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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL IBIRACIR ROBERTO DE PAULO FILHO AS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR PROFESSORES DE BIOLOGIA NA INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NO ENSINO MÉDIO BEBERIBE-CEARÁ 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

IBIRACIR ROBERTO DE PAULO FILHO

AS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR

PROFESSORES DE BIOLOGIA NA INCLUSÃO DE

ALUNOS SURDOS NO ENSINO MÉDIO

BEBERIBE-CEARÁ

2013

IBIRACIR ROBERTO DE PAULO FILHO

AS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR PROFESSORES

DE BIOLOGIA NA INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NO

ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado. Orientadora: Profª. Esp. Flávia Roldan Viana

BEBERIBE– CEARÁ

2013

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecária Responsável – Leila Sátiro – CRB-3 / 544

P324d Paulo Filho, Ibiracir Roberto de.

As dificuldades encontrada por professores de biologia na inclusão

de alunos surdos no ensino médio / Ibiracir Roberto de Paulo Filho. —

2013.

CD-ROM :40f. il. (algumas color.) ; 4 ¾ pol.

“CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho

acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)”.

Monografia (Graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro

de Ciências da Saúde, Curso de Ciências Biológicas à Distância,

Fortaleza, 2013.

Orientação: Profª. Esp. Flávia Roldan Viana.

1. Educação inclusiva. 2. Surdez. 3. Ensino de Biologia. I. Título.

CDD: 574.07

A Deus que me capacitou na produção dele, meus pais e meus irmãos pela compreensão e incentivo.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, criador de todas as coisas, pelo o dom da vida, por me mostrar que

Ele sempre foi maior do que todas as minhas dificuldades, me ajudando a superar cada

limitação ao longo do período desta pesquisa.

À minha família, em especial meus pais e irmãos pela compreensão, abdicando de

momentos juntos para que eu alcançasse meu objetivo, o que foi fundamental para o meu

triunfo.

A Professora Flávia Roldan pela colaboração compreensão e paciência nos momentos de

revisão me auxiliando no desenvolvimento desta pesquisa.

A todos os professores e colegas que ao longo do curso me ajudaram a crescer como

pessoa. Manifesto minha gratidão a todos que, de alguma forma, contribuíram para a

realização deste trabalho.

“A Língua de Sinais é, nas mãos de seus mestres, uma linguagem das mais belas e expressivas, para a qual, no contato entre si é como um meio de alcançar de forma fácil e rápida a mente do surdo, nem a natureza nem a arte proporcionaram um substituto satisfatório."

J. Schuyler Long

RESUMO

O objetivo deste projeto de pesquisa é desenvolver uma breve contextualização sobre a atuação da educação inclusiva de pessoas com surdez. Este estudo irá demonstrar as dificuldades dos professores de lecionar para alunos com surdez. Observa-se que atualmente, o sistema educacional vem trazendo transformações bem significativas a este respeito, o que gera a necessidade de novas práticas pedagógicas. O aluno surdo deve ser inserido na sala de aula com o aprendizado direcionado em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Os professores a cada dia buscam novas perspectivas de análise que permitam uma resposta cada vez mais eficaz e objetiva no auxílio aos alunos com deficiência. Para isso, primeiramente foi explicado embasamento teórico para orientação aos professores de biologia, para logo serem mostrados o significado de Libras. O comportamento dos professores será observado através da elaboração questionário. Após a aplicação do questionário, será feito um estudo de caso junto aos professos para verificar recebido um aluno com surdez na escola do ensino médio pelo um professor de Biologia e como dar-se a inclusão dos alunos com surdez na escola regular. Terminado os procedimentos iniciais será coletado os dados utilizando um questionário estruturado aplicado com os professores de Biologia da rede pública estadual do Ensino Médio, e por fim considerações finais. . Durante a análise dos resultados podemos compreender que existem várias possibilidades de inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular, mas que as dificuldades atualmente encontradas são oriundas, em sua maioria, da ausência ou superficial capacitação dos Professores. Além disso, para garantir a qualidade do ensino percebemos que as possíveis soluções estão vinculadas a um conjunto de ações inovadoras que envolvem todos que compõe uma equipe escolar.

Palavras-chave: Educação Inclusiva; Surdez; Ensino de Biologia.

ABSTRACT

The objective of this research project is to develop a brief background on the role of inclusive education of deaf people. This study will demonstrate the difficulties of teachers lecturing to students with deafness. It is observed that currently, the educational system has brought significant changes well in this respect, which creates the need for new pedagogical practices. The deaf student should be placed in the classroom with learning targeted in Pounds (Brazilian Sign Language). Teachers each day looking for new perspectives of analysis for an answer increasingly effective and objective in helping students with disabilities. For this, first explained theoretical guidance for teachers of biology, soon to be shown the meaning of Pounds. The teachers' behavior is observed through the preparation questionnaire. After the questionnaire, will be made a case study with the professed student received a check for deaf school in high school by a professor of biology and how to give yourself the inclusion of deaf students in regular schools. Completed the initial procedures will be collected data using a structured questionnaire applied biology teachers in public schools high school, and finally concluding remarks. . During the analysis of the results we can understand that there are several possibilities for inclusion of people with disabilities in regular schools, but that the difficulties currently encountered are derived mostly from the absence or superficial training of teachers. Furthermore, to ensure the quality of education we realize that potential solutions are linked to a set of innovative actions involving all that makes up a school team.

Key words: Inclusive Education; Deafness; Biology Teaching.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 12

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 12

2.1 Objetivos Específicos ...................................................................................... 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 13

3.1 Políticas Nacionais de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva .................................................................................................................. 15

3.2 Libras (Língua Brasileira de Sinais) ............................................................... 18

3.3 A Libras no contexto do ensino de Biologia ................................................. 20

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................................................................... 22

4.1 Lócus e sujeitos da pesquisa ...........................................................................22

4.2 Instrumentos de coleta de dados ................................................................... 23

4.3 Métodos de Investigação.................................................................................. 23

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 26

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................34

APÊNDICE ............................................................................................................... 36

APENDICE A: Questionário aos professores....................................................... 37

APENDICE B: termo de autorização de uso de imagem e entrevista..................40

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INTRODUÇÃO

Atualmente a educação de alunos com deficiência se configurou como um

sistema paralelo e segregado de Ensino, dentro de escolas especializadas ou salas

especiais. Nas últimas décadas, em função das novas demandas por uma sociedade

igualitária, e aliadas aos avanços das ciências e tecnologias, a educação têm se voltado na

busca de novas alternativas pedagógicas, menos discriminativas e inclusivas.

Desse discurso inclusivo o Ensino de Biologia não pode se omitir, pois em um

mundo heterogêneo com diversas raças, etnias, crenças, classes sociais, o encontro com o

diferente é inevitável sendo necessário o desenvolvimento para reflexão e a adoção de

práticas inclusivas.

Embora os professores assumam um discurso de aceitação à diversidade, na

sua prática educacional observa-se a necessidade de uma formação voltada à inclusão.

Contudo, ainda há dificuldades no exercício do magistério diante das especificidades de

aprendizagem e desenvolvimento dos alunos com deficiência e perante a formação, ainda

conservadora, desses professores.

Durante vários anos, acreditou-se que a surdez era a grande responsável pelas

dificuldades escolares enfrentadas por esse alunado, porém, atualmente, a literatura indica

que tal ocorrência deve-se principalmente ao fato da utilização de filosofias educacionais

segregadoras que não respeitam o indivíduo dentro de suas peculiaridades linguísticas e

visuais.

Na Europa até o final do século XV não existiam escolas especializadas para

pessoas com deficiência que, na época, eram considerados pela sociedade como seres

incapazes. Em 1960 como na maioria dos países, o Brasil seguia a orientação educacional

dominante, isto é, um grupo educacional da nobreza, considerava como melhor alternativa

para as crianças com surdez o oralismo1. A filosofia educacional oralista, baseava-se em

uma concepção clínico-terapêutica da surdez na qual essa deficiência precisava ser

normatizada dentro dos padrões ouvinistas.

Atualmente, o sistema educacional vem trazendo transformações bem

significativas a este respeito, o que suscita a necessidade de novas práticas pedagógicas. O

aluno com surdez deve ser inserido na sala de aula com o aprendizado direcionado em

Libras (Língua Brasileira de Sinais).

1 Oralismo é um método de ensino para surdos, no qual se defende que a maneira mais eficaz de

ensinar o surdo é através de da língua oral, ou falada. Surdos que utilizaram deste método de

ensino são considerados surdos oralizados.

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Os professores devem a cada dia buscar novas perspectivas de análise que

permitam uma resposta eficaz e objetiva no auxílio a os alunos com deficiência. Neste

sentido, as perspectivas para o futuro da elaboração de aulas se caracterizam como

ferramentas estratégicas eficientes, quando utilizadas adequadamente pelas escolas com o

intuito de adequar todos os públicos em uma sala de aula e na mesma disciplina, porém

com necessidades diferentes.

Quanto a este aspecto, o tema aqui proposto, do Ensino de Biologia para alunos

com surdez, justifica-se pelo fato que no âmbito das escolas públicas tem ocorrido à busca

por melhores condições de aprendizado para os alunos diante de tantos desafios inclusivos,

tais como: dificuldades na assimilação de conteúdos e no manuseio de equipamentos que

repercutem de forma negativa para o professor causando desmotivação no aluno.

Considerando a complexidade da temática em questão, a pergunta norteadora

dessa pesquisa é: Quais as dificuldades encontradas por professores de Biologia na

inclusão de alunos surdos?

Para analisar estes aspectos referentes à pergunta orientadora, procurou-se

realizar uma análise junto aos professores de Biologia de uma Escola Estadual do município

de Cascavel, na tentativa de descobrir quais dificuldades e como é recebido um aluno com

surdez. Para tanto, foram definidos objetivos que nortearam este trabalho e que foram

decisivos para a elaboração das hipóteses que serão descritas abaixo:

• A ausência ou superficialidade de capacitações dos professores no que

concerne a Educação Inclusiva;

• Ausência de disciplina na grade curricular dos cursos de Licenciatura em

Ciências Biológicas, pertinente à temática da surdez;

• A utilização da língua de sinais nas aulas de Biologia como forma de auxiliar

satisfatoriamente as reais necessidades dos alunos com surdez;

• A dificuldade dos professores em relação ao domínio de Libras.

Quanto à estrutura do presente trabalho destacamos que inicialmente,

procuramos realizar um levantamento bibliográfico que constituísse como base para a

análise da temática em questão e a conceituação das categorias abordadas.

Posteriormente, expomos a metodologia utilizada, o estudo de caso e a abordagem

qualitativa em seguida os dados coletados durante a pesquisa de campo e por fim,

encerramos a pesquisa com uma análise dos dados coletados e da temática a luz dos

autores abordados.

12

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Analisar a percepção dos professores de Biologia sobre a inclusão do aluno com

surdez.

2.2 Objetivos Específicos

Identificar os fatores que dificultam a inclusão dos alunos com surdez nas aulas de

Biologia;

Analisar com base nos referenciais teóricos, estratégias e recursos pedagógicos, que

auxiliam o professor na sua prática.

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REFERENCIAL TEÓRICO

Reconhecer a necessidade de modificações no sistema educacional, como

qualificação dos professores em um caminho pedagógico direcionado numa perspectiva

inclusiva, é abrir um leque para conceituar novas ideias que desencadeiam o processo de

inclusão. Nesse contexto, é necessário perceber a importância de garantir o acesso de

alunos com deficiência no ensino básico assim como de promover ações para a

permanência e ascensão desse alunado no sistema educacional. Assim, podemos afirmar

que a inclusão em âmbito geral trouxe a obrigatoriedade de mudanças no ato de ensinar e

aprender.

Com a expansão cada vez maior da política de inclusão em nosso país, os

alunos com surdez têm sido, frequentemente incluídos em escolas regulares. Pesquisadores

como Goldfeld (1997), Lacerda (2006), Gesser (2009), entre outros, discutem a inclusão de

surdos e revelam que a grande dificuldade de aprendizado da Língua Portuguesa, por parte

desse alunado, é decorrente da falta de aquisição da Língua de Sinais, e falta de

comunicação latente entre professores e alunos. Segundo os referidos autores, essa ainda é

a grande barreira no processo de ensino e aprendizagem de alunos com surdez. É nesse

contexto real, de uma prática recente e pouco difundida em nosso país que surge a

importância da Libras em sala de aula, garantida por lei.

O aluno Surdo é usuário de uma língua que nenhum companheiro ou professor efetivamente conhece. Ele é um estrangeiro que tem acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos demais e se mantém isolado do grupo (ainda que existam contatos e um relacionamento amigável). A questão da língua é fundamental, pois, sem ela, as relações mais aprofundadas são impossíveis, não se pode falar de sentimentos, de emoções, de dúvidas, de pontos de vista diversos (LACERDA, 2006, p.163).

Segundo Goldfeld (1997) o Brasil ainda passa por um momento de transição

para o ensino inclusivo, pois mesmo o aluno sendo inserido em uma sala de aula de uma

escola regular, a exclusão continua. O processo de inserção da educação inclusiva

necessita ser mais rápido, pois com o passar dos anos a criança surda continua na mesma

sala sem nenhum atendimento adequado e acessível para a sua necessidade.

Silva (2006) também discute a inclusão do aluno com surdez e revela a questão

da má formação docente, desde a formação básica até a mais específica. Deste modo, os

Professores sentem grandes dificuldades em oferecer um ensino de qualidade aos alunos

com deficiência por não possuírem conhecimento suficiente acerca das especificidades do

processo de ensino-aprendizagem para esse alunado.

No caso específico do ensino de Biologia é papel do docente garantir a

permanência deste aluno com uma aprendizagem satisfatória, diante da preparação para a

14

vida acadêmica ou profissionalização técnica. Assim, podemos afirmar que a inclusão de

alunos com surdez, como as demais deficiências, merece no Ensino Médio maior ênfase.

A Libras constitui-se como um recurso que facilita a comunicação com pessoas

que possuem surdez, sendo esse recurso o modo mais simples para a compreensão dos

conteúdos. O uso da língua de sinais em sua extensão de conhecimento constrói saberes e

motiva a capacidade dos alunos. Apesar disso, é fato que, em sua maioria, os professores

de Biologia desconhecem essa linguagem o que consequentemente dificulta o processo de

ensino aprendizagem no âmbito da Educação Inclusiva.

Neste sentido, a inclusão dos alunos com surdez no ensino de Biologia pode

apresentar diversas singularidades como o fornecimento da base conceitual dos conteúdos

curriculares desenvolvidos junto com o desenvolvimento de Libras, que deve estar

interligado com a proposta pedagógica.

Considerando-se o atual contexto educacional do país, verifica-se que o

Professor de Biologia deve transformar a pratica pedagógica e se aperfeiçoar, deve

conquistar o respeito, a confiança e a parceria do aluno; bem como possuir o conhecimento

de Libras para que os conteúdos de Biologia sejam organizados e elaborados num contexto

visual acessível e compreensivo.

Mediante a transmissão de conteúdos utilizado na disciplina de Biologia

professor deve empregar estratégias para a compreensão não somente dos alunos com

surdez e sim de todos aqueles que se encontra na sala de aula regular. Portanto, o

educador tem que usar um vocabulário científico direcionado em Libras, utilizando

maquetes, mural, painéis de gravuras, fotos sobre o conteúdo e materiais visuais no

favorecimento da compreensão.

Com relação ao espaço físico de ensino Silva (2007, p.31) acredita que: “[...] a

organização didática desse espaço de ensino favorece o uso de muitas imagens visuais e

de todo tipo de referências que possam colaborar satisfatoriamente o ensino e

aprendizagem na disciplina”.

Assim sendo, podemos observar que diversificar a prática pedagógica e aliá-la

ao uso de recursos visuais contextualizados podem favorecer ao professor de Biologia para

uma transformação de procedimentos e aperfeiçoamento, em novas metodologias a respeito

do conhecimento em Libras.

Cabe observar que ao planejar os conteúdos a serem trabalhados no contexto

da Biologia, o professor deve levar em consideração aqueles que são mais significativos

15

para seus alunos, os quais irão proporcionar o desenvolvimento de habilidades para ação

transformadora de sua realidade (CHASSOT, 2003).

É importante ressaltar que o professor não pode ignorar a quantidade de

informações que os alunos trazem para a sala de aula. Deve saber utilizá-las de modo a

estabelecer um fluxo de conhecimento, também no sentido da comunidade-escola. No caso

dos Surdos, os conceitos espontâneos têm um espaço muito importante no ambiente

escolar devido à falta de comunicação em casa.

O professor de Biologia em seu planejamento deve dispor do conhecimento

prévio de que o aluno com surdez traz de seu convívio familiar e social. Portanto, o que se

defende no ensino de Biologia, para a aprendizagem do aluno surdo, é incorporar elementos

de sua cultura e o uso de recursos visuais e mnemônicos, buscando assim superar as

insuficiências contidas no ensino tradicional e contemplar o acesso ao conhecimento a todos

os alunos.

A utilização de softwares com imagens, os quais facilitam a compreensão e a

interpretação é um dos recursos para desenvolver e aprimorar uma aprendizagem

sistematizada no ensino de Biologia. E, o uso de Libras oportuniza aos alunos surdos,

informações primordiais no processo de ensino e aprendizagem dessa disciplina.

3.1 Políticas Nacionais de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva

O termo “inclusão” tem sido nos dias atuais, motivo de vários tipos de discussões

entre os educadores. Reis e Silva (2012) reforçam que a legislação é explícita quanto da

obrigatoriedade das escolas acolherem todas as crianças que se apresentem, sejam elas

com deficiência ou não.

Seguindo a mesma linha de pensamento, Cecchi (2011) acrescenta que para

melhor entender o termo inclusão, que é algo de sumo importância nos dias atuais, é

necessário fazer um breve histórico da educação inclusiva.

Até 1854 as pessoas com deficiência – física e/ou intelectual - eram excluídas

tanto da família como da sociedade, sendo acolhidos em asilos e instituições filantrópicas

e/ou religiosas (lógica da invalidez). Geralmente eram instaladas nessas instituições por

toda sua vida sem receber nenhum tipo de atendimento.

A partir de 1994, a concepção de educação inclusiva substituiu definitivamente o

conceito de educação especial com base na Declaração de Salamanca (SÁNCHEZ, 2005),

que ampliou o conceito da necessidade educacional especial e defendeu a inclusão dos

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alunos especiais nos sistema regular de ensino, tendo por princípio uma “Educação para

Todos” – Universalidade do direito à educação sem discriminação.

É na adaptação curricular que se baseia a proposta de educação inclusiva,

realizada por uma ação de uma equipe multidisciplinar que oferece apoio tanto para os

profissionais da área da educação, como também para os alunos com deficiência, esse

apoio se dá de várias maneiras como acompanhamento, estudo e pesquisa para mantê-lo

na rede de ensino em todos seus níveis.

Diante do fato, no ano de 2004, o Ministério Público Federal publicou um

documento que garantia o acesso dos alunos com deficiência às escolas e classes comuns

da rede regular (MEC, 2010). Em síntese, a escola tem por obrigação promover atendimento

às necessidades educacionais especiais de alunos, através de um processo de

aprendizagem realmente significativo aos alunos.

Com base no que foi exposto, podemos observar que várias foram as conquistas

que impulsionaram a inclusão educacional e social. Entre Decretos, Portarias, Plano de

Desenvolvimento da Educação surge a Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva.

Para compreendemos melhor o conceito de Educação Inclusiva do Ministério da

Educação (2010, p.19). Define que:

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superlotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais.

O papel habitual atribuído a Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva regulamenta a inclusão de alunos no ensino regular por

consequência das dificuldades enfrentadas no sistema educacional, tentando evitar assim,

práticas discriminatórias e incluído alternativas para superar a exclusão.

Com relação à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, Alvez (2010, p.08) afirma:

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) vem ao encontro do propósito de mudanças no ambiente escolar e nas práticas sociais/institucionais para promover a participação e aprendizagem dos alunos com surdez na escola comum.

Segundo a autora, o Ministério da Educação junto com Secretaria de Educação

Especial apresentou a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva com o objetivo de acompanhar as lutas sociais visando os avanços do

17

conhecimento. Somente por esses caminhos embasados pelas políticas educacionais

seriam capazes de reconhecer a realidade da educação de qualidade para todos os alunos.

Dando continuidade Gomes, Figueiredo e Poulin (2010, p.41) acrescentam que:

A atualmente Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) orienta aos municípios brasileiros o desenvolvimento de um modelo original de atendimento educacional especializado que se realiza no contra turno do horário escolar.

Conforme os autores o modelo das políticas educacionais estava voltado para

integrar o ensino público a desenvolver ferramentas cognitivas para influenciar o

desenvolvimento e dar condição e um atendimento educacional especializado.

Nesse sentido, entendemos que Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva pode ser definida como uma forma de ajustar,

compreender, interpretar e transformar o atendimento educacional especializado. Sendo

assim, Ramos (2011, p.19) acrescenta que:

O Ministério da Educação – MEC visando subsidiar a prática docente produziu, em uma ação conjunta das Secretarias de Educação Fundamental e de Educação Especial, os parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – Adaptações Curriculares realizam-se em diferentes níveis e configuram-se em vários exemplos e indicações de propostas pedagógicas, metodológicas, didáticas dos conteúdos curriculares, do processo avaliativo, bem como sugestões de recursos de acesso ao currículo para os alunos de acordo com a sua necessidade específica, podendo ser de grande ou pequeno porte.

Ainda segundo Ramos (2011), a maior dificuldade atribuída a Política Nacional

de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é a sua execução, pois exige

condutas adequadas dos professores e recursos. Nessa perspectiva, Cecchi (2011, p. 11)

menciona que:

A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais na rede pública de ensino tem se tornado realidade, apesar de ser um processo lento. Os movimentos de inclusão social e educacional vêm defendendo simultaneamente os princípios de direito à igualdade e à diferença nos contextos educacionais, visando acabar com o preconceito aos estereótipos que não correspondem a “normalidade” produzida no espaço escolar.

Ainda conforme a autora é enorme as barreiras na inclusão de alunos

socialmente heterogêneos, mas com a Política Nacional de Educação Especial na

perspectiva da Educação Inclusiva surge a obrigatoriedade que permite a oportunidade,

mesmo com toda a morosidade na implantação e normalização das estratégias, bem como

o desenvolvimento de competências por parte dos educadores.

Para Cecchi (2011) “são enormes as barreiras na inclusão de alunos com

deficiência, mesmo como todas as diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva garantindo transversalidade da educação especial”. Na

18

concepção de Forte e Silva (2010, p. 03) que citam Mantoan (1998), é necessário instituir a

inclusão dos deficientes na escola regular de forma mais radical, completa e sistemática. A

meta da inclusão é não deixar ninguém fora do sistema escolar, que terá que se adaptar às

particularidades de todos os alunos.

Comungando com essas concepções, Silva (2006, p.86) afirma que:

A educação não se torna política por causa da decisão deste ou daquele educador. Ela é política e sua raiz se acha na própria educabilidade do ser humano, que se funde na sua natureza inacabada e da qual se tornou consciente. O ser humano, assim, tornou-se um ser ético, um ser de opção, de decisão.

A autora acredita que o método da inclusão e das diretrizes da Política Nacional

de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva deve apresentar sensibilidade

por parte dos educadores para o processo lograr êxito, pois não basta impor, tem que existir

conscientização da necessidade atual.

A inclusão e exclusão começam na sala de aula. Por mais comprometidos que estejam à sociedade e o governo com a inclusão, são as relações cotidianas em sala de aula que oferecem ou não a possibilidade de experiência de aprendizagem. As interações entre os membros da comunidade escolar promovem a inclusão e podem se for a sua intenção, prevenir a exclusão (SILVA, 2006, p.91).

Assim, o desafio atual dos educadores é criar uma nova escola voltada para a

atual conjuntura social com plena participação do aluno considerando suas necessidades,

pois por muito tempo, educadores tinham o entendimento que deveriam separar a educação

especial da comum, pois seria a forma mais apropriada.

3.2 Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Muitas tentativas educacionais foram feitas com o objetivo de educar os alunos

surdos. Educadores e pesquisadores em todo o mundo têm um objetivo em comum, o de

propor aos surdos uma melhor condição de vida social e, por isso, surgiram várias filosofias

educacionais. Todo sujeito é capaz de desenvolver o aprendizado e possui capacidade de

aprender. A língua de sinais facilita a comunicação e a aprendizagem do aluno surdo.

A respeito da Libras (Língua Brasileira de Sinais) Aranha (2005, p.34) assegura

que:

Já está comprovado cientificamente que o ser humano possui dois sistemas para a produção e reconhecimento da linguagem: o sistema sensorial, que faz uso da anatomia visual/auditiva e vocal (línguas orais) e o sistema motor, que faz uso da anatomia visual e da anatomia do braço (língua de sinais). Essa é considerada a língua natural dos surdos, emitida através de gestos e com estrutura sintática própria.

19

Ainda de acordo com o autor, a língua de sinais contribui para o

desenvolvimento dos alunos com surdez, pois com o acesso a sua língua materna ocorrerá

ampliação do vocabulário e ocorrerá o aprendizado mais rápido.

Outro aspecto importante refere-se ao fato de que além da língua dos sinais ser

um meio de comunicação, é vista também como suporte do pensamento e estimulador do

desenvolvimento cognitivo, social e cultural do sujeito surdo.

No processo de inclusão não basta apenas querer incluir, pois incluir não

significa só presença em sala de aula. Mas sim, um aluno atuante, interagindo nas

atividades e argumentando junto ao professor. Argumentação esta, que deve receber do

professor a resposta cabível, inteirando-lhe as dúvidas baseando numa formação teórica

que subsidia a sua prática na sala de aula. Com essas compreensões Fávero, Pantoja e

Mantoan (2004, p.19) afirmam:

Os serviços de apoio especializado como os professores de educação especial, interpretantes de línguas de sinais, instrutores de libras, professores de português (segundo língua para surdos), professores que se encarreguem do ensino e utilização do sistema Braile e de outros recursos especiais de ensino e de aprendizagem, não caracterizam e não podem substituir as funções do professor responsável pela sala de aula da escola comum de ensino regular.

No processo inclusivo a escola como um todo deve se adequar as necessidades

do aluno. Todos os cursos de magistério em licenciatura, os professores devem obter

consciência da preparação necessária para receber pessoas com surdez na sala de aula.

Conforme Fávero, Pantoja e Mantoan (2004, p.24):

A inclusão não prevê a utilização de praticas de ensino escolar especificas para esta ou aquela deficiência, mas sim recursos, ferramentas que podem auxiliar os professores de ensino e de aprendizagem. Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto é, se o professor considerar as possibilidades de desenvolvimento de cada aluno e explorar sua capacidade de aprender. Isso pode ocorrer por meios de atividades abertas, nas quais cada aluno se envolve na medida de seus interesses e necessidades, seja para construir uma ideia,resolver um problema ou realizar uma tarefa. Esse é o grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares tradicionais cujo modelo é baseado na transmissão dos conhecimentos.

A Libras é o principal meio de comunicação do surdo. O educador em todas as

áreas de ensino deve aperfeiçoar nessa língua. A constituição garante a escola para todos,

partindo desse pressuposto o professor precisa conhecer, reorganizar e reelaborar seus

conceitos, para aceitar novos desafios. Pois, sabemos que a partir da educação infantil faz-

se necessário a introdução de Libras, assim como a língua portuguesa, deve ser aplicada ao

aluno com surdez desde sua infância, ao chegar Ensino Médio estarão amenizadas as

dificuldades que apresentaremos no estudo de caso.

20

Considerando a complexidade do uso de Libras o professor tem consciência das

dificuldades existentes, mas também deve considerar que não será através da exclusão do

ambiente escolar que se tornará realmente acolhedora e de qualidade para os demais.

Dessa maneira, podemos cogitar sobre uma educação fundamentada no respeito à

diversidade, numa elaboração de ideias a respeito do aprender com as diferenças. Na qual

o professor tem a função primordial neste conceito. A esse respeito, Fávero, Pantoja e

Mantoan (2004, p. 27) afirmam que:

Sugere-se viabilizar classes ou escolas de educação bilíngue (abertas a alunos surdos e ouvintes) onde as línguas de instruções sejam a língua portuguesa e Libras. Para que o aprendizado do português escrito por estes alunos seja contextualizado. Esse aprendizado deve acontecer em um ambiente especifico, constituindo uma atividade educacional especializada.

Ainda para os autores, (2004) bilinguismo é a filosofia educacional mais coerente

para pessoas com surdez. Muito embora, sejam necessários muitos esforços tanto por parte

das instituições como dos professores já que é indispensável à parceria entre si com o

intuito de superar desafios, romper barreiras e alcançar metas.

3.3 A Libras no contexto do ensino de Biologia

A Política Educacional Brasileira possui vários desafios à frente, no intuito de

superar as barreiras de uma sociedade fragmentada pelo preconceito e discriminação. A

Educação Inclusiva para pessoas com surdez, aborda várias alternativas. Após a nova

política de educação, com direcionamentos definidos, ainda estão sendo discutidas

situações corriqueiras como: o espaço nas salas de aula comum e a prática de ensino para

alunos com surdez. No entanto, para Damázio (2007) a comunicação para pessoas com

surdez, atualmente, não supre as necessidades básicas do surdo.

Na escola não basta o aluno estar matriculado na sala de aula regular, mas é

preciso possibilitar uma comunicação interativa, caso contrário, mesmo na sala de aula o

aluno surdo irá permanecer segregado, isso torna ainda mais importante a inserção da

Língua dos Sinais na metodologia de ensino.

A participação ativa do professor no rompimento do paradigma da Educação

Inclusiva, objetivando que o ensino da Biologia chegue aos alunos surdos, possibilita maior

compreensão e motivação das suas capacidades envolvendo ambas as partes e

estimulando o profissional da educação a superar seus próprios desafios.

Estudar a educação escolar das pessoas com surdez nos reporta não só as

questões referentes aos seus limites e possibilidades, como também aos preconceitos

existentes nas atitudes da sociedade para com elas. Essas pessoas enfrentam inúmeros

entraves para participarem da educação escolar, decorrentes da especificidade do limite que

21

a perda da audição provoca e da forma como se estruturam as propostas educacionais das

escolas. Muitos alunos com surdez podem ser prejudicados pela falta de estímulos

adequados ao seu potencial cognitivo, sócio-afetivo, linguístico e político-cultural e ter

perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem.

Os recursos visuais, como: maquete, cartazes e um esqueleto humano, por

exemplo, beneficiam o ambiente inclusivo de aprendizagem.

A inclusão escolar do aluno com surdez visa à garantia de que ela possa utilizar

os meios de que necessita para vencer suas dificuldades e usufruir de seus direitos

escolares, exercendo sua cidadania no uso de Libras x Língua Portuguesa. Se a inclusão na

escola comum de pessoas com surdez requer ousadia e ao mesmo tempo cautela, em

decorrência das perdas auditivas desses alunos é fundamental que se busquem meios para

beneficiar esses alunos na sala de aula, preparando-os para a sociedade. Concordamos

com Rocha (apud Damázio 2005) quando afirma que não há mais tempo para se pensar em

ilhas, asilos, nos quais, em nome da diferença, os surdos ficarão à parte. Refletindo sobre a

afirmativa podemos verificar que a educação atualmente, embora tenha dado alguns

avanços a respeito da inclusão de pessoas surdas, ainda não dispõe de capacitações

focadas no ensino de Biologia.

Nos últimos anos, vários desafios foram impostos a educação de alunos com

deficiências. Dentre estes a obrigatoriedade do decreto, Nº. 6949/2009, que determina o

direito e recebimento de pessoas com deficiência na escola comum.

A garantia e a permanência das pessoas com surdez dentro da escola comum

desencadeou ideias a respeito da valorização das diferenças no convívio social, tornando-se

primordial para as relações entre professores e alunos. Os desafios propósitos a escola com

nova perspectiva direciona argumentos e procedimentos para a descoberta da capacidade

de pessoa surda.

O bilinguismo2 é também importante, pois a sua atuação provoca mudanças

satisfatórias nos procedimentos do professor de Biologia de modo a facilitar o entendimento,

tanto de quem ensina como quem aprende.

2 O Bilinguismo no caso dos Surdos é um dos casos específicos de bilinguismo, gerido por conceitos

específicos, relativos à deficiência auditiva, à língua e à cultura dos Surdos.

22

METODOLOGIA DA PESQUISA

Para que os objetivos gerais e específicos do estudo sejam atingidos traçamos

um percurso metodológico. Assim, para que possamos alcançar o objetivo proposto

trabalharemos com método de estudo de caso, seguido da aplicação de questionário e

análise dos dados colhidos a luz dos autores estudados.

Considerando que o objetivo da análise é sobre inclusão de alunos surdos na

área da Biologia, aplicamos questionários aos professores da Escola Estadual pesquisada

que lecionam a referida disciplina para os alunos do Ensino Médio. Utilizamos as seguintes

estratégias metodológicas para embasar a pesquisa: estudo de caso, com paradigma

interpretativo; quanto a coleta de dados utilizou-se a pesquisa bibliográfica e questionário.

4.1 Lócus e sujeitos da pesquisa

É conveniente lembrar que o universo da pesquisa pode ser definido a partir dos

indivíduos de características semelhantes relacionados ao mesmo estudo. Apoiando-se

nessas considerações, Beuren e Raupp (2009) afirmam que o objetivo do universo da

pesquisa é definir e delimitar a abrangência da pesquisa. Desde logo, convém acrescentar

as considerações de Gil (2002, p. 145) ao dizer que “quando o universo é numeroso e

esparso, é recomendável a seleção de uma amostra”.

Participaram desta pesquisa os professores de Biologia do Ensino Médio da

escola em questão, localizada no município de Cascavel-CE. Destacamos que alguns

desses professores já lecionaram para alunos com surdez, o que enriquece ainda mais a

pesquisa. Cabe salientar que os sujeitos da pesquisa são os participantes que fornecem os

dados necessários para a conclusão das investigações (VERGARA, 2003).

Aplicamos o questionário com três professoras de Biologia que ministram em

uma Escola Pública no município de Cascavel, que lecionam a disciplina de Biologia no 1º,

2º e 3º ano do Ensino Médio. Ressaltamos que a todas as professoras participantes são

licenciadas em Ciências Biológicas, sendo uma delas educadora efetiva (Servidora Pública)

do Estado e as demais contratadas temporárias.

Identificamos os docentes pelas letras P1, P2 e P3. A professora P1 trabalha

somente na referida Escola lecionando as séries 1º e 2º anos do Ensino Médio, tendo

vivenciado nesse período de quatro anos do Magistério a inclusão de uma aluna surda. Já

P2, além de trabalhar na Escola que foi lócus de nossa pesquisa, leciona também em outra

Escola do município nas séries 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental II, lecionando Ciência,

Biologia e Química e adquirindo durante essa vivência conhecimento prévio acerca da

Educação Inclusiva. A P3 é Professora exclusiva dos 3º anos, possuindo seis anos de

23

experiência no Ensino Médio, porém nunca vivenciou a experiência de ter um aluno surdo

incluído em sua própria sala, apesar da escola ter uma aluna surda matriculada.

4.2 Instrumentos de coleta de dados

Na coleta de dados é possível identificar dois momentos. No primeiro, o

pesquisador tem por objetivo identificar as variáveis independentes dos grupos, bem como o

controle das variáveis intervenientes. Em seguida, ele busca mensurar as variáveis

dependentes.

Atendendo a essas características, Gil (2002) acrescenta que na coleta de dados

são empregados métodos de levantamentos, como questionários, entrevista e também

formulários. No questionário são elaborados assuntos direcionados ao tema em questão,

onde o pesquisado responde as questões de forma escrita para sua utilização na pesquisa.

Durante a pesquisa utilizamos, como meio de coleta de dados questionários

compostos por 05 questões fechadas e 07 abertas. Optamos por essa técnica, porque nos

permitiu a combinação de perguntas abertas e fechadas, possibilitando aos professores

discorrerem sobre as perguntas propostas, previamente.

Feita essas reflexões, partiremos, a seguir, para o método de investigação

utilizado que nos fornecerá informações para elucidarmos o problema em questões

norteadores deste trabalho.

4.3 Métodos de Investigação

Esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa, pois se caracteriza pelos principais

processos que norteiam o pesquisador no contexto e no ponto de vista da condução da

análise. Talvez a melhor maneira de entender o que significa pesquisa qualitativa é

determinar o que ela não é. Ela não é um conjunto de procedimentos que depende

fortemente de análise estatística para suas inferências ou de práticas para a coleta de

dados.

O Método do Estudo de Caso enquadra-se como uma abordagem qualitativa e é

frequentemente utilizado para coleta de dados na área da pesquisa a ser cogitada. Dessa

forma, esse método foi elegido a partir das interações sociais com o fenômeno pesquisado

e com valorização da perspectiva dos participantes. Buscamos descrever o fato sem nele

interferir. Utilizamos coleta de dados, numa situação real na qual não há um controle rígido

(monitoramento por parte do pesquisador, das variáveis ambientais que podem interferir nas

condições de coleta).

24

Uma vez explicitado quais os métodos de investigação propostos no trabalho e

suas implicações, convém ressaltar a pesquisa qualitativa, que corresponde à abordagem

do problema, como explica Beuren e Raupp (2009, p. 92) em seguida:

Na pesquisa qualitativa concebem-se mais profundas em relação ao fenômeno

que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar características não

observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste último.

Sobre esse assunto, Gil (2002, p.20) posiciona-se afirmando que:

Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.

Em conformidade com o autor acima citado o tipo de pesquisa qualitativa busca

analisar os fatos e descobrir as causas de certo problema, o porquê daquele fato acontecer.

Vale também salientar que Gil (2002) propõe que a pesquisa qualitativa tem o

objetivo de proporcionar maior aprofundamento do pesquisador com o problema estudado,

facilitando assim, a investigação. Este tipo de pesquisa objetiva a descrição de algo, um

evento, um fenômeno ou um fato.

Corroborando com Gil (2002), Barros e Lehfeld (2007, p.84) concluem “[...]

Nesse tipo de pesquisa, não há interferência do pesquisador, isto é, ele descreve o objeto

de pesquisa. Procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza,

características, causas, relações e conexões com outros fenômenos”.

Quanto aos meios, trata-se de pesquisa bibliográfica, pois exigiu vasta pesquisa

baseada em materiais já elaborados, partindo de informações encontradas em livros através

de levantamento bibliográficos, e, sobretudo estudo de caso, considerando um maior

conhecimento da investigação.

Em outras palavras, “a pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando-se

resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego predominante de

informações advindas de material gráfico, sonoro e informatizado”. (BARROS e LEHFELD,

2007, p.85)

No entendimento de Vergara (2003), uma pesquisa bibliográfica é um estudo

sistemático que desenvolve levantamentos sobre bases publicadas ou qualquer material

acessível com dados pertinentes ao assunto, que fornece fontes primárias ou secundárias.

25

Mattar (2001, p.20) destaca que "uma das formas mais rápidas e econômicas de

amadurecer ou aprofundar um problema de pesquisa é através do conhecimento dos

trabalhos já feitos por outros, via levantamentos bibliográficos".

Vergara (2003), concorda com Mattar (2001) quando afirma que uma pesquisa

bibliográfica é um estudo ordenado que amplia classificações sobre bases publicadas ou

qualquer material compreensível com dados pertinentes ao assunto.

Ribeiro e Cruz (2004) enfatizam a pesquisa bibliográfica requer um levantamento

de trabalhos realizados anteriormente sobre o mesmo tema, para a identificação de métodos

a serem utilizados como subsídios de revisão da literatura já existente.

Vale ressaltar que a pesquisa em questão é realizada através de um estudo de

caso com os professores de biologias que lecionam para alunos com surdez, assim, sob o

ponto de vista temático, Mattar (2001, p.22) aborda que estudo de caso “[...] é um método

muito produtivo para estimular a compreensão e sugerir hipóteses e questões para a

pesquisa”.

Neste sentido, observa-se que o estudo de caso serve de bússola para

investigação do problema estudado, pois observa de forma mais aprofundada as técnicas e

estratégicas que os professores utilizam em sala de aula. Notadamente, a partir desta

assertiva, Gil (2002) acrescenta que esse processo do estudo de caso, começa com

questionamentos sobre determinado objeto, seguindo da elaboração de alguns

pressupostos preliminares, a verificação dos fundamentos teóricos disponíveis. Consistindo

assim, num estudo profundo, amplo e criterioso.

26

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do questionário utilizado na pesquisa, organizamos as respostas dos

docentes e, à medida que fomos realizando as análises destas, fomos tecendo as

discussões à luz do referencial teórico antes apanhado.

Como percebemos pela composição desses diversos contextos relatada pelos

professores que participam da vida do educando a importância de compreender a educação

inclusiva para além dos muros da escola Cecchi (2011)

Sobre a inclusão de alunos com deficiência, percebe-se que alguns educadores

têm uma noção sobre o assunto, de acordo com a fala dos P2 e P3:

P2: A inclusão de pessoas com deficiência para mim significa torná-las participantes na vida social.

P3: A inclusão de alunos com deficiência em escola regular do ensino médio é uma importante para educação do Estado, pois traz uma visão de escolas para todos e isso é bastante satisfatório para a sociedade.

Os relatos dos Professores vêm a confirmar o que afirmam Fávero e Pantoja

(2004) quanto à carência em suas formações acadêmicas, especialmente sobre a inclusão

de alunos com surdez. Podemos perceber nos professores que sua profissionalização foi

sendo construída com os saberes da experiência que desenvolveu ao longo de sua trajetória

profissional.

Com relação à compreensão sobre a inclusão de pessoas com surdez P1

afirmam que

Percebo que a pessoa com surdez tem somente uma deficiência e isso não a impede de ter seu lugar na escola. Buscando seus diretos, e interagindo com os outros no âmbito escolar.

Já o relato de P2 e P3.

P3: Compreendo que todos têm o dever de estar na escola, e a inclusão vem garantir esse direito que é necessário para que os alunos surdos possa ter uma contribuição educacional favorável.

P2: Entendo que a pessoa com surdez tem somente uma surdez e isso não a impede de ter seu lugar na sociedade. Buscando na escola, novos conhecimentos para sua vida cotidiana e social.

Apenas a P2 especificou qual a sua compreensão sobre a inclusão de alunos

surdos na escola regular, demostrando para ele que a deficiência é fato relevante para os

demais fatores que a pessoa com surdez traz. (Reis; Silva, 2012). Avigora a obrigatoriedade

das escolas regulares a receber todas as crianças ou adolescentes que se compareçam,

sejam elas com deficiência ou não. Decreto de lei nº 3/2008 Educação Inclusiva.

Com relação às dificuldades encontradas durante o ensino para alunos com

surdez, os professores entrevistados afirmaram que:

27

P3: Eu acho que seria a forma de utilizar metodologias que abrangesse toda turma em uma compreensão coletiva do conteúdo.

P2: A maior dificuldade é de comunicação, e também forma da transmissão dos conteúdos de biologia de forma que o aluno surdo entenda e interaja na sala de aula.

P1: Com certeza a dificuldade existente hoje em sala de aula com aluno surdo é a falta de preparo profissional do professor para que haja uma comunicação recíproca entre educando e educador.

Conforme Aranha (2005) percebemos na fala do P2 que é grande a dificuldade

que os professores têm por não compreenderem a comunicação entre o professor e aluno

com surdez.

Questionamos junto aos educadores quanto à existência de experiência com o

ensino para alunos surdos. Caso afirmativo, indagamos a avaliação quanto à educação

inclusiva, e os mesmos afirmaram que:

P1: Sim. A minha avaliação seria de forma negativa, porque não tive a oportunidade de me aprofundar em métodos que favorecesse um trabalho conscientemente na inclusão.

P2: Não. Mas acho que minha avaliação seria positiva, pois tive experiência no ensino fundamental.

P3: Não.

Notamos no relato do P1 que já teve experiência com a inclusão no Ensino

Médio, o quanto é necessário a formação de professores conscientes da importância da

inclusão de alunos com deficiência. Preparando para atuar ativamente na disciplina que foi

licenciado para que haja uma interação recíproca entre aluno e professor.

Considerando as competências dos Professores e o desejo de aprender sobre o

assunto em questão percebemos que o princípio educacional do Ensino Médio precisa

investir em formações sistemáticas que reconheçam a inclusão como um fator importante

para a formação educacional da pessoa com surdez. Os educadores compreendem a

inclusão das pessoas surdas, tanto na escola quanto na sociedade, como essenciais á

igualdade de direitos de todos.

Ao longo dos anos percebemos que o professor teme em inovar sua metodologia

de ensino o que reflete em uma prática conservadora. Geralmente a formação destes é

insuficiente diante de algumas das demandas recebidas, como no caso das pessoas com

surdez. Porém, acreditamos que as metodologias empregadas no ensino a pessoas surdas

devem ter seus aspectos culturais e locais levados em consideração. Assim, cremos que os

métodos utilizados não podem ser concebidos como receitas prontas, mas deve ser

adequada á realidade social, econômica e cultural.

A partir destas informações podemos observar as modificações alcançadas,

principalmente em nova abordagem do conhecimento sobre os surdos. Tal abordagem

28

desmitificou alguns conceitos pré-existentes, por falta de informações sobre a surdez. Nesse

sentido os educadores adotaram métodos que viabilizam a comunicação sem agredir o

silêncio do surdo, valorizando os saberes gestuais através de Libras.

Através das análises prévias do material selecionado, observamos que são

enormes as dificuldades encontradas por professores de Biologia na inclusão de alunos

surdos. Observamos na pesquisa que os profissionais têm noções básicas sobre inclusão

de alunos com surdez e que em sua formação, em Licenciatura Plena em Ciências

Biológicas, adquiriram requisitos teóricos favoráveis para desenvolverem junto aos alunos

atividades interativos a todos.

Dessa forma, insere em sua prática o conceito de diversidade, observando as

diferentes metodologias que os embasem em seu exercício profissional voltado para alunos

com dificuldades de aprendizagem por não possuírem a comunicação oral comum aos

demais alunos.

No primeiro momento, tendo em vista o questionário respondido, que alguns

professores têm uma prévia noção sobre o assunto inclusão; segundo o que narrou o P3.

A inclusão de alunos com deficiência em escola regular do ensino médio é uma importante para educação do estado, pois traz uma visão de escolas para todos e isso é bastante satisfatório para a sociedade.

Após as novas discussões oriundas da observação das diretrizes da educação

de surdos contidas no texto da “Política Nacional de Educação Especial”, ressaltamos a

importância dos projetos educacionais nos espaços das escolas públicas. Entretanto, cabe

salientar que para alguns educadores a inclusão de alunos com deficiência resume-se a

simples presença do aluno surdo em sala de aula regular, pois estes entendem essa

simples presença como reconhecimento de um direito desconsiderando a qualidade do

ensino e a importância desse aluno como um sujeito ativo na sociedade.

Mas segundo o P1:

Compreendo que a pessoa com surdez tem somente uma deficiência e isso não a impede de ter seu lugar na sociedade. Buscando seus diretos, de estar na escola como um ser ativo e participante.

Diante das constatações oriundas das discussões feitas, partimos para o fato

que a inclusão é algo que vem transformando conceitos, desconstruindo pré-conceitos e

paradigmas postos pela sociedade durante muito tempo. E só podemos ver essas grandes

mudanças por parte de algumas pessoas ou profissionais da educação e de outras áreas

que lutam contra este tipo de discriminação.

29

Durante as análises realizadas podemos observar que ainda há grande

necessidade em inserir disciplinas que contribuam no processo de formação acadêmica dos

educadores licenciados em sua área (Biologia), assim como relata P2:

É grande a vontade de um professor contribuir com a inclusão de pessoas com deficiências, mas muitos de nós não tivemos a oportunidade de ser capacitado para receber um aluno com deficiência.

Decorrente disso, o P3 relata:

Que grande é a responsabilidade de um professor quando recebe uma pessoa com surdez em sala, pois é responsável pela sua transmissão do conhecimento para com o mesmo. Sendo assim a responsabilidade são todos aqueles que fazem parte da escola.

Vimos que há, nos relatos dos demais professores, uma grande falta de

conhecimento sobre a verdadeira inclusão de pessoas com deficiência, pois os mesmos têm

a certeza que a política de inclusão educacional do Ministério da Educação é fundamental

para a garantia do respeito à diversidade. Apesar disso, é fato que o Ministério da Educação

não proporciona aos profissionais oportunidades para que se tornem aptos para atuarem de

forma significativa na concretização da educação inclusiva de qualidade.

À medida que avançávamos na análise, começamos a perceber que os

professores são conscientes das necessidades da inclusão. Podemos exemplificar essa

afirmação como relata P1

É importantíssimo à inclusão, pois a cada ano que passa tem mais alunos com

deficiência chegando ao ensino médio e isso traz a valorização de conceitos a ser

trabalhado com a eficácia do ensino/aprendizagem de alunos surdos.

Percebemos novamente com o relato do P1 com o P2 outro fato marcante:

Tive varias experiências com alunos com deficiência, mas existiu uma aluna que me deixou a pensar, era surda e fazia o 2º ano do ensino médio, quando ela chegou à sala eu tentei me comunicar, mas não entedia a sua resposta. E isso foi pra mim uma prova de que não estou preparada para receber alunos com deficiência, pois isso me traz vergonha de não ter conseguido fazer algo para ela ficar no colégio a ter o termino do ano letivo. E isso tudo é culpa do curso de licenciatura em biologia que fiz, pois me preparou somente para os conteúdos a ser lecionado e métodos pedagógico a ser trabalhado.

Diante do exposto, observamos a necessidade de procurar entender o porquê e

para quê são utilizados os métodos pedagógicos no sentido de efetuar reflexivamente a

relação teoria e prática com os alunos surdos evitando uma abordagem superficial e

fatalmente passageira, sem sucesso, conforme salienta Giesta (2001).

Portanto, quando buscamos as interconexões entre a inclusão de alunos com

surdez no Ensino de Biologia observamos a ausência de aprimoramento profissional, como

podemos constatar nos relatos das entrevistadas. Pois, quando questionadas acerca da

30

participação de capacitações sobre a temática da surdez entrelaçada ao Ensino da Biologia

todos responderam negativamente. Dessa forma, percebemos que as escolas ainda não

estão preparadas para atender a esse tipo de público.

Outro aspecto relevante se trata do fato que o professor de Biologia

efetivamente desempenhe um trabalho eficaz no ensino da sua disciplina, sendo necessário

para isso que duas condições sejam cumpridas. Em primeiro lugar, o conteúdo apresentado

deve ser potencialmente demonstrado de forma significativa, com ilustrações, maquetes

com material didático que desperte o interesse do aluno com surdez. Em segundo lugar é

essencial o interesse por parte do professor em desenvolver habilidades curriculares que

agreguem valor ao ensino de pessoas surdas. Salientamos que essas condições devem ser

executadas conjuntamente, conforme afirma Ropoli (2010, p.13):

Os professores constroem a democracia no cotidiano escolar por meio de pequenos detalhes da organização da prática pedagógica. Nesse sentido, fazem a diferença: o modo de trabalhar os conteúdos com os alunos; a forma de sugerir a realização de atividades na sala de aula; o controle disciplinar; a interação dos alunos nas tarefas escolares; a sistematização do AEE no contra-turno; a divisão do horário; a forma de planejar com os alunos; a avaliação da execução das atividades de forma interativa.

Questionamos junto às entrevistadas quanto à obrigatoriedade das escolas

regulares em matricular os alunos com surdez, as repostas foram de aceitação. Enfatizamos

que durante este questionamento as professoras salientaram a importância em modificar

seus métodos de forma a aderir e desenvolver competências fundamentais para o exercício

da profissão e em conhecer profundamente Libras de forma a adequar os conteúdos

curriculares de Biologia.

Contudo, diante da atual realidade e da ausência de aperfeiçoamento dos

métodos de ensino Castro e Pedrosa (2011, p.03) acrescentam que ainda há: “[...] práticas

escolares dirigidas aos alunos surdos [...] impregnadas por concepções que acreditam em

sua inserção social através do aprendizado da língua oral de sua comunidade.”.

De acordo com esses autores, isto acontece porque os conteúdos da tradição

pedagógica brasileira estão fortemente associados e organizados por disciplinas. Nessa

linha de pensamento, podemos observar que as professoras entrevistadas sentem enormes

dificuldades com relação à capacidade de transmitir os conteúdos de Biologia de forma

compreensiva para os alunos surdos. Durante este questionamento a P1 realçou que nunca

lecionou para alunos surdos, mas que considera isso um desafio tanto na transmissão do

conteúdo como na comunicação com os alunos.

Já P2 acredita que:

31

É grande a responsabilidade de um professor em receber um aluno com surdez em sala de aula, principalmente na transmissão de conteúdos como de Biologias com tanto nucleoplasma, adenina entre outros.

O posicionamento adotado pelos professores acima citados condiz com os

relatos dos autores citados gerando polêmicas e muitas discussões entre pesquisadores,

professores e demais profissionais envolvidos com a educação de alunos surdos no que

tange a atual realidade do Ensino brasileiro.

32

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a análise dos resultados podemos compreender que existem várias

possibilidades de inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular, mas que as

dificuldades atualmente encontradas são oriundas, em sua maioria, do modelo de ensino

conservador predominante no país, da ausência ou superficial capacitação dos professores

e do interesse político em promover a diversidade.

Acreditamos que para a construção de uma relação pedagógica eficaz junto aos

alunos com surdez, numa perspectiva inclusiva, devem ocorrer mudanças primeiramente no

planejamento das escolas e qualificação dos professores de Biologia. É necessário um

redirecionamento do aprendizado, sendo o docente o executor de infinitas possibilidades, no

processo de ensino e aprendizagem de forma que o aluno com surdez assimile e entenda

desenvolvendo suas habilidades cognitivas e linguísticas. Contudo, observamos que

existem necessidades latentes de uma ação conjunta, de governo no preparo e qualificação

dos professores e da sensibilização da inclusão com uma forma de ruptura das fronteiras.

Compreendemos ainda a inclusão como processo de desenvolvimento das

capacidades das pessoas com deficiência proporcionando ao ensino educacional um novo

jeito de educar, educar para diversidade. Tendo assim um olhar analisador com base nas

estratégias e recursos pedagógicos, que auxiliam o professor na sua prática.

O professor de Biologia no processo inclusivo colhe argumento teórico

fundamentando a sua prática. É de fundamental importância que os professores, ao elaborar

a proposta pedagógica na sua escola, possam ter a responsabilidade de observar a sala

como uma célula mista, com diversos tipos de pessoas e trabalhar seu conteúdo em cima

dessa vertente, precisando desenvolver novas metodologias que favoreça melhor o Ensino

dos alunos com surdez.

Muito embora o professor de Biologia ainda sinta necessidade de um

aperfeiçoamento na formação profissional a respeito da inclusão da pessoa com surdez, a

sua prática deve possibilitar a interação e aprendizagem sistematizada dos alunos como um

todo. Por tudo isso que apresentamos, torna-se inegável que o professor de Biologia

desenvolva um vocabulário técnico de Libras e maior aprofundamento do conhecimento

nessa língua, bem como aprimoramento no que concerne ao exercício da sua prática

durante as aulas expositivas.

Almejamos através de esta pesquisa produzir conhecimento a partir da realidade

vivenciada por Professores de Biologia, compartilhando desafios e soluções para a inclusão

do aluno com surdez. Destacamos que nesta pesquisa não pretendemos encerrar a

33

discussão sobre a Educação Inclusiva, tampouco quanto ao ensino da Biologia para alunos

surdos, pois compreendemos que o conhecimento é infinito e logo apresentamos aqui

apenas uma das vertentes da temática. Desejamos que através desta pesquisa outras

possam ser realizadas, tendo em vista a escassez de trabalhos acadêmicos acerca do tema.

34

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RIBEIRO, Uirá & CRUZ, Carla. Metodologia Cientifica – Teoria e Prática 2 ed. São Paulo: Axcel Books, 2004.

ROPOLI, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da inclusão Escolar. A escola comum inclusiva. Brasília: Ministerio da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade federal do Ceará, 2010.

SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A Educação Inclusiva: o meio de construir escolas para todos no século XXI: Como surge a inclusão e que causas a promovem. Inclusão - Revista da Educação Especial, Brasília, Out., 2005.

SILVA, Alessandra. Deficiências auditiva. São Paulo: MEC/SEESP, 2007.

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TREVISAN, Patrícia Farias Fantinel ENSINO DE CIÊNCIAS PARA SURDOS ATRAVÉS DE SOFTWARE EDUCACIONAL. Patrícia Farias Fantinel Trevisan. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas - UEA, 2008. 116p. 30 cm – Disponível em: <http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/10-15.pdf> Acesso em: 16 fev. 2013.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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APÊNDICE

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APENDICE A: Questionário aos professores do Ensino Médio na

disciplina de biologia com alunos surdos.

01-Para você o que é inclusão de pessoas com deficiência?

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02-O que você compreende sobre inclusão de pessoas com surdez?

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03-Qual a sua maior dificuldade encontrada com aluno surdo em sua sala de aula?

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04-Na atuação em sala de aula como você reagiria tendo que se apresenta a um aluno surdo

em sala no primeiro dia de aula?

A- ( ) Busca ajuda

B- ( ) Conversa com a coordenação por não ser capacitado .

C- ( ) Fica tranquilo e continua dando aula do mesmo jeito de antes.

05-Você já realizou algum tipo de capacitação sobre surdez na sua disciplina( Biologia)?

A- ( ) Sim

B- ( ) não

C – ( ) fiz mais não sei de nada sobre o assunto.

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06- Nestas ultimas décadas as escolas são obrigadas a receber alunos com deficiência, eles

possuim direitos iguais como qualquer outro aluno. Você concorda com esta afirmativa?

A-( ) sim

B-( ) não

C- ( )depende da deficiência

07-Como está sendo feita a inclusão de alunos com surdez nas classes regulares do ensino

médio?

A- ( ) bem acolhidos

B- ( ) tratados como “coitadinhos”

08-É necessário algum tipo de adaptação na exposição dos conteúdos quando existem um

aluno com surdez?

A- ( ) sim

B- ( ) não

C- ( ) as vezes

09 – Caro professor já teve experiência com alunos surdos no Ensino Médio? Se tiver como

poderia se avaliar em relação à inclusão desse aluno?

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10- Educador qual a sua contribuição no processo de inclusão no ensino médio?

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11- E se hoje chegasse a sua sala de aula um aluno com surdez, você como professor de

Biologia teria a capacidade de transmitir seus conteúdos de forma compreensiva?

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12- Como a política estadual sobre educação inclusiva poderia ajudar na inclusão de pessoas

surdas?

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TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E ENTREVISTA

Eu, _________________________________________residente e domiciliado no endereço______________________________________, AUTORIZO, a título gratuito o uso da minha imagem e voz através de gravadores e anotações para os trabalhos relacionados à pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará, intitulado AS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR PROFESSORES DE BIOLOGIA NA INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NO ENSINO MÉDIO: O que pensam os professores da Educação Básica, a ser apresentado e/ou publicado em eventos científicos com fins exclusivamente acadêmicos ou de divulgação em páginas da internet e afins, cujos responsáveis são: Ibiracir Roberto de Paulo Filho e Flavia Roldan Viana (orientadora) podendo tal trabalho vir a ser publicado ou apresentado parcial ou integralmente em palestras, eventos científicos, periódicos, livros (sem limite de tiragem), revistas acadêmicas, anais, revistas, CD-rom ou outro suporte multimídia, ou qualquer veículo de informação e pesquisa, inclusive a Internet, para todos os fins científicos e educacionais que aqui não estejam expressamente mencionados. Por esta ser a expressão da minha vontade, declaro que autorizo o uso acima descrito sem que nada haja a ser reclamado a título de direitos conexos à minha ou a qualquer outro e assino a presente autorização.

Como garantia de aceso aos resultados obtidos e aos pesquisadores, e sempre que considerar necessário tirar dúvidas e acessar informações recorrerei à pesquisadora pelo endereço eletrônico: [email protected].

Sendo assim, consinto participar da pesquisa como está explicado neste documento.

_____________________________________

Beberibe, __de ___________de 2013.

Testemunha:

Nome_________________________ Assinatura________________________