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Aspectos da Evolução Tática no Futsal do Brasil Fernando Ferretti

Aspectos da Evolução Tática no Futsal do Brasil · 2019-02-22 · do desporto. A FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão) presidida pelo brasileiro Januário D Aléssio

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Aspectos da Evolução Tática no Futsal do Brasil

Fernando Ferretti

COPYRIGHT: 2013, by Fernando Luiz Leite Cardoso Coelho

Direitos de edição cedidos à Metodologia Ferretti Futsal

Permitda a reprodução parcial, para �ns não comerciais, desde que citada a fonte.

Prefácio

Este novo curso partiu da ideia que é importante contar um pouco da história que eu vivi, dentro destes 37 anos, como profissional de Futsal. Tentei organizar os fatos em ordem cronológica e claro, posso e devo ter omitido histórias, clubes e pessoas, pois este trabalho é fruto da minha vivência, todos estes anos. Desde já então, peço desculpas pelas omissões e convido todos a participar das próximas atualizações, contando as suas próprias versões das diferentes épocas.

Começaremos com os aspectos da evolução tática do Futsal e porque não paramos de crescer. Analisaremos de década a década desde a de 70, inicio da nossa atuação, apoiado em histórias que vivenciamos.Ao final falamos dos nossos dias e sugerimos de forma breve ( os outros cursos, subsequentes a estes vão falar muito mais sobre os assuntos ), para onde deveríamos caminhar.Acredito que visitar a história da evolução tática do Futsal, é uma forma de preparar melhor o futuro. Espero que a leitura seja útil a todos.

Futsal, evoluindo por quê?

Já somos o segundo esporte mais praticado no país. ( Fonte: Atlas do Esporte Brasileiro). A especulação imobiliária nas grandes cidades e consequentemente a diminuição dos espaços livres, empurra as crianças para as quadras e escolas de futsal. Somos conhecidos como o Futebol Pequeno. Contudo, trabalhamos com mais qualidade, a noção espaço temporal, muito importante também no Futebol. A maioria dos craques brasileiros oriundos do Futsal e que triunfam nas principais equipes do futebol mundial, são meio campistas ou atacantes, que atuam na faixa de campo onde os espaços são menores e vigiados pela marcação contrária.

Desde a década de 70, estamos em alguns grandes clubes de Futebol do Brasil, que nos vê como “formadores” de atletas.Vasco da Gama e Corinthians valorizam o futsal como departamentos e de lá saem alguns atletas para o futebol. Neste nosso tempo, a novidade das formas de treinamento no futebol, nas grandes equipes do mundo é o treino em campo reduzido, exemplo claro que a intensidade treinada em áreas menores do campo, aumenta a performance física e a inteligência tática do atleta.Chegará o dia em que as CTs dos grandes clubes portarão um especialista em campos reduzidos ou seja , em Futsal.O exemplo mais importante ,nos últimos tempos, é o Santos F.C., por todos os craques reconhecidos que revelou.

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Como começamos?

Baseado na técnica individual dos atletas e posicionamento algo estático. O melhor time quase sempre vencia. A distribuição tática defensiva dos atletas em quadra, pegava seguir homem a homem seu opositor e as coberturas eram reação de combater o atacante que venceu seu companheiro de equipe. Em contrapartida, todas as concepções táticas ofensivas partiam da premissa que as defesas seguiriam, cada um seu oponente.Aliás, até hoje é assim. A maioria dos ataques são pensados para um tipo de defesa, que deve seguir individualmente. O ataque, fixava um pivô de pouca movimentação ,no fundo quadra,e para ele convergiam primeiro, todas as ações ofensivas.Havia uma alternância para o jogo da individualidade dos jogadores mais hábeis.Havia um beque (parado) que pouco passava do meio da quadra. Os alas eram da lateralidade predominante,ou seja,ala direito (destro) e ala direito (canhoto) e o pivô,quase sempre o artilheiro da equipe e do qual não se esperava que marcasse muito bem.Raramente os reservas jogavam e estes não tinham a qualidade dos titulares e nem isso era importante, pois pouco entravam nas partidas. As regras tornavam o jogo lento. A bola podia retornar três vezes a mão do goleiro, antes que fosse obrigatório lançar a quadra de ataque. As competições eram regionalizadas e sem confrontos nacionais ou equipes profissionais.A primeira Taça Brasil de Clubes acontece em 1968 ,em Lages (SC) e o Clube Carioca do RJ ,é o primeiro Campeão. A competição passa a ser realizada de 2 em 2 anos. A preparação física específica, como capitula da preparação, não existia. Era adquirida com base na resistência aeróbia, ou seja, na repetição constante dos treinos coletivos e partidas. Alias, os treinos nada mais eram, que a repetição dos jogos (coletivos) .eventualmente se treinava exclusivamente chute a gol ,a única forma específica dos goleiros treinarem também.

Como continuamos?

Na década de 70 Todos buscam o pivô, que joga quase estático, fazendo as funções de preparar e virar. O fixo/beque não passa do meio da quadra e os alas são jogadores de ligação. Os maiores e melhores times são a AA. Vila Isabel/RJ de Serginho e Aécio, SE Palmeiras/SP de Sorage e SUMOV/CE ,com Leonel e Cacá. Já na década de 80 os jogos ganham maior movimentação. Começam as trocas constantes de posição, naquilo que seria ,no futuro, chamado de Padrões de Jogo. A melhor referência é o Bradesco EC ( RJ ),com a troca de ala com pivô e o fixo que entra no vazio. Era a época das Jogadas Ensaiadas (braços levantados marcando números ou nomes). Chega a era das equipes profissionais e do preparo físico científico, valorizando a capacidade aeróbica baseado no domínio do conceito e avaliação do VO2 máximo, acompanhando assim a evolução dos estudos de fisiologia da época. Surgem as equipes/empresa como Perdigão de Videira (SC),Trilhoteiro de Pelotas (RS) ,Enxuta de Caxias do Sul (RS) e Tigre e Embraco de Joinville (SC).O empresariado descobre como é vantajoso investir numa equipe de Futsal e o retorno de mídia espontânea que recebiam em contrapartida. A já extinta Rede Manchete de Televisão, transmite para todo o Brasil as principais competições. Jackson, Pança e Mauro Brasília são os principais ícones do desporto. A FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão) presidida pelo brasileiro Januário D Aléssio , organiza o primeiro campeonato mundial em São Paulo (SP) ,e o Brasil se torna campeão, ao vencer o Paraguai, na final por 1 X 0,gol de Jackson. A Rede Globo,descobrindo a força do nosso esporte, transmite a partida ao vivo,com narração de Luciano do Valle,então narrador número um da emissora. Veja o vídeo abaixo, com os melhores momentos da final.

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A partir da década de 90 a Preparação Física evolui para a individualização. Os testes físicos são personalizados e o Futsal passa a ser tratado como desporto primordialmente anaeróbico. Aparecem os Padrões de Jogo (ações com início e reinício),valorizando na sequência as jogadas que surgiam a partir desta movimentação inicial. Bradesco EC/RJ ensina o Padrão de Meio, SER Sadia de SC nos mostra o padrão circular ou redondo e a Malwee Futsal apresenta o padrão quadrado ou 2-2, desenterrando o que para muitos autores, estava em desuso. Aparecem as Linhas de Marcação numeradas – de 01 a 04, estruturando melhor as linhas de equilíbrio defensiva, em relação ao espaço de quadra, ou seja:

Linha 01 – Marcação do meio aberto.Linha 02 – Linha de pressão com fechamento de meio de quadra, tentando cortar a ligação direta a outra quadra.

O Vasco da Gama, campeão brasileiro de 1983 mostra nas imagens do vídeo abaixo a característica de escola, nesta época.

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Tinha então uma equipe menos desgastada e ao mesmo tempo, mais participante. Veio então a descoberta que esta forma de jogar, aumentou a força de um grupo de jogadores onde muita gente poderia ser titular, e assim, os resultados começaram a chegar até com mais facilidade. Desde então, salvo raríssimos momentos, nos afastamos do sistema tradicional de titularidade, onde os câmbios são feitos pela queda do rendimento técnico ou físico do atleta. O Treinador PC de Oliveira, apresenta a marcação quadrante, com a vitoriosa Ulbra (RS), imediatamente copiada e aprendida por todos. A velocidade e a técnica dos ataques, enterra para sempre, a nosso ver, a marcação individual na quadra toda e com o a chamada zona absoluta, passa a ser valorizado o principio do equilíbrio e ocupação de espaços para desarmar o adversário.

A regra muda em 1997, e permite ao goleiro lançar ao campo de ataque, sem que a bola toque em sua própria quadra ,o que não era permitida até então.

Linha 03 – Os chamados três quartos de quadra, ou seja ,perto da marca do tiro de 10 metros. Ainda considerada efetiva por alguns autores europeus.

Linha 04 – Com a chegada das quadras de 40 metros ou mais, implantadas pela FIFA ,marcar no meio ou atrás passa a ser perto da zona de substituição e não se orientar pela linha central da quadra.

Por fim nos anos 2000 surge o sistema 5 por 5 de substituições nas partidas, praticado primeiro pela Malwee Futsal (nossa equipe de 2001 a 2010), e seguida até hoje pelas principais equipes do futsal brasileiro. Foram as dificuldades, mais uma vez, a força propulsora das oportunidades. Era o ano de 2002 e jogava-se, como até hoje, concomitantemente a Liga Futsal e os campeonatos estaduais, numa maratona de viagens sem fim . Percebi que não conseguia motivar meu grupo de jogadores a encarar com a mesma “pegada” o Estadual e a Liga. Modulando a nossa realidade, o que havia visto nas seleções dos EUA e Rússia (troca das equipes a cada 2 minutos) passei a montar duas formações equilibradas dentro do nosso forte plantel, que entravam a cada cinco minutos cronometrados. Deu muito certo porque todo o grupo participava, mas, ao mesmo tempo só jogavam o equivalente a um tempo (20 minutos) ou menos.

Nossos dias

Para onde devemos ir

A defesa é baseada nos tempos de equilíbrio. Desarme deve ser o maior objetivo, pois é o que faz qualquer sistema de defesa funcionar bem.O ataque é jogado segundo tempos definidos. Qual a resposta para o adversário que me pressiona? Ou que me marca atrás, esperando? O que o adversário permite que eu faça? Nosso atleta é o conjunto de tomadas de decisões motoras e cognitivas. Melhora da técnica, mas também do entendimento tático do jogo, trabalho que deveria começar nas chamadas escolinhas de futsal, que não devem ser mera repetidoras de fundamentos e formas jogadas. Reações ofensivas ordenadas para os momentos seguintes, com a participação simultânea dos 4 atletas de linha. Por fim percebe-se que um super condicionamento físico é base para o excelente rendimento da equipe. Preponderância da preparação para o sistema anaeróbio de energia. A solicitação exigida ao atleta de futsal ,nos dias de hoje faz da preparação física adequada algo como 50% da efetividade do trabalho de uma equipe.

Devemos buscar uma preparação tática que valorize a excelente condição técnica do atleta brasileiro. Treina-se demais, em alguns Clubes, com pouco aproveitamento. Valorizar sempre a aprendizagem dos Fundamentos Táticos de Ataque. E é necessário também pensar o calendário racional de competições, valorizando a recuperação do atleta .Joga-se muito e se dá pouca importância a qualidade /quantidade dos treinamentos.

Quer saber mais ?

www.ferrettifutsal.com – Shop Futsal / DVDs Padrões Táticos de Ataque e Princípios Básicos da Marcação Quadrante.

www.facebook.com/fernandoferretti - Coluna Futsal 140 / Pequenos artigos, publicados semanalmente falando sobre a atualidade do Futsal.

www.twitter.com/ferrettifutsal Estágio Ferretti Futsal para treinadores de futsal;Clique aqui para assistir ao vídeo promocional e conhecer como funciona o estágio.