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ASMA BRÔNQUICA
Epitácio Rafael da Luz Neto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAFACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
LIGA ACADÊMICA DE EMERGÊNCIAS MÉDICAS
CONCEITUAÇÃO A asma é uma síndrome inflamatória
crônica caracterizada por hiperresponsividade brônquica e
limitação do fluxo aéreo, reversivelmente espontaneamente ou
com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes
de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse.
EPIDEMIOLOGIA Afeta 7-10% da população mundial. A OMS estima que haja 150 milhões de
asmáticos em todo o mundo. Cerca de 180.000 mortes por ano no mundo. No Brasil, há mais de 10 milhões de asmáticos. Cerca de 30% das crianças brasileiras
apresentam sintomas indicativos de asma. 4ª principal causa de internamento no SUS.
CLASSIFICAÇÃO
Tipos: Asma atópica Asma não-atópica (Ex. infecções virais) Asma induzida por drogas (Ex. aspirina) Asma ocupacional
ASMA ATÓPICA Atopia: predisposição genética a uma elevada
produção de IgE específica para alérgenos ambientais.
Alergia: reação de hipersensibilidade tipo I, mediada principalmente por mastócitos e eosinófilos.
Desencadeamento da alergia: susceptibilidade genética + sensibilização ao alérgeno + fatores desencadeantes.
IMUNOPATOLOGIA DA ASMA
Fase de sensibilização: 1ª exposição ao alérgeno.
IMUNOPATOLOGIA DA ASMA
Fase imediata:
Aumento da permeabilidade da mucosa aos antígenos.
Broncoconstrição reflexa.
Aumento da permeabilidade vascular e edema.
Secreção de muco.
Hipotensão em casos extremos.
Fase tardia:
Mediada por leucócitos (eosinófilos), endotélio e células epiteliais.
Resposta inflamatória com duração de vários dias.
Dano epitelial e constrição das vias aéreas.
RESULTADOS DA ESTIMULAÇÃO ALERGÊNICA
FISIOPATOLOGIA DA ASMALesões irreversíveis na musculatura brõnquica:1. Espessamento da membrana basal2. Hipertrofia e hiperplasia do músculo liso3. Elevação no número de células caliciformes4. Aumento das glândulas submucosas5. Alteração no depósito/degradação dos componentes
de matriz extracelular
Tudo isso pode contribuir para a irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes
FISIOPATOLOGIA DA ASMAFUNÇÃO PULMONAR
Doença pulmonar obstrutiva:
• CVF e VEF1 : ↓
• Redução do VEF1 maior que a redução da CVF
• FEV/CVF diminui
DIAGNÓSTICO Principais sintomas: tosse, dispnéia, chieira e constrição
torácica. Ao exame físico: dispnéia de grau variável, com ciclos
respiratórios mais longos e diminuição da frequencia, e chieira que pode ser ouvida à distãncia. Aumento do diâmetro torácico, frêmito toracovocal diminuído e hipersonoridade à percussão devido à hiperinsuflação. Sibilos respiratórios à ausculta. Posição ortostática.
Fora da crise, os sinais costumam desaparecer.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
ASMA Manifestação inicial
geralmente precoce Associada a outras
manifestações alérgicas Testes cutâneos
positivos Sintomas desaparecem
fora da crise Pode evoluir para DPOC
DPOC Manifestação inicial
geralmente tardia Espectro do enfisema e
bronquite crõnica Associada a tabagismo Testes cutãneos
negativos Sintomas permanecem
fora das crises
ASMA x DPOC
TRATAMENTOPara melhora dos sintoma agudos: Β2 – agonistas de curta duração
Para manutenção (prevenção dos sintomas agudos): Β2 – agonistas de longa duração Corticóides inalatórios Corticóides sistêmicos Antagonistas de leucotrienos
III Consenso Brasileiro de Asma, 2002
III Consenso Brasileiro de Asma,2002
ASMA E CIRURGIA Asmáticos apresentam maior risco de complicações
pulmonares pós-operatórios. Broncoespasmo intra-operatório é uma complicação
com potencial risco de vida. Tem sido relatado casos de anafilaxia devido à
hipersensibilidade à látex, cânulas, cateteres e outros materiais cirúrgicos.
Intubação traqueal durante a anestesia estimula vigoroso broncoespasmo.
Prevenção: Β2 – agonistas de curta duração e corticosteróide inalatório.
CASO CLÍNICO Paciente, sexo masculino, 18 anos, apresentava sibilância e
dificuldade para respirar. Esses ataques ocorriam intermitentemente e não foram relacionados a nenhuma circunstância conhecida. Um raio-X de tórax foi normal, mas os testes de função pulmonar realizados quando ele estava sintomático demonstraram uma acentuada redução do VEF1, que melhorou significativamente depois que ele inalou puffs de agonistas Β2-adrenérgicos. A ele foi prescrito inaladores de agonistas Β2-adrenérgicos, mas como ele continuou a ter episódios de dispnéia, mudou-se a prescrição para corticosteróide inalatório, que propiciou muito maior alívio. Quatro anos depois, ele chegou à sala de emergência com severa limitação da respiração com oito horas de duração, alegando que havia parado de tomar os remédios devido a questões financeiras.
CASO CLÍNICO Na chegada à emergência, ele estava em considerável sofrimento;
mal conseguia falar e sua frequência respiratória estava em 30 ipm. O exame físico apontou raros sibilos e murmúrios vesiculares quase ausentes. Também foi constatada a pCO2=88, pO2=35 e pH=6,9. Enquanto esperava o tratamento, o paciente sofreu uma parada cardíaca e não pôde ser ressuscitado. À autópsia, relevantes achados estavam limitados ao trato respiratório. Os pulmões estavam hiperinsuflados, tinha áreas focais de atelectasia e muitos dos brônquios estavam ocluídos por tampões mucosos viscosos e espessos.
Robbins, Pathologic Basis of Disease, Interactive Case study Companion
BIBLIOGRAFIA PORTO, Celmo Celeno, Semiologia Médica, 3ª ed. ROBBINS & COTRAN, Bases Patológicas das
Doenças, 7ª ed. ABBAS, Abul K., Imunologia médica, 4ª ed. The International Study of Asthma and Allergies in
Childhood (ISAAC) Steering Committee. Worldwide variations in the prevalence of asthma symptoms. The European Respiratory Journal,12: 315-35, 1998.
III Consenso Brasileiro de Asma