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AS PROVAS ANTROPOLOGICAS DA EXISTENCIA DE DEUS. POR: OSVALDO SANTOS ISTITUTO CATÓLICO DE ESTUDO SUPRIORES DO PIAUI - ICESPI

AS PROVAS ANTROPOLÓGICAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

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Trabalho apresentado na disciplina de teodiceia

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Page 1: AS PROVAS ANTROPOLÓGICAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

AS PROVAS ANTROPOLOGICAS DA EXISTENCIA DE DEUS.

POR: OSVALDO SANTOS

ISTITUTO CATÓLICO DE ESTUDO SUPRIORES DO PIAUI - ICESPI

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“são chamadas de antropológicas as argumentações que operam uma ascensão especulativa ate Deus

partindo do homem, e não do cosmo e da ideia de Deus."

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Agostinho, com sua prova da existência de Deus baseada na verdade que se encontra em nós mas que nos supera infinitamente, remete uma ideia transcendental que, em suma se identifica com Deus.

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•A via agostiniana, em geral confundida se com o argumento ontológico,foi pouco seguida pelos teólogos da idade media e filósofos da época moderna.

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•Despertou - se, entre os pensadores do sec. XX, que perceberam que no homem, e não apenas no mundo, podem ser observados claros e significativos indícios da realidade de Deus, não só no fenômeno verdade como havia feito Agostinho, mas, em muitos potros fenômenos caracteristicamente humanos, como o dever, os valores,a cultura...

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ASCENÇÃO ATÉ DEUS A PARTIR DOS FENÔMENOS:

•VERDADE•DO DEVER•DA CULTURA•DOS VALORES•DA AUTOTRANSCENDENCIA

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A VERDADEA essa função não cabe qualquer verdade: não a verdades como princípios de identidade. O principio da razão suficiente,a lei da gravidade, nem a verdades como a nossa existência, a dignidade da pessoa humana, a espiritualidade da alma etc.

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É preciso esclarecer que não é qualquer verdade. É uma verdade Transcendente, que se identifica com Deus. É a idéia mesma de verdade que, considerada atentamente, se torna uma “voz” de Deus. De fato a verdade se impõe em nós um critério de juízo, como uma medida da qual não somos nós os artífices nem os árbitros.

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A verdade nos julga. Ela nos transcende e vale por si mesma. Essa nossa submissão à verdade nos leva a refletir: se não somos nós os seus artífices, é necessário concluir que a sua origem última remota à mesma fonte de onde descendem a ordem e a contingência, ou seja, Deus.

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“Se há algo de mais elevado do que a verdade, então essa coisa é Deus; mas se não há nada de mais nobre, então é a verdade mesma que é Deus. De qualquer modo, não podes negar que Deus existe”. Com isso podemos lembrar o que disse Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6a).

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O ARGUMENTO DO “DEVER”

•O dever, talvez mais do que a verdade, nos faz sentir ainda mais claramente a voz de Deus. Ele se exprime através da submissão e da obrigatoriedade que nós percebemos frente a alguns princípios fundamentais e universais como: não dizer mentira, não matar, não roubar, não trair o outro cônjuge, respeitar os pais, ajudar o necessitado etc.

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•O dever que acompanha a lei natural é, para o homem, claro indício de submissão, e não se trata de uma mera submissão à sociedade, o que seria um fenômeno totalmente exterior: o dever nos leva a uma submissão interior. Deus é mais íntimo em nós do que nós mesmos. E também no dever é Deus quem fala e se dirige a nós.

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PARA KANT• “É um dever, para nós,

promover o sumo bem; portanto, não é só um direito, mas uma necessidade ligada ao dever pressupor a possibilidade desse sumo bem. Este, que só pode existir sob a condição da existência de Deus, liga inseparavelmente a existência de Deus ao dever, o que equivale a dizer que é normalmente necessário admitir a existência de Deus”.

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O ARGUMENTO DA “AUTOTRANSCENDÊNCIA”

•O homem não é marcado apenas pela finitude e pela contingência, como os demais seres deste mundo: ele distingui-se também pela autotranscendência. É um ser profundamente excêntrico; está submetido a um profundo estímulo para ir adiante, para crescer, quebrar as amarras do espaço e do tempo, avançar em direção ao infinito e ao eterno.

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•O homem aspira uma realização de si mesmo que seja plena, total e definitiva, mas não tanto na ordem do ter, do prazer e do poder, quanto na ordem do ser. Como escreveu Tomás de Aquino, o homem “sente o ardente desejo de viver para sempre, de não mais morrer.

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•A autotranscendência anuncia, pois, um projeto-homem que não pode ser realizado nem no homem ideal de Platão.

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•Nem no homem livre de Spinoza

“O homem livre, no que pensa menos é na morte, e a sua

sabedoria é uma meditação, não da morte, mas da vida.”

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•Nem no super-homem de Nietzsche.

O super-homem não existia na época em que Nietzsche viveu, mas profetizou sua chegada para o futuro. Ele é quem executaria a transmutação dos valores, fazendo com que "Bom" e "Justo" voltassem a ser associado a "Nobre" e "Digno", e não mais a "Pobre" ou "Humilde", como ocorria na moral cristã.

Nietzsche, acreditava que no futuro - como expôs no seu poema-manifesto Assim falou Zaratustra (Also spracht Zarathustra), de 1883-92 - o homem (que ainda na sua época era ainda crente, submisso, preso aos valores e às hierarquias tradicionais) deveria necessariamente dar lugar ao super-homem (Übermench). Esse seria um novo "animal político" destituído da moral comum (produto de séculos da ética cristã derivada da idéias do bem e do mal).

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•Nem no camarada trabalhador de Marx e, menos ainda;

• No homem consumista,

predador insensato da natureza,

idolatrado e seduzido pela cultura

materialista e consumista do nosso

tempo.

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•O projeto-homem potencialmente infinito, inscrito no DNA do espírito humano, só pode encontrar realização no mundo do espírito, isto é, no mundo de Deus. E essa transcendência só tem sentido porque vai na direção de Deus.

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O ARGUMENTO DA “CULTURA”

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• A cultura fala de Deus e o faz em todas as suas expressões: literatura, arte, religião, instituições jurídicas, pedagógicas etc. Todas são criações maravilhosas das grandes civilizações, que marcaram a historia da humanidade, têm um caráter religioso de fato impressionante.

• O estudo do homem evidenciou a realidade de Deus como termo último, ponto Ômega, da autotranscendência. Um exame aprofundado da cultura revela a realidade de Deus como origem, ponto Alfa, fundamento último da realidade interior da sociedade.

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• Observa-se que ela só pode exercer o papel de forma espiritual de uma sociedade e, por isso, cumprir plenamente sua função de vínculo espiritual, estável, sólido, robusto, constante, se for uma cultura religiosa. Isso vale para todas as culturas.

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•De fato, para manter os homens solidamente unidos entre si são necessários vínculos que não sejam impostos pelo próprio homem, através de pactos sociais ou decretos ditatoriais, mas que tenham uma origem superior, divina.

• Em suma, não só o homem é

instintivamente religioso, mas também a cultura.

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O ARGUMENTO DOS “VALORES”

• Os valores têm lugar privilegiado na cultura, assim se a cultura é a alma da sociedade, os valores são a alma da cultura. Uma cultura cresce, progride na medida que cresce e progride a sua assimilação dos valores fundamentais, e na falta destes, acontece o contrário.

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• Os valores fundamentais são aqueles que, sem os quais o homem não pode existir nem realizar a si próprio como individuo e como ser social.

• São eles: o ser, a vida, a bondade, a verdade, o amor, a união, a amizade, a sabedoria, a prudência, a liberdade, a justiça, a paz etc. São superiores a nós e não se originam em nós. Eles nos guiam do alto, nos unem e nos aperfeiçoam.

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•Enquanto os valores instrumentais são sinais do homem, da sua genialidade, criatividade, força, os valores fundamentais são vozes de Deus.

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O ARGUMENTO DA “LINGUAGEM”

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•Outro componente essencial da cultura, que nos deixa claros indícios da realidade do criador.

•Alguns podem achar arriscado esse caminho, pois foi a filosofia da linguagem que pôs em crise a linguagem religiosa, mostrando a sua inverificabilidade.

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• Como exemplo, o neopositivismo e o ateísmo. Mas hoje todos sabemos o quanto eram arbitrárias e gratuitas as teses desses movimentos filosóficos.

• Sabemos que as línguas são invenções dos homens. Elas são as primeiras e mais importantes criações de cada cultura. Assim o evento lingüístico, enquanto tal, não é um sinal da realidade de Deus. Mas há algo na linguagem que, se for examinado atentamente, remete a uma realidade superior ao homem e, afinal, a Deus mesmo: é o significado.

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• A função principal da linguagem é simbólica: as palavras são sinais que veiculam um significado. Se todas as palavras, enquanto sinais materiais, são criações do homem, não se pode dizer o mesmo dos significados.

• O homem é inventor de significados apenas na medida em que é o artífice deste mundo. Mas não dos significados que pertencem ao mundo da ciência, da moral, da metafísica, da arte, da poesia. Como “luz”, “mundo”, “ser”, “tempo”, “bondade” etc. quem fala a linguagem das coisas e do espírito é Deus.

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O ARGUMENTO DA “DIGNIDADE DA PESSOA”

• Universalmente a pessoa é reconhecida como portadora de dignidade altíssima, sacralidade inviolável, possui valor absoluto e não instrumental, digna de estima e respeito em todo lugar, por si mesma. Ela é merecedora da máxima consideração.

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•Apesar de todas as fantásticas pretensões de Nietzsche, Marx, Comte e seus discípulos, o homem é frágil, mutável, finito, limitado, contingente, mesquinho, mortal. Portanto o homem é absoluto como valor, mas não como ser

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• Essa é uma verdade óbvia que todos os humanismos, leigos e religiosos, hoje estão dispostos a subscrever. Mas a maior parte dos humanistas pára aqui. Então, podemos perguntar: como é possível um ser frágil, contingente, mortal, possa ter um valor absoluto?

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• A resposta positiva é que o homem é autor e eixo da sua própria supremacia absoluta.

• O absurdo e a contradição desaparecem se a nossa inteligência alçar os olhos para o alto e reconhecer, como sugere Kolakowski , que seu ser deriva do ser de Deus.

• Assim, por trás do absoluto humano está o absoluto divino, do valor-homem está o valor-Deus.

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O HOMEM, PROVA ANTROPOLÓGICA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

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• O homem é documento mais claro, mas explícito e mais eloquente da realidade de Deus, da sua existência e da sua presença.

• É um ser dotado de capacidades espirituais enormes e maravilhosas, mas condicionado irremediável e terrivelmente pelas dimensões corporais. É o dedo que aponta para Deus. É a flecha que voa na direção de Deus.

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• O homem exige Deus. É um deus humilis, imperfeito, esboçado, mas não terminado; desenhado e programado pelo próprio Deus.

• E Deus é o único que pode realizá-lo completamente. Como nos afirmam Nietzsche, Sartre, Camus: sem Deus o homem é uma criatura insensata.

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O VALOR DAS PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

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• As provas não devem ser entendidas como hábeis mecanismos lógicos, espécie de ars combinatoria, que magicamente faz vir à tona a existência de Deus. As vias não produzem a existência de Deus. Pois Deus já existe.

• São pistas, tentativas condutos, pra se chegar racionalmente a Ele. São confirmações, no plano da racionalidade lógica, do que a consciência religiosa já alcançou mediante um processo empático-intuitivo-raciocinativo.

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• O seu valor é lógico; não é experimental nem religioso. Pois no plano da lógica não se pode pretender alcançar a Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó e de Jesus.

• Para os crentes, elas são confirmação das próprias convicções. Para os não-crentes, são flechas, pistas, que merecem ser levadas em consideração.

• Pois, só em Deus o homem encontra a plena realização e a verdadeira salvação

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REFRÊNCIA

•MONDIN, Batista. Quem é Deus? : elementos de teologia filosófica. São Paulo: Paulus, 1997.

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