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Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA PARA QUALIDADE DO ENSINO
INTEGRAL Páginas 237 a 251
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AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA PARA
QUALIDADE DO ENSINO INTEGRAL
Alcione de Vasconcelos Silva Rufino1
RESUMO - A qualidade do ensino é um elemento essencial, indispensável para o
educando, pois permite que alargue as fronteiras do seu horizonte, refletindo sobre a
realidade, bem como abrindo espaço para sua inserção na sociedade. A gestão escolar é
indispensável tanto para organização burocrática e hierárquica, como também para
prática pedagógica, devendo a qualidade ser priorizada, o que implica em uma gestão
participativa e com métodos de avaliação docente e da qualidade da escola integral. A
presente pesquisa tem como objetivo geral: descrever as contribuições da gestão escolar
participativa para qualidade do ensino integral. A pesquisa foi realizada nas bases de
dados eletrônicas Scielo e Google Acadêmico, bem como pesquisa manual em biblioteca.
É um estudo do tipo exploratório. Sendo assim, concluiu que a gestão participativa é
essencial para qualidade do ensino integral, tendo em vista suas contribuições, bem como
para estimular o aparecimento de novas abordagens acerca da gestão participativa e
qualidade do ensino integral.
Palavras–chave: Gestão Escolar; Qualidade no Ensino; Escola.
ABSTRACT - The quality of education is an essential element, indispensable for the
learner, since it allows him to widen the boundaries of his horizon, reflecting on reality,
as well as opening space for his insertion in society. School management is indispensable
both for bureaucratic and hierarchical organization, as well as for pedagogical practice,
and quality must be prioritized, which implies a participative management and methods
of teacher evaluation and the quality of integral school. The present research has as
general objective: to describe the contributions of participative school management to the
quality of integral education. The research was carried out in the electronic databases
Scielo and Google Scholar, as well as manual research in library. It is an exploratory type
study. Thus, it was concluded that participative management is essential for the quality
1 Mestranda em Ciências da Educação – UNIGRENDAL.
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of integral education, considering their contributions, as well as to stimulate the
emergence of new approaches on participatory management and quality of integral
education.
Keywords: School Management; Quality in Teaching; School.
INTRODUÇÃO
O processo de globalização desencadeou na sociedade uma série de mudanças em
todos os aspectos, da forma de interação entre as pessoas até nas relações de trabalho.
Devido à revolução tecnológica efetuada na esteia deste processo, as exigências no que
tange a educação tornaram-se cada vez mais crescentes, isso porque a competitividade
desponta como algo necessário à sobrevivência, cada vez mais acirrada na economia
globalizada, onde as especificidades do mercado exigem constantes mudanças, a fim de
se adequar as novas realidades.
A gestão escolar participativa é indispensável tanto para organização burocrática
e hierárquica, quanto para a prática pedagógica, desde que seja estabelecida de forma
democrática, objetivando atender as necessidades da demanda e evitar a utilização
política da instituição e os desvios de suas funções.
A gestão escolar pode utilizar a avaliação docente como um dos fatores que
contribui no processo de busca da qualidade do ensino, por ser um instrumento inovador
e essencial na busca pela qualidade do ensino, tendo em vista às dificuldades do processo
pedagógico, os problemas, e muitas vezes a falta de condições para se executar o que foi
planejado no âmbito da prática pedagógica (HOFFMAN, 2011).
Dessa forma entendemos que a educação proporciona ao indivíduo as bases para
o alcance da sua autonomia, senso crítico, poder de reflexão acerca da realidade social
em que se está inserido, abrindo maiores possibilidades de aquisição do conhecimento.
Daí, a importância de proporcionar ao educando os meios pedagógicos, didáticos e
estruturais que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem, sendo a avaliação docente
um dos instrumentos que contribui para consecução destes objetivos.
Nessa perspectiva a gestão democrática proporciona a associação de mecanismos
institucionais como o planejamento e a participação social na formulação de políticas
educacionais, na determinação de objetivos, nas tomadas de decisão, na alocação de
recursos, dentre outros.
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Contribuindo assim, de maneira efetiva na busca pela qualidade do ensino, tendo
em vista às dificuldades, a superar problemas, a falta de condições para se executar o
planejamento, a falta de satisfação do educando com as condições estruturais da
instituição escolar, entre outras questões que representam um verdadeiro desafio para o
gestor escolar.
É importante ressaltar que o desempenho do aluno na escola integral está sujeito
as mais variadas influências que vai desde a cultura familiar, passando pela qualidade do
ensino ministrado pela escola, a prática pedagógica dos professores, a estrutura escolar,
dentre outros fatores (SCHLESENER, 2006).
Além disso, a perspectiva dos responsáveis em relação ao futuro são questões
essenciais na cooperação ou não para o andamento motivador destas, visando um bom
desempenho na escola ou fora dela.
A presente pesquisa pode trazer impactos positivos no sentido de identificar as
principais contribuições da gestão para qualidade do ensino integral, abrindo novas
perspectivas sobre esta temática que carece de novas abordagens, pois a educação integral
no Brasil necessita de novas estratégias, métodos de avaliação, e conceitos para gestão,
de modo que a qualidade do ensino integral seja uma realidade verificável.
Faz-se necessário responder a seguinte pergunta: qual a influência da gestão
participativa na qualidade do ensino integral? A partir deste pressuposto, o estudo tem o
seguinte objetivo geral: descrever as contribuições da gestão escolar participativa para
qualidade do ensino integral.
Daí procede à justificativa deste estudo, uma vez que a gestão participativa tem
papel fundamental na promoção da qualidade do ensino integral, levando em
consideração os desafios nesse contexto, e a dificuldade de inserção no mercado de
trabalho, que requer indivíduos capacitados e com alta capacidade produtiva, e isso
depende da qualidade do ensino.
Espera-se que esta pesquisa somada à literatura a respeito deste tema possa dar
sua contribuição à tão importante e atual temática, visto que é algo essencial nesse
processo. Sendo assim, a disseminação deste estudo poderá despertar o interesse em
estudiosos e pesquisadores pelo assunto abordado, contribuindo no surgimento de novas
abordagens.
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METODOLOGIA
O presente estudo é do tipo exploratório, com pesquisa bibliográfica. A pesquisa
exploratória proporciona ao pesquisador se familiarizar com o tema que, geralmente, é
pouco explorado, ampliando o conhecimento acerca da temática escolhida, uma vez que
a amostra é efetuada a partir dos estudos mais relevantes.
Para a amostra deste estudo, foram incluídos textos que abordam o tema em questão
ou algum tema correlato, a fim de esclarecer conceitos, definir ideias e abordar os
principais aspectos da temática, possibilitando caracterizar o tema em sua extensão,
abordando o que há de mais relevante.
O estudo exploratório possibilita o conhecimento da temática abordada,
favorecendo a construção de hipóteses, pois mesmo que existam poucas pesquisas
abordadas, o estudo exploratório permite o conhecimento em vários aspectos, a partir da
conexão com temas correlatos, o que eleva a pesquisa em outra dimensão, aumentando
as possibilidades do pesquisador (GIL, 2010).
A pesquisa exploratória foi realizada nas bases de dados eletrônicos Scielo e
Google Acadêmico, bem como pesquisa manual, em biblioteca. O período estabelecido
na pesquisa compreende os estudos publicados nos anos de 2006 a 2017.
Tem como critérios de inclusão: estudos publicados durante o período
estabelecido; estudos que abordam o tema em questão ou algum subtema; estudos em
língua portuguesa. E, como critérios de exclusão: estudos publicados fora do período
estabelecido; estudos que não abordam o tema em questão ou algum subtema; estudos
incompletos; estudos em língua estrangeira.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A gestão escolar, ainda que incipiente, começou a ser debatida a partir da década
de 80, por meio da criação e desenvolvimento de inúmeros projetos voltados para
organização de conselhos escolares, visando uma administração colegiada, democrática,
a fim de que os processos decisórios fossem acompanhados, executados e avaliados de
forma coletiva (HOFFMANN, 2011).
Segundo Abranches (2013), a gestão nesse período era centralizada nas questões
de ordem administrativa, financeira e também pedagógica, buscando transformar a escola
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em um organismo vivo, dinâmico, a partir da inserção do educando, da família e da
comunidade no âmbito da gestão.
Em seguida, o processo de escolha dos gestores começou a ser estabelecido por
meio de votações diretas ou por meio de conselhos, buscando inserir em seu bojo as
peculiaridades inerentes das práticas educativas, comunitárias e participativas, o que foi
importante para o estabelecimento de um novo modelo de administração escolar.
A partir dessa fase, foram estabelecidos alguns elementos que ainda norteiam a
gestão escolar atualmente, os quais são: planejamento; organização estrutural da
instituição; estabelecimento de processos decisórios, de forma colegiada.
Quando se observa a Constituição Federal de 1988, acerca da educação é possível
perceber que no seu artigo 206, estabelece que a educação precisa ser democrática e
participativa, conforme é atestado pelo inciso VI do referido artigo, o que demonstra a
importância desses elementos para educação (GUTIERREZ; CATANI, 2012).
A educação vigente no Brasil é pautada pela democracia, respeitando as leis e o
sistema de educação, dentro de uma gestão democrática, que determina a participação de
toda comunidade escolar e dos membros dos conselhos escolares na elaboração do projeto
pedagógico da escola. Nesse sentido, evidencia-se que a gestão contemporânea na área
de educação precisa ser democrática e participativa, ensejando que os sistemas de ensino
possam organizar e adaptar a gestão escolar em conformidade com o contexto em que ela
está inserida.
A democracia e a participação são condições fundamentais para o bom andamento
da gestão escolar no âmbito da educação integral, contribuindo também para formação
crítica, reflexiva e participativa dos cidadãos e cidadãs que fazem parte da comunidade
escolar.
Segundo Salvetti (2011) a gestão participativa no âmbito da educação integral não
se restringe apenas a proporcionar a participação da comunidade escolar, nem muito
menos a construção do projeto político pedagógico, mas também na qualidade da prática
pedagógica na instituição de ensino.
É possível afirmar que a gestão contemporânea ainda vem passando por um
processo de mudança, pois a gestão democrática e compartilhada pelo colegiado precisam
de algumas mudanças e melhorias nos processos de organização da escola em tempo
integral.
Além disso, cabe ressaltar que são muitas as formas de participação na gestão
escolar. Assim, um colegiado é um órgão que geralmente é constituído por todos os
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segmentos da comunidade escolar: pais, alunos, professores, direção e demais
funcionários (SCHLESENER, 2006).
É pelas colocações de Ferreira e Aguiar (2011, p. 45) que:
A gestão democrática da educação é um valor já consagrado. É
indubitável sua importância como um meio de participação e de
formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade para
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A educação moderna tem a gestão democrática como um valor consagrado, pois
esta proporciona as ferramentas necessárias, a fim de efetuar um planejamento conjunto,
com toda comunidade escolar, que possa ser executado e avaliado em todas as suas etapas.
Isso ocorre porque a gestão democrática possibilita um dialogo e a participação
de diversos fatores sociais, resultando numa série de ações cidadãs que influenciam todos
os seus participantes, uma vez que o processo de decisão é conjunto e a administração
institucional foi escolhida pela própria comunidade escolar, tendo este papel importante
no planejamento, execução e avaliação do projeto político pedagógico (LIBÂNEO,
2014).
A gestão escolar precisa levar em consideração os elementos que podem ser
considerados como ferramentas de gestão e, consequentemente, os objetivos, finalidades,
técnicas de avaliação, e resultados que podem ser perseguidos pela instituição de ensino
integral, a partir da realidade social e da estrutura da escola.
A gestão escolar e a avaliação docente
No contexto do trabalho a modernização da gestão de pessoas é algo que vem
ganhando destaque, uma vez que o sucesso de qualquer área de atuação, seja na empresa,
na escola, depende do potencial do seu quadro pessoal, e, quando este se sente motivado,
valorizado, tendo as suas expectativas atendidas, a organização ganha em maior
produtividade e qualidade.
Sendo assim, a gestão escolar tende a procurar meios de valorizar cada vez mais
os profissionais docentes, procurando utilizar ferramentas modernas de gestão, no intuito
de melhorar a estrutura organizacional, mas também o uso de técnicas de avaliação da
docência, tendo em vista a necessidade de busca da qualidade no ensino e da inovação
(NASCIMENTO; SIMÕES, 2011).
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A gestão escolar precisa levar em consideração uma série de particularidades, o
que torna a sua consecução complexa, pois precisa atender as expectativas variadas dos
professores, dentro das possibilidades financeiras e estruturais. Além disto, é preciso
atender as expectativas dos pais, alunos e de toda comunidade escolar, o que implica,
primordialmente em um ensino de qualidade, modernas técnicas pedagógicas. Assim, é
preciso avaliar a prática docente, pois sem a devida avaliação, a qualidade do ensino não
poderá ser perseguida de maneira constante e inovadora.
Isso porque não é suficiente apenas dar ênfase a questão operacional, tais como
currículo, formação, processo seletivo, salários, mas também sobre como o professor
desenvolve a prática pedagógica, seu comportamento, sua habilidade de relacionamento
interpessoal, suas ações no sentido de melhorar e inovar a prática pedagógica, se atende
às necessidades dos alunos, da escola, dentre outros elementos essenciais que precisam
ser aferidos por meio de técnicas de avaliação transparentes e efetivas (FERREIRA;
AGUIAR, 2011).
Nesse sentido, a gestão escolar precisa ir além dos aspectos salariais, de
formação e burocráticos, para desenvolver avaliação sobre o profissional docente, a fim
de que possa não apenas identificar se os indicadores de qualidade estão sendo atingidos,
mas se o profissional se adequa a filosofia da instituição de ensino, e atende as
necessidades do educando de maneira satisfatória, por meio de uma prática pedagógica
moderna, que faça sentido e motive o corpo docente ao longo do processo de ensino-
aprendizagem.
A moderna gestão escolar atua por meio de instrumentos que permitem alcançar
o sucesso pedagógico da Escola, pois os resultados em grande parte dependem da
estrutura, da motivação e qualidade dos docentes, da prática pedagógica, e dos métodos
de avaliação do ensino e docência.
A gestão escolar por meio da avaliação do ensino e da docência contribui para
que os objetivos da instituição sejam atingidos, tendo em vista a importância do professor
para escola, para qualidade do ensino, e também para o atendimento das necessidades dos
alunos (SALVETTI, 2011).
Diante do exposto até aqui, pode-se assegurar que é cada vez maior a
importância do fator humano no âmbito da escola, tendo a avaliação da docência como
um dos recursos que contribuem para busca constante da qualidade do ensino e a
inovação.
O gerenciamento do quadro de docentes precisa levar em conta também as
expectativas dos professores, a estrutura proporcionada, as condições de trabalho, a
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política salarial, mas também os meios de avaliação da docência, de modo que a gestão
consiga estabelecer um banco de dados, acerca dos resultados produzidos pela prática
pedagógica (GUTIERREZ; CATANI, 2012).
A gestão escolar precisa gerar um clima favorável para o relacionamento com os
profissionais do corpo docente, sendo transparentes quanto às metas estabelecidas, as
normas a cumprir, a filosofia da escola, e aos indicadores de avaliação da prática docente;
procurando dialogar, dirimir conflitos de maneira satisfatória, de modo que estes se
sintam prestigiados e motivados para desenvolver suas funções e atingir as metas
estabelecidas, levando em conta os indicadores de qualidade da docência. Isto porque a
qualidade do ensino depende em grande parte da estrutura da escola, grau de satisfação e
motivação dos professores, daí a importância da avaliação da docência, por parte da
gestão escolar.
Neste contexto, a avaliação docente vem ganhando ainda mais importância e, na
medida em que os estudos na área de avaliação evoluem, novas técnicas são implantadas,
proporcionando dados e indicadores objetivos e eficientes para avaliar a comunicação, a
qualidade da prática pedagógica, a competência interpessoal, e o grau de liderança de
cada professor.
A gestão escolar deve se preocupar com a avaliação dos professores, devendo
utilizar técnicas modernas e efetivas, pois os dados proporcionados são essenciais para
promover melhorias, mudanças, que garantam a busca pela inovação e qualidade no
ensino, bem como a consecução das metas estabelecidas (PACHECO, 2012).
O papel que cada um exerce na escola se configura a partir das expectativas
desenvolvidas pelos próprios profissionais ao longo da convivência, do desempenho
demonstrado, pois quem melhor exercer a sua função, tem maior probabilidade de ser
reconhecido e recompensado pela gestão escolar, o que demonstra como os indicadores
podem ajudar a premiar em um regime meritocrático os docentes que se destacarem.
A gestão escolar deve colocar em pauta a avaliação do profissional docente,
como parte de uma estratégia que visa garantir a consecução dos objetivos da escola, de
modo que a qualidade do ensino e a busca pela inovação sejam as marcas preponderantes
na prática pedagógica (VIEIRA, 2012).
A escola precisa conhecer o professor, a ponto de desenvolver uma estratégia de
avaliação dentro da realidade escolar, que possa ir de encontro às necessidades da
instituição, levando em conta as peculiaridades de cada disciplina, a prática pedagógica,
o currículo escolar, a fim de que possam promover indicadores de qualidade efetivos.
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A gestão escolar deve priorizar a avaliação dos professores, de modo que os
docentes consigam também ter dados que os ajudem a melhorar a prática pedagógica,
buscando inovação, novas técnicas de ensino, e meios para consecução dos objetivos
estabelecidos, que precisam ser factíveis, de acordo com as necessidades do educando e
a realidade da escola (ALVES; CADEIRA; SANTOS, 2011).
Nesse sentido, os objetivos da avaliação do desempenho docente consistem em
condensar informações que possibilitam sustentar decisões que envolvem o
desenvolvimento profissional em uma perspectiva voltada para prática do ensino e
qualidade do processo de aprendizagem, proporcionando a monitorização do sistema
educacional.
A avalição evidencia a necessidade de autonomia, da devida estrutura para
prática do ensino, bem como o estímulo ao desenvolvimento pessoal e profissional, pois
se trata de um instrumento que visa não apenas provocar melhorias no processo
educacional, mas também se a prática pedagógica atende as necessidades do educando, a
luz da realidade social (SOUZA; SARTI, 2013).
O sistema educacional precisa ser caracterizado também pelas suas técnicas
avaliativas, pois se trata de uma forma de controle, abrindo espaço para um novo tipo de
profissionalismo, aumentando a eficácia e eficiência do ensino, em termos de qualidade
e inovação.
Segundo Aguiar e Alves (2010) quando se prioriza a avaliação docente, a
educação passa a conceber o professor dentro de uma visão performativa, ou seja, como
um ser competente e eficaz, levando em conta sua relação com o desempenho com um
dos fatores para o controle das atribuições de educador.
Ao assumir o papel no desenvolvimento da prática pedagógica, o professor
assume a responsabilidade de perseguir a qualidade do ensino, a filosofia escolar, levando
em consideração as oportunidades geradas por uma pedagogia que atenda as necessidades
do educando e da sociedade contemporânea.
Outro ponto que precisa ser ressaltado é que avaliar a docência, não implica em
reduzir a autonomia do professor, muito pelo contrário, lhe dá a devida liberdade para
que consiga desenvolver uma prática pedagógica que possa atingir as metas estabelecidas.
Deste modo, a gestão escolar precisa proporcionar todas as condições para que
os educadores desenvolvam suas atribuições da melhor maneira possível, mediando
conflitos, de modo que as competências sejam potencializadas, e o sistema de avaliação
seja claro, transparente e factível a realidade social e estrutural da escola, tendo em vista
a busca pela qualidade no âmbito do ensino integral.
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A avaliação precisa ser prioridade no âmbito das políticas destinadas a
incrementar a qualidade na educação, em tempo integral. Trata-se de uma ferramenta que
proporciona o melhor uso dos recursos pedagógicos e humanos, adaptação das estratégias
de ensino a realidade social, condições para criança de um ambiente de valorização
profissional, caracterizada pela avaliação do desempenho e a devida estruturação do
ambiente e da estrutura escolar para o desenvolvimento das competências do docente
(AGUIAR; ALVES, 2010).
Por último, cabe ressaltar que um sistema de avaliação da docência, só é
realmente eficaz, quando este se desenvolve conjuntamente com a devida valorização
profissional, na perspectiva da gestão participativa, de modo que os indicadores de
qualidade estabelecidos sejam atingidos de maneira satisfatória, sem pressão descabida,
interferências nefastas, sem retirada da autonomia do educador em sala de aula.
A gestão escolar participativa
A gestão escolar participativa implica na necessidade de compreensão dos
problemas postos pela prática pedagógica, pois visa romper com a separação existente
entre a concepção e a execução, entre o pensar e o fazer, entre a teoria e a prática,
buscando assim potencializar a avaliação e a gestão do processo de ensino.
Uma vez que esta implica principalmente em repensar a estrutura escolar,
proporcionando a ampla participação dos diferentes representantes da comunidade
escolar, de modo que todos opinem, contribuam e questionem sobre a instituição escolar,
sua organização e prática pedagógica (LIBÂNEO, 2014).
A gestão escolar participativa proporciona transparência das decisões, do processo
de avaliação e dos resultados alcançados pela instituição. Todavia, convém ressaltar que
este não é um processo fácil, pois há muitas questões conflitantes, como por exemplo, o
fato de atender as diferentes demandas dentro de condições muitas vezes nem tão
propícias.
Daí a necessidade da gestão da escola de tempo integral ter a devida habilidade
em ouvir as demandas e procurar atendê-las da melhor forma possível, mas dentro das
possibilidades reais da instituição. Além disso, a administração deve procurar sempre o
consenso, a convergência, de modo que toda comunidade escolar contribua para o alcance
dos objetivos para o seu benefício (ALVES; CALDEIRA; SANTOS, 2011).
A gestão de pessoas deve buscar ajudar a escola a alcançar seus objetivos,
tornando-a totalmente integrada a nova realidade social e tecnológica que tem afetado a
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vida das pessoas. Para isto, precisa de professores capacitados e motivados, satisfeitos
com a qualidade de vida no trabalho. Assim, é possível afirmar que a gestão de pessoas é
algo estratégico no âmbito da escola, uma vez que é através desta que pode proporcionar
qualidade de vida aos seus funcionários (SALVETTI, 2011).
Diante do exposto, pode-se assegurar que é cada vez maior a importância do fator
humano no âmbito da escola, tendo o gerenciamento de recursos um papel relevante em
benefício da qualidade do ensino.
Isso porque não basta apenas ter preparo técnico, bom currículo, experiência; é
preciso que se tenha uma boa capacidade de desenvolvimento interpessoal, levando em
consideração a crescente valorização das relações interpessoais, uma vez que a empresa
moderna e globalizada necessita de profissionais com capacidade de comunicação,
participação, criatividade e liderança, que seja capaz de trabalhar em equipe, de forma
promissora, qualidades estas exigidas principalmente de quem trabalha no setor de
educação (FERREIRA; AGUIAR, 2001).
O novo perfil do professor é aquele que tem competência para lecionar, mas ao
mesmo tem capacidade de liderança, sabe trabalhar em equipe, ouvir pais, alunos,
buscando sempre novas dinâmicas para serem trabalhadas em sala de aula, o domínio
com as novas tecnologias, vivendo em busca de aperfeiçoamento, constante.
É este o perfil necessário para atuar na nova escola, tendo em vista o grande
desafio, que é lecionar, atualmente. É por causa disto que o gerenciamento de recursos
humanos da escola deve adaptar o professor a nova realidade do ensino, levando em
considerações suas peculiaridades biopsicossociais, dando liberdade para que este atue de
forma ativa, critica criativa e reflexiva (SALVETTI, 2011).
Além disto, cabe dizer que a competência interpessoal deve ser um requisito
imprescindível para todos os profissionais que atuam na escola, independente da sua
função, pois desde o porteiro, passando pela secretaria, o auxiliar de serviços gerais,
professores, coordenadores pedagógicos, precisam estar preparados para agir em áreas
diversas das suas atribuições, pois é isto que exige a escola moderna: flexibilidade,
capacidade de comunicação e de relacionamento.
Assim, a competência interpessoal pode ser definida ainda que de maneira
genérica como a habilidade de lidar eficazmente com as relações interpessoais, de lidar
com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da
situação (ALVES; CALDEIRA; SANTOS, 2011).
O gerenciamento de recursos humanos na gestão escolar em tempo integral deve
abrir espaço para discussão dos professores acerca das suas expectativas, da sua
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percepção quanto ao ensino, estrutura, prática pedagógica, condições de trabalho, política
salarial, pois só assim a gestão escolar pode gerar um clima favorável entre todos os
profissionais, bem como está atualizado acerca das necessidades dos professores, suas
perspectivas, procurando sempre dialogar, dirimir conflitos de maneira efetiva, de modo
que estes se sintam prestigiados e motivados para desenvolver suas atribuições.
Isto porque a qualidade do ensino depende em grande parte da estrutura da escola,
grau de satisfação e motivação dos professores, a capacitação destes profissionais, daí a
importância das relações interpessoais no âmbito da escola.
Neste contexto, as relações interpessoais ganharam ainda mais importância e, na
medida em que os estudos na área de administração, recursos humanos e organizações
evoluíram, avanços foram implantados, indo além dos fatores físicos, tecnológicos e
estruturais, para centrarem-se nas relações pessoais, na qualificação profissional, na
comunicação, na liderança, no trabalho em grupo, onde sem a competência interpessoal,
não há como se tornar um profissional empregável dentro da nova realidade do trabalho
(GUTIERREZ; CATANI, 2012).
A gestão escolar deve se preocupar com a qualidade de vida dos professores, seu
comportamento e apreço pelo ensino, uma vez que a qualidade do ensino depende da
atitude e da forma como este profissional procura atender os seus estudantes.
O papel que cada um exerce na escola, se configura a partir das expectativas
desenvolvidas pelas próprias pessoas ao longo da convivência, do desempenho
profissional, pois quem melhor exercer a relação interpessoal, mais probabilidades tem
de ser recompensado, de ser reconhecido no âmbito da escola (ABRANCHES, 2013).
Quando os membros da escola conversam entre si, estabelecem conversas
informais, compartilham ideias, formam opiniões sobre o seu trabalho, a prática
pedagógica e o contexto, estas ligações interpessoais ganham um papel relevante no
desenvolvimento de ações que visam melhorar a higidez organizacional, pois em um
ambiente agradável, de relações éticas e respeitosas, o quadro de pessoal tende a
acompanhar as mudanças e o desenvolvimento da escola, vindo esta a ganhar em
qualidade do ensino em tempo integral.
Nessa perspectiva, muitos estados e principalmente municípios brasileiros têm
implantado a gestão democrática, que é refletida em experiências de constituição de
conselhos, eleições para a escolha de diretores escolares e outras formas de organização
que permitem a participação de todos os componentes da comunidade escolar, sendo
essencial para escola em tempo integral.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão escolar participativa possibilita a continuação da política educacional,
do currículo, das atividades extracurriculares, da busca pela consecução dos objetivos, da
continuidade do planejamento, pois permite que direção não sofra ingerência política,
uma vez que desde a direção até a política escolar é escolhida pela comunidade escolar.
As contribuições da gestão escolar participativa para a qualidade do ensino, no
âmbito da educação em tempo integral, dizem respeito ao desenvolvimento de uma
estratégia que envolva toda comunidade escolar, a fim de estabelecer indicadores de
avaliação, melhoria dos processos organizacionais, atuando também na potencialização
dos fatores positivos, correção de rumos, de modo que a escola em tempo integral tenha
as condições de promover uma prática pedagógica moderna, que leve em conta as
especificidades do educando, e as metas estabelecidas pela gestão.
Nesse sentido, a avaliação do desempenho docente precisa ser priorizada pela
gestão escolar, pois contribui para melhoria dos processos educacionais. E, os
procedimentos usados para avaliação precisam ser escolhidos de acordo com a realidade,
a estrutura, e os objetivos a serem alcançados pela política de ensino em voga.
A gestão escolar participativa proporciona transparência das decisões, do processo
de avaliação e dos resultados alcançados pela escola em tempo integral. Todavia, convém
ressaltar que este não é um processo fácil, pois há muitas questões conflitantes, como por
exemplo, o fato de atender as diferentes demandas dentro de condições, muitas vezes nem
tão favoráveis.
REFERÊNCIAS
ABRANCHES, M. Colegiado escolar: espaço de participação da comunidade. São
Paulo: Cortez, 2013.
AGUIAR, J. L.; ALVES, P. A. A avaliação do desempenho docente: tensões e desafios
na escola e nos professores. In: ALVES, M. P.; FLORES, M. A. (Orgs.). Trabalho
Docente, Formação e Avaliação. Clarificar conceitos, fundamentar práticas.
Mangualde: Edições Pedago, p. 229-258, 2010.
Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA PARA QUALIDADE DO ENSINO
INTEGRAL Páginas 237 a 251
250
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