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1 As contribuições Sociais na Jurisprudência do STJ Castro Meira Escola da Magistratura Federal da 5ª Região Recife -Abril/2010

As contribuições Sociais na Jurisprudência do STJ · O DL 1.422/75 foi recepcionado como lei formal pela Constituição de 88, segundo ... Comércio, consoante a classificação

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As contribuições Sociais na Jurisprudência do STJ

Castro Meira

Escola da Magistratura Federal da 5ª Região Recife -Abril/2010

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1. As espécies tributárias e as contribuições sociais

q Classificação:

ü Bipartida: impostos e taxas;

ü Tripartida: impostos, taxas e contribuições;ü Quatripartida: impostos, taxas, contribuições e

empréstimos compulsórios;ü Qunquipartida: impostos, taxas, contribuições de

melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios.

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Ø Precedente:

“De feito, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria) a que se refere o artigo 145 para declarar que são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, os artigos 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. No tocante às contribuições sociais – que dessas modalidades tributárias é a que interessa para este julgamento -, não só as referidas no art. 149 - que se subordina ao capítulo concernente ao sistema tributário nacional – têm natureza tributária, como resulta, igualmente, da observância que devem ao disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, mas também as relativas à seguridade social previstas no artigo 195, que pertence ao título 'Da Ordem Social”. (Supremo Tribunal Federal, RE 146.133-9/SP, Rel. Ministro MOREIRA ALVES, DJ de 06.11.92)

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2. A Contribuição de Iluminação Pública

q Foi criada pela EC 39/2002, que introduziu o art. 149-A na CF/88.q Veio a substituir a antiga “taxa” de iluminação pública, declarada

inconstitucional pelo Supremo (Súmula 670/STF).q Boa parte da doutrina também considera a contribuição inconstitucional.

Tendo o STF caracterizado a ‘taxa’ como imposto, não haveria embasamento para recriar o tributo como contribuição, já que a simples denominação não muda sua essência jurídica.

q Em Ação Civil Pública movida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor-IDEC (ACP 724/2003) para discutir a constitucionalidade da contribuição de iluminação pública instituída pelo Município de São Paulo, o Supremo suspendeu os efeitos de decisão concessiva de tutela antecipada, ao argumento de que “a manutenção da medida concorreria para o não cumprimento dos investimentos necessários ao custeio da iluminação de vias, logradouros, e demais bens públicos, bem como à instalação, manutenção, melhoria e expansão da rede elétrica na cidade, necessários à segurança e bem-estar da população.” (Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 09.02.05)

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3. As Contribuições Sociais

q Natureza jurídica:ü Tributária: Misabel Derzi, Roque Carrazza, Américo Lacombe, Paulo de Barros

Carvalho, Ives Gandra, Alberto Xavier.ü Não tributária: Ruy Barbosa Nogueira, Luiz Mélega, Hamilton Dias de Sousa,

Marco Aurélio Greco.ü Posição do STJ:

“2. As contribuições sociais, inclusive as destinadas a financiar a seguridade social (CF, art. 195), têm, no regime da Constituição de 1988, natureza tributária”. (AgRg no REsp 616.348/MG, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJ de 14.02.05)

ü Posição do STF:

“2. Sendo as contribuições sociais modalidades de tributo que não se enquadram na de imposto, e por isso não estão elas abrangidas pela limitação constitucional inserta no art. 155, § 3º,da Constituição Federal. (AgRg no AI 174.540, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, SEGUNDA TURMA, DJ de 26.04.96)

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q Espécies:

ü Contribuições Sociais Gerais

ü Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico-CIDE

ü Contribuições de Interesse de Categorias Profissionais e Econômicas (Corporativas)

ü Contribuições de Seguridade Social (Saúde, Assistência e Previdência)

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4. Contribuições Sociais Gerais

q FGTSü Natureza tributária?

§ Posição do STJ:

“1. Ante a natureza não-tributária dos recolhimentos patronais para o FGTS, deve ser afastada a incidência das disposições do Código Tributário Nacional, não havendo autorização legal para o redirecionamento da execução, só previsto no art. 135 do CTN”. (REsp 981.934/SP, Rel. Min. CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ de 21.11.07)

§ Posição do Supremo:

“A natureza da contribuição devida ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço foi definida pelo Supremo Tribunal Federal no RE 100249 - RTJ 136/681 (não tributária). Nesse julgamento foi ressaltado seu fim estritamente social de proteção ao trabalhador, aplicando-se-lhe, quanto à prescrição, o prazo trintenário resultante do art. 144 da Lei Orgânica da Previdência Social”. (RE 134.328, Rel. Min. ILMAR GALVÃO, PRIMEIRA TURMA, DJ de 19.02.93)

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qSalário-Educaçãoü Recepção constitucional:

“1. O salário-educação, até o advento da CF/88, era classificado como ‘contribuição especial’ ou contribuição sui generis, com a alíquota estabelecida no DL 1.422/75. 2. O DL 1.422/75 foi recepcionado como lei formal pela Constituição de 88, segundo entendimento do STF. 3. Doutrina e jurisprudência consideram queas normas legais e regulamentares, sob a égide de nova ordem, conservam a legalidade do seu tempo, se não houver incompatibilidade com a nova sistemática. 4. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, improvido”. (REsp 596.050/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, DJ de 23.05.05)

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ü Sujeição Passiva:

“2. A legislação do salário-educação inclui em sua sujeição passiva todas as entidades (privadas ou públicas, ainda que sem fins lucrativos ou beneficentes) que admitam trabalhadores como empregados ou que simplesmente sejam vinculadas à Previdência Social, ainda que não se classifiquem como empresas em sentido estrito (comercial, industrial, agropecuária ou de serviços). (...) 3. O SENAC, ao lado de outros componentes do chamado Sistema "S" (SENAI, SENAR, etc.), integra um gênero específico de entidade de formação profissional vinculada ao sistema sindical, expressamente previsto pelo art. 240 da CF. 4. Inviável classificar o SENAC como entidade de assistência social sem fins lucrativos, para fins de isenção. Aplicação do art. 111, II, do CTN (...) (REsp 272.671/ES, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe de 04.03.09)

“2. O produtor-empregador rural pessoa física, desde que não esteja constituído como pessoa jurídica, com registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, não se enquadra no conceito de empresa, para fins de incidência do salário-educação." (REsp 711.166/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 16.05.06).

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üSujeição Ativa do tributo (passiva para a causa, por tratar-se de repetição de indébito):

“(...) 2. Em se tratando de contribuição para o salário-educação, compete ao INSS, agente arrecadador e, portanto, sujeito ativo da obrigação tributária nos termos do art. 119 do CTN, integrar o pólo passivo da ação”. (REsp 445.485/PR, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 28.06.06)

“2. O INSS e o FNDE possuem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo das demandas em que se discute a contribuição ao salário-educação”. (REsp 488.786/MG, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 28.06.06)

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ü Inclusão no REFIS?

“4. A Primeira Seção desta Corte pacificou orientação no sentido de que os débitos referentes ao salário-educação podem ser incluídos no REFIS”. (REsp 666.889/SC, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJe de 03.12.08)

ü Compensação:

“É pacífico o entendimento desta Corte no sentido de que a compensação tributária só é possível entre tributos e contribuições da mesma espécie e de mesma destinação orçamentária. Os valores recolhidos a título de contribuição social do salário-educação só são compensáveis com parcelas do próprio salário-educação”. (REsp 462.613/RJ, Rel. Min. PEÇANHA MARTINS, DJ de 05.12.05)

“Dessarte, uma vez que a contribuição do salário-educação se destina a financiar o ensino básico, os valores recolhidos indevidamente a título da contribuição em exame não podem ser compensados com outras contribuições arrecadadas pelo INSS que se destinam ao custeio da Seguridade Social”. (REsp 475.969/RJ, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ de 05.09.05)

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q Contribuições para o Sistema “S”

ü Inclusão no REFIS?

“1. A controvérsia tem por objeto a possibilidade de inclusão, no parcelamentoconhecido como Refis, das contribuições devidas a terceiros, relativas ao denominado "Sistema S" – no caso, Sesi e Senai (...) 3. Em primeiro lugar, impõe-se reconhecer, com base na jurisprudência do STJ e do STF, que os tributos em comento possuem previsão no art. 149 da CF/1988, classificando-se como contribuições sociais e, portanto, sujeitas à disciplina do Sistema Tributário Nacional. (...) 6. As atividades de fiscalização e arrecadação das contribuições do "Sistema S" foram atribuídas, pelo legislador, ao INSS e, atualmente, à Secretaria da Receita Federal do Brasil (antiga Receita Federal). Os respectivos débitos geram restrição para fins de obtenção de CND e são cobrados no regime jurídico da Lei 6.830/1980 (Lei das Execuções Fiscais). 7. O fato de o produto da arrecadação beneficiar as pessoas jurídicas de Direito privado, constituídas na forma de Serviço Social Autônomo, não retira da Fazenda Pública a sua administração (...) 9. Pela mesma razão, deve ser acolhida a pretensão de incluir no Refis, com base no art. 1ºda Lei 9.964/2000, os débitos relacionados às contribuições do Sistema S. (REsp1.172.796/DF, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe de 16.03.2010)

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ü Sujeição passiva:

§ Prestadoras de serviços em geral

“1. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, elidindo divergências entre suas Turmas, considerou legítimo o recolhimento das contribuições para o Sesc e para o Senac efetuado pelas empresas prestadoras de serviços (REspn. 431.347-SC, DJ de 25.11.2002), por se encontrarem inseridas nas categorias econômicas e profissionais vinculadas à Confederação Nacional do Comércio (...) 3. Se as empresas prestadoras de serviço são contribuintes do Sesc/Senac, também estão obrigadas ao recolhimento da contribuição ao Sebrae, considerada como um adicional às outras contribuições do Sistema ‘S’ (art. 8º, § 3º, da Lei n. 8.029/90, na redação dada pela Lei n. 10.668/03)”. (REsp 694.960/CE, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ DE 13.03.06)

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§ Empresas prestadoras de serviço de vigilância:

“1. O Superior Tribunal de Justiça entende, conforme reiterados precedentes, que as empresas prestadoras de serviços de vigilância se sujeitam ao recolhimento das contribuições destinadas ao custeio das entidades conhecidas como participantes do Sistema "S" (Sesc, Senac e outras)”. (REsp 668.110/AL, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJ DE 18.09.06)

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§ Prestadoras de serviços médicos e hospitalares

“As empresas prestadoras de serviços médicos e hospitalares estão incluídas dentre aquelas que devem recolher, a título obrigatório, contribuição para o SESC e o SENAC. O requisito essencial para que determinada pessoa jurídica deva recolher a contribuição compulsória incidente sobre a folha de salários, destinada às entidades privadas de serviço social de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (art. 240 da Constituição Federal) é o seu enquadramento no plano sindical da Confederação Nacional do Comércio, segundo a classificação mencionada nos artigos 570 e 577 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). (...) O novo Código Civil, Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em harmonia com esse entendimento, criou a figura do empresário, atribuindo a esse conceito uma amplitude maior do que a noção de comerciante. No caso vertente, o que se verifica é a mera interpretação atual do mesmo conceito de ‘estabelecimento comercial’ contemplado pelos decretos de 1946, que instituíram as contribuições para o SESC e o SENAC”. (REsp 326.491/AM, Rel. p/ Acórdão Min. FRANCIULLI NETTO, DJ 30.06.03)

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§ Prestadoras de serviços educacionais

“II - A Egrégia Primeira Seção firmou o entendimento de que as empresas prestadoras de serviços estão incluídas dentre aquelas que devem recolher, a título obrigatório, a contribuição relativa ao SESC/SENAC, porquanto enquadradas no plano sindical da Confederação Nacional do Comércio, consoante a classificação do artigo 577 da CLT e seu anexo, inclusive as empresas prestadoras de serviços educacionais”. (EDcl noREsp 1.044.459/PR, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe de 29.05.08)

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§ Associações recreativas e culturais

“1. Apenas se sujeitam ao recolhimento das contribuições destinadas ao SESC e SENAC os estabelecimentos comerciais e as empresas que exercem atividades similares ou conexas, enquadradas no plano sindical da Confederação Nacional de Comércio e que sejam beneficiárias dos serviços sociais prestados pela entidade de formação profissional. A incidência da aludida contribuição social sobre as prestadoras de serviços, portanto, imprescinde do exercício da atividade nos moldes empresariais. Precedentes. 2. No caso, a recorrida não está submetida àcontribuição ao SESC/SENAC, pois é uma associação recreativa sem fins lucrativos, com atuação na promoção e incentivo de atividades esportivas, culturais e sociais de integração entre o Brasil e os países de idioma germânico”. (REsp 693.850/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe 02.02.2010)

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§ Escritório de Advocacia

“2. Segundo a classificação do quadro anexo ao artigo 577 da CLT, a entidade de direito privado, prestadora de serviços advocatícios, enquadra-se na categoria econômica vinculada à Confederação Nacional das Profissões Liberais. Não pode, portanto, ser considerada como comercial e, não sendo comercial, não se caracteriza como contribuinte dos serviços autônomos, por não preencher o requisito indispensável à exigibilidade da exação, que éo enquadramento no plano sindical da Confederação Nacional do Comércio. (REsp 1.044.456/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, DJe de 16.06.08)

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§ Contribuição ao SEBRAE – médias e grandes empresas

“A contribuição ao Sebrae é devida por todos aqueles que recolhem as contribuições ao Sesc, Sesi, Senac e Senai, independentemente de serem micro, pequenas, médias ou grandes empresas”. (REsp550.827/PR, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 27.02.07).

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§ Empresa de Publicidade:

“1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 431.347/SC, de relatoria do Ministro Luiz Fux, pacificou entendimento segundo o qual "as prestadoras de serviços que auferem lucros são, inequivocamente estabelecimentos comerciais, quer por força do seu ato constitutivo, oportunidade em que elegeram o regimejurídico próprio a que pretendiam se submeter, quer em função da novel categorização desses estabelecimentos, à luz do conceito moderno de empresa". Por esse motivo, essas empresas devem recolher, a título obrigatório, contribuição para o SESC e para o SENAC. 2. Entretanto, in casu, não se trata de empresa vinculada à Confederação Nacional do Comércio, mas de empresa cujas atividades econômicas são arte e técnica publicitárias, abrangida pelo quadro da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicação e Publicidade no Grupo n. 2 - Empresas de Publicidade -, portanto, indevida a cobrança de contribuição ao SESC/SENAC” (...) (REsp 855.718/RS, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJ DE 31.10.06)

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§ Empresas de transporte

“1. As empresas prestadoras de serviço de transporte sujeitam-se ao recolhimento das Contribuições Sociais destinadas ao SESI e SENAI, e, a partir da edição da Lei 8.706/93, ao SEST e ao SENAT”. (AgRg nos EDclno REsp 760.658/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJede 24.03.2010)

“1. A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a Lei n. 8.706/93, em seu art. 7º, I, ao transferir as contribuições do SESI/SENAI para o SEST/SENAT, não criou novos encargos nem alterou o sistema de recolhimento da contribuição para o SEBRAE. 2. Assim, é legal o recolhimento de contribuição para o SEBRAE pelas empresas de transporte rodoviário vinculadas ao SEST/SENAT”. (AgRg no REsp1.124.758/PE, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe de 18.03.2010)

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ü Sujeição ativa do tributo (passiva para a causa):

“O INSS é parte legítima para figurar no pólo passivo das demandas em que se discute a exigibilidade da contribuição ao SEBRAE, compreendida como um adicional às demais contribuições do Sistema "S" (cf. artigo 8º, § 3º, da Lei nº 8.029/90). Consoante pontificou o douto Órgão Colegiado de origem, no julgamento dos embargos de declaração, a referida contribuição "éarrecada pelo INSS e, após deduzida uma parcela remuneratória a seu favor, repassada ao seu beneficiário - o SEBRAE (art. 94 da Lei n. 8.212/91)". Dessa forma, inegável a legitimidade passiva do INSS, pois o provimento jurisdicional emitido nestes autos indubitavelmente repercutirá nos interessearrecadatório da autarquia recorrente. (REsp 587.216/SC, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ 21.02.05)

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ü Natureza jurídica:

“I - A contribuição para o SEBRAE configura contribuição de intervenção no domínio econômico, dispensando-se que o contribuinte seja virtualmente beneficiado. II - A constitucionalidade da contribuição SEBRAE foi decidida por esta Corte, no julgamento do RE 396.266/SC, Rel. Min. Carlos Velloso. III - Agravo regimental improvido”. (AgRg no AI 604.712, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, Djede 18.06.09)

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5. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico-CIDE

q INCRAü Vigência:

“4. A contribuição destinada ao INCRA permanece em vigor nos dias atuais, não tendo sido revogada pelas Leis 7.787/89 ou 8.212/91”. (AgRg nos EDclnos EREsp 907.095/RJ, Rel. Min. CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, DJede 25.05.09)

ü Natureza jurídica:

"A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (...) consignou que a exação destinada ao INCRA, criada pelo Decreto-Lei 1.110/70, não se destina ao financiamento da Seguridade Social. Isso, porque esta assegura direitos relativos à Saúde, à Previdência Social e à Assistência Social, enquanto aquela é contribuição de intervenção no domínio econômico, destinada àreforma agrária, à colonização e ao desenvolvimento rural”. (EDcl no AgRgnos EDcl no Ag 939.328/SC, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, Primeira Turma, DJ de 04.08.08)

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ü Compensação:

“3. Nos termos do art. 66, § 1º, da Lei 8.383/91, somente se admite a compensação com prestações vincendas da mesma espécie, ou seja, destinadas ao mesmo orçamento, o que não ocorre, segundo a jurisprudência dominante desta Corte, entre a contribuição destinada ao INCRA e aquela incidente sobre folha de salários”. (EDcl nos EREsp 529.497/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 20.02.09)

ü Sujeição passiva:

“2. A Primeira Seção firmou posicionamento de que é legítimo o recolhimento da Contribuição Social para o FUNRURAL e o INCRA pelas empresas vinculadas à previdência urbana. 3. Orientação reafirmada pela Primeira Seção ao julgar o REsp 977058-RS, submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC). (AgRg no Ag966.551/MG, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJede 20.04.00)

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q Contribuição para o IAAü Recepção constitucional:

“O eg. Supremo Tribunal Federal reconheceu recepcionada pela Constituição de 1988 a contribuição instituída em favor do IAA pelo D.L. 308/67, alterado pelos Decretos-leis 1.712/79 e 1.952/82”. (REsp 133.310/SP, Rel. Min. PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJ de 01.09.03)

ü Sujeição Passiva:

“1. A obrigação de recolher a contribuição (IAA) é da unidade produtora (Usina ou destilaria) no momento da saída do açúcar e do álcool do estabelecimento produtor (art. 1º, DL n. 1.912/79). 2. Entre a cooperativa e o Fisco não ficou estabelecida, por lei, a obrigação que a coloque como sujeito passivo do IAA. Esta só surgirá, como responsável solidária, se receber das usinas, suas cooperadas, o produto, com ciência de que o tributo não foi pago (...)”. (AgRg no REsp 663.678/AL, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe de 12.08.08)

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üLegitimação ativa:

“1. As usinas açucareiras, destilarias ou cooperativas, na qualidade de contribuintes da contribuição instituída pelo Decreto 308/67 e respectivo adicional, destinados ao custeio da intervenção da União, através do IAA, na economia canavieira nacional, têm legitimidade para impetrar mandado de segurança, visando livrar-se do seu recolhimento (...)”. (REsp 60.145/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ de 23.08.04)

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6. Contribuições Corporativas (ou de interesse de categorias profissionais ou econômicas

q Contribuição à OABü Natureza jurídica:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. OAB. ANUIDADE. NATUREZA JURÍDICA. EXECUÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. CÓDIGO CIVIL.1. Embora definida como autarquia profissional de regime especial ou sui generis, a OAB não se confunde com as demais corporações incumbidas do exercício profissional.2. As contribuições pagas pelos filiados à OAB não têm natureza tributária.3. O título executivo extrajudicial, referido no art. 46, parágrafo único, da Lei nº 8.906/94, deve ser exigido em execução disciplinada pelo Código de Processo Civil, não sendo possível a execução fiscal regida pela Lei nº6.830/80.4. O prazo prescricional para executar os débitos advindos de anuidades não pagas deve ser aquele previsto pela legislação civil.5. Recurso especial provido”. (REsp 572.080/PR, Rel. Mini. CASTRO MEIRA, DJ de 03.10.05)

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q Contribuição para os Conselhos Profissionais

üNatureza jurídica:

“1. As contribuições para os Conselhos Profissionais, à exceção da OAB, possuem natureza tributária”. (REsp 963.115/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 04.10.07)

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7. Contribuições para a Seguridade Social

q PIS E COFINSü Hipótese de incidência (elemento material da obrigação tributária)

§ Faturamento (núcleo geral)

“1. A cobrança do PIS/COFINS, cujo fato gerador é o faturamento da pessoa jurídica, obedece à sistemática da concentração de todos os estabelecimentos que formam a unidade da empresa, para estabelecer-se a base de cálculo”. (REsp 1.086.843/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON,DJe 21.08.09)

§ Comercialização de imóveis

“É legítima a participação de empresa de incorporação imobiliária para o Programa de Integração Social - PIS, o qual deve incidir sobre o faturamento da comercialização dos imóveis, ainda que esses não possam ser considerados mercadorias”. (AgRg no Ag 210.631/PE, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, DJ de 24.04.00)

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§ Juros sobre capital próprio:

“1. Incide PIS e COFINS sobre juros calculados sobre capital próprio (...) 2. Os juros sobre capital próprio, na vigência das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, integram a base de cálculo do PIS/COFINS. 3. Não incide PIS/COFINS sobre juros computados sobre capital próprio no período compreendido entre a vigência da Lei 9.718/98 até a entrada em vigor das Leis 10.637/02 e 10.833/03, em face de ter o STF declarado inconstitucional o § 1º do art. 3º da primeira lei mencionada (RE 357.950-9). 4. No referido período, a base de cálculo do PIS e da COFINS ficou estabelecida como sendo receita bruta ou faturamento decorrente ‘quer de renda de mercadoria, quer de venda de mercadorias e serviços, quer de serviços, não se considerando receita bruta de natureza diversa’ (RE 357.950-9)”. (REsp1.018.013/SC, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJe de 28.04.08)

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Continuação...

§ Atos praticados por cooperativas de crédito (captação de recursos, realização de empréstimos e aplicação no mercado)

“3. Não incidência do PIS e da COFINS sobre os atos cooperativos das cooperativas de crédito confirmada pelo art. 30, da Lei 11.051, de 29/12/2004, sendo legítima a cobrança quando se tratar de operação realizada com não-cooperado. 4. Não é tributável a movimentação financeira da cooperativa de crédito consistente na captação de recursos, desde que avindos dos cooperados. 5. Não é tributável a movimentação financeira da cooperativa de crédito consistente na realização de empréstimo desta para o cooperado. 6. É tributável o ato da cooperativa de crédito consistente na efetivação de aplicações financeiras em centralização ou no mercado, em razão de exigirem atos da cooperativa com terceiros, não cooperados, não sendo relevante se praticados para atender aos objetivos sociais da cooperativa (angariar lucros para distribuir entre os associados)”. (EDcl nosEDcl no REsp 611.217/MG, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe de 19.08.09)

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Continuação...

§ Atos cooperativos típicos

“3. Não há incidência do PIS e da COFINS sobre os atos cooperativos típicos, isto é, aqueles praticados na forma do art. 79 a Lei n. 5.764/71. Por outro lado, incidem as contribuições sobre os atos atípicos, ou seja, aqueles praticados com terceiros”. (AgRg no REsp1.046.366/RJ, Rel. Min. MAURO CAMPBELL, DJe de 24.09.09)

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Continuação...

§ Faturamento bruto da administradora de shopping center:

“(...) há incidência do PIS/COFINS sobre os valores recebidos pelos ‘shoppingcenters’, a título de aluguel dos lojistas, seus inquilinos”. (EREsp 662.978/PE, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 05.03.07)

“(...) incide contribuição social sobre o faturamento bruto da administradora de Shopping Center (Lei n. 9.718/98)”. (REsp 1.101.974/RJ, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 19.05.09)

§ Venda e locação de bens imóveis:

“(...) indiscutível a conclusão segundo a qual as receitas decorrentes de atividade de venda e de locação de bens imóveis sujeitam-se à incidência de contribuição social”. (AgRg no REsp 939.374/PE, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 23.06.09)

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Continuação...

ü Base de cálculo (elemento quantitativo da obrigação tributária)

§ Vendas inadimplidas:

“1. Incide o PIS e a COFINS sobre a receita bruta das pessoas jurídicas, ai incluídos os valores de ‘vendas a prazo’ que, embora faturados, não ingressaram efetivamente no caixa da empresa devido à inadimplência dos compradores. 2. O art. 3º, § 2º, da Lei 9.718/98 estabelece as deduções autorizadas da base de cálculo do PIS e da COFINS, nele não se incluindo o de ‘vendas inadimplidas’. 3. O Sistema Tributário Nacional fixou o regime de competência como regra geral paraapuração dos resultados da empresa, e não o regime de caixa. Pelo primeiro regime, o registro dos fatos contábeis é realizado a partir de seu comprometimento, vale dizer, da concretização do negócio jurídico, e não do efetivo desembolso ou ingresso da receita correspondente àquela operação. 4. Se a lei não excluiu as ‘vendas inadimplidas’ da base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS, não cabe ao intérprete fazê-lo por equidade, equiparando-as às vendas canceladas (...) 6. Embora da inadimplência possa resultar o cancelamento da venda e conseqüente devolução da mercadoria, a chamada ‘venda inadimplida’, caso não seja a operação efetivamente cancelada, importa em crédito para o vendedor, oponível ao comprador, subsistindo o fato imponível das contribuições ao PIS e àCOFINS. (REsp 953.011/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 08.10.07)

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§ Exclusão da parcela paga às montadoras pelas concessionárias de veículos (pretensão de que o PIS/COFINS incidam apenas sobre a margem de lucro):

“4. O fato imponível das contribuições em destaque é o faturamento da empresa, não sendo viável a exclusão dos valores posteriormente pagos à montadora para a aquisição das mercadorias vendidas pelas concessionárias. 5. Da dicção dessa norma, conclui-se que a base de cálculo da COFINS e do PIS é o faturamento e não a margem de lucro do contribuinte, sem a possibilidade de aplicação do princípio da não cumulatividade -situação alterada com a edição da Emenda Constitucional nº 42 de 19.12.03”. (REsp447.040/SC, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 16.05.05)

“1. A base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS é o faturamento, ou seja, a receita bruta da pessoa jurídica. 2. As empresas concessionárias, que compram veículos automotores das montadoras e os revendem a consumidores finais, devem recolher as contribuições sobre sua receita bruta, não sendo viável o desconto do preço de aquisição pago à montadora. Tem-se, no caso, duas operações sucessivas de compra e venda (montadora-concessionária e concessionária-consumidor), não servindo para descaracterizar a primeira a circunstância de se lhe agregar operação de financiamento, que sujeita a revendedora à alienação do bem a instituição financeira”. (REsp438.797/RS, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, DJ de 03.05.04)

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§ Exclusão da receita relativa aos medicamentos utilizados na prestação do serviço médico):

“2. A controvérsia consiste no reconhecimento do direito da clínica médica àexclusão, da base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes sobre o faturamento decorrente da prestação de serviços, das receitas correspondentes ao valor dos medicamentos utilizados na prestação daqueles serviços, mediante a aplicação da alíquota zero prevista no artigo 2° da Lei n. 10.147/2000 para as pessoas jurídicas que não ostentam a qualidade de importadores ou fabricantes dos produtos nela referidos (...) 4. As entidades hospitalares e as clinicas médicas não têm como atividade básica a venda de medicamentos no atacado ou no varejo, sendo sua atividade precípua a prestação de serviços de natureza médico-hospitalar a terceiros. Destarte, os medicamentos utilizados pela recorrente são insumos imprescindíveis para o desempenho de suas atividades e, por essa razão, integram o seu custo. Assim, as receitas auferidas em razão do pagamento do serviço pelos seus pacientes englobam o valor dos remédios empregados na prestação do serviço, razão pela qual é descabida a aplicação da alíquota zero. (REsp 1.133.895/RN, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe de 17.03.2010)

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§ Serviços de agenciamento de mão de obra temporária – exclusão dos salários e encargos trabalhistas pagos aos trabalhadores temporários:

“I - Na vigência das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, os valores destinados ao pagamento de salários e demais encargos trabalhistas dos trabalhadores temporários, assim como a taxa de administração cobrada das empresas tomadoras de serviços, integram a base de cálculo do PIS e da COFINS a serem recolhidas pelas empresas prestadoras de serviço de mão-de-obra temporária, em homenagem ao princípio da legalidade” (...) (REsp901.107/SC, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe de 10.11.08)

“2. No caso de empresas de intermediação de mão-de-obra, os valores recebidos dos tomadores de serviços ingressam no caixa do empresário, por direito próprio, em face do exercício do seu objeto social (locação de mão-de-obra), correspondendo ao seu faturamento. 3. Diante da ausência de previsão legal, os salários e os encargos sociais que a empresa locadora de mão-de-obra desembolsa em razão das pessoas que coloca à disposição do tomador de serviços não podem ser excluídos do âmbito de incidência das Contribuições Sociais sobre o faturamento”. (REsp 954.719/SC, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe de 25.11.08)

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§ Exclusão do IPI da base de cálculo do PIS e da COFINS:

“4. Não há norma autorizativa da dedução do IPI na base de cálculo do PIS e da COFINS. Precedentes”. (REsp 828.935/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 29.08.06)

“II - O legislador ao consignar como base de cálculo do PIS e COFINS o preço de venda da pessoa jurídica fabricante, não indica qualquer dedução. Nesse panorama, inexiste qualquer ilegalidade na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal 54/00, que determina em seu art. 3°, § 1°, que, para efeito das contribuições recolhidas no regime de substituição, considera-se preço de venda do fabricante ou importador o preço do produto acrescido do IPI incidente na operação. (REsp953.014/SC, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 17.09.07)

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§ Correção monetária nas vendas a prazo

“2. Os valores recebidos a título de correção monetária das vendas a prazo ingressam no caixa pelo exercício do objeto social da empresa (comércio de mercadorias e/ou serviços). Compondo o preço da contraprestação ofertada pelo comprador, tais valores integram o preço bruto da mercadoria e, por isso, compõem a base de cálculo do PIS e da COFINS. (REsp 674445/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, DJ 10.09.07)

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Continuação...ü Princípio da não-cumulatividade:

§ Transição do regime cumulativo para o não-cumulativo –Creditamento relativo às mercadorias já estocadas na vigência do regime de cumulatividade – Impossibilidade.

“A partir da vigência das Leis 10.833/03 e 10.637/02, aplicadas às empresas que apuram seu imposto de renda com base no lucro real, foram majoradas as alíquotas da COFINS e do PIS de 3% para 7,6% e de 0,65% para 1,65% respectivamente, passando a vigorar o sistema da não-cumulatividade para estes específicos sujeitos passivos. Ciente de que haveria mercadorias que já se encontravam em estoque, ou seja, haviam sido adquiridas em sistema de cumulatividade, o legislador estabeleceu regras de transição nos arts. 11 da Lei 10.637/02 (PIS) e 12 da Lei 10.833/03 (COFINS) para o sistema decreditamento destas mercadorias (...) A recorrente pretende fazer o creditamento de suas mercadorias em estoque, utilizando as alíquotas maiores do sistema não-cumulativo atual, sendo que o recolhimento da etapa anterior se deu sob as alíquotas menores do sistema cumulativo outrora vigente. Em resumo, pretende creditar-se de uma diferença de alíquotas que não foi recolhida nas etapas anteriores. Tal pretensão se trata de um verdadeiro enriquecimento sem causa” (...) (REsp 1.071.061/RS, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe de 01.10.08)