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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” AS REDES TECIDAS ENTRE A GINÁSTICA RÍTMICA E O MOVIMENTO CORPORAL DOS 4 AOS 6 ANOS DE IDADE ADRIANA ALVAREZ DIAS GOMES MONTEIRO RIO DE JANEIRO JUNHO/2003.

AS REDES TECIDAS ENTRE A GINÁSTICA RÍTMICA E O … ALVAREZ DIAS GOMES MONTEIRO.pdf · A partir do estudo e pesquisa das expectativas e vivências de cada indivíduo pode-se repensar

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

AS REDES TECIDAS ENTRE A

GINÁSTICA RÍTMICA E O MOVIMENTO CORPORAL

DOS 4 AOS 6 ANOS DE IDADE

ADRIANA ALVAREZ DIAS GOMES MONTEIRO

RIO DE JANEIRO

JUNHO/2003.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

AS REDES TECIDAS ENTRE

A GINÁSTICA RÍTMICA E O MOVIMENTO CORPORAL

DOS 4 AOS 6 ANOS DE IDADE

Monografia apresentada à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial à

obtenção do título de especialista em

Psicomotricidade.

Autora:

Adriana Alvarez Dias Gomes Monteiro

Orientador:

Professor Vilson Sérgio de Carvalho

RIO DE JANEIRO

JUNHO/2003.

RESUMO

A prática esportiva da Ginástica Rítmica, em crianças de 4 a 6 anos

de idade, na fase de formação do desenvolvimento psicomotor, contribui

para o enriquecimento de oportunidades e vivências no desenvolvimento das

áreas psicomotoras, contribuindo assim para o amadurecimento dos

movimentos corporais.

As redes que se formam com a participação de todos estes elementos

e o referencial teórico sócio – interacionista de Vygotsky, são apresentadas

neste trabalho escrito que cumpre a missão de difundir a Ginástica Rítmica

(esporte abordado) e a sua importância na formação corporal e nas relações

pessoais dos indivíduos.

OBJETIVO DO TRABALHO

A presente pesquisa, tem como objetivos principais de estudo a

divulgação da Ginástica Rítmica como esporte formador e transformador na

prática motora e o desenvolvimento de um rico trabalho psicomotor,

realizado com crianças de 4 a 6 anos de idade, através da prática esportiva

e a sua importância nas relações interpessoais, através de pesquisa e leitura

sobre a teoria sócio-interacionista.

METODOLOGIA

Neste estudo monográfico, a metodologia utilizada para a

desenvolvimento do trabalho baseou-se na observação das práticas

esportivas de turmas de Ginástica Rítmica (formada por alunas de 4 a 6

anos) de Ginástica Rítmica no SESC Tijuca e no Colégio Pedro II, Unidade

Tijuca.

Nestas visitas às instituições foram realizadas anotações e registros,

escutou-se relatos das alunas e foi apresentado o planejamento das aulas

propostas.

O presente trabalho também teve a revisão de literatura orientada nos

textos lidos e na pesquisa bibliográfica sobre o assunto, durante o curso de

Pós – Graduação na referida Universidade.

ÍNDICE Introdução .................................................................................1

I. Referencial teórico ........................................................ 3

II. Ginástica Rítmica

2.1. Histórico da Ginástica .......................................5

2.2. Ginástica Rítmica – Como surgiu ? ...................7

2.3. O que é a Ginástica Rítmica? ...........................8

2.4. A Importância do movimento e do ritmo

2.5. na Ginástica Rítmica .......................................13

III. O movimento corporal no desenvolvimento motor

da criança de 4 a 6 anos

3.1 O movimento corporal dos 4 a 6

anos de idade ............................................................14

3.2 Desenvolvimento motor ...................................15

3.3 O desenvolvimento motor em crianças de 4 a 6 anos ...18

IV. A importância do trabalho psicomotor.

4.1 Psicomotricidade. O que é? Como ajuda? .........21

4.2 As áreas psicomotoras ......................................22

V. As redes tecidas entre o movimento corporal e a prática da Ginástica

Rítmica em crianças de 4 a 6 anos de idade ............................ 25

VI. Conclusão .............................................................................27

VII. Referências Bibliográficas ...................................................28

VIII. Webgrafia .............................................................................30

IX. Anexos ........................................................................................31

INTRODUÇÃO

O homem, como ser pensante e atuante na sociedade em que vive,

busca o aprimoramento de suas ações e questiona as relações,

comportamentos, e as parcerias. A partir do estudo e pesquisa das

expectativas e vivências de cada indivíduo pode-se repensar em cada ação

e seu reflexo, a inserção de cada um e o seu papel na sociedade e na sua

qualidade de vida.

Portanto, o estudo do desenvolvimento do ser humano se faz muito

importante no momento em que o homem é o elemento principal de estudo

para o aprimoramento do seu próprio desenvolvimento.

A partir desta premissa, qual a importância da prática esportiva, em

específico, a Ginástica Rítmica, no desenvolvimento global deste indivíduo?

O que o movimento corporal colabora para o aprimoramento do ser

humano?

Quais as redes que se tecem neste encontro?

“As fases do desenvolvimento da criança foram

enfatizadas por inúmeros pesquisadores. Um dos

teóricos recentes mais populares, Jean Piaget, deu

grande validade às conclusões que foram, na verdade,

amplamente aceitas. Ao tomar suas fases básicas e

aplica-las ao conceito de aprendizagem através do

movimento, observa-se que elas são compatíveis. Piaget

afirma que a criança utiliza o movimento e o pratica para

aprender, antes de conceitualizar ou internalizar um”

esquema “ou modelo de pensamento no

desenvolvimento do intelecto. Isso é consistente com a

premissa básica de que a criança aprende por meio do

movimento na idade pré-escolar e corrobora que,

efetivamente, essa é a melhor idade para incentivar a

aprendizagem através de atividades de movimentos”.

(Flinchum, 1981:97).

No capítulo I, apresenta-se o referencial teórico do estudo: a teoria

sócio-interacionista que tem como eixo central o pesquisador Lev Vygotsky.

No capítulo II surge o histórico da Ginástica, esporte abordado na

pesquisa, especificamente a Ginástica Rítmica, como surgiu no panorama

mundial e nacional, os aparelhos que são trabalhados e o diferencial das

outras práticas desportivas: o movimento e o ritmo.

No capítulo III encontra-se a abordagem ao movimento corporal, o

que é, como se apresenta, o que é desenvolvimento motor e a sua

importância na 2ª infância, de 4 a 6 anos de idade.

No capítulo IV encontra-se o estudo sobre a psicomotricidade, o que

é, um breve histórico e como auxilia no trabalho de desenvolvimento motor e

na prática do movimento corporal.

No capítulo V questões articuladoras entre os temas abordados nos

capítulos anteriores e as relações traçadas neste conjunto de informações,

em busca do desenvolvimento e aperfeiçoamento dos movimentos corporais

e a sua importância na vida humana.

I. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste trabalho, baseio-me na teoria socio-interacionista que tem

como estudioso central, Vygotsky.

Lev Vygotsky (1896/1934), nascido na antiga União Soviética, faleceu

de tuberculose aos 37 anos. Formado em Direito, por motivos políticos, suas

obras foram censuradas e chegaram ao ocidente na década de 60 e no

Brasil, apenas no início dos anos 80.

Vygotsky tem como marco central de seus estudos a idéia de que:

“ ... o ser humano constitui-se enquanto tal na sua

relação com o outro social. A cultura torna-se parte da

natureza humana num processo histórico que, ao longo

do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o

funcionamento psicológico do homem.”

(Oliveira, 1992:23).

Esta teoria centra-se na aprendizagem da criança que se dá de

acordo com o seu desenvolvimento (tanto intelectual como um todo).A

criança chega à escola com uma bagagem histórica e cultural e é a partir

delas que se deve centrar a atuação do professor.

Um trabalho realizado em grupo e não mais solitário, com a

participação conjunta da turma, onde o professor não centraliza a atenção

em si, mas compartilha com o grupo de alunos.

A partir dos estudos realizados por Vygotsky, enfatizamos a

importância dos processos de aprendizado. Para ele, desde o nascimento da

criança, o aprendizado está ligado diretamente ao desenvolvimento.

Quando pensamos no desenvolvimento da criança, buscamos

compreender até onde ela chegou, enfatizando o caminho que ela deverá

percorrer.

Se pensamos no que ela já faz, já realiza, referimo-nos a capacidade

de realizar as tarefas sozinha.

Para Vygotsky, esta capacidade de realizar tarefas de maneira

independente chama-se nível de desenvolvimento real. São etapas já

alcançadas pela criança que envolvem processos de desenvolvimento já

consolidados.

Quando a criança, com o auxílio de um adulto ou outro colega mais

capaz, consegue realizar uma determinada tarefa, através de instruções,

demonstrações ou assistência durante o processo, dizemos que esta etapa

chama-se nível de desenvolvimento potencial. Para Vygotsky, o resultado

do desempenho de uma pessoa através da interferência de outra é de suma

importância, pois retrata um momento de desenvolvimento, não é qualquer

um que pode, a partir da ajuda de outro, realizar uma tarefa.

Nota-se então, que os estudos de Vygotsky baseiam-se na interação

social como no processo de construção do desenvolvimento humano.

Havendo dois níveis de desenvolvimento - real e potencial -, Vygotsky

evidencia que entre os dois níveis encontramos a zona de

desenvolvimento proximal, que compreende o espaço entre aquilo que a

criança já sabe e resolve sozinha (real) e aquilo que ela consegue com a

orientação de um adulto ou outra criança (potencial).

A zona de desenvolvimento proximal é o caminho que a criança vai

percorrer para desenvolver funções que estão em processo de

amadurecimento e que se tornarão consolidadas no nível de

desenvolvimento real.

A interferência constante na zona de desenvolvimento proximal da

criança, realizada por adultos ou outras crianças mais experientes, contribui

para o desenvolvimento integral da criança.

No estudo de Vygotsky a linguagem é vista como imprescindível nas

interações sociais e na organização do pensamento. O diálogo, como

expressão de manifestação da linguagem faz-se importante nas trocas que

ocorrem na zona de desenvolvimento proximal.

“È necessário levar a criança a uma compreensão

interna da escrita e conseguir que esta se organize mais

como um desenvolvimento do que como uma

aprendizagem.”

(Vygotsky, 1978:54).

II.GINÁSTICA RÍTMICA

2.1. Histórico da Ginástica

O homem, desde os primórdios de sua existência, por motivos de

alimentação, caça ou a procura da própria moradia, buscou através de suas

habilidades físicas - caminhar, correr, pular, saltar, pendurar-se - a aquisição

de suas necessidades na vida cotidiana. Com a evolução da espécie

humana, o movimento apropriado para cada situação foi sendo moldado

através de atividades físicas especializadas, contribuindo assim no

enriquecimento a aprimoramento dos movimentos corporais.

“A palavra ginástica (abrangendo o seu significado maior)

vem do grego” “GYMNATIKÉ” e significa “a arte ou ato de

exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade.”.

(site: ginasticas.com - 2002)

A história da Ginástica confunde-se com a história do homem.

Ela confronta-se com a história humana desde os primórdios quando

iniciou a sua organização em civilizações, começando a estruturar a

atividade física ao invés de praticá-la apenas para a sua sobrevivência. O

exercício físico de caráter utilitário e sistematizado de forma rudimentar era

transmitido através de gerações e fazia parte de jogos, rituais e festividades.

No oriente, durante a Antigüidade, os exercícios físicos aparecem em

forma de lutas, na natação, no hipismo, na prática de tiro com arco e flecha.

Na Grécia, com o ideal da beleza humana, a prática de exercícios físicos era

muito valorizada, como se pode observar nas obras artísticas (esculturas,

pinturas) da época. Durante a Idade Média, os exercícios físicos baseavam-

se na preparação militar de soldados, que guerreavam pela Igreja, durante

as Cruzadas.

É fácil constatar que a Ginástica estava estritamente ligada ao treino

militar, mas também com um peso religioso.

A Ginástica passou por várias décadas e séculos, com características

ligadas à situação vigente e as necessidades dos povos, contribuindo de

forma significativa para a sua evolução. A Ginástica é um sistema de

exercícios físicos fundamentados nos movimentos naturais do homem

primitivo, utilizando como movimentos necessários ao trabalho e à

sobrevivência tais como o andar, correr, trepar, escalar, saltar, lançar, rolar

entre outros...

“Em tempos remotos, iniciaram-se as competições

ginásticas, que abrangiam o correr, o saltar, subir, pular,

rolar... dentre elas as Olimpíadas gregas realizadas durante

quase 12 séculos (776 a.C. a 393 d.C.). A Ginástica

Moderna surgiu no século XVIII com Johann – Cristoph Guts

Muts (1759/1839), espanhol naturalizado francês, que

fundou uma escola de ginástica de Grenelle”.

(site: ginasticas.com ,2002)

A nomenclatura Ginástica, utilizada como referência a toda atividade

física sistematizada, desde atividades necessárias à sobrevivência dos

povos, aos jogos, às lutas, à preparação de soldados, obteve a partir de

1800, com o surgimento de escolas que possuíam movimentos ginásticos, a

conotação própria de “ prática de exercício físico”.

A partir deste momento, passou a desempenhar funções importantes

na sociedade, na época industrial. Vinculou-se com a medicina, corrigindo

vícios posturais surgidos no trabalho das fábricas, obtendo confiança e

notoriedade. No decorrer dos tempos, a Ginástica não obteve um conceito

único, fechado. Tem sido direcionada para objetivos diversos, ampliando sua

utilização.

Hoje, a Ginástica é atualmente dividida em diversas modalidades

como Ginástica Artística (antiga Ginástica Olímpica), Ginástica Rítmica,

Ginástica Acrobática, Ginástica de Trampolim e Ginástica Aeróbica, tendo

suas vertentes em todos os segmentos da sociedade, seja ela a nível

escolar, empresarial ou nas próprias academias. Em nossa era a Ginástica

compõe um sistema de exercícios físicos especialmente selecionados e de

métodos elaborados cientificamente, dirigidos a solucionar os problemas do

desenvolvimento físico integral, como o aperfeiçoamento das áreas

psicomotoras e a melhoria do estado de saúde de seus participantes.

Como já foi citado anteriormente, este estudo destina-se a apenas

uma das vertentes da Ginástica: a Ginástica Rítmica.

2.2.. Ginástica Rítmica – Como surgiu?

Um pouco de sua história

A origem das atividades físicas entre as mulheres remonta aos povos

gregos desde os tempos de Homero. As legendárias amazonas, que faziam

uso de seus corcéis, arremessando flechas de seus arcos, podem ser a

origem do desporto feminino. (a Ginástica Rítmica é um desporto praticado

apenas pelo sexo feminino)

Desde o tempo dos Jogos de Delos, as mulheres participavam de

concursos atléticos e musicais. Organizavam os Jogos de Hera, em

homenagem à deusa grega do casamento, quando somente as mulheres, de

todas as idades, divididas por categoria, participavam de corridas a pé e

danças, utilizando as mãos ao expressar a linguagem, os dedos eram

utilizados nas cinco posições fundamentais. Desses gestos expressivos

pode ter surgido à dança, o berço da Ginástica Rítmica.

Chegando ao século XX, na Alemanha, nos idos de 1920, surgem as

escolas de Ginástica Rítmica e Ginástica Moderna, orientadas por Rudolf

Bode e Heinrich Medau. (Barros, 2002).

Rudolf Bode cria um sistema de ginástica, a Ginástica Rítmica, cujo

estudo centrava-se em exercícios com aparelhos: arco, corda, bola e à mão

livre. Heinrich Medau, influenciado por outros professores, funda em Berlim

uma escola de Ginástica, denominada Escola de Ginástica Moderna, com o

objetivo de formar professores de Ginástica, transferida para um castelo

durante a II Guerra Mundial. Nesta escola foram introduzidos os aparelhos

bola, as maças, o arco, tamborim e variadas formas de movimentos

corporais à mão livre, tais como: impulsos, balanciamentos, circunduções e

movimentos em oito (movimento característico da Ginástica Rítmica atual).

Assim, nasce da síntese dos estudos rítmicos de múltiplos métodos, a

Ginástica Rítmica Desportiva, atual, Ginástica Rítmica, na Europa Central,

na metade do século XX, com raízes na Ginástica Moderna.

2.3. O QUE É GINÁSTICA RÍTMICA?

Em nossa era a Ginástica compõe um sistema de exercícios físicos

especialmente selecionados e de metidos elaborados cientificamente,

dirigidos a solucionar os problemas do desenvolvimento físico integral, como

o aperfeiçoamento das áreas psicomotoras e a melhoria do estado de saúde

de seus praticantes.

A Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da

Primeira Guerra Mundial, no cenário pós – guerra do Leste Europeu. Nesta

época várias escolas inovavam os exercícios tradicionais da Ginástica

Artística, misturando os movimentos corporais com a música. Em 1946, na

então União Soviética, surge o termo “rítmica”, devido à utilização da música

e da dança durante a execução dos movimentos. Atividade física de

expressão gímnica e artística, baseia-se num conjunto de inter-relações

entre o corpo, os aparelhos manuais e a suavidade dos movimentos.

(Barros, 2002).

A Ginástica Rítmica é admirada pela harmonia e suavidade dos

movimentos, elegância, expressividade e beleza integrados às variações de

movimento, música e ritmo.

Em 1961, alguns países do Leste Europeu organizaram o 1º

Campeonato Internacional da modalidade e no ano seguinte a FIG

(Federação Internacional de Ginástica) reconheceu a Ginástica Rítmica

como um esporte. A partir de 1963 começaram a ser realizados os primeiros

Campeonatos Mundiais promovidos pela FIG. A maior parte dos aparelhos

utilizados atualmente foram introduzidos nesta competição, com exceção da

fita e das maças.

A Ginástica Rítmica é um desporto essencialmente feminino,

introduzido em nosso país na década de 50, na cidade do Rio de Janeiro,

que por várias décadas liderou o esporte na América do Sul.

O esporte utiliza a linguagem corporal como um dos meios de

linguagem, onde os gestos gímnicos e artísticos, unidos, descrevem a

linguagem e o movimento através de interpretações realizadas pelo corpo.

É definida também como a relação harmoniosa entre corpo em

movimento, os aparelhos manipulados e a relação com a música,

possibilitando assim toda a sua expressão.

A Ginástica Rítmica , como desporto competitivo, está

presente em todas as formas harmônicas da totalidade de

movimentos. Representa o jogo dialético entre harmonia do

corpo e habilidades nos aparelhos, obtido pela integração

paradoxal – distância e intimidade – trazido pela ausência e

contato sensual entre corpo e o objeto e ainda, como um

jogo de relações e interações entre o EU, os outros e os

objetos. (Barros. e Nidialkova, 1998: 16).

Assim, a Ginástica Rítmica é um sistema de atividades físicas e

artísticas, adaptadas às condições psíquicas, físicas e morfológicas da

mulher. Apresenta um conjunto sucessivo e variado de movimentos

executados em sua globalidade com expressividade, ritmo e variações

dinâmicas, com os seus aparelhos manuais.

A atividade esportiva utiliza aparelhos (corda, arco, bola, maça e fita),

onde são manejados em conjunto com a música, através de movimentos

sincronizados e interpretações.

O desporto é aconselhado a ser praticado a partir dos quatro anos de

idade, onde a criança já possui o esquema corporal organizado, fazendo a

integração dos movimentos e aparelhos, junto com a música, a partir de

brincadeiras e jogos cantados.

Em 1984 a Ginástica Rítmica foi reconhecida pelo COI (Comitê

Olímpico Internacional) e introduzida nos Jogos Olímpicos daquele ano.

Entretanto, as melhores ginastas oriundas dos países do Leste Europeu, não

participaram da competição devido ao boicote liderado pela ex- União

Soviética.

A grande conquista do Brasil na representação esportiva foi à

medalha de ouro nos Jogos Pan Americanos de Winnipeg, no Canadá, em

1998.

A Ginástica Rítmica, como já foi dito anteriormente, é praticada

exclusivamente pelo sexo feminino, podendo ser apresentada

individualmente ou em conjunto. Acompanhada por música, o que faz as

suas características diferenciarem das outras ginásticas, apenas

orquestradas (a nível competitivo), as participantes utilizam vários objetos,

chamados aparelhos, que manejados, compõem junto com os movimentos

corporais uma seqüência rítmica chamada série. Os aparelhos utilizados na

prática esportiva da Ginástica Rítmica são:

• CORDA – este aparelho pode ser feito de qualquer material sintético

e seu tamanho deve ser proporcional ao tamanho da ginasta. Os

elementos devem ser realizados com a corda aberta ou dobrada, presa

em uma ou duas mãos, em direções diferentes, sobre diferentes

planos. A corda uma das brincadeiras infantis agora é vista como uma

forma diferente, não se pode toca-la no chão, fazendo com que os

saltitos e saltos sejam mais altos. Movimentos cruzados, lançamentos,

movimentos em oito. Este aparelho não pode parar durante o seu

manejo. Com a corda os movimentos corporais são muito dinâmicos,

rápidos e seguidos, sem interrupção.

• ARCO - o aparelho é feito de madeira ou plástico, deve ser rígido,

sem se dobrar. O arco define um espaço, esse utilizado plenamente

pela ginasta, que se move de acordo com o círculo formado. Os

movimentos começam com os grandes círculos, trabalhando com uma

ou duas mãos, com progressão e amplitude dos movimentos.

• BOLA – a bola é feita de plástico ou borracha. È o único aparelho que

não é permitido segurar, e sim apoiado nas partes do corpo, isso

significa uma relação mais sensual entre corpo e aparelho. Para a

execução dos movimentos, todo o corpo participa; a bola não pode

ficar parada, porém muda de posição gradualmente nas diversas

partes do corpo. Tudo se move acompanhando o movimento da bola,

quando é lançada, rolada no corpo, quicada no solo. Desde o primeiro

contato, é importante que a ginasta sinta claramente que a mão apóie

com os dedos ligeiramente estendidos e moldados (em concha).

• MAÇAS - as maças são feitas de madeira ou plástico. Delicadeza das

mãos é fundamental para se trabalhar com este aparelho. Os

exercícios requerem alto grau de ritmo, coordenação psicomotora e

precisão para coincidir as pegadas. Neste aparelho trabalha-se as

circunduções pequenas, médias e grandes. Na iniciação começa-se

com os grandes círculos para chegar aos mais complexos. Grandes

lançamentos, molinetes (exercícios com os braços cruzados) e trabalho

alternado com as duas maças é feito com um tempo maior de

treinamento.

• FITA – este aparelho é formado por duas partes: o estilete, que

segura a fita, é feito de madeira, bambu, plástico ou fibra de vidro. A

fita é de cetim, sua função é criar desenhos no espaço. Seus vôos no

ar formam imagens e formas de todos os tipos. Este aparelho exige da

ginasta coordenação, leveza, agilidade e plasticidade, exige

movimentos de maior destreza e amplitude. Ela deve estar sempre ao

longo do corpo para dar a impressão de amplitude, de afastamento, de

liberdade da mão. Exige movimentos ininterruptos, os mesmos devem

estar perfeitamente assimilados, criando um movimento visível no ar,

com efeito de particular beleza. A criança precisa familiarizar-se,

habituar-se a ela. A criança aprende a trocá-la de mão, através de

brincadeiras, para mais tarde aprender as figuras mais difíceis.

2.4. A importância do movimento e do ritmo na

Ginástica Rítmica

Um dos principais precursores das formas de atividade de movimento

interrelacionadas com o ritmo afirma:

“Quem aprendeu a mover-se bem, teve

aprendizagem básica, de maneira rítmica, global a partir

de um ponto central, obterá rapidamente uma boa

capacidade de movimento para a execução de todos os

exercícios dinâmicos e conseqüentemente, terá

melhores rendimentos.” (Hanebuth. 1970:22)

A educação do movimento e a educação rítmica estão

interrelacionadas, interdependentes e interatuantes, apóiam-se de forma

recíproca. A educação rítmica tem como entidade global o ritmo, e inclui,

especificamente, entre seus aspectos físicos, o movimento, enquanto os

movimentos de expressão corporal, estabelecem uma relação com o mundo

exterior, em especial o físico, integrando-o ao ritmo com as demais formas

de atividade.

Uma criança que não se adapta facilmente a toda as ações ou às

formas de deslocamento de maneira rítmica e coordenada, demonstra que

seu desenvolvimento não está adaptado ás atividades propostas. Essa

deficiência revela a necessidade de que as atividades de movimento e ritmo

sejam adequadas aos diferentes graus de desenvolvimento da criança.

Quando do nascimento aos 3 anos, a motricidade espontânea da

criança organiza-se pela atuação da função de ajustamento, o ritmo

representa a característica essencial do movimento eficaz. O que

comumente é chamado de movimento coordenado, correesponde a uma

resposta motora harmoniosa e rítmica.

III. O MOVIMENTO CORPORAL NO DESENVOLVIMENTO

MOTOR DA CRIANÇA DE 4 A 6 ANOS

3.1. O movimento corporal dos 4 aos 6 anos de idade

Movimento é uma característica de todo ser vivo, seja ele animal ou

vegetal. O movimento é regido pelas leis da alternância e do ritmo, e a elas

submisso.

Todo ser humano tem no movimento uma necessidade natural e

espontânea, indispensável à vida. O homem contemporâneo impelido pelo

progresso da máquina já não se move e se desloca do mesmo modo que

seu antepassado. O movimento corporal se apresenta, então, como uma

necessidade a mais no conjunto de atividades da vida atual.

As primeiras manifestações da criança emergem do ato motor, isto é,

do movimento. Seus movimentos espontâneos e naturais, inicialmente

instintivos, desabrocham através dos gestos e do ato motor envolvendo

simultaneamente a organização perceptiva das estruturas psicomotoras de

base ( manipulação, locomoção e tono postural) e as percepções dos

sentidos ( visual, tátil, auditiva, olfativa e gustativa).

A manipulação através dos membros superiores e inferiores irá

permitir os atos de agarrar (preensão), soltar, empurrar, bater, tocar e

posteriormente, lançar objetos.

A locomoção é definida como toda forma de deslocamento do corpo

no espaço. O tono postural, levando ao ajustamento da postura,

fundamenta-se na estabilidade do equilíbrio do corpo no espaço e nas

diversas posições: sentada, ajoelhada, abaixada ou deitada e na ação das

atividades de manipulação e locomoção.

O ato motor possui caráter cognitivo e envolve as percepções

cinestésicas, estando unido à linguagem. A formação do pensamento não somente está vinculada á aquisição da linguagem, como também ao

movimento. Apenas a transmissão verbal não será suficiente para

constituição na mente da criança as estruturas operatórias que conduzem à

coordenação de ações e movimentos.

A criança em idade pré – escolar é um ser dinâmico, cheio de

indagações espontâneas e com múltiplas habilidades físicas (o que facilita o

trabalho esportivo). Sua habilidade motora é utilizada para a expansão de

seu desenvolvimento. Uma criança com desenvolvimento motor “normal”,

para a sua faixa etária, através da sua maturação neuromuscular,

desenvolve uma gama de movimentos básicos, padrões motores que

formam a base dos movimentos precisos. Estes, segundo Flinchun (1981),

são incluídos em três categorias:

• Movimentos locomotores: rastejar, rolar, deslizar, andar,

salter, saltitar, trepar e pendurar-se.

• Movimentos não locomotores: puxar, empurrar, estender,

curvar, balancear, torcer e virar.

• Movimentos manipulativos: movimentos de preensão,

destreza e coordenação.

3.2. O que é desenvolvimento motor?

Para nortearmos o estudo é necessário explicar o que é

desenvolvimento.

Desenvolver significa crescer, aumentar, progredir.

Desenvolvimento é o ato de desenvolver-se. Crescimento significa

progresso.

“Motor é tudo que se dá movimento a um maquinismo.

Pessoa ou coisa que se faz mover ou dá impulso.”

(Aurélio, 2002:442).

A partir destas definições, podemos dizer que o

DESENVOLVIMENTO MOTOR é o resultado da maturação de certos

tecidos nervosos, aumentando em tamanho e complexidade do

sistema nervoso central (SNC), o crescimentos dos ossos e

músculos. São portanto comportamentos não aprendidos que surgem

espontaneamente desde que a criança tenha condições adequadas

para exercitar-se. Um processo contínuo na vida da pessoa

envolvendo vários aspectos como o físico, mental e social. De acordo

com a maioria dos teóricos, o desenvolvimento motor acontece de

forma contínua e seqüencial segundo esta direção:

1. Maturação – modificações físicas e comportamentais (de

acordo com o crescimento da criança), dos órgãos e dos sentidos, sob a

influência dos estímulos externos, o que aumenta as experiências

motoras.

2. Desenvolvimento céfalo – caudal (da cabeça aos pés) a

mensagem sai do cerebelo, que recebe informações quando ocorre um

estímulo motor e vai para as extremidades corporais (braços e pernas).

3. Desenvolvimento próximo – distal – eixo central – periferia – é

a troca de mensagens entre receptores sensitivos e o Sistema nervoso

Central.

4. Desenvolvimento individual – culminância da maturação do

Sistema Nervoso Central, como um todo.

O movimento é o principal elemento no crescimento e no

desenvolvimento motor da criança. Toda ação faz parte de um movimento e

todo ato motor tem uma ação e significado.

O processo de desenvolvimento motor revela-se a princípio através

das mudanças no comportamento motor. As partes do corpo crescem em proporções diversas, em diferentes épocas, desde a 1ª infância até a

maturidade. A 1ª infância vai do nascimento até os 3 anos de vida da

criança, desenvolvendo-se as fases sensorial, motora e glóssica. Dos 3 anos

aos 6 anos de idade, forma-se a 2ª infância. A partir dos 6 anos até os 10

anos de idade temos a 3ª infância e logo depois encontramos as fases

pubertária e adolescência, respectivamente.

“O sistema emocional, localizado no cérebro humano e a

capacidade de movimentar-se e criar em cima do

movimento, possibilitaram a ampliação da comunicação

entre os humanos, assim como definiram, em grande

parte, as linhas gerais do desenvolvimento da espécie.

São exatamente, estas duas características do ser

humano que servirão de base para o desenvolvimento

inicial de cada indivíduo.”

(Lima, 2003: 11).

A construção do esquema corporal se dá a partir da maturação

neurológica, da evolução sensório –motora e da relação com o corpo do

outro (interferência com o outro/Vygotsky). Tendo o movimento uma

resposta muscular à estimulação sensorial, só podemos estudá-lo na

unidade sensório motora, levando em consideração a informação motora.

Os movimentos podem ser assim divididos:

• Movimento reflexo: produzidos por reação involuntária,

estereotipada e localizada no organismo a um estímulo específico.

Estes podem ser inatos (nascidos com) ou adquiridos por

aprendizagem. Exemplos: movimento reflexo pupilar, reflexo de

sucção.

• Movimento voluntário: são atos intencionais que constituem dois

elementos importantes: motivação e participação. Exemplos:

andar, correr.

• Movimento automático: reações globais do organismo aos

estímulos do meio, sem possibilidade de análise, a partir de um

estímulo surgem às respostas que se sucedem com o controle

consciente do indivíduo. Exemplos: movimento cardíaco,

movimento respiratório.

A criança se desenvolve de maneira contínua desde os primeiros dias

de vida. As etapas são apenas pontos de referência, para facilitar a

descrição. Cada criança é única. O esquema do desenvolvimento é comum

a todas as crianças, mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas,

o meio e o ambiente familiar explicam (de acordo com Vygotsky0 que com a

mesma idade, crianças perfeitamente “normais” possam se confrontar de

maneiras diferentes. A criança que inicialmente progrediu muito rápido vai

reduzir o ritmo de suas aquisições e vai ser alcançada por aquela criança

que parecia estar “atrasada” alguns meses ante. (todos de acordo coma

interferência de um mediador (zona de desenvolvimento proximal).

3.3. O desenvolvimento motor da criança de 4 a 6 anos

de idade

O ser humano, principalmente quando criança, necessita construir

meios para empreender sua viagem pela vida. deve construir mecanismos

que a leve aos seus objetivos. Um bebê de poucos meses, que ainda não

sabe engatinhar, terá de realizar um enorme esforço, arrastando-se para

pegar qualquer objeto que esteja distante. É assim que iniciamos nossa

caminhada na construção de nosso desenvolvimento motor. Através da

maturação biológica, da força muscular e organização nervosa, construímos

esquemas que vão conduzindo o indivíduo ao seu desenvolvimento pleno.

O desenvolvimento da personalidade está associado ao

desenvolvimento físico do indivíduo e acontece em fases: nascimento, 1ª

infância, 2ª infância, adolescência, maturidade e velhice.

Neste estudo vamos nos basear na 2ª infância (4 a 6 anos de idade).

Os 6 primeiros anos de vida são decisivos na formação integral do indivíduo.

A criança atua no mundo através de seus movimentos. Para isso, dispõe de

suas capacidades motoras, intelectuais e afetivas, estabelecendo relações

com o mundo.

“O movimento é o elemento vital no crescimento e

desenvolvimento da criança”.

(Rosadas, 1991:55).

As experiências são de grande importância pois criam a base para o

indivíduo desenvolver sua independência e autonomia corporal e sua

maturidade emocional. Quando experimenta diferentes situações, a criança

sempre se encontra em relação com o outro ou com o espaço ou com o

objeto.

“Entende-se aqui por desenvolvimento humano o

desenvolvimento integrado do crescimento, da

maturação, das experiências pelas quais o indivíduo

passa e a adaptação desse corpo no ambiente,

respeitando-se as individualidades de cada pessoa, sua

herança única, bem como as condições ambientais nas

quais esse indivíduo está inserido.” (Bueno, 1998:33)

A criança apresenta alguns padrões de desenvolvimento previsíveis.

Segue abaixo uma síntese o desenvolvimento motor na faixa etária

determinada para o estudo: 4 a 6 anos de idade.

Com todas as vivências que um bebê tem durante os primeiros meses

e primeiros anos de vida, este ao completar os 4 anos de idade, dentro de

padrões previsíveis, podemos observar:

• elasticidade nas articulações,

• coordena movimentos com a mão,

• salta com habilidade,

• anda com facilidade nas pontas dos pés,

• possui independência da musculatura das pernas e

membros superiores

• a criança já coloca roupas sozinha além de outras atividades

simples e habituais

Aos 5 anos de vida podemos observar:

• coordenação global desenvolvida, desenvolvendo o esquema

corporal,

• utiliza a mão dominante reconhecendo a direita e a esquerda

em si,

• coordenação viso-motora em desenvolvimento,

• salta alternando os pés, salta distância com habilidade e

agilidade.

• Ainda não possui domínio motor para os traçados gráficos, com

perfeição.

Aos 6 anos podemos observar:

• distingue os dois lados ( lateralidade definida),

• desenvolve com maior facilidade jogos de competição e

raciocínio

IV. A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOMOTOR

4.1. Psicomotricidade

O que é? Como ajuda?

O estudo da psicomotricidade surgiu na França, por volta de 1950.

Sua evolução surgiu dos estudos da psiquiatria. Apesar da psicomotricidade

se desenvolver como uma prática independente no século XX, seu

nascimento ocorre no momento em que o corpo deixa de ser pura carne

para transformar-se num corpo falado. Ao longo dessa história foram sendo

registradas perguntas tais como: de que modo codificar? Como explicar as

emoções, as sensações do corpo? Qual a relação entre corpo e alma?

Porque diferenciá-los ?

A psicomotricidade é controle mental sobre a expressão motora.

Objetiva obter uma organização que pode atender de forma consciente e

constante as necessidades do corpo. Esse tipo de educação é justificado

quando qualquer defeito localiza o indivíduo à margem das normas mentais,

fisiológicas, neurológicas ou afetivas.

Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento, ao

mesmo tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. A partir desta

posição, pode-se ver a relação das funes motoras cognitivas que também,

pela afetividade, encaminha o movimento. A psicomotricidade está

associada à afetividade e personalidade, porque o indivíduo utiliza o seu

corpo para demonstrar o que sente e uma pessoa com problemas motores

passa a ter problemas de expressão.

A relação com o fenômeno dos processos mentais do indivíduo

juntamente com a alma, espírito e mente, é a capacidade de movimentar

associando com o seu corpo. Movimentar um gesto simples de excussão

fazendo parte de nossa vida para todo o sempre. Isto surge com o decorrer

de nosso crescimento à necessidade de desenvolver, criar e aperfeiçoar,

para uma melhoria harmônica corporal. O desenvolvimento motor

caracteriza também em conjuntos ligados a áreas psicomotoras:

• Coordenação motora global ou ampla,

• Coordenação motora fina e óculo-manual,

• Esquema corporal,

• Lateralidade,

• Estrutura espacial,

• Estrutura temporal,

• Ritmo.

“É através do corpo que a criança vai descobrindo o

mundo, experimentando sensações e situações,

expressar-se, perceber-se e perceber as coisas que a

cercam. À medida que a criança se desenvolve, quanto

mais o meio permitir (através das trocas sociais) ela vai

ampliando suas percepções e controlando seu corpo

através da interiorização das sensações. Com isso ela

vai conhecendo o seu corpo e ampliando as suas

possibilidades de ação. O corpo é, portanto “ o ponto de

referência que o ser humano possui para conhecer e

interagir com o mundo.” (Alves, 2003:49)”.

4.2. As áreas psicomotoras

Como já foi citado anteriormente, as áreas psicomotoras caracterizam

o desenvolvimento motor, criando uma harmonia corporal como um todo.

“O esquema corporal não é um conceito inicial

ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a

condição da justa relação entre indivíduo e o próprio

ambiente.”

(Wallon, 1992: 37.).

Para situarmos o trabalho psicomotor como um grande todo, vamos

registrar cada área psicomotora:

• Coordenação motora global ou ampla: é a possibilidade de

controle dos movimentos amplos do nosso corpo, sendo

necessária uma perfeita harmonia de grupos musculares

colocados em movimento ou repouso. São os movimentos que

evoluem todo o corpo ao mesmo tempo, tendo como finalidade à

plasticidade do ajustamento, chegando a um desempenho motor.

• Coordenação motora fina e óculo-manual: é a realização de

movimentos específicos muito refinados, com alto grau de

precisão (olho/mão), utilizando pequenos grupos musculares. È o

papel na ligação entre campo visual e a motricidade fina da mão e

dos dedos. È a capacidade de coordenar os movimentos em

relação ao alvo visual.

• Esquema corporal: é o conhecimento que a criança tem do

próprio corpo, capaz de gerar as possibilidades de atuação sobre

as partes do seu corpo, o mundo e objetos que o cercam.

• Lateralidade: é a capacidade motora de percepção integrada dos

dois lados do corpo: direito e esquerdo. É a propensão que o ser

humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do

corpo do que o outro em três níveis: mão, olho e pé.Isto significa

que há um predomínio motor, uma dominância de um dos dois

lados.

• Estrutura espacial: é a percepção da dimensão relacionado a

tudo aquilo que nos cerca.

• Estrutura temporal: é a compreensão das dimensões do tempo

em relação a acontecimentos do passado, presente e futuro. As

noções temporais são abstratas e difíceis de serem adquiridas

pelas crianças.

• Ritmo: é um conceito mais importantes da orientação temporal. O

ritmo é um dos conceitos mais importantes da orientação temporal.

O ritmo não envolve somente as noções de tempo, mas está

ligado ao espaço também. A combinação dos dois dá origem ao

movimento. O ritmo não é movimento, mas o movimento é meio de

expressão do ritmo.

V. AS REDES TECIDAS ENTRE A PRÁTICA DA

GINÁSTICA RÍTMICA E O MOVIMENTO CORPORAL

DOS 4 AOS 6 ANOS DE IDADE

Quando observamos uma aranha tecer sua teia, com toda calma

e preocupação de traços, segurança, direção, objetivos ... Não

imaginamos o que passa em sua mente. Cada vértice preso por

extremidades interdependentes, pois se uma delas se solta, toda a teia

será prejudicada e o trabalho da aranha, que no início era tão árduo, será

em vão.

Nesta condição, traçamos uma ligação estreita com o tema deste

trabalho. Cada item abordado (o referencial teórico, a ginástica, a

ginástica rítmica, o desenvolvimento motor e o movimento corporal),

compõe um grupo de questões que abrangem especificamente a

formação e o desenvolvimento do indivíduo como um todo.

A partir do trabalho em grupo, onde o indivíduo se desenvolve

como grupo social (Vygotsky), e da interferência da Ginástica Rítmica,

como um esporte socializador e mediador do trabalho corporal; procura-

se desenvolver as potencialidades inatas de cada indivíduo através da

prática esportiva.

Com a ajuda da Ginástica Rítmica, que trabalha com a música

(diferenciando-a dos demais esportes), envolvendo emoções e ritmos, a

criança aguça a sua percepção auditiva e o trabalho corporal. A partir

deste pressuposto, que é trabalhado através de vários ritmos (clássicos,

cantigas de roda, músicas apenas retesadas, cantigas folclóricas ...)

juntamente com o manejo dos aparelhos característicos do esporte,

pode-se objetivar o aprimoramento das áreas psicomotoras do indivíduo

numa relação harmoniosa e produtiva.

Para Vygotsky, a dimensão social do desenvolvimento humano é

muito importante. É a partir desta premissa que o trabalho realizado (em

grupos, duplas) media o crescimento de cada criança, oferecendo

confiança e auto conhecimento nestas trocas (intercâmbio social) e no

pensamento generalizante.

O desenvolvimento da criança, na faixa etária de 4 a 6 anos de

idade, é de grande aquisição. A criança está atenta a tudo que a cerca,

pronta para novas produções e conquistas. Sua abordagem cultural, no

que dia respeito às práticas motoras, utilizando os aparelhos específicos

da Ginástica Rítmica (corda, bola, arco – bambolê) são um ponto de

partida para o trabalho psicomotor. Os conhecimentos prévios de cada

um são de grande importância para a instalação de confiança e de bem

estar em um grupo. A partir do prazer e da confiança num grupo,

qualquer trabalho é bem aceito e desenvolvido.

O trabalho com aparelhos diversifica em muito as atividades e

aumenta consideravelmente a gama de movimentos corporais possíveis

de serem explorados com as crianças. As aulas tornam-se criativas e

produtivas, pois a presença de um instrumento que aponta possibilidades

de criação, de parceria, cria novas expectativas durante as tentativas e

realizações.

A utilização da música durante as atividades brinca com os

sentimentos, com reações e principalmente com ritmos interos e

externos. A música organiza o pensamento, o movimento e cria laços

entre os participantes do grupo e até mesmo que quem obsera, do lado

de fora.

A prática da Ginástica Rítmica contudo, não é o único esporte que

oferece esta diversidade. Cabe a cada pessoa, buscar nas atividades

físicas aquela que mais lhe atinge, que engloba suas necessidades e

objetivos de vida. A vontade de buscar é o primeiro passo para se chegar

a algum lugar.

VI. CONCLUSÃO

A partir das questões articuladoras apresentadas neste trabalho,

conclui-se que a prática esportiva, que neste estudo aborda a Ginástica

Rítmica, é de grande importância e fundamentação no desenvolvimento

integral de qualquer indivíduo.

A contribuição social, quando este se faz na participação “com e no”

grupo, acontece nas inter-relações (trocas) entre os indivíduos.no que diz

respeito ao movimento corporal, cerne do desenvolvimento motor, cria-se

categorias de aprendizagens motoras, a cada dia inovadoras, dando

oportunidade ao progresso de crescimento e desenvolvimento da criança.

As redes tecidas neste grande encontro, de todas estas vertentes,

formam um grande cenário de participações onde o sujeito principal é o

indivíduo como um todo. Seu desenvolvimento e seu crescimento como

pessoa e relacionamento com os outros partem de um ponto convergente: o

prazer. O prazer de realizar atividades que engrandecem o ser humano é o

fio condutor de qualquer atividade.

Cabe ao professor/orientador oferecer oportunidades diversas

pensando que cada criança é única, com uma gama de experiências

oriundas de um grupo social.

Estas devem atender as especificidades de cada um, suprir suas

necessidades mais intrínsecas e buscar acima de tudo o desenvolvimento

pleno de cada indivíduo e a melhoria na qualidade de vida de cada criança.

É importante acreditar que educar pelo movimento é uma das

hipóteses mais concretas de realização de um trabalho significativo, de

construção e aperfeiçoamento das potencialidades de cada indivíduo.

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS