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Directora: Ir. Maria José R. C. Lima – Propriedade: F. F. da Divina Providência – Direcção, Redação e Administração: Rua do Bom Samaritano, N.º 74 – 2495-439 FÁTIMA Telef. 249 531 273 – Fax 249 533 806 – email: [email protected]; [email protected] – www.csdivinaprovidencia.pt – Tiragem 2.500 exp. Montagem e Impressão: Indugráfica, Lda. – Fátima – N.º de Registo ICS 119587 – Dep. Legal 93134/95 Vivemos num mundo de superabundân- cia. Pelo menos nos chamados países e povos desenvolvidos parece nada faltar. Mais ainda, parece tudo sobreabundar, pelo menos no que toca aos bens de con- sumo fundamentais. Mas será que é mesmo assim? Não sentimos todos uma profunda carência de algo, de alguma coisa muito mais fundamental que os bens que se con- somem e pelos quais nos consumismos tan- tas vezes nós mesmos? Quanta “deficiên- cia” mais ou menos profunda não anda por aí! Deficit de amor verdadeiro, deficiência mental e sobretudo espiritual! Neste mundo tão necessitado de cura, em que, como diz o Papa Francisco, a Igreja é chamada a ser “um grande hospital de campanha”, cada um de nós deve ser médico, curador e bom samaritano da misericórdia. Para que assim seja, talvez nos faça bem um exercício de atualiza- ção das Obras de Misericórdia: Dar pão aos que têm fome, ensinando os que não têm fome que o homem não vive só de pão, mos- trando-lhes que a Divina Providência cuida bem de seus filhos, mas espera destes a partilha do pão e da paz, para que não haja casas onde se ralha com razão. Dar de beber a quem tem sede, nem que seja um simples copo de água a quem da cruz do seu sofri- mento nos grita: “tenho sede! ”, ou a quantos se abeiram do mesmo poço, na esperança de encontrar Alguém que lhes diga: “Quem beber desta água nunca mais terá sede!” Vestir os nus, despindo-nos da vaidade egoísta e da desumana autossuficiência; preocupando-nos mais com quem devemos vestir do que com o que havemos de vestir; e buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. Dar teto aos sem-abrigo, acolhendo tanto os de longe como os de perto sob o mesmo teto do amor fraterno; e saindo dos nossos “espaços de conforto” e sermos braços abertos para os desabrigados deste mundo que construíram suas casas sobre a areia. Visitar os presos, cientes de que todos somos pri- sioneiros de algo; certos de que todos partilhamos o mesmo sonho de liberdade e que só a Verdade nos fará livres; seguros de que “errar é humano” e só o perdão pode reconstruir vidas novas. Visitar os doentes, como quem sofre com os que sofrem, e como quem sabe que todos somos defi- cientes e quase sempre maus “pacientes”; preferindo sempre a vida acompanhada à morte assistida. Sepultar os mortos, sem medo da morte que será sempre irmã gémea da vida, e consolando os que choram dando-lhes uma eterna esperança de vida, naquele que em cada páscoa nos diz: «Eu sou a res- surreição e a vida! Acredita nisto!». Bem sabemos que estas “obras de misericórdia” foram ensinadas por Jesus quando disse: «Todas as vezes que isto fizeste a um destes mais pequeni- nos, foi a mim que o fizeste» (Mt 25,46). Fica assim explicada a surpreendente alegria que sentem todos os que fazem a experiência de partilhar a sua “defi- ciência” com a dos demais; e é por isso que a miseri- córdia é a grande terapia praticada na Casa do Bom Samaritano. Em nome desta Casa, das Meninas que são suas patroas, das Irmãs e dos Colaboradores que as ser- vem, votos de Santas Festas Pascais. Frei Isidro Lamelas, OFM BOLETIM DA CASA DO BOM SAMARITANO – FÁTIMA Trimestral – N.º 79 – março de 2016 – Preço 0,50 ASA BOM SAMARI ANO

ASA BOM SAMARI ANO - csdivinaprovidencia.pt · belo momento de catequese, mostrando-nos como Deus - Pai Providente tem sido sempre fi el a todas as neces- ... vazias, que não sabiam

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Directora: Ir. Maria José R. C. Lima – Propriedade: F. F. da Divina Providência – Direcção, Redação e Administração: Rua do Bom Samaritano, N.º 74 – 2495-439 FÁTIMATelef. 249 531 273 – Fax 249 533 806 – email: [email protected]; [email protected] – www.csdivinaprovidencia.pt – Tiragem 2.500 exp.

Montagem e Impressão: Indugráfica, Lda. – Fátima – N.º de Registo ICS 119587 – Dep. Legal 93134/95

AS OBRAS DE MISERICÓRDIAAS OBRAS DE MISERICÓRDIAAS OBRAS DE MISERICÓRDIAVivemos num mundo de superabundân-cia. Pelo menos nos chamados países e povos desenvolvidos parece nada faltar. Mais ainda, parece tudo sobreabundar, pelo menos no que toca aos bens de con-sumo fundamentais. Mas será que é mesmo assim? Não sentimos todos uma profunda carência de algo, de alguma coisa muito mais fundamental que os bens que se con-somem e pelos quais nos consumismos tan-tas vezes nós mesmos? Quanta “defi ciên-cia” mais ou menos profunda não anda por aí! Defi cit de amor verdadeiro, defi ciência mental e sobretudo espiritual! Neste mundo tão necessitado de cura, em que, como diz o Papa Francisco, a Igreja é chamada a ser “um grande hospital de campanha”, cada um de nós deve ser médico, curador e bom samaritano da misericórdia. Para que assim seja, talvez nos faça bem um exercício de atualiza-ção das Obras de Misericórdia: Dar pão aos que têm fome, ensinando os que não têm fome que o homem não vive só de pão, mos-trando-lhes que a Divina Providência cuida bem de seus fi lhos, mas espera destes a partilha do pão e da paz, para que não haja casas onde se ralha com razão. Dar de beber a quem tem sede, nem que seja um simples copo de água a quem da cruz do seu sofri-mento nos grita: “tenho sede!”, ou a quantos se abeiram do mesmo poço, na esperança de encontrar Alguém que lhes diga: “Quem beber desta água nunca mais terá sede!”Vestir os nus, despindo-nos da vaidade egoísta e da desumana autossufi ciência; preocupando-nos mais com quem devemos vestir do que com o que havemos de vestir; e buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. Dar teto aos sem-abrigo, acolhendo tanto os de longe como os de perto sob o mesmo teto do amor fraterno; e saindo dos nossos “espaços de conforto” e sermos braços abertos para os desabrigados deste mundo que construíram suas casas sobre a areia.

Visitar os presos, cientes de que todos somos pri-sioneiros de algo; certos de que todos partilhamos o mesmo sonho de liberdade e que só a Verdade nos fará livres; seguros de que “errar é humano” e só o perdão pode reconstruir vidas novas. Visitar os doentes, como quem sofre com os que sofrem, e como quem sabe que todos somos defi -cientes e quase sempre maus “pacientes”; preferindo sempre a vida acompanhada à morte assistida.Sepultar os mortos, sem medo da morte que será sempre irmã gémea da vida, e consolando os que choram dando-lhes uma eterna esperança de vida, naquele que em cada páscoa nos diz: «Eu sou a res-surreição e a vida! Acredita nisto!».Bem sabemos que estas “obras de misericórdia” foram ensinadas por Jesus quando disse: «Todas as vezes que isto fi zeste a um destes mais pequeni-nos, foi a mim que o fi zeste» (Mt 25,46). Fica assim explicada a surpreendente alegria que sentem todos os que fazem a experiência de partilhar a sua “defi -ciência” com a dos demais; e é por isso que a miseri-córdia é a grande terapia praticada na Casa do Bom Samaritano. Em nome desta Casa, das Meninas que são suas patroas, das Irmãs e dos Colaboradores que as ser-vem, votos de Santas Festas Pascais.

Frei Isidro Lamelas, OFM

BOLETIM DA CASA DO BOM SAMARITANO – FÁTIMATr i m e s t r a l – N .º 79 – m a r ç o d e 2 0 1 6 – P re ç o 0 , 5 0 €

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Página 2 Março 2016CASA DO BOM SAMARITANO

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JOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANOJOVENS NA CASA DO BOM SAMARITANO

No passado dia 21 de fevereiro, um grupo de 12 jovens da catequese da Batalha, acompanhados pelos nossos animadores, visitamos a Casa do Bom Samaritano, onde fomos muito bem recebidos. No início, reunimo-nos com a Irmã Maria José, Presi-dente da Direção da Instituição, que nos ofereceu um belo momento de catequese, mostrando-nos como Deus - Pai Providente tem sido sempre fi el a todas as neces-sidades da Casa do Bom Samaritano. Este amor de Pai nunca lhes faltou. Partilhou também o seu testemunho de vida, convi-dando-nos a não termos medo de dizer sim, perante o chamamento de Deus à vida consagrada. “É importante estarmos atentos aos sinais de Deus na nossa vida e, não passarmos a vida a adiar a descoberta da nossa verda-deira vocação. Com o discernimento e aceitação deste dom, passamos a ser pessoas felizes!..”.A visita a esta casa, foi muito enriquecedora para todos nós, pois, tínhamos preparado uma pequena represen-tação partindo dum cântico que nos levava a perguntar “Senhor que queres que eu faça”. Tendo como resposta aquela que Jesus nos ensina na sua Palavra, “vai e abraça a todos como irmãos”.Foi esse o abraço que levámos para oferecer, mas, foi esse também o abraço que nós recebemos daque-las pessoas que nos deram uma grande lição de vida. Mostraram-nos com as suas diferenças que no Amor de Deus somos todos iguais. Foi um momento em que se sentiu a presença de Deus no meio de nós!

É com muita alegria que partilhamos a nossa experiên-cia, sobretudo o que mais nos impressionou ao visitar-mos esta bonita Obra de Amor.

Testemunho de BryanPensava eu que as pessoas defi cientes, limitadas física e/ou mentalmente, eram infelizes, sem consciência, vazias, que não sabiam sequer o que estavam a fazer quando o faziam, o que estavam a ver quando viam, o que estavam a ouvir quando ouviam ou sequer o que estariam a sentir quando sentiam. Tinha pena dessas pessoas. Sentia-me triste por não as poder ajudar a serem “normais”. Iria-me sentir dividido se me perguntassem se quereria vir a ser pai de uma pessoa paraplégica, autista ou com Síndrome de Down, simplesmente porque achava que durante toda a minha vida iria ter de cuidar e amar alguém que sei que sofre e que por vezes nem o demonstra, porque achava que a sua infelicidade não iria compensar o dom da vida. Mas parece-me agora que estava errado. A visita à Casa do Bom Samaritano fez-me perceber uma simples coisa: as pessoas com defi ciência são felizes! São felizes, e riem-se, e falam connosco, e têm gostos, e têm prefe-rências, e gostam de dançar, e gostam de cantar, e gos-tam de aprender e acima de tudo, gostam de viver. Criam relações de amizade e amor com os outros, perguntam--nos como nos chamamos, de onde somos, dão abraços, dão beijos… Afi nal, são pessoas como nós, com tudo aquilo que o ser humano tem de melhor para dar: Amor!

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Página 3Março 2016 CASA DO BOM SAMARITANO

Testemunho de Lila PereiraTive a oportunidade de ir com alguns membros do grupo de jovens da Batalha à Casa de Bom Samaritano em Fátima. Não podia-mos começar melhor a nossa visita. Ouvir a Irmã Maria José, Presidente da Direção daquela insti-tuição, com o seu testemunho de vida e o percurso que viveu até aos dias de hoje naquela Casa.Tive a certeza duma coisa, nós pessoas ditas “normais” somos muito mal-agradecidas com o que Deus nos dá, nunca estamos satisfeitos com nada, queremos sempre mais. Ao ver aquelas meninas muitas delas abandonadas pelos pais, só porque nasceram com uma doença mental, percebi que para elas basta um sorriso e um abraço para serem felizes. Aqueles sorrisos e a alegria com que nos receberam nunca mais vou esquecer.Obrigada, Senhor pela oportunidade que me destes.

Testemunho de Carolina DamásioGostei bastante desta visita.Quando chegou o dia, fi quei muito entusiasmada por irmos a Fátima, o tempo nunca mais passava.Não sabia que esta casa existia em Fátima nem sequer sabia que aquele caminho existia. É uma casa enorme, tudo muito arrumado e higiénico. Estão de parabéns.Quando entrámos reparei que existiam quadros con-tendo frases sobre como ajudarmos o outro. Esta casa está cheia de novas esperanças, novas vidas.Quando nos dirigimos para o ginásio vi tanta gente a bater palmas que parecia-mos cantores recebidos pelas suas fãs, adorei!

Senti que estas utentes com caras sorridentes estavam felizes, certamente ao verem em nós, jovens, alguma esperança. Ao verem que ainda há jovens que se dedi-cam de coração, a amar o próximo. Recordo o que uma utente me disse e que me deixou sem palavras: “...no passado não era feliz porque não acredi-tava em Deus, agora acredito em Deus e sou feliz”. Esta experiência, não me importo de a repetir. Jamais irei esquecer porque embora sejam pessoas diferentes são pessoas espetaculares e amorosas que devem ser tratadas com os mesmos direitos que nós Testemunho de Joana BagagemFomos recebidos por uma irmã muito gentil que parti-lhou as suas experiências connosco e que, com a ajuda de Jesus, podemos ultrapassar qualquer medo, só temos de aceitar. A seguir fi zemos um pequeno teatro - que curiosamente coincidiu com o que foi dito pela irmã, nada acontece por acaso. Portanto, apresentamos o tea-tro para as utentes da casa, que cantaram e dançaram connosco. Elas irradiavam alegria e carinho, mostraram que nunca devemos deixar a nossa “criança interior” morrer e as diferenças nos tornam iguais. A família é o mais importante, família que não vem só de casamento e de sangue, vem dos corações que se ligam através do Senhor, amizade e felicidade. No fi nal, tomámos um pequeno lanche e senti paz porque apesar de tudo, sei que encontrarei o meu caminho e que não posso querer tudo de uma vez. Esta experiência não me faz uma rapariga mudada, mas foi mais uma peça para a construção da minha perso-nalidade e que me ajudará a continuar o meu caminho.

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Página 4 Março 2016CASA DO BOM SAMARITANO

CASA BOM SAMARITANORua Bom Samaritano – 2495-439 FÁTIMA – PORTUGAL

Visite-nos em: Visite-nos em: www.csdivinaprovidencia.pt – www.facebook.com/centroSocialDivinaProvidencia

As meninas, crianças, ir�ãs e colaboradores

da Casa do Bom Samaritano e Creche

Bom Samaritano é com muita aleg�ia,

estima e g�atidão que for�ulamos os votos

de uma Santa Páscoa da Ressureição

a todos os familiares, benfeitores,

amigos e leitores.

CRISTO MISERICORDIOSO RESSUSCITOUCRISTO MISERICORDIOSO RESSUSCITOUCRISTO MISERICORDIOSO RESSUSCITOUAleluia, aleluia, aleluia, aleluia!Esta é a verdade maior e mais forte,Cristo ressuscitou: Já não nos vence a morte!Porque Cristo saiu glorioso, surgiu em todo o mundo uma existência nova!Em Ti, Cristo Jesus, ressuscitou a terra,em Ti, Rei imortal, os céus ressuscitam,em Ti, o oceano e tudo o que ele encerrae as criaturas todas a Cristo cantam.

Cristo Ressuscitado, nossa Divina Providência, que és Trindade e unidade gloriosas e absolutas, comunhão de Amor, o Pai,o Filho e o Espírito Santo.Tu és o presente pleno e total, a nossa Força e o Fogo da nossa Fé.

A tua Ressurreição, Divina Providência, é a esperança diária dos pobres, que gritam por pão, por casa, por condições melhores de vida, por acesso à cultura e por trabalho, que gritam por amor,querem amar e ser amados, querem as sementes da paz, da alegria, da esperança e do amor, caminhar com todos os homens para a Ressurreição universal.

Quero proclamar a Tua ressurreição com a minha alegria,quero cantar em todo o mundo as Aleluias da Santa Páscoa,onde quer que reine a dor e a tristeza, a fome, a opressão e a morte,e com a minha Mãe a santa Igreja e com todos os meus irmãos e irmãs,quero construir, nesta terra, o dia manhã de Páscoa, que é a vontade de Teu Pai,a solidariedade da Tua cruz, a fraternidade da Tua ressurreição, a humanidade nova que Tu nos comunicas, porque Tu estarás sempre connosco até ao fi m dos tempos (Mt 28, 20).

Frei Adelino Pereira, OFM

MENSAGEM DE BOAS FESTAS PASCAISMENSAGEM DE BOAS FESTAS PASCAISMENSAGEM DE BOAS FESTAS PASCAISMENSAGEM DE BOAS FESTAS PASCAISMENSAGEM DE BOAS FESTAS PASCAISMENSAGEM DE BOAS FESTAS PASCAIS