicação é antiga.

Pode-se perceber que o usuário tem a concepção básica dos seus

direitos, quando o mesmo refere o direito a ser bem atendido, ele está se

referindo ao que está garantido nos princípios da carta dos direitos do usuário

da saúde. O direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde,

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um tratamento adequado e efetivo, atendimento humanizado, acolhedor e livre

de discriminação, atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus

direitos, todos já descritos detalhadamente neste trabalho anteriormente.

È necessário que o usuário tenha conhecimento de todos os princípios,

pois com conhecimento ele será capaz de reivindicar seus direitos e cidadania

com autonomia.

Chaves, Costa e Lunardi (2005) afirmam que, a informação e o

conhecimento são os meios que permitem a perpetuação das relações

democráticas. A falta de informação, caracterizada pela ignorância, permite

ações abusivas, de exploração, subjugação e dominação. Para que as pessoas

possam cuidar de si e administrar o seu corpo faz-se necessário manterem-se

bem informados e lutar pelos seus ideais e crenças.

Assim, de posse dos conhecimentos necessários sobre seus direitos e

deveres como usuários, o sujeito terá condições de exercer seus direitos

enquanto cidadãos.

Entretanto, quando questionados sobre os deveres do usuário da saúde

estão descritos no quinto princípio da carta dos direitos do usuário da saúde,

que assegura as responsabilidades dos cidadãos, a esse respeito quando

questionamos os sujeitos, obtivemos o seguinte DSC:

Não, já ouvi falar que temos que respeitar as normas do

SUS, contribuir através dos pagamentos dos impostos,

reclamar quando não estiver funcionando direito, ser

educado com os profissionais e dar prioridades aos mais

necessitados em caso de emergência, seria isso (DSC).

O sujeito expõe alguns conceitos dos princípios da carta como sendo

deveres, podemos notar que alguns deles fazem parte dos seus direitos, como

dar prioridade aos mais necessitados em caso de emergência, reclamar

quando não estiver funcionando. O sujeito provavelmente não teve acesso aos

seus deveres descritos na carta, como por exemplo: prestar informações

apropriadas nos atendimentos, sobre queixas, enfermidades e hospitalizações

anteriores, solicitar informações sobre seu tratamento quando subsistam

dúvidas sobre elas, dentro outros já citados anteriormente no tópico do marco

teórico utilizado nesse trabalho.

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Na verdade fala-se de direitos de deveres, mas muito pouco a população

sabe a respeito dos seus direitos. Os deveres são tão importantes quando os

direitos, pois apenas aqueles que conhecem têm condições de participar

ativamente na forma dos seus direitos.

Durante as oficinas de direito à saúde evidenciamos o interesse em

saber como resolver questões que descontentam os usuários diariamente em

relação ao seu atendimento.

Por encontrar maiores dificuldades no acesso ao atendimento de saúde,

e muitas vezes ter que recorrer à menção de seus direitos enquanto cidadãos

para garanti-los, o relato dos direitos aconteceu com maior propriedade.

Entretanto, no que diz respeito aos deveres, a percepção dos sujeitos de

pesquisa mostrou-se limitada, o que reforça a necessidade de divulgação por

parte dos profissionais da equipe de saúde.

Assim, as oficinas contribuíram para levar esclarecimento aos usuários

na construção de sua cidadania.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de pesquisa teve como objetivo geral reunir as percepções

dos usuários do SUS sobre direito a saúde, como indicativos básicos de um

programa de educação em saúde, para que as questões fossem refletidas,

debatidas, questionadas e trabalhadas junto à população.

No espaço da pesquisa, percebemos num primeiro momento o impacto

causado pelo tema com as equipes locais, pois se tratando de direito a saúde,

tem-se a idéia errônea de que esta proposta estaria incitando os usuários no

sentido de reinvidicar seus direitos.

Com as repostas dos formulários analisados, percebemos que muito

ainda deve ser trabalhado, pois a falta ainda mais conhecimento sobre o tema,

o que ficou evidente ao longo dos discursos e trouxe limitações no desenvolver

da pesquisa.

Na concepção dos usuários, os direitos muitas vezes estão restritos ao

acesso, e são entendidos de forma individual o que pode ser associado à falta

de informação.

A falta de informação leva a uma atitude passiva, tornando-se submissos

deixando de participar na reinvidicação dos seus direitos. Esse cenário faz com

que ao perceber seus direitos negados, os usuários escolham como atitude

recorrer à mídia como veículo para resolver seus problemas.

Sabe-se da importância que a mídia tem de trazer informações, mas

hoje, também é usada como canal de voz para a população. No cotidiano

acompanha-se diariamente reportagens que trazem apelos de soluções de

problemas na saúde da população.

Deve-se analisar, até que ponto essa forma de reivindicação é

totalmente válida, não seria o mais correto que esses veículos trabalhassem

em função de divulgação das políticas de saúde o qual está incluído os direitos

e deveres para nossa sociedade? Assim, a sociedade saberia o modo de agir

na saúde e os meios de reivindicar os seus direitos.

Quanto mais informado o usuário estiver, maior conhecedor de seus

direitos ele for, mais estará construindo a sua participação no exercício do uso

de seus direitos à saúde.

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A participação da população garantido na constituição deve ser

proposta, estimulada e garantida pelos cidadãos, por ser um mecanismo que

possibilita a qualidade nos serviços de saúde.

O conhecimento sobre direito à saúde deve fazer parte do cotidiano dos

serviços de saúde, não só para os usuários, mas também para os profissionais

que lá atuam.

A enfermagem tem papel fundamental na equipe de saúde, e é muitas

vezes o primeiro contato do usuário com os serviços. Por isso devem perceber

o seu papel na concretização dos direitos, respeitando e incorporando no

cotidiano para facilitar o acesso aos serviços e diminuir as desigualdades

existentes e construir uma relação de cumplicidade com os usuários

favorecendo o exercício de cidadania e melhoria nos serviços de saúde.

Grande parte das mudanças no setor da saúde deve-se ao

conhecimento e comprometimento da enfermagem com ações de

responsabilidade com o sistema de saúde, por isso a importância de educação

permanente com a equipe para capacitar e realizar as mudanças no sentido de

conhecer e preservar os direitos do usuário.

As preservações dos direitos constituem-se valores éticos na conduta da

enfermagem e contribui para construção de uma sociedade mais justa sem

exclusões, salvaguardando a saúde do todos.

Como pesquisadoras e acadêmicas esse trabalho serviu para

reconhecer as limitações da população investigada sobre o tema, por isso

como contribuições, desenvolvemos as oficinas nas unidades investigadas.

As oficinas possibilitaram a oportunidade de interagir com os usuários e

trabalhadores, esclarecendo as dúvidas a respeito do tema. Procura-se

responder aos questionamentos mostrando o caminho a seguir diante das

dificuldades. Essa postura muitas vezes causou desconforto aos profissionais

das instituições, apesar disso, nosso propósito voltava-se para a sensibilização

dos mesmos à educação popular como abordagem a ser feita no cotidiano da

unidade.

Pois, no entendimento dentre aqueles que abordou-se durante esse

trabalho, mesmo que uma pequena parcela reflita e resolva se engajar nessa

luta, já é um passo importante na mobilização para a participação nos seus

direitos.

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Nesse processo abordou-se de forma acolhedora, a população durante

sua chegada à Unidade Básica de Saúde (UBS), possibilitando a entrega do

folder e a aproximação para discussão sobre o tema. Essa aproximação

permite a transformação dos indivíduos de forma direta, em multiplicadores do

conhecimento dentro das comunidades.

Para academia, pode-se contribuir com a sugestão de aprofundar o tema

direito à saúde no cotidiano das vivências na graduação dos acadêmicos nos

diversos campos de estagio, aproximando-os ao tema e integrando o assunto

como parte de fato do comportamento do profissional da enfermagem.

Ao finalizar esse estudo, observa-se que as reflexões apresentadas não

são conclusivas, mas deve sim, serem levadas em consideração para serem

trabalhadas e discutidas no âmbito da saúde, seja com os trabalhadores ou

usuários, para que possam servir para avaliar as mudanças que se fazem

necessárias, pois só assim deverá ser garantido o direito à saúde no espaço da

vida cotidiana.

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Apêndice I

Formulário de Pesquisa

Caracterização do sujeito

Nome: Idade:

Sexo: Estado civil:

Profissão: Escolaridade:

Organização social:

Questões

1. O que é saúde?

2. O que você entende por direito a saúde?

3. Em sua opinião quem deve garantir o direito a saúde? por quê?

4. Você possui plano de saúde particular? O que o levou a contratar o plano?

5. Quais os serviços do SUS que você utiliza?

6. Você conhece alguém que teve seu direito negado? Pode descrever a

situação?

7. O que você ou a pessoa fez, ao teve seu direito negado? A situação foi

resolvida como?

8. Você conhece seus direitos enquanto usuários do SUS? Pode descrevê-

los?

9. Você conhece seus deveres enquanto usuário do SUS? pode descrevê-los?

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Apêndice II

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: As concepções dos usuários do SUS sobre os direitos à saúde. Pesquisador Responsável: Profª. Msc. Felipa Rafaela Amadigi Telefone para contato: Felipa – (48) 91289002 Pesquisadores Participantes: Aline - Lara Maximiano da Silva e Maquelin Millnitz (Acadêmicas de Enfermagem). Telefones para contato: Aline – (48) 99015838 / Maquelin – (48) 99190956

Nossa pesquisa será feita através de um formulário com perguntas abertas e fachadas sobre o conhecimento a respeito dos direitos e deveres como usuário do SUS. Ao responder esse formulário você vai colaborar para o alcance de nosso objetivo que é Identificar as percepções dos usuários do Sistema Único de Saúde sobre o direito à saúde. A nossa proposta de pesquisa não causará nenhum dano pessoal nem social e poderá contribuir para um melhor conhecimento sobre os usuários dos serviços públicos. Sua participação efetiva será durante a resposta das questões contidas no formulário. Fica garantido ao sujeito da pesquisa retirar seu consentimento a qualquer momento, sem qualquer prejuízo a sua pessoa, sigilo e anonimato.

Felipa Amadigi

Profª Orientadora Aline-Lara M.da Silva

Acd de Enfermagem Maquelin Millnitz

Acd de Enfermagem CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu,_____________________________,RG________________,CPF,______________abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Local e data: ________________ Nome: _______________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável:_________________________ Telefone para contato: _______________________

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Apêndice III – Grade de tratamento dos dados e composição do DSC Questão

1) O que é saúde ? EXPRESSÔES CHAVES IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM DSC

É estar bem, 2A, 3A, 5A , 2B, 3B, 4B, 3C,

2D, 1E, 2E, 3E, 5E, 7F, 4G, 5G, 3H

Não ter doença nenhuma. 1B; 4E,3F, 5F,

4G, 4C, 2D, 3D

sem problema nenhum, 3A

não tomar remédio 3A , 5D, 4F

Saúde é tudo 5B, 5C, 1D, 5D, 1D, 5D, 1E,

2H

Qualidade de vida 2C, 5G

Principal parte da vida 5C, 2F

Não depender dos outros 4E

Não ter limitações 1F

Viver bem 6F

Se não tem saúde não tem nada,

sem precisar de médico 4F

Nem sabe 1G

Equilíbrio

Ausência de doença

Biopsicossocial

Saúde é tudo.

Não ter doença

nenhuma, não

depender dos

outros, não ter

limitações, não

tomar remédios,

nem precisar de

médico

EXPRESSÔES CHAVES IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM DSC

Estar de bem com a vida 2 A, 3 A, 5 A, 2B,

3B, 4B, 3C, 2D, 1E, 2E, 3E, 5E, 5F, 4G,

5G, 3H.

Bem com a vida 4C

Ter as necessidades básicas com casa,

comida, trabalho 2D, 4E, 5C, 2F

È o estado de espírito do físico e mental

também 3G, 1C, 6F, 2G, 1H,

Ter médico para atender 4 A, 1C

Direito de todos e dever do Estado 3G

Principal parte da vida 5C, 2F

Marcar rápido exames também é saúde

1C

Acesso ao serviço

Biopsicossocial

Saúde

depende do

estado de

espírito e bem

estar físico e

mental,

depende de

ter as

necessidades

básicas como:

casa, comida

trabalho

garantidos. É

estar de bem

com a vida.

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Esse procedimento foi desenvolvido em todos os discursos que se

formou.

O método nos permitiu dar discursividade do pensamento coletivo,

buscando preservá-la em todos os momentos da pesquisa, o resultado final do

discurso é como se uma única pessoa falasse sintetizando o pensamento de

um grupo.

O primeiro passo foi analisar as questões de todos os sujeitos investiga-

dos,que identificamos com letras e números, agrupando as semelhantes e

copiando o conteúdo das respostas, O segundo passo foi sublimar as

expressões chaves, o terceiro passo foi identificar as idéias centrais, o quarto

passo foi identificar a ancoragem e ai então construímos o discurso do sujeito

coletivo.

Exemplificaremos com as respostas da questão 1, que é a seguinte: O que è

saúde? Que formou o primeiro discurso:

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Anexo I - Parecer da Comissão de Ética UNIVALI

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Anexo II – Folder utilizado nas oficinas

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