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AS SÚMULAS DE EFEITO VINCULANTE E A SOLUÇÃO DAS CONTROVÉRSIAS CONSTITUCIONAIS

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Page 1: AS SÚMULAS DE EFEITO VINCULANTE E A SOLUÇÃO DAS CONTROVÉRSIAS CONSTITUCIONAIS

7/24/2019 AS SÚMULAS DE EFEITO VINCULANTE E A SOLUÇÃO DAS CONTROVÉRSIAS CONSTITUCIONAIS

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AS SÚMULAS DE EFEITO VINCULANTE E A SOLUÇÃO DAS

CONTROVÉRSIAS CONSTITUCIONAIS

É a súmula vinculante1 inovação recente no Direito Constitucional brasileiro: significa a

aprovação, por dois terços dos membros do Supremo Tribunal Federal após provocação ou

desencadeamento de ofício, de texto o qual, apresentando a compreensão desse órgão acerca dedeterminada matéria2, “terá efeito vinculante sobre os demais órgãos do Poder Judiciário e à

administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal”. São

declarados objetivos da modificação do regime jurídico do efeito vinculante sugerida pelo

instituto das súmulas de efeito vinculante: (i) uniformizar a abordagem das controvérsias

constitucionais3  e (ii) reduzir o influxo de processos em tramitação no Poder Judiciário por

razão de inquietude quanto a questões constitucionais.

Já que vinculantes, são as súmulas como previstas pela Emenda de Reforma doJudiciário (EC n. 45/2004) obrigatórias e respaldadas por uma sanção, qual seja, a anulação4 de

atos que contrariem súmula aplicável ou que, aplicando-a, façam-no indevidamente. Assim,

emerge o caráter de produção  –   não aplicação  –   do Direito em que se refere às súmulas

vinculantes; não se equipara, entretanto, à atividade de expedição de súmulas à legiferante, uma

vez que, no âmbito formal, praticada fora do processo legislativo constitucionalmente regulado.

Trata-se, pois, de “atividade de produção normativa com características próprias5.

O efeito vinculante situa-se no meio-termo entre a estabilidade e a dinâmica da

 jurisprudência constitucional. Entretanto, são elas “uma falsa solução para algumas das

disfunções [...] no sistema brasileiro”: subsiste, por exemplo, a contraditoriedade nas decisões

de juízes e tribunais, uma vez que resta ileso o controle difuso de constitucionalidade. Não só:

introduz novos problemas no sistema de controle pátrio, posto que ameaça a supremacia da

Constituição e lhe oferece risco de indesejável enrijecimento, uma vez que pressupõe a

 possibilidade de vinculação do próprio STF. Fala Ramos: “A súmula vinculante vai na

contramão [da] exigência de flexibilidade sistêmica, enrijecendo ainda mais um sistema de

cunho legalista já, por sua própria natureza, bastante rígido”.

1 É “o efeito vinculante [...] instituto voltado a tornar obrigatória parte da decisão diversa da dispositiva aosórgãos e entidades relacionados no texto normativo”. Tal efeito é outorgado à súmula que atenda aos requisitosenumerados pela Constituição na redação do art. 103-A, introduzido pela EC n. 45/2004.2 Esses são os pressupostos formais para a edição da súmula. São os materiais ou substanciais, por sua vez, (i) “areiteração de decisões da Corte sobre matéria constitucional”; (ii) a constatação objetiva de controvérsia ou entreórgãos do Judiciário ou entre estes e a administração pública sobre o tema3 Assim é que se tem que, por intermédio da súmula vinculante, tem o Supremo Tribunal a faculdade para (i)entender constitucional, ou não, lei ou ato normativo “de qualquer esfera da federação”; (ii) pacificar ainterpretação de dispositivos legais ou da própria Constituição; por fim, (iii) “definir orientação quanto àvigência de lei ou ato normativo diante da Constituição”.

4 Para Leal, cabe, ainda, como sanção a responsabilização do ente insubordinado, pois “a mera cassação docomportamento recalcitrante [...] não constitui sanção suficiente”.5 Aproximam-se as súmulas dos regulamentos de execução, servindo ambos como instrumentos “de apoio aoadequado cumprimento [da lei]”.

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7/24/2019 AS SÚMULAS DE EFEITO VINCULANTE E A SOLUÇÃO DAS CONTROVÉRSIAS CONSTITUCIONAIS

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REFERÊNCIAS

RAMOS, Elival da Silva. Controle de constitucionalidade: perspectivas de evolução.

São Paulo: Saraiva, 2010. pp. 372-84.

LEAL, Roger Stiefelmann. O efeito vinculante na jurisdição constitucional. 2006. pp.

130-45, 149-52, 164-77.