As Relações Entre Representações e Práticas

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     AS RELAÇÕES ENTRE REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS:O CAMINHO ESQUECIDO

    Rafael Pecly WOLTERUniversidade Católica de Petrópolis/

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brésil

    Celso Pereira de SÁUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Brésil

    RESUMOEste artio te! co!o o"#etivo apresentar os avanços no est$do

    das relações entre representações e práticas reali%ados pelo r$po do

     &idi. A pri!eira parte apresenta est$dos, #á clássicos, de J.'C. A"ricso"re o erencia!ento das práticas pelas representações. E! se$idao artio se centra, a partir de tra"al(os de )$i!elli e *la!ent,nas modięcações representacionais que decorrem de alteraçõesnas práticas. Por último, seguindo o argumento de RouqueĴe, ainĚuência recíproca entre práticas e representações é reeitada e as práticas s+o vistas so" $! novo aspecto. C(ea'se a concl$s+o de $e,e!"ora $! lono ca!in(o ten(a sido percorrido por estes a$tores,as pistas de pes$isa -ora! radativa!ente deiadas de lado até cairn$! $ase es$eci!ento.

    Palavras chave: representações sociais, práticas, abordagemestrutural.

    LAS RELACIONES ENTRE REPRESENTACIONES Y PRÁCTICAS:EL CAMINO OLVIDADORESUMEN 

    Este artc$lo tiene co!o o"#etivo presentar los avances en elest$dio de las relaciones entre las representaciones 0 las prácticasllevadas a ca"o por el r$po de &idi. 1a pri!era parte presentalos est$dios, 0a clásicos, de J.'C. A"ric acerca de la estión de las prácticas por parte de las representaciones. A contin$ación, elartc$lo se centra en el tra"a#o de )$i!elli 0 *la!ent, so"re los

     Vol. XXIII, N. 1 y N. 2 2!1"# $$. %&'1!(.

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    ca!"ios de representación $e s$ren de los ca!"ios $e se prod$cenen las prácticas. Por último, siguiendo el argumento de RouqueĴe, sea!orda, analisa " rec#a$a la inĚuencia recíproca entre las prácticas 0 las representaciones, as las prácticas son descritas "a#o $n n$evoaspecto. 2e llea a la concl$sión de $e, a pesar del laro ca!inorecorrido por estos a$tores, estos te!as de investiación (an sido poco a poco a"andonados (asta casi caer en el olvido.

    Palabras clave: representaciones sociales, prácticas, abor-daje estructural.

    THE RELATIONSHIP )ET*EEN REPRESENTATIONS AND PRACTICES:THE +OROTTEN TRAIL

     ABSTRACT 3(is paper ai!s to present advances in t(e st$d0 o- relations(ips

    "et4een representations and practices carried o$t "0 t(e ro$p o- %idi. e ęrst part presents studies, no' classic, o( ).*+. !rica"o$t t(e control o- practices "0 t(e representations. 3(en t(e article -oc$ses on t(e 4or5s o- )$i!elli and *la!ent a"o$t representationalc(anes -ollo4in c(anes in practice. *inall0, -ollo4in t(eargument RouqueĴe, t#e reciprocal inĚuence !et'een practices andrepresentations is re#ected and practices are vie4ed $nder a ne4aspect. 3(e a$t(ors concl$de t(at, alt(o$( a lon 4a0 (as "eentraveled "0 t(ese a$t(ors, t(e researc( trac5s 4ere rad$all0 set aside$ntil al!ost -all into o"livion.

    Keywords: Social representations, practices, structural ap-proach.

     A   psicoloia e! eral, e a psicoloia social e! particu-lar, sempre buscaram estudar as relações entre pensamento e ação.Pode!os destacar, de"tre outros, os tra#alhos acerca da to!adade decisão, da resolução de problemas ou at mesmo a psicologia

    eco"$!ica %&ah"e!a" ' T(ers)y, *+7+. Se "a ra"de !aioria dostrabalhos os autores buscaram demonstrar como o pensamento in!uina ação, podemos tambm encontrar trabalhos demonstrando "ue opensamento o re!e#o do "ue $oi $eito. %s trabalhos clássicos da dis-son&ncia cognitiva '(estinger ) *arlsmi+h, --/ caminharam nestese"tido at chear ao po"to e! ue autores co!o /eau(ois ' 0oule'-0/ a1rmam "ue o indiv2duo s3 tem ilusão acerca de sua capa -cidade de tomada de decisão, no entanto sua margem de escolha

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    restrita e ele pe"sa 1a posteriori2, ou !elhor, racio"ali3a e e"co"trauma e#plicação acerca do "ue $e4. 5ostar2amos de relembrar, nestetra#alho, alu"s ra"des a(a"4os so#re as rela45es e"tre pe"sa!e"toe pr6ticas reali3ados pelo rupo do idi* a partir dos tra#alhos de6bric, 5uimelli, (lament ) 7ou"ue+e.

    PRIMEIRA VIS-O: A REPRESENTAÇ-O COMOERENCIADORA DE PRÁTICAS A 1rmar "ue os autores "ue trabalham com a teoria das re-

    prese"ta45es sociais %TRS ora! os pio"eiros da ideia de ue o pe"-samento um guia para a ação não seria 8usto. 9nmeras áreas das*i;ncias

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     Tabela 1. Ganhos e perdas em função das escolhas do participante

    e do oponente no paradigma dos jogos.

    Oponente coopera Oponente compete

    Participante coopera Ganho máximo Perda máxima

    Participante compete Ganho moderado Perda moderada

    6bric e seus colaboradores a1rmaram E metade dos parti-cipa"tes ue o opo"e"te u! colea estuda"te, para outra !etadedisse ue era u!a !6ui"a. E! a!#os os casos o ad(ers6rio era oe#perimentador, toda ve4 "ue o participante tomava uma decisão,"a joada seui"te o e

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    %s resultados ilustram per$eitamente como a representaçãodo ad(ers6rio, !6ui"a i"co"trol6(el ou colea reati(o, te! u! eei-to so#re a resposta escolhida pelos participa"tes. Coopera-se !ais$rente ao colega comparativamente Es situações onde o adversário u!a !6ui"a. E! su!a, @#ric e cola#oradores de!o"strara! ueos participantes levam para a situação e#perimental seu conhecimen-

    to acerca do !u"do e este co"heci!e"to prepo"dera"te "a co!-preensão do est2mulo e da resposta ade"uada. =m outra versão deseu e#perimento 6bric não manipula e#perimentalmente a represen-tação do adversário, mas a compreensão do conte#to: para metadedos participantes ele a1rma "ue o estudo sobre um 8ogo, para aoutra metade di4 "ue sobre resolução de problemas.

    Co!o pre(isto pelos autores, os participa"tes coopera! !ais"uando creem estar em situação de resolução de problemas compa-rati(a!e"te a ua"do acha! estar joa"do. Estes tra#alhos de @#ricse inserem plenamente na 8á $amosa de1nição de representações so-ciais, de Be"ise 0odelet %*+8+=>>?, co!o 1u!a or!a de co"heci-!e"to social!e"te ela#orada e partilhada, te"do u! o#jeti(o pr6tico

    e concorrendo E construção de uma realidade comum a um con8untosocialG. HeanI*laude 6bric chegou ao ponto de a1rmar "ue uma dasgrandes $unções da representação social de orientar e guiar os com-porta!e"tos e pr6ticas sociais.

    6bric especi1ca mais acerca das condições necessárias para"ue a representação a$ete a ação. Primeiramente ele a1rma "ue necessário "ue a situação Ftenha uma carga a$etiva $orte, e onde are$er;ncia Je#pl2cita ou nãoJ E mem3ria coletiva necessária paramanter ou 8usti1car a identidade, a e#ist;ncia ou a prática dos gru -posG '--A:@/. =ste primeiro caso o "ue o autor denominou como

     práticas signięcantes e correspo"de! seu"do @#ric ao ue osco(ici

    1a"alisa co!o a45es represe"tacio"ais, ou seja u! co"ju"to de co"-dutas regulares, sem contradição com as normas, reali4adas em acor-do com o grupo e "ue correspondem Es crenças partilhadas pormnão verbali4adas '.../G '--A:@/.

    =sta visão de prática signięcante pode pereita!e"te ser ilus-trada pelo #el:ssi!o li(ro de Be"ise 0odelet i"titulado 61o$c$ras e re' presentações sociais7, de =>>? %orii"al pu#licado e! *+8+, o"de ela

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    e(ide"cia ue as !ulheres ue acolhia! doe"tes !e"tais e! suascasas evitavam o contato com !uidos corporais, suor, sangue ou sa-liva, dos pacientes. 6 autora demonstrou "ue a noção de contágioda loucura se !a"ti"ha prese"te "a co!u"idade estudada e uia(aações de prevenção contra o contato com os !uidos corporais dos pa-cie"tes.

    % segundo caso em "ue HeanI*laude 6bric a1rma "ue as prá-ticas são determinadas pela representação correspondem Es situaçõesde  práticas n+o restritivas 8n+o constranidas9. São os casos em "ue apessoa possui escolhas poss:(eis, ou seja, possui u!a !are! demanobra para passar ao ato sem "ue uma opção de ação lhe pareçai"co"tor"6(el.

    ;e"hu!a das escolhas i!posta por u!a "or!a social, pelopoder de uma autoridade ou de uma instituição, nenhuma caracte-r2stica ob8etiva da situação impõe uma ação. %lhando por outro lado,pode ser uma situação onde diversas restrições ocorrem, mas autori-3a!, ou !elhor tolera!, diere"tes a45es.

    O estudo de @#ric e cola#oradores acerca do paradi!a dos joos, o"de os sujeitos de(ia! escolher e"tre cooperar e co!petir %al-guns resultados apresentados acima na 1gura /, se inclui per$eita-mente nesta condição de prática n+o constranida. @#ric %*+7* cheoua testar e#perimentalmente o $ator restritivo da situação e concluiu"ue, em situações onde o constrangimento E ação elevado, a repre-sentação dei#a de ser um $ator causal na tomada de decisão. =stesresultados levaram HeanI*laude 6bric E $ormulação da hip3tese a"uiaprese"tada de ue $anto !ais co!pleas e a!"$as s+o as sit$ações$e o ator con-ronta !ais deter!inante é o papel das representações.

    >odos estes trabalhos possuem em pano de $undo, a intuição,ou melhor, a convicção de "ue, ao menos em algumas situações, oindiv2duo age em ade"uação com seus pensamentos. =sta convicçãode or!a alu!a e

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    SEUNDA VIS-O: A PRÁTICA COMO +ATOR

    DE MUDANÇA REPRESENTACIONAL A  ideia de "ue a prática pode alterar a relação entre a pessoa

    e o ob8eto de prática não nova. %s estudos acerca da mudança deatitudes a partir de co!porta!e"tos co"tra-atitudi"ais se i"scre(e!"esta li"ha de pe"sa!e"to.

    Li!a %=>>> descre(e de !a"eira co"cisa u! ea$a-ni, /. >odos estes trabalhos possuem em comum dois aspectos:o pri!eiro ue h6 u! co"stra"i!e"to ao co!porta!e"to o se-u"do po"to ue este co"stra"i!e"to precede diacro"ica!e"te a!uda"4a atitudi"al ou represe"tacio"al.

    Estes resultados corro#ora! o po"to de (ista de @#ric des-crito a"terior!e"te, pois estes diere"tes estudos so#re a !uda"4a apartir do comportamento restringem a possibilidade de ação dos par-ticipantes: estes são indu4idos a agir de uma maneira "ue lhes novaou não habitual. % segundo ponto relativo E causalidade impl2citaneste olhar: a mudança de pensamento ou de atitude ocorre ap3s o

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    co!porta!e"to. E! co"seuG"cia a "o(a atitude ou pe"sa!e"to de-corre da !uda"4a co!porta!e"tal.

    ;os a"os "o(e"ta u!a srie de autores se i"teressou por estetipo de relação entre práticas e representações, dentre eles, *hristianHui!elli, ue #uscou estudar o eeito de !uda"4as e

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    @s participa"tes i"dica(a! "este uestio"6rio a reuG"cia co! uereali4avam do4e tare$as em relação direta com o Fnovo papelG, ap3sisto respo"dia! a uest5es liadas ao !odelo dos esue!as co"iti-vos de base '5uimelli e 7ou"ue+e, --/.

    Os resultados !ostra! ue as participa"tes ue tra#alha!

    co! "o(as pr6ticas pe"sa! o 1"o(o papel2 de e"er!ae! de !a-neira mais operacional '"uem reali4a a ação, "ue ação o ator reali4a/e utilit6ria %ue! utili3a o i"stru!e"to, e! ue o#jeto o i"stru!e"to utili3ado ou ue o#jeto utili3ado pelo i"stru!e"to. Hui!elli che-ga E conclusão de "ue o aumento da $re"u;ncia das novas práticas!o#ili3a u! ca!po represe"tacio"al pr6tico, "otada!e"te ati(a"docognemas 'no sentido de *odol, -N-/ ligados E ação, o "ue ilustra bem uma trans$ormação representacional a partir de novas práticas.

    =m outros termos, Fo acesso Es novas práticas modi1ca de$orma massiva a estrutura da representação. Co caso analisado, osresultados emp2ricos mostram "ue a operação de novas práticas ativaesue!as ue as prescre(e! e reor4a! suas po"dera45es "o siste!a

    representacionalG '5uimelli, --Ab:N/.

    Para (lament '--A:/ as circunst&ncias e#ternas correspon-dem a F"ual"uer estado do mundo $ora da representação socialG ecorresponde a toda $orma de causalidade estranha E representaçãosocial. Christia" Hui!elli estudou e!pirica!e"te o caso do eeito deuma mudança e#terna sobre uma representação social ao estudar oeeito da !i

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    laço $undamental entre a cognição e as condutas "ue se supõe lhecorresponderG'.../ '(lament, --A:@0/.

    =m suma, o aspecto prescritor da cognição a ponte entreas co"dutas e as ideias correspo"de"tes a ela. Os autores do rupodo idi disti"ue!, co!o j6 #e! diu"dido "o /rasil %S6, *++A,

    as prescri45es a#solutas das co"dicio"ais. @s prescri45es a#solutassão inegociáveis, por e#emplo, dentro de um grupo ideal as pessoasdevem ser amigas, caso isto não ocorra a"uele grupo não será aceitocomo sendo ideal. Ceste caso a ami4ade tem a $unção de prescritorabsoluto, pois sem este cognema 'ami4ade/ não poss2vel reconhecero o#jeto %rupo ideal.

    =m outras palavras, não aceitável e#istir outra $orma de re-lação entre membros de um grupo ideal "ue não se8a amistosa. Poroutro lado, u! rupo ideal se caracteri3a, eral!e"te, por ser or!a-do por pessoas ue possue! as !es!as opi"i5es.

    Co entanto, diversos trabalhos 'Voliner, -0-O 7ou"ue+e )

    Rateau, *++8 !ostra! ue, !es!o se! ter as !es!as opi"i5es, u!rupo co"siderado ideal caso ele seja co!posto por pessoas a!iase iuais. Co!o o o#jeto %rupo ideal co"ti"ua se"do reco"hecidocomo tal, embora os membros deste grupo não tenham as mesmasopiniões, então poss2vel considerar "ue este cognema 'mesmas opi-"i5es "eoci6(el, se"do por isto de"o!i"ado de prescritor co"di-cional. 6 distinção entre estes dois prescritores e a ra4ão pela "ualos absolutos compõem o sistema central da representação $oi apre-sentada em --N por Sá, em conse"u;ncia não iremos apro$undar adescrição das relações entre status do cognema, central ou peri$rico,e "eocia#ilidade deste.

     Tabela 2. Esuema acerca da din!mica da mudança representacional "#lament$1994).%odi&cação das circunst!ncias externas

    '

    %odi&cação das práticas sociais

    '

    %odi&cação dos prescritores condicionais

    '

    %odi&cação dos prescritores absolutos

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    Para (lament, a mudança das circunst&ncias e#ternas nãoaeta direta!e"te os prescritores a#solutos, "ecess6rio ue hajamodi1cações prvias das práticas sociais e dos prescritores condicio-nais. Ca maior parte dos casos a simples alteração dos prescritoresco"dicio"ais #asta para ue os prescritores a#solutos se !a"te"ha!intocáveis ap3s as modi1cações e#ternas. =m outros casos, as pes-

    soas protee! os prescritores a#solutos utili3a"do 1#oas ra35es2.=ste processo $oi ilustrado por (lament '--A/ partir da seguinte $raseFnestas circunst&ncias $aço algo inabitual, mas tenho uma boa ra4ãopara isto.2

    ;o caso do estudo de Christia" Hui!elli acerca da ca4a, aosere! o#riados a ca4ar coelhos criados e! cati(eiro %os coelhosselvagens estavam em e#tinção devido a mi#omatose/, os caçadoresusaram racionali4ações e boas ra4ões tal "ual a $rase "ue segue: Fsemcriar as presas em cativeiro não teremos mais como e#ercer nossa prá-tica2.

    E! alu"s casos a !uda"4a dos prescritores co"dicio"ais e

    estas boas ra4ões não são su1cientes para proteger o prescritor abso-luto, principalmente no caso de modi1cações irrevers2veis de práticasligadas a este prescritor 'absoluto/, "uando será então necessário irat o ltimo n2vel de mudança: a dos elementos absolutos. =sta lti-!a !uda"4a ocorre e! casos e

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    não $or homog;neo na população, com indiv2duos e subgrupos en-contrando vias alternativas e vias não consensuais para restabelecer aade"uação entre a conduta e o pensamento, podeIse considerar "ue oncleo central da representação $oi desmantelado e "ue a"uele gruponão possui mais uma representação autWnoma 'onde as prescriçõesabsolutas $ormam um sistema nico, con$orme trabalho de (lament

    e! *+8+.

    SO)RE A ASSIMETRIA DAS IN+LUNCIAS ENTREREPRESENTAÇÕES E A VARIEDADE DAS PRÁTICAS A cabamos de nos interessar por dois tipos de relação entre

    as pr6ticas e as represe"ta45es. Pri!eira!e"te cuida!os dos estudose co"ceitua45es das represe"ta45es co!o ere"ciadoras das pr6ticas.;a seu"da parte "os i"teressa!os pelas !uda"4as represe"tacio-nais a partir das práticas. Poder2amos, numa leitura super1cial dostra#alhos aui aprese"tados, co"cluir ue as pr6ticas e represe"-tações podem ou se in!uenciam mutuamente.

    Para 7ou"ue+e '/, entretanto, como as duas $ormas dein!u;ncia não são e"uivalentes, não legitimo $alar em reciprocida-de das in!u;ncias. =le a1rma "ue devemos tomar as representaçõesco!o u!a condiç+o das práticas e as pr6ticas co!o u! aente de trans' -or!aç+o  das represe"ta45es. @!#as as co"stata45es, da represe"-tação como condiç+o das práticas e esta lti!a, a pr6tica, co!o aentede trans-or!aç+o da pri!eira, le(ara! o autor a se uestio"ar so#re oue u!a pr6tica.

    =sta noção e#tremamente amb2gua

    6a"rane ao !enos dois aspectos event$al!ente con-$ndi'dos: a reali%aç+o de $!a aç+o 8cond$ta e-etiva9 e a -re$>ncia8o$, correlativa!ente, a -a!iliaridade para o s$#eito9 dessareali%aç+o. Por ee!plo, o -ato de c$!prir $!a tare-a n$!dado !o!ento, e o n!ero de ve%es $e c$!pri!os até en't+o $!a tare-a id>ntica o$ se!el(ante a passae! ao ato ea recorr>ncia desse ato. Coloca!os e! oposiç+o de $! lado,a concreti%aç+o si!ples intenç+o, o esto ao pensa!ento, ede o$tro o (á"ito, o$ ao !enos a "analidade relativa rari'dade, talve% novidade radical7 '7ou"ue+e, :A@IAA/.

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    7ou"ue+e distingue neste primeiro ponto a  passae! ao ato ,ou se8a, a concreti4ação da ação, da banalidade ou recorr>ncia do ato.% autor tambm di$erenciou duas vertentes de ação: a !aneira de -a%er e a conse$>ncia perce"ida desse -a%er. Bois rupos pode! ter !uitae

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    pr6tica ou co!porta!e"to. ;este se"tido, "os parece ue o tra#alhode VichelI?ouis 7ou"ue+e $oi um grande avanço para a área, pois es-peci1cou e delimitou a noção de prática em "uatro aspectos precisose relati(a!e"te #e! deli!itados.

    Co!o poss:(el "otar "a ta#ela ?, cada aspecto tradu3 u!a

    caracter2stica distinta da noção de prática e, embora estas caracter2sti-cas seja! pr9

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     rande co! as cond$tas e! $est+o r$pos aindo a propó'sito do mesmo o!eto, de maneiras di(erentes- e, por ęm, gru' pos ei"indo processos de cálc$loF irred$tveis $ns aos o$'tros. Gnd$"itavel!ente e! interaç+o co! as sit$ações sociaiscorrespondentes, e por conse$inte co! a posiç+o social dosatores, vera!os assi! $e certos aspectos das práticas s+o!ais decisivos $e o$tros, para a -a"ricaç+o e trans-or!aç+o

    das representações do !$ndo. 3ais tra"al(os, $e c$l!ina'ria!, inevitavel!ente, e! precisar os conceitos precedentes, propiciaria! rande!ente a passae! da noç+o int$itiva de prática a um status cientíęco um pouco mel#or lastreado'7ou"ue+e, :A/.

    Poder:a!os acresce"tar ue seria i!porta"te sa#er ue as-pectos das pr6ticas pode! prioritaria!e"te air co!o aente de trans' -or!aç+o da representação, dentro do es"uema apresentado por (la-!e"t %c. ta#ela =. Por outro lado, poder:a!os ta!#! "os uestio-"ar so#re os aspectos das pr6ticas !ais suscet:(eis de sere! aetadospela representação. 6lm disso, poder2amos inserir as práticas dentrode sua historicidade, pois, como salienta 7ou"ue+e ':A/, Fa aná-lise re!e#iva do papel da hist3ria continua a ser n3doa cega na teoriadas represe"ta45es2.

    =m suma os autores do grupo do Vidi 14eram grandesa(a"4os acerca do co"heci!e"to das rela45es e"tre represe"ta45es epráticas e VichelI?ouis 7ou"ue+e nos apontou caminhos poss2veis aseguir. Co entanto, esta direção não parece ter tido continuidade empesuisas rece"tes.

    Se estes caminhos Jabertos por pioneiros como HeanI*laude6bric e VichelI?ouis 7ou"ue+e, recentemente $alecidosJ serão des- bravados ou não depende agora da"ueles de n3s "ue Jna (rança, no

    V#ico, no Mrasil ou alhuresJ valori4amos a perspectiva conceitual,te9rica e !etodol9ica do rupo do idi "o ca!po das represe"-ta45es sociais e seja!os de ato capa3es de dar co"ta da tarea. Kstoso!e"te o te!po dir6, !as as i!porta"tes co"tri#ui45es destes pre-cursores a3e! j6 parte da !e!9ria e da hist9ria da psicoloia social.

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     Tabela (. Exemplo$ forma de operacionali)ação e tipo de prática.

    ipo de prática

    Operacionali!ação E"emplos

    #ráticacomo

     passagemao ato

    *onsiste em compararuma população ue

    nunca implementou aação + população ue jáimplementou a ação.

    *omparar soldadosue experimentaram

    o fogo a soldados uenunca entraram emcombate.

    #ráticacomorecorr$ncia

    ,tili)a uma graduaçãoda experi-ncia ue aido /noato0 ao /perito0.  graduação se fa) apartir da duração daexperi-ncia "em tempo$uantidade de e)es uese deparou com a situaçãoou ainda uantidade deconhecimentos acerca da

    uestão.

    *omparar soldados eteranos$ ue lutaramem muitas batalhas asoldados ue lutaramem poucas batalhas.

    #ráticacomomaneirade fa!er

    3este caso 4 necessáriodistinguir ualitatiamentea prática comparando umgrupo ue fa) a prática +maneira 5 a outro grupoue reali)a essa prática +maneira 6.

    *omparar soldados eteranos ue embatalha atiram noinimigo a soldados eteranos ue nestamesma situaçãoapoiam moralmenteoutros soldados e nãofocam no inimigo.

    #ráticacomo

    cálculo

    *omparar gruposou pessoas ue em

    relação + prática emuestão possuemdiferentes aaliaç7es deconseu-ncias$ intenç7es$planos de ação ouobjetios.

    *omparar soldadosue em combate

     alori)am mais ocumprimento damissão a soldadosue alori)am maisa tomada de riscom8nima.

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    *>?

     As relações entre representações e práticas:...

    NOTAS. Co!o os pes$isadores a$i citados, A"ric, *la!ent, )$i!elli

    e RouqueĴe reali$aram seus tra!al#os nas cidades de i/*en*Provence e &ontpellier, 2á 8;;H9 decidi$ deno!iná'los de r$po do &idi 8no!e in-or!al dado ao s$l da *rança9.

    I. teto oriinal, e! inl>s, é de ;>, *. %*+8+. 1Structure et dy"a!iue des reprse"ta-1Structure et dy"a!iue des reprse"ta-Structure et dy"a!iue des reprse"ta-

    tio"s sociales2, i" B. 0odelet %Ed., 1es Représentarions2ociales, Paris, P(, pp. =>F-=*+.

    JJJ '--A/. FStructure, dynami"ue et trans$ormation des reprI1Structure, dy"a!iue et tra"sor!atio" des repr-Structure, dy"a!iue et tra"sor!atio" des repr-se"tatio"s sociales2, i" 0.C. @#ric %Ed., Prati$es socialeset représentations, Paris, P(, pp. @BIB.

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    *>F

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    ;iestl, pp. *7*-*+8.JJJ '--Ab/. F?a $onction dUin1rmiZre: prati"ues et reprsentaIF?a $onction dUin1rmiZre: prati"ues et reprsentaI?a $onction dUin1rmiZre: prati"ues et reprsenta-

    tio"s sociales2, i" 0.-C. @#ric %Ed., Prati$es sociales etreprésentations, Paris, P(, pp. 0@IB.

    HIKELLK, C. ' ROIIETTE, .-L. %*++=. 1Co"tri#utio"sdu modZle associati$ des schZmes cogniti$s de base ElMa"alyse structurale des reprse"tatio"s sociales2, B$'lletin de Ps0c(oloie , L, F>D, pp. *+A-=>=.

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    *>D

     As relações entre representações e práticas:...

    >6(6C9, =. '/. 16+itudes, engagement et dynami"ue desreprsentations sociales: tudes e#primentales2, Rev$eGnternationale de Ps0c(oloie 2ociale , *F %*, pp. 7-=+.

    W@H;ER, W. %*++?. 1Ca" Represe"tatio"s E