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Direção e Roteiro João Inácio - [email protected] - (61) 3222-7858 (61) 9292-1443 - Filmado em maio/2013, em St. Antônio do descoberto - Goiás - Brasil www.imaginacao.art.br/benjela 1

As Luzes de Benjela

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Em pleno dia de natal e após cumprir 10 anos de prisão, Adamastor volta para casa buscando uma nova vida quando luzes misteriosas trazem à tona violência, segredos e frustrações. Agora, juntos precisarão lutar em um campo de batalha onde muitos fracassam: Na própria casa.

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Direção e Roteiro João Inácio - [email protected] - (61) 3222-7858 (61) 9292-1443 - Filmado em maio/2013, em St. Antônio do descoberto - Goiás - Brasilwww.imaginacao.art.br/benjela1

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BENJELAE aí, é hoje?

LUZIAÉ.

BENJELATá ansiosa?

LUZIAMuito. E você?

BENJELANem um pouco.

(trecho do dialogo entre os irmãos quando conversam sobre a eminente chegada do pai após 10 anos de prisão)

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SinopseEm pleno dia de natal e após cumprir 10 anos de prisão, Adamastor volta para casa buscando uma nova vida quando luzes misteriosas trazem à tona violência, segredos e frustrações. Agora, juntos precisarão lutar em um campo de batalha onde muitos fracassam: Na própria casa.

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O diretorJoão Inácio é diretor cinematográfico, compositor, roteirista, formado e pós-graduado em comunicação e possui vários cursos de especialização em cinema. Artista multimídia e agitador cultural, também é poeta, compositor de vários discos, romancista, criador de programas de rádio e TV, produziu e dirigiu os dvd’s das bandas musicais “Expresso Luz” e “Raízes”, assim como produziu e dirigiu os documentários “Sal da Terra, “Navegando nas águas de Deus” e “Naoum”. Com seu longa documentário TRUKS foi o diretor convidado para abrir o 3 DocBrazil Festival na China onde também ministrou workshop “Documentário – Da criação à produção”. Até o momento o filme TRUKS já foi exibido em 11 festivais dentro e fora do pais e premiado com os prêmios de melhor longa documentário no Festival Vercine, no Rio de Janeiro e Menção Honrosa no III Curta Amazônia, em Manaus.

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Elenco e técnica

Elenco

CRISTIANE SOBRAL (ROSINA)

Atriz, escritora e arte-educadora, Cristiane Sobral é carioca e mora em Brasília desde 1990. Bacharel em Interpretação Teatral, Mestranda em Arte Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior, foi a primeira atriz negra graduada no Bacharelado em Interpretação Teatral na UnB (1998). Como atriz atuou em vários espetáculos como “Uma Boneca no Lixo”, dirigido por Hugo Rodas, “Machadianas Cenas Cariocas”, dirigido por Ginaldo de Souza, “Ajalá, o fazedor de cabeças”, dirigido por Ricardo César, entre outros. Em cinema atuou nos curtas “A Dança da Espera”, de André Luís Oliveira e “As coisas acontecem”, de Denílson Félix, em 2009. É Professora de teatro da Secretaria de Educação do Distrito Federal, diretora do grupo teatral Cabeça Feita, membro do Sindicato dos Escritores e ocupa a cadeira 34 como imortal da Academia de Letras do Brasil.

Como foi trabalhar com João Inácio como diretor?Grata satisfação, o diretor é muito atencioso, dedicado e motivado. Destaco o período de ensaios, fundamental para a realização do projeto em tempo hábil. Os ensaios ajudaram muito na composição dos personagens. João Inácio tem um controle emocional e operacional das situações que transmite muita segurança para os atores e equipe, esteve sempre muito seguro das decisões tomadas.

Qual cena você mais gosta do filme?A cena da chegada do marido, quando Rosina está sentada na cozinha. Nesta cena é possível conhecer a personagem, a partir das ações e das relações estabelecidas com os demais. O que ficou de marcante pra você depois de ter participado deste filme?A paixão que tenho pelo meu trabalho, a vontade de atuar mais e o elogio ao diretor e equipe, espero que o filme colha bons frutos e que venham novos projetos!

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O que acha que o público vai apreender do filme?Ver na tela personagens negros com subjetividade não é algo comum quando falamos do cinema nacional, que ainda não conta as histórias do nosso povo. Acredito que o público vai se identificar bastante com os personagens e se emocionar com os desafios enfrentados. Há contundência e poesia escorrendo da tela, mas cabe também destacar que a maravilha do cinema reside justamente nas surpresas que o encontro com o público poderá causar. O que seu personagem significou pra você?Aprendi muito com a Rosina, com os seus silêncios e postura diante da vida. Admiro a sua coragem e força interior, é uma mulher admirável como muitas guerreiras de nosso país, que vão em frente com sua fé inabalável. Fiquei feliz porque pude, graças ao convite e a confiança do diretor, contar uma das muitas histórias de mulheres que sustentam as suas casas empenhando os seus esforços para manter a união familiar, e também me alegra poder mostrar que o amor une as pessoas de todas as classes sociais.

Como foi a relação com os outros atores e com a equipe?Excelente! Tivemos uma equipe afinada, alegre e preparada para encarar quaisquer percalços, que sempre ocorrem e nos colocam em uma posição de prontidão, que é importantíssima para quem trabalha com arte. Com essa equipe foi fácil e muito prazeroso trabalhar, embora as cenas exigissem concentração e momentos de introspecção para que pudéssemos interpretar com a maior verdade possível as histórias dos personagens. Por ser um filme de realidade fantástica (com efeitos especiais e tudo mais), houve alguma dificuldade para interpretar o seu papel?Adorei o desafio! Ao ler o roteiro as dificuldades surgiram mas durante as filmagens tudo foi se apresentando com maior nitidez e a direção estava muito segura dos seus intentos, o que facilitou e norteou o meu trabalho, transmitindo a segurança necessária para a sua realização. Sua experiência é sobretudo em teatro. Como foi a experiência de atuar pra câmera?É sempre um prazer atuar para a câmera, o cinema tem uma dimensão diferente do teatro, um tempo diferente de execução, uma proximidade maior, um contato olho no olho que exige um minimalismo na interpretação, as intenções precisam estar na dimensão correta do encontro com a lente. Percebo também uma diferença do ponto de vista do caminho de construção da personagem, que na sétima arte tem um percurso mais interno. A experiência foi fantástica, estou muito animada a estar em outras produções, meu próximo trabalho será um longa, também com cenas de ação, para o qual já estou me preparando, sinto que esta experiência acrescentou demais ao meu repertório de atuação.

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EDUARDO TUNNER (BENJELA)

Eduardo Tunner é ator há 6 anos, já participou das peças “Xico Espirro e Juanita”, “Fins dos Tempos”, “Medéia”, “Espetaculo: Feliz ano novo”, “O Inspetor Geral, A bela adormecida” e dos musicais “Hairspray, A bruxinha troca-tudo “e “Alice no pais das Maravilhas”.

O que acha que o público vai apreender do filme?Que na vida o dinheiro não é o principal e que sua casa não precisa ser linda fisicamente. Ela é linda pela luz do amor e união que sua família propaga. Acredito que após ver o filme muita gente ligou para algum amigou ou familiar que não falava mais por brigas, e pediu perdão. Por que as chamas das LUZES DE BENJELA são exatamente isso, luzes de perdão que saem do lar onde eles moram e eram/são felizes.

O que seu personagem significou pra você? Benjela foi um exemplo de resistência e coragem. Bater de frente com alguém que te criou , que passou um referencial de vida para você provavelmente não é fácil e ele fez isso para proteger sua mãe e sua Irma. Resistência, porque andava quilômetros e quilômetros para trabalhar para poder ajudar com o mínimo que fosse em casa e isso é um gesto louvável para mim e acredito que para vocês também.

Como foi a relação com os outros atores e com a equipe?Que equipe maravilhosa! Essa palavra define porque desde o começo todos foram bem amigos e comunicativos! Como é meu segundo trabalho com cinema, meio que fiz uma comparação e assino em baixo na escolha do João Inácio, ver o profissionalismo e o trabalho de cada um foi extremamente gratificante.

Por ser um filme de realidade fantástica (com efeitos especiais e tudo mais), houve alguma dificuldade para interpretar o seu papel?Basicamente não. Algumas coisas técnicas no sentido de não escutar o som de cada bala/estrela foi complicado para a reação do personagem. Mas a todo momento tentava visualizar cada efeito mentalmente, pois traria mais veracidade e emoção a cena proposta.

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Sua experiência é sobretudo em teatro. Como foi a experiência de atuar pra câmera?Como já havia dito é o meu segundo trabalho com cinema e já fiz alguns trabalhos publicitários acadêmicos. Sou apaixonado pela atuação em cinema, vendo mesmo, o ator consegue aprender muito. Diferente do teatro, que todos os gestos devem ser expansivos/grandes, pois aquele que esta na última fileira deve ver e sabe que ato/gesto você fez, e o cinema tem essa coisa mais natural e minimalista, então se torna bem vizinho do que vivemos do dia-a-dia, do nosso cotidiano. Mais o que pesa bastante entre ambos é que no teatro tudo é ao vivo e no cinema você tem possibilidades de gravar varias cenas e a boa é a que vai ficar (risos).

Quais foram os desafios para interpretar o personagem Benjela no filme?O Benjela desde o inicio da construção de personagem foi uma surpresa. A cada momento surgia uma informação nova sobre esse rapaz que na verdade infelizmente teve que crescer rápido, ajudar sua família e ser o homem da casa. O mix de sentimentos em que ele se encontrava era extraordinariamente novo para mim, pois não tinha referencias pessoais para compor/criar seus trejeitos e máscaras. Com tudo fui recompensado com a bagagem desse rapaz guerreiro e confuso.

Como foi trabalhar com João Inácio como diretor?Sou suspeito para falar do João, pois além de ser um grande homem/amigo é um excelente profissional. A todo momento se preocupava com o que os atores estavam entendendo sobre o personagem, se existe algum tipo de duvida que atrapalharia na sua instalação ou na cena. Dentro da nossa proposta de trabalho o auxílio dele, particularmente falando, foi fundamental para fechar com chave de ouro meu personagem. Lembro-me que no meio das gravações ele parou e fez comigo uma técnica de instalação de personagem maravilhosa, que no momento era o empurrão final para o que o diretor queria para a cena.

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Qual cena você mais gosta do filme?Para quem assistiu o filme provavelmente irá pensar que prefiro a cena da arma (principal), mais não. Por incrível que parece eu me apeguei muito à cena em que o Benjela discute com sua mãe e de uma forma sutil demonstra sua revolta pela volta do pai que saiu da cadeia, insinuando cometer os mesmos atos pelo qual ele fora preso. O Benjela tem um amor muito grande por sua mãe, tanto quanto pelos demais, mas afrontar Rosina naquele momento foi quase como um ultimo grito de socorro, tentando alertar sua família. Enfim, recordando agora fico com a respiração ofegante pois seria algo que nunca faria (risos).

O que ficou de marcante pra você depois de ter participado deste filme?Para mim foi um aprendizado enorme. A luta por uma família unida, onde cada um está inteiramente disposto a se entregar pelo outro... O que uma pessoa é capaz de fazer para afastar sua família de um possível mal? Aprendi que nunca, nunca mesmo é tarde para perdoar. Nos dias em que vivemos vemos muito disso, pessoas que passam anos e anos sem falar com as outras, às vezes por motivos fúteis e levemente desnecessários, temos que nos agarrar àqueles que como nossos pais sempre falam “Amigo é sua família” e no caso do Benjela era exatamente isso que ele tinha. Sua família era sua base, seu alicerce e hoje levo isso comigo!

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GILSON CEZZAR (ADAMASTOR)

Graduado em Educação Artística/Artes Cênicas pela Universidade de Brasília é professor de Teatro e Pesquisador da Cultura Popular e tem em sua trajetória mais de 60 peças teatrais em que atuou como ator e/ou diretor. Além desse filme atuou no filme CÁ E LÁ, de Aurélio Simão.

Quais foram os desafios para interpretar o personagem Adamastor no filme?Acredito que a cada interpretação é um desafio novo, que encaro com muito prazer e dedicação. Para interpretar o Adamastor, tive que estudar algumas ações que julguei serem coerentes para o papel. Ao mesmo tempo que o personagem tinha que apresentar uma carga do seu passado, também tinha que estar aparente sua a opção de mudança de vida, que aos poucos, e de forma muito sutil, vai sendo revelado no filme. O maior desafio foi encontrar este meio termo, bem como deixar claro a real personalidade do Adamastor. Foi um grande presente, desafiador e instigante, que me deixou aprendizagens significativas.

Como foi trabalhar com João Inácio como diretor?Talvez não tenha na minha “caixinha de adjetivos”, todas as qualidades e virtudes que ele mereça. Além de extremamente profissional, cuidadoso, e paciente, se mostrou ser um grande conhecedor. Foi, sobretudo, objetivo nas suas colocações e orientações. Acredito que o ator se sente seguro, quando seu diretor também está seguro, assim como acredito também que a boa atuação é também resultado de uma boa direção. João sabia o que queria, e isso nos ajudou a entender e se aproximar da interpretação pensada para o personagem e trama concebida por ele. Manifesto aqui meus sinceros agradecimentos por ter me confiado dar vida, cor e respiração ao Adamastor.

Qual cena você mais gosta do filme?Difícil responder qual mais gosto. Todas são muito boas! Mas gosto muito da cena em que Adamastor pergunta à Luzia sobre a gravidez. É uma cena que tem algo imprescindível para o ator: A respiração! A pausa no momento certo. Outra que gosto muito, sobretudo pela carga emotiva da cena, refere-se a cena do quarto, quando Adamastor cai em si do tempo e das alegrias que perdeu por estar longe da sua família.

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O que ficou de marcante pra você depois de ter participado deste filme?Acho que ficou marcante, sobretudo pelo perfil e experiência do personagem, quão importante e valorosa é a companhia e o carinho da família.

O que acha que o público vai apreender do filme?Que todos estamos sujeitos ao erro, porém, temos direito a uma segunda chance, à possibilidade da mudança e de consertar os erros.

O que seu personagem significou pra você?Significou, especialmente, sobre quão importante é ter a oportunidade de poder recomeçar, de poder reconciliar-se com a família e de consertar as falhas do passado. A mudança é necessária quando se quer algo melhor para a vida. Profissionalmente, significou a realização de um grande desejo de poder fazer parte de uma montagem cinematográfica de muita qualidade artística.

Como foi a relação com os outros atores e com a equipe?Uma coisa que foi sempre comentada pelo João foi da felicidade de poder trabalhar com profissionais dedicados. Todos muito solícitos e prestativos e de convivência fácil. Cada um desempenhando sua função com responsabilidade e afinco. Uma equipe harmoniosa e muito profissional.

Por ser um filme de realidade fantástica (com efeitos especiais e tudo mais), houve alguma dificuldade para interpretar o seu papel?Não diria para interpretar o personagem, mas para me adaptar aos efeitos no momento da cena, sobretudo porque exigiram uma disposição física que não tinha imaginado para a cena.

Sua experiência é sobretudo em teatro. Como foi a experiência de atuar pra câmera?Extremamente enriquecedora e nova! No início pensei que teria mais dificuldade com a câmera, porém, logo fui me adaptando, graças às orientações e conduções da direção e da equipe. É tudo muito diferente e que exige muito mais do ator, especialmente no que se refere à construção e manutenção das emoções necessárias para a cena. No teatro construímos um gráfico contínuo de intenções que irão desencadear numa emoção desejada, não há uma quebra deste gráfico, desta sequencia. No cinema, o desafio para o ator é justamente este, estar pronto a todo e qualquer momento para a emoção que a cena exige, independente de uma sequencia. Confesso que no primeiro momento senti falta do calor do público, da plateia, mas logo o encontrei nos colegas de cena e da equipe.

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RAÍSA CAROLINE (LUZIA)

É atriz e tem na sua trajetória as peças teatrais “Identidade”, “Restauração”, ”Marionete” e ”Corações”. Com o personagem Luzia ela fez sua estreia no cinema.

Qual cena você mais gosta do filme?Com certeza a cena de confronto entre pai e filho, quando toda a família contracena junta pela primeira vez.

Como foi trabalhar com João Inácio como diretor?Incrível! Até hoje me pego pensando nos dias de filmagem, de ensaio e vejo o quão paciente ele foi comigo. Foi minha primeira experiência com câmeras e desde o primeiro ensaio ele mostrou confiança no meu trabalho. Serei eternamente grata pela oportunidade e pelo carinho.

Como foi a relação com os outros atores e com a equipe?Melhor Impossível! Amei ter grandes profissionais ao meu lado. Como foi minha primeira experiência, a ajuda que tive dos meu colegas atores me impulsionou a dar o melhor de mim.

Sua experiência é sobretudo em teatro. como foi a experiência de atuar pra câmera?Foi bem diferente de tudo o que eu já vivi. Senti uma dificuldade mas ao longo do processo fui adaptando minhas técnicas à câmera. Experiências novas são assustadoras mas edificantes.

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EDNEY MARINHO (SOLDADO)

Edynei Marinho é ator, trabalhou na peça “Romeu e Julieta no Sertão’, em cinema trabalhou nos filmes “Boca do lixo 2 e 3”, “GPS Andarilho”.

FRANK JOSEPH (FRANK)

Frank Joseph é ator, diretor e roteirista. Em cinema participou de várias curtas metragens, entre eles: “O vizinho”, “Do ponto de vista do pó”, “O passageiro” e “Na direção certa”. Escreveu e dirigiu os longas “Boca do lixo 2” e “Boca do lixo 3”, participou das peças “Romeu e Julieta no sertão” e “ Branca de neve e os sete anões”.

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HEMERSON COLT (SOLDADO)

Hemersom é ator, participou das peças “Romeu e Julieta no Sertão”, “Crimes”, “Encenação da Via Sacra do Núcleo Bandeirantes” e “A gota D’água da UCB”. Em cinema trabalhou nos filmes “Boca do Lixo 2 e 3”, “GPS Andarilho” e “Fortunatykhe”.

ARNALDO FERNANDES (PARCEIRO DE “FRANK”)

Arnaldo Fernandes é ator, participou do curta “Boca do lixo 1” e “Boca do lixo 2”

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MARCOS AURÉLIO (BENJELA CRIANÇA)

Marcos é estudante e tem no filme sua primeira participação como ator.

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Equipe Técnica

ISABELLA REIS (DIRETORA DE PRODUÇÃO)

Isabella Reis trabalhou como Diretora de produção em “Punto Circular” da cantora argentino‐israelense Monica Manaker e diretor Sylvio Lima, “Família Schneider” de João Caffarelli, “Sim, Salabim” de João Caffarelli e “Versos” de Gustavo Dourado. Também atuou como assistente de produção e direção dos filmes de longa-metragem “O ultimo cine Drive-in” de Iberê Carvalho e “Finding Josef ” de Moises Menezes.

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MATHEUS FELIPE (TRIHA SONORA)

Matheus Felipe, ou Choko como é comumente conhecido, é compositor, tecladista e arranjador. Foi responsável pela trilha do longa TRUKS e com a trilha sonora desse filme faz sua segunda inscursão em cinema.

THIAGO MENDES(DIRETOR DE FOTOGRAFIA)

Estudante de Cinema e Mídias Digitais, apesar de ainda jovem Thiago Mendes já atua há mais de 10 anos como cinegrafista e diretor de fotografia em produção de vídeos institucionais e programas para TV. No filme As luzes de Benjela” faz sua estreia no cinema.

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CLÁUDIO MORAES (1 ASSISTENTE DE DIREÇÃO)

Claudio Moraes é diretor cinematográfico, roteirista e repórter fotográfico. Possui larga experiência em vídeos comerciais, vídeoclips, institucionais, documentários, curtas e longas metragens.

Ex-diretor da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo – ABCV, Diretor e roteirista do curta-metragem “O Golpe no Mestre”, exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2010. No momento Cláudio está filmando seu documentário “O último cine drive-in” onde atua como diretor e roteirista.

FERNANDO CAVALCANTE (CAPTAÇÃO DE SOM DIRETO)

Profissional com vasta experiência e participação em dezenas de documentários, sériados de tv e vídeos institucionais, em 2008 foi vencedor do prêmio de “melhor som direto” no longa metragem “Nãnde Guarani” de André Cunha, no 41º Festival de Brasília do cinema brasileiro. Foi responsável pelo som direto nos curtas Memória de Elefante, de Denise Moraes (2009), Sapaim, de Soraya Segall (2006), Mamãe tá na geladeira, de Douro Moura (2005), Caretada, de Tânia Anaya (2004), Rosebud, de Liloye Boublie (2004), O Último Dia, de Nara Riella (2003), Dez Reais, de Rodrigo Sartis (2003), Momento Trágico, de Cibele Amaral (2003), Teodoro Freire, de William e Nôga Ribeiro (2003), Um Pingado e Um Pão com Manteiga, de Denise Moraes (2003), A Sentença do Pau Brasil, de Francis Valle (2003) e Castro Alves, de Silvio Tendler (1997) e nos longas metragens Signo de Ouro, de Pedro Anísio (2011), Salve Geral, de Sérgio Rezende (2009), Nãnde Guarani, de André Cunha (2008), O Rei de uma Nota Só, de Carlos Del Pino (2006), Folia, de Angela Zoe (2004), Cem Dias, de Nelson Pereira dos Santos (2003), Milagre em Juazeiro, de Wolney Oliveira (1995), Nem Tudo é Verdade, Paramount Picture Films (1989).

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FABRICIO RAYMUNDO TIMM (DIRETOR DE ARTE)

Timm é Bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Cinema e Mídias Digitais. Em 2012 atuou como assistente de produção do curta-metragem “O Menino e o Mendigo e no DVD “Mobília em Casa” da banda Móveis Coloniais de Aracaju. Com o filme “As luzes de Benjela” faz sua estreia como diretor de arte.

ANA PIERONI (MAQUIAGEM)

Ana Pieroni é cineasta e trabalha desde 2010 como profissional de maquiagem, participando neste período de seis longa-metragens, incluindo os filmes “Faroeste Caboclo”, “Somos tão jovens” e a série “Mandrake” (HBO), além de curta-metragens e publicitários. Ministrou o workshop de “Maquiagem de Efeitos Especiais” no SUA – Semana Universitária do Audiovisual, na UnB, e tambem na OZI - Escola de Audiovisual. Possui conhecimento e prática em maquiagem social, maquiagem artística e de efeitos especiais.

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PAULO CAPRONI (CONTINUÍSTA)

Paulo Caproni é continuísta, assistente de fotografia e supervisor de script. Trabalhou no longa internacional “Finding Joseph” (Parceria Brasil - Polônia) e na produção do clipe “Punto Circular” da cantora e compositora Mônica Manaker.

FERNANDO GARCIA (CLAQUETÍSTA)

Fernando é estudante de publicidade, roteirista e teve com o filme sua primeira experiência em cinema.

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HENRIQUE GABRIEL (STILL)

Henrique Augusto Gabriel é estudante de fotografia e tem formação em Comunicação Social e Direito. Participou do curta metragem: “As Luzes de Benjela” como fotógrafo still, primeiro trabalho na área, e está direcionando seus estudos para a fotografia em audiovisual.

Todas as fotos do pressbook, site e filme são de autoria do Henrique Gabriel.

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O filme

Como surgiu esse projeto?Não me recordo exatamente quando e onde, talvez tenha sido em um filme de animação, enfim, não me lembro ao certo, mas vi uma imagem em que havia uma casa pequena, pobre, isolada de tudo e cercada apenas por um céu completamente estrelado. Ah, sim, dentro da casa havia algum tipo de luz acesa, pois dava pra ver que haviam pessoas e essa luz iluminava os furos do teto formando estrelas céu. Essa imagem gravou na minha mente e assim escrever o roteiro foi apenas uma consequência natural.

Inicialmente o filme seria chamado “A casa que fazia estrelas”, mas fui demovido da ideia por um amigo cineasta (Ricardo Movits), pois alegou, e concordei, que já desvendaria o segredo no título do filme e isso não seria bom.

Há alguns anos aprendi uma técnica com o diretor teatral Henrique Sitchin que é chamada de “imagem disparadora” e a utilizo muito no meu processo criativo. A espinha dorsal do processo de criação foi assim e essas foram algumas das inúmeras perguntas que bombardeei àquela imagem que não saía da minha mente: Quem mora nessa casa? Uma família pobre, foi a resposta mais convincente. E porque o teto está furado? Porque na história deles há muita violência e esses buracos foram causados pela violência e também pelo desajuste familiar. Mas porque eles brigam tanto? Porque o pai da família está preso e desde então eles não mais se entendem. E porque as estrelas no céu foram formadas pela luz que vazou os buracos do teto da casa? Porque é o dia que o pai da família voltou, eles se reconciliaram e estão tão felizes que emanaram luzes ao ponto de construir estrelas no céu... Wow! Gostei! Interessante... Uma reconciliação familiar gerando estrelas em um lugar inóspito... bonito! Pode rir, mas eu tenho esse lado esquizofrênico e converso muito comigo mesmo... rsrsrs. Claro, aqui só estou descrevendo uma conversa legal. Mas no dia que alguém gravar as demais conversas verão que meu lado Smeagle briga demais com o lado Frodo… rsrsrs.

Pronto, já tinha o esboço geral do roteiro e bastava apenas agora desenvolver os personagens, as peripécias, as viradas, enfim, faltava apenas aplicar a técnica e essa

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seria a parte mais fácil... mas com um tremendo desafio: Como escrever poesia que dê esperança num cenário de tragédia e sem ser piegas?

A esperança é um dos sentimentos mais intrigantes do ser humano. Seja fazer uma construção onde nada existe ou mesmo plantar em solo árido, o ato de perseverar - ou ter esperança - é inerente à humanidade e isso a distingue dos demais seres.

Mas como ter esperança em um quadro de exclusão social, desolação e desamparo, quando tudo e todos os indicativos apontam o caos como destino? Como cristão aprendi que a graça prevalece quando, por exemplo, a palavra branda aplaga o furor. O lugar comum seria fazer mais um filme de violência sobre pessoas que vivem num contexto de exclusão mas desde o início meu desejo desde foi de não banalizar o sofrimento dessas pessoas e de apontar uma possibilidade de solução. Senão, pensei, não teria graça... isso mesmo, sem graça não há esperança. Confesso, sou um roteirista de finais esperançosos, mesmo quando não aparentem ser. Não vejo o menor sentido em convidar alguém pra assistir a uma obra minha e fazer que ao final sinta-se pior que no início. Pra isso já chega o cotidiano mas isso é outro papo.

Tive uma grande sorte de ter por perto amigos cineastas (Juliano Lucas, Sérgio Lacerda, Johil Carvalho e Henrique Gabriel) que muito contribuíram na limpeza do roteiro. Agora só faltava resolver uma questão aparentemente simples: Há uma metáfora visual de suma importância no filme e que seria fácil de resolver se houvessem condições financeiras para contratar uma equipe de efeitos especiais. O lance é que no filme há todo um jogo de acende e apaga a luz. Benjamin chega irritado em casa, bate a porta e a luz da cozinha se apaga. Rosina, sua mãe, levanta-se e acende uma vela. Adamastor entra em casa, a luz da sala está acesa, Luzia tem um segredo (e não deveria tê-lo diante de seu pai) e apaga a luz da sala sob o pretexto de fazer uma surpresa pra mãe. Adamastor entra na cozinha, a luz estava apagada por causa do mal contato, e eleacende a luz. Em seguida, quando olha pra filha e com olhar crítico diz que “essa casa está mudada o mal contato novamente apaga a luz. Rosina acha o fósforo e novamente acende a vela. À partir daí, à medida que a família vai confessando suas mazelas e reconciliando, luzes surgem nas paredes mas por causa do contexto de violência julgam ser tiros quando na verdade são “estrelas nascendo”. Acender e apagar luzes é fácil, mas você já pensou alguma vez em filmar uma estrela nascendo? Só eu mesmo... E agora estava com esse pepino nas mãos.

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Thiago Mendes, o diretor de fotografia, me perguntava: E como você pretende filmar uma estrela nascendo? A resposta era óbvia mas não de simples implantação: um bolinha branca vai chegando até virar estrela no céu... Testamos inúmeras luzes, todas davam um alo muito grande e a estrela nasce pequena, não sabia? Rsrsrsrs. Comecei a chamar a imagem disparadora de “imagem desesperadora”. Tentamos um laser, mas ele tinha uma bolinha pequena, característica demais e as cores eram verde ou vermelha. Até que certo dia o Thiago apareceu na minha casa com uma solução: Um prisma! Isso, produzimos com canos de PVC um ele (L), em 90 graus, sendo que numa ponta colocaríamos um fecho de luz forte e na outra ponta um furinho suficiente pra desenhar a luz na parede. Tudo muito lindo, certo, até que chegou a hora de usar. Enfim, deu e não deu certo... mas a história é longa e não daria pra contar tudo aqui. Foi uma aventura e essa foi a única maneira que conseguimos de fazer uma luz pequena que desse a sensação de ser uma estrela ... rsrsrsr.

Ao longo da pré-produção pensei em vários nomes para o filme porque havia desistido do nome inicial. Depois de muito tentar cheguei no título “As luzes de Benjela”. Pareceu-me intrigante e o Benjela como apelido pejorativo para Benjamin também era interessante porque aumentava o drama do filho com relação ao pai. Esse dilema é que depois da prisão do Adamastor, e enquanto ainda era criança,

desde então Benjamin nutriu uma mágoa que o impele a preferir ser chamado mais pelo apelido que pelo próprio nome.

A relação entre os membros da família não é das melhores. Rosina, a mãe, é religiosa, e até nas conversas mais simples desconfia da integridade do filho, temente de que seu destino seja idêntico ao do marido. Luzia, a filha, é ingênua, esperançosa, ansiosa pela volta do pai para casa mas está prestes a se tornar “mãe solteira” e não sabe quem é o pai do seu filho. Por essa razão ela teme ser rejeitada pelo próprio pai que desconhece a gravidez da filha. Como se vê, todos os membros possuem motivos de sobra pra não encontrar “um luz” no outro, porque cada um vive sua própria tragédia. Até que Adamastor volta pra casa e à medida que vão se reconciliando ou tomam decisões em prol do outro luzes surgem sem que compreendam sua origem. Pelo contexto de violência que vivem, julgam que são tiros de alguém que há sob o telhado quando na verdade são “estrelas nascendo”, frutos de suas reconciliações. No início do filme, depois de uma discussão com a mãe, Benjamin fala com a irmã que “a energia da casa era tão ruim que nem estrelas tinham no céu”... E tudo muda à partir do momento em que eles se reconciliam e tratam suas diferenças. Decidir reconciliar é um ato, retomar pra sempre o rumo certo um caminho.

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A escolha do elenco

Interessante como os atores subverteram a ordem do que eu tinha em mente para os personagens. Teste mesmo eu só fiz com o Eduardo Tunner que fez o Benjela. No texto original o personagem seria mais jovem. Mas quando dei um pequeno texto pro Eduardo ler, vi na aparência dele uma certa ingenuidade e que cabia bem ao personagem. Percebi também nele uma facilidade muito grande para cenas de alta dramaticidade e isso seria preciso no filme. A Cristiane Sobral (Rosina) me foi indicada por um amigo, os trabalhos dela por si a recomendavam e na prática ela é muito melhor do que podia imaginar. O Gilson Cézzar (Adamastor) foi o caso mais típico dessa subversão, pois estava procurando um ator mais velho quando fui assistir a uma peça em que ele atuava como um mendigo. Inicialmente o senso profissional dele me cativou, pois cheguei mais cedo que o normal, entrei no teatro e fiquei quieto observando tudo e percebi que enquanto a maioria dos atores conversavam descontraidamente o Gilson fazia aquecimento vocal, corporal e se concentrava sozinho nas falas do seu personagem. Até então aquilo era apenas um ritual normal para qualquer ator, mas quando ele entrou em cena a história mudou e apostei nele. Como a diferença de idade dele e o Eduardo não é grande tive o receio de perder força no drama entre o filho e um pai que não acompanhou a juventude do filho, mas isso os dois tiraram de letra. Por fim, A Raísa Caroline (Luzia) foi uma feliz apostas. Ela não tinha experiência em cinema mas se saiu muito bem. Frank, Hemerson, Arnaldo e Edney Marinho já tinham atuado em outros filmes e sabia que dariam conta do recado e deram. Por fim entrou o Marcos Aurélio (Benjela criança) cuja participação era importante mas não requeria dele qualquer ação dramática e por isso contei com a participação de um garoto da região.

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Sobre as filmagens?Fazer cinema independente é uma atividade de alto risco porque a atividade cinematográfica é cara e o planejamento necessário para que tudo dê certo implica em muitos custos e diversos profissionais envolvidos. No nosso caso, como toda trama se passa dentro de uma casa simples e não havia recursos pra construir uma casa cinematográfica, a alternativa foi alugar a casa de uma família simples e pagando pelas diárias de uso uma vez que eles residiam na mesma. Por causa disso, a falta de espaço para movimentação da câmera e da equipe técnica foi um enorme

desafio, pois no menor descuido microfone vazava na imagem, ruídos apareciam, enfim, loucura total. Por outro lado, quando se tem uma equipe comprometida – e eu tive esse privilégio – quando tudo acaba fica uma tremenda satisfação de ver tantos amigos engajados no trabalho mas também um peso monstro sobre os ombros. Enquanto num processo normal você contrata, paga, cada um vai pro seu canto e o filme é só seu, nesse esquema de “guerrilha” a responsabilidade do diretor aumenta, pois há a inerente obrigatoriedade de fazer um filme “melhor ainda” como uma forma de agradecer e reconhecer tanto esforço empreendido.

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Como escolhi o menino que interpreta Benjela criança?A ideia não era escolher um ator e queria uma criança que tivesse a mesma expressão alheia, desligada, que o Edurdo Tunner trouxe ao personagem. O Frank me apresentou várias crianças da região e quando estávamos indo à casa de outro garoto vi o Marcos Aurélio meio de relance entrando numa casa. Entrevistamos os outros meninos mas a expressão dele não me saia da cabeça. Com alguma dificuldade conseguimos descobrir onde era a casa dele, falamos com sua mãe e ela permitiu sua participação.

A abordagemEu não queria fazer um filme convencional de uma família negra, pobre e em situação de risco. Isso seria o óbvio e o que todo mundo espera assistir quando esse tema é abordado. O senso comum me empurrava pra apenas explorar o lado violento da realidade de famílias similares à do filme, mas desde que escrevi o roteiro julgava que mostrar sobretudo o lado trágico seria jogar mais lenha na fogueira e em nada contribuiria para mudar a realidade. Claro, não sou ingênuo em considerar que um simples filme vai mudar uma situação tão complexa, mas ao menos ele aponta um caminho possível, até óbvio mas raramente visto em filmes: A reconciliação e consequente esperança muda a realidade.

Por isso, os diálogos muitas vezes são metafóricos, o final onírico e não estranharei se críticos reclamarem da forma como os personagens se expressam. É possível fazer poesia pra sublimar a tragédia. Há quem veja uma situação ruim e diga “não tem jeito”, mas esse não sou eu. Tá ruim? Tá, mas pode mudar!

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Porque usar uma música cantada em inglês em um filme brasileiro?Há duas músicas que usamos como base para desenvolvimento da trilha do filme. A primeira é “Kumbaya”, um negro espiritual que era cantado pelos negros africanos quando viviam escravizados nos Estados Unidos. A outra é a clássica “Messias”, de George Frideric Handel. Ambas possuem conotação religiosa e retratam bem não apenas o anseio da Rosina em função da sua crença, mas de toda família que ansiava por algum tipo de redenção que mudasse suas trágicas vidas.

Matheus Felipe, meu filho, foi quem compôs toda a trilha sonora e conduzimos os arranjos para dar a sensação de uma procissão de escravos que vão aparentemente à própria execução quando, na verdade, estão sendo libertos... mesmo que no caminho haja dor e choro. Uma cena que me toca é quando a família sai do banheiro até um dos quartos e caminham de joelhos numa alusão ao que um dia fizeram enquanto brincavam, mas que agora, pra retomar o rumo certo, o que foi prazer agora gera desconforto.

Quanto ao uso de músicas estrangeiras, por serem músicas internacionalmente conhecidas, objetivei por meio delas universalizar a mensagem, visto que esse problema é vivido por famílias em várias partes do mundo.

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O que me motivou a produzir um filme sobre uma família negra?

O roteiro eu escrevi bem antes desse episódio. Mas um dia, conversando com a Cristiane Sobral, que é uma reconhecida atriz e com prêmios e atuações em outros lugares do mundo, ela comentou uma coisa que me marcou muito: Volta e meia, disse-me, há pessoas que me ligam e dizem “Cris, em tal trabalho estão precisando de uma artista negra e lembrei-me de você...”. Puxa, que coisa triste! É uma pena, mas é real, que ainda hoje muitos cidadãos são reconhecidos apenas porque possuem uma tez diferente. É muito triste! Não vejo o semelhante em função da sua cor e por isso não tive predileções em escrever o roteiro com essa temática. Essa família é negra mas poderia hispana, nordestinos, enfim, famílias em situação de risco à despeito de suas origens.

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Onde aconteceram e qual a duração das filmagens?A Isabella Reis, produtora do filme, tentou por diversos meios e maneiras conseguir um lugar que fosse inóspito e ao mesmo tempo amplo, mas sempre esbarrava com uma questão: Se a família é pobre, naturalmente não tem uma casa grande. Procuramos casas em Brasília, Anápolis, mas por fim fizemos tudo em Santo Antônio do Descoberto, que é uma pequena cidade de Goiás e fica há uns 40 km do centro de Brasília.

Tinha conhecido o ator Frank Joseph durante um curso para formatação de projetos e desde então desenvolvemos uma boa amizade. Frank, juntamente com Hemerson Colt e Arnaldo Santos, são apaixonados por cinema e foram cruciais para a realização do filme. Tanto que o personagem Frank é interpretado pelo próprio Frank Joseph e fiz questão de permanecer com seu nome no personagem como que fazendo uma agradecimento. Nessa minha busca pedi ajuda ao Frank, achando que ele morava no Gama, e ele me sugeriu ir ver uma casa que ele tinha e que estava vazia. A casa era perfeita ao que queria pelo lado de fora, mas pequena por dentro e a alternativa foi alugar uma segunda casa, também dele, sendo que nessa havia uma família morando mas aceitaram sublocar alguns dias para as filmagens. Começamos a pré-produção em dezembro de 2012, em março começamos os ensaios e em abril/2013 realizamos as filmagens.

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Momentos mais marcantes na gravaçãoHouve momentos não necessariamente marcantes, mas engraçados. Eu tinha concebido um plano em que o Benjela olha pra dentro de casa por um “buraco de bala” no vidro da janela da cozinha, vê a mãe e a irmã de joelhos enquanto o pai está em pé com a mão no bolso e julga mal o pai porque acha que ele está pra fazer alguma maldade. Ou seja, tinha que fazer o buraco de bala no vidro da cozinha… mas como fazer um buraco de bala sem dar um tiro no vidro? Falei com muitos vidraceiros e a resposta era de que podia estilhaçar tudo. O ideal era tiro mesmo! O Hemerson, que é policial, logo disse “deixa quieto que eu meto bala nisso”… Nem pensar, a casa não era isolada de outras, a família tinha crianças dentro de casa, etc. Estava pensando em como resolver essa questão quando o Hemerson me ligou pelo celular “estou aqui, quer mais ou menos em que altura?”. Disse como queria mas que ainda não tinha uma solução quando ele falou: Vou resolver, quer ouvi? Gelei. Pimba, desliguei o celular e fiquei com o coração querendo sair pela boca. Comecei a imaginar alguém levando um tiro, enfim, em seguida ele me ligou sorrindo e dizendo que estava tudo resolvido. De fato, ficou do jeito que eu pensava e a cena é bem legal.

O outro lance foi com o Marcos Aurélio, que é o Benjela criança no filme. Acertamos o dia hora e todos os detalhes com a mãe dele e quando chegamos lá … cadê o menino? Marcos estava no mundo, brincando e nem aí pra minha filmagem. A mãe dele saiu agoniada procurando em tudo que é canto. De repente, passado uns 20 minutos (que pareciam 2 anos), ao longe vejo um menino vindo emburrado, com os braços cruzados, e sua mãe falando poucas e boas. O menino passou sem sequer olhar pra mim, entrou em casa junto com a mãe e pouco depois saiu uma garota com a boa notícia “ele não quer gravar mais não!”. Como assim? Ficou louco? Bem, eu que comecei a ficar louco. Pedi licença, entrei na casa e o garoto começou a mexer com meus nervos. A irmãzinha dizia “ele foi pros fundos”… eu ia pra lá e ele corria pra frente. Eu ia pra frente da casa e ele se escondia no quarto. Passado o sentimento infanticida fiquei quieto até que desconfiado ele chegou e disse “quero mais não…”. Conversa daqui, dali, com muito papo e dizendo que seria rápido, levamos o menino pro set de gravação e ele totalmente emburrado. Santo Frank teve uma brilhante ideia que funciona com criança “vai rolar sorvete” e aí ele desarmou. Aos poucos fui trabalhando pra tirar apenas as expressões que queria dele e no final ele até já estava contente de olhar no monitor as cenas que havia gravado. Vai fazer cinema independente…

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Mas houve também momentos belos e outros que acho bem significativo. Estávamos vendo a locação quando o Timm, o diretor de arte, viu no poste da frente da casa uma mão de criança pintada no poste e sugeriu que pintássemos outra mão abaixo ou acima pra denotar que o pai tinha o hábito de pintar a mão do filho à medida que crescia. Achei simbólico e evoluímos a ideia pra um papel pintado onde haveriam mais mãos e que esse “quadro” estaria jogado num “quarto da bagunça” junto com brinquedos velhos. Embora rápida, achei essa muito forte essa idéia da descontinuidade de um hábito tão singelo por causa de uma tragédia familiar .

Uma cena que me toca muito é quando a família foge do banheiro para um dos quartos da casa e vão caminhando de joelhos numa alusão ao que um dia fizeram enquanto brincavam, mas agora, pra poderem retomar ao rumo certo, o que foi um dia foi prazer gera desconforto.

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Como o filme retrata o brasil e o brasileiro?O filme não tem essa preocupação de retratar famílias brasileiras como se fosse um documentário. Na verdade, a estética do filme aproxima-se mais dos filmes de realidade fantástica que dos dramas tradicionais quando abordam a temática do pobre e do excluído, pois embora tendo como pano de fundo uma família pobre, o tema reconciliação é inerente às famílias em qualquer lugar do mundo.

Onde pretendo passar o filme?O caminho natural de um curta metragem é a participação em festivais e pretendo inscrevê-lo em tantos quantos forem possíveis, tanto no país quanto fora. Por isso, tanto o filme quanto todos os processos de comunicação (site, pressbook, etc.) estão traduzidos em diversos idiomas além do português. Claro, se também for possível o exibirei em canais de TV.

O filme terá uma sequência?Desde o início eu concebi esse projeto pra ser um longa, mas optei pelo formato de curta metragem (até 25 minutos) por pura falta de recursos financeiros. Mas confesso que concluo o filme com o gosto de que deveria ter feito um longa, pois poderia melhor trabalhar as dimensões psicológicas de cada personagem. No futuro, quem sabe…

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Elenco e ficha técnicaElencoPROTAGONISTAS

Cristiane Sobral: RosinaEduardo Tunner: BenjelaGilson Cezzar: AdamastorRaísa Caroline: Luzia

COADJUVANTES

Arnaldo Santos: Parceiro de FrankEdney Marinho: SoldadoFrank Joseph: FrankHemerson Colt: SoldadoMarcos Aurélio: Benjela criança

Ficha técnicaProdução executiva: Imaginação ArtesDireção e roteiro: João InácioTrilha sonora: Matheus Felipe1 Assistdente de direção: Cláudio MoraesDir. Produção: Isabella ReisAssistente de Produção: Renée ReisDir. Fotografia: Thiago MendesSom direto: Fernando CavalcanteMontagem, desenho de som e EFX: João InácioSupervisão EFX: Lemuel MassuiaMixagem audio: Toninho ZemunerDireção de arte: Fabrício TimmMaquiagem: Ana PieroniClaquetístca: Fernando GarciaCantora (Kumbaya): Ranúzia InácioVocal (Kumbaya): Ranúzia, Matheus e Lucas InácioContinuísta: Paulo CaproniStill: Henrique GabrielStoryboard: Frank JosephColor grading: Thiago MendesPrisma estrêla: Alex de OliveiraFlare effects: Tracey Lee of Cineflare.comDuração: 25 minutos Formato: 16x9Audio: Dolby Digital 5.1 Ano de produção: 2013Classificação Etária: Livre

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AgradecimentosSérgio Lacerda, Johil Carvalho, Guilherme Silva, Juliano Luccas, Marcelo Vieira, Frank Joseph, Hemerson Colt, Marliete Inácio, Ricardo Movits,

Henrique Gabriel, Igreja Presbiteriana de Brasília, Douro Moura, Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB, Estaçao Um e a Polícia Militar de St. Antônio do Descoberto. A Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador, para quem

sempre dedico todas as minhas formas de expressão.

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