As Necessidades de Auto realização e a Motivação do Empreendedor.pdf

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  • As Necessidades de Auto-realizao e a Motivao do Empreendedor: uma Anlise de Empreendedores de Micro e Pequenas Empresas da Regio de Barueri

    Autoria: Mauricio Henrique Benedetti, Ftima Guardani, Carlos Soares de Carvalho, Jssica

    de Oliveira Daros, Renata Bizzarri Resumo: Este artigo visa ao entendimento das necessidades de auto-realizao como fatores de motivao, a partir de uma pesquisa realizada junto a empreendedores de micro e pequenas empresas de Barueri, cidade da regio oeste da Grande So Paulo SP. A pesquisa deu-se atravs da aplicao de questionrios contendo perguntas sobre caractersticas dos empreendedores e do empreendimento, bem como uma lista de assertivas que se referiam a fatores relacionados s necessidades de auto-realizao, levantados no referencial terico. As assertivas foram respondidas conforme o grau de concordncia, utilizando-se a escala de Likert. Os dados foram tabulados e submetidos anlise fatorial. A anlise dos resultados levou constatao de que os empreendedores so motivados a partir de suas necessidades de auto-realizao, o que permitiu explicar algumas de suas caractersticas. Introduo

    O tema empreendedorismo tem sido cada vez mais estudado no Brasil, sendo crescente

    o nmero de trabalhos cientficos apresentados e publicados sobre o assunto, inclusive nos ltimos quatro ENANPADs. Nestes estudos, destacam-se, principalmente, os temas referentes identificao das caractersticas dos empreendedores, a anlise da relao entre o processo empreendedor e o processo gerencial, bem como o estudo de diferentes caractersticas em termos do processo empreendedor, em diversos setores da economia. Este crescimento em estudos na rea de empreendedorismo justifica-se, entre outros fatores, pela importncia do processo de criao e desenvolvimento de novos negcios para a economia nacional, pois, como estabelecem Britto e Wever (2003), existe uma clara correlao entre o empreendedorismo e o crescimento econmico.

    Outro fator importante a representatividade acentuada das micro e pequenas empresas na gerao de empregos e multiplicao de recursos. Segundo Timmons (1999), o crescente interesse pelo empreendedorismo deve-se ao fato das micro e pequenas empresas terem relevncia para a sociedade, contribuindo diretamente para o crescimento econmico e para a gerao de emprego e renda. Conforme estabelece o Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), para o setor de comrcio e servios, a classificao Microempresa refere-se pessoa jurdica que tenha at 9 funcionrios e a categoria Empresa de Pequeno Porte corresponde pessoa jurdica que tenha de 10 a 49 funcionrios.

    Analisando-se o cenrio brasileiro, pode-se perceber que as micro e pequenas empresas tm papel significativo na economia nacional. De acordo com dados do SEBRAE (2002), elas representam aproximadamente 99% das empresas estabelecidas no Brasil, so responsveis por quase 56% das ocupaes e movimentam perto de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Porm, apesar desta forte contribuio para a economia, muitos dos empreendimentos, aps serem criados, no ultrapassam os cinco primeiros anos de vida no mercado. Segundo dados do prprio SEBRAE, obtidos em uma pesquisa realizada em nvel nacional, no ano de 2004, aproximadamente 40% das micro e pequenas empresas sobrevivem aps seu quinto ano de existncia. Este ndice de insucesso, conforme estabelece o SEBRAE, pode estar relacionado no verificao das condies do mercado, no sentido do estudo de suas oportunidades, bem como falta de realizao de um plano de negcios a ser seguido de acordo com as possibilidades de cada empresa.

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    Uma pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2002, revelou que, dos empreendimentos criados no Brasil, apenas 42% do total correspondem a empreendedores que vislumbraram uma oportunidade de negcios. Esses dados podem ter relao com as estatsticas de insucesso uma vez que, de acordo com o SEBRAE, vislumbrar uma oportunidade de negcios seria um dos fatores importantes para um empreendedor.

    Conforme Marcondes e Bernardes, empreendedor toda pessoa que identifica necessidades de clientes potenciais e, como uma oportunidade de negcio para satisfaz-las, cria uma empresa (2004, p.20). Estes mesmos autores estabelecem que a empresa para o proprietrio, assim como para muitos de seus empregados, um meio de vida e de realizao pessoal. Sendo assim, o empreendimento criado torna-se, entre outras coisas, um fator de realizao para o prprio empreendedor. Analisando-se por esta tica, a consolidao do empreendimento pode ter relao com o sentimento de satisfao da realizao pessoal dos empreendedores. Neste sentido, pode-se questionar se os empreendedores poderiam ser considerados como indivduos motivados por fatores associados a necessidades de auto-realizao.

    Ao pesquisar a produo cientfica nacional, observou-se uma carncia de estudos que abordassem, em especfico, as necessidades de auto-realizao como fator de motivao dos empreendedores. Dessa forma, decidiu-se contribuir com o estudo deste tema, abordando-se aspectos tericos relacionados, em especial, motivao associada a necessidades de auto-realizao e s anlises sobre as caractersticas dos empreendedores.

    Este trabalho teve, como objetivo geral, identificar a presena da motivao originada por fatores associados a necessidades de auto-realizao dos empreendedores. Como objetivos especficos, buscou-se analisar os fatores relacionados motivao por necessidades de auto-realizao, levantar as principais caractersticas dos empreendedores e compreender a relao entre a motivao por necessidades de auto-realizao e as caractersticas apresentadas pelos empreendedores. Referencial Terico Motivao por Necessidades de Auto-realizao

    A motivao revela a intensidade e persistncia com que as pessoas realizam suas

    aes rumo a um objetivo (VROOM, 1967). A motivao definida por Robbins como sendo o processo responsvel pela intensidade, direo e persistncia dos esforos de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta (2002, p.152). No que se refere a ambiente de trabalho, Kondo (1991), esclarece que a motivao o estmulo vontade de trabalhar do indivduo, atravs de fatores de desenvolvimento da criatividade e senso de responsabilidade, que impulsionam pessoas a agirem com persistncia e eficcia. O indivduo desenvolve seu trabalho no apenas em funo de suas habilidades e exigncias externas, mas tambm conduzido por mecanismos psicolgicos.

    Necessidades e motivos so tratados como sinnimos por Hersey e Blanchard (1996), que estabelecem que a intensidade dos motivos resultar na motivao de uma pessoa. Os motivos funcionam como os porqus do comportamento e podem ser definidos como necessidades, desejos ou impulsos oriundos do indivduo e dirigidos para objetivos, que podem ser conscientes ou subconscientes (HERSEY e BLANCHARD, 1996, p.18).

    De outra forma, Archer (1997) explica que o que motiva a pessoa a necessidade e no aquilo que satisfaz a necessidade. O motivo atua no intelecto da pessoa e a faz agir para satisfazer uma necessidade, funciona como um motivador e a origem da ao. A motivao definida como uma inclinao para a ao que tem origem em um motivo (ARCHER, 1997, p.24). A partir dessa idia, o autor ressalta a importncia em no confundir motivao

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    com satisfao, onde a ltima um atendimento ou eliminao de uma necessidade. Diferentemente dos motivos, os fatores de satisfao esto no ambiente, como gua, alimento e reconhecimento, e no so motivadores, mas sim elementos que satisfazem as necessidades.

    Compreender a motivao humana exige mais do que uma simples regra geral que revele as possveis razes que levam as pessoas a agir (BERGAMINI, 1997). necessrio que sejam consideradas as idiossincrasias dos indivduos, levando-se em conta seus traos de personalidade, suas predisposies e emoes, suas atitudes e suas crenas. A motivao no uma qualidade permanente e nem distribuda de forma homognea, o que significa que uma pessoa motivada em um lugar pode no o ser em outro ou numa outra poca, ou que o mesmo ocorra com outra pessoa, o que refora o sentido de particularidade. Este argumento de Bergamini contribui para compreender a colocao de Filion (1999) ao argumentar que uma relao direta entre a realizao do empreendedor e o sucesso do empreendimento depender, em primeira monta, dos valores sociais predominantes onde se encontra o empreendedor. Em outras palavras, a necessidade de realizao do indivduo o encaminhar para o estabelecimento de um novo negcio, caso os valores sociais enfatizem o sucesso dos negcios.

    O crescimento, ao longo dos anos, do nmero de teorias sobre motivao no trabalho, revela uma evoluo nos estudos em busca de um maior entendimento do assunto, mas traz tambm uma idia de complexidade. Com o surgimento das teorias da psicologia sobre a personalidade e o aprendizado, o modelo do homo economicus de Taylor passou a ser questionado e criticado. O homem no estaria buscando no trabalho apenas recompensas financeiras, mas tambm a satisfao pessoal, que envolveria recompensas intrnsecas, alm das extrnsecas. Estudos como o experimento de Hawthorne, buscavam entender e comprovar que outros fatores, alm do pagamento dos salrios, teriam influncia sobre o desempenho dos trabalhadores.

    Conforme colocado por Bowditch e Buono (1992), o movimento do indivduo em direo ao preenchimento de suas necessidades pode ser orientado por recompensas psicolgicas e materiais, as quais nem sempre tero os mesmos efeitos sobre a motivao das pessoas. Neste sentido, estes autores ressaltam a importncia em separar as recompensas extrnsecas das recompensas intrnsecas. As recompensas extrnsecas esto relacionadas ao contexto e aspectos materiais do trabalho, enquanto as intrnsecas so mais intangveis, esto relacionadas natureza do trabalho e envolvem o ego, a realizao pessoal e profissional e a estima de outras pessoas. Dessa forma, a motivao pode estar relacionada ao reconhecimento proporcionado por uma situao que envolva a realizao a partir de um desafio. Sendo assim, verifica-se que o indivduo motiva-se em realizar alguma ao com vistas a suprir uma necessidade, que pode ser satisfeita por fatores internos ou pelo ambiente.

    A teoria das Relaes Humanas, rejeitando a idia de que o homem era movido pelo dinheiro, constatou a existncia de necessidades humanas fundamentais. Maslow (1954) disps as necessidades humanas em uma hierarquia, classificando-as em cinco nveis, obedecendo a um critrio de importncia e influncia, as quais foram denominadas de necessidades fisiolgicas, de segurana, sociais, de estima e de auto-realizao. Os cinco nveis foram agrupados em duas categorias: necessidades primrias englobando os dois primeiros nveis ascendentes, e necessidades secundrias onde se encontram os outros trs nveis na escala ascendente. Segundo esta hierarquia, um indivduo apenas buscar satisfazer as necessidades de um nvel aps ter satisfeito as necessidades do nvel imediatamente inferior.

    As necessidades fisiolgicas esto associadas sobrevivncia do indivduo. Hersey e Blanchard (1986) afirmam que a satisfao das necessidades fisiolgicas na sociedade est associada ao dinheiro, no sentido de que este proporciona que sejam supridas.

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    Maslow (1954) coloca as necessidades de segurana como aquelas referentes busca de proteo contra ameaas ou privaes. Robbins (2002) relaciona tais necessidades com uma proteo contra possveis danos fsicos ou emocionais. Segundo Maslow (1954), as necessidades sociais esto ligadas vida associativa do indivduo junto s outras pessoas, no que tange associao, participao e aceitao por parte dos demais. J as necessidades de estima envolvem a auto-apreciao do indivduo, auto-respeito e aprovao social, alm do status, reputao, prestgio e considerao.

    As necessidades de auto-realizao so necessidades de crescimento e revelam uma tendncia do ser humano em realizar plenamente o seu potencial, podendo ser expressas como o desejo do indivduo de tornar-se sempre mais do que e de vir a ser tudo o que pode ser (MASLOW, 1954). As necessidades de auto-realizao esto relacionadas a sentimentos de autonomia, independncia, auto-controle, competncia e plena realizao naquilo que cada pessoa tem de potencial.

    Skinner desenvolveu a teoria do reforo, pela qual o comportamento condicionado ser reforado pelas recompensas obtidas em uma situao especfica. A recompensa obtida por uma ao funciona como reforo positivo e aumenta a possibilidade dessa ao se repetir. Por outro lado, quando uma ao no recompensada, diminuem as chances de repetio. J quando ocorre uma punio em decorrncia de uma ao, o comportamento conseqente de fuga, em resposta a um sentimento de medo ou ansiedade (SKINNER, 1993).

    A motivao explicada por Vroom segundo uma funo matemtica, a qual envolve expectativa, valncia e meio, sendo que a expectativa refere-se auto-confiana na ao que ir conduzir ao resultado desejado; a valncia diz respeito ao quanto vale o resultado conquistado para o indivduo; e o meio refere-se probabilidade subjetiva de que a recompensa ser obtida. A partir desta idia, a realizao da ao provocada pela necessidade pode depender da auto-confiana que o indivduo possui nas prprias habilidades em vencer os desafios, bem como da importncia dos resultados e da percepo de que poder atingi-los. De acordo com tais fatores, o indivduo analisa se ir esforar-se ou no, mostrando-se motivado ou no para uma determinada ao (VROOM,1967).

    Herzberg (1971) estabeleceu uma teoria fundamentada em dois fatores, para analisar a satisfao das pessoas no ambiente de trabalho: os fatores de higiene e os fatores de motivao. Os fatores de higiene referem-se s condies fsicas e ambientais de trabalho, eles previnem a deteriorao da motivao dos indivduos. J os fatores de motivao esto associados ao contedo do cargo, s tarefas e aos deveres relacionados com o trabalho em si, podendo produzir efeito duradouro de satisfao, elevando a produtividade. Mais uma vez, nota-se a importncia no fato de atingir os resultados e na persistncia em imprimir esforos para vencer os desafios.

    McClelland (1972) desenvolveu uma abordagem dividindo as necessidades como sendo de realizao, de afiliao e de poder. A necessidade de realizao a necessidade de desafio para a realizao pessoal, a qual leva o indivduo a testar seus limites para obter o sucesso em situaes competitivas. A necessidade de afiliao o desejo de estabelecer, manter, ou restabelecer relaes emocionais positivas, evitando conflitos com outras pessoas. A necessidade de poder o desejo de influenciar ou controlar os demais indivduos, exercendo forte poder sobre eles. Nesse sentido, fazendo um paralelo com a teoria de Maslow, a necessidade de afiliao poderia ser relacionada s necessidades sociais dos indivduos. Por outro lado, as necessidades de realizao e poder tem grande relao com necessidades de auto-realizao, no sentido de que envolvem maximizao do potencial, competitividade, controle e reconhecimento perante os demais, a partir das prprias aes.

    Conforme estabelecem Hersey e Blanchard (1996, p. 35), auto-realizao a necessidade que as pessoas sentem de maximizar seu prprio potencial. Nota-se que a motivao provocada por necessidades de auto-realizao leva o indivduo a realizar aes

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    que visem maximizao do prprio potencial, e que a satisfao de tais necessidades ocorre com o prprio sentimento de realizao.

    Murray apud Myers definiu as necessidades de auto-realizao do indivduo como um desejo de um feito significativo, de dominar habilidades ou idias, de controlar e atingir depressa um padro elevado (1999, p. 269). Refere-se vontade de dar o mximo de si, obter xito, realizar tarefas que requerem habilidade e esforo, ser uma autoridade reconhecida, realizar algo importante, fazer bem um trabalho difcil (WAGNER III e HOLLENBECK, 2000). Desta forma, a ao que pode levar recompensa em termos de realizao encontra-se associada a atingir resultados e desempenhar tarefas que envolvam dificuldades ou grande importncia, o que pode levar ao reconhecimento do indivduo perante os demais. Percebe-se aqui a importncia do sentimento de realizao prpria, associada ao reconhecimento dos demais indivduos e ao controle da situao.

    Partindo-se das definies apresentadas, pode-se apreender que a motivao por necessidades de realizao de um indivduo pode surgir de um estado interior ou ser uma resposta a fatores ambientais, e que consiste na fora que o impulsiona a realizar algo, com o propsito de obter recompensas materiais ou psicolgicas. Refere-se sua auto-confiana em realizar esforos para vencer os desafios, bem como leva o indivduo a maximizar seu potencial, realizando tarefas difceis, no sentido de atingir, alm da prpria realizao, o reconhecimento dos demais. Desta forma, observa-se que as necessidades de auto-realizao levam a uma motivao do indivduo no sentido de desempenhar aes que visem romper os prprios limites, proporciona sentimentos de autonomia, independncia, auto-controle, habilidade e esforo em situaes competitivas, e leva ao reconhecimento por realizaes de trabalhos difceis ou importantes.

    Como estabelece Myers (1999), os indivduos que possuem motivao por necessidades de auto-realizao tendem a procurar tarefas moderadamente difceis, cujo sucesso vivel, mas atribuvel a seu esforo e competncia. Neste contexto, o conceito de competncia pode ser entendido pela definio de Zarifian, que a estabelece como sendo o tomar iniciativa e o assumir responsabilidade do indivduo diante de situaes profissionais com as quais se depara (2001, p. 68). Dessa forma, podem existir caractersticas dos indivduos quanto competncia que os permitam desempenhar as aes no sentido da auto-realizao. Alm disso, essa competncia pode ser desenvolvida no decorrer do desempenho de tarefas difceis ou em novas situaes vivenciadas. Como comenta Ruas, nas situaes que envolvem desafios e problemas complexos, alm de colocar em ao os recursos da competncia, tem-se a oportunidade de experimentar e aprender novas possibilidades de lidar com eles, e, portanto, de desenvolver a prpria competncia (2001, p. 249). Essa capacidade de enfrentar situaes e desempenhar tarefas pode, inclusive, contribuir com o desempenho das empresas no mercado, por parte de seus administradores, pois, como coloca Dutra, as competncias so caracterizadas pela contribuio das pessoas para a capacidade da empresa de interagir com seu ambiente, mantendo ou ampliando suas vantagens competitivas (2001, p. 42).

    Sendo assim, pode-se perceber que a motivao do indivduo, a partir de suas necessidades de auto-realizao, associadas s suas competncias, podem ser determinantes numa situao de competitividade, como no ambiente de mercado e sendo, portanto, decisivas em termos de caractersticas dos empreendedores que venham a criar e manter um negcio, convivendo com a concorrncia, solucionando diferentes problemas e desempenhando diversas tarefas.

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    Empreendedorismo e Empreendedor O empreendedorismo refere-se ao processo de criar alguma coisa diferente com valor

    pela dedicao do tempo e do esforo necessrio, assumindo os riscos financeiros, psicolgicos e sociais associados, recebendo as recompensas resultantes na forma de satisfao monetria e pessoal". (HISRICH e PETERS apud SADLER-SMITH et al, 2003, p.48). Nota-se, nesta definio, a relao entre a consolidao do empreendimento e a recompensa para o empreendedor em termos de satisfao pessoal. Para Timmons (1999), o empreendedorismo envolve definio, criao e distribuio de valor e benefcios para indivduos, grupos, organizaes e para a sociedade.

    McClelland (1972) comenta que os empreendedores so pessoas que possuem um desejo intenso de realizao e que a combinao entre a necessidade de realizao e as caractersticas comportamentais so fundamentais para a compreenso do perfil empreendedor. Esse desejo de realizao pode ser abstrado do prprio sentido da palavra empreendedor a qual, segundo Bolton e Thompson (2000), tem origem no verbo francs entreprendre, que significa fazer algo.

    Para Degen, ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, pr em prtica as idias prprias, caracterstica de personalidade e comportamento nem sempre fcil de encontrar (1989, p.10). Schumpeter (1950) caracteriza o empreendedor como o responsvel pelo surgimento de inovaes, as quais so responsveis por desenvolver a economia e movimentar o sistema capitalista. Kests de Vries apud Birley e Musyka (2001) ressalta que os verdadeiros empreendedores possuem ou desenvolvem algumas caractersticas comuns, como serem orientados para realizaes, gostarem de assumir a responsabilidade por suas decises e no gostarem de trabalho repetitivo e rotineiro. Conforme estes autores, o empreendedor caracteriza-se pela tendncia inovao, a partir da necessidade de realizar coisas novas e no se identificar com trabalho repetitivo e rotineiro.

    De acordo com Stevenson (2001), o empreendedor algum ambicioso, que busca oportunidades. Desta maneira, procura encontrar caminhos que permitam maximizar o prprio potencial, o que pode significar romper os prprios limites. Dornelas afirma que o empreendedor aquele que detecta uma oportunidade e cria um negcio para capitalizar sobre ele, assumindo riscos calculados (2001, p.37). Timmons (1999) estabelece que o empreendedor algum capaz de identificar e aproveitar oportunidades, para transform-las em negcios de sucesso, buscando e gerenciando recursos necessrios. Dolabela (2003) complementa, comentando que o empreendedor consegue explorar as oportunidades, independentemente dos recursos que possua, pois sabe como busc-los e gerenci-los. Nestes autores, pode-se perceber atributos como conseguir identificar oportunidades, assumir riscos, gerenciar e captar recursos.

    Filion (1999) relata que inmeras pesquisas j foram realizadas com o propsito de se definir um perfil para o empreendedor, mas que tal pretenso torna-se complexa e difcil de ser alcanada tendo em vista as grandes diferenas de amostras existentes e que impactam diretamente nos resultados. Segundo o autor, at agora no foi possvel estabelecer um perfil psicolgico absolutamente cientfico do empreendedor (FILION, 1999, p.9). Ele ainda acrescenta que determinadas caractersticas se desenvolvem na prtica, o que implica em diferentes caractersticas para diferentes tipos de negcios e setores de atuao.

    Para Filion (1999), empreendedor aquele que possui as seguintes caractersticas: uma pessoa criativa; marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos; mantm alto nvel de conscincia do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negcios; busca aprender continuamente, desenvolvendo suas habilidades; toma decises moderadamente arriscadas; objetiva a inovao; imagina, desenvolve e realiza vises.

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    De acordo com Bolton e Thompson (2000), as habilidades e caractersticas pessoais dos empreendedores esto relacionadas ao processo empreendedor e envolvem: a motivao para o desafio de transformar idias em algo concreto, a criatividade no mercado, a capacidade de descobrir oportunidades, a captao e utilizao de recursos, a participao em uma rede de relacionamento, a persistncia frente s dificuldades, o gerenciamento dos riscos, o controle dos negcios, o contato com os clientes e a criao de capital.

    Dentre as caractersticas do empreendedor, Dornelas (2001) estabelece que: visionrio, sabe tomar decises, sabe explorar ao mximo as oportunidades, determinado e dinmico, otimista e apaixonado pelo que faz, independente, lder e formador de equipe, bem relacionado, organizado, planeja, possui conhecimento, assume riscos calculados e cria valor para a sociedade. De acordo com este autor, o empreendedor deve possuir alguns conhecimentos que possibilitem a consolidao do empreendimento. So eles: conhecimento tcnico sobre o negcio; conhecimento das necessidades do cliente; conhecimento necessrio para o bom funcionamento da empresa; conhecimento empresarial quanto ao gerenciamento do empreendimento; e conhecimento complementar, buscando informaes devido a interesses particulares ou a necessidades originadas pelo prprio negcio (DORNELAS, 2001).

    Certos autores defendem que h possveis ligaes entre o conjunto de caractersticas comportamentais e conhecimentos especficos do empreendedor e a viabilidade da abertura de um empreendimento, pois tais caractersticas influenciam diretamente no desempenho do negcio, e este, por sua vez, pode ser fonte de auto-realizao para seus proprietrios (MCCLELLAND, 1972; KETS DE VRIES apud BIRLEY e MUSYKA, 2001; MARCONDES e BERNARDES, 2004; DEGEN, 1989; DORNELAS, 2001).

    A partir do que foi estabelecido, pode-se notar uma afinidade entre determinadas caractersticas comuns aos empreendedores e os fatores de motivao associados s necessidades de auto-realizao dos indivduos, o que pode indicar que os empreendedores sejam pessoas motivadas por necessidades de auto-realizao. Dentre tais aspectos em comum pode-se identificar caractersticas como: confiar nas prprias habilidades, o que pode estar relacionado auto-confiana no processo de identificao de oportunidades e no controle do negcio; almejar vencer os desafios, assumindo os riscos envolvidos nas diferentes situaes; ter persistncia em imprimir esforos, levando determinao na busca dos objetivos; buscar a maximizao do prprio potencial; buscar um sentimento de realizao, a partir da concretizao de objetivos das prprias vises; obter reconhecimento por parte dos demais.

    A partir do referencial terico dos autores pesquisados, pde-se estabelecer uma possvel relao entre a motivao provocada por necessidades de auto-realizao dos indivduos e as caractersticas observadas nos atributos relacionados aos empreendedores, permitindo-se chegar a alguns fatores em comum, os quais foram analisados na pesquisa.

    Procedimentos Metodolgicos

    Para analisar os fatores associados s necessidades de auto-realizao dos

    empreendedores de micro ou pequenas empresas, adotou-se os seguintes critrios: os empreendedores pesquisados foram pessoas diretamente responsveis pela criao e consolidao de seus respectivos empreendimentos; seus estabelecimentos correspondem classificao do SEBRAE de micro e pequenas empresas (possuem at 49 funcionrios) e so caracterizados como estabelecimentos formais, ou seja, possuem registro junto aos rgos oficiais; so empreendimentos que atuam no mercado h mais de cinco anos, em setores de atividade econmica como comrcio ou prestao de servios.

    Optou-se por pesquisar apenas empreendedores responsveis por empreendimentos criados h mais de cinco anos e necessariamente bem-sucedidos no mercado, que tenham,

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    segundo seus proprietrios, apontado crescimento neste perodo. Esta determinao diz respeito ao que estabelecem Reid e Smith (2000), ao considerarem que empreendimentos bem-sucedidos so aqueles que possuem pelo menos cinco anos de existncia, e que tenham obtido crescimento de vendas e lucros durante esse perodo.

    A deciso quanto ao setor de comrcio e prestao de servios diz respeito ao perfil do local utilizado como amostra sendo que, dentro da cidade de Barueri, foram pesquisados apenas empreendedores de estabelecimentos situados no Centro Comercial do bairro de Alphaville, local este formado basicamente por empresas de prestao de servios e comrcio. A cidade de Barueri situa-se na regio oeste da Grande So Paulo e possui 248.034 habitantes, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica) relacionados a agosto de 2004 e publicados pela Prefeitura Municipal de Barueri. O bairro de Alphaville originou-se de um loteamento planejado na dcada de 1970, caracterizando-se como local cujos moradores pertencem a classes scio-econmicas mais elevadas e que abrange reas especficas, destinadas instalao de indstrias no poluentes ou a empresas de comrcio e prestao de servios. Uma destas reas consiste no Centro Comercial de Alphaville, que abriga estabelecimentos pertencentes a setores de comrcio e servios, os quais atendem a um pblico composto basicamente pelos moradores locais e por pessoas que trabalham na regio, proporcionando, assim, uma certa homogeneidade amostra.

    Neste trabalho, adotou-se o tipo de pesquisa descritiva, no qual no h interferncia do pesquisador, ele apenas procura descrever como um determinado fenmeno ocorre, assim como sua freqncia, caractersticas, causas e relaes (BARROS e LEHFELD, 2000). O mtodo escolhido consistiu na aplicao pessoal de questionrios aos empreendedores, que resultou em 58 questionrios respondidos. A seleo dos entrevistados se deu por convenincia, sendo que os questionrios foram aplicados a empreendedores que estavam presentes nos estabelecimentos no dia da aplicao da pesquisa, bem como possuam tempo para respond-la, constituindo-se, assim, numa amostra no-probabilstica.

    A elaborao do questionrio visou contemplar aspectos levantados no referencial terico, uma vez que, como comentam Marconi e Lakatos, o instrumento ter papel fundamental no xito do estudo (1999). Elaborou-se um questionrio composto por dois blocos de questes. O primeiro bloco tinha como objetivo conhecer algumas caractersticas do empreendedor, como sexo, grau de instruo, a idade que possua na poca da criao do empreendimento, os motivos de ter criado a empresa, se contou com algum tipo de assessoria ou treinamento para montar a empresa e se elaborou um plano de negcios durante seu processo de desenvolvimento. A partir do levantamento do referencial terico, elaborou-se o segundo bloco de questes, contendo 17 assertivas relacionadas a necessidades de auto-realizao, respondidas de acordo com a escala de Likert de seis pontos, a qual requer que o respondente indique seu grau de concordncia ou discordncia em relao a uma srie de afirmaes relacionadas atitude (AAKER, KUMAR e DAY, 2001, p. 298). Realizou-se primeiramente, um pr-teste do questionrio junto a alguns empreendedores, para verificar a clareza das questes e sua fidedignidade. A partir do pr-teste, pde-se modificar a construo de algumas assertivas, no sentido de se obter um melhor entendimento por parte dos entrevistados. A aplicao dos questionrios ocorreu no ms de Outubro de 2004. Os dados obtidos foram tabulados e submetidos anlise fatorial, a qual permitiu observar as necessidades de auto-realizao atuando sobre a motivao dos empreendedores.

    Tabulao e Tratamento dos Dados

    Elaborou-se um banco de dados a partir dos questionrios respondidos, para posterior

    tratamento e anlise dos resultados. Para garantir a confiabilidade e a consistncia interna dos

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    dados obtidos, realizou-se o clculo do alfa de Cronbach, o qual resultou em 0,73 e, portanto, acima do recomendado, que corresponde a 0,6 (MALHOTRA, 2001).

    Para a realizao da anlise descritiva, os dados obtidos originalmente em uma escala de seis pontos, foram agrupados em trs categorias, segundo os critrios a seguir:

    Forte discordncia (FD) discordo totalmente + discordo muito. Sem posicionamento definido (SPD) discordo pouco + concordo pouco. Forte concordncia (FC) concordo muito + concordo totalmente. Anlise fatorial Os tratamentos estatsticos dos dados foram realizados com o software SPSS 10,

    apoiando-se em Hair et al. (1998) e Malhotra (2001). A anlise fatorial foi utilizada neste estudo por ser considerada uma tcnica til para analisar conjuntos de variveis relacionadas que possuam interdependncia. O agrupamento de variveis, ou fator, permite identificar dimenses subjacentes que explicam a correlao entre as variveis.

    Alguns cuidados antecedentes anlise fatorial foram necessrios como a realizao do teste de esfericidade de Bartlett, valor de KMO e adequao dos itens anlise fatorial, por meio da verificao dos valores obtidos na matriz anti-image (HAIR et al., 1998).

    O teste de esfericidade de Bartlett revelou-se significante a um nvel de 1%, com um valor de quiquadrado de aproximadamente 273,5; valor de KMO = 0,657. Os valores obtidos para os MSAs measure sampling adequacy - que identificam a adequao de cada item ao modelo de anlise fatorial, resultantes da matriz anti-image, foram superiores a 0,55.

    Utilizando-se o critrio de Kaiser, que considera os valores de eigenvalue superiores a 1,0 (HAIR et al., 1998) foram encontrados cinco fatores, explicando 61,1% da varincia total.

    Anlise dos Resultados Caractersticas dos Empreendimentos e dos Empreendedores

    Em um primeiro momento, realizou-se a caracterizao do perfil da amostra obtida a

    partir do primeiro bloco de questes do questionrio. A anlise dos resultados permitiu observar, primeiramente, algumas caractersticas dos empreendimentos e dos empreendedores. A maior parte dos empreendimentos, 65,5%, pertencem ao setor de comrcio e possuem at 9 funcionrios, correspondendo categoria de micro empresas do SEBRAE. De acordo com os dados obtidos, a maior parte dos entrevistados pertence ao sexo masculino (67,2%); quanto ao grau de instruo, a maioria tem curso superior completo (69,0%), sendo que 31,0% possuem o segundo grau completo. A maior parte dos entrevistados (72,4%) no contou com assessorias ou treinamentos para montar a empresa, o que pode estar relacionado caracterstica dos empreendedores de confiarem nas prprias habilidades ou a um conhecimento prvio do ramo em que iriam empreender. Estes aspectos podem ter relao com a consolidao de seus empreendimentos no decorrer destes ltimos cinco anos, sendo que o conhecimento tcnico e o empresarial so apontados por Dornelas (2001) como constituindo fatores importantes para os empreendedores na consolidao de suas empresas.

    Quanto idade que possuam na poca da criao do empreendimento, 86,2% dos entrevistados correspondiam a menos de 40 anos de idade, dos quais 37,9% encontravam-se entre 18 e 25 anos. Nota-se aqui uma predominncia de empreendedores razoavelmente jovens. Dentre os motivos para ter criado a empresa, 53,4% disseram ter vislumbrado uma oportunidade de mercado, confirmando o que colocam autores como Filion (1999), Stevenson (2001), Dornelas (2001), Timmons (1999), e Marcondes e Bernardes (2004), quando

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    estabelecem que identificar oportunidades no mercado uma das caractersticas dos empreendedores. A busca por oportunidades nesta amostra no semelhante ao panorama geral de novos empreendimentos no Brasil, apresentado pelo GEM (2002). O maior percentual associado a empreendedores que buscaram oportunidades ao criarem seus negcios, pode contribuir para explicar o fato destes empreendimentos terem superado os cinco primeiros anos de existncia. Alm disso, quando questionados sobre a elaborao de um plano de negcios no processo de criao da empresa, 59,6% dos entrevistados afirmaram t-lo elaborado, o que tambm pode justificar a consolidao de seus empreendimentos durante estes ltimos cinco anos, sendo que a no elaborao do plano de negcios costuma ser uma das causas de insucesso das empresas, segundo o SEBRAE.

    As necessidades de auto-realizao nos empreendedores

    A anlise do segundo bloco do questionrio permitiu a identificao de fatores que

    agrupam caractersticas dos empreendedores associados motivao por necessidades de auto-realizao. Os cinco fatores encontrados so apresentados com os itens que os compem nas tabelas de 1 a 5, utilizando a seguinte legenda: -> alfa de conbrach; e -> autovalor (eigenvalue); CF -> carga fatorial; FD -> forte discordncia; SPD -> sem posicionamento definido; FC -> forte concordncia.

    Tabela 1: Fator 1 Orientao para a Realizao ( = 0,62) e = 3,7

    Assertivas CF FD SPD FC 4. Estou sempre disposto a colocar toda a minha energia na realizao de meus sonhos. 0,718 0 6,9 93,1

    11. Sou apaixonado pelo meu negcio. Isto no um emprego, mas um projeto de vida. 0,714 3,4 19,0 77,6

    2. Tenho um apetite insacivel por informaes novas e por diferentes perspectivas. 0,709 0 22,4 77,6

    13. Criar negcios que proporcionem retornos imbatveis o segredo para obter recursos. 0,424 5,2 36,2 58,6

    Fonte: Dados da pesquisa O Fator 1, Orientao para a Realizao, o fator de maior autovalor (eigenvalue) e

    congrega as assertivas 4, 11, 2 e 13. Trata-se de um fator formado por consideraes que os empreendedores fazem em relao aos seus planos e aes em busca de resultados futuros. Uma perspectiva emocional revelou-se como fonte impulsionadora para as realizaes destes empreendedores. A assertiva 4, referente motivao para a realizao (que possui maior percentual de concordncia, 93,1% e carga fatorial, 0,718), revelou a forte disposio para dedicarem-se em realizar o que desejam, o que contribuiu para compreender as colocaes de McClelland (1972), ao apontar a alta necessidade de realizao como fora propulsora dos empreendedores. Vale ressaltar ainda que no houve respondentes que discordassem da assertiva 4, indicando que eles possuem uma das caractersticas marcantes que Bolton e Thompson (2000) associam ao processo empreendedor, que a motivao para o desafio de transformar idias em algo concreto. A assertiva 11 (percentual de concordncia 77,6%, carga fatorial 0,714), ao referir-se ao empreendimento como um projeto de vida, pode ser relacionado com o que estabelece Robbins (2002), ao tratar da motivao como o processo responsvel pela intensidade, direo e persistncia dos esforos de uma pessoa para o alcance de um determinado objetivo. J a assertiva 2, (percentual de concordncia 77,6% e carga fatorial 0,709) ao fazer aluso ao apetite por informaes novas e diferentes perspectivas, indica relao com dois aspectos: a busca de informaes devido a interesses particulares ou a necessidades originadas pelo prprio negcio, como coloca Dornelas (2001); e a busca de novas oportunidades no mercado, como comentam Stevenson (2001) e

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    Marcondes e Bernardes (2004). De qualquer forma, como estabelece Filion (1999), o empreendedor mantm alto nvel de conscincia do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negcios. Sendo assim, este fator caracteriza-se pela busca de oportunidades, pelo esforo em atingir objetivos e pela motivao provocada pela necessidade de auto-realizao.

    A assertiva 13 no foi considerada na anlise do fator por ter apresentado carga fatorial igual a 0,424, ou seja, inferior ao indicado por Hair et al. (1998), o qual aponta que variveis que apresentem valores inferiores a 0,5 no possuem alto poder de explicao dentro do fator.

    Tabela 2: Fator 2 Recompensa e Realizao ( = 0,67) e = 2,1

    Assertivas CF FD SPD FC 15. Quando alcano um objetivo importante para minha vida, procuro me recompensar com algo importante, o que, pensando bem, funciona como um reforo para novas realizaes.

    0,735 0 27,6 72,4

    16. O meu talento foi determinante para o sucesso deste empreendimento. 0,661 3,4 36,2 60,4 14. Meu feeling foi o determinante para identificar meu negcio, mas sei que as opinies dos clientes so importantes. 0,632 5,2 19,0 75,8

    1. Ser empreendedor sinnimo de autonomia e reconhecimento. 0,614 6,9 41,4 51,7 Fonte: Dados da pesquisa

    O Fator 2, Recompensa e Realizao, composto pelas assertivas 15, 16, 14 e 1. A

    assertiva 15 (percentual de concordncia 72,4% e carga fatorial 0,735), trata da recompensa ao esforo dedicado. Nota-se que essa recompensa seria, neste caso, a intrnseca, explicada por Bowditch e Buono (1992), como uma motivao relacionada ao desejo de obter realizao pessoal e profissional e o reconhecimento positivo ou apreciao dos outros, a partir de um sentido de desafio e realizao. Pode-se dizer que h uma congruncia com a teoria de Vroom (1967), onde o indivduo analisa e decide se dedicar seus esforos diante da recompensa que poder obter. A percepo da recompensa como reforo para novos esforos, associa o comportamento do empreendedor teoria do reforo de Skinner, na qual explicado como funo de experincias recompensadoras anteriores ou histrico de reforo (SKINNER, 1993). Esta assertiva pode indicar a importncia do reconhecimento como recompensa psicolgica ao esforo empreendido e como motivador para mais esforos dos empreendedores. Vale ressaltar que, como estabelecem Hisrich e Peters apud Sadler-Smith et al. (2003), o empreendedorismo refere-se, entre outras coisas, ao esforo empregado na criao do empreendimento e ao recebimento de recompensas por este esforo, inclusive na forma de satisfao pessoal.

    As assertivas 16 (percentual de concordncia 60,4% e carga fatorial 0,661), e 14 (percentual de concordncia 75,8% e carga fatorial 0,632) referem-se percepo do empreendedor quanto importncia de suas habilidades, fazendo aluso a atributos como seu talento, o que pode ser relacionado, inclusive, com sua auto-confiana. Neste aspecto, podemos observar uma associao idia contida na teoria da motivao de Vroom, a qual estabelece que a motivao resulta, entre outros fatores, da expectativa do indivduo, a qual refere-se auto-confiana na ao que ir conduzir ao resultado desejado (VROOM, 1967). De uma outra maneira, Murray associa o desejo de dominar habilidades e as prprias idias dos indivduos s necessidades de auto-realizao (MYERS, 1999). Dessa forma, a percepo da prpria capacidade pode ser um dos elementos motivadores do empreendedor.

    A assertiva 1 apresenta percentual de concordncia menor que as anteriores, de 51,7%, e carga fatorial de 0,614. Nesta assertiva, a idia de autonomia pode ser contrastada necessidade de consulta a outras pessoas, como aos clientes, por exemplo (assertiva 14), o que justificaria o equilbrio entre os empreendedores que concordam com a assertiva e os que no tiveram um posicionamento definido, 51,7% e 41,4%, respectivamente. Na viso de Murray

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    apud Myers (1999), o empreendedor busca o controle da situao como desejo em atingir um padro elevado, contudo a freqncia relativa do grau de concordncia entre os respondentes no indica uma posio claramente definida. Neste sentido, a idia de reconhecimento contida na assertiva funcionaria como recompensa em ser empreendedor, e no de uma possvel autonomia, o que justifica sua presena neste fator. Por outro lado, a idia de autonomia pode ter sido interpretada como uma independncia em relao ao mercado, contrariando a percepo dos empreendedores quanto aos riscos envolvidos e os esforos empregados.

    Tabela 3: Fator 3 Persistncia em Vencer Desafios ( = 0,68) e = 1,8

    Assertivas CF FD SPD FC 6. No me considero um aventureiro, pois tenho facilidade para lidar com as incertezas e assumo riscos moderados. 0,790 12,1 36,2 51,7

    5. Ao invs de esperar as condies favorveis concretizao de minhas aspiraes, encontro meios para que os recursos apaream. 0,786 5,2 31,0 63,8

    12. Minha vontade de vencer, de mostrar que sou capaz, de construir algo que faa a diferena, motivao poderosa para mim. 0,570 1,7 8,6 89,7

    Fonte: Dados da pesquisa O Fator 3, Persistncia em Vencer Desafios, composto pelas assertivas 6, 5 e 12.

    Os dados mostram uma relao interessante no sentido de que a assertiva 6, que se refere capacidade de assumir riscos, possui a maior carga fatorial entre as trs, 0,790. No entanto, a que apresenta a menor concordncia, 51,7%, e a maior discordncia, 12,1%. A construo da assertiva levou em conta a capacidade dos empreendedores de assumir riscos calculados, como colocado por Dornelas (2001) e Hisrich e Peters apud Sadler-Smith et al. (2003). No entanto, os empreendedores mostram-se reticentes ao considerar os riscos diante de incertezas, o que pode ser compreendido se for considerada a possvel instabilidade econmica comumente verificada em pases emergentes, como o Brasil. Situaes que envolvem riscos e incertezas podem ser vistas pelos empreendedores como momentos em que podem desenvolver as prprias competncias, como comenta Ruas (2001). Este ltimo aspecto tambm pode referir-se assertiva 5, que possui carga fatorial prxima anterior (0,786), um percentual de concordncia maior (63,8%) e um percentual de discordncia menor (5,2%). Uma outra relao desta assertiva refere-se prpria idia de ao, da motivao para fazer algo, como ressalta Kets de Vries apud Birley e Musyka (2001), quanto observao de que os empreendedores so orientados para realizaes e que gostam de assumir responsabilidades. Tambm est associada idia de Degen (1989), que caracteriza o empreendedor como algum que possui necessidade de realizar coisas novas e pr em prtica as idias prprias. Estes aspectos tm total relao com a assertiva 12, a qual, apesar da carga fatorial menor, 0,570, possui o maior percentual de concordncia entre as trs (89,7%). Este fato indica que os empreendedores so pessoas de ao, que no se acomodam e por isso so persistentes em querer vencer os desafios aos quais se propem, mesmo que cautelosamente quando a situao envolver riscos e incertezas.

    Tabela 4: Fator 4 Controle e Conhecimento ( = 0,51) e = 1,4

    Assertivas CF FD SPD FC 8. Tenho controle total do meu negcio. 0,695 0 33,3 66,7 3. Obstculos e infortnios acionam minha criatividade para seguir adiante e encontrar uma sada para determinado problema. 0,639 3,4 29,3 67,3

    9. Conheo muito bem o ramo de atuao da minha empresa. 0,574 0 6,9 93,1 Fonte: Dados da pesquisa

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    O Fator 4, Controle e Conhecimento, composto pelas assertivas 8, 3 e 9. A assertiva 8 (percentual de concordncia 66,7% e carga fatorial 0,695) refere-se diretamente ao controle por parte do empreendedor, a assertiva 3 (percentual de concordncia 67,3% e carga fatorial 0,639) refere-se soluo de problemas e a assertiva 9 (percentual de concordncia 93,1% e carga fatorial 0,574) refere-se ao conhecimento. Se as trs assertivas forem vistas em conjunto, observa-se o agrupamento do conhecimento e a capacidade do empreendedor em solucionar problemas para a manuteno do controle do negcio. Sendo assim, as solues para os problemas contribuem para a construo e aumento do conhecimento (DORNELAS, 2001) e controle do empreendimento. Como colocado por Kondo (2002), a criatividade e o senso de responsabilidade impulsionam as pessoas a agirem com persistncia e eficcia. A persistncia em solucionar os problemas e transpor os obstculos permite resgatar as necessidades de auto-realizao de Maslow, onde o indivduo procura se superar e querer sempre estar em condies de alcanar mais. O resultado o controle do negcio apoiado no acmulo de conhecimento do ramo de atuao, o que de certa forma explicado pelas teorias de Skinner e Vroom, isto , o empreendedor nota a transposio das dificuldades como reforo para usar sua criatividade e torna-se confiante que a recompensa pelo seu esforo ser alcanada. Vale ressaltar ainda, que o controle colocado por Murray apud Myers (1999) como elemento componente das necessidades de auto-realizao do indivduo. A anlise descritiva da assertiva 8 indica que aproximadamente 1/3 da amostra no se considera totalmente controlador de seus negcios. Todavia, note-se que no houve quem discordasse desta assertiva, ou seja, mesmo que o controle do empreendimento no esteja apenas nas mos do empreendedor, ele permanece presente. Este posicionamento dos respondentes no contrape as colocaes de autores como Bolton & Tompson (2001) e Filion (1999), ao mencionarem o controle que o empreendedor mantm do seu negcio, mas requer uma reflexo a respeito da possibilidade deste controle no estar apenas concentrado em uma pessoa.

    Vale a pena ser salientado aqui que os coeficientes alfa abaixo de 0,6 encontrados nos fatores 4 e 5 indicam uma caracterstica comum quando o nmero de itens agrupados reduzido. Segundo Malhotra (2001), ao se aumentar o nmero de itens no clculo de alfa, o resultado tende a aumentar em conseqncia. Como colocado por Hair et al. (1998), valores como os encontrados, 0,51 e 0,55, para os fatores 4 e 5 respectivamente, podem no ser considerados os desejveis, mas so aceitveis em cincias sociais.

    Tabela 5: Fator 5 Relacionamento ( = 0,55) e = 1,2

    Assertivas CF FD SPD FC 7. Dou muita importncia s relaes internas e externas na empresa. 0,826 1,7 12,1 86,2 10. atravs de um relacionamento de trocas com membros da minha rede de relacionamento que desenvolvo parcerias e acumulo recursos para planos e projetos futuros.

    0,625 0 31,0 69,0

    17. Uma das vantagens em ter o prprio negcio poder relacionar-se com outras pessoas. 0,516 13,8 44,8 41,4

    Fonte: Dados da pesquisa O Fator 5, Relacionamento, refere-se basicamente aos relacionamentos, internos ou

    externos, com os quais os empreendedores esto envolvidos. Bolton e Thompson (2000) apontam como uma habilidade do empreendedor a captao de recursos atravs de sua rede de relacionamentos, enquanto a idia de relacionamento associada por Maslow (1954) s necessidades sociais do indivduo e por McClelland (1972) s necessidades de afiliao. H a indicao, por este fator, de que os relacionamentos sejam vistos pelos empreendedores como importantes tanto para os seus negcios como para eles mesmos. A anlise descritiva do fator revela uma posio bastante heterognea dos respondentes para as trs assertivas. notria a

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    importncia dada pelos empreendedores s suas relaes com pessoas de dentro e de fora da empresa (86,2% de concordncia na assertiva 7). Contudo, estas relaes no so percebidas como resultado de ser proprietrio de um empreendimento (assertiva 17). Sugere-se que estas pessoas no tenham como meta para os seus negcios a manuteno ou aumento de sua rede de relacionamento, mas que considerem esta uma condio inerente ao ser humano. Esta anlise permite ainda dizer que, sendo os relacionamentos integrantes das necessidades de associao e filiao, no so estas as necessidades que norteiam a motivao dos empreendedores da amostra estudada.

    Concluses

    O trabalho realizado buscou verificar a presena da motivao originada por fatores

    associados a necessidades de auto-realizao dos empreendedores. Nesse sentido, a anlise dos resultados, comparada ao referencial terico, buscou identificar os fatores relacionados motivao por necessidades de auto-realizao, levantar as principais caractersticas dos empreendedores, e compreender da relao entre a motivao por necessidades de auto-realizao e as caractersticas apresentadas pelos empreendedores.

    Sistematizando os fatores analisados e as caractersticas observadas, pode-se indicar que os empreendedores pesquisados so motivados a partir de necessidades de auto-realizao na medida em que:

    - possuem Orientao para a Realizao, no sentido em que buscam a realizao pessoal, realizam aes ao vislumbrar no empreendimento um projeto de vida, e procuram sempre novas oportunidades, a partir da busca de informaes novas e diferentes perspectivas;

    - procuram Recompensa e Realizao pelo esforo dedicado a suas aes, o que os refora no sentido da auto-confiana em realizar mais aes, bem como em procurar novas possibilidade em direo da realizao;

    - tm Persistncia em Vencer Desafios, visto que acreditam nos prprios esforos e nas prprias habilidades em desempenh-los, buscando novos desafios, no sentido de realizar coisas novas;

    - demonstram Controle e Conhecimento sobre os prprios negcios, acreditam nas prprias competncias e procuram maximizar o prprio potencial;

    - procuram Relacionamento com os demais, participam de uma rede de relacionamento qual atribuem importncia, inclusive para a captao de recursos e identificao de novas oportunidades de negcios.

    De acordo com a analise dos resultados, tais fatores podem ajudar a explicar as caractersticas dos empreendedores no sentido de reforar a literatura sobre o tema. Desta maneira, esse estudo contribui na difcil tarefa de traar um perfil empreendedor, indicando que, entre outros aspectos, empreendedores podem ser considerados como indivduos motivados a partir necessidades de auto-realizao.

    Cabe aqui refletir se estes aspectos teriam relao especfica com esta amostra pesquisada, ou estariam presentes em outras amostras de empreendedores, o que pode levar aplicao do mesmo questionrio a empreendedores de outros locais, bem como de demais setores da economia, no sentido da comparao dos resultados. De outra forma, uma amostra composta por empreendedores que possuam negcios h menos de cinco anos tambm pode vir a indicar resultados diferentes. Ressalta-se ainda que uma amostra maior pode permitir uma anlise fatorial mais segura, uma vez que, quando o nmero de sujeitos inferior a quatro vezes o nmero de itens, o que ocorreu nesta pesquisa, no se invalida a anlise, porm esta necessita ser mais cautelosa (MALHOTRA, 2001).

    Sugere-se tambm a realizao de uma pesquisa mais ampla, com a utilizao conjunta de mtodos qualitativos, no sentido de ampliar os conhecimentos e levar a novas idias,

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    permitindo a complementao do entendimento da motivao dos empreendedores a partir de necessidades de auto-realizao, bem como mostrando novos caminhos para a abordagem do tema. Referncias Bibliogrficas AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. Pesquisa de Marketing. So Paulo: Atlas, 2001. ARCHER, Ernest R. Mito da Motivao. In: BERGAMINI, Ceclia W.; CODA, Roberto (org.). Psicodinmica da vida organizacional: motivao e liderana. So Paulo: Atlas, 1997. BARROS, Aidil J. S.; LEHFELD, Neide A. S. Fundamentos de Metodologia de Pesquisa: um guia para iniciao cientfica. So Paulo: Makron Books, 2000. BERGAMINI, Ceclia W. Motivao nas organizaes. So Paulo: Atlas, 1997. BIRLEY, Sue; MUSYKA, Daniel F. Dominando os Desafios do Empreendedor. So Paulo: Makron Books, 2001. BOLTON, Bill; THOMPSON John. Entrepreneurs Talent, Temperament, Techinique. Oxford: Butterworth Heinemann, 2000. BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. J. Elementos de comportamento organizacional. So Paulo: Pioneira, 1992. BRITTO, Francisco; WEVER, Luiz. Empreendedores Brasileiros: Vivendo e aprendendo com grandes nomes. Rio de Janeiro: Campus, 2003. DEGEN, Ronald. O Empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial. So Paulo: McGraw-Hill, 1989. DOLABELA, Fernando. Empreendedorismo: uma forma de ser. Braslia: AED, 2003. DORNELAS, Jos Carlos A. Empreendedorismo: transformando idias em negcios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. DUTRA, Joel Souza (org). Gesto por Competncias: um modelo avanado para o gerenciamento de pessoas. So Paulo: Editora Gerente, 2001. FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo e Gerenciamento: processos distintos, porm complementares.RAE Revista de Administrao de Empresas. So Paulo: EAESP / FGV, jul./set. 2000, v. 7, n. 3, p. 2-7. FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo: empreendedores e proprietrios-gerentes de pequenos negcios. RAUSP, So Paulo, abril/junho 1999, v.34, n.2, p.05-28. GEM - Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no Brasil. Relatrio Global 2002, Disponvel em: . Acesso em: 12 set. 2003. HAIR, J. F.; ANDERSON, R.E.; TATHAM, R.L. e BLACK, W.C. Multivariate data analysis. New Jersey: Prentice Hall, 1998. HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth H. Psicologia para Administradores: a teoria e as tcnicas da liderana situacional. So Paulo: EPU, 1996. HERZBERG, Frederick. Work and Nature of Man. New York: World Pob. Co., 1971. KONDO, Yoshio. Motivao Humana. Tquio: Gente, 1991. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: uma orientao aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2001. MARCONDES, Reynaldo Cavalheiro; BERNARDES, Cyro. Criando Empresas para o Sucesso. So Paulo: Saraiva, 2004 MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Tcnicas de Pesquisa: planejamento e execuo de pesquisas, amostragem e tcnicas de pesquisa, elaborao, anlise e interpretao de dados. So Paulo: Atlas, 1999. MASLOW, Abraham H. Motivacin y Personalidad. Barcelona: Sagitrio, 1954.

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