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As Sagradas

Escrituras

Um comentário brasileiro da CFB1689 – 1.1

Marcus Paixão

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As Sagradas Escrituras

Um comentário brasileiro da CFB1689 – 1.1

Por Marcus Paixão

Revisão por Luciano Kennedy Vieira

Edição Final e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Junho de 2018

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a permissão do

autor, sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercialNoDerivatives 4.0 International

Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Prefácio

Comecei a estudar as grandes confissões de fé do Protestantismo em 2014, e rapidamente

me interessei pelo Confessionalismo Batista, mas especificamente pela Segunda Confissão

de Fé Batista de Londres. Estudar essa Confissão revolucionou o meu entendimento bíblico

de modo surpreendentemente feliz! Entretanto, pensei, “Se esta é a Segunda Confissão

qual é a Primeira?”. Foi então que, ao pesquisar, me deparei com o texto: “A História da

Primeira Confissão Londrina – 1644”, da autoria de Marcus Paixão. Como esse texto foi útil

para meus nascentes estudos sobre a recém-descoberta fé Batista Confessional! Foi uma

verdadeira aula de história e teologia dos Batistas. Foi lendo textos como esse que eu,

recém-saído do movimento Pentecostal, achei o meu lugar no movimento Reformado, ao

perceber que cria naquelas mesmas verdades que aqueles primeiros Batistas

Particulares/Reformados. Desde então tenho me alegrado na “fé comum” com aqueles

irmãos do passado e com muitos irmãos do presente, como o querido pastor Marcus

Paixão.

Portanto, regozijo-me profundamente pela presente publicação desta que, pela graça

de Deus, será uma série de comentários da nossa amada Confissão. Esta publicação inicial

traz um comentário do fiel primeiro parágrafo de nossa Confissão, cuja frase de abertura é:

“As Sagradas Escrituras são a única, suficiente, correta e infalível regra de todo

conhecimento, fé e obediência salvíficos”. Esta frase é o grande prefácio e fundamento de

toda a Confissão Batista. É talvez a frase mais importante de toda a Confissão. Uma

compreensão correta desta gloriosa afirmação determinará a piedade e veracidade da

nossa fé e vida, é justamente essa compreensão correta que o autor buscar trazer no

presente comentário.

O autor do comentário é alguém a quem sou muito grato. Grato por ele permanecer

fiel e ser corajoso o suficiente para estudar e falar sobre as antigas doutrinas Batistas

mesmo quando elas eram praticamente desconhecidas ou abertamente negadas. Grato por

ter cuidado de si mesmo e da doutrina, e por assim se fazer um instrumento de Deus para

abençoar Seu amado povo com uma exposição fiel das Sagradas Escrituras. Sou grato

pelo seu trabalho, todavia, sei que isso não vem dele mesmo, é fruto da “graça de Deus,

que está com ele” (1 Coríntios 15:10).

Por fim desejo fazer um apelo aos Batistas brasileiros para que se dediquem a estudar

e conhecer as antigas doutrinas e teologia dos primeiros Batistas Particulares encontradas

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em suas Confissões Londrinas,1 especialmente a de 1689. Ouçam a voz de um antigo

Batista, falando sobre a Confissão de 1689, C.H. Spurgeon disse: “Não se envergonhem

de sua fé; lembrem-se que este é o antigo Evangelho dos mártires, confessores,

reformadores e santos. Acima de tudo, é a verdade de Deus, contra a qual todas as portas

do inferno não prevalecerão. Deixem suas vidas adornarem a sua fé, deixem o seu exemplo

enfeitar o seu credo. Acima de tudo, vivam em Cristo Jesus, e andem nEle, não crendo em

nenhum ensinamento, senão no que é manifestamente aprovado por Ele, e de propriedade

do Espírito Santo. Apeguem-se fortemente à Palavra de Deus que está aqui mapeada para

vocês”.

Apeguem-se fortemente à Palavra de Deus que está aqui mapeada e comentada para

vocês!

William Teixeira,

23 de junho de 2018.

1 Estas Confissões não são aquilo em que nossa fé se baseia, mas são somente instrumentos pelos

quais declaramos, isto é, confessamos, em que nossa santíssima fé realmente se fundamenta, que

é em Cristo Jesus, segundo todas as Escrituras testificam.

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A Confissão de Fé Batista de 1689

As Sagradas Escrituras

Comentário por Marcus Paixão

Parágrafo 1

A Confissão e Fé Batista de 1689 tem como influência e base alguns documentos do

passado. Citamos especialmente a Primeira Confissão de Fé Batista (Confissão Londrina)

de 1644, a Declaração de Fé e Ordem de Savoy, usada pelos Congregacionais, e

especialmente a Confissão de Fé de Westminster, por ter sido a confissão de uso mais

amplo naquele contexto. Boa parte dos artigos de fé da CFB1689 está em concordância

com os artigos da CFW, às vezes com pouquíssimas ou mesmo nenhuma alteração no

texto. Contudo, a abertura da Confissão Batista traz uma declaração sobre as Escrituras

que não se apresenta em Westminster.

Embora as duas confissões comecem por tratar da doutrina das Escrituras, a

declaração inicial da Confissão de Fé Batista de 1689 é singular entre as Confissões

Puritanas do século 17. Também é importante frisar que embora os teólogos que

produziram a Confissão Batista tenham usado para a sua composição algum material de

apoio, como as confissões citadas acima, o principal escrito foi a própria Escritura Sagrada.

A Confissão é um compêndio doutrinário que tem a Bíblia como seu centro, e seu conteúdo

é a interpretação da Escritura, ou a exposição das doutrinas contidas nas Escrituras.

Portanto, a Confissão de 1689 tem por fundamento, do início ao fim, o próprio texto sagrado.

O parágrafo inicial da Confissão apresenta a necessidade da Escritura para que o

homem obtenha o conhecimento necessário à salvação. Mostra a revelação geral como

fonte ineficaz para o conhecimento salvífico. Além disso, o parágrafo também menciona as

diferentes maneiras que, no passado, Deus revelou a Si mesmo e a Sua vontade, até que

essa revelação foi escrita e preservada, sendo as Sagradas Escrituras a revelação final de

Deus ao homem.

As Sagradas Escrituras são a única, suficiente, correta e infalível regra de todo

conhecimento, fé e obediência salvíficos, embora a luz da natureza e as obras

da criação e da providência manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de

Deus, a ponto de tornar os homens indesculpáveis; ainda assim, não são

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suficientes para oferecer aquele conhecimento de Deus e de Sua vontade, que

é necessário para a salvação; portanto aprouve ao Senhor, em diversas

ocasiões, e de muitas maneiras, revelar-Se, e declarar a Sua vontade para a Sua

Igreja; e, posteriormente, para melhor preservação e propagação da verdade, e

para o mais seguro estabelecimento e consolo da Igreja contra a corrupção da

carne e da malícia de Satanás e do mundo, concedeu a mesma completamente

por escrito; o que faz da Sagrada Escritura indispensável. Aqueles antigos

modos de Deus revelar a Sua vontade ao Seu povo agora cessaram.

Parte dessa sentença está exatamente igual ao texto da primeira Confissão Londrina

ou Confissão de Fé Batistas de 1644, que registra que as Sagradas Escrituras são a “única

regra de todo conhecimento, fé e obediência salvíficos”. Esse texto foi retirado da

primeira confissão e alocado na segunda confissão dos Batistas. Não consta nem em

Westminster e nem em Savoy.2

A compreensão que os Batistas têm da Bíblia é que ela é um texto sagrado, por isso

descrevem-na como “Sagradas Escrituras”. O significado não é difícil de entender: para

os Batistas, bem como para o Protestantismo Reformado e Puritano dos seus dias, a Bíblia

estava acima de qualquer obra humana. É um texto divino, soprado (inspirado), separado

e autorizado por Deus aos homens. É, sobretudo para os Batistas, a única regra a ser crida

e obedecida:

Não há lugar para outro texto sagrado no pensamento batista, visto que a Sagrada

Escritura é tida como a “única regra suficiente, certa e infalível”. De fato, o grande

princípio da Reforma do Sola Scriptura (somente pela Escritura) pode ser

argumentado como tendo sua expressão mais completa com os Batistas do que com

qualquer outro grupo protestante (SMITH, p. 6).

O termo “única regra” não diz respeito apenas a outros textos, em comparação com

as Sagradas Escrituras. Vai muito além, sendo uma comparação completa e abrangente

com qualquer outro tipo de regra que se possa imaginar. Samuel Waldron, numa breve

introdução ao primeiro capítulo, lembra que a Confissão Batista foi desenvolvida tendo em

vista o fogo das controvérsias que o Protestantismo Reformado travava com o Catolicismo

Romano e seitas radicais, como os Anabatistas:

2 Uma Comparação Tabular entre a Confissão de Fé de Westminster de 1646, A Declaração de Fé

e Ordem de Savoy e a Confissão de Fé Batista de 1677/1689. Sem número.

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“Suas afirmações foram forjadas no fogo das controvérsias históricas. Isto é

particularmente verdadeiro no capítulo 1. Cada uma de suas sete maiores afirmações

está contradizendo um dogma Católico Romano correspondente. Além disso, em pelo

menos dois exemplos (parágrafos 1 e 6) os Anabatistas Radicais, que reivindicam o

direito da revelação e o dom da profecia, são negados” (WALDRON, p. 30).

Levando em consideração o contexto histórico em que a Confissão Batista de 1689

foi produzida, é necessário entender que “única regra” vai de encontro à tradição Católica

Romana, que era posta em pé de igualdade com as Sagradas Escrituras, e muitas vezes

acima delas. Por um lado, os Batistas negam qualquer autoridade da tradição Católica

Romana sobre a Bíblia, em matéria de fé para a salvação ou mesmo na disputa sobre algum

ponto doutrinal. A Confissão também nega a autoridade papal sobre as Sagradas

Escrituras. A palavra do papa “ex-catedra” não tem a menor significação para os Batistas e

nem pode ser equivalente em verdade ou autoridade a qualquer parte das Sagradas

Escrituras. A Bíblia, e somente ela, é a “única regra” para os Batistas Confessionais de

1689.

Os movimentos da Reforma Radical da época também são indiretamente reprovados

em seus pontos carismáticos. Sendo as Sagradas Escrituras a “única regra”, condena-se

as revelações e profecias alegadas por muitos desses grupos, incluindo os Anabatistas

Radicais. É importante destacar que um dos propósitos dos Batistas ao produzir a Primeira

Confissão Londrina foi mostrar seu desacordo com os Anabatistas.

A Confissão foi escrita e publicada em 1644, e ficou conhecida como a Primeira

Confissão de Fé de Londres. Jonh Spilsbury, William Kiffin e Hanserd Knollys, dentre

outros, redigiram uma confissão onde declaravam suas crenças e de suas congregações.

Um total de quinze pastores Batistas Particulares participou da elaboração desse

documento. A Confissão tinha o propósito explícito de acabar com a confusão provocada

pelos ingleses, que continuavam taxando-os de Anabatistas. Na página do título lemos: “A

Confissão de Fé das igrejas que comumente, embora falsamente, são chamadas

Anabatistas”.3 A Confissão de 1644, além de provar sua fidelidade doutrinária bíblica e sua

ortodoxia, claramente negava qualquer tipo de ligação com os Anabatistas.

3 Nesta nota inicial da Confissão Batista de 1644 lemos uma declaração que desqualifica qualquer

pessoa a insinuar uma ligação dos Batistas com os Anabatistas. Era exatamente assim que os

ingleses, em sua maioria, entendiam. Eles fizeram questão de esclarecer com essa nota sua total

desarmonia com esse grupo. A ideia de que a origem dos Batistas remonta aos Anabatistas ainda

é defendida por um grupo reduzido de historiadores.

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Outro ponto merece destaque quanto ao uso do termo “única regra” pela Confissão

de 1689. Gary Marble acertadamente lembra que “pelo uso da palavra ‘única’ nós somos

lembrados da doutrina do Sola Scriptura (em latim, ou ‘Somente a Escritura’, em

Português), essa doutrina que, na verdade, foi um princípio da Reforma, é o foco de todo

este capítulo”.4 De fato, a ênfase do capítulo 1 é assegurar o leitor que, para os Batistas,

as Escrituras estão em posição elevada, e nada menos do que aquilo que o “Sola Scriptura”

representa está assinalado aqui.

As Sagradas Escrituras são a única regra “suficiente, correta e infalível”. Essas são

qualidades que são exclusivas da Bíblia no que se refere ao conhecimento de Cristo, que

conduz à vida eterna, à fé e à obediência. A confissão da suficiência da Escritura Sagrada

descarta qualquer fraqueza que se possa pensar existir nela, até mesmo a ideia de

“incompletude” está afastada, rejeitando qualquer coisa que possa ser usada para

complementá-la. Aqui, mais uma vez, porém usando uma só palavra, a Confissão descarta

qualquer outro tipo revelação ou texto sagrado que possa ajudar alguma pessoa quanto à

salvação.

Com os termos “correta” e “infalível” pretende-se estabelecer uma característica de

inerrância ao texto bíblico. O que é correto é oposto ao que é errado. Assim, o adjetivo

“infalível” dado às Escrituras segue na mesma linha de raciocínio e destaca o caráter sem

erro da Bíblia. “A Escritura não pode falhar” (João 10:35, ARA), disse Jesus. Portanto, se a

Bíblia pudesse falhar, ela erraria; ou, de outro modo, se ela errasse, falharia.

Aqui é importante frisar que se tem em vista o texto original autógrafo da Escritura,

que saiu da pena do autor movido pelo Espírito Santo. Essa afirmação não pode ser dita

acerca das diversas traduções nos variados países e em variadas versões, e nem mesmo

se refere aos milhares de manuscritos do Novo Testamento e do Antigo Testamento

preservados em museus espalhados pelo mundo.5 Somente a Escritura autógrafa pode ser

considerada infalível, visto que até os textos que foram copiados das Escrituras originais

apresentam variação entre si, como pode ser observado no exercício da crítica textual, não

podendo se estabelecer com total precisão qual é o texto original. A problemática aqui não

4 Um Comentário da Confissão de Fé Batista de 1689: Introdução e Capítulo 1. 5 Isso não implica dizer que as nossas versões e traduções bíblicas não são confiáveis. A Crítica

Textual já provou que o texto da Escritura que temos em mãos é totalmente confiável, e as variantes

textuais, além de representarem um cenário minúsculo diante de todo o texto bíblico, não estão

relacionadas a problemas teológicos que poderiam comprometer nossa compreensão.

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é o texto fonte, mas os pequenos erros de escribas e copistas que se perpetuaram ao longo

da transmissão do texto bíblico.

A Escritura é a “única regra suficiente, correta e infalível” em termos de um conteúdo

específico para algo específico. Waldron esclarece que seu conteúdo específico é a

revelação redentiva.6 É nesse ponto que ela é a única regra. O próprio texto da Confissão

esclarece que sua infalibilidade e suficiência estão ligadas ao “conhecimento, fé e

obediência salvíficos”, esclarecendo sua esfera de atuação.

“Conhecimento... salvífico” trata de um modo geral da história da salvação, a partir

do Antigo Testamento e adentrando ao universo do Novo Testamento, onde Jesus é

apresentado mais claramente, não mais através das sombras e tipos do AT, mas de Sua

presença real e encarnada sobre a terra. De modo mais específico, trata da revelação

acerca de Jesus Cristo e de Sua obra de expiação realizada na cruz. Somente as Sagradas

Escrituras revelam Cristo e Sua obra.

A Confissão também assegura que a Bíblia é a única regra “fé e obediência

salvíficos”, o que caracteriza a fé na reta doutrina. Nesse ponto, fé carrega a ideia de

doutrina, isto é, a Escritura é o objeto ao qual os homens devem depositar a sua fé. Ela é

a “regra de fé” dos Batistas. O sentido aqui carrega parte do que Judas escreveu em sua

epístola, quando alertou que os cristãos batalhassem “pela fé que uma vez foi dada aos

santos” (Judas 1:3). Note que a expressão “fé que uma vez foi dada aos santos” não está

se referindo à fé enquanto o dom de Deus que foi outorgada aos eleitos. “fé que uma vez

foi dada aos santos” é o mesmo que “doutrina que uma vez foi dada aos santos”. A fé

apresentada em Judas é o conjunto de ensinamentos bíblicos, o Evangelho de Cristo, o

objeto da fé dos eleitos, que é, portanto, as Sagradas Escrituras.

A palavra que vem em seguida ajuda a definir que a fé mencionada pela Confissão é

a doutrina cristã revelada na Escritura, pois “fé” vem acompanhada de “obediência”.

Obediência às afirmações, ordenanças, e a todo o conjunto de ensinamentos da Escritura.

A segunda sentença da Confissão Batista de 1689 está em consonância com o que

diz a Confissão de Fé de Westminster. Esse ponto mostra a indispensabilidade da Escritura:

“a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem a bondade, a

sabedoria e o poder de Deus, a ponto de tornar os homens indesculpáveis; ainda

assim, não são suficientes para oferecer aquele conhecimento de Deus e de Sua

vontade, que é necessário para a salvação”.

6 A Modern Exposition of the 1689 Baptist Confession of Faith, p. 30.

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A confissão compreende que a bondade, a sabedoria e o poder de Deus se revelam

de modo quádruplo à raça humana. Três desses modos são primeiramente destacados,

“Ainda assim”, diz a Confissão, “não são suficientes para oferecer aquele

conhecimento de Deus e de Sua vontade, que é necessário para a salvação”. Os três

modos são:

• A luz da natureza

• As obras da criação

• A providência divina

Note que a afirmação da Confissão de que Deus pode ser conhecido a partir desses

modos de revelação está em perfeita concordância com o ensino do apóstolo Paulo em

Romanos 1:19-21, 2:14-15. Essa afirmação dos Batistas também pode ser corroborada

com passagens do Antigo Testamento que afirmam que Deus está revelado nas obras da

criação do mundo físico (Salmo 19:1-3). Ainda que a Escritura afirme a revelação de Deus

nesses modos, esse tipo de revelação é insuficiente e não pode ajudar o homem quanto ao

conhecimento salvífico de Deus, e, o máximo que ela pode revelar é que a existência de

Deus é inegável. Hodge diz que “em certa medida” tanto a natureza quanto o caráter de

Deus podem ser reconhecidos a partir desse modo dEle revelar-se.7

Mas o que significa esses três modos de revelação divina? A luz da natureza e as

obras da criação são a mesma coisa ou são modos de revelação distintos? O que os

Batistas pretenderam dizer com “luz da natureza” como uma forma de Deus revelar-se?

Não penso que aqui haja uma referência ao conhecimento externo que emana das coisas

criadas (a natureza de um modo geral), porque esse conhecimento, que de fato está

presente da criação, pode ser subtendido na sequência do texto, quando se fala das “obras

criadas”, o que me parece ser um segundo modo descrito de Deus revelar-se.

Não concordo com a ideia de que nesse ponto temos um uso sinônimo de “luz da

natureza” e “obras da criação”. Portanto, “a luz da natureza” deve estar se referindo a

outro tipo de fonte de conhecimento sobre Deus, distinto do conhecimento externo que a

criação em si mesma transmite.

Os textos que a Confissão utiliza como referência para sustentar suas afirmações

quanto às maneiras que Deus Se revela são os seguintes: Romanos 1:19-21, 2:14-15;

Salmo 19:1-3. Em Romanos 1:19-21, Paulo vai alegar que Deus revela a sua “própria

7 Confissão de Fé de Westminster Comentada por A.A. Hodge, p. 49.

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divindade” e os seus atributos “por meio das coisas que foram criadas”. E acrescenta que

os homens “tendo conhecimento de Deus” são indesculpáveis. Aqui temos o que a

Confissão Batista entende por Deus Se revelar através das “obras da criação”. A

providência divina também é visível na linguagem paulina. Assim, “os atributos invisíveis de

Deus” bem como “seu eterno poder”, podem ser vistos não apenas pelo ato de Deus ter

criado, mas pela atuação de sua providência em preservar a criação. A criação está em

pleno “funcionamento”, ela é mantida ativa por um poder “invisível”. O sol gera calor, os

dias se sucedem perfeitamente, bem como as estações do ano, que proporcionam frio,

calor, chuva, neve e gelo. Tudo funciona numa ordem perfeitíssima e sapientíssima. Aí está

a providência de Deus em ação, ou os “atributos invisíveis de Deus e seu eterno poder” em

operação. Dessa forma fica evidente que a Confissão utiliza o texto de Romanos 1:19-21

para demonstrar dois modos de Deus se revelar: a criação e a providência.

No texto de Romanos 2:14-15 Paulo fala que os gentios, que nunca ouviram falar da

Escritura (lei), “mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a

sua consciência”. O ponto de Paulo é provar que Deus criou o homem com a lei impressa

em sua consciência. A consciência, ou os pensamentos, o coração, acusam o homem em

certa medida. Portanto, “luz da natureza” pode ser perfeitamente entendido como a

consciência humana. Ou, em outras palavras, um conhecimento imputado à consciência

humana sobre a existência de Deus e da moralidade.

O Catecismo Batista,8 produzido a partir da Confissão de 1689, cuja 5ª edição foi

apresentada por William Collins em 1695, trata sobre isso em sua terceira pergunta:

Pergunta 3: Como podemos saber que há um Deus? Resposta: A luz da natureza no

homem, e as obras de Deus, claramente declaram que existe um Deus; mas somente

a Sua Palavra e o Seu Espírito plena e efetivamente revelam-no para a salvação dos

pecadores.9

Essa pergunta tem como base o trecho da Confissão que trata da insuficiência da

revelação geral, especialmente a luz interior que existe em cada ser humano. Observe que

a resposta do Catecismo Batista quanto ao significado de “luz da natureza” é o mesmo

8 A 5ª edição do Catecismo Batista foi publicada em 1695, apenas seis anos depois que a própria

Confissão de 1689 foi impressa. Outras edições foram publicadas anteriormente, visto que essa é

a quinta edição. Conforme observou o Dr. James Reniham, na introdução à nova edição americana

da exposição de Beddome, o Catecismo Batista segue o mesmo modelo do Breve Catecismo de

Westminster. Ele também é conhecido como Catecismo de Keach. 9 Catecismo Batista, 1695.

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que propomos, pois o Catecismo chama de “a luz da natureza no homem”, uma referência

à consciência humana da divindade. Comentando essa resposta do Catecismo, Benjamin

Beddome escreveu em 1776:

Existe uma luz no homem? Sim. O espírito do homem é a luz (lâmpada) do Senhor

(Provérbios 20:7). Essa luz está obscurecida pela queda? Sim (Efésios 4:18). Ela é

suficiente para nos ensinar algumas coisas? Sim (1Co 11:14). Ela nos ensina algo

sobre o ser de Deus? Sim (Romanos 1:19). Mas esse conhecimento que ela oferece

tem muitas dúvidas e incertezas? Sim (Atos 17:27). E há muitas coisas sobre Deus

que ela nem pode revelar? Sim (1Co 2:14) (BEDDOME, p. 4).

Os Batistas confirmam esse ensino da luz interior no homem com a Confissão de 1689

e com o seu Catecismo. O comentário de Beddome é decisivo, pois ele, interpretando a

Confissão, afirma que há uma luz interior no homem.

O que me deixou ainda mais convencido desse ponto foi a associação muito similar

de escritos da mesma época da confissão de 1689 (escrita, na verdade, em 1677 e

publicada em 1688,10 e popularizada em 1689). Gary Marble cita, por exemplo, um texto do

Credo Ortodoxo, de 1679:

“Artigo trinta e sete do Credo Ortodoxo (não confunda com os antigos credos

ortodoxos) afirma: ‘Nem ainda acreditamos que as obras de criação, nem a lei escrita

no coração, a saber, religião natural, como alguns chamam, ou a luz interior do

homem, como tais, são suficientes para informar o homem sobre Cristo, o Mediador,

ou sobre o caminho para a salvação, ou a vida eterna por meio dEle’; Isto foi escrito

em 1679, apenas dois anos após a estruturação da Confissão Batista de 1677. Esta

declaração certamente parece corresponder ao conceito de luz da natureza”.11

10 A Segunda Confissão de Fé Batista de Londres foi emitida de forma anônima em 1677 por causa

da perseguição que os Batistas Particulares estavam sofrendo, foi republicada abertamente em

1688 e popularizada em 1689. Em seu livro Quem Foram os Puritanos?... e o que eles

ensinaram?, Erroll Hulse, afirma o seguinte: “Quando as condições melhoraram em 1688 foi

possível publicar a Confissão que havia sido formulada anteriormente [i.e., em 1677], mas a

perseguição sofrida impediu-a de ter uma grande circulação. A Confissão de 1677 tornou-se

conhecida como A Confissão de Fé de 1689 somente pela maior divulgação que recebeu naquela

época”. HULSE, Erroll. Como os Batistas se relacionam com os Puritanos? (Anexo II). In Quem

Foram os Puritanos?... e o que eles ensinaram? 1ª ed. São Paulo: Editora PES, 2004, p. 233. –

N.doE.

11 Um Comentário da Confissão de Fé Batista de 1689: Introdução e Capítulo 1, p. 17.

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Dessa forma, compreendo que a confissão trata de três modos distintos, mas

insuficientes para a salvação, de Deus se revelar:

• Deus Se revela por meio do conhecimento dEle mesmo impresso na consciência

humana;

• Deus Se revela por meio da criação, que declara visivelmente “que Deus existe”;

• Deus Se revela por meio da Sua providência em sustentar e governar Sua criação

com o Seu grande poder.

A primeira é um tipo de revelação interna, enquanto que as duas outras formas de

revelação são de natureza externa e podem ser percebidas por meio da natureza física

criada por Deus. Essa revelação geral mesmo sendo tão gloriosa e inequívoca, como a

Confissão afirma, “não é suficiente para oferecer aquele conhecimento de Deus e de

Sua vontade, que é necessário para a salvação”. Contudo, torna os homens

“indesculpáveis”.

Smith argumenta bem quando lembra que a revelação geral é tanto suficiente, como

insuficiente: “enquanto a “revelação geral” de Deus (como é chamada) é suficiente para

deixar pecadores “inexcusáveis” quanto ao fato de que Deus existe; entretanto, ainda

assim, ela não é suficiente para levar pecadores ao conhecimento da redenção” (SMITH,

p. 8).

Em outras palavras, essa revelação geral anuncia a necessidade de uma revelação

escrita, que ensine o conhecimento de Deus e de Sua vontade para a salvação. Como pode

a revelação geral falar de Cristo e de Sua morte na cruz? Como o Evangelho pode ser

pregado a partir da observação da natureza ou a partir de nossa própria consciência? Como

a criação pode nos levar ao arrependimento e à fé em Cristo? Se não tivermos uma

revelação mais específica e detalhada sobre isso, os três modos de revelação citados

acima jamais poderão fornecer qualquer tipo de conhecimento sobre a salvação.

“Portanto aprouve ao Senhor, em diversas ocasiões, e de muitas maneiras,

revelar-Se, e declarar a Sua vontade para a Sua Igreja; e, posteriormente, para

melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro

estabelecimento e consolo da Igreja contra a corrupção da carne e da malícia de

Satanás e do mundo, concedeu a mesma completamente por escrito; o que faz

da Sagrada Escritura indispensável. Aqueles antigos modos de Deus revelar a

Sua vontade ao Seu povo agora cessaram”.

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Em resumo, a sentença acima da Confissão Batista assegura que a revelação

redentiva, bem como a Escritura Sagrada, é totalmente indispensável. Isso porque a

revelação de Deus na consciência humana, nas obras da criação e no desenrolar da

providência divina, não é suficiente para nos dar o conhecimento salvífico. Desse modo, foi

necessário que Deus revelasse a Si mesmo e à Sua vontade ao Seu povo, em muitas

épocas diferentes e distintas, e de diversas maneiras, e depois, essa revelação foi

finalmente escrita e preservada no decorrer do tempo, já que os primeiros modos de Deus

Se revelar cessaram.

A sentença é primorosa, e apresenta uma fonte riquíssima de informação, por isso

precisa ser analisada cuidadosamente. “Em diversas ocasiões, e de muitas maneiras”

Deus decidiu revelar-Se. A Confissão trata primeiro do “quando” Deus começou a se revelar

ao homem. A frase “diversas ocasiões” deve ser entendida, primariamente, como uma

referência a um período anterior à existência da Escritura Sagrada. Na verdade, bem

remotamente, num período posterior à criação, que remonta à época paradisíaca de Adão

e Eva. Logo após a Queda, Deus revelou-Se ao primeiro casal e declarou que

providenciaria um redentor, “descendente da mulher” (Gênesis 3), que esmagaria a cabeça

da serpente maligna, Satanás. Desde então, Deus vem progressivamente revelando a Si

mesmo e a Sua vontade ao Seu povo, ao longo das eras.

Nessa sentença da Confissão, uma questão teológica precisa ser observada. A

“revelação redentiva” não pode ser entendida, nessa declaração da Confissão de 1689,

como sendo a Escritura. Pois a Escritura só aparece depois, quando nos é dito que Deus

decidiu preservar essa revelação na forma da Escritura: “e, posteriormente, para melhor

preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e

consolo da Igreja contra a corrupção da carne e da malícia de Satanás e do mundo,

concedeu a mesma completamente por escrito”. A Escritura Sagrada, portanto, é a

revelação redentiva de Deus ao seu povo, mas essa revelação, por um certo tempo, não

estava escrita.

Destaco três pontos importantes: primeiro, houve um tempo em que essa revelação

redentiva não estava escrita. A revelação foi dada aos homens, mas não foi escrita

imediatamente em forma de Escritura Sagrada. Segundo, essa revelação redentiva em sua

forma pré-escrita estava apenas parcialmente revelada, pois é preciso levar em conta a

progressividade da revelação, que só foi concluída no Novo Testamento, quando o último

livro da Escritura foi escrito, no último quarto do primeiro século d.C. Terceiro, essa

revelação redentiva também estava revelada na forma de tipos e sombras, e não da forma

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mais clara possível. Essas observações apontam para a superioridade da Escritura

Sagrada em comparação com a revelação redentiva pré-escrita.

Quando essa revelação redentiva começou a se tornar Escritura Sagrada?

Precisamos remontar à escrita do Pentateuco, com Moisés.12 Considerando que foi Moisés

quem escreveu o Pentateuco, a revelação escrita tem início em algum ponto durante a vida

de Moisés, depois dos seus 40 anos, algo em torno de 1.300 a.C. a 1.500 a.C.

Portanto, devemos considerar que a Confissão de Fé Batista de 1689 compreende

três etapas da revelação: a revelação natural, que é insuficiente para a salvação, contudo,

torna todos os homens indesculpáveis diante de Deus; a revelação redentiva pré-escrita,

que constava de estágios progressivos da revelação, mas que é incompleta em conteúdo

e em linguagem; e a revelação na Sagrada Escritura, completa, perfeita e superior às outras

duas.

A Confissão também destaca que Deus Se revelou “de muitas maneiras”. Modo ou

maneira diz respeito à forma como a revelação foi apresentada. A citação da Confissão é

o texto de Hebreus 1:1, “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas

maneiras, aos pais, pelos profetas”, o que atesta a variedade de modos como Deus se

revelou no passado às gerações de crentes. As expressões “outrora” e “muitas vezes” no

texto de Hebreus reportam ao que a Confissão diz com “diversas ocasiões”. A NVI traduz:

“Há muito tempo Deus falou muitas vezes...”. Gary Marble diz que a Confissão usou

literalmente uma tradução bíblica, provavelmente a tradução da King James. Penso que

apenas a essência da ideia foi posta na Confissão Batista.

As maneiras como Deus Se revelou são realmente variados e diferentes em cada

etapa. Alguns modos, que são facilmente observados, são os seguintes: (1) Deus falou

audivelmente, de modo que Adão poderia ouvir e conversar com o Deus no jardim (Gênesis

3:9-10); com Moisés (Êxodo 3:4); (2) Deus Se revelou por sonhos, e dessa forma

apresentou a José o que estava para acontecer com ele e sua família (Gênesis 37:5-11), e

no Egito, através do sonho do faraó, ele previu que uma grande seca afligiria o país

(Gênesis 41). (3) Deus também Se revelou através de visões: para Arão e Miriã, Deus disse:

“ouçam as minhas palavras: quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo

em visões...” (Números 12:6); (4) Através do Urim e do Tumim (1 Samuel 30:7-8). Todos

esses modos de Deus Se revelar compreendem um modo à parte da revelação escrita.

Ainda assim, são modos de revelação redentiva porque apresentam claramente Deus e

12 Alguns consideram que Jó é o livro mais antigo da Bíblia, remontando à época abraâmica.

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Sua vontade. E mais: revelam Jesus Cristo. Foi com esses antigos modos de se revelar

que Deus falou com os profetas.

O conteúdo dessa revelação anterior: “Portanto aprouve ao Senhor... revelar-Se, e

declarar a Sua vontade”. Deus estava Se autorrevelando, e à Sua vontade santa, por

meio dessas antigas maneiras. A Moisés, Deus disse: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus

de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó” (Êxodo 3:6). Ele diz quem Ele é. E Ele

disse diretamente a Moisés o seu nome: “Eu Sou” (Êxodo 3:14). A vontade de Deus é

expressa abundantemente na revelação redentiva pré-escriturística. É Sua vontade criar

um povo a partir de Abraão e Sara, sua mulher estéril. É Sua vontade que esse povo se

multiplique em grande abundância. É Sua vontade dar a esse povo uma terra para habitar.

Ele deseja ser adorado por esse povo. Exige que esse povo viva em santidade e guarde a

Sua lei. Toda a revelação é uma apresentação de Deus e de Sua vontade.

A Confissão também acrescenta que Ele Se revelou dessa forma “para a Sua igreja”.

Mas como Deus Se revelou no período passado, na antiga dispensação, para a igreja? Na

antiga dispensação nós temos Israel, o povo de Deus. Israel é uma entidade política, uma

nação, e não pode ser concebido como sendo a igreja, que surge apenas no Novo

Testamento. Para Gary Marble, as palavras “à sua igreja” devem ser entendidas como “aos

eleitos”: “A referência à Igreja aqui é a todos os eleitos de Deus, em todas as eras, incluindo

o período do Antigo Testamento” (MARBLE, p. 19).

Acredito que há mais duas principais possibilidades: a primeira é que o texto da

Confissão de Fé Batista de 1689, nesse ponto, é praticamente idêntico ao da Confissão de

Fé de Westminster. O que muda é a ordem de algumas poucas palavras. Contudo, isso

não muda a declaração em ambas de que essa revelação anterior foi dada à igreja. Os

Batistas que formularam a Confissão acreditavam que Israel era a igreja do Antigo

Testamento? Acreditavam eles que a igreja é o Israel do Novo Testamento? Em outras

palavras, os Batistas criam que a igreja é uma continuidade do Israel do Antigo

Testamento?

Obviamente existe uma clara discordância entre a teologia de Westminster e a dos

Batistas de 1689: Brandom Adams esclarece que “O federalismo (e a Confissão de Fé) de

Westminster não fazem distinção entre Israel e a Igreja. Israel é a Igreja e a Igreja é Israel

nesse sistema”, ele acrescenta, “o federalismo de 1689 rejeita essa crença. Um dos mais

importantes princípios é que Israel segundo a carne é um tipo de Israel segundo o Espírito

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(a Igreja)”.13 Portanto, para os Batistas de 1689, Israel e a Igreja são distintos, sendo o

Israel do Antigo Testamento um tipo da Igreja de Cristo, assim como o cordeiro era apenas

um tipo de Cristo, e não o próprio Cristo. Não há continuidade. O texto da Confissão pode

muito bem ser interpretado dessa forma, considerando Israel a igreja, mas de forma

tipológica e não literal.

Outra possibilidade é o contraste que a Confissão apresenta entre a revelação

redentiva pré-escriturística e a Escritura Sagrada finalizada, após a escrita do último livro

canônico. Nesse caso, considera-se revelação redentiva pré-Escritura todo o tempo do

Antigo Testamento e todo o tempo em que os eventos do Novo Testamento estavam em

curso, ou seja, quase a totalidade do primeiro século. O Novo Testamento começou a ser

escrito aproximadamente duas décadas depois da morte de Jesus, o que significa que o

primeiro texto do Novo Testamento foi escrito na metade do primeiro século. No período do

Novo Testamento, quando parte da revelação já estava escrita na forma em que chamamos

de Antigo Testamento, os “antigos modos” de Deus revelar-Se continuaram a acontecer. O

Novo Testamento também registra a revelação por sonhos, visões, e através da voz audível

de Deus. Em acréscimo a essas maneiras de Deus Se revelar, inclui-se as Escrituras do

Antigo Testamento, que já estava presente no período do Novo Testamento, e até alguns

textos do Novo Testamento, como as cartas de Paulo, que são citadas por Pedro. Porém,

a Escritura não estava completa. O Cânon não estava fechado e Deus continuava Se

revelando à Sua igreja.

Desse modo, quando a Confissão coloca: “aprouve ao Senhor, em diversas

ocasiões, e de muitas maneiras, revelar-Se, e declarar a Sua vontade para a Sua

Igreja”, ela está se referindo a todo o período em que esse tipo de revelação esteve em

vigor, o que compreende, como vimos, o período do Antigo e do Novo Testamento. Esse

último período, claro, já compreende o período da igreja. Portanto, não somente Israel, mas

a igreja também recebeu revelação através de “muitas maneiras”. Assim como Israel

também recebeu a Escritura ainda no seu tempo mais remoto, quando Moisés escreveu o

Pentateuco, mas os antigos modos de revelação através de sonhos, visões, voz audível,

continuaram. Desde o tempo de Moisés até o tempo do Novo Testamento, a Escritura vem

caminhando lado a lado com os “antigos modos” de Deus Se revelar. É correto concluirmos

que no período do Antigo e do Novo Testamento Deus Se revelou redentivamente de duas

maneiras: pelos “antigos modos” e pela revelação que já tinha sido escrita.

13 O Federalismo de 1689 é uma Forma de Dispensacionalismo?, p. 4.

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No final do parágrafo, a Confissão também coloca em contraste os “antigos modos”

de Deus se revelar com a completude da Escritura: “foi igualmente servido fazer

escrever por completo todo esse conhecimento de Deus e revelação de sua vontade

necessários à salvação; o que torna a Escritura indispensável”, acrescentando em

seguida “tendo cessado aqueles antigos modos em que Deus revelava sua vontade a

seu povo”. Note o conteúdo apresentado: “fazer escrever” e a expressão “por completo” e

ainda ao que se refere: “a Escritura”. E, contrastando com a “Escritura” completa, a

referência à cessação dos “antigos modos” de Deus se revelar.

“Para melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro

estabelecimento e consolo da Igreja contra a corrupção da carne e da malícia de

Satanás e do mundo, concedeu a mesma completamente por escrito”. Com essa

sentença, a Confissão também explica os propósitos da Escritura Sagrada ter sido escrita.

Ela apresenta primeiro quatro proposições positivas:

1. Para melhor preservação da verdade;

2. Para melhor propagação da verdade;

3. Para o mais seguro estabelecimento da Igreja;

4. Para o maior consolo da Igreja.

Em seguida, a Confissão apresenta mais três proposições, agora negativas:

5. Contra a corrupção da carne

6. Contra a malícia de Satanás

7. Contra a malícia do mundo.

“Melhor preservação da verdade”. A “verdade”, no texto da Confissão, é a própria

revelação redentiva que foi passada ao povo de Deus ao longo do tempo. Essa revelação

precisava ser preservada de um modo “melhor”, e isso só seria possível naquela sociedade

por meio da escrita. Como essa revelação foi preservada anteriormente? A maior parte da

revelação foi preservada via tradição oral, especialmente os textos do Antigo Testamento.

A própria escrita hebraica apresenta sinais de que a tradição oral estava presente,

pois diversas histórias são contadas e recontadas logo em seguida, provocando uma

repetição que pode ser vista hoje como desnecessária. Não se trata apenas de um estilo

hebraico, ou hebraísmo presente no texto. A repetição denuncia a própria presença milenar

da tradição oral:

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Já se recorreu ao contexto oral milenar da narrativa bíblica como explicação geral para

seu modo de exposição repetitivo. Não é sequer necessário presumir, como tantos

estudiosos, que as narrativas bíblicas procedem de tradições orais milenares, pois, de

qualquer modo, é muito provável que tenham sido escritas, sobretudo, com vistas à

récita. Como várias indicações na própria Bíblia sugerem, as narrativas costumavam

ser lidas em voz alta a partir de rolos de papiro para algum tipo de plateia (parcialmente

analfabeta)... o único modo de fixar e destacar uma ação ou frase consistia em repeti-

la (ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica, p. 140).

Essa tradição oral era frágil e não resistiria ao tempo. Além disso, o risco de ser

corrompida por outros povos era muito grande, e isso realmente chegou a acontecer.14 O

processo de preservação da tradição oral da revelação redentiva não foi apenas humano.

Sem dúvida, a ação do Espírito Santo em preservar as Escrituras se estende e deve ser

compreendida na preservação da tradição oral da revelação divina anterior à Escritura.

Essa tradição oral depois foi auxiliada e transformada em “escritos”, que também foram

preservados ao longo do tempo, antes de se tornarem “Escritura” propriamente dita.15

Esses escritos primitivos oriundos da tradição oral da revelação redentiva, e que serviram

de base para Moisés e outros autores bíblicos, não eram inspirados e não podem ser

considerados Escritura Sagrada. São, no máximo, apenas fontes que os autores usaram

para compor o relato inspirado, as Sagradas Escrituras.

Tomemos como exemplo o livro de Gênesis, que apresenta as narrativas mais

primevas da humanidade. No livro temos a existência de dez “toledots” ou “histórias” de

famílias que foram preservadas. Especialmente importante é reconhecer que existem

toledots muito antigos, como o de Adão. Essas histórias inicialmente foram preservadas na

14 Falando de uma perspectiva ortodoxa, que entendo ser a correta, a narrativa do dilúvio, por

exemplo, foi divinamente preservada na Escritura Sagrada, mas é fato que existem dezenas de

outras narrativas diluvianas que tem uma origem comum, mas que foram sendo repassadas às

gerações posteriores, e junto com sua transmissão, a tradição foi sendo alterada e adaptada a cada

povo. Porém, todas revelam elementos comuns: um dilúvio universal, a ira de um deus ou dos

deuses, um barco e um herói que sobrevive ao dilúvio, e outros pontos de semelhança com o relato

de Gênesis. Narrativas cosmogônicas também existem, apresentando semelhanças que indicam

uma fonte comum, mas que apresentam enormes alterações ou distorções. O relato da criação do

homem; relatos sobre Eva, sobre o pecado, sobre a serpente, indicam que havia uma história

primeva que descrevia todos esses acontecimentos, mas que houve corrupção na tradição oral

dessas histórias. 15 Não confundir com a Hipótese Documentária, do alemão Julius Welhausen, e todas as suas

hipóteses auxiliares, que, ao contrário, terminam por negar as Sagradas Escrituras.

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forma da tradição oral, mas em algum momento foram escritas na forma de histórias de

famílias ou de genealogias. Muitos estudiosos de Gênesis acreditam que esses toledots

eram escritos antigos, preservados e repassados geração após geração, até que chegaram

às mãos de Moisés. De qualquer forma, sendo assim ou não, o fato é que Deus preservou

Sua revelação de alguma maneira, até o momento em que decidiu escrevê-la, para “melhor

preservação” da Sua palavra, que é a verdade.

A Confissão continua: “Para melhor propagação da verdade”. Note que a tradição

oral da revelação redentiva também foi transmitida às gerações seguintes, porém essa

forma de propagação da revelação era limitada e não era de forma alguma a “melhor”

maneira de propagar a palavra divina.

Falando sobre a maior eficácia na propagação da revelação na forma escrita, Gary

Marble afirma:

Eu penso sobre os muitos manuscritos gregos do Novo Testamento, e as muitas

traduções desses manuscritos para outras línguas. Tudo isso não teria acontecido se

a revelação não fosse concedida por escrito, inicialmente, e, assim, em sua pura

quantidade a verdade é grandemente preservada e promovida (p. 21).

O fato de a Escritura Sagrada existir na forma escrita foi vital para que povos do mundo

todo pudessem conhecer a revelação divina. Por que a revelação redentiva está na forma

escrita, traduções são constantemente produzidas para variados dialetos.

Mais dois propósitos na escrita da revelação redentiva são destacados: “o mais

seguro estabelecimento e consolo da igreja”. O primeiro deles diz respeito a segurança

da igreja. Para que a igreja esteja firmemente estabelecida, é necessário que ela esteja

também firmemente estabelecida na Palavra, que é o seu fundamento. Dessa forma, a

Confissão de 1689 compreende que Deus preservou e conduziu Sua revelação à forma

escrita com esse propósito: estabelecer com mais segurança a Sua igreja, protegendo-a da

ameaça de uma “falsa” revelação. Paulo, inclusive, fala sobre isso, ao mencionar que

circulavam cartas que supostamente tinham sido escritas por ele.

O segundo propósito mencionado é o “consolo” ou “conforto” da igreja. De muitas

maneiras a revelação na forma escrita ajuda a consolar a igreja. A praticidade e a facilidade

de ter a revelação escrita e poder consultá-la; a certeza que a revelação escrita proporciona

preserva das falhas e erros a que a memória pode nos conduzir. E mais: a certeza da

revelação inspirada é um auxílio à igreja, confortando-a contra a falsa revelação. Aqui,

novamente, é importante frisar que tanto a Igreja Católica Romana como alguns grupos

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radicais da Reforma professavam algum tipo de revelação continuada, o que contradizia

muito da revelação redentiva.

As três colocações negativas devem ser lidas tendo em vista o termo “contra” no início

de cada uma delas. O termo surge no início da sentença, mas está implícito nos outros dois

casos. Por isso, a Escritura é indispensável contra a corrupção e a malícia que atacam a

igreja. Primeiro, “contra a corrupção da carne”, em seguida, a Confissão assegura que a

revelação foi escrita contra “a malícia de Satanás”, e, por último, contra a malícia “do

mundo”.

Waldron comentou: “assim, foi para a preservação da verdade da corrupção da carne

(fraqueza humana), e da malícia de Satanás e do Mundo (maldade humana) que Deus nos

deu as Escrituras” (p. 32). Em última análise, a confissão entende que foi para proteger e

preservar a própria igreja que a Escritura foi concebida por Deus.

A própria revelação assegura a queda da humanidade no pecado (Gênesis 3), e com

a primeira transgressão, a queda do mundo, pois Deus o amaldiçoou por causa do pecado

do homem: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3:17). Paulo diz que “o mundo

aguarda o dia da sua restauração”. O pecado entrou no mundo, agora caído, e seus

resultados devastadores são visíveis em toda a humanidade. A Escritura foi dada à Igreja

como uma espada desembainhada contra esses três inimigos.

A palavra “Portanto” leva à conclusão do raciocínio. Resumindo: foi para preservar

e propagar a revelação redentiva; para estabelecer com segurança e conforto sua Igreja, e

para defendê-la contra a corrupção humana, e a malícia de Satanás e do mundo, que

“aprouve ao Senhor... declarar a Sua vontade... e conceder a mesma completamente

por escrito”. Aqui há uma leve menção ao fechamento do Cânon, quando a Confissão usa

as palavras “escrever por completo” essa revelação divina. Toda a revelação de Deus está,

agora, escrita. As implicações teológicas para os Batistas de 1689 são variadas, e não

significam apenas o fechamento do Cânon.

Como a última sentença do parágrafo afirma, os Batistas de 1689 são cessacionistas:

“Aqueles antigos modos de Deus revelar a Sua vontade ao Seu povo agora

cessaram”. A afirmação expressamente declara que Deus parou de Se revelar naqueles

modos antigos. Como vimos antes, os antigos modos consistem na revelação

extraordinária, quando Deus Se manifestava e Se comunicava através de sonhos, visões,

voz audível, o Urim e o Tumim, teofanias, e outros modos. Portanto, Deus cessou esse tipo

de comunicação, tomando em seu lugar, definitivamente, as Sagradas Escrituras.

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Hoje ainda há diversas igrejas que alegam receber comunicação divina por meio dos

“antigos modos” em que Deus Se revelou no passado. “Profetas” e “profetizas” modernos

falam em nome de Deus e ousadamente dizem, a semelhança dos profetas bíblicos, “assim

diz o Senhor”. Sonhos e visões, que modernamente são chamados apenas de “revelações”,

ainda são anunciados em muitos contextos eclesiológicos, e até mesmo em muitas igrejas

Batistas não confessionais. Todavia, para os Batistas que produziram a Confissão de Fé

de 1689, esses variados modos de Deus comunicar-Se com a igreja ficaram no passado,

tendo Deus cessado esse tipo de autorrevelação.

Não existe nenhum tipo de conhecimento redentivo fora das Sagradas Escrituras.

Tudo o que é necessário para a salvação do homem foi encerrado na Escritura, esse é o

ponto afirmado pelos Batistas aqui. A colocação de Kurt Smith é precisa.

A reivindicação popular da continuação das revelações proféticas e a aplicação de

métodos religiosos não justificados pelas Escrituras como meio de levar os pecadores

à fé em Cristo são rejeitados pela Palavra escrita de Deus como não possuindo

qualquer autoridade ou legitimidade. Não existe nenhum conhecimento adicional que

nós necessitemos sobre Deus, sobre o homem e sobre a redenção do que o que o

próprio Deus nos deu pela Sua Palavra escrita. Portanto, quando o Espírito Santo

ilumina o nosso entendimento, Ele não nos dá uma nova revelação, mas abre nossos

corações para receber o que já foi escrito como “As Sagradas Escrituras” (SMITH, p.

10).

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23

FONTES BIBLIOGRAFICAS

ADAMS, Brandom. O Federalismo de 1689 é uma Forma de Dispensacionalismo?

Estandarte de Cristo, São Paulo, 2017.

ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica. Companhia das Letras, São Paulo, 2007.

BEDDOME, Benjamin. A Scriptural Exposition of the Baptist Catechism. SGCB,

Birmingham, AL. 2006.

Catecismo Batista, 1695.

HODGE, A.A. Confissão de Fé de Westminster: comentada por A. A. Hodge. Os

Puritanos, São Paulo, 1999.

MARBLE, Gary. Um Comentário da Confissão de Fé Batista de 1689: Introdução e

Capítulo 1. Estandarte de Cristo, São Paulo, 2016.

SMITH, Kurt. A Única Regra. In Founders Journal, spring 2016, nº 104.

WALDRON, Samuel E. A Modern Esposition of the 1689 Baptist Cofession of Faith.

Evangelical Press, England, 2009.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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24

▪ 10 Sermões — R. M. M’Cheyne

▪ Adoração — A. W. Pink

▪ Agonia de Cristo — J. Edwards

▪ Batismo, O — John Gill

▪ Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

▪ Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

▪ Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

▪ Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

▪ Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

▪ Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

▪ Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

▪ Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

▪ Confissão de Fé Batista de 1689

▪ Conversão — John Gill

▪ Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

▪ Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

▪ Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

▪ Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

▪ Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

▪ Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

▪ Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

▪ Eleição Particular — C. H. Spurgeon

▪ Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

▪ Evangelismo Moderno — A. W. Pink

▪ Excelência de Cristo, A — J. Edwards

▪ Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

▪ Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

▪ Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

▪ In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

▪ Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

▪ Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

▪ Jesus! – C. H. Spurgeon

▪ Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

▪ Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

▪ Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

▪ Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

▪ Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Outros e-books publicados pelo site oEstandarteDeCristo.com

— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

▪ Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

▪ Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

▪ Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

▪ Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

▪ Oração — Thomas Watson

▪ Pacto da Graça, O — Mike Renihan

▪ Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

▪ Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

▪ Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

▪ Plenitude do Mediador, A — John Gill

▪ Porção do Ímpios, A — J. Edwards

▪ Pregação Chocante — Paul Washer

▪ Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

▪ Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

▪ Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

▪ Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

▪ Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

▪ Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

▪ Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

▪ Sangue, O — C. H. Spurgeon

▪ Semper Idem — Thomas Adams

▪ Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

▪ Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

▪ Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

▪ Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

▪ Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

▪ Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

▪ Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

▪ Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

▪ Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

▪ Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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25

2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.