134
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO ASPECTOS DESTACADOS DOS CONTRATOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS COM ÊNFASE NA LEI APLICÁVEL BARBARA MARTENDAL Itajaí, novembro de 2010

ASPECTOS DESTACADOS DOS CONTRATOS COMERCIAIS …siaibib01.univali.br/pdf/Barbara Martendal.pdf · enfraquecimento do Estado como nação, passando pela globalização da economia

  • Upload
    vodang

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

ASPECTOS DESTACADOS DOS CONTRATOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS COM

ÊNFASE NA LEI APLICÁVEL

BARBARA MARTENDAL

Itajaí, novembro de 2010

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

ASPECTOS DESTACADOS DOS CONTRATOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS COM

ÊNFASE NA LEI APLICÁVEL

BARBARA MARTENDAL

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professora Msc. Márcia Sarubbi Lippmann

Itajaí, novembro de 2010

AGRADECIMENTO

Considerando esta monografia como resultado de uma longa caminhada, agradecer pode não ter

tarefa fácil. Para não ser injusta, agradeço de antemão a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção

de quem sou hoje.

E agradeço particularmente a algumas pessoas que contribuíram diretamente na construção deste

trabalho:

A professora e minha orientadora Márcia Sarubbi Lippmann por seu apoio e inspiração que

tornaram possível a conclusão desta monografia.

Aos meus pais Edson e Arleide Martendal pela base sólida que sempre me deu força para

encarar a vida de frente;

Ao meu irmão Gabriel pelo incentivo constante;

Ao meu namorado Juscelino pelo apoio e confiança;

E principalmente a Deus, pela sua presença constante na minha vida, pelo auxílio nas minhas

escolhas e por me confortar nas horas difíceis, pois sem ele, nada seria possível.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, irmão, familiares, namorado e amigos que de muitas formas me incentivaram e ajudaram para que

fosse possível a concretização deste trabalho.

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC) , ______de_________________de 2010

Barbara Martendal Graduanda

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Barbara Martendal, sob o título

Contratos Comerciais Internacionais com destaque na lei aplicável, foi submetida

em 22 de novembro de 2010 à banca examinadora composta pelos seguintes

professores: Márcia Sarubbi Lippmann (Orientadora e Presidente da Banca) e

_____________________________(membro), e aprovada com a nota ______

(______________).

Itajaí (SC) , ______de____________________de 2010

Prof.MSc. Márcia Sarubbi Lippmann Orientadora e Presidente da Banca

Professor MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALC Área de Livre Comércio

BIRD Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento

DIPR Direito Internacional Privado

FMI Fundo Monetário Internacional

GATT Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio

INCOTERMS Termos do Comércio Internacional

LICC Lei de Introdução do Código Civil

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

OIC Organização Internacional do Comércio

OMC Organização Mundial do Comércio

UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e

Desenvolvimento

UNIDROIT Instituto Internacional para a Unificação do Direito Privado

ONU Organização das Nações Unidas

vii

ROL DE CATEGORIAS

Contratos:

O contrato é um negócio jurídico que para sua formação depende do encontro da

vontade das partes por ser um ato regulamentador de interesses privados, por

apresentar-se como uma “norma” estabelecida entre as partes. (DINIZ, 2006, p.8)

Contratos internacionais:

O contrato internacional é consequência do intercâmbio entre Estados e pessoas,

no sentido amplo, cujas características são diversificadoras dos mecanismos

conhecidos e, usualmente, utilizados pelos comerciantes circunscritos a um único

território e pelos transterritoriais. (STRENGER, 2003, p.31)

Contratos internacionais do comércio:

São contratos internacionais do comércio todas as

manifestações bi ou plurilaterais de vontade livre das partes, objetivando relações

patrimoniais ou de serviços, cujos elementos sejam vinculantes de dois ou mais

sistemas jurídicos extraterritoriais, pela força do domicílio, nacionalidade, sede

principal dos negócios, lugar do contrato, lugar de execução, ou qualquer

circunstância que exprima um liame indicativo de Direito aplicável.(STRENGER,

2003, p. 93)

Direito Comercial Internacional:

É um elemento do direito internacional privado, cujo objeto é fixar princípios que

determinam a competência das normas jurídicas dos Estados, pertencentes ao

direito comercial, estuda os princípios e formas de coordenação dos sistemas

tendentes a harmonizar os limites da aplicabilidade das leis comerciais dos vários

países, assegurando a tutela das relações jurídicas oriundas do comércio.

(STRENGER, 2005, p.757)

Lex Mercatoria:

viii

A lex mercatoria é precisamente um conjunto de princípios, instituições e regras

com origem em várias fontes, que nutriu e ainda nutre as estruturas e o

funcionamento legal e específico da coletividade de operadores do comércio

internacional. (STRENGER, 1996, p.72)

Comércio Internacional:

É a atividade que traduz uma visão projetiva transfronteiras de todos os

acontecimentos que envolvem intercâmbios visíveis manifestados pelos

mecanismos da compra e venda de mercadorias, transferência de tecnologia,

investimentos, representações e outros entendimentos que possibilitem a

consecução de lucros e vantagens para as partes intervenientes, compreendendo

os atos formais possibilitantes dessas relações (STRENGER, 2005, p.760).

ix

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................... XI

INTRODUÇÃO ................................................................................. 12

CAPÍTULO 1 .................................................................................... 15

ASPECTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO ......................................................................................................... 15

1.1 O ENFRAQUECIMENTO DO ESTADO COMO NAÇÃO ............................... 15

1.2 A GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA E O MULTILATERALISMO ECONÔMICO ............................................................................................ 18

1.3 A INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL ................................................. 23 1.3.1 Área de Livre Comércio (ALC) .................................................................. 24 1.3.2 União Aduaneira ......................................................................................... 24 1.3.3 Mercado Comum ........................................................................................ 25 1.3.4 União Monetária ......................................................................................... 25

1.4 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO ............................................. 26 1.4.1 Princípios da OMC ..................................................................................... 29 1.4.2 Estrutura da OMC ....................................................................................... 32 1.4.2.1 Conferência Ministerial ..................................................................................... 32 1.4.2.2 Conselho Geral .................................................................................................. 33 1.4.2.3 Órgão de Solução de Controvérsias ................................................................ 33 1.4.2.4 Órgão de Revisão de Política Comercial ......................................................... 34 1.4.2.5 Conselhos para Bens, Serviços e Propriedade Intelectual ................. 34

CAPÍTULO 2 .................................................................................... 36

CONTRATOS INTERNACIONAIS .................................................... 36

2.1 DOS CONTRATOS EM GERAL ..................................................................... 36

2.2 DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS ......................................................... 38 2.2.1 Peculiaridades, conceitos e características ............................................ 38 2.2.2 Diferença entre contratos internos e internacionais............................... 41

x

2.3 PRINCIPAIS CONTRATOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL .................. 43 2.3.1 Aspectos conceituais dos principais contratos do comércio internacional ............................................................................................ 43 2.3.2 Contrato de compra e venda internacional .............................................. 45 2.3.3 Contrato de representação ou agenciamento internacional .................. 46 2.3.4 Contrato de franquia (franchising) ........................................................... 48 2.3.5 Contrato de arrendamento mercantil (leasing) ........................................ 52 2.3.6 Contrato transferência de tecnologia (know how) .................................. 54 2.3.7 Contrato de faturização (factoring)........................................................... 57 2.3.8 Contrato de empreendimento em conjunto (joint venture) .................... 58 2.3.9 Contrato de exportação de serviços ........................................................ 60

CAPÍTULO 3 .................................................................................... 62

O DIREITO APLICÁVEL AOS CONTRATOS INTERNACIONAIS ... 62

3.1 ELEMENTOS DE CONEXÃO ......................................................................... 62 3.1.1 Elementos de Conexão relativos a capacidade da pessoa física. ......... 64 3.1.2 Elementos de Conexão relativos à capacidade da pessoa jurídica. ..... 65 3.1.3 Elementos de Conexão relativos a aspectos extrínsecos e a aspectos intrínsecos. ............................................................................................ 66

3.2 A AUTONOMIA DA VONTADE DAS PARTES .............................................. 69

3.3 A LEX MERCATORIA .................................................................................... 72 3.3.1 Contextualização histórica da lex mercatoria ......................................... 73 3.3.2 Contextualização conceitual da lex mercatoria ....................................... 77 3.3.3 Posições divergentes ................................................................................ 79 3.3.4 Fontes da Lex mercatoria .......................................................................... 82

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 87

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 89

ANEXOS........................................................................................... 92

RESUMO

A presente monografia trata dos aspectos relacionados aos

Contratos Comerciais Internacionais baseados na visão legal e doutrinaria com

destaque na lei aplicável. Para tanto, aborda, inicialmente os principais pontos do

comércio internacional contemporâneo, passando-se a analisar os principais

contratos internacionais e por último evidencia a lei aplicável aos contratos

internacionais comerciais, fazendo menção aos elementos de conexão, a

autonomia da vontade e a lex mercatoria.

INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto pesquisar e analisar

os principais aspectos dos contratos do comércio internacional, considerando o

Direito a eles aplicável, buscando o esclarecimento das dúvidas relativas a esta

matéria.

Atualmente o comércio internacional é altamente

relevante a economia mundial tendo em vista o alto fluxo de circulação de

mercadorias e serviços realizados entre os países de todo o globo.

Visando amparar essas relações jurídicas, o contrato

vem se tornando um instrumento imprescindível para garantir a efetividade e

proteger os negócios jurídicos internacionais.

Para reger os contratos, cada Estado conta com a sua

legislação, em princípio aplicada dentro de suas fronteiras, desta forma cada

Estado tem sua legislação aplicável, decorrendo então os conflitos para

determinar qual o direito aplicável aos contratos de âmbito internacional.

Com a finalidade de dirimir as questões referentes a lei

aplicável nos contratos do comércio internacional, os comerciantes começaram a

formular algumas regras que podem a vir solucionar as controvérsias criadas

pelas relações comerciais internacionais. Diante desta necessidade de

estabelecer normas para conduzir os contratos de comércio internacional, surge

então a nova lex mercatoria.

Este trabalho tem como objetivo institucional produzir

uma monografia para a obtenção do grau de bacharel em Direito, pela

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI; e com referência ao assunto deste

trabalho: demonstrar a dificuldade da doutrina e dos aplicadores do direito em

definir o direito do comércio internacional e apontar o pensamento de alguns dos

13

doutrinadores para a uniformização desta lei, a fim de dirimir os conflitos gerados

a partir da celebração dos contratos comerciais internacionais.

Para tanto, principia-se, no Capítulo 1, tratando dos

aspectos do comércio internacional contemporâneo, onde aborda o

enfraquecimento do Estado como nação, passando pela globalização da

economia e o multilateralismo econômico, abordando a integração econômica

regional e encerrando com os princípios e a estrutura da Organização Mundial do

Comércio.

O segundo capítulo busca primeiramente conceituar os

contratos em geral e os contratos internacionais, para em seguida buscar a

diferenciação entre eles, e logo após, finalizando o capítulo, identificar e

conceituar os principais contratos do comércio internacional.

No capítulo 3, trata do direito aplicável aos contratos

internacionais, onde inicialmente destaca os elementos de conexão, aborda o

princípio da autonomia das partes, para por fim, demonstrar os principais pontos

da nova lex mercatoria.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre os contratos comerciais internacionais analisando a lei aplicável.

Para a elaboração da presente monografia foi

levantada a seguinte questão problema: Por ser o contrato internacional,

vinculado a mais de um ordenamento jurídico, como se definir a legislação

aplicável e como solucionar os principais conflitos decorrentes de sua

celebração?

Gerando a seguinte hipótese de

pesquisa: A legislação aplicável deve ser determinada conforme estabelecido no

contrato internacional e a solução dos conflitos que decorrem da celebração do

14

contrato devem ser solucionados com base na lei aplicável definida pelo referido

contrato.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na

Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, de acordo com Pasold

(2007, p.104) e o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é

composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa

Bibliográfica(PASOLD, 2007, p.31-239).

CAPÍTULO 1

ASPECTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO

1.1 O ENFRAQUECIMENTO DO ESTADO COMO NAÇÃO

Para que se possa estudar o comércio internacional

contemporâneo, é indispensável buscar o entendimento do Estado Soberano.

Não faz muito tempo que ao se deparar sobre alguma questão que envolvesse o

comércio internacional, buscava-se o Estado para dirimir qualquer questão a

respeito. Com a expansão do comércio internacional esta realidade vem

mudando, outros atores além do Estado, tal como a globalização entre outros,

estão interagindo nessa nova configuração da ordem mundial. O enfraquecimento

do Estado perante estes novos atores do comércio internacional vem

questionando a soberania que é uma das premissas do Estado, bem como

visualizando um enfraquecimento do Estado Nacional, conforme explica Torres

(2000, p.13).

Para se entender melhor, é interessante fazer uma

breve explanação sobre o surgimento do Estado. O Estado Nacional veio com o

objetivo de unificar em uma única pessoa um pacto social que buscava a

segurança da população frente às ameaças externas que não podiam ser dadas

pelos senhores feudais, tendo como o único caminho transferir a um único

homem (monarca) ou a uma assembléia de homens o direito de governar para

defender-se contra invasões estrangeiras e as injustiças, unindo a multidão em só

uma pessoa, formando assim o Estado, segundo Torres (2000, p.19).

De acordo com Odizio (2006, p.01) O Estado conforme

se conhece atualmente foi criado com o objetivo de regular a convivência entre os

seres humanos, regulamentando os direitos e obrigações de cada um em relação

16

aos demais membros dessa sociedade. Tal Estado restou caracterizado por

possuir elementos que dão esta característica, a saber: o Território – Povo –

Poder Soberano.

Sob a visão de Hobbes que considerava como único

ator das Relações Internacionais, o Estado Nação, tendo este, poderes e

competências quase ilimitados por ser soberano, onde o cidadão se submeteria

às leis do Estado em troca da segurança oferecida por esse.

Conforme versa Odizio (2006, p.01) “O que se pode

entender a partir desse conceito é que nenhum Estado pode sofrer interferências

na sua forma de governo, suas decisões sobre economia, suas políticas públicas

e seu controle de território, por exemplo.”

Porém o processo de globalização e a integração

regional estão relativizando e flexibilizando o conceito de soberania, neste âmbito,

os demais atores; organismos internacionais, empresas internacionais e blocos

supranacionais estão ganhando força no cenário internacional. Analisando a

gradativa redução da Soberania, que consequentemente leva ao enfraquecimento

do Estado Nacional, é importante evidenciar que esta se dá voluntariamente,

quando o Estado delega competências a instâncias supranacionais, fortalecendo

organismos mundiais e regionais, e/ou de forma involuntárias que decorre do

processo de globalização e do surgimento de outros atores nas relações

internacionais, como versa Torres (2000, p.33 e 34).

Ainda, muitos autores destacam o enfraquecimento do

Estado-nação como característica e consequência da globalização, de tal monta

que, com o abatimento da soberania estatal, a relação indivíduo-poder público

passa a sofrer mutações. Como respaldo a esse fenômeno surgem, por exemplo,

os processos de integração entre Estados, o que deflagra novas conformações ao

que tradicionalmente se entende por cidadania. (LONDERO; RICHTER, 2007,

p.2).

17

Existem evidências que comprovam a hipótese que os

fenômenos de globalização e integração regional estão relativizando o conceito

de soberania e reduzindo as competências do Estado, são quatro evidências

importantes que demonstram tal acontecimento. A primeira é identificada pela

redução de capacidade dos bancos centrais nacionais em proteger suas moedas

ou de controlar suas taxas de câmbio como conseqüência direta do processo de

globalização financeira. Torres (2000, p.33 e 34).

“O capital sofre um processo crescente de

desterritorialização, enquanto o mercado financeiro global vai se consolidando”

Torres (2000, p.35). Tal processo busca a redefinição do papel dos Estados

Nacionais pois com o aumento da internacionalização da produção e dos

mercados financeiros, diminui a capacidade dos Estados controlarem suas

economias.

A segunda evidência é o enfraquecimento da

capacidade do Estado Nação gerar atividade econômica real de per si. “Numa

economia sem fronteiras, os Estados Nacionais, não formam, necessariamente

unidade expressiva; quando se pensa nelas sob o ponto de vista de sua atividade

econômica, elas combinam coisas num nível impróprio de agregação” Torres

(2000, p.38) .

A terceira evidência relaciona-se ao fortalecimento de

atores não estatais, é o crescimento da iniciativa privada nas relações

internacionais e sobretudo no comércio em detrimento dos atores estatais.

Segundo Torres (2000, p.40) “As estratégias das corporações multinacionais

modernas não são moldadas e condicionadas por razões do Estado, mas pelo

desejo – e pela necessidade – de servir a mercados rentáveis onde quer que

existam, e de explorar concentrações de recursos atraentes onde quer que eles

estejam. As empresas estão deixando de ser atores coadjuvantes para se

transformarem em principais atores do comércio internacional”

18

A última evidência e talvez a mais importante é a

movimentação que se tem feito no sentido da criação e fortalecimento das

instituições supranacionais dotadas de poderes e prerrogativas outrora exclusivas

do Estado Nacional. Tais organismos, na medida em que atuam no plano

internacional levando a cabo políticas definidas não por um Estado em particular,

mas por entidade supranacional ou que contemple interesses de um conjunto de

Estados, reduzem relativa e parcialmente a capacidade do Estado Nacional de

atuar com eficácia semelhante conforme Torres (2000, p.42)

A perda de soberania, ainda que nos processos de

integração regional possa ser considerada voluntária, é de fato processo

significativo que tem acentuado neste final de Século XX e início do Século XXI.

Conforme já citado, o Estado Nacional Contemporâneo está perdendo a

capacidade de celebrar acordos comerciais com outros países ou organismos.

(...) Essas funções passam a ser realizadas em diferentes graus por outros atores

do comércio internacional, que sejam eles instâncias subnacionais – províncias ou

cidades – quer sejam entidades privadas – empresas e corporações

internacionais – ou mesmo as organizações supranacionais globais, como a ONU,

a UNCTAD, o FMI e a OMC, ou organizações supranacionais de integração,

formadas em decorrência da intensificação dos processos de integração regional

(TORRES,2000, p.51)

1.2 A GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA E O MULTILATERALISMO

ECONÔMICO

No pós Segunda-Guerra, as principais potências

ocidentais se preocuparam em estabelecer uma nova ordem internacional

baseados no liberalismo vindo dos norte americanos, tanto na política com os

preceitos da recém criada Organizações das Nações Unidas, quanto na ordem

econômica evitando novos conflitos, gerando bem-estar universal e assegurando

uma relevante paz mundial.

19

A ordem econômica internacional do segundo pós-

guerra fundou-se na hegemonia norte-americana, fortalecida pela devastação do

continente europeu ocasionada por aquele conflito. Os EUA compreenderam que

o exercício da hegemonia não poderia basear-se no mero uso da força, mas

requeria, além do convencimento dos demais governos às virtualidades

intrínsecas à nova ordem, a aceitação de algumas reivindicações defendidas

pelos países amigos. A estabilidade das relações econômicas justificava o esforço

despendido para dar vida a instituições multilaterais, responsáveis por conferir

legitimidade às decisões tomadas. (AMARAL JÚNIOR, 2008, p.367)

Conforme versa Amaral (2004, p.39) “(...) o liberalismo

subjacente e o pensamento econômico ocidental, permeado pela doutrina de

Smith e Ricardo, visualizou no comércio internacional e na integração dos

mercados um eficiente instrumento para a pacificação das relações entre países e

o crescimento econômico.”

Partindo da idéia da ampliação territorial dos mercados

e a eliminação das barreiras ao livre trânsito dos fatores de produção (pessoas e

capital), o direito à aquisição de bens e serviços sem restrições quanto à sua

origem e também a outorga de extensiva liberdade de admissão e

estabelecimento, encontraram robusto fundamento no regime federal norte

americano, criado pelos constituintes da Filadélfia e introduzido na Constituição

de 178. Atribuiu-se, em parte substancial, o grande domínio dos Estados Unidos,

em termos mundiais, já o final do século XIX e ao longo do século vindouro, à sua

grandeza continental e a inexistência de barreiras tarifárias ou não tarifárias ao

comércio doméstico, potencializando, também, pelos avanços tecnológicos

propiciados pela revolução industrial, segundo Amaral (2002, p.40).

A realidade norte americana causou um impacto no

pensamento político do século XIX, onde várias nações se movimentaram para

fazer com que seu Estado tivesse o desenvolvimento econômico preconizado

pelos Estados Unidos. Dentre essas nações, o Brasil teve pela mão do então

20

presidente Rui Barbosa, a criação da do regime federal na Constituição

Republicana de 1891.

A idéia de cooperação entre as nações a partir da

integração econômica foi tão marcante que Jean Monnet, considerado o pai da

unificação européia, sustentou em 1943 que não haveria paz na Europa se os

Estados fossem reconstituídos, ao final da guerra, com base na soberania

nacional concebida a luz do envelhecido Estado-Nação (AMARAL, 2002, p.40)

No contexto do liberalismo, o primeiro documento

criado explicitando a necessidade de se criar uma nova ordem internacional, foi a

famosa carta do Atlântico, assinadas pelos presidentes Churcill e Roosevelt em

outubro de 1941 no qual já se especulava sobre os princípios que deveriam

pautar o universo das relações internacionais econômicas no pós Segunda

Guerra, onde o Governo Inglês e Norte-Americano se comprometeriam que

todos os Estados em caráter igualitário tivessem acesso as condições de

comércio e matérias primas para que pudessem prosperar economicamente.

Em 1944, com o objetivo de empreender a

liberalização, que ampliaria a interdependência entre os países e reduziria os

riscos de uma nova guerra mundial, os Estados Unidos convocaram uma

Conferência na cidade de Bretton Woods, com a presença de quarenta e quatro

países que acordaram com a criação de duas organizações que reordenariam as

finanças então devastadas pela guerra.

Sentiu-se desde o início a necessidade de se encontrar

solução para dois problemas fundamentais: evitar que os déficits externos dos

países se convertessem em crises econômicas globais e criar instrumentos para

financiar projetos de médio e longo prazo nas nações pobres (AMARAL JÚNIOR,

2008, p.368)

AMARAL (2002, P.44) traz a definição destas duas

organizações criadas na Conferência de Bretton Woods:

21

O Banco Mundial, com o objetivo de fornecer empréstimos a longo prazo para países subdesenvolvidos ou que deles necessitassem, baseados em projetos específicos a serem aprovados segundo critérios técnicos; O Fundo Monetário Internacional – FMI, para a concessão de créditos a curto prazo e em condições especiais para fazer frente a dificuldades emergenciais e temporárias com balanços de pagamentos.(...). O FMI buscaria a estabilidade nas taxas de câmbio, a liberação de restrições e a seu devido tempo a livre conversibilidade de moedas.

Este novo sistema econômico internacional surgiu a fim

de estabelecer uma estrutura que facilitasse a troca de bens, serviços e capitais

para promover o desenvolvimento econômico contínuo. Acreditava-se que criando

um sistema estável de taxas de câmbio levaria à expansão do comércio

internacional com benefícios generalizados.(AMARAL JÚNIOR, 2008)

Além das duas organizações acima que foram criadas,

Bretton Woods teria um outro projeto que era a criação da Organização

Internacional do Comércio (OIC) “ sob a égide dos princípios da especialização e

da descentralização no âmbito da cooperação econômica, conforme previsão na

Carta da ONU” (SABA 2002, 72). “Esta organização deveria ter surgido com a

evolução das negociações do GATT, firmado em 30 de outubro de 1947, mas que

nunca veio de fato a ser criada.” AMARAL (2002, P.44)

Segundo Gullo (2007, p.1) tal organização não vingou

pela não adesão do Estados Unidos.

Sobre a não adesão dos EUA a Organização

Internacional do Comércio, versa Amaral Júnior (2008, p. 370): “O temor de

comprometer a soberania norte-americana em virtude da competência atribuída à

nova organização motivou o Senado dos EUA a não apreciar o acordo constitutivo

da OIC, o que abriu uma claro vácuo regulatório”

O impasse foi resolvido em 1947 com a ratificação de

parte da Carta de Havana, assinada por 23 países e consolidando-se um Acordo

Geral sobre Tarifas e Comércio – GATT (General Agreement and Trade).

22

Este acordo representou o objetivo de serem criadas

regras para o comércio internacional que, a partir de então, seriam incrementadas

a cada rodada de negociações, aumentando seu alcance com a constante adesão

de outros países que desejavam fazer parte das negociações multilaterais de

liberalização do comércio. (GULLO, 2007, p.1)

O GATT está relacionado com o processo de

negociações que levariam a Carta de Havana. Os trabalhos a respeito do GATT

se dividiram em três grupos; o primeiro dava prosseguimento ao entendimento de

existir a necessidade de criação de uma instituição reguladora do comércio

internacional; o segundo dedicava-se a uma abrangente rodada de negociações

multilaterais para a redução recíproca de tarifas e o terceiro somou esforços para

elaborar as cláusulas gerais que deveriam pautar o comércio internacional sob a

luz da OIC. Os resultados do segundo e terceiro grupos de trabalho que deram

origem ao GATT conforme SABA (2002,p.74).

O GATT entrou provisoriamente em vigor em 1 de janeiro de 1948, regulando de forma insatisfatória muitas matérias, como resultado das naturais limitações decorrentes da das diferentes formas de enfrentar as questões econômicas, tendo à mesa de negociações tanto economias de mercado, propugnando forte liberalização do comércio internacional e fundadas nos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência, como economias, a exemplo da russa, altamente planificadas.” AMARAL (2002, P.45)

No terreno comercial, o GATT tornou-se o veículo

principal a incentivar a intensificação dos fluxos econômicos com redução de

barreiras alfandegárias ao comércio internacional de bens industrializados. Tal

acordo, que em princípio seria provisório, acabou originando uma organização

internacional de fato, que em várias situações agiu com grande competência e

imaginação no encaminhamento dos problemas e na busca de alternativas para

os impasses havidos durantes as negociações (AMARAL JÚNIOR, 2008)

Importante ressaltar que o GATT, anos depois da sua

criação viria a ser transformado na atual Organização Mundial do Comércio

(OMC) que será tratada mais adiante neste trabalho.

23

A regionalização e a globalização das economias é um

fenômeno irreversível, produzindo inequívocos e substanciais efeitos nas

legislações nacionais (...) Em nenhuma outra época da civilização humana o

mundo foi tão pequeno e tão sujeito a profundas e contínuas alterações nos

meios de organizações, comunicação, produção e distribuição, como relata

(AMARAL, 2004, P.50)

1.3 A INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL

Segundo SABA (2002, p.111) existem duas vertentes

que explicam as vantagens da integração econômica regional: Alguns aplicam a

teoria pura do comércio internacional se especializando nas vantagens

comparativas como, por exemplo, entender a integração como um second best no

processo de liberalização do comércio no nível global; e a segunda teoria que

baseados nos argumentos protecionistas, atribuem à integração econômica o

condão de possibilitar as escalas mínimas de produção necessárias à

industrialização, através da substituição de importações, dos países em

desenvolvimento.

Sobre o regionalismo Corrêa (2001, p.66) define que é

a redução preferencial de barreiras ao comércio entre um “subconjunto” de países

que podem ser, mas não necessariamente são, contíguo. Nesta definição fica

evidente que as preferências outorgadas sejam restritas a um subconjunto de

países e não se estendam a todos os países que formam o “conjunto” no sistema

mundial de comércio.

TORRES (2000, p.27) afirma que deve entender a

integração como um processo dinâmico de liberação das relações econômicas e

comerciais entre estados, cuja condução é amparada em estruturas político-

institucionais de cooperação e coordenação. Segundo este autor, a tendência à

formação de blocos não é apenas resultado da pressão do processo de

globalização da economia, esses processos de Integração tem se materializado

através de formas, que buscam tanto a criação de zonas de livre comércio, de

uniões aduaneiras quanto de mercados comuns, cujos objetivos finais abarcam a

24

coordenação de políticas macroeconômicas e até a unificação econômica e

política. A seguir, breves comentários sobre alguns destes acordos.

1.3.1 Área de Livre Comércio (ALC)

Trata-se de um grupo de países que concordou em eliminar

as tarifas, quotas e preferências que recaem sobre a maior parte dos (ou todos

os) bens importados e exportados entre aqueles países, para assim estimular o

comércio entre os países participantes.

A área de livre comércio é tida como a zona de livre

comércio relacionando ao primeiro estágio da cooperação nacional, implica o

livre trânsito de mercadorias, vale-se dizer, a redução e/ou a eliminação de

barreiras tarifárias e não tarifárias ao comércio intra regional. Cada um dos

participantes mantém a independência quanto a sua política de comércio exterior,

podendo exercer seus direitos de cobrança de aduanas sem quaisquer limitações

externas, (SABA,2002,p.117)

Ao se tratar desse assunto, TORRES (2000,P.27) versa: “

Através de um acordo ou tratado entre as partes, os estados interessados

negociam entre si a criação de zona onde os bens podem circular livremente, sem

a existência de barreiras tarifárias e não tarifárias”

1.3.2 União Aduaneira

Na união aduaneira, além da circulação dos bens, as partes

negociam tarifa externa comum para delimitar a fronteira externa de união frente

aos demais parceiros comerciais, esta tarifa externa comum denominada como

TEC que caracteriza a União Aduaneira.

Segundo SABA (2002, p.118) “ Há uma política comercial

comum, traduzida designadamente na aplicação de uma pauta única face ao

exterior e na negociação conjunta de qualquer acordo com países terceiros”

25

Esta tarifa, segundo o mesmo autor citado acima, reduz as

dificuldades para a determinação da origem dos produtos comercializados

intrabloco, e permite uma maior concertação1 dos Estados componentes dos

acordos regionais no universo das relações internacionais econômicas,

notadamente nos foros multilaterais.

1.3.3 Mercado Comum

Além da União Aduaneira com a livre circulação de bens

entre seus membros também se estabelece a livre circulação de pessoas serviços

e capitais. Conforme Torres (2000, p.28) “ Tal acordo exige a criação de

instituições com algum grau de supranacionalidade que determinem a legislação

do mercado comum, além de políticas comuns acima das políticas nacionais”

Segundo o mesmo autor, este Mercado Comum ainda

implica na coordenação e harmonização da legislação fiscal, trabalhista e de

sociedades, bem como de instrumentos de implantação das políticas comuns,

como modelos de orçamentos comunitários.

1.3.4 União Monetária

Este instituto pressupõe a implantação do mercado comum entre seus membros. Tem por si uma estreita coordenação das políticas econômicas, principalmente a níveis compatíveis de taxas de juros, taxas baixas de inflação e políticas monetárias de acordo com índices estabelecidos de déficits públicos. Torres (2000, p.29)

Conforme relata o autor acima, a União Monetária exige que

um processo de ajustamento e convergência das taxas de câmbio para faixas

compatíveis de flutação, agregada a existência de bancos centrais independentes

e de autoridade monetária comunitária.

1 “A concertação social é um procedimento com vistas à feitura de um acordo tripolar, no qual o governo não desempenha um papel de árbitro ou mediador, mas sim de parte, assumindo uma posição de negociador e não de autoridade, junto aos demais atores sociais”. (Cezar, 2008)

26

Temos como exemplo a criação do EURO, a moeda

européia, a partir de 1999.

1.4 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO

A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada por

um acordo constitutivo que fez parte da Ata Final que incorporou os resultados

das negociações comerciais e multilaterais da Rodada do Uruguai do GATT,

conforme versa CORREA (2001, p.52)

Iniciada em 1986, em Punta Del Leste, a Rodada Uruguai

prolongou-se até 1994 em virtude dos impasses surgidos durante as negociações.

A Rodada Uruguai permitiu a celebração de acordos sobre agricultura, têxteis,

serviços, propriedade intelectual e investimentos relacionados ao comércio, fato

que corresponde à transformação da economia internacional no início dos anos

90. Procurou-se compatibilizar as reivindicações dos países em desenvolvimento,

que pleiteavam a redução dos subsídios agrícolas e a liberalização do setor têxtil

e a pretensão dos países desenvolvidos de concluir tratados multilaterais sobre

temas como serviços e propriedade intelectual. O mais auspicioso resultado da

Rodada Uruguai foi a criação da OMC, que começou a funcionar em 1995.

(AMARAL JÚNIOR, 2008, P.376)

A OMC foi a primeira organização internacional do mundo

pós Guerra Fria, refletindo o fim da polaridade Leste-Oeste, a expansão das

empresas globais, o aumento dos acordos regionais do comércio e a constante

porosidade entre a vida internacional e a realidade interna dos Estados. Para se

fazer uma comparação, o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) em 1947

foi celebrado por 23 países e participaram da criação da OMC mais de 100

Estados e territórios aduaneiros. O GATT que por sua vez era um tratado

multilateral, que reúne partes contratantes; já a OMC, possui membros que são

Estados ou territórios aduaneiros, por ser uma organização internacional, dotada

de personalidade jurídica e aparato institucional para o exercício das funções que

lhe foram reservadas. (AMARAL JÚNIOR, 2008, P. 376/377.)

27

Para Lafer ( 1998, p. 23):

A OMC derivou do GATT, mas foi muito mais além do GATT. Tem um número muito maior de membros, em função de seu alargamento ratione personae, e uma vocação de universalidade, pela lógica do processo de acessões. Tem normas de maior alcance, por conta do seu aprofundamento ratione materiae, pois agora abrange serviços, propriedade intelectual, medidas de investimentos relacionadas ao comércio (TRIMs) e contempla agricultura e têxteis, setores que não estavam efetivamente incluídos na jurisdição do GATT.

Ainda se tratando das inclusões que foram feitas pela

OMC com base no GATT, TORRES (2000, p.60) diz: “ Além de incorporar os

objetivos e funções traçadas pelo GATT, a OMC estabelece série de regras que

deverão nortear os Países-Membros na condução do comércio internacional”

Já no que tange as funções da OMC, o acréscimo em

relação ao GATT, foi definido da seguinte forma conforme CORREA ( 2001,

P.58): administrar e implementar os acordos multilaterais e plurilaterais do

comércio que formam, conjuntamente, o próprio corpo normativo da OMC; atuar

como um fórum de negociações comerciais; administrar os acordos sobre solução

de controvérsias; revisar as políticas comerciais nacionais; e cooperar com o

Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Banco Internacional de

Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), para que se atinja um nível coerente

quanto às políticas econômicas mundiais.

De acordo com Thorstensen (1999, p.41) “ A OMC pretende

ser a coluna mestra do novo sistema internacional do comércio, que se pretende

mais integrado, mais viável e mais duradouro, fornecendo suas bases

institucionais e legais.”

Segundo Lafer (1998, p.22) as normas da OMC, são

fomentadas pela lógica da globalização que também inclui a esfera dos valores,

representam uma abrangente “codificação” e um significativo “desenvolvimento

progressivo do direito internacional público de cooperação econômica”. Suas

28

normas consolidaram uma visão do que deve ser um direito internacional

econômico.

As decisões da OMC são determinadas pelos os acordos

celebrados e se dão através das conferências ministeriais que contam com a

participação de representantes dos Estados-Membros e ocorrem a cada dois

anos, obedecendo ao princípio de “um país, um voto” que para deliberações sobe

assuntos gerais o quorum exigido é de maioria simples, porém é exigido a maioria

absoluta dos membros no caso de decisões sobre interpretações de acordos de

concessão de exceções a países conforme explica Torres (2000, p.61).

Sobre o acordo constitutivo da OMC, que visa traçar os

objetivos da organização, Thorstensen (1999) explica que o Acordo reconhece a

importância do conceito de desenvolvimento sustentável dentro da área do

comércio internacional, através da proteção do meio ambiente, além de também

reconhecer a necessidade de assegurar aos países em desenvolvimento uma

melhor parcela no comércio. Outro objetivo importante é que a OMC deve

constituir o quadro institucional comum necessário para a condução das relações

comerciais entre seus membros em matérias relacionadas aos acordos e

instrumentos legais incluídos no Acordo sobre a OMC.

Ainda sobre os objetivos, SABA (2002) afirma que “ A OMC

torna-se, assim, o arcabouço institucional competente para administrar todos os

aspectos do comércio internacional regulados pelos acordos contemplados na Ata

Final”

SABA (2002, p.100) afirma que com a OMC, a economia

mundial como um todo ingressou numa nova fase, com maiores direitos e deveres

para seus membros, o que deve assegurar de maneira mais efetiva os interesses

de países em desenvolvimento que, impossibilitados de obter maiores ganhos nos

processos de negociação bilateral, encontram-se no sistema multilateral uma

alternativa na preservação de seus interesses.

29

A OMC, além de reguladora, tem função de árbitro do

comércio internacional, funcionando como uma espécie de suprema corte

supranacional, intermediando e conciliando interesses divergentes ou conflitos

entre estados e ou entre entidades não estatais segundo TORRES (2000, p.65)

Outra orientação do autor acima citado é que é importante

ressaltar que diferentemente do GATT, a OMC possui personalidade jurídica e é

dotada, pelo menos teoricamente, de poder coercitivo e de sanção. Conforme

previsto na Carta da Organização, pode a OMC estabelecer punições e sanções

ou multas aos países que não respeitarem seus princípios.

1.4.1 Princípios da OMC

A OMC adotou os princípios e regras que inspiraram o

Acordo Geral de Tarifas e Comércio, no final dos anos 40. A Expressão GATT de

94 designa as regras elaboradas em 1947 acrescidas das alterações posteriores,

bem como os resultados das rodadas de liberalização comercial e os tratados

concluídos na Rodada Uruguai. Não existe, assim, solução de continuidade entre

o GATT e a OMC, mas indispensável aperfeiçoamento institucional. Preservou-se

a intenção de liberalizar o comércio internacional e combater o recrudescimento

do protecionismo. (AMARAL JÚNIOR, 2008,P.378)

Podemos destacar os principais alicerces da OMC como os

seguintes:Princípio da não discriminação,Cláusula da Nação Mais Favorecida,

Princípio da igualdade de tratamento, Princípio da transparência.

No tocante ao Princípio da não discriminação, este é o pilar

da OMC. Está contido no Art. I e no Art. III do GATT 1994 no que diz respeito a

bens e no Art. II e Art. XVII do Acordo de Serviços.

Conforme estabelece CORREA (2002, p.54), este princípio

é peça essencial dentro da sistemática da OMC, este princípio estipula que um

Estado deve outorgar o mesmo tratamento a todos os demais Estados: assim ao

outorgar determinada concessão a um Estado, deverá estendê-la aos demais

30

Estados partícipes do sistema multilateral de comércio. Sendo assim o princípio

revela um caráter duplo, sendo de um lado um princípio negativo pois representa

uma proibição do protecionismo e por outro lado é positivo pelo fato de ter como

intuito promover as trocas comerciais internacionais.

Reforçando o descrito acima, AMARAL JÚNIOR (2008,

p.379) esclarece que o GATT alcançou o multilateralismo com este princípio

visando estender a terceiros os benefícios aduaneiros conferidos por determinado

governo.

A Cláusula da Nação Mais Favorecida está prevista no Art. I

do GATT 94 onde um país é obrigado é estender aos demais Membros qualquer

vantagem ou privilégio concedido a um dos Membros.

Esta cláusula tanto no antigo GATT, quanto na OMC, é um

principio basilar, pois busca um comércio mundial sem barreiras comerciais, esta

clausula visa assegurar a aplicação do princípio da não discriminação entre os

partícipes do comércio mundial, traz o princípio de que, quando for aplicada e

administrada as obrigações relativas à importação e exportação, todas as Partes

Contratantes obrigam-se a estender a cada uma das demais tratamento tão

favorável quanto ao que tenha sido outorgado a qualquer outra. CORREA (2002,

p.54).

Para AMARAL (2008, P.379) tal cláusula prevê que toda

vantagem, favor, imunidade ou privilégio referentes a direitos aduaneiros deverão

ser concedidos aos produtos similares comercializados com as outras partes

contratantes.

O Princípio da igualdade de tratamento impede o tratamento

diferenciado de produtos nacionais e importados, quando o objetivo for discriminar

o produto importado desfavorecendo a competição com o produto nacional. Está

previsto no Art.III do GATT 94.

31

Conforme versa CORREA (2002, p.54), tal princípio

disciplina que os produtos importados de um Estado Membro, gozem noutro

Estado Membro qualquer do mesmo tratamento conferido nesse segundo Estado

aos seus produtos nacionais similares, no que concerne a tributos os quaisquer

outros encargos. Tendo como objetivo afastar a possibilidade dos Estados

lançarem mão de medidas, como a aplicação de tributos internos, que produzam

efeitos protecionistas os discriminatórios, pois isso ocasionaria a perda das

próprias vantagens negociadas.

Tal tese é reforçada por AMARAL JÚNIOR (2008, p.379)

onde estabelece que este princípio veda o emprego de medidas diferentes para

os produtos nacionais dos produtos importados. Esta proibição recai sobre edição

de leis e atos administrativos que elevem o preço dos produtos importados ou

dificultem sua comercialização no mercado doméstico.

Concernente ao Princípio da transparência, este é outro pilar

fundamental, sem o qual até mesmo a aplicação dos outros princípios restaria

prejudicados, pois exige que os Estados-Membros realizem a devida notificação à

OMC de todas as regulamentações comerciais, subsídios, reduções de tarifas

alfandegárias, implementação de acordos de preferência tarifária, enfim todo o

tipo de norma que, de alguma maneira, atinja o comércio internacional, direta e

indiretamente.

A transparência, que se tornou regra fundamental no GATT

e na OMC, impõe aos membros o dever de informar, de modo amplo, o conteúdo

da política adotada. As medidas econômicas internas, como a concessão de

subsídios a certo setor industrial ou a restrição ao ingresso de bens estrangeiros,

extravasam o âmbito doméstico, afetando as exportações de outros países .

Vigora, por isso, a obrigação dos membros da OMC de publicar leis,

regulamentos, decisões judiciais e regras administrativas, que poderão repercutir

nos fluxos internacionais do comércio. (AMARAL, 2008, p.379)

O comércio deve ser conduzido sem qualquer discriminação,

pois todas as partes contratantes são obrigadas a se conceder, mutuamente,

32

tratamento tão favorável quanto aquele dado a qualquer país, na aplicação e

administração dos direitos e impostos de importação e exportação.

Diante destes princípios os idealizadores do GATT estavam

cientes de que a eficácia das regras dependia do estabelecimento de algumas

exceções. O art.20 consagrou as exceções gerais, ao dispor que nada no Acordo

deve impedir a adoção de medidas para proteger a moral pública e a saúde

humana, animal ou vegetal; o comércio de ouro e prata; a proteção de patentes,

marcas e direitos do autor; tesouros artísticos e históricos, recursos naturais

exauríveis e a garantia de bens essenciais.

1.4.2 Estrutura da OMC

A OMC criou uma estrutura orgânica completa que conta

com os seguintes órgãos para atingir seus objetivos tais como a Conferência

Ministerial que conta com o Conselho Geral que é responsável pelo, por exemplo,

Orgão de Solução de Controvérsias, de Revisão de Política Comercial; Comitês

sobre o comércio e meio ambiente, sobre comércio e desenvolvimento, sobre

acordos regionais do comércio conta também com grupos de trabalhos sobre as

relações entre comércio e investimentos, etc. Outros conselhos que estão na

Conferência Ministerial são: O conselho sobre comércio de bens, sobre comércio

de serviços e sobre direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio,

sendo assim este trabalho irá discorrer somente sobre os órgãos mais relevantes

da OMC.

1.4.2.1 Conferência Ministerial

Segundo Thorstensen (1999, p.42) “ O órgão máximo da

organização é a Conferência Ministerial composta pelos representantes de todos

os seus membros, que se reúne, no mínimo a cada dois anos. Este órgão tem a

autoridade para tomar decisões sobre todas as matérias dentro de qualquer um

dos Acordos Multilaterais.” Tal conferência tem como prerrogativa se manifestar

sobre todos os assuntos compreendidos no âmbito dos tratados assinados

conforme SABA (2002, p.103).

33

Este órgão também te a responsabilidade de indicar o

Diretor-Geral para chefiar a Secretaria da OMC, estabelecendo seus poderes,

deveres, condições de trabalho e mandato, também lhe cabe a criação dos

Comitês adicionais de acordo com CORREA (2001, p.61).

Como tem competência para decidir por qualquer matéria

objeto dos acordos, são realizadas reuniões que devem ocorrer a cada dois anos

ou sempre que se fizer necessário para debater questões cuja análise se tornou

premente. (AMARAL, 2008, p. 380).

1.4.2.2 Conselho Geral

É composto também pelos representantes de todos os

membros, e que se deve reunir nos intervalos entre as reuniões da Conferência.

Cumpre a ele estabelecer suas próprias regras de procedimento bem como as

regras de procedimentos dos Comitês criados. É o corpo diretor da OMC e é

integrado pelos embaixadores, que são representantes permanentes, dos países

membros em Genebra ou por delegados que são enviados para este fim.

Segundo CORREA (2001, p.61) “ O Conselho Geral reunir-

se-á, quando necessário, para desempenhar a função de Orgão de Solução de

Controvérsias, conforme estabelecido o Entendimento sobre Solução de

Controvérsias ou, ainda, a função de Órgão de Exame de Políticas Comerciais” .

1.4.2.3 Órgão de Solução de Controvérsias

Este órgão foi criado como mecanismo de solução de

conflitos na área do Comércio, segundo versa Thorstensen (1999, p.44), contém

todo um sistema de regras e procedimentos para dirimir controvérsias sobre as

regras estabelecidas pela OMC.

O Orgão de Solução de Controvérsias representa o

elemento essencial para trazer a segurança e previsibilidade ao sistema

multilateral do comércio, sobretudo quando este sistema apresenta desigualdades

econômicas e interesses nacionais contrários e chocantes como é o caso do atual

34

cenário global. Ou seja, esta segurança existe a partir do estabelecimento de

normas centralizadas que implicam a previsão de sanções e causam o sentimento

de obrigatoriedade a todos aqueles que contrataram e vincularam-se ao Direito

vigente e institucionalizando (com poder de centralização e autoridade para

aplicá-lo) aos membros desta Organização. (GULLO, 2007, p.8)

Destina-se em tese, a dirimir disputas comerciais entre os

membros da OMC. Regras próprias estabelecem o procedimento a ser seguido

para a resolução de um conflito. Concebido para promover a eficácia dos acordos

que se inserem no âmbito de competência da OMC, este Órgão é composto pelos

integrantes do Conselho Geral que atuam em função específica. (AMARAL

JÚNÍOR, 2008, p.380).

Ainda Thorstensen (1999, p.44) diz “que este órgão prevê

uma fase de consultas entre as partes, e se necessário, o estabelecimento de

painéis para examinar a questão e finalmente, quando solicitado, consulta para o

Orgão de Apelação”

1.4.2.4 Órgão de Revisão de Política Comercial

Este Órgão supervisiona periodicamente as decisões

governamentais, no plano do comércio, as políticas comerciais, adotadas pelos

membros da OMC e verifica se não houve violação dos acordos celebrados. A

investigação realizada desenvolve-se em várias etapas, nos quais o membro

investigado oferece as informações sobre as medidas internas que afetam o

comércio internacional. Também fornece aos membros uma visão geral da

política seguida pelos demais, tendo em vista o princípio da transparência.

Integram o referido Órgão os representantes dos membros da OMC em Genebra

ou delegados incumbidos dessa tarefa (AMARAL JÚNIOR, 2008, p.380).

1.4.2.5 Conselhos para Bens, Serviços e Propriedade Intelectual

Tais conselhos são compostos pelo Conselho sobre o

Comércio de Bens, o Conselho sobre o Comércio de Serviços e o Conselho sobre

os Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio e cuidam da

implementação dos acordos específicos para essas áreas. Geralmente tem

35

assento nesses conselhos os delegados dos países membros residentes em

Genebra ou integrantes dos governos enviados especialmente a estas reuniões

(AMARAL JÚNIOR, 2008, p.380).

CAPÍTULO 2

CONTRATOS INTERNACIONAIS

2.1 DOS CONTRATOS EM GERAL

Para que se possa elaborar um estudo sobre os contratos

internacionais é imprescindível que se tenha conhecimento do que é um contrato.

Seguindo uma linha de raciocínio histórica, Aristóteles

entendia que o contrato era uma lei feita por particulares visando um determinado

negócio. Já Kelsen tinha a mesma linha de raciocínio que considerava o contrato

como uma norma jurídica particular. (BARROS, 2003 apud CÁRNIO, 2009, p.4).

Não pode se fixar uma data específica de surgimento do

contrato, desde os primórdios da civilização, quando foi abandonado o estágio da

barbárie, o contrato passou servir como instrumento de circulação de riquezas

visando estabelecer uma justa medida de interesses contrapostos. Cada

sociedade producente, cada Escola doutrinária desde os canonistas, passando

pelos positivistas e jusnaturalistas contribuíram de certa forma para o

aperfeiçoamento do conceito jurídico do contrato e de suas figuras típicas, pois

trata-se da espécie mais importante e socialmente difundida de negócio jurídico,

destacando-se como a força motriz das engrenagens socioeconômicas do mundo.

(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2007).

Segundo Theodoro Júnior (1993, apud MARTINS, 2008) o

contrato confunde-se com a origem do Direito e evoluiu na mesma proporção em

que os valores da civilização foram se afirmando e ampliando. Sendo que o

aumento de circulação de riquezas e o crescente volume de negócios exigem a

utilização do contrato com maior frequência, cuja variedade de tipos acompanha a

diversificação das relações humanas e comerciais.

37

Para Wald (2000, apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,

2007, p.01):

Poucos institutos sobreviveram por tanto tempo e se desenvolveram sob formas tão diversas quanto o contrato, que se adaptou a sociedades com estruturas e escala de valores tão distintas quanto às que existiam na Antiguidade, na Idade Média, no mundo capitalista e no próprio regime comunista

Doutrinariamente dentro da teoria dos negócios jurídicos, os

atos bilaterais decorrem de um acordo de mais de uma vontade, distinguindo dos

atos unilaterais que é a manifestação de uma das partes, dependendo da

coincidência do consentimento das outras partes para realizar o negócio jurídico.

(RODRIGUES, 2007)

Visto que este ato bilateral, é o negócio jurídico gerador de

obrigações que sujeita as partes à observação de conduta idônea à satisfação

dos interesses que regula. O contrato é o encontro de duas declarações

convergentes de vontades emitidas com o objetivo de constituir, regular ou

extinguir, entre os declarantes, uma relação patrimonial mutuamente conveniente.

(GOMES, 1995 apud CÁRNIO, 2009, p.04).

Na conceituação Maria Helena Diniz, a mesma ratifica o

contrato é um negócio jurídico que para sua formação depende do encontro da

vontade das partes por ser um ato regulamentador de interesses privados, por

apresentar-se como uma “norma” estabelecida entre as partes. Tem como

essência a auto-regulamentação dos interesses particulares reconhecida pela

ordem jurídica. Neste contrato é acordado entre as partes o modo que se deve

conduzir este negócio jurídico, combinando seus interesses, constituindo,

modificando, ou extinguindo obrigações. Tem como fundamento a vontade

humana, desde que esteja atuando de acordo com à ordem jurídica, e como

habitat o ordenamento jurídico. (2006, p.8).

Desta forma, para RODRIGUES (2007, p.10):

38

Uma vez ultimado, o contrato liga as partes concordantes, estabelecendo um vínculo obrigacional entre elas. Algumas legislações vão ao ponto de afirmar que as convenções legalmente firmadas transformam-se em lei entre as partes. Tal vínculo se impõe aos contratantes, que, em tese, só podem desatar pela concordância de todos os interessados. E o descumprimento da avença por qualquer das partes, afora os casos permitidos em lei, sujeita o inadimplente à reparação das perdas e danos.

Uma vez apresentado o conceito de contrato no sentido geral,

a correta percepção do que é um contrato internacional, será melhor

compreendida e logo após a conceituação dos contratos internacionais, restará

mais claro a diferenciação entre um contrato interno e o contrato internacional.

2.2 DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS

2.2.1 Peculiaridades, conceitos e características

Existem algumas divergências entre os estudiosos a respeito

da exata definição do que é o contato internacional, porém não se pode fugir das

características dos negócios jurídicos em geral que são a bilateralidade, a

capacidade e a comutatividade, entre as características mais comuns. Desta

formar para ser internacional deve conter cláusulas que possam se conectar a

mais de um sistema jurídico ( SALEME, 2009, P. 120).

Segundo Strenger (2003, p.31): “O contrato internacional é

consequência do intercâmbio entre Estados e pessoas, no sentido amplo, cujas

características são diversificadoras dos mecanismos conhecidos e, usualmente,

utilizados pelos comerciantes circunscritos a um único território e pelos

transterritoriais”

Não obstante GARCEZ (1994, p. 5) observa o conceito de

contrato, pode ser razoavelmente expresso pela a representação de um acordo

de vontade entre partes capazes, que possam criar, extinguir ou modificar direitos

e produzir efeitos de natureza patrimonial, acha-se contemplado e definido, de

39

distintas formas, de acordo com os diversos sistemas legais adotados pelos

países.

Dessa forma pode-se também expressar que o contrato

internacional é cabível a todo aquele que pode dar lugar a um conflito de leis,

onde seriam necessárias a presença de um elemento de conexão estrangeiro

como explica Baptista (1994, p. 13)

Já Basso, (2002, p.17) observa que o contrato internacional

tem três fases fundamentais: a formação (geração), a conclusão

(aperfeiçoamento) e execução (consumação).

A fase da formação equivale ao período de geração propriamente disto do contrato, quando este deixa o plano da cogitação e entra para o da existência. Através dela, as partes vão subindo os degraus de uma escada que as conduzirá à conclusão do negócio.(...) Por “formação”se entende o conjunto de atos através dos quais pode surgir o consentimento contratual, o encontro das vontades que, declaradas, exteriorizadas, fazem nascer o contrato propriamente dito.(...) A formação é, assim, o caminho que conduz à conclusão, desde que naquela visam as partes à realização do negócio. Nem todo o processo de formação implica necessariamente a conclusão de um contrato.(...) Por conseguinte, podemos dizer que a formação dos contratos internacionais é o período de ajuste da vontade e dos interesses das partes, que têm por objetivo a conclusão de um acordo, e cujas as tratativas e atos praticados são capazes de produzir consequências jurídicas segundo as expectativas que geram e os possíveis prejuízos que o rompimento arbitrário pode acarretar à outra parte.(Basso, 2003, p.19-20)

Segundo Strenger (2003, p.63) o contrato internacional é um

elemento dinâmico não um monumento jurídico, este autor versa que ao invés de

abrigar o contrato internacional num cofre-forte e somente pegá-lo se houver um

litígio, quando não há extra recordação dos termos que contém, é preciso ter o

contrato internacional como um instrumento de trabalho que permite verificar,

periodicamente, se possível com os co-signatários, se as circunstâncias nas quais

foi concluído continuam as mesmas.

A importância dos contratos internacionais é reforçada ao se

afirmar que trata-se do motor do comércio internacional e partindo para uma

40

abordagem mais ampla, motor das relações internacionais em todas as suas

matizes, onde tais contratos podem apresentar coincidências nominalísticas com

os contratos de direito internos, porém na sua essência não há identificação entre

os modos contratuais ( STRENGER, 2003, apud CÁRNIO, 2009, p.07).

Para CÁRNIO (2009, p.13):

A correta conceituação e caracterização do contrato internacional verifica-se na medida em que se decorreu seu caráter internacional a necessidade de se identificar o sistema jurídico aplicável aos elementos contratuais, dentre os sistemas que a ela se relacionam, sejam existência de elementos de estraneidade, seja por ter-se revelado internacional em sua essência.

Segundo Garcez (1994, p. 90) na doutrina francesa foram

criadas duas correntes sobre a caracterização dos contratos internacionais: a

econômica onde o contrato internacional seria o que simplesmente permitisse um

duplo trânsito de bens e valores, do país para o exterior e assim vice e versa; e o

jurídico, que é mais abrangente que a primeira caracterização, que verifica-se a

internacionalidade do contrato quando exista algum “elemento de estraneidade”

no contrato, tais elementos podem ser o domicílio entre as partes, o local da

execução do seu objeto ou outro equivalente. Tal autor também destaca que a

evidência de um contrato ser internacional não se revela apenas quando têm

elementos estrangeiros, mas sim, em sentido amplo, revela-se quando existem a

conseqüência de intercâmbio entre Estados e pessoas em diferente territórios.

Sendo que os mecanismos usualmente utilizados entre as partes são

diferenciados dentro de um único território e aqueles utilizados

transterritorialmente.

Segundo Baptista (1994, p. 25) vários elementos existentes

no contrato podem vinculá-los a Estados diferentes: a vontade das partes, o lugar

de conclusão, o de execução da obrigação, a nacionalidade, o domicílio, ou a

localização do estabelecimento das partes, a moeda utilizada, a procedência ou o

destino dos bens ou direitos objeto do contrato e outros de menor relevo.

41

Para Strenger (2003, p.43) os contratos internacionais são

frutos de uma multiplicidade de fatores que envolve métodos e sistemas

interdisciplinares, inspirados na economia, na política, no comércio exterior, nas

ciências sociais e com frutos colhidos na relações internacionais.

Tendo em vista todos os conceitos supra citados, cabe

ressaltar que a principal característica deste contrato é a vinculação com um ou

mais sistemas jurídicos estrangeiros, este fenômeno pode decorrer da

nacionalidade das partes, o local de execução da obrigação contratualmente

avençada, o centro de principais atividades, ou, ainda, de seu caráter

essencialmente internacional (CÁRNIO, 2009, p.11)

2.2.2 Diferença entre contratos internos e internacionais

Após buscar os conceitos tanto dos contratos internos

quantos dos contratos internacionais é necessário estabelecer um paralelo

buscando a diferenciação de cada um destes contratos.

Nos contratos internacionais é importante salientar que são

envolvidos em uma atmosfera política e econômica, extremamente sensível as

constantes mutações geradoras de conflitos e incertezas, tais modificações

também ocorrem no plano interno, porém ao se levar em consideração que no

contrato internacional é inevitável enfrentar a repercussão de sistemas e direitos

diferenciados pela multiplicidade de elementos conflitantes exigindo instrumentos

harmonizadores para estes conflitos, cabe ressaltar que na esfera nacional não

existe tal necessidade (STRENGER, 2003, p.32).

Para Engelberg (2007, p. 20) a diferença fundamental está

no fato de que as cláusulas referentes à conclusão, capacidade das partes e o

objeto no contrato internacional se relacionam a mais de um sistema jurídico.

“Estruturalmente, os contratos internacionais revelam alguns

caracteres constitutivos, que se paralelizam com os contratos como são

42

concebidos nos diferentes Direitos Internos, com algumas variações que não

mexem na sua essencialidade” (STRENGER, 2005, p. 79).

Já relação ao contrato interno, Cárnio ( 2009, p.7) versa que

as partes contratantes, o objeto do contrato e os elementos estão sob a égide de

um único ordenamento jurídico, visto que tanto a formação quanto o

aperfeiçoamento e os efeitos jurídicos do contrato sujeitam-se às normas deste

ordenamento.

Definindo a contratação tanto no âmbito interno quanto

externo, deve-se lembrar as palavras de SIQUEIROS (apud STRENGER, 2003,

p.33):

A contratação, isto é, o acordo bilateral pode produzir-

se nos âmbitos interno e internacional. Quando os elementos constitutivos do

contrato ( partes, objeto, lugar onde se pactua a obrigação, lugar onde deverá

surtir seus efeitos) se originam e se realizam dentro dos limites geográfico-

políticos de um único país, estamos situados no âmbito interno das obrigações.

Inversamente, quando as partes contratantes tenham nacionalidades diversas ou

domicílio em países distintos, quando a mercadoria ou o serviço objeto da

obrigação seja entregue ou seja prestado além-fronteiras, ou quando os lugares

de celebração e execução das obrigações contratuais tampouco coincidam,

estaremos no âmbito dos contratos internacionais. (...) Do ponto de vista da lei

aplicável aos efeitos contratuais, a diferença é evidente. Enquanto no primeiro

caso (âmbito interno) o Direito Interno regulará todos os aspectos relativos à

formação e conseqüências do negócio jurídico, na segunda hipótese (âmbito

internacional) existe a possibilidade de que diversas legislações pretendam

exercer o controle, tal como a lei nacional das partes contratantes, a lei do

domicílio, a lei da celebração do contrato, a lei do lugar de sua execução, etc. Dito

em outras palavras, o contrato escapa à regulação do Direito Interno.

43

2.3 PRINCIPAIS CONTRATOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Apresentado o conceito de contratos internacionais, convém

explicitar os principais contratos do comércio internacional. Desta forma há de se

fazer referência ao Direito Comercial Internacional que segundo Strenger (2003,

p.758) é a parte do direito internacional privado que, fundando-se nos

ensinamentos da ciência jurídica e nas disposições de direito positivo, tende a

estabelecer princípios que resolvam conflitos de legislações em um ou outro

Estado, ou que sirvam para determinar os limites de aplicação em cada território

das normas consagradas por lei ou diversos usos em tudo o que ser refere a

matéria comercial.

2.3.1 Aspectos conceituais dos principais contratos do comércio

internacional

São assim considerados, contratos do comércio

internacional os contratos cujo objeto relaciona-se a matéria de cunho comercial.

Ao tratar deste assunto, a autora Thaís Cíntia Cárnio faz

referência a Vicente (2003, apud CÁRNIO, 2009, p.14) que define como contrato

econômico internacional, os contratos visam os seguintes pontos:

(...) Contratos que desenvolvem o intercâmbio de mercadorias, serviços e capitais entre empresas de diferentes países; contratos nos quais pelo menos uma das partes desempenha papel preponderante no meio econômico internacional, sempre no que se refere à matéria objeto do contrato; contratos que não afetam apenas os Estados diretamente conectados com à operação, mas dadas a concentração oligopolista dos bens e a estrutura do comércio mundial, geram efeitos que recaem sobre todos os integrantes da área do mercado de bens e serviços aos quais se referem; contratos que interferem nos interesses corporativos do conjunto de empresas que se dediquem ao setor de atividade da operação, dada a organização transnacional dos poderes econômicos privados; contratos cuja forma responda características peculiares, tais como a homogeneidade de suas disposições, a arbitragem e o emprego de terminologia unificada.

Conforme explica Strenger (2003, p.79) “Os contratos

internacionais do comércio têm seus elementos subjetivo e objetivo e não

44

prescindem da patrimonialidade. Contudo, é preciso acentuar que a

internacionalidade dos contratos impõe a pesquisa de outros dados, igualmente

constitutivos, concernentes às incursões dos sistemas alienígenas, que se

corporificam numa estrutura unificada.

Segundo o mesmo autor (2003, p.79) “ Estruturalmente, os

contratos internacionais revelam alguns caracteres constitutivos, que se

paralelizam com os contratos como são concebidos nos diferentes Direitos

Internos, com alguma variações, que não mexem na sua essencialidade”

Para entender a definição do contrato do comércio internacional é de grande auxílio a percepção de outros tipos de contratos que não estão incluídos neste conceito. Há de se citar os contratos de consumo e os contratos de trabalho, mesmo que as partes estejam submetidas a sistemas jurídicos diferentes, tais contratos não estão abarcados neste conceito, dada a matéria e a especificidade do tipo de relação estabelecida entre as partes. Enquanto nos contratos comerciais internacionais as partes atuam na formação contratual com certa igualdade de forças, ao tratar do contrato de consumo, o liame existente entre o consumidor e fornecedor traz uma relação de desequilíbrio de força entre os participantes; o consumidor é hipossuficiente diante do fornecedor. Desta forma as normas aplicáveis a matéria comercial e que visam a harmonização dos operadores do comércio internacional, não surtiriam efeito em matéria consumerista. Pelas mesmas razões, nos contratos de trabalho internacionais também existe a desigualdade de forças que carece de intervenção normativa, tendo em vista que o empregado e o empregador não estão em condições paritárias para negociação de termos contratuais, ademais esta matéria tem seus próprios preceitos, baseados nessas peculiaridades (CÁRNIO, 2009, p.15).

Ao concluir seu pensamento sobre a definição do contrato

do comércio internacional, Strenger (2003, p.93) versa:

São contratos internacionais do comércio todas as manifestações

bi ou plurilaterais de vontade livre das partes, objetivando relações

patrimoniais ou de serviços, cujos elementos sejam vinculantes de

dois ou mais sistemas jurídicos extraterritoriais, pela força do

domicílio, nacionalidade, sede principal dos negócios, lugar do

contrato, lugar de execução, ou qualquer circunstância que exprima

um liame indicativo de Direito aplicável.

45

Após explanar sobre o contrato do comércio internacional,

será feito uma breve menção a respeito dos principais contratos do comércio

internacional.

2.3.2 Contrato de compra e venda internacional

Este contrato por ser o mais importante e ser a operação

mais frequente é o principal instrumento jurídico do exportador e do importador.

Tendo como objetivo, especificadamente, regulamentar os

direitos e as obrigações das partes, relativo a determinado objeto, bem como

estabelecer a relação jurídica pactuada entre parceiros comerciais, tornando-a –

tanto quanto possível – imparcial e perfeita. Assumirá caráter internacional

quando esta relação jurídica ocorrer entre parceiros comerciais de nações

diferentes – exportador (vendedor) e importador (comprador) conforme Murta

(2005, p.01)

É através desse contrato que também se manifesta a nova Lex mercatoria, seja na forma dos chamados “contratos-tipo”, verdadeiros modelos formulares de contrato de compra e venda adotados pelos membros das associações de profissionais do comércio internacional (...) seja na utilização das “cláusulas-padrão, como os Incoterms (criados pela Câmara do Comércio Internacional – CCI, de Paris), que têm o mesmo significado no mundo inteiro, seja, ainda, na adoção da arbitragem como principal mecanismo de solução de controvérsias entre vendedor e comprador. AMARAL (2004, P.231).

Este contrato pode ser regido por lei de determinado Estado,

dependendo do elemento de conexão utilizado, normalmente a lei de domicílio do

vendedor ou do comprador, ou; por um tratado internacional devidamente

ratificado e internalizado pelos Estados nos quais estão domiciliadas ambas as

partes da operação (AMARAL, 204, p.232).

Para Murta (2005, p.03) os contratos de compra e venda

internacionais são classificados da seguinte forma:

46

Consensual. Devido ao fato de ser estabelecido com base na vontade e no consentimento mútuo das partes envolvidas, característica que, aliás, é comum a todas as espécies contratos; Bilateral: Uma vez realizado o acordo, surgem direitos e obrigações para ambos os contratantes: para o exportador, a obrigação de transferir a propriedade do objeto negociado ao importador, e para este a obrigatoriedade de pagar pelo objeto; Oneroso. Por gerar obrigações de ordem financeira para ambas as partes intervenientes, como ocorre em qualquer tipo de transação comercial; Comutativo. Sempre que seu objeto puder ser considerado certo, seguro e definitivo. Ocasionalmente, contudo, poderá assumir um caráter aleatório, caso o exportador não disponha, fisicamente, no momento da formação do contrato, do objeto contratual. Nesse caso, o contrato deverá precisar, de forma explícita e expressa, o gênero e a qualidade do objeto(...) assumindo, concomitantemente, total responsabilidade pela a entrega do objeto contratual segundo as especificações previamente pactuadas ou as amostras apresentadas; Típico. Por ser um ato jurídico regulamentado por um diploma legal específico.

Ao concluir o tema, Murta (2005, p.83) afirma que o que

realmente importa para a efetiva validade, autenticidade e eficácia, antes da

assinatura do contrato é definir de comum acordo, da forma mais imparcial

possível, os interesses, os direitos e as obrigações das partes contratantes, o

Foro Contratual e a condição de venda que o regerá sendo a mercadoria e o

objeto do contrato, os elementos essenciais para a concretização efetiva deste

contrato. Tais medidas são necessárias a fim de evitar o assim chamado contrato

“leonino”, sem ferir ou confrontar legislações específicas de seus respectivos

países.

2.3.3 Contrato de representação ou agenciamento internacional

Outro formato de contrato muito utilizado no âmbito

internacional é o contrato de representação ou agenciamento internacional, por

meio deste a parte contratante firma acordo com um terceiro – pessoa física e

jurídica – que irá atuar como representante legal de seus produtos, nos mercados

internacionais designados pelo contratante e previamente pactuados entre

ambos, conforme explicação de Murta (2005, p.125).

47

Conforme o autor supra citado, tal contrato se assemelha ao

contrato de compra e venda internacional, porém com alguma diferenças sutis. A

principal diferença consiste em que a transação comercial não é definida

diretamente entre o importador e o exportador, mas por um interveniente entre

ambos, que trata-se da figura do agente internacional propriamente dito. Quando

se efetivar a venda ao importador através do agente, logo ensejará no contrato de

compra e venda internacional firmado entre o exportador e o importador.

Sobre a semelhança entre este contrato e o contrato d

venda, Strenger (2003 p.493) versa que por um lado o contrato de venda

internacional encontra mais aplicação, o contrato de agência, que também

existem procedimentos de venda marcantes, é importante ressaltar que em

praticamente todos os sistemas legais, existem ordenamentos jurídicos a respeito

da matéria, sendo quase sempre disciplinando as relações entre agente e

preponente.

Segundo Strenger ( 2003, p. 493) “Uma das constantes nos

contratos de agência é fixar obrigação principal do agente, que consiste no

desenvolvimento de uma atividade para promover, por conta do proponente, a

conclusão de contratos em determinada zona”

Para Amaral (2004, p.246) tal contrato independentemente

de ser nacional ou internacional, deverá prever obrigatoriamente, além de outros

tópicos livremente negociados entre as partes e comuns a outros contratos:

- as condições gerais;

- a referência genérica ou discriminação específica dos produtos objeto da agência;

- prazo, que poderá ser determinado ou indeterminado; fixação da zona ou zonas, para efeito de delimitação precisa da área geográfica que a agência será exercida;

- previsão de exclusividade, ou não, de zona ou setor de zona; estipulação de retribuição (comissões), geralmente calculada

48

sobre o valor do faturamento das vendas intermediadas pelo agente;

- época de seu pagamento, depende da realização das mesmas pelo o agente e recebimento, ou não, pelo proponente dos respectivos valores;

- enumeração taxativa das hipóteses justificadoras de restrição de zona concedida com exclusividade; previsão expressa de exercício exclusivo, ou não, da agência a favor do proponente, sendo admissível a de exercício não-exclusivo, mas desde que não conflitante ou incompatível com o gênero de indústria ou comércio proponente;

- e indenização devida ao agente, que variará conforme prazo contratual seja determinado ou indeterminado.

Nesse sentido Strenger (2003, p.493) esclarece que “a

função de agente, enfim, responde a uma exigência de caráter econômico, qual

seja, a de representar os interesses dos industriais e comerciantes em

determinada zona, possibilitando-lhes o exercício de sua atividade mercantil, com

um mínimo de riscos, e facilitando a penetração de seus produtos.”

Para Murta (2005, p.130) nos contratos de agente, o aspecto

fundamental é estabelecer inicialmente os mercados-alvo e os produtos que

poderão ser negociados nesses mercados, com o objetivo de evitar duplicidade

de representação de produtos em determinado mercado que podem levar à

anulação do contrato; é importante, também definir com precisão o percentual de

comissão a ser pago pelo o agente e o valor que será considerado como base de

cálculo. Uma vez feito o acordo entre o agente e o exportador, serão garantidos

os seus direitos e determinadas as suas obrigações acerca do objeto a ser

negociado.

2.3.4 Contrato de franquia (franchising)

O contrato de franquia consiste na concessão de marcas de produtos já registrados e de conhecimento público, aceitos por sua qualidade, popularidade, confiabilidade, preço, etc., a determinada pessoa, a qual passa a se constituir em empresa. O franqueador (franchiser), ou exportador, oferece a distribuição dos

49

produtos, assistência técnica e informações sobre como comercializá-los.

Assim explica Murta (2005, p.191.)

Tal contrato está previsto na legislação brasileira na Lei

8.955/94. O artigo 2º define o contrato de franquia como o sistema pelo qual um

franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado

ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e,

eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e

administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo

franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique

caracterizado vínculo empregatício.

No contrato de franquia existem dois elementos que são

essenciais, o primeiro é o franqueador (exportador) que deverá dispor de uma

mercadoria cuja a comercialização seja assegurada, podendo ser o próprio

fabricante dela, seu distribuidor geral ou ainda uma empresa comercial que

permita a comercialização por terceiros, dos produtos que usualmente distribui.Já

o franqueado (importador) , deve ser também uma empresa, individual ou

coletiva, que dedica-se exclusivamente a distribuição dos produtos. A franquia é

uma operação legitimamente comercial. (MURTA, 2005, p.192)

Para Martins (1990, apud STRENGER, 2003, p.385):

Baseados nos elementos que nos fornecem os métodos de

comercialização pela franquia, podemos conceituar esta como o contrato que liga

uma pessoa a uma empresa, para que esta, mediante condições especiais,

conceda à primeira o direito de comercializar marcas ou produtos de sua

propriedade sem que, contudo, a essas estejam ligadas por vínculo de

subordinação. O franqueado, além dos produtos que vai comercializar, receberá

do franqueador permanente assistência técnica e comercial, inclusive no que se

refere à publicidade dos produtos.

50

Murta (2005, p.192) define como a principal finalidade da

franquia, a exploração de um produto ou marca de renome, sob a assistência de

um franqueador ou exportador. O Código de Defesa do Consumidor determina

que o termo produto significa tudo aquilo que pode ser oferecido, desta forma os

objetos a ser negociados através da franquia englobam as mais variadas

espécies, e é essencial que esses objetos estejam garantidos por uma marca

registrada e que exportador, intermediário ou produtor, esteja devidamente

autorizado a conceder sua comercialização a terceiros. A fixação da franquia

dependerá de todos esses elementos, que por sua vez deverão estar presentes

no contrato.

Já Strenger (2003, p.381) explica que “Franchise, com o

mesmo significado de liberdade, corresponde no tradicional direito inglês a um

privilégio real, ora para a Coroa ou súdito em razão de concessão da própria

Coroa, ora para expressar longo gozo de alguma prerrogativa, como, por

exemplo, imunidade ou isenção de jurisdição ordinária.”

Sobre o procedimento de implantação do sistema de

franquia, para Pedron e Caffarate (2000, p.1) esclarece que quando o

franqueador, quando estiver interessado em implantar um sistema de franquia

empresarial, deverá disponibilizar a Circular de Oferta de Franquia ao interessado

a se tornar franqueado. Tal circular deverá conter as seguintes premissas: a

forma escrita, contendo, ainda, as seguintes informações: apresentar um histórico

resumido, forma societária e nome completo ou razão social do franqueador;

balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora relativos aos

dois últimos exercícios; indicação precisa de todas as pendências judiciais em

que estejam envolvidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de

marcas, patentes e direitos autorais relativos à operação, e seus

subfranqueadores, questionando especificamente o sistema da franquia ou que

possam diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia; descrição

detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que serão

desempenhadas pelo franqueado; perfil do franqueado ideal no que se refere a

experiência anterior, nível de escolaridade e outras características que deve ter,

51

obrigatória ou preferencialmente; requisitos quanto ao envolvimento direto do

franqueado na operação e na administração do negócio; especificações quanto

ao: a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, implantação e

entrada em operação da franquia; b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de

franquia e de caução; e c) valor estimado das instalações, equipamentos e do

estoque inicial e suas condições de pagamento; informações claras quanto a

taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador

ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o

que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando,

especificamente, o seguinte: a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da

marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao

franqueado (royalties); b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; c) taxa de

publicidade ou semelhante; d) seguro mínimo; e e) outros valores devidos ao

franqueador ou a terceiros que a ele sejam ligados; relação completa de todos os

franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se

desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone; em relação

ao território, deve ser especificado o seguinte: se for garantida ao franqueado

exclusividade ou preferência sobre determinado território de atuação e, caso

positivo, em que condições o faz; e possibilidade de o franqueado realizar vendas

ou prestar serviços fora de seu território ou realizar exportações; informações

claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir quaisquer

bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou administração

de sua franquia, apenas de fornecedores indicados e aprovados pelo

franqueador, oferecendo ao franqueado relação completa desses fornecedores;

indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo franqueador, no

que se refere a: a) supervisão de rede; b) serviços de orientação e outros

prestados ao franqueado; c) treinamento do franqueado, especificando duração,

conteúdo e custos; d) treinamento dos funcionários do franqueado; e) manuais de

franquia; f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e

g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado; situação

perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - (INPI) das marcas ou

patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo franqueador; situação do

franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a: a) know

52

how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da franquia; e b)

implantação de atividade concorrente da atividade do franqueador; modelo do

contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de franquia

adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos

e prazo de validade.

Conforme versa Strenger (2003,p.387) “O principal objetivo

da franquia é uma rápida mudança de escala, sempre considerando as vantagens

financeiras, isto é, partindo do local para o regional, do regional para o nacional e

do nacional para o internacional”

Neste sentido, após análise de vários autores, tanto

nacionais como estrangeiros, SIMÃO FILHO (1998, p. 35) ao elaborar um

conceito entende que franchising é um sistema que visa a distribuição de

produtos, mercadorias ou serviços em zona previamente delimitada, por meio de

cláusula de exclusividade, materializados por contratos mercantis celebrados por

comerciantes autônomos e independentes, imbuídos de espírito de colaboração

estrita e recíproca, pelo qual, mediante recebimento de preço inicial apenas e/ou

prestações mensais pagas pelo franqueado, o franqueador lhe cederá, autorizará

ou licenciará para uso comercial propriedade incorpórea constituída de marcas,

insígnias, títulos de estabelecimento, know how, métodos de trabalho, patentes,

fórmulas, prestando-lhe assistência técnica permanente no comércio específico.

2.3.5 Contrato de arrendamento mercantil (leasing)

O leasing é um contrato ortodoxo e cumpre com os

princípios básicos de sua concepção, quando o seu bem objeto está

suficientemente potenciado a proporcionar rendimento que cubra o custo da

amortização mais os benefícios esperados, no caso de um normal funcionamento

da empresa. Vale dizer: há de ser o próprio equipamento que se autofinanciará,

de maneira que com maiores ingressos derivados de sua utilização cubra o

pagamento dos alugueres estipulados. (STRENGER, 2003, p.408)

53

Já Arnoldo Wald (RT415/10, apud MANCUSO, 2002, p.31) o

contrato de leasing se caracteriza como um contrato pelo qual uma empresa,

desejando utilizar um determinado equipamento, ou um certo imóvel, consegue

que uma instituição financeira adquira o referido bem, alugando-o ao interessado

por prazo certo, admitindo-se que, terminado o prazo locativo, o locatário possa

optar entre a devolução do bem, a renovação da locação, ou a compra pelo preço

residual fixado no momento inicial do contrato.

Quanto ao objetivo deste tipo de contrato, Murta (2005,

p.161) versa que tal contrato tem por objeto o arrendamento de máquinas,

materiais, veículos ou outros diversos equipamentos, por tempo determinado,

mediante renda estabelecida de modo fixo entre o arrendador (leaser) e o

arrendatário (leaseholder), ou como percentagem sobre os lucros auferidos por

este. É uma forma vantajosa de cooperação entre os contratantes ou entre capital

e trabalho, ou, ainda, entre o inventor e o comercializador de patentes, permitindo

que esses bens sejam aproveitados de maneira mais efetiva, em benefícios entre

as partes.

Strenger (2003, p.411) traz definição sobre leasing:

O leasing é um contrato mercantil que possibilita a um futuro arrendatário receber do empresário arrendante como locação bens móveis ou imóveis que este adquire em nome próprio, para que possa usá-los por período irrevogável, findo o qual terá a opção de adquiri-los na totalidade ou em parte, por preço residual, pré-convencionado

Para Murta (2005, p.162) o leasing apresenta duas

modalidades; a primeira é o Leasing Financeiro, modalidade em que uma

empresa se dedica habitual e profissionalmente a adquirir bens produzidos por

terceiros, especificadamente para arrendá-los a outra empresa que necessite

desses bens, mediante uma retribuição previamente estipulada. Feito o

arrendamento por termo determinado, o contrato facultará expressamente que

quando finalizar o contrato, o arrendatário poderá comprar o bem. A segunda

modalidade é o leasing de retorno ou lease-back, tal modalidade de leasing pode

ser traduzida como arrendamento de retorno, este procedimento é mais complexo

54

que o anterior e ocorre quando determinada empresa é proprietária de um bem,

móvel ou imóvel, e vende a outra empresa, a qual, de imediato, o arrenda a

empresa que lhe vendeu o bem. Não ocorre operação triangular, tendo em vista

que só existem duas empresas na negociação. Tal como no leasing financeiro, no

de retorno, terminada a vigência do contrato o arrendatário tem o direito a opção

de readquirir o bem, pelo seu valor residual. Essa operação visa,geralmente,

desafogar o ativo imobilizado de grandes empresas, que assim se desfazem de

uma parcela desse ativo para utilizar o apurado na venda como capital de giro.

Segundo Strenger (2003, p.411) ao sintetizar e desdobrar os

itens de conceito se obterá os princípios básicos do leasing conforme abaixo:

1º) é um contrato; 2º) é mercantil; 3º) o arrendamento geralmente sege instruções do suposto arrendamento; 4º) podem ser bens móveis e imóveis; 5º) compra em nome próprio; 6º) trata-se de período irrevogável; 7º) existe opção de compra; 8º) os desembolsos que a empresa leasing efetuar são por conta do futuro arrendatário, enquanto viger o arrendamento. A especificidade do leasing resulta de intervenção de três protagonistas em cada operação: a empresa que quer desenvolver seus meios de produção; o fornecedor do material escolhido pelo futuro usuário; o estabelecimento financeiro do leasing que, uma vez assinado o contrato, compra o material do fornecedor, pondo-o à disposição da empresa e percebe as prestações até o termino do período do contrato

Conforme explica Felsberg (1973, apud STRENGER, 2003,

p.412) dizer que o leasing é uma atividade financeira é errado em face ao nosso

direito positivo, é errado diante da realidade do leasing. Embora exista uma

elementos financeiros, o leasing é na realidade uma operação comercial. Trata-se

de uma operação mercantil.

2.3.6 Contrato transferência de tecnologia (know how)

O contrato de transferência de tecnologia é mais um

importante instrumento jurídico dos negócios internacionais, como explica

Strenger ( 2003, p.501) tal contrato é uma convenção pela qual uma pessoa física

ou jurídica, se obriga a proporcionar ao co-contratante os direitos que ela possui

55

sobre certas fórmulas e procedimentos secretos, durante um certo tempo e

mediante certo preço que este se obrigar a pagar-lhe.

Este contrato é também conhecido como contrato de know

how, para Murta (2005, p. 213.) esta expressão é a abreviação da expressão

norte americana to know how to do it (saber como se faz alguma coisa). Isto é,

deter o conhecimento exclusivo sobre determinada tecnologia ou sobre

determinado assunto.

Desta forma, este contrato tem como objetivo específico a

transferência de tecnologia, do cedente ao cessionário, de determinados

conhecimentos e técnicas que possam ser aplicados por este ou que possam dar

lugar à criação de várias espécies de produtos, de maneiras vantajosas e em seu

próprio e único benefício ( MURTA, 2005, p.214)

Diante da cessão destes direitos deve ser pago uma

remuneração denominada royalty que consiste normalmente numa percentagem

sobre o valor dos artigos obtidos com base no know how ou na produção de

serviços proporcionada por ele, ou sobre qualquer outro tipo de resultado obtido a

partir dele, para a produção de um bem que reverta e lucro a quem utilize.

(MURTA, 2005, p.214).

Para STRENGER (2003, p.503) convém ressaltar que o

know how reside essencialmente em elementos abstratos que podem ser

classificados em dois grupos: o primeiro refere-se a habilidade e a experiência

técnica e o segundo, os conhecimentos técnicos e os procedimentos, tais

elementos abstratos se apresentam sob diferentes formas.

Tais formas muitas vezes podem ser apresentadas por

elementos concretos como esboços, gráficos, croquis, traçados, maquetes, ou

mesmo explicações escritas, folhetos, etc, para assim configurar ou explicar a

técnica ou procedimento. E por ser um bem, possui valor patrimonial, razão pela

qual poderá ser feita de forma onerosa, como geralmente ocorre. Porém nada

impede que tal transferência seja fornecida de forma gratuita, como fazem

56

algumas nações desenvolvidas que cedem a outras subdesenvolvidas o know

how de várias de suas técnicas. (MURTA, 2005, p.215)

Segundo STRENGER (2003, p.501) a Câmara de Comércio

Internacional de Paris, assim se manifesta a respeito, no documento 450/198 de

09 de janeiro de 1961: “ A característica do know how apresentando ou não um

caráter de invenção é que ele constitui um direito de propriedade industrial cujo

titular se esforça por guardar a exclusividade, de maneira que um terceiro não

licenciado não possa disso beneficiar-se.”

Ao fazer referência ao processo ou procedimento de um

contrato de know-how, MURTA (2005, p.214) preceitua que:

O processo – ou procedimento – do know how são conhecimentos e técnicas exclusivos e únicos que seu inventor, detentor ou portador, aliando habilidade, experiência e conhecimentos técnicos, utiliza para atingir o objetivo desejado. Apesar de, às vezes, não se integrarem de maneira harmoniosa, são esses três elementos que o caracterizam, e é deles que seu detentor lança mão, pois da conjunção dos três que surgirá, efetivamente, um bem material de valor patrimonial, o qual poderá ser transferido a outrem, isto é, exportado, vendido ou cedido. Para que esse bem adquira valor patrimonial necessário, a fim de que possa ser transferidos ou exportado onerosamente a um terceiro, torna-se essencial que àqueles três elementos se somem os fatores novidade e segredo. Como novidade, será uma técnica, conhecimento ou procedimento inteiramente original e, ainda, completamente desconhecido para fins a que se destina e, como segredo, será conhecido somente por uma pessoa e totalmente desconhecido por terceiros. O segredo diferencia o know how da invenção patenteada, a qual tem publicidade legal.

Para os negócios internacionais é um a forma muito

importante de contrato pois a exportação do know how pode ser feita em caráter

definitivo não podendo o importador cedê-lo a terceiros; e em caráter temporário

onde o importador pode utilizá-lo apenas durante o prazo de cessão

consequentemente deve-se abster de usar o processo quando o contrato for

encerrado, neste caso também não é possível cedê-lo a terceiros. (MURTA, 2005,

p.216).

57

2.3.7 Contrato de faturização (factoring)

O contrato denominado de factoring ou faturização é aquele

pelo qual o comerciante, faturizado, cede seus créditos relativos às vendas

efetuadas a terceiros, no todo ou em parte, a um outro comerciante, o faturizador,

que mediante o pagamento de uma remuneração, presta serviços de

administração de créditos. (MURTA, 2005).

Neste mesmo sentido, STRENGER (2003, p. 397) explica

esta atividade conforme segue: “ Consiste na transferência de créditos comerciais

de um titular a um Factor que assume o encargo de recebê-los e, frequentemente,

garante um happy end, ainda que em caso de insolvência momentânea ou de

falência do devedor, mediante o pagamento de uma comissão pelos serviços

realizados”

Para Leite ( 2007, p. 04) factoring é uma atividade mercantil

mista atípica pois é a soma de serviços mais compra de créditos (direitos

creditórios) resultante de vendas mercantis. Para este autor este contrato é

fomento mercantil pois expande o ativo de empresas, aumentando a venda,

eliminando o endividamento e transformando as vendas a prazo em vendas a

vista.

O factoring constitui concomitantemente uma técnica

financeira visando um financiamento de empresa faturizada, cujos direitos são

adquiridos pelo faturizador, que paga por tais direitos e assume os riscos com a

cobrança e o eventual não pagamento das contas, sem direito regresso contra o

faturizado; e uma técnica de gestão de negócios pois auxilia na seleção dos

clientes, fornecendo informações sobre o comércio de forma em geral prestando

serviços que tende a contribuir para a diminuição dos encargos comuns ao

vendedor. Tal atividade é voltada principalmente a pequenas e médias empresas,

nas quais muitas vezes são prementes as dificuldades de capital de giro (MURTA,

2005, p.182).

58

A sociedade de factoring exerce uma série de atividades a

serviço dos seus clientes que é dimensionada de acordo com o giro dos negócios,

como uma fórmula de administração financeira e comercial que permite, em

particular transferir a gestão de possíveis insolvências usufruindo de assistência

comercial e recursos para atender ao giro normal do negócio. (LEITE, 2007,

p.243).

Utilizada como uma solução eficaz para suprir a carência de

capital de giro de uma empresa em estágio de formação e que por sua vez não

dispõe de infra-estrutura econômica o suficiente para expandir, a comissão do

faturizador normalmente é maior do que a taxa de desconto bancário, visto que a

responsabilidade pelos riscos de liquidação dos débitos é do faturizador, não

cabendo ação regressiva ao faturizado. (MURTA, 2005, p.182).

2.3.8 Contrato de empreendimento em conjunto (joint venture)

A expressão joint venture visa identificar uma associação de

capitais, tem como propósito essencial de sua criação a obtenção de um

determinado resultado, almejado por empresas independentes, por meio da união

entre elas, não importando a forma jurídica adotada para concretizar a operação

(AMARAL, 2004, p.263)

Segundo MURTA (2005, p. 231) esta expressão é inglesa e

significa, etimologicamente, especulação em conjunto; porém se for analisado

pelo ponto de vista técnico contratual tal expressão denota associação de

capitais, participação acionária, mediante concurso efetuado entre particulares,

entre Estados ou entre particulares e estados, dentro ou fora do país.

De acordo com Strenger ( 2003, p. 431) o objeto do acordo

das joint ventures consiste no aproveitamento de recursos naturais, na produção,

distribuição ou pesquisa conjunta, na utilização das patentes ou know how, ou na

participação das concorrências de empreitada, nos quais é evidente a finalidade

de realizar a specific-venture, o particular negócio, que, essencial entre os

59

caracteres originários do contrato de joint venture, perdeu parte da relevância na

prática comercial internacional.

A constituição de uma joint venture inicia-se com a reunião

das partes interessadas visando a celebração de um acordo geral, muitas vezes

definido como acordo base, devendo neste acordo as partes definirem,

inicialmente, os objetivos que nortearão a aliança, em seguida haverá a

elaboração deste acordo com a qualificação dos participantes (co-ventures), a

natureza e o objeto da associação, o objetivo a ser lançado, o valor do

investimento e a contribuição de cada uma das partes para o empreendimento.

(AMARAL, 2004, p.264)

Neste acordo geral deverão estar mencionados os contratos

(acordos) satélites que para Murta (2005, p. 234) “desempenham papel

semelhante aos das leis, em face à norma constitucional e servem como norma

interpretativa”

É importante ainda, segundo Amaral (2004, p.264) a

inserção de regras específicas sobre auditoria, para que seja possível que os

membros acompanhem e fiscalizem a execução do projeto, ao fim, deve ser

incluído também as cláusulas relativas à solução de disputas.

Para Ferraz (2001, p.123) mesmo que as partes, a princípio,

tenham interesses individuais paralelos (pois cada parte sempre procura um

melhor posicionamento individual no mercado), o interesse coletivo é o que deve

prevalecer, já que somente com o empenho de ambas, nas suas respectivas

proporções, o benefício comum será alcançado.

Entendida como um fenômeno associativo ou business

association, Strenger, ( 2003, p. 436) explica que a joint venture constitui na

elaboração de praxis dos negócios, como reflexo da tendência concentracionista

da indústria moderna, que assume notável importância, adotando características

próprias na relações internacionais. Onde a natureza jurídica exata deve ser

60

analisada caso a caso, em conta as relações particulares que a ela se refere. Daí

a dificuldade de enquadrar suas numerosas variantes.

2.3.9 Contrato de exportação de serviços

Tal contrato tem como objeto amparar as vendas de serviço

ao exterior que se assemelha ao contrato de compra e venda internacional, porém

existem algumas variações, tendo em vista que seu objeto não é um bem

tangível, concreto e físico. Tal operação costuma-se chamar de “operação de

invisíveis”, onde atualmente faz parte de uma parcela importante nas exportações

brasileiras. (MURTA, 2005, p. 250)

Murta versa que as atividades que englobam a exportação

de serviços são basicamente, a venda ao exterior de tecnologia, know how e

cultura, sendo aí compreendidos como serviços de engenharia, arquitetura,

assessorias e consultorias diversas.

Para Amaral ( 2004, p.258):

A Organização Mundial do Comércio, objetivando a promoção do crescimento de parceiros comerciais internacionais e o estabelecimento de um conjunto de princípios e regras que possibilitassem a expansão do comércio internacional de serviços, de forma transparente e visando sua liberalização progressiva, criou o Conselho para o Comércio de Serviços. Este, por sua vez, estruturou o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviço, The General Agreement on Trade in Services (GATS) que prevê, aos Estados signatários do mesmo, a observância de dois tipos de obrigações: i) as obrigações gerais, as quais pretendem evitar que sejam estabelecidos critérios discriminatórios no tocante à avaliação da competência de serviços prestados; e ii) as obrigações específicas, que garantem o reconhecimento de particularidades a determinados países, na forma de exceções.

A exportação de serviços pode ocorrer de diversas

maneiras, que Amaral (2004, p. 259) cita como exemplo,

quando da prestação direta do serviço em território diverso daquele em que a empresa está instalada; quando de sua realização, indireta, por meio da instalação de uma filial no

61

exterior; ou quando da abertura de subsidiárias em território estrangeiro

CAPÍTULO 3

O DIREITO APLICÁVEL AOS CONTRATOS INTERNACIONAIS

Ao analisar os contratos internacionais, é de suma

importância fazer referência ao direito aplicável, visto que tais contratos podem

ser regidos por um ou mais ordenamento jurídico internos.

Neste sentido, não é incomum que as partes de um mesmo

contrato estejam sujeitos a regimes jurídicos diversos.

Na sequência, passa-se a tratar dos elementos de conexão

utilizados no Direito Internacional Privado.

3.1 ELEMENTOS DE CONEXÃO

Ao abordar o tema da norma de direito internacional,

verifica-se que esta é fundamentalmente indicativa do direito aplicável para

resolver conflitos ou intersistemáticos, porém não haveria possibilidade de colocá-

la em prática sem definir critérios de subordinação jurídica extraterritorial, é

sempre necessário que a norma colisional tenha em seu conteúdo um meio

instrumental que possa apontar qual o ordenamento jurídico prevalecente na

solução de pendências interespaciais ( STRENGER, 2005, p.334).

Essa subordinação dos fatos a um sistema jurídico, que

tanto pode ser estrangeiro ou nacional, se estabelece por meio de um vínculo, de

um liame, que se chama elemento de conexão. (STRENGER, 2005, p.336)

Para Amaral (2004, p. 220) pode-se dizer que o elemento de

conexão, o qual é escolhido pelo legislador dentre os já mencionados elementos

de estraneidade dos contratos internacionais, é representado pelos aspectos

fáticos da relação jurídica, que aponta o ordenamento jurídico que deve ser

63

aplicado no caso concreto, funcionando como uma verdadeira “seta jurídica” do

direito aplicável em questão.

RODAS (1995, p. 10) ao citar os elementos de conexão dos

contratos internacionais privados, explica que:

As obrigações convencionais ou contratos não estão

infensos a ligarem-se a mais de um sistema jurídico. (...) Assim, os contratos

internacionais privados, de natureza comercial ou não, que necessitam de

interferência do Direito Internacional Privado para a indicação dos direitos que

deverão regê-los são cada vez mais numerosos. Ressalte-se que o traço

diferenciador entre um contrato internacional e outro não internacional é

justamente, estar o primeiro potencialmente vinculado a mais de um sistema

jurídico.

Cárnio (2009, p. 16) explica que os elementos de conexão

são expressões legais de conteúdo variável, capaz de permitir a determinação do

direito que deve tutelar a relação jurídica em questão, e que tem por função a

condução do direito aplicável ao caso concreto, sobretudo se houver inferência de

mais de um sistema jurídico relacionado à matéria.

Valladão( 1980, apud RODAS,1995, p.09) afirma que:

O Direito Internacional privado visa a solucionar o conflito de leis no espaço, isto é, regular os fatos em conexão, no espaço, com leis autônomas e divergentes. É, pois, o direito que rege os fatos em translação, girando através do espaço ao redor de leis diversas ou de fatos situados entre leis espacialmente contrárias ou o direito que concerne à atividade de uma lei além de sua órbita, além do território, além das pessoas, para que foi feita.

Strenger ( 2005, p. 337) aponta que o elemento de conexão

tem função indicativa, vem mostrar qual o direito que intervém com a função

subordinante apontado pela expressão variável e que é utilizável de acordo com

as circunstâncias que fixam o elemento vinculativo, podendo ser a nacionalidade,

a residência, o domicílio, o lugar de situação dos imóveis, etc.

64

Diante do exposto, passa-se a analisar detalhadamente os

elementos de conexão do Direito.

3.1.1 Elementos de Conexão relativos a capacidade da pessoa física.

Para Amaral (2004, p. 221) existem três elementos de

conexão possíveis para determinar a lei aplicável relacionados a capacidade da

pessoa física, a territorialidade (lex fori); a nacionalidade (lex patriae) e o domicílio

(lex domicilli).

Sobre a territorialidade, Rodas ( 1995, p.12) menciona que a

lei do Estado concernente á capacidade é aplicável a todas as pessoas que

estejam em seu território, sem distinção entre nacionais ou estrangeiros,

domiciliados ou de passagem. Visto a simplicidade deste sistema, o mesmo foi

criticado intensamente pois contraria os interesses individuais e acaba dificultando

o comércio internacional. Diante deste fato, este sistema é usado por poucos

países e segundo Amaral (2004, p.221) tal sistema tende a desaparecer pelos

fatos acima expostos.

No tocante a nacionalidade segundo Strenger ( 2005, p.338)

este elemento é muito importante, “pois é através dela que se estabelece toda a

relação possível de determinado fato a um sistema estrangeiro, dependendo da

disposição da lei interna.” Para Cárnio ( 2009, p.18) um conceito bastante sucinto

sobre nacionalidade “ (..) é geralmente definida como o vínculo jurídico-político

que liga o indivíduo ao Estado, ou seja, o elo entre a pessoal física e determinado

Estado”

Amilcar de Castro (1968 apud STRENGER, 2005, p.338)

ensina que:

A nacionalidade, a partir do século XIV, tem sido largamente usada como circunstância de conexão, mas nem por isso tem sido bem apreciada ou compreendida. É que os doutrinadores nem sempre distinguem entre a nacionalidade como atributiva de direitos e obrigações, regulada pelo direito constitucional, e a nacionalidade como circunstância de conexão, tomada em

65

consideração pelo direito internacional privado. E sem essa distinção não se pode esclarecer o assunto. Ao direito internacional privado não pertence definir as condições de aquisição, perda, ou mudança de nacionalidade; nem definir os direitos e obrigações dela decorrentes e sim apenas tomá-la como elemento de referência, simples acidente de fato, indicativo de direito adequado a sua apreciação.

Segundo Amaral (2004, p.221) tal sistema é

predominanteem países de emigração.

A respeito do elemento referente ao domicílio, este é

definido como “o qual as leis do Estado onde a pessoa é domiciliada regem sua

capacidade (tal sistema predomina, ao contrário do anterior em países de

imigração)” (AMARAL, 2004, p. 222). Segundo Strenger (2005, p. 339) este

elemento é o elemento de conexão mais adotado hoje.

O Brasil adotou a partir de 1942 este sistema para facilitar a

integração do estrangeiro à vida nacional. O dispositivo legal que define o

elemento de conexão relativo à capacidade das pessoas físicas ser o domicílio,

bem como concernente a personalidade está contido no art.7º de nossa Lei de

Introdução ao Código Civil. (AMARAL, 2004, p.222).

3.1.2 Elementos de Conexão relativos à capacidade da pessoa jurídica.

No que diz respeito a capacidade da pessoa jurídica, o artigo

11 da Lei de Introdução do Código Civil, versa que “ as organizações destinadas a

fins de interesse coletivos como as sociedades de fundações, obedecem às leis

dos Estados em que se constituíram”

O parágrafo primeiro do mesmo dispositivo “ Não poderão,

entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os

atos constitutivos aprovados pelo Governo Brasileiro, ficando sujeitas à lei

brasileira”. Tal dispositivo restringe-se apenas a atos isolados, pois conforme

Amaral (2004, p.222) “(..) não pode a pessoa jurídica estrangeira estabelecer-se

66

no país por meio de uma filial e aqui praticar atos de comércio sem a devida

sujeição a lei nacional e a prévia autorização governamental”

Segundo Valladão apud Rodas ( 1995, p.20):

(...) A principal restrição às pessoas jurídicas estrangeiras de direito privado diz respeito ao exercício de sua finalidade social no Brasil, que semente é possível após aprovação do governo brasileiro. Tal princípio que é mais secular no Brasil, corresponde a distinção clássica entre reconhecimento da existência, com a capacidade de praticar atos jurídicos isolados, postular em juízo, etc. regido pela lei da constituição; e o funcionamento, realização efetiva dos objetivos sociais, que depende da lei brasileira. Entendendo que a lei reguladora da existência da pessoa jurídica é a que disciplinou a sua constituição e não identificando a lei da constituição com a lei do lugar da constituição, pois uma pessoa jurídica pode-se constituir num lugar de acordo com a lei de outro(...)

Desta forma Rodas (1995, p.21) afirma:

É indubitável que as pessoas jurídicas brasileiras possuem capacidade para contratar no Brasil. As pessoas jurídicas estrangeiras que conforme parágrafo primeiro do artigo 11 da vigente Lei de Introdução ao Código Civil, tiveram seus atos constitutivos aprovados pelo Governo Brasileiro, também detém idêntica capacidade. No que se refere às pessoas jurídicas estrangeiras que não obtiveram autorização para funcionar no Brasil, sua capacidade contratual será reconhecida relativamente a contratos concluídos no Brasil, desde que isso não signifique exercício contínuo de sua finalidade em nosso país.

3.1.3 Elementos de Conexão relativos a aspectos extrínsecos e a aspectos

intrínsecos.

Os elementos extrínsecos também conhecidos como formais

do contrato seguirão, de acordo com Cárnio (2009, p. 23), o princípio do locus

regit actum. Tal princípio significa que o local da formalização do instrumento

determinará a lei de regência no que se refere a tais aspectos. Para a autora

supra citada “É interessante notar que há uma presunção juris tantum de validade

e legalidade do ato praticado no exterior, por essa razão eventual contestação a

respeito desse tema deverá vir acompanhada da produção de prova da

irregularidade alegada”

67

Na Lei de Introdução do Código Civil, em seu artigo 9º,

parágrafo primeiro, é claro que serão aplicáveis aos elementos extrínsecos do ato

as peculiaridades da lei estrangeira, caso o contrato seja celebrado fora do

território nacional. (CÁRNIO, 2009, p. 24).

Sobre o assunto supra citado, Jo ( 2001, p. 463) explica:

Entretanto existe a necessidade da manutenção da forma do contrato para a garantia da segurança do negócio entre as partes e para os terceiros. Muitas legislações dispõem as regras do Direito Internacional Privado aplicáveis especificadamente às formas dos atos jurídicos. De fato, a forma do contrato está muito ligada ao seu objeto. Entretanto, a utilidade da forma, na prática, está nos efeitos do contrato, ou seja, refere-se ao local onde as partes querem produzir os efeitos necessários. Isso na maioria das vezes, se dá no local da execução. Como o contrato é internacional ( no mesmo país ou entre países diferentes), o local da celebração do contrato e o local de sua execução podem ser diferentes, sendo necessária a satisfação jurídica para todos os lugares envolvidos. Entretanto o conflito de leis é inevitável, podendo ser resolvido ou pela iniciativa da legislação que prevê essa situação ou pela convenção que soluciona a questão entre países ratificantes.

Já no que diz respeito aos aspectos intrínsecos igualmente

conhecidos como de fundo, seus efeitos estão subordinados à lei do país em que

foi constituído ou ao país de execução. O que vai determinar a lei aplicável será a

natureza e o conteúdo do ato (CÁRNIO, 2009, p.24)

Não obstante, Amaral (2004, p.223) versa que a doutrina, o

direito positivo e a jurisprudência comparada apontam outras várias soluções

relativas à lei aplicável às obrigações, logo dos contratos.

Segundo o autor pode-se tratar sobre a lei do lugar do

cumprimento da obrigação (lex loci executionis), a lei do lugar do contrato (lex loci

contractus), a lei pessoal do devedor ( lex patriae ou lex domicili do devedor) e a

lei pessoal das partes (lex patriae ou lex domicili comum das partes).

O autor Jo Hee Moon (2001, p.461) ao fazer menção a

forma intrínseca do contrato, esclarece que:

68

O âmbito de aplicação da lei que rege o contrato é amplo, já que no artigo 9º, caput, da LICC expressa esse âmbito como “qualificação e regência” do contrato. A constituição (no caput) e a sua formação efetiva é a expressão que engloba as questões de vício do consentimento, a licitude do objeto, a validade do contrato, a interpretação do contrato, o cumprimento das obrigações contratuais estabelecidas, as conseqüências do descumprimento total ou parcial das obrigações, bem como a prescrição e a perda de direitos, resultantes da decorrência de um prazo, as conseqüências da nulidade do contrato, etc.

Desta forma, para Baptista (1994, p.29) a lei do lugar do

contrato é um dos critérios de conexão mais utilizados, além do Brasil, países

como a Áustria e a Itália também adotaram este critério, sempre que as partes

não definiram expressamente no contrato outra lei aplicável.

Como exposto acima, o elemento consagrado pelo sistema

jurídico brasileiro é o do local da consagração do contrato, tal elemento está

disposto no artigo 9º da Lei de Introdução do Código Civil. Porém nem sempre o

local do contrato é uma situação tão palpável, pois atualmente há celebrações de

contratos feitos por correspondência, transmissão de dados e pela rede

internacional de computadores. Nessas hipóteses o operador do direito deverá

utilizar as disposições constantes no artigo 9º, parágrafo 2º onde estabelece que “

A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o

proponente”. Porém novamente esta identificação não é tão simples, tendo em

vista que após a apresentação da proposta inicial a outra parte faz

contrapropostas que levam ao desfecho da negociação. Sendo que então resta a

dúvida de quem é o proponente. (CÁRNIO, 2009, p. 24)

Diante da dúvida exposta, a autora citada acima afirma que

alguns autores defendem que não importa a quantidade de contrapropostas

sejam feitas, a oferta inicial é que deve ser considerada como proponente.

Ao analisar que um dos princípios do contrato é a

manifestação das partes em realizar um acordo, é notável que a vontade das

partes é um dos principais elementos de conexão. Para que se possa

compreender melhor o sentido da autonomia da vontade das partes, é importante

69

entender o este princípio que norteia a teoria contratualista, sendo este o próximo

tema deste estudo.

3.2 A AUTONOMIA DA VONTADE DAS PARTES

Para que se possa iniciar o estudo sobre a autonomia da

vontade é necessário fazer menção a evolução histórica deste assunto.

O desenvolvimento do princípio da autonomia da vontade no

Direito Internacional Privado atribui-se a Charles Dumoulin, jurista francês do

século XVI (ARAÚJO, 2004, p.324). Conforme sua doutrina, no que se refere a

contrato, a vontade das partes era soberana, cabendo aos juízes apurar o sentido

da disposição desejada que teria o efeito universal. Desta forma este princípio

“passou a ser citado por vários autores baseados no sofisma que tudo se resumia

em questão de fato, mais do que qualquer questão de direito” (Engelberg, 2007,

p. 23)

Segundo a autora acima, este princípio foi muito utilizado

nos séculos XVIII e XIX, com as obras de Demolombe e Laurent, atingindo o

exagero com a doutrina de Hauss, que versa sobre a possibilidade das partes em

escolher o direito a ser utilizado por elas na observância do Direito Internacional

Privado.

De acordo com os autores Boulos e Araújo (2003 e 2004

apud MENDES; CALDAS, 2009, p.118):

A autonomia da vontade seria a esfera de atuação imune à interferência estatal, dentro da qual os particulares se autodisciplinam e autodenominam seus próprios interesses. Entretanto, a autonomia da vontade se difere nas esferas interna e internacional. Internamente significa fixar livremente o conteúdo dos contratos dentro dos limites da lei. Já no Direito Internacional Privado significa a possibilidade de escolher outro sistema jurídico para regular o contrato

Baptista (1994,p.55) explica que este princípio tem limites e

que devem ser determinados. No Direito interno são fáceis de localizar que deve

70

ser utilizado as leis imperativas para estabelecer os limites. Porém no âmbito

internacional a liberdade é maior e os limites imprecisos, “inclusive pelo jogo de

regras conflituais”. Apesar de existir legislações que afirmam uma liberdade

irrestrita tais como a Lei Austríaca de 1978 e a iugoslava de 1982, inclusive em

tratados como a Convenção de Roma de 1980, tal liberdade não é aceita

mundialmente, há sim limites para a autonomia das partes, sendo estes limites

estipulados em critérios de natureza objetiva e subjetiva de acordo com o caso

em questão.

Esclarece ainda, CASTRO ( 1956, apud Engelberg, 2007, p.

24):

Como ficou visto, os contratos em geral são essencialmente dominados pela liberdade das convenções, mas isso não quer dizer que as partes possam fugir do direito que lhes deve ser imposto, escolhendo outro mais de seu agrado, e sim apenas que, dentro de certos limites, mais ou menos amplos, traçados por disposições imperativas, as disposições facultativas deixam à vontade dos particulares a regulamentação contratual de seus interesses privados,o que é coisa muito diferente de escolha do direito por autonomia da vontade.

Strenger (1996, p.90) ressalta que os caminhos teóricos

pelos quais transita o princípio da autonomia da vontade são tortuosos, cheio de

altos e baixos, suscetíveis, com maior ou menos intensidade, às fixações

doutrinárias ligadas às vicissitudes do processo histórico, influenciando as

legislações e a jurisprudência. Entretanto, em que se pesem as necessárias

limitações à liberdade jurídica individual, sua aceitação é admitida em sentido

muito lato, obedecidas as restrições impostas pela ordem pública, porque o

Estado não pode ser considerado, nem pode ser, uma camisa de força que prive

os cidadãos e os estrangeiros de toda a ação de todo o movimento. A liberdade

abrange o direito privado, o direito público e a sociedade política, não impondo

suas leis às pessoas, a não ser quando o bem comum reclama tal conduta.

Para Kuhn (2006, p.58) a vontade das partes é amplamente

admitida nos contratos internacionais, tanto na formação de um auto-regramento

interno, quanto principalmente na escolha da lei aplicável que podem influir ou

71

não no conteúdo contratual. Segundo este autor “(...)o comércio internacional

vem influindo para fortalecer os alicerces da autonomia da vontade, porém recebe

algumas restrições no âmbito da ordem pública interna do país onde vai ser

executado o contrato”

Strenger ( 2005, p.820) explica que não tem como se negar

que a ordem pública ou internacional podem criar empecilhos ao exercício da

autonomia da vontade; mas que por outro lado, impõe-se considerar que as

atividades referentes ao comércio internacional são intensamente baseadas na

ordem pública, pois foram as ordens estatais, com suas restrições ou omissões,

que alimentaram e fortaleceram o movimento separatista que vai caracterizar a

lex mercatoria que será o próximo tema deste estudo.

Cabe citar a restrição que a legislação brasileira trouxe no

artigo 9º da Lei de Introdução ao Código Civil, onde restringiu a autonomia da

vontade das partes, ao estabelecer o local de contração como elemento de

conexão, afastando a possibilidade de livre escolha.

Cárnio ( 2009, p. 25/26) faz um a análise histórica ao citar

que a Lei de Introdução de 1917, em seu artigo 13, trazia a possibilidade de

eleição de legislação diversa, posto que no texto legal previa-se que poderia ser

aplicável a lei do local de contratação, “salvo estipulação em contrário”. A mesma

autora ainda cita que o autor Haroldo Valladão atribuiu esta a repressão da

liberdade em virtude do regime ditatorial que o Brasil passava quando foi

elaborado a Lei de Introdução do Código Civil vigente.

Conforme Rodas (2002, apud ARAÚJO, 2004, p.330) o

caput do artigo 9º é taxativo e não se pode aplicar a existência da autonomia da

vontade para a indicação da lei aplicável no Direito internacional privado

brasileiro, Rodas acredita que resta às partes apenas o exercício da liberdade

contratual na esfera das disposições supletivas da lei aplicável, por determinação

da regra lex loci contractus.

72

Porém de acordo com Amaral (2004, p. 226) alguns autores

sustentam que se existe a possibilidade de utilizar o comportamento humano

como elemento influenciador da aplicação das regras contidas no Direito

Internacional Privado, como a assinatura do contrato internacional no país cuja lei

as partes pretendem ser a aplicável ao contrato, seria um contra-senso impedir

que a vontade humana fosse o próprio elemento de conexão, através da escolhas

pelas partes da lei aplicável.

Reforçando o acima exposto, Pedro (2006, p.02) traz em seu

artigo que consagrados autores como Nádia de Araújo, Maria Helena Diniz,

Amílcar de Castro não excluem a possibilidade da aplicação do princípio da

autonomia da vontade, desde que seja admitida pela lei do país onde a obrigação

se constituiu, não contrariando então a norma imperativa nacional e os princípios

gerais do Direito Internacional. Este autor cita que em 1994, foi apresentado um

projeto de lei de autoria de João Grandino Rodas alterando a Lei de Introdução do

Código Civil com o intuito de modernizar a legislação brasileira, adotando então o

princípio da autonomia da vontade na escolha da lei de regência dos contratos,

porém segundo o autor, tal projeto foi arquivado sem que o mérito tenha sido

apreciado.

Rodas (apud ARAÚJO, 2004, p.330) ao se posicionar a favor

da alteração da LICC, afirma que esta lei não está assegurando aos operadores

de direito, nas transações internacionais, regras adequadas e consentâneas ao

desenvolvimento deste tema no plano internacional. Segundo o autor, essa

postura brasileira tem conseqüências nefastas aos negócios transnacionais, tendo

em vista que os contratantes levam em conta a certeza ou a incerteza jurídica das

regras internas. “Finaliza apontando que o primitivismo e a inadequação das

nossas regras do DIPR são incompatíveis com o papel que queremos

desempenhar no mercado internacional”

3.3 A LEX MERCATORIA

Existem muitas discussões no que se refere ao uso de

regras provenientes de práticas comerciais ou derivadas de organismos

73

internacionais, entidades relacionadas à atividade comercial, ao oposto de

normas oriundas de sistemas legais específicos. Esse conjunto de regras e

costumes elaborados por particulares, dedicados às relações entre comerciantes,

é denominado de lex mercatoria. (CÁRNIO, 2009, p. 150-151)

Segundo Amaral ( 2004, p. 58):

Tais regras, nascidas da prática contratual, por vezes codificadas por organismos privados, foram caracterizadas como verdadeira lex mercatoria, um direito de comerciantes ou de profissionais desvinculados das normas legais do Estado.

Para Garcez (1994, p. 20) existem, além dos movimentos

tendentes à homogeneização das práticas comerciais e das legislações, uma

pretensão mais generalizada com uma visão mais ambiciosa, de parte da

comunidade internacional de negócios a fim de harmonizar as leis e as praxes

legais comerciais. Este movimento de caráter supranacional visa proporcionar

normas supletivas, que vão além das figurações clássicas dos direitos nacionais,

com o objetivo de executar, interpretar e solucionar os conflitos originários dos

contratos internacionais, justamente para suprir a insuficiência dos direitos

internos dos países e atender as exigências do comércio internacional. Tal

movimento está se materializando na nova lex mercatoria.

E para se entender melhor esse instituto, passa-se ao

estudo da contextualização histórica da lex mercatoria

3.3.1 Contextualização histórica da lex mercatoria

“A história é sempre importante subsídio para compreender

problemas e fatos que se incorporam no processo cultura para compor novas

estruturas na sucessão dos acontecimentos” (STRENGER, 2005, p.789)

Historicamente sabe-se que o comércio internacional está

fortemente ligado com o direito marítimo e as atividades do mar. Sabe-se que os

fenícios se destacaram como uma civilização eminentemente comercial, onde

74

lhes foram atribuídos um dos grandes momentos do direito marítimo, a Lex

Rhodia de jactu, inclusive verifica-se que na alta antiguidade já existiam muitas

disposições relacionadas ao comércio internacional, tratando também sobre os

contratos internacionais. ( STRENGER, 1996, p. 55)

Juntamente com os fenícios, os gregos, árabes, egípcios,

romanos e outras nações se encontravam em feiras caravanas e mercados,

praticando o comércio, realizando trocas, celebrando contratos e fazendo circular

riquezas. ( AMARAL, 2005, p.02)

A civilização helenística teve uma ascensão econômica

comparável apenas com as revoluções comerciais e Industriais da Era Moderna.

Com as conquistas de Alexandre, o magno, esta civilização estendeu o comércio

além das fronteiras mediterrâneas abrangendo desde a Índia até o Egito.

(AMARAL, 2005, p.02). “O resultado final da cooperação desses fatores foi o

desenvolvimento de um sistema de produção em larga escala, sendo o Estado o

principal capitalista e empresário.” (STRENGER, 1996, p. 56).

Conforme esclarece Amaral (2004, p. 58):

Embora um direito de mercadores tenha sido objeto de diversos normativos, como por exemplo, A Lex Rhodia de Jactu, (fenícios); a nauticum foenus (romanos), as leis de Wisby (em 1350 regulavam o comércio do mar Báltico); o Consulado do Mar ( coletânea de costumes do comércio marítimo reunida no Século XIV pela Corte Consular de Barcelona), foi no período medieval que a lex mercatoria obteve seu maior incremento.

Logo após, com a queda do império romano, o comércio

internacional veio a conhecer sua decadência e, com a invasão dos bárbaros,

esteve restrito por vários séculos a apenas trocas locais entre pessoas de uma

mesma vila ou de uma mesma região. (AMARAL, 2005, p.02). Como observa esta

autora, neste período, a Europa estava dividida e entregue à anarquia, pois não

existia um poder político capaz de manter a paz interna e a realização do direito.

Nesta época Strenger (1996, p. 58) ressalta que surgiram as

corporações de classe, dentre elas as corporações de mercadores com o intuito

75

de proteger e assistir os comerciantes, tanto no interior como no exterior. Ao

explicar como funcionavam estas corporações Strenger versa:

Cada corporação formava um pequeno Estado, dotado de um poder legislativo e de um poder judiciário. Essas corporações participavam mediante seus representantes e oficiais nos conselhos da Comuna, vigiavam sobre a guerra e sobre a paz, sobre represálias, formavam as próprias leis e estatutos e mediante jurisdição própria cuidavam da sua observância.

Ao fazer referência a estas corporações Cárnio (2009, p.

151) esclarece que eram sociedades muito fechadas, que criavam suas próprias

normas e que conforme citado acima, possuíam tribunais internos para cuidar dos

casos de descumprimento, com poder coercitivo sobre os seus membros.

Regulavam também toda a atividade econômica sem ter a intervenção estatal.

Sendo que desta forma surgiu o termo lex mercatoria que designava o direito

elaborado e aplicado pelas corporações, supra explicadas, durante a Idade

Média.

Amaral (2004, p. 59) cita que a lex mercatoria medieval foi

desenvolvida com o aumento do comércio da Europa. Começou nas cidades

italianas e disseminou-se pela França, Espanha e por toda Europa, inclusive pela

Inglaterra. Os mercadores deslocavam-se para as grandes feiras, os grandes

mercados e os portos principais, levando, além de suas mercadorias, seus usos e

costumes, que foram incorporados às regras de diferentes cidades e portos,

adquirindo, em virtude do comércio oceânico, principalmente em Veneza,

Gênova, Marselha, Barcelona, Amsterdam e as cidades da Liga Hanseática, um

verdadeiro caráter cosmopolita.

Segundo Amaral (2004, p.59) essas regras eram muito

diferentes das regras locais, feudais ou eclesiásticas que eram utilizadas como

direito nestas localidades e tinham cinco aspectos fundamentais:

i) eram regras transnacionais; ii) tinham como base uma

origem comum e fidelidade aos costumes mercantis; iii) eram aplicadas não por

juízes profissionais, mas pelos próprios mercadores, através de suas corporações

76

ou das cortes que se constituíam nos grandes mercados ou feiras; iv) seu

processo era rápido e formal; e v) enfatizavam a liberdade contratual e a decisão

dos casos.

Segundo Strenger (1996, p.59) o direito comercial surgiu,

conforme se vê, através do trabalho dos próprios comerciantes, que o construíram

com os seus usos e suas leis que elaboraram reunidos, portanto não surgiu como

obra legislativa nem de criação de jurisconsultos.

Porém, como explica Cárnio (2009, p.151/152) a lex

mercatoria se apresentava como um direito autônomo em relação aos direitos

nacionais e nasceu como resultado da conjugação do poder das corporações e

consequentemente com a fraqueza dos Estados. Contudo o fortalecimento do

Estado nacional e o enfraquecimento das sociedades coorporativas após o século

XIV alteram a influência da lex mercatoria no cotidiano dos comerciantes. “ O

Estado assume as rédeas do direito comercial, em detrimento do ius mercatorum

dos comerciantes na Idade Média. A consolidação do Estado nacional moderno

encerra o poder das corporações de ofício.”

Já os séculos XVIII e XIX foram caracterizados pela inclusão

das práticas e usos comerciais em ordenamentos internos, de onde se deduz o

entendimento de que as leis nacionais seriam as únicas a governar as relações

internacionais, com motivações que variavam de Estado para Estado. Assim os

problemas do comércio foram submetidos a julgamentos domésticos o que limitou

a extensão e o caráter do comércio internacional. (STRENGER, 1996, p.60).

Para Engelberg ( 2007, p. 29):

No começo do século XIX, não havia ainda uma separação clara entre a sociedade civil e os comerciantes internacionais, estes ainda não formavam uma sociedade autônoma. Os negociantes do mercado internacional celebravam contratos de venda conforme a técnica habitual, respeitando o Código Civil ou o Código Comercial (ou outras fontes legislativas nacionais) e aproveitando a liberdade contratual prevista pelo conjunto de direitos europeus para dispor das soluções legais.

77

Ratificando o exposto acima, Amaral ( 2004, p. 60) afirma

que na Idade Moderna, as legislações nacionais continentais mercantilistas, de

um lado promoveram a efetivação do direito comercial e, de outro, porém,

marcaram o fim da velha lex mercatoria , com a emergência dos códigos do

século XIX. Muitos de seus preceitos foram incorporados a tais códigos e leis. No

entanto, perderam tais disposições o seu caráter cosmopolita, tornando-se

distantes da realidade de quando confrontadas com os costumes mercantis.

Ocorre que, em 1917, o cenário comercial ganha novos

contornos. Após a primeira crise econômica capitalista significativa decorrente da

superprodução, as alterações econômicas e políticas após a segunda metade do

século XX fazem com que os operadores do comércio internacional busquem

alternativas à normatização estatal, procurando elaborar suas próprias regras.

Neste cenário, tem-se o advento do que é considerado a “verdadeira certidão de

nascimento de uma nova lex mercatoria” este trabalho foi publicado por Berthold

Goldman em 1964. (Cárnio, 2009, p.152/153)

3.3.2 Contextualização conceitual da lex mercatoria

Existem vários conceitos sobre a lex mercatoria que será o

próximo objeto de estudo.

A princípio será verificado o conceito do autor Berthold

Goldman, pois segundo Cárnio (2009, p.153) seu artigo publicado em 1964

configurou o marco para o conceito moderno de lex mercatoria.

Ao se referir a Goldman, Strenger (1996, p.72) afirma que é

incontestável a consagração deste autor como responsável pelo enriquecimento

da noção de lex mercatoria, que traz como definição:

A lex mercatoria é precisamente um conjunto de princípios,

instituições e regras com origem em várias fontes, que nutriu e ainda nutre as

estruturas e o funcionamento legal e específico da coletividade de operadores do

comércio internacional. A realização desse desiderato, segundo expõe, se deve:

78

a) aos princípios gerais do direito; b) aos provimentos contratuais, como cláusulas

especiais e novos tipos convencionais; e c) às decisões arbitrais que contribuíram

para a elaboração de princípios do comércio internacional.

O reconhecimento progressivo da existência de um conjunto

de normas criadas materialmente pelos costumes e práticas internacionais e pela

ação de entidades internacionais que possibilitam a uniformização de

procedimentos referidos nos contratos privados, estaria se materializando na

chamada lex mercatoria, termo revivido dos tempos medievais quando as

fronteiras entre os países não eram tão nítidas e se pensava na adoção de um

corpo de normas comerciais internacionais. (GARCEZ, 1994, p. 20)

Amaral (2004, p. 61) considera a lex mercatoria como “as

regras costumeiras que foram desenvolvidas em negócios internacionais

aplicáveis em cada área determinada do comércio internacional, aprovadas e

observadas com regularidade”

Strenger ( 1996, p.78) entende que existem três tendências

de acordo com as colocações oferecidas pelos autores:

A primeira, situando-a como uma ordem legal autônoma,

criada espontaneamente pelas partes envolvidas nas relações econômicas

internacionais e existindo independentemente dos sistemas nacionais; a segunda,

imaginando-a como um corpo de regras suficiente para decidir uma disputa, a

terceira, considerando-a como complemento de uma lei nacional aplicável, vista

como nada mais que uma gradual consolidação dos usos e determinadas

expectativas do comércio internacional.

Ratificando o acima exposto Carmona (1998 apud CÁRNIO,

2009, p. 155) afirma que a doutrina moderna admite que a lex mercatoria decorre

a partir de três situações bastante distintas entre si, que são: a afirmação

crescente das técnicas contratuais constantes no comércio internacional, a

concretização das regras autônomas relativamente às legislações nacionais e a

crescente conscientização dos operadores do comércio internacional da

79

inadequação das leis nacionais para dar solução a problemas decorrentes de

contratos transnacionais.

Segundo o que versa Amaral ( 2004, p.62) a lex mercatoria

não compete com a lei do Estado, também não se caracteriza como direito

supranacional que se sobrepõe ao direito interno, porém é um direito adotado,

principalmente na arbitragem comercial internacional ou em outra forma de

solução de controvérsias, para o autor, este é o sentido e a amplitude da lex

mercatoria. Sobre a diferença do conteúdo da lex mercatoria com as leis do

Estado, Amaral explica que nem sempre são conflitantes com as leis previstas

nos direitos nacionais, são inclusive na maioria das vezes compatíveis com os

princípios que regem o direito obrigacional.

Conforme versa Strenger ( 1996, p. 147) a lex mercatoria é a

única teoria que encontra meios de apontar aos comerciantes como atuar no

plano internacional, sem correr o risco de ver-se impedido pela contingência do

conflito de leis ou até mesmo a ordem pública interna, porquanto está baseada

em mecanismos mais flexíveis.

3.3.3 Posições divergentes

Existem uma série de conceitos que divergem em relação a

lex mercatoria. Para Cárnio ( 2009, p.157) existem severas críticas à lex

mercatoria no que diz respeito ao seu conceito, suas fontes e até a sua aplicação.

Para Amaral um dos argumentos contra à lex mercatoria

refere-se que a mesma “não é uma lei, faltando-lhe base metodológica e um

sistema legal que a suporte. Não possui autoridade estatal que possa derivar seu

efeito obrigatório”

Huck (1994, apud Cárnio, 2009, p. 157) baseado nas lições

de Norberto Bobbio versa que o entendimento de que a lex mercatoria é um

direito é inoportuna se for entendida como um direito supranacional. Esclarece

também que a ideologia da lex mercatoria pretende afastar qualquer tipo de

80

intervenção dos direitos nacionais sobre as relações do comércio internacional.

Segundo o autor não se pode ignorar o papel fundamental do Estado nas

relações comerciais, financeiras e comerciais internacionais tendo em vista que o

mesmo protege as distorções causadas pela desproporção de forças entre as

nações.

Segundo Cárnio (2009, p.158) outro ponto criticado pelos

doutrinadores são as fontes da lex mercatoria, seja por sua profusão, que

caracteriza como um obstáculo para o domínio do conteúdo, seja pela dificuldade

que se tem na uniformização.

Neste sentido Amaral (2004, p. 65) dispõe que outro

argumento utilizado contra a lex mercatoria refere-se que a mesma e incompleta,

vaga e incoerente, pois se for considerar os vários sistema legais nacionais

existentes, são poucos os princípios em comum, e os que são comuns

geralmente são muito amplos e gerais. Também leva em consideração a

flexibilidade da lex mercatoria que podem obter decisões arbitrárias e a uma

decisão diferente para cada caso, ainda que sejam semelhantes.

Sobre este assunto Pamboukis (apud CÁRNIO, 2009, p.158)

menciona que esta multiplicidade de fontes pode gerar um desconhecimento do

conteúdo por parte dos seus intérpretes e aplicadores. Também Wilkinson (apud

CÁRNIO, 2009, p. 158) explica que como são princípios excessivamente gerais

não haverá uniformidade, deixando a interpretação variar de acordo com cada

intérprete que levará em conta sua localização, arcabouço cultural e cenário

histórico, o que nem sempre será a solução mais justa.

Porém existem os defensores da lex mercatoria que,

conforme o que aponta Amaral ( 2004, p.65), reconhecem que a lex mercatoria

não é um conjunto de normas completo, preciso e exaustivo, contudo os sistemas

legais nacionais também não o são, em virtude das constantes e freqüentes

alterações, cita inclusive como exemplo, o ordenamento jurídico brasileiro que

81

possuem milhares de legislações que diante de alterações acarretam mudanças

radicais no regramento das relações entre particulares.

Também defendem que a lex mercatoria não é tão vaga e

nem tão rudimentar como mencionam os adversários, há a possibilidade de existir

decisões conflitantes e contraditórias, o que também pode acontecer nas leis dos

Estados, onde as decisões dos tribunais também geram conflitos e contradições.

(AMARAL, 2004, P.66)

Apesar de criticar a lex mercatoria conforme exposto acima,

o próprio Hermes Marcelo Huck afirma que se trata de um remédios dos mais

utilizados como solução para os grandes problemas enfrentados pelo comércio

internacional (CÁRNIO, 2005, p. 159)

Diante desta afirmação Cárnio ( 2005, p.159) esclarece que:

Tal reconhecimento não causa qualquer tipo de surpresa,

seja pelo brilhantismo do jurista em questão, seja pela clareza dessa constatação.

Afinal, diante de um cenário mundial em que as negociações mercantis evoluem

muito mais que a capacidade dos governos de manterem certo grau de

organização nas relações políticas internacionais, não causa espanto que os

comerciantes busquem a aplicação de regras que objetivem intrinsecamente a

viabilidade operacional e jurídica de suas contratações com relativo grau de

simplicidade e previsibilidade

Ao fazer menção a polêmica criada entre os adeptos e os

opositores da lex mercatoria, Strenger (1996, p.145) expõe que não há

vencedores ou vencidos doutrinário. O que não pode se deixar de levar em

consideração é que a lex mercatoria resulta de um regime criado pelo comércio

internacional e que se mantém ao lado do direito estatal.

Amaral (2004, p. 66) explica que a lex mercatoria se for

entendida como um conjunto de regras costumeiras a presidir negócios

internacionais, evitaria qualquer questão sobre a colisão com as normas

82

nacionais. Porém se pretender conferir um caráter de direito supranacional ou

nacional vai surgir a problemática da prevalência da lei positiva pois não existe

contrato ou contratante sem um vínculo a um ou mais ordenamentos jurídicos

nacionais. Costuma-se associar a lex mercatoria como um sistema que

desvincula o contrato internacional de qualquer direito nacional. No entanto como

já foi tratado acima, a lex mercatoria deve ser caracterizada como o corpo de

normas costumeiras, fundadas em princípios gerais e na boa-fé que presidem os

negócios internacionais.

3.3.4 Fontes da Lex mercatoria

Outro assunto divergente entre os doutrinadores, trata-se

das fontes da lex mercatoria, Cárnio ( 2009, p. 161) explica que em sentido mais

restrito, a doutrina elenca como fontes, os princípios gerais do direito, os usos e

costumes internacionais, as decisões de juízo arbitral e as regras internacionais

do comércio.

Ao se referir aos princípios gerais do direito, Amaral (2005,

p. 04) afirma que tais princípios estão geralmente interligados as relações

contratuais, tais como o princípio da boa-fé, pacta sunt servanda, culpa in

contrahendo, exceptio non adimplenti contractus, dever de limitar danos, entre

outros. Segundo a autora, esses princípios são extraídos tanto do direito interno

quanto do direito internacional que são extraídos de estudos de direito comparado

de diversos ordenamentos jurídicos nacionais.

Para Cárnio ( 2009, p. 161) estes princípios são aceitos com

naturalidade para regular as relações comerciais, dada a generalidade de seus

preceitos. Cárnio ainda faz referência a Berthold Goldman que esclarece que

existem autores que não entendem os princípios gerais do direito na lex

mercatoria, estes autores ao se referirem a estes princípios estariam

mencionando os princípios do direito internacional descritos no Estatuto da Corte

Internacional em seu artigo 38. Neste artigo é citado que os princípios gerais do

direito são aqueles comuns às nações civilizadas, caso um tratado internacional

83

mencione “princípios gerais”, estará referindo-se a tal conceituação. Porém se

estes princípios são referentes a um contrato do comércio internacional não

deveria ser remetido ao artigo 38, mas sim a princípios relacionados ao comércio

internacional.

Outra fonte citada é o uso e costumes internacionais que

para Amaral (2005, p.05) são considerados como uma das fontes mais

importantes da lex mercatoria, pois a maioria das organizações representativas

das comunidades comerciais se dedicam a uniformizar os procedimentos

comerciais, elaborando ordenamentos que agem com a mesma eficácia da

normatividade formal.

Cárnio ( 2009, p. 162) preceitua que:

No que se refere a uso e costumes, para que sejam adequadamente considerados como fonte da lex mercatoria, devem ser procedimentos amplamente utilizados pelos operadores de comércio internacional, de forma uniforme e contínua, de tal sorte que, dada a repetição com que são praticados, criem a sensação de dever de seu cumprimento; e, no caso de descumprimento, gere reação de isolamento ou desaprovação da parte transgressora pelos demais operadores.

Cárnio (2009, p. 162) ainda cita como exemplo de uso e

costumes, os créditos documentários que são amplamente utilizados no mercado

internacional, onde se emite uma carta de crédito para dar garantia às operações

de importação e exportação. A carta de crédito é um documento de cunho

obrigacional emitido por uma instituição bancária em nome do importador,

garantindo ao exportador o pagamento de um determinado valor em certo prazo,

condicionando ao exportador a apresentação à instituição bancária os

documentos relacionados no texto da carta de crédito.

As decisões do juízo arbitral é outro elemento muito

importante que corrobora com a formação da lex mercatoria, são elas que

mantém a lex mercatoria permanentemente renovada. (CÁRNIO, 2009, p.163).

84

Para Amaral (2005, p.05) é estreita a relação da lex

mercatoria com a arbitragem. Segundo Guerreiro ( 1989 apud Amaral, 2005,

p.05):

A lex mercatoria pressupõe a existência de uma comunidade de operadores do comércio internacional que possui interesses próprios e que encontra na arbitragem comercial internacional o mecanismo adequado para a aplicação de normas aptas a resolver as pendências instauradas quanto aos contratos celebrados, no âmbito dessa comunidade, pelas partes respectivas. A jurisprudência arbitral integra, por sua vez, o conteúdo da lex mercatoria, a qual, mesmo sem constituir ordem ou sistema, tende a se institucionalizar, cada vez mais superando a insuficiência do método de conflitos (de leis e de jurisdição) do direito internacional privado, para a disciplina dos contratos internacionais, já que o resultado da aplicação desse método é exatamente a determinação de uma lei nacional, o que já não mais se coaduna com as necessidades contemporâneas.

Ao finalizar as fontes em sentido restrito conforme exposto

acima, segue as regras do comércio internacional, que são elaboradas por

diversas organizações que buscam, conferir uniformidade à regulamentação

comercial internacional, aprimorando e homogeneizando o entendimento dos

operadores internacionais com seus pares. Cárnio (2009, p. 164) cita como

exemplo de lex mercatoria os princípios sobre os contratos comerciais

internacionais elaborados pelo Instituto Internacional para a Unificação do Direito

Privado, UNIDROIT.

Além das fontes supra citadas Engelberg (2007, p.29) traz

como fontes da lex mercatoria, baseado no pensamento de Philippe Kahn, dos

citados pela autora os mais importantes são os contratos-tipo, as condições

gerais de compra e venda e os Incoterms. Segundo esta autora “pode-se dizer

que os contratos-tipo são uma espécie de tratado entre associações, o qual

salvaguarda os interesses divergentes destas”.

Ao fazer referência aos contratos-tipo, Amaral (2005, p.04):

Os contratos-tipo, ou standards, seriam regulamentações ou fórmulas de contratos, padronizadas, com inúmeros pontos em comum, somente se diferenciando nas particularidades de cada

85

ramo do comércio. Normalmente são elaborados por organizações ou associações internacionais que buscam uniformizar a prática comercial. Como exemplo pode-se citar a London Corn Trade Association, que somente para o comércio de trigo fornece cerca de 60 contratos-tipo.

Também Engelberg (2007, p.31) ao referenciar as

condições gerais de compra e vendas explica que tal fonte foi criada pela

Organização das Nações Unidas ou Conselho Econômico, através da Comissão

Econômica para Europa, sediada em Genebra. Estas condições foram produzidas

no sentido de que pudessem ser aceitas e adotadas pelas associações

profissionais, ou, ao menos, pelos profissionais com firma sediada na Europa,

independente de ser vendedor ou comprador. O objetivo era tornar mais fácil o

comércio intraeuropeu, com a normatização das condições gerais que as partes

pudessem utilizar nas relações comerciais internacionais. Para esta autora, uma

vez que vários países do Oriente Médio e da América Latina preferem contratar

segundo as condições da Organização das Nações Unidas, o objetivo principal

desta Comissão foi atingido.

Os Incoterms elaborados pela Câmara de Comércio

Internacional, também surgem como fonte da lex mercatoria na concepção de

Engelberg ( 2007, p.32), de acordo com a autora, “os Incoterms são regras para

interpretação de termos comerciais, resultantes de uma vasta pesquisa feita em

plano mundial.” Deste pesquisa surgiu uma publicação que dá o significado das

abreviações das cláusulas e contratos em 18 países, que determinam um contrato

de compra e venda.

Para Strenger, ( 2005, p. 812) sem desconsiderar o

papel criador das fontes acima citadas, “devem-se acrescentar, no caso do direito

adstrito ao comércio internacional, todas as condições de impacto, oriundas de

novas técnicas e acidentes de caminho, no exercício operacional das transações

comerciais.” Desta maneira se formam as normas do direito comercial

internacional, diferentemente das normas estatais, “tendo como origem todos os

mecanismos que fazem parte do profissionalismo que caracteriza o intercâmbio

86

mercantil, aperfeiçoado ou alterado pelas técnicas que resultam da cooperação

interdisciplinar”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esta pesquisa bibliográfica, é importante

ressaltar que este estudo é trata-se de uma peça diante de um tema altamente

relevante e complexo como os contratos internacionais do comércio.

No que se refere ao primeiro capítulo verifica-se que a

expansão do comércio internacional é influenciada por atores além do Estado na

elaboração das regras que determinam o funcionamento das práticas comerciais

internacionais. Nota-se o crescimento constante da iniciativa privada nas relações

internacionais, sobretudo no comércio. Por este fator as principais potências

mundiais se verificaram a necessidade da criação de uma nova ordem

internacional que resultou na Organização Mundial do Comércio.

Por conseguinte, no segundo capítulo, extraiu-se que o

contrato internacional é um elemento dinâmico, visto como o motor do comércio

internacional, onde um dos principais elementos de diferenciação entre o contrato

interno e internacional é a vinculação a mais de um sistema jurídico, o que foi

demonstrado em todas as tipificações exemplificadas neste trabalho.

No terceiro capítulo, o mais divergente de todo o estudo, se

apresentou as questões relacionadas ao direito aplicável aos contratos

internacionais iniciando com uma abordagem aos elementos de conexão que é

utilizado como meios para se definir a localização das obrigações. Neste sentido

foi abordada a autonomia da vontade das partes, onde é praticado por diversos

países, porém de acordo com alguns autores, a legislação brasileira não prevê tal

princípio, dificultando as relações do Brasil com outros países. Outro assunto

tratado neste capítulo é a nova lex mercatoria, que visa a unificação das regras do

comércio internacional, porém a doutrina não é pacífica no que se refere a

utilização da lex mercatoria como fonte do comércio internacional.

88

Em resposta a hipótese apresentada na introdução em face da investigação

realizada ao longo desse trabalho monográfico, informa-se que resta comprovada

nos seguintes termos:

Através da investigação realizada, verificou-se que a legislação aplicável a um

contrato internacional, em países como o Brasil, são determinados pelos

elementos de conexão. Porém, como restou foi detectado, muitos países utilizam

o princípio da autonomia da vontade para definir a competência judiciária dos

contratos internacionais, visto que é um objeto facilitador das negociações

internacionais. No tocante a solução dos conflitos estabelecidos em função da

celebração do contrato, de acordo com os estudos realizados, em países como o

Brasil os conflitos são resolvidos através das normas do direito interno. Porém

com a evolução do comércio internacional, observa-se uma forte tendência por

parte dos Estados em utilizar as fontes da lex mercatoria.

Por derradeiro, verifica-se que o direito aplicável aos

contratos de comércio internacional, é o objeto de estudo de enorme relevância,

pela doutrina nacional e internacional, visto que é um tema atual, de importância

mundial, que determina as negociações comerciais mundiais afetando desta

forma toda coletividade internacional em decorrência da dinâmica globalizada em

que os atores do cenário internacional se relacionam.

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

AMARAL, Ana Paula Martins. Lex mercatoria e autonomia da vontade. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 592, 20 fev. 2005. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/6262>. Acesso em: 26 out. 2010.

AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. Direito do Comércio Internacional: aspectos fundamentais. São Paulo: Aduaneiras, 2004.

AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Introdução ao direito internacional público. São Paulo: Atlas, 2008.

ARAÚJO, Nadia de. Direito internacional privado: teoria e prática brasileira.2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

BAPTISTA, Luiz Olavo. Dos Contratos Internacionais – Uma Visão Teórica e Prática. São Paulo: Saraiva, 1994.

BASSO, Maristela. Contratos Internacionais do Comércio. 3.ed. rev.atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002.

CÁRNIO, Thaís Cíntia. Contratos Internacionais: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009.

CESAR, Katia Regina. A importância da concertação social. (03 nov. 2008), Direito net. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/4687/A-importancia-da-concertacao-social>. Acesso em: 02 nov. 2010.

CORRÊA, Luís Fernando Nigro. O MERCOSUL e a OMC: regionalismo e multilateralismo. São Paulo: LTr, 2001.

DINIZ, Maria Helena. Tratado Teórico e Prático dos Contratos. 6. ed. rev. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 1.

ENGELBERG, Esther. Contratos internacionais do comércio. 4.ed.rev.atual. São Paulo: Atlas, 2007.

FERRAZ, Daniel Amin. Joint Venture e contratos internacionais. Belo Horizonte: Mandamentos, 2001.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. 3.ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.

GARCEZ, José Maria Rossani. Contratos Internacionais Comerciais – Planejamento, Negociação, Solução de Conflitos, Cláusulas Especias, Convenções Internacionais. São Paulo: Saraiva, 1994.

90

GULLO, Marcelly Fuzaro. A Organização Mundial do Comércio e a jurisdicionalização do comércio internacional. In: CENTRO DE DIREITO INTERNACIONAL. Revista Eletrônica de Direito Internacional, 2007. Disponível em:< www.cedin.com.br/revistaeletronica>. Acesso em:15 agosto 2010

JO, Hee Moon. Moderno direito internacional privado. São Paulo: LTr, 2001.

KUHN, João Lacê. A autonomia da vontade nos contratos do Mercosul. In: FRANCESCHINI, Luis Fernando; Wachowicz, Marcos (coords). Direito internacional privado. Curitba: Juruá, 2006. LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comércio internacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998.

LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2007.

LONDERO, Daiane; RICHTER, Ingrid. A globalização e a nova cidadania. In: VI Semana Acadêmica do Direito da Universidade Federal de Santa Maria, 2007, Santa Maria. Disponível em: <http://www.ufsm.br/revistadireito/eds/v2n3/a05.pdf> Acesso em: 10 agosto 2010.

MARTINS, Juliano Cardoso Schaefer. Contratos Internacionais – A Autonomia da Vontade na Definição do Direito Material Aplicável. São Paulo: LTr, 2008.

MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Leasing. 3.ed.rev.atual.e ampl.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

MENDES, Marcos José Martins; CALDAS, Diogo Oliveira Muniz. O tratamento da autonomia da vontade nos contratos internacionais segundo a lei de introdução ao Código Civil Brasileiro. In: Revista Eletrônica Vox Juris da UGF, 2009, Rio de Janeiro. Disponível em <www.ugf.br/editora/pdf/voxjuris_2/artigo3.pdf> Acesso em: 25 outubro 2010.

MURTA, Roberto. Princípios e contratos em comércio exterior. São Paulo: Saraiva, 2005.

ODIZIO, Flavio Augusto. A necessidade da redefinição do conceito de soberania estatal. In: II ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – UNITOLEDO, 2006, Presidente Prudente. Disponível em: <http://intermas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1264/1206>. Acesso em: 10 agosto 2010.

PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007.

PEDRO, Wagner Osti. Direito aplicável aos contratos internacionais do comércio. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 2006. Disponível em <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1476>. Acesso em 26 out. 2010

91

PEDRON, Flávio Barbosa Quinaud; CAFFARATE, Viviane Machado. Do contrato de franquia. In: Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 45, set. 2000. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=616>. Acesso em: 18 set. 2010.

RODAS, João Grandino. Contratos Internacionais. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Dos Contratos e Declarações Unilaterais da Vontade. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v.3.

SABA, Sérgio. Comércio internacional e política externa brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002.

SALEME, Édson Ricardo. Direito Internacional Privado. São Paulo: Saraiva, 2009.

SIMÃO FILHO, Adalberto. Franchising: aspectos jurídicos e contratuais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1998.

STRENGER, Irineu. Contrato internacionais do comércio. 4.ed. São Paulo: LTr, 2003.

_______________. Direito do Comércio Internacional e Lex Mercatória. São Paulo: LTr, 1996.

_______________. Direito Internacional Privado. 6.ed. São Paulo: LTr, 2005.

THORSTENSEN, Vera Helena. OMC, Organização Mundial do Comércio: as regras do comércio internacional e a rodada do milênio. São Paulo: Aduaneiras, 1999.

TORRES, Igor Gonçalves. Comércio Internacional no Século XXI. São Paulo: Aduaneiras,2000.

ANEXOS

Quadro estrutural da Organização Mundial do Comércio:

93

LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição, decreta:

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953)

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.

§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo,

94

ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.

§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.

§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)

§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).

§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.

§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.

Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.

95

§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.

§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.

Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem.

§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.

§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente.

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 18.5.1995)

§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem.

§ 1o Não poderão, entretanto. ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.

§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação.

§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.

§ 1o Só à .autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações, relativas a imóveis situados no Brasil.

96

§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que ,foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.(Incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Parágrafo único. No caso em que a celebração dêsses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

97

Modelo de contrato de compra e venda internacional ( MURTA, 2005, P.83)

Contrato de compra e venda internacional, que entre si fazem a empresa Export Indústria e Comércio do Brasil Ltda., constituída sob as leis da República Federativa do Brasil, inscrita no CNPJ-MF sob nº.........................., com sede na Avenida A, nº 1.000, na cidade de São Paulo – SP, Brasil (doravante denominada Export Ltda.), representada por seus direitos in fine assinados, e a firma Import Comércio y Representaciones S.A., empresa legalmente constituída sob as leis da República do Peru, sediada na cidade de Lima, Peru (doravante denominada Import S.A.) representada neste ato por seu Presidente, Sr..........................., e seu Vice-Presidente, Sr........................., igualmente in fine assinados

Considerando:

1. Que a Import S.A. deseja adquirir equipamento completo destinado à produção de refrigerante em lata (somente de alumínio), a ser montado em suas dependências, na cidade de Lima, Peru;

2. Que a Import S.A. procedeu ao concurso internacional para a aquisição do mencionado equipamento completo;

3. Que a Export Ltda. Possui toda a tecnologia necessária para o fornecimento, supervisão, montagem, colocação em funcionamento e futuros fornecimentos de peças sobressalentes do referifo equipamento, o que é caracterizado em outras cláusulas deste contrato, que está disposta a garantir integralmente a execução de todos os objetivos contidos neste acordo, bem como assegurar o envio de um ou mais técnicos especializados, toda vez que a firma importadora o solicite quando necessário, isto é, com um mínimo de 8 (oito) dias de antecedência, caso em que o importador assumirá a responsabilidade de todas as despesas do(s) técnicos enviado(s), as partes acordam e estipulam as cláusulas que seguem:

1.ª) Do Objeto

1.1 o objeto do presente contrato é a compra e venda do equipamento fabricado pelo Export Ltda., bem como a montagem, até sua efetiva colocação em operação útil nas dependências da firma importadora Import S.A., que ora adquire, de acordo com as cláusulas e definições deste contrato.

1.2 A compra e venda ora ajustada refere-se a equipamento completo de linha de produção de refrigerante em lata de alumínio, produzido pelo sistema lift pull, com capacidade para produzir 50.00 unidades-dias, composto das máquinas e equipamentos discriminados na fatura Proforma datada de 24 de maio de 2004, enviada pela Export Ltda. à Import S.A – e aprovada por esta – e que amparada a exportação ora ajustada.

2. ª) Documentos Contratuais e Definições

2.1 A palavra contrato significa o conjunto de todos os documentos representativos de acordo de vontades entre as partes contratantes em relação ao fornecimento das máquinas e equipamentos discriminados na Fatura Proforma em 1.2, acima.

98

2.2 As expressões a seguir definidas e aplicadas ao presente contrato terão o significado abaixo transcrito, exceto quando estabelecidas expressamente em contrário, ou assim exigido pelo contexto;

2.2.1 Compradora: conforme usada no presente contrato, representará a empresa Import Comércio e Representações S.A., ou qualquer empresa que a suceda.

2.2.2 Vendedora: conforme usada no presente contrato, significará a empresa Export Indústria e Comércio do Brasil Ltda., ou qualquer empresa sucessora.

2.2.3 Equipamentos: conforme utilizada no presente contrato, significa´ra artigos.máquinas, partes e peças de reposição, apetrechos industriais etc., enfim, todo o material necessário para o fornecimento do equipamento encomendado e contratado pela Import S.A., consistindo de parte importada – se for o caso – e parte nacional, conforme estabelecido nas cláusulas seguintes .

2.2.4 Preço contratual: conforme definido na cláusula 3.ª do presente contrato.

2.2.5 Local de entrega: o local em que será colocado o equipamento à disposição da firma compradora, isto é, na cidade de Lima, Peru.

2.2.6 Expressões no singular abrangerão igualmente o plural e vice-versa, onde exigido pelo contrato.

2.2.7. As expressões “meses e dias”, constantes do presente termo, deverão ser entendidas como meses civis e dias corridos, respectivamente.

3.ª) Do Preço Contratual e Condições de Venda

3.1 A Import S.A. pagará à Export Ltda. o preço mencionado nesta cláusula, em conformidade com os procedimentos e outras condições aqui estipuladas

3.2 o preço total da venda dos equipamentos discriminados na Fatura Proforma e objeto deste contrato, aqui representado em dólares norte-americanos e na condição CIF Lima, Peru (Incoterms 2000), e é de US$ 10,500,000.00 ( dez milhões e quinhentos mil dólares dos Estados Unidos).

4.ª) Das condições de pagamento

4.1 Os preços estipulados no item 3.2 supra deverão ser pagos da seguinte forma:

4.1.1 Dez por cento (10%) do total do contato, isto é, US$ 1.050.000,00 (hum milhão e cinqüenta mil dólares dos Estados Unidos), como parcela inicial, pago a vista, resgatável mediante simples recibo.

4.1.2 Noventa por cento (90%) do total do contrato, isto é, US$ 9.450.000.00 (nove milhões quatrocentos e cinqüenta mil dólares dos Estados Unidos), pago por financiamento, resgatável segundo os critérios de obtenção de crédito internacional, por parte da adquirente Import S.A.

99

4.1.3 Preferencialmente, pela obtenção de uma Carta de Crédito Irrevogável, intransferível e confirmada pelo Banco do Brasil S.A., Agência Jabaquara, São Paulo – SP, emitida em favor do exportador, pagável a vista, contra apresentação dos documentos de embarque. Tal hipótese decorre da obtenção, por parte do importador, de financiamento por Carta de Crédito para aquisição dos equipamentos no Banco de la Republica Del Peru e confirmada pelo Banco do Brasil S.A.

Todos os custos da Carta de Crédito, incluindo os de confirmação, correrão por conta da empresa importadora. Esta Carta de Crédito deverá ser entregue e confirmada à Export Ltda., simultaneamente com os 10%(4.1.1) e com a validade de 1 (hum) ano, a partir da data de sua emissão.

4.1.4 Se, entretanto, por quaisquer razões, não houver a obtenção, por parte do importador, da referida Carta de Crédito, desde logo, as partes estipulam que o pagamento do preço equivalente aos 90% do total do contrato, isto é US$ 9.450.000,00, será pago em 10 (dez) cotas semestrais e sucessivas, representadas por igual número de cambiais do mesmo valor, vencendo-se primeira 6 (seis) meses após o vencimento do ano de carência: este se computará a partir do momento do recebimento dos equipamentos pela firma importadora em sua sede no Peru, todas emitidas pela Export Ltda., sacáveis contra a Import S.A. e devidamente avalizadas pelo Banco de la Republica del Perú.

4.1.5 Sobre os saldos devedores existentes a partir do pagamento da primeira parcela de US$ 1.050.000,00, equivalentes aos 10% do total do contrato, conforme previsto em 4.1.1 supra, vencerão juros determinados pelos acordos efetuados entre o Banco de la Republica del Perú e o Banco do Brasil S.A., e serão calculados antecipadamente sobre os saldo devedores, juros estes cujos pagamentos dar-se-ão em parcelas semestrais, igualmente mediante cambiais emitidas pela firma exportadora conta a firma importadora.

4.1.6 Os pagamentos, tanto do principal (90%) como dos juros, conforme acima definidos, serão representados por 10 (dez) cambiais emitidas pela Export Ltda. à sua própria ordem e aceitas pela Import S.A., com garantia do aval por parte do Banco de la Republica del Perú garantido o seu pontual pagamento e transferência das correspondências importâncias para o Brasil.

4.1.7 As cambiais aceitas e garantidas serão irrevogáveis, e representarão obrigações exeqüíveis da import S.A. e do Banco de la Republica de Peru, em conformidade com a natureza legal dessas espécies de crédito e as disposições deste contrato.

4.1.8 Ao depositar as cambiais sob custódia, o banco avalista peruano entregará ao Banco do Brasil S.A. uma carta atestando a competência e a autoridade das assinaturas que constituem o aceite da firma importadora.

4.1.9 Os pagamentos decorrentes da cláusula 4ª serão efetuados sem atraso e sem nenhuma dedução por impostos, emolumentos, selos ou comissões bancárias pela transferência com fundos para o Brasil, presentes ou futuros, incidentes no Peru.

100

4.1.10 Serão de responsabilidade da firma importadora as despesas com a obtenção do aval do banco avalista, Banco de la Republica del Peru.

4.1.11 Todos os pagamentos em dólares dos Estados Unidos, estipulados neste contrato, somente serão considerados efetivos uma vez recebidos, sem restrições, livremente disponíveis na data designada, no Banco do Brasil, Agência Jabaquara, São Paulo – SP.

5ª) Do prazo e das condições de entrega – transporte e seguro

5.1 Os equipamentos adquiridos por força do presente contrato deverão ser embarcados por via marítima e entregues em condições COF (Incoterms 2000), nas dependências do importador, em até 6 (seis) meses após a abertura de crédito de financiamento para exportação no Banco do Brasil S.A., salvo ocorrência de causa fortuita ou força maior (.8.4)

5.2 O equipamento será embalado de acordo com os métodos das normas de embalagem para exportação. Toda a carga será montada e conteinerizada de modo a oferecer a máxima segurança e proteção contra furto, danos e perdas, tudo sob Padrão Internacionais amparados pelo ISSO 9002, assegurados e garantidos pelo exportador.

5.3 Todas as despesas e demais encargos referentes a seguro transporte da mercadoria entre as dependências do exportador e porto de embarque, e até o porto de destino no país importador, correrão por conta do exportador e deverão constar na Fatura Comercial que ampara as mercadorias a ser exportadas.

5.4 O importador obriga-se e compromete-se, nos termos deste contrato, a segurar por sua própria conta e risco todo o equipamento ora adquirido, imediatamente após recebê-lo, em suas instalações;

6.ª) Garantias e Regulamentos Relevantes

6.1 A empresa exportadora afirma e garante que os equipamentos ora transacionados se encontram conforme disposto no item 1.2 (Objeto) e que são os apropriados para a produção garantida de refrigerante em lata de alumínio. Por outro lado, a boa e perfeita produção exige o uso da matéria-prima de boa qualidade, conforme previsto no projeto, além de possuir a adquirente sistema de energia elétrica e água em suas dependências, também igualmente já especificado no projeto.

6.2 A empresa exportadora garante que todas as peças fornecidas – no presente ou no futuro – ao amparo do presente acordo são livres de defeitos prejudiciais de material ou de fabricação, que possam comprometer a sua utilização normal e pacífica, em conformidade com o disposto neste contrato.

Os termos desta garantia são válidos por um prazo de 06 (seis) meses, a contar da data do recebimento do certificado de conclusão de montagem transcrito no item 6.7. Nos termos da presente garantia, a exportadora manterá, durante o mesmo período, um técnico especializado em seus equipamentos, durante a montagem e

101

para supervisionar o seu funcionamento após instalados nas dependências da importadora, por um período mínimo de 06 (seis) meses.

6.3 A empresa exportadora, para perfeito cumprimento das obrigações de garantia especificadas conforme o item 6.2, após a expedição do certificado de conclusão de montagem, oferecerá garantia bancária irrevogável, automática e integral, no valor equivalente a 10% (dez por cento) do total do contrato, isto é, US$ 1.050.000,00, com validade igualmente para 6 (seis) meses, emitidas por um banco de primeira linha, no Brasil.

6.4 O pagamento de qualquer importância referente à garantia estipulada no item 6.3 só será feito mediante a comprovação dos danos ocorridos, tudo em função de defeitos de fabricação e qualidade do material aplicado. Em caso de desacordo entre as partes sobre o valor a ser pago, resolver-se-à mediante arbitramento, na forma da cláusula 9ª deste acordo.

6.5 Independentemente de garantia estipulada em 6.3, a qual, na verdade, é uma garantia pecuniária para o cumprimento dos itens 7.1 e 7.2, caso ocorram quaisquer defeitos no equipamento vendido, a empresa exportadora, após comunicado por escrito da empresa importadora, dentro dos prazos desta garantia, procederá a reparo, modificação ou substituição das partes defeituosas, sem nenhum ônus para a compradora.

As medidas para reparo dos eventuais defeitos e/ou a substituição das partes deverão ser tomadas de comum acordo entre as partes contratantes, criando critérios para que tais reparos ou substituições sejam efetuados no menor prazo possível. Ditos reparos e/ou substituições, entretanto, serão realizados pela empresa exportadora, sob as seguintes condições:

6.5.1 A montagem e a colocação em funcionamento dos aparelhos terem sido executadas sob a supervisão da exportadora, conforme disposto no contrato.

6.5.2 A firma importadora deverá manter um registro diário de ocorrências, no qual serão anotados todos os fatos pertinentes à montagem, colocação em serviço, operação e manutenção do equipamento e onde também registrar-se-á o tempo de operação durante todo o período de garantia. O livro de registro mencionará ainda todas as observações relativas às montagens efetuadas pelo supervisor do fabricante. Dito registro será plenamente acessível à Export Ltda., por meio de seus supervisores, durante o período de montagem, colocação em serviço e garantias do maquinário.

6.6 A presente transação de compra e venda de equipamentos não inclui obras civis de supra-estrutura para completo funcionamento do complexo industrial do importador, sendo certo que, para o bom e fiel cumprimento das cláusulas que compõem o capítulo referente a garantias e regulamentos relevantes, este se obrigará a providenciar e/ou construir, de conformidade com o projeto:

6.6.1 obras civis, se essenciais à montagem do equipamento;

6.6.2 balança;

102

6.6.3 subestação elétrica;

6.6.4 captação de água;

6.6.5 tanques de combustível;

6.6.6 empilhadeiras;

6.6.7 caldeiras;

6.6.8 iluminação.

6.7 O certificado de Conclusão de Montagem será emitido e assinado pelos representantes da Import S.A. e da Export Ltda. no prazo de 24 (vinte e quatro) horas após finalizados os trabalhos de montagem e aprovados todos os testes de plena operação de todo o equipamento, dentro de um período considerado satisfatório, a critério do fabricante, que poderá ser de até 72 horas após a montagem.

7.ª) Responsabilidade

7.1 Fica entendido e acertado entre as partes contratantes que, na aceitação final do equipamento, todas as obrigações da Export Ltda., resultantes do presente contrato, serão reconhecidas como inteiramente cumpridas, à exceção das obrigações definidas na cláusula 6ª (Garantias e Regulamentos Relevantes) deste contrato, que serão reconhecidas como inteiramente compridas na data do término do período de garantia como disposto no item 7.2.

7.2 Nenhuma desistência, omissão ou tolerância demonstrada por nenhuma das partes em exigir o cumprimento pela outra, de nenhuma das cláusulas, dispositivos, condições ou obrigações deste contrato importará na perda do direito da parte desistente, omissa ou tolerante, de exigir da outra parte, a qualquer tempo e sem aviso prévio, o cumprimento de ditas cláusulas, dispositivos, condições ou obrigações.

7.3 A responsabilidade da Export Ltda. limitar-se-á ao cumprimento de todas as garantias estabelecidas neste contrato.

8.ª ) Rescisão ou Revogação

8.1 Se qualquer das partes cometer uma infração considerada grave em relação às suas obrigações, conforme previsto no presente acordo, a parte afetada ou não infratora deverá, para os efeitos desta cláusula, notificar de imediato – por e-mail – a parte culpada ou infratora, para que esta no prazo máximo de 30 (trinta) dias:

a) corrija a infração apontada, de modo a que se possa prosseguir na execução deste contrato, sem atraso ou prejuízo para a parte não infratora; ou

b) comprove que a falta ocorreu por motivo de força maior, tal como previsto no item 8.3, propondo, então, à parte prejudicada, soluções alternativas razoáveis para que

103

seja superado o obstáculo e se possa prosseguir na execução do presente contrato sem atrasos que venham a criar entraves ou provocar atrasos, ou mesmo, sua rescisão – total ou parcial.

8.2 Caso a parte infratora não atenda à notificação que lhe for feita pela parte não infratora, ou não corrija a falta apontada, ou, ainda, não proponha nenhuma solução razoável para superar os obstáculos, conforme previsto no item 8.1, e a execução do contrato ficar paralisada por força da infração apontada, ou eventuais ocorrências de força maior verificadas, terão as partes um prazo adicional de 90 (noventa) dias para livremente, acordarem soluções para resolver o impasse. Se, mesmo assim, não chegarem a qualquer conclusão, a controvérsia será então levada à deliberação do Juízo Arbitral, conforme previsto na cláusula 9.ª.

8.3 No caso de rescisão do contrato, por motivo de força maior, as partes fixarão, de comum acordo, as importâncias que deverão ser pagas. Na eventualidade, ainda, de não chegarem a um consenso, nesse sentido, recorrer-se-á ao Juizo Arbitral, conforme previsto na Cláusula 9ª, a seguir.

8.4 Pela presente, as partes contratantes estão, desde já, salvaguardadas e protegidas, sem nenhum dano ou prejuízo a ambas, contra quaisquer eventos oriundos de causas de force majeure e/ou hardship, ocorridos durante o prazo de validade deste contrato, e que possam afetá-lo direta ou indiretamente, causando interrupção, inexecução, ou mesmo rescisão, total ou parcial.

A validade do contrato prosseguirá, dentro das mesmas condições anteriores, tão longo as partes contratantes cheguem a um acordo, relativamente à solução do impasse assim surgido.

9.ª) Arbitragem Internacional

9.1 As dúvidas e controvérsias resultantes do não-cumprimento, por qualquer das partes, do presente contrato serão decididas por arbitragem, homologada na forma da Lei brasileira, que regerá o presente acordo, ficando dita arbitragem a cargo do Presidente da Câmara do Comércio Internacional de Buenos Aires, de comum acordo entre as partes, sendo a arbitragem da Câmara do Comércio Internacional de Paris. Os árbitros decidirão as questões a eles submetidas, de acordo com as praxes comerciais internacionais e os princípios gerais do Direito.

9.2 A execução do presente termo prosseguirá durante o processo de arbitragem, salvo se ocorrer a hipótese prevista na primeira parte do item 8.3.

9.3 Os ônus referente à arbitragem caberão à parte desfavorecida no laudo arbitral, em decisão final homologada pela autoridade judicial brasileira, na forma da Lei.

10.ª) Idiomas

10.1 As definições das expressões aqui utilizadas, bem como as interpretações do presente termo contratual e direito das partes contratantes, serão reguladas pelas leis brasileiras competentes, respeitado o disposto no item 9.1.

104

10.2 Com exceção deste contrato, que será elaborado nos idiomas português e espanhol, alguns dos documentos estipulados na Cláusula 2.ª (Documentos Contratuais e Definições) poderão ser elaborados tanto em um como no outro idioma. Entretanto, os documentos técnicos, tais como manuais de manutenção, planos de lubrificação e permutas de partes e peças de equipamentos, deverão ser elaborados no idioma espanhol.

10.3 A critério das partes contratantes, durante a execução deste contrato, quaisquer avisos, comunicações e documentos técnicos, relativos a outras notificações previstas no contrato, poderão ser feitos no idioma espanhol.

11.ª) Alterações

11.1 Nenhuma modificação nos termos deste contrato, ou nos documentos a ele pertinentes, será válida, sem o prévio e expresso consentimento de ambas as partes contratantes.

11.2 Qualquer alteração ou modificação que não obedecer ao que determina o item 11.1, acima, será considerada dolosa e de má-fé.

12.ª) Data e Prazo de Validade

12.1 Este contrato entrará em vigor na data de sua efetiva assinatura, e todos os prazos passarão a ser contados a partir dessa data, salvo se for estabelecida expressamente, em alguma outra cláusula deste contrato outra data para a contagem do prazo, a qal, nesse caso, prevalecerá, para tal feito, sobre a data da efetiva assinatura.

13.ª) Foro Contratual

13.1 Fica desde já eleito o Foro da cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, com renúncia expressa a qualquer outro, que será o único competente para dirimir as questões decorrentes da execução deste contrato, incluindo a homologação e a execução da sentença arbitral.

13.2 As partes contratantes obrigam-se a manter na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, durante o período de vigência do contrato, um mandatário especial com poderes ad judicia, até mesmo para receber citação judicial e firmar compromisso arbrital; a citação poderá ser feito por edital, no caso da ausência ou incapacidade do citado mandatário.

E, por estarem ajustadas e contratadas, firmam as partes o presente contrato, em 3 (três) vias de igual teor e forma, em testemunho da verdade e na forma da Lei brasileira, na cidade de Lima, Peru, na presença das duas testemunhas igualmente abaixo assinadas.

Lima, _______ de _____________________de 2004.

105

__________________________________________________

Export Indústria e Comércio do Brasil Ltda

________________________________________________

Import Comércio e Representações S.A.

________________________________________________

Primeira testemunha

________________________________________________

Segunda testemunha

Modelo de contrato de agênciamento internacional ( MURTA, 2005, P.130)

Contrato que entre si fazem a expresa Relógios Sigma S.A., constituída sob as leis da República Federativa do Brasil, inscrita no CNPJ-MF sob o nº__________________ com sede na Rua nº_________________ na Cidade São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil, a seguir denominada SIGMA, representada neste ato por seus diretores Srs.________________e _________________ in fine assinados, e a empresa Representaciones Alfa S.A. de C.V., empresa legamente constituída pelas leis da república do México com sede na Calle nº na Cidade do México, DF, a seguir denominada ALFA neste ato representada por seus diretores, Srs_____________e _____________, igualmente in fine assinados

Considerando:

1. Que ALFA concorda em se tornar representante internacional de todos os produtos fabricados por SIGMA, a qual, por sua vez, concorda igualmente em ser representada por ALFA;

106

2. que SIGMA possui condições de fornecer a ALFA todo e qualquer tipo de produto de sua fabricação, para apresentação às firmas importadoras especializadas nos mercados contratados, para ulterior exportação por SIGMA.

As partes acordam e estabelecem o seguinte:

Cláusula 1.ª) Objeto

1.1 O ojeto do presente contrato é a representação, por parte de ALFA, dos produtos fabricados e vendidos por SIGMA, que efetivará a promoção e venda, nos países contratados, de acordo com as cláusulas deste contrato.

1.2 Os mercados-alvo abrangidos pelo presente contrato, serão os seguintes:

1.2.1 México;

1.2.2 estados Unidos – Costa Oeste;

1.2.3 Panamá, Cuba, Haiti, Honduras e Guatemala.

1.3 A representação ora ajustada diz respeito aos seguintes produtos e equipamentos:

1.3.1 relógios despertadores a pilha, digitais e analógicos;

1.3.2 relógios de parede, a pilha, digitais e analógicos;

1.3.3 velocímetros para automóveis;

1.3.4 manômetros de pressão;

1.3.5 equipamentos, partes de reposição e demais acessórios.

Cláusula 2.ª) Elementos contratuais e definições

2.1 A representação ora ajustada será realizada por meio de folhetos, catálogos e prospectos explicativos dos materiais mencionados no item 1.3 acima, os quais poderão ser eventualmente substituídos por amostras físicas dos produtos.

2.2 SIGMA compromete-se a fornecer todos os produtos de sua fabricaçao, devidamente acompanhados dos respectivos certificados de controle de qualidade, bem como de termo de garantia, de acordo com as especificações técnicas exigidas pelos órgãos controladores das indústrias de aparelhos de precisão, caso sejam exigidos pelo importador

2.3 As expressões a seguir definidas e aplicadas ao presente contrato terão o significado transcrito, exceto quando estabelecidas expressamente em contrário:

2.3.1 Agente – A palavra “agente”, conforme aqui utilizada, significará o representante do exportador no exterior:

107

2.3.2 Vendedora – A pavara “vendedora”, confomre aqui utilizada, significará a firma contratante, isto é, Relógios Sigma S.A.

2.3.3 Equipamentos – A palavra “equipamentos”, conforme aqui utilizada, significará todo e qualquer aparelho, partes e peças acessórias, abrangidos pelo item 1.3.

2.3.4 Local de Entrega – A expressão “local de entrega”, conforme aqui utilizada, significará o(s) local (is) em que o material a ser usado pelo agente (amostras, folhestos, catálogos, prospectos e outros), será colocado à sua disposição.

Cláusula 3.º) Preço contratual

O preço da mercadoria a ser fornecida ao agente será determinado pela vendedora,, em dólares norte-americanos e constará do documento oficial que acompanhará a mercadoria, por ocasião da entrega.

3.1 Para que o agente possa efetivar a venda de produtos ora representados, a vendedora fornecer-lhe-á uma tabela de preços, em dólares norte-americanos, especificando cada produto em separado, seguido de seu preço FOB Santos ou FCA São Paulo (Inconterms 2000)

3.2 Os materiais fornecidos à guisa de amostras não serão cobrados ao agente, o qual se comprometerá, entretanto, a conservá-los em perfeito estado, bem como a utilizá-los tão somente para o fim a que se destinam, devolvendo-os à vendedora, sempre que esta assim o exigir.

3.3 É expressamente vedado ao agente sob qualquer pretexto, vender qualquer das amostras em seu poder, as quais deverão ser usadas exclusivamente para fins de demonstação aos importadores interessados.

3.4 Ocorrendo a hipótese de o cliente visitado interessar-se pelo produto e solicitar, eventualmente, que a amostra apresentada permaneça em seu poder durante algum tempo, para teste e observação, o agente deverá consultar de imediato a vendedora neste sentido e, somente com o consentimento desta, poderá atender a solicitação do cliente, o qual decerá declarar por escrito que a mencionada amostra foi deixada em seu poder, assumindo, concomitantemente, total responsabilidade pela mesma.

Cláusula 4.ª) Comissão do agente

4.1 A comissão do agente será calculada na base de % ( por cento) sobre o valor FOB ( ou FCA) da mercadoria, salvo acordo em cont´rario, previamente estipulado entre as partes.

4.2 A comissão será paga pela vendedora ao agente estrangeiro, por meio de remessa financeira, logo após confirmada a compra pelo importador, através de Fatura Proforma deste, eviada por e-mail à vendedora, para que esta dê início aos trâmites da exportação propriaemente dita.

4.3 A comissão será devida em toda e qualquer venda concretizada com um comprador estrangeiro conquistado pelo agente.

108

4.4 Uma vez formalizada a vennda, o agente informará por e-mail à vendedora, fornecendo-lhe desde logo todos os dados do importador, para que se entre em contato com este, a fim de dar início à negociação propriamente dita.

4.5 A fim de comprovar a efetivação da exportação, que será negociada diretamente entre exportador e importador, aquela se compromete a fornecer ao agente uma cópia da fatura comercial emitida diretamente em nome do importador, visada pelo consulado do país do importador, no Brasil.

Cláusula 5.ª) Arbitragem Internacional

5.1 As dúvidas e controvérsias que eventualmente resultarem do não-cumprimento do presente contrato, no todo ou em parte, serão resolvidas por arbritagem internacional, homologada na forma da Lei brasileira, que referá o presente contrato, ficando tal arbitragem a cargo do Presidente da Câmara do Comércio da Cidade de ________________, por ajuste aqui efetuado entre as partes, sendo a arbritagem realizada de acordo com os regulamentos de conciliação e arbitramento da Câmara de Comércio Internacional de Paris. Os árbitros decidirão as questões a ela submetidas, de acordo com as praxes comerciais internacionais e os princípio gerais do Direito.

5.2 A execução do presente contrato prosseguirá mesmo durante o processo de arbitragem, exceto se ocorrer a hipótese prevista no item 6.3

5.3 Os ônus referentes á arbitragem caberão à parte desfavorecida no laudo arbitral, em decisão final homologada pela autoridade judicial brasileira, na forma da Lei.

Cláusula 6.ª) Rescisão

6.1 Se qualquer das partes contratantes cometer uma infrmação considerada grave em relação às suas obrigações, conforme previstas neste contrato, a parte lesada ou não infratora deverá, para os efeitos desta cláusula, notificar de imediato (por e-mail) a parte infratora, para que esta, no prazo máximo de 30 (trinta) dias:

a) corrija a infração apontada, de modo a que se possa prosseguir na execução deste contrato, sem atraso ou prejuízo para a parte não infratora;

b) comprove que a falta ocorreu por motivo de força maior, tal como previsto no item 6.3, propondo, então, à parte prejudicada, soluções alternativas razoáveis para que seja superado o obstáculo e se possa prosseguir na execução do presente contrato, sem atrasos que venham a criar maiores delongas, ou mesmo, rescisão do contrato.

6.2 Caso a parte infratora não atenda à notificação que lhe for feita pela parte não infratora, ou não corrija a falta apontada, ou, ainda, não proponha nenhuma solução razoável para superar os obstáculos, conforme previsto no item 6.1, e a execução do contrato ficar paralisada por força da infração apontada, ou eventuais ocorrências de força maior verificadas, terão as partes um prazo adicional de 90 (noventa) dias para livremente, acordarem soluções para resolver o impasse. Se, mesmo assim, não

109

chegarem a qualquer conclusão, a controvérsia será então levada à deliberação do Juízo Arbitral, conforme previsto na cláusula 5.ª.

6.3 No caso de rescisão do contrato, por motivo de força maior, as partes fixarão, de comum acordo, as importâncias que deverão ser pagas. Na eventualidade, ainda, de não chegarem a um consenso, nesse sentido, recorrer-se-á ao Juizo Arbitral, conforme previsto na Cláusula 5.ª.

Cláusula 7.ª) Idiomas

7.1 Com exceção deste contrato, que Serpa elaborado nos idiomas português e espanhol, ou, ainda, a cirtério das partes, também em inglês, algumas dos documentos contratuais mencionados na cláusula 2.ª (Elementos Contratuais e Definições) poderão ser elaborados somente no idioma espanhol.

7.2 A critério das partes contratantes, durante a execução deste contrato, quaisquer avisos, comunicações, documentos técnicos, dados e outras notificações poderão ser feitos no idioma espanhol e/ou inglês (ver 7.1)

Cláusula 8.ª) Alterações

8.1 Nenhuma alteração nos termos deste contrato, e/ou nos documentos que dele façam parte. Será válida, sem que haja o prévio consentimento, por escrito, de ambas as partes contratantes.

8.2 A não observância, por qualquer das partes, do que dispõe o item 8.1 acima, será, pois, considerada dolosa e de má-fé.

Cláusula 9.ª) Foro

9.1 Fica desde já eleito o Foro da Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil, com renúncia expressa a qualquer outro, que será o único competente para dirimir as eventuais questões oriundas do não-cumprimento das cláusulas, por quaisquer das partes que compõem este contato, inclusive para homologação e execução da sentença arbrital.

9.2 As partes contratantes obrigam-se a manter na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil, durante todo o período de vigência deste contrato, um mandatário, com poderes ad judicia, inclusive para receber citação inicial, execução e firmar compromisso arbitral. A citação poderá ser feita por edital, na ausência ou impedimento do citado mandatário.

Cláusula 10.ª) Validade e prazo de vigência

10.1 A validade do presente contrato terá início a partir da data de sua assinatura, salvo se outra data for, de comum acordo, estipulada entre as partes contratantes, a qual passará a valer sobre o anterior, para todos os efeitos do contrato.

110

10.2 O prazo de vigência do presente contrato será de (___________) ano(s), a contar da data de sua assinatura ou, caso ocorra a hipótese prevista no item 10.1 supra, a partir da nova data pactuada pelas partes.

E, por estarem assim ajustadas e contratadas, as partes firmam o presente termo contratual em 3 (três) vias de igual teor, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil, na presença das 2 (duas) testemunhas também abaixo assinadas e na forma da Lei brasileira.

São Paulo, __________de _______________________ 2005.

_______________________________________________________

Relógios SIGMA S.A.

______________________________________________________

Representaciones ALFA S.A de C.V

________________________________________

Testemunha 1

________________________________________

Testemunha 2

Modelo de contrato de franchising internacional (MURTA, 2005, p.198) Contrato de Franquia celebrado entre_______________________[nome da empresa franqueadora], com sede em San Francisco, Califórnia, ______________________________[endereço da empresa franqueadora], regida sob as leis dos Estados Unidos da América, representada por seus diretores in fine assinados, a seguir denominada simplesmente “Franqueador”, e___________________________________[nome da empresa franqueada], com sede central em São José dos Campos, São Paulo, inscrita no CNPJ-MF sob o nº__________________________, igualmente representada por seus diretores in fine assinados, regida sob as leis da República Federativa do Brasil, a seguir denominados simplesmente “Franqueada”, na forma e cláusulas abaixo: Considerando:

111

1. Que o franqueador possui condições técnicas para conceder seu produto para exploração em franquia, com seu conhecimento, assistência técnica e exclusiva propriedade;

2. que o Franqueador permanece como único titular da marca e do produto, bem como dos logotipos e tudo o mais que seja imprensidível à operação do produto vinculado a referida marca;

3. que o Franqueador manteve diversos entendimentos prévios com o Franqueado, dando todas as informações inerentes à franquia, por meio da Circular de Oferta de Franquia, bem como obrigações, métodos e conhecimentos dos limites da referida, fornecendo também outras informações, por escrito, a ser observadas pelo Franqueado, para que possa desenvolver satisfatoriamente o seu objetivo. 3.1 caberá unicamente ao Franqueador estipular as condições e os preços que deverão ser observados e praticados pelo Franqueado em seus estabelecimentos, bem como as embalagens, a apresentação e a qualidade dos produtos explorados. 3.2 Descontos, preços promocionais, brindes e ofertas similares somente poderão ser praticados pelo Franqueado com prévia e expressa autorização do Franqueador, sendo tais ofertas deverão ser praticadas em toda a rede de lojas estabelecidas pelo Franqueado. 3.3 Descontos, preços promocionais, brindes e ofertas similares somente poderão ser praticados pelo Franqueado com prévia e expressa autorização do Franqueador, sendo que tais ofertas deverão ser praticadas em toda a rede de lojas estabelecidas pelo Franqueado. 3.4 Este contrato não cria vínculos empregatícios ou societários entre as partes, isentando o Franqueador de toda e qualquer responsabilidade com relação ao pagamento de encargos trabalhistas e/ou previdenciários dos funcionários do Franqueado.

3.5 O Franqueador terá pleno e irrestrito direito de fiscalizar os estabelecimentos do Franqueado, para verificar como estão sendo elaborados os produtos, sua qualidade, apresentação etc., a contabilidade do Franqueado, seus estoques, sistemas de refrigeração, apresentação dos empregados, decoração, apresentação e limpeza das lojas, conforto, atendimento e atenção aos clientes, disposição das mercadorias, iluminação etc., ficando a seu critério qualquer modificação que deva ser, eventualmente, efetuada pelo Franqueado. Cláusula 4.ª) OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADOR

4.1 Em cumprimento dos objetivos do presente termo, o Franqueador se obriga a prestar, durante todo o prazo se sua vigência, pela assessoria ao Franqueado no que diz respeito à gestão dos negócios gerados pela concessão da franquia, visando à plena e satisfatório atuação do Franqueado dentro do tipo de comércio decorrente da franquia ora concedida.

4.2 O Franqueador se compromete, desde já, a fornecer ao Franqueado toda tecnologia e todo o Know-how aplicados na confecção de seus produtos, bem como ministrar treinamento a todo o pessoal que irá atuar nos estabelecimentos do Franqueado, exatamente nos mesmos padrões do Franqueado, no sentido de proporcionar ao Franqueado as condições ideais de comercialização dos produtos e serviços, dentro das mesmas características, mundialmente conhecidas, do Franqueado. Cláusula 5.ª) OBRIGAÇÃO DO FRANQUEADO

112

5.1 O Franqueado obriga-se a manter seu estabelecimentos devidamente registrados em todos os órgãos competentes, quis sejam: Junta Comercial, Prefeitura, Secretaria da Fazenda, Ministério do Trabalho e Previdência Social e outros, eventualmente exigidos por lei, ficando pois o Franqueador absolutamente isento de responsabilidade por infração que a titulo for, eventualmente cometida pelo Franqueado. 5.2 Os produtos e serviços a serem comercializados pelo Franqueado serão exatamente os mesmos praticados pelo Franqueador, obedecendo às mesmas exatas características, formas, sabores, nomes, ingredientes, embalagens de forma que em todos os estabelecimentos do Franqueado não haja nenhuma diferença entre si e com os do Franqueador, em seu país de origem, ou nos demais países em que haja idênticas franquias. 5.3 O Franqueado somente poderá comercializar, dentro de suas lojas, os produtos do Franqueador, ou outros, por ele eventualmente autorizados. 5.4 O Franqueado obriga-se desde já a seguir rigorosamente as promoções, liquidações e descontos, a critério do Franqueador, as épocas determinadas por este, alterando a suas listas de preços para os novos valores promocionais. 5.5 O Franqueado obriga-se a manter absoluto sigilo quanto às informações fornecidas pelo Franqueador a respeito dos produtos e serviços objeto deste contrato, no presente ou no futuro, devendo em caso de término ou rescisão contratual, efetuar inspeção e inventário, sob a supervisão do Franqueador, ficando o Franqueado, neste caso obrigado a restituir imediatamente toda a tecnologia e matérias eventuais recebidos do Franqueador. 5.6 Obriga-se o Franqueado a contratar seguro contra todos os ricos, em relação às instalações e mercadorias ficando o Franqueador absolutamente isento de quaisquer responsabilidades por tais expedientes. A apólice de seguro deverá ter sua cobertura com prazo idêntico do presente contrato, devendo ser renovada igualmente, tantas vezes quanto o for este contrato. Deverá, ainda ser previamente aprovada pelo Franqueador. Cláusula 6.ª) TRANSFERËNCIA DO CONTRATO 6.1 Em caso de transferência do presente contrato a terceiros, por motivo de venda, ou arrendamento do estabelecimento comercial do Franqueado a terceiros, deverá o Franqueado comunicar ao Franqueador da sua intenção de venda ou arrendamento, com antecedência mínima de 90 (noventa) dias ficando, neste período, reservado ao Franqueador o direito de preferência na aquisição ou no arrendamento do estabelecimento, em igualdade de condições em relação aos terceiros. 6.2 A transferência deste contrato a terceiros somente se dará com a devida anuência expressa do Franqueador, o qual não está obrigado a justificar eventual discordância. Cláusula 7.ª) VALOR DA FRANQUIA 7.1 Pelo presente contrato de franquia, o Franqueado pagará ao Franqueador o valor estipulado previamente entre ambos, a titulo de taxa inicial, até o dia da assinatura deste documento. 7.2 O Franqueado obriga-se a pagar ao Franqueador, até o 10.º (décimo) dia útil de cada mês, o valor correspondente a 10% (dez por cento) do faturamento bruto mensal anterior, a titulo de royalty.

113

Cláusula 8.ª) RESCISÃO 8.1 O Franqueador poderá promover, de pleno direito, a rescisão do presente contrato nas hipóteses seguintes:

a) infração contratual; b) desobediência considerada grave, que venha prejudicar a imagem da

franquia e/ou de toda a sua rede; c) dissolução amigável ou judicial, ou falência do Franqueado; d) no caso de reincidências ou violações consideradas graves e/ou que venham

a prejudicar a boa imagem da franquia, cabendo, então, à parte infratora o pagamento de multa equivalente a 3 (três) vezes o maior faturamento apurado pelo Franqueado, nos 3(três) últimos meses anteriores à infração. Caberá, assim, a parte inocente, a multa referida acima, além do direito de reivindicar perdas e danos, em ação judicial competente. 8.2 No caso de atraso no pagamento das mensalidades determinadas pela presente franquia conforme acima, será devida, ainda uma multa moratória de 10% (dez por cento) do valor da obrigação para atrasos de até 10 (dez) dias úteis. Caso haja atraso que ultrapasse esse prazo incidirá ainda multa suplementar de mais 0,5% (cinco décimos por cento) por dia de atraso, até o dia em que for o pagamento efetivamente realizado. Cláusula 9.ª) FORO 9.1 As partes elegem desde já, e de comum acordo, o foro da cidade de São Francisco, estado da Califórnia, Estados Unidos da América, com renuncia expressa a qualquer outro, que será o único competente para dirimir eventuais dúvidas e/ou conflitos oriundos da execução do presente contrato. Cláusula 10.ª) ARBITRAGEM INTERNACIONAL 10.1 Todas as desavenças que se originarem por força da vigência do presente contrato, que não possam ser dirimidas pelos Foro Contratual eleito de comum acordo entre as partes, serão resolvidas definitivamente de acordo com o regulamento de conciliação e arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, por um ou mais árbitros, designados segundo este Regulamento. 10.2 Para este efeito, as partes elegem desde já, e de comum acordo a Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio do Canadá. Os árbitros decidirão as questões as eles submetidas, segundo as praxes comercias internacionais e os princípios gerais de Direito. 10.3 A execução deste Contrato prosseguirá durante o processo de arbitragem, salvo se ocorrerem as hipóteses previstas nos itens da cláusula 8.ª supra. 10.4 Os ônus correspondentes a arbitragem caberão a parte desfavorecida no laudo arbitral, em decisão final homologada pela autoridade judiciária competente, na forma desta cláusula. E por estarem ajustadas e contratadas as partes firma o presente contrato, em 3 (três) vias de igual teor e forma, na cidade do Rio de Janeiro, do Estado do Rio de Janeiro, Brasil e, em testemunha da verdade, na presença das testemunhas e seus advogados que abaixo se firmam. São José dos Campos..........de.........................de................. Franqueador

114

.............................................................................. Franqueado ............................................................................. Testemunhas ................................................................................. ................................................................................. MODELO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) (MURTA, 2005, p.168)

CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING), FIRMADO ENTRE AS EMPRESAS, DE UM LADO, COMO ARRENDADORA, GOOD LESSOR INC., COM SEDE EM KINGSTON, INGLATERRA, REINO UNIDO, DEVIDAMENTE CREDENCIADA COMO EMPRESA DE LEASING, PELAS LEIS INGLESAS VIGENTES, NESTE ATO REPRESENTADA POR SEUS DIRETORES IN FINE ASSINADOS – A SEGUIR IDENTIFICADA COMO LESSOR – E, DE OUTRO LADO, COMO ARRENDATÁRIA, LARAF LINHAS AÉREAS LTDA., CNPJ.............................., COM SEDE EM SÃO PAULO, SP. NA AV. SÃO LUIS XXX, GRUPO YYY, NESTE ATO REPRESENTADA POR SEUS DIRETORES, IGUALMENTE IN FINE ASSINADOS – A SEGUIR IDENTIFICADA COMO LARAF – DE ACORDO COM AS CLÁUSULAS E CONDIÇÕES A SEGUIR:

1 – OBJETO

1.1 O objeto do presente contrato é o arrendamento, por parte de LESSOR dos bens, a seguir identificados como equipamentos – novos e absolutamente livres de defeitos ou outros problemas que possam impossibilitar ou comprometer o seu funcionamento normal – abaixo descritos:

1.1.1. 02 (duas) aeronaves comerciais de passageiros OMEGA 250 1.1.2. 01 (uma) aeronave comercial de passageiros OMEGA 300 1.1.3. 01 (uma) aeronave comercial de carga OMEGA SUPER 300

1.2. Os equipamentos acima descritos, entregues na data da assinatura deste contrato, pela LESSOR a LARAF, que os aceita expressamente, possuem as características contidas no laudo de vistoria anexo, elaborado por mecânicos e técnicos competentes, autorizados pela própria fabricante dos mesmos – OMEGA ENGLAND, INC. – e firmado por esta.

1.3 Compõem igualmente o presente contrato a Fatura Comercial e o laudo de vistoria mencionado em 1.2 acima.

115

2 – DEVOLUÇÃO E RENOVAÇÃO

2.1 Os equipamentos descritos no presente contrato e constantes no laudo de vistoria deverão ser devolvidos nas mesmas condições em que foram entregues quando de sua assinatura contrato, ressalvado, entretanto, o desgaste natural dos referidos equipamentos.

2.2 Caberá à parte que manifestar interesse em renovar este arrendamento, notificar – por escrito – a outra parte. Dentro do prazo de 60 (sessenta) dias que antecedem a data do término de vigência deste contrato, para que esta se pronuncie a respeito de sua concordância – ou não – em renová-lo. Uma vez ocorrendo o mútuo consentimento, permanecerão vigentes todas as cláusulas deste contrato, salvo acordo em contrário entre as partes quanto a alterá-las.

3 – VALOR

3.1 Como valor deste arrendamento, a LARAF se obrigará a pagar o preço de US$................................(valor por extenso), a ser efetuado diretamente à LESSOR, qual se obriga neste ato, desde já, a nomear procurador para representá-la, em caso de sua ausência ou impedimento legal.

3.2 O valor do arrendamento será fixado durante toda a vigência deste contrato e pago em dólares dos Estados Unidos, por LARAF, mensalmente, até o quinto dia útil de cada mês, iniciando-se o primeiro pagamento, a partir do trigésimo dia após a data de assinatura do presente contrato

3.3 Todos os pagamentos, na forma de 3.2 acima, serão efetuados através de boleto bancário previamente encaminhado por LESSOR diretamente a LARAF, com um prazo mínimo de 14 (catorze) dias antecedentes ao dia pactuado para pagamento.

4 – ATRASO

4.1 Caso haja atraso no pagamento dos aluguéis, a Arrendatária concede à Arrendante, o direito de realizar a cobrança por todos os meios permitidos em Direito, inclusive agregando juros convencionados em .........% (- por cento), multa e outros eventuais encargos legais.

4.2 Os encargos previstos em 4.1 acima, serão progressivos e proporcionais aos dias de atraso nos pagamentos devidos e incidirão sobre o valor correspondente a cada parcela.

5 – TRANSPORTE E FUNCIONAMENTO

5.1 O transporte e o funcionamento dos equipamentos ficarão por conta dos técnicos contratados pela LESSOR, diretamente com o fabricante. Já as especificações do local ficarão a cargo da LARAF, sendo que a mesma se compromete a destinar local

116

adequado de armazenamento, e com estrutura compatível para receber e alojar os equipamentos, sujeitando-se desde já à prévia aprovação dos técnicos da OMEGA ENGLAND, INC.

5.2 Uma vez aprovado o local destinado aos equipamentos, nos termos da cláusula anterior, fica absolutamente vedado à LARAF modificar ou alterar o mesmo, salvo seja absolutamente necessário, por razões técnicas e/ou funcionais e, ainda assim, somente com prévia e expressa anuência do fabricante. Caso se faça necessária tal mudança, LARAF deverá notificar previamente a LESSOR para que técnicos especializados se encarreguem de realizá-la.

5.3 A empresa fabricante dos equipamentos ora arrendados – OMEGA LONDON, INC. – por conta e ordem da LESSOR, assume, desde já, a responsabilidade de fornecer curso especializado e gratuito aos pilotos da LARAF, visando à operação e treinamento dos referidos equipamentos, que serão entregues por seus técnicos, em perfeitas condições de funcionamento e utilização à LARF, a qual se compromete desde já, a somente colocá-los em operação, uma vez que seus pilotos se encontrem – a critério de OMEGA LONDON, INC. – absolutamente aptos e capacitados a operar e voar os equipamentos objeto deste contrato de arrendamento mercantil.

5.4 Fica outrossim, desde já estabelecido e entendido que, quaisquer acidentes, danos, mal funcionamento, defeitos, ou outros quaisquer problemas que ocorram – ou venham a ocorrer – nos equipamentos, comprovadamente provocados por má ou incorreta utilização dos mesmos, não serão de responsabilidade da LESSOR, bem como da OMEGA LONDON, INC., devendo a arrendatária LARAF, assumir integralmente tal responsabilidade.

6 – FISCALIZAÇÀO

6.1 Caberá a ARRENDANTE verificar todos os equipamentos arrendados, seu correto funcionamento e utilização, bem como sua disposição no espaço físico a eles destinado, sua manutenção e conservação, visando prevenir prejuízos desnecessários e deteriorações indevidas. Tais inspeções ocorrerão em dia horário pactuados previamente entre as partes.

7 – DEVERES DA ARRENDATÁRIA

7.1 A ARRENDATÁRIA se compromete a comunicar imediatamente todas e quaisquer \formas de ameaça realizadas por terceiros contra os equipamentos ora arrendados, bem como:

a) Confiar à ARRENDANTE o direito de sua fiscalização; b) Defender a posse e a propriedade dos referidos equipamentos c) Manter sempre um mínimo de três funcionários treinados pelo fabricante, para

realização da execução dos serviços específicos necessários e indispensáveis ao perfeito funcionamento dos equipamentos;

d) Assumir o reparo de quaisquer defeitos ou danos causados aos equipamentos, bem como a qualquer um de seus componentes.

117

7.2 Os equipamentos arrendados neste ato, não poderão ser objeto de cessão, sublocação, ou qualquer outra forma de transferência, por parte da arrendatária, que se compromete, neste ato, a utilizá-los exclusivamente para o transporte de passageiros e de cargas, dentro do território brasileiro, nas áreas de sua abrangência.

8 – VALIDADE

8.1 O presente contrato entrará em vigor a partir da data de sua assinatura, salvo se outra data for pactuada entre as partes, a qual passará a vigorar preferivelmente sobre a anterior.

8.2 O prazo de vigência deste contrato será de 05 (cinco) anos, tendo inicio a partir do dia seguinte à data de sua efetiva assinatura pelas partes contratantes, de comum acordo entre si.

8.3 Ao fim do prazo contratual, a Arrendatária deverá notificar à Arrendante quanto à opção de compra dos equipamentos aqui arrendados, se não houver interesse em manter as disposições do item 2.1 acima. Neste caso, ambas as partes, de comum acordo, deverão decidir quanto aos trâmites relacionados ao valor residual atribuído aos equipamentos àquela época, levando em consideração seu natural desgaste, eo tempo de passou, e então concluir sobre o valor de cada parcela, a forma e o prazo para pagamento.

9 – CAUSA FORTUITA OU FORÇA MAIOR

9.1 As partes contratantes se eximem de quaisquer responsabilidades sobre os equipamentos, nos eventos específicos e comprovadamente, de causa fortuita ou força maior, inclusive enquanto perdurarem os reflexos dos mesmos.

10 – ARBITRAGEM INTERNACIONAL

10.1 Todas as disputas oriundas ou em conexão com o presente contrato deverão ser efetivamente estabelecidas sob as regas de arbitragem da Câmara de Comércio Internacional por um ou mais árbitros designados de acordo com as mencionadas regras.

10.2 Fica desde já, e de comum acordo entre as partes contratantes, eleita a Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional dos Estados Unidos.

11 – FORO INTERNACIONAL

11.1 As partes elegem desde já, e de comum acordo, o Foro da cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, com renúncia expressa a qualquer outro, que será o único competente para dirimir quaisquer conflitos e/ou desavenças que surjam da execução do presente contrato.

118

11.2 Caso esgotadas todas as possibilidade de chegarem a um acordo quanto à resolução do impasse, recorrer-se-á, então à arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, na forma da cláusula 10, acima.

E, por estarem justas e contratadas, as partes assinam o presente Contrato de Arrendamento Mercantil de Equipamentos, na presença das duas testemunhas apontadas de comum acordo, as quais igualmente firmam o presente documento.

São Paulo,..............de.......................de 2005.

LESSOR:

...................................................................

LARAF:

..................................................................

Testemunha 1:

...................................................................CPF:.........................................

Testemunha 2:

......................................................................CPF.........................................

Modelo de contrato de transferência de tecnologia (know how) (MURTA, 2005, p.219)

Este contrato é feito entre Heliograf do Brasil S.A., constituída sob as leis da República Federativa do Brasil, inscrita no CNPJ-MF, sob o nº ......................, com sede na Avenida......................., nº........................, na Cidade de São Paulo, Esta do de São Paulo (doravante denominada Heliograf), representada por seus diretores in fine assinados, e a Indústria de Materiales Copiativos Asunción Ltda., empresa legalmente constituída sob as leis da República do Paraguai, com sede na Calle............................., nº..............................., na Cidade de Assunção, Paraguai (doravante denominada Copiativos Asunción), representada, neste ato, por seus diretores financeiro e administrativo.

Considerando:

1) Que a Heliograf projetou, desenvolveu e vem fabricando máquinas heliográficas de diversos tipos, que comercializa sob a marca HB-AS, e especificamente a máquina Heliograf 66, doravante designada simplesmente como Produto, e possui todos os dados técnicos, desenhos e segredos de fabricação e know-how para a sua fabricação.

119

2) Que Copiativos Asunción deseja e possui condições para receber tal tecnologia e para fabricar o Produto, as duas partes têm justo e contratado o seguinte:

Cláusula 1.ª) A Heliograf obriga-se a prestar a Copiativos Asunción toda a assistência e orientação, habilitando a última a exercer a fabricação do Produto no Paraguai, fornecendo para tanto todos os desenhos e informações técnicas necessárias, bem como assistência técnica a fim de assegurar o melhor aproveitamento da tecnologia transferida.

Cláusula 2.ª) A Heliograf declara que o conteúdo da tecnologia a ser fornecida será satisfatório para as finalidades previstas, de modo a possibilitar a Copiativos Asunción continuar a fabricação autônoma ao fim do contrato.

Cláusula 3.ª) Segundo a conveniência de Heliograf e o desenvolvimento da absorção da tecnologia de fabricação do Produto, a Copiativos Asunción enviará ao Brasil técnicos para supervisionar os trabalhos, incluindo a formação do seu pessoal técnico, fincando desde já estimados os seguintes limites máximos para cada ano de vigência do contrato:

1º ano – 3 (três) técnicos/dia.

2º ano – 2 (dois) técnicos/dia.

3º ano – 2 (dois) técnicos/dia.

4º ano – 1 (um) técnico/dia.

5º ano – 1 (um) técnico/dia.

Cláusula 4.ª) As despesas de viagem de tais técnico e de sua estada no Brasil, bem como a remuneração dos mesmos correrão por conta da Copiativos Asunción. Da mesma forma, será permitido a Copiativos Asunción, por sua inteira e exclusiva conta, enviar técnicos seus para estagiar na fábrica da Heliograf, ficando estimados os seguintes limites máximos para cada ano do contrato:

1º ano – 3 (três) técnicos/dia.

2º ano – 2 (dois) técnicos/dia.

3º ano – 2 (dois) técnicos/dia.

4º ano – 1 (um) técnico/dia.

5º ano – 1 (um) técnico/dia.

Cláusula 5.ª) A Heliograf não assume nenhuma responsabilidade por riscos da realização industrial, bem como pela exploração comercial do Produto, que são

120

assumidos inteiramente por Copiativos Asunción, excetuando-se, porém, a responsabilidade originada por vícios ou defeitos inerentes ao próprio conteúdo tecnológico transferido pelo presente contrato, ao qual Copiativos Asunción se vincula.

Cláusula 6.ª) A Copiativos Asunción obriga-se a não fazer valer contra a Heliograf, a qualquer tempo, nenhum direito de propriedade industrial relacionado com o conteúdo da tecnologia transferida pelo presente contrato.

Cláusula 7.ª) A Copiativos Asunción fabricará o Produto dentro dos mesmos padrões de qualidade dos produtos fabricados pela Heliograf.

Cláusula 8.ª) O presente contrato depende do registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial e no Banco Central do Brasil, e tais registros serão promovidos pela Copiativos Asunción, à sua exclusiva custa.

Cláusula 9.ª) A Copiativos Asunción não poderá ceder ou transferir a terceiros, seja a que título for, os seus direitos e obrigações decorrentes do presente contrato.

Cláusula 10.ª) O presente contrato terá validade de 5 (cinco) anos e entrará em vigor a partir da data de sua assinatura, podendo ser renovado, a critério das partes, até 90 (noventa) dias antes do seu vencimento.

Cláusula 11.ª) O presente contrato é extensivo e abrangente relativamente às modificações e aperfeiçoamentos que a Heliograf venha a introduzir no Produto durante o prazo de sua validade.

Cláusula 12.ª) A Copiativos Asunción, por sua vez, poderá introduzir pequenas modificações que considere necessárias ao Produto, para sua fabricação e comercialização, tendo em vista as possibilidades do mercado brasileiro para fornecer certos componentes.

Cláusula 13.ª) Como remuneração para a tecnologia fornecida, a Heliograf terá direito a 3% (três por cento) sobre o valor liquido das vendas do produto fabricado pela Copiativos Asunción, deduzidos os impostos direitos incidentes, comissões, créditos por devoluções, fretes, seguros, embalagens, bem como componentes e insumos que forem importados da Heliograf ou de outro fornecedor, direta ou indiretamente vinculado a Copiativos Asunción.

Cláusula 14.ª) A Copiativos Asunción enviará trimestralmente à Heliograf um relatório do produto fabricado e das vendas efetuadas, creditando em conta corrente a remuneração estipulada na cláusula 15.ª. A Copiativos Asunción obriga-se a manter escrituração própria, separada e adequada, de tal forma que a Heliograf possa inspecioná-las periodicamente.

Cláusula 15.ª) Antes do registro formal deste contrato, a Copiativos Asunción manterá remuneração creditada à Heliograf em conta corrente ou em títulos governamentais comprados em seu próprio nome. Após registro formal deste contrato, a Copiativos Asunción converterá a cada três meses, em marcos alemães,

121

a remuneração creditada à Heliograf e efetuará a seu pagamento quando for solicitado.

Cláusula 16.ª) Com exceção deste contrato, que será elaborado em idioma português e espanhol, alguns dos documentos contratuais poderão ser elaborados somente no idioma espanhol.

Cláusula 17.ª) A critério das partes contratantes, durante a execução deste contrato, quaisquer avisos, comunicações, documentos técnicos, dados e outras notificações aqui previstas poderão ser feitos no idioma espanhol.

Cláusula 18.ª) Para a efetivação do faturamento do know-how, objeto do presente contrato, as partes elegem como unidade monetária o dólar norte-americano.

Cláusula 19.ª) Nenhuma alteração nos termos do presente contrato e/ou nos documentos que dele fazem parte será valida, sem que haja o prévio consentimento por escrito de ambas as partes contratantes. A não observância do disposto nesta cláusula e, pois, qualquer alteração feita à sua revelia, será considerada dolosa e de má-fé.

Cláusula 20.ª) As dúvidas e controvérsias que resultarem do não-cumprimento de qualquer das cláusulas do presente contrato serão resolvidas por arbitramento, homologado na forma da Lei brasileira, a qual regerá este contrato, ficando tal arbitragem a cargo do presidente da Câmara do Comércio da Cidade de Buenos Aires, por ajuste aqui efetivado entre as partes, sendo a arbitragem realizada de acordo com os regulamentos de conciliação e arbitramento da Câmara do Comércio Internacional de Paris.

Os árbitros decidirão as questões de acordo com as praxes comerciais internacionais e os princípios gerais do Direito

A execução do presente contrato prosseguirá durante o processo de arbitramento, salvo se ocorrer a hipótese prevista na cláusula 20º

Os ônus da arbitragem caberão à parte desfavorecida no laudo arbitral, em decisão final, homologada pela autoridade judicial brasileira, na forma desta cláusula.

Cláusula 21.ª) O contrato será rescindido nos seguintes casos:

a) se uma – ou ambas – as partes deixar de cumprir alguma obrigação material nele imposta, mesmo notificada por e-mail ou telefax para corrigir a situação dentro de 60 (sessenta) dais; b) se uma – ou ambas – as partes se tornar insolvente ou se for estabelecida a sua liquidação ou tiver decretada sua falência ou concordata; c) se o controle acionário da Copiativos Asunción for transferido para terceiros cujos interesses, segundo o critério da Heliograf, sejam contrários aos seus.

122

Cláusula 22.ª) Se uma das cláusulas deste contrato for anulada, isso não afetará a validade do contrato em sua íntegra, quanto às demais disposições.

Cláusula 23.ª) Os impostos brasileiros incidentes sobre a remuneração creditada à Heliograf serão deduzidos do valor bruto e pagos pela Copiativos Asunción.

Cláusula 24.ª) As partes, de comum acordo, elegem desde já, o Foro da cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, com renúncia expressa a qualquer outro, que será o único competente para resolver e dirimir quaisquer conflitos e desavenças oriundos do presente acordo.

E, por estarem ajustados e contratados, firmam o presente contrato em três visas de igual teor e forma, na Cidade de Assunção do Paraguai, na presença das duas testemunhas abaixo e na forma da Lei,

Firmado em São Paulo em (DD.MM/AAAA)

.....................................................................

Heliograph do Brasil S.A.

..........................................................................

Indústria de Materialies Copiativos Asunción Ltda.

Testemunhas;

1º).......................................................................

2º).......................................................................

Modelo de contrato de faturização (factoring) (MURTA, 2005, p.198) Pelo presente instrumento particular de |Contrato de Faturização, as partes. De um lado..., sociedade... com sede na rua..., inscrita no CNPMF sob nº ..., neste ato representada por..., doravante designada Faturizado, considerado que o Faturizador, dedicando-se à prática de operações de faturização e a negócios pertinentes a faturamento e a direitos creditórios de terceiros, pretende adquirir os créditos do Faturizado, prestando-lhe serviços de garantia, de gestão de crédito e de financiamento: e que o Faturizado, cuja atividade está relacionada à comercialização de produtos..., visa obter aqueles serviços do Faturizador e ceder seus direitos creditórios, decorrentes de compra e venda a prazo ao Faturizador, ajustam entre si o presente contrato, que se regerá pelas cláusulas que se seguem:

1. Este contrato permanecerá em vigor pelo prazo de ... (...) anos, a partir da data de sua assinatura, podendo ser renovado, automaticamente, por igual período, execeto se qualquer um dos contraentes, com antecedência de ... (...) dias, antes do vencimento do contrato, apresentar por escrito uma notificação, desistindo da renovação.

123

2. Dever-se-ão interpretar do seguinte modo, neste contrato, os termos: b) “devedor do crédito” ou “cliente”, como qualquer pessoa física ou jurídica que

venha a celebrar com o Faturizado contrato compra e venda a crédito, originando dívida representada por conta, fatura ou título de crédito;

c) “conta”, como quaisquer quantias registradas na escrituração do Faturizado, correspondentes àquela compra e venda a prazo e devidas pelo cliente;

d) “crédito cedido”, como conta aprovada e adquirida pelo Faturizador e devida pelo cliente.

3. O Faturizador terá exclusivamente na aprovação e aquisição dos créditos do Faturizado, que, por sua vez, não poderá celebrar faturização com outra empresa.

4. O faturizado, com a aprovação prévia do Faturizador, cederá os créditos decorrentes de compra e venda a termo, celebrada com o cliente, desde que os comprove, devidamente, por contas faturas ou títulos de credito. Parágrafo 1º O Faturizador deverá ter livre acesso aos livros e documentos do Faturizado, alusivos aos clientes, para verificar da conveniência, ou não de sua Parágrafo 2º Se o Faturizador não aprovar o crédito, o Faturizado poderá solicitar-lhe sua cobrança, e o Faturizador, que agirá na qualidade de mandatário, remeter-lhe-á quantia recebida. Parágrafo 3º Se o Faturizador aprovar as contas, elas deverão ser-lhe entregues mediante borberô, acompanhado de faturas, emitidas pelo Faturizado, dos documentos atinentes à compra e de vendas dos títulos de créditos endossados pelo Faturizado em favor do Faturizador.

5. Se o crédito for aprovado e cedido, o Faturizador sub-rogar-se-á nos direitos creditórios do Faturizado, responsabilizando-se pela sua cobrança, assumindo os riscos daí decorrente, sem, contudo, ter direito regressivo contra o Faturizado, que por sua vez, terá responsabilidade pela existência do crédito cedido. Parágrafo único. O Faturizador isentar-se-á de respondabilidade por vícios, avarias diferenças quantitativas da mercadoria entregue pelo Faturizado ao cliente, ou, ainda pelo fato de o cliente na ter aceito a mercadoria, ante a não-correspondência da fatura à venda efetiva a existência de vício do crédito cedido. Mas se o Faturizador não receber o crédito devido, dada a ocorrência desses casos, terá direito de regresso o Faturizado.

6. O Faturizador poderá, ainda instruir ou orientar o Faturizado não só na escolha do clientes, mas também na solução de questões mercantis, tendo por escopo o êxito dos contratos de compra e venda efetivados entre o Faturizado e clientes.

7. O Faturizador, pelos serviços de garantia, gestão de créditos e financiamento, terá direito a uma comissão de ... % (... por cento) do montante global dos créditos e aos juros de ... % (... por cento), calculados sobre os créditos liquidados, devidos ao tempo em que o Faturizador os liquidar.

8. O Faturizador liquidará, antes de seu vencimento, ao Faturizado, o valor do crédito, com dedução da comissão e dos juros e títulos de crédito.

124

9. O Faturizador, ao cobrar os créditos vencidos, agirá em seu próprio nome e terá direito, para receber os créditos, de utilizar quaisquer medidas legais contra o cliente.

10. O cliente, por seu turno, deverá ser informado da cessão de crédito, por meio de notificação por escrito, feita pelo Faturizado dentro de (...) dias, contados da data da entrega das contas ao Faturizador, para que possa prevalecer o pagamento do crédito, ao tempo de seu vencimento, pelo cliente, diretamente ao Faturizador. Se, porventura, o crédito materializar-se em título de crédito, bastará simples endosso do Faturizado em favor do Faturizador.

11. Se um dos contratantes violar qualquer cláusula contratual, o lesado poderá rescindi-lo, mediante notificação, concedendo um prazo de (...) dias, para sanar o dano, sob pena de rescisão contratual. Parágrafo 1º Se ocorrer concordata, insolvência ou liquidação do Faturizado, o Faturizador poderá notificá-lo, rescindindo unilateralmente o presente contrato. Parágrafo 2º A rescisão acarretará a liquidação das operações iniciadas. 12. Competirá ao Faturizado a demonstração completa e pormenorizada das vendas realizadas a termo, desde que relativas ao presente contrato, apresentando, no prazo de (...) dias, contados a partir do último dia de cada trimestre, relatório escrito ao Faturizador, especificamente o preço e a quantidade dos produtos vendidos.

12. O Faturizador poderá, mediante aviso prévio, inspecionar periodicamente os livros contábeis do Faturizado.

13. Os contratantes elegem o foro da capital do Estado de ... para dirimir eventual questão ou litígio contratual, excluindo quaquer outro, por mais previlegiado que seja, respondendo o culpado por custas judiciais e honorários advocatícios. E,. assim, por estarem de comum acordo, as partes assinam o presente contrato em ... vias de igual teor, juntamente com duas testemunhas, que a tudo assistiram. Local e data _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura do Faturizador e do Faturizado _______________________________________________________________ Assinatura de duas testemunhas _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Modelo de contrato para exploração de departamento em loja especializada, com divisão de lucros (joint venture) (MURTA, 2005, p. 241)

O presente contrato foi celebrado na cidade de São Paulo, em 02 de maio de 2004, entre RST, residente na Rua A, nº 12, São Paulo – SP, Brasil, a seguir denominado Contratante, e XYZ, residente na Av. K, nº 16, Nova York, Estados Unidos da América, a seguir denominado contratado.

Considerando:

125

1) Que o contratante representa e garante que é, agora, parte no negócio, sob a denominação e estilo de RST & Cia. Ltda., nas instalações situadas na Av.Paulista n.º 1.000, São Paulo, SP;

2) Que o Contratado se propôs a entrar no negócio, nas instalações descritas em 1, acima;

1) Que o Contratado deverá explorar um departamento para vender tecidos femininos nas instalações do Contatante, na Av.Paulista, n.º 1.000, São Paulo, o qual será conhecido como o “ Departamento de Moda de XYZ Da RST & Cia. Ltda”. e tal departamento deverá ser independente de qualquer outro negócio existente nas instalações e, no caso de mudança do Contratante daquelas instalações e, no caso de mudança do contratante daquelas instalações, tal departamento será transportado ao novo endereço, dentro do perímetro urbano, dentro da cidade de São Paulo, no qual o contratante venha a se estabelecer.

2) Que o Contratante deverá fornecer capital e crédito para todas as mercadorias pedidas ou encomendadas, destinadas a suprir tal departamento, e deverá pagar quaisquer despesas correntes e salários dos empregados, e o montante total deverá ser deduzido e remetido a ele, a partir da receita bruta do Departamento, antes da divisão dos lucros.

3) Que deverá ser pago ao Contratante um aluguel mensal de US$ 500.00 (quinhentos dólares), pelo espaço necessário para conduzir os negócios, mais uma taxa razoável de telefone e eletricidade a ser consumidos, e, ainda, o contratante deverá receber a soma de US$ 25.00 (vinte e cinco dólares) por semana, que deverá ser debitada como uma despesa do Departamento.

4) a) Que o Contratado deverá administrar os negócios do Departamento, e deverá comprar e vender, com a aprovação do contratante, todos os produtos necessários, tanto no país como no exterior, que sejam indispensáveis para o sucesso dos negócios e garantia de sua manutenção.

b) Que o contratado deverá, fiel e diligentemente, e de acordo com sua máxima habilidade, em todos os aspectos, comprar produtos, equipamentos e mercadorias necessários, e vendê-los segundo os melhores interesses do Departamento.

c) Que o contratado não poderá realizar nenhuma compra sem o consentimento, por escrito, do contratante, bem como não poderá endossar nenhuma nota, nem assinar nenhum cheque a ser pago a este, ou cobrado ao Departamento, nem assumir nenhuma obrigação financeira relativa ao Departamento, sem o consentimento expresso do Contratante.

5) Que todo o dinheiro, cheques ou instrumentos negociáveis, pertencentes ao Departamento, deverão permanecer em custódia e sob a supervisão do Contratante; e todos os livros, contas e documentos, pertencentes ao Departamento, deverão sempre permanecer abertos e sujeitos à inspeção de cada parte.

6) a) Que o contratado deverá receber e sacar a soma de US$ 45.00 (quarenta e cinco dólares) por semana, que deverá ser debitada como uma despesa do

126

Departamento, e deverá receber, ao final de cada não, 50% (cinqüenta por cento) do lucro líquido deste.

b) Que o contratante deverá receber e sacar, ao final de cada e todo ano, 50% (cinqüenta por cento) do lucro líquido do Departamento.

7) Que este acordo prosseguirá por um período de 2 (dois) anos, a contar desta data, exceto se outra for, de comum acordo, estipulada, a qual passará a prevalecer sobre a anterior.

8) Que, ocorrendo qualquer violação deste acordo, por qualquer das partes, a parte ofendida poderá solicitar sua rescisão, oferecendo um prazo mínimo, por escrito, de 30 (trinta) dias úteis identificando, expressa e comprovadamente, qual parte do acordo que foi efetivamente violada.

9) As partes elegem desde já o Foro da Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, com renúncia expressa a qualquer outro, por mais privilegiado que seja, para dirimir as dúvidas e controvérsias eventualmente oriundas do presente temo.

10) E, por estarem ajustadas e contratadas, assinam o presente contrato em 3 (três) vias de igual teor ou forma, na presença das duas testemunhas abaixo assinadas.

São Paulo, ______________________________2005.

Contratante:

___________________________________________

Contratado:

__________________________________________

1ª testemunha:

_________________________________________

2ª testemunha:

________________________________________

Modelo de contrato de exportação de serviços (MURTA, 2005, p. 255)

127

Instrumento Público de Contrato de Prestação de Serviços de Engenharia, que entre si celebram, de um lado, como outorgante Exportadora, a empresa Exposerv Indústria, Comércio & Exportação Ltda ( a seguir denominada, simplesmente, Exposerv), constituída sob as leis da República do Equador, neste ato representada pelo prefeito municipal da Cidade de Quito, igualmente in fine assinado.

Considerando:

1) Que a Municipalidade deseja contratar os serviços de engenharia habitualmente executados e fornecidos por Exposerv, que irá realizar obras gerais de infra-estrutura e saneamento básico, na cidade de Quito, Equador;

2) que a presente contratação é efetivada através de concurso de concorrência pública internacional, tendo sido vitoriosa a empresa exportadora Exposerv Indústria, Comércio & Exportação Ltda.;

3) que a Exposerv oferecerá à Municipalidade as garantias internacionais requeridas, quais sejam: big bond, maintenance bond e refundment bond;

4) que a Exposerv detém toda a tecnologia e os meus necessários para o fornecimento dos materiais, máquinas, equipamentos e mão-de-obra, sua supervisão e execução dos serviços ora contratados, durante todo o tempo exigido para sua efetiva conclusão, que está disposta a garantir integralmente a execução de todos os objetivos contidos neste Contrato, bem como a assegurar o envio de pessoal técnico especializado, toda vez que a Municipalidade, quando necessário, assim o solicitar, a substituição e a manutenção das máquinas e equipamentos, quando exigido pela obra.

As partes acordam e estipulam o seguinte:

Cláusula 1.ª) Do objeto

1.1 O objeto do presente contrato é a exportação e a execução, pela Exposerv, dos serviços de engenharia supramencionados, até seu término e colocação útil em funcionamento, no país importador , que ora os adquire, de acordo com as cláusulas e definições deste Acordo.

1.2 A exportação ora ajustada engloba, também, todo o material, máquinas, equipamentos e mão-de-obra necessários e requeridos para a execução integral dos referidos serviços, por parte da Exposerv, e discriminados em documento datado de ____________e tansmitido por e-mail a Municipalidade.

1.3 Os srviços a ser prestados pela Exposerv, bem como o material, máquinas, equipamentos e mão-de-obra, com respectivos valores e todos os demais requisitos e especificações necessários e indispensáveis à execução dos serviços ora contratados, e mencionados nos itens 1.1. e 1.2., encontram-se discriminados em documentos em separado, os quais serão fornecidos oportunamente à Municipalidade, no momento da assinatura pelas partes, do presente contrato.

Cláusula 2.ª) Dos documentos contratuais e definições

128

2.1 A palavra “contrato” identificará o presente documento, juntamente com todos os eventuais documentos acessórios, representativos do acordo de vontades entre as partes contratantes, em relação aos serviços a ser exportados.

2.2 As expressões abaixo definidas e aplicadas a este contrato terão o significado transcrito, exceto quando expressamente estabelecido em contrário pelas partes, ou assim for exigido pelo contexto:

2.2.1 COMPRADORA: essa expressão, conforme aqui utilizada, identificará a Municipalidade, ou qualquer entidade sucessora.

2.2.2 VENDEDORA: essa expressão, conforme aqui utilizada, identificará a empresa Exposerv, ou qualquer empresa sucessora.

2.2.3 EQUIPAMENTOS: essa expressão, conforme aqui utilizada, significará todo o material, máquinas e equipamentos necessários para a efetiva execução dos serviços encomendados e ora contratados pela Municipalidade, conforme aqui estabelecido.

2.2.4 PREÇO CONTRATUAL: esta expressão refere-se ao preço contratual dos serviços a ser executados e que encontra-se definidos na cláusula 3ª do presente Contrato.

2.2.5 LOCAL DE EXECUÇÃO: determina o local, estabelecido pela Municipalidade, em seu país, no qual deverão ser desempenhados os serviços ora contratados.

2.2.6 expressões no singular abrangerão igualmente suas grafias no plural e vice-versa, sempre que exigido pelo Contrato.

2.2.7 as expressões “meses” e “dias” que aqui aparecerem deverão ser entendidas como “meses civis” e “dias corridos”, respectivamente.

Cláusula 3.ª) Do preço contratual e das condições de venda

3.1 A Municipalidade pagará à Exposerv o preço estabelecido nesta cláusula, em conformidade com os procedimentos e outras condições aqui estabelecidas.

3.2 O valor total dos serviços, ora contratados e a ser executados no país importador, será o discriminado nos documentos acessórios mencionados no item 1.3. da cláusula 1.ª deste contrato.

3.3 Os “equipamentos” serão transportados até o canteiro de obras, no local designado pela Municipalidade, no país importador, ao amparo do termo CIF (Incoterms 2000) por conta e risco da Exposerv, sendo que, se assim o desejar, poderá a Municipalidade adquiri-los, ao término da obra, em caráter definitivo, pelo mesmo valor atribuído aos mesmos, na época da execução dos serviços.

Cláusula 4.ª) Das condições de pagamento

129

4.1 O pagamento pelos serviços ora contratados será feito pela Municipalidade á Exposerv, através de Trustee Letter (Carta de Garantia), garantida pelo banco Ecuatoriano de Desarrolo (BED), sendo 20% (vinte por cento) do valor global do contrato, antecipadamente, na data de sua assinatura, e os restantes 80% (oitenta por cento) em parcelas mensais e sucessivas, durante a execução dos serviços contratados.

4.2 A Trustee Letter será amparada por notas promissórias, emitidas pela Exposerv, aceitas pela Municipalidade e avalizadas pelo BED.

4.3 Todos os custos decorrentes da obtenção da Trustee Letter correrão por conta da Municipalidade, devendo ser entregue e confirmada à Exposerv, simultaneamente com 20% ( vinte por cento) do valor global contratado, e com a validade de 5 (cinco) anos, contados a partir da data de sua emissão.

4.4 As notas primissórias, aceitas e garantidas, serão irrevogáveis e representarão obrigações exeqüíveis da Municipalidade e do BED, em conformidade com a natureza legal dessas espécies de crédito e as disposições deste Contrato.

4.5 Ao depositar, sob custódia, as notas promissórias, o bando avalista equatoriano enviará um fax ao banco designado pela Exposerv, no Brasil., atestando a competência, autenticidade e autoridade das assinaturas que constituem o aceito da Municipalidade.

4.6 Os pagamento decorrentes deste acordo deverão ser efetuados sem atraso e sem deduções por impostos, emolumentos, selos ou comissões bancárias, pela transferência de fundos para o Brasil, presentes ou futuros, eventualmente incidentes no Equador.

4.7 Todos os pagamentos estipulados neste contrato somente serão considerados efetuados uma vez recebidos, sem restrições, livremente disponíveis, na data designada, no bando designado pela Exposerv, no Brasil, por meio de remessa financeira, diretamente à sua conta corrente.

Cláusula 5.ª) Da forma de entrega dos equipamentos, frete e seguro

5.1 Os equipamentos serão entregues pela Exposerv à Municipalidade, de acordo com o cronograma físico de execução dos serviços e/ou fatos decorrentes do andamento das obras.

5.2 O valor dos fretes e do seguro será incorporado ao preço final, estando incluídos no financiamento concedido pelo banco brasileiro à Exposerv.

5.3 O fornecimento dos equipamentos obedecerá ao disposto no item 3.3 da cláusula 3. ª do presente contrato.

Cláusula 6ª) Das máquinas e equipamentos

Cláusula 6.1 as máquinas e equipamentos a ser fornecidos pela Exposerv à Municipalidade encontram-se em perfeitas condições de desempenho e

130

funcionamento, requeridas para a plena execução dos serviços, objeto deste contrato.

6.2 As referidas máquinas, equipamentos e demais veículos necessários para o bom andamento dos serviços contratados, a ser utilizados pela Exposerv no canteiro de obras da Municipalidade, não poderão ter outra destinação além da prevista nesta cláusula, isto é, a execução dos serviços contratados, mesmo que a Municipalidade opte por sua aquisição em caráter definitivo, hipótese em que se obriga, desde logo, de forma expressa, a permitir sua utilização pela Exposerv, até o cumprimento final e efetivo de suas obrigações, sem que incida nenhum encargo por tal utilização.

6.3 Na hipótese de a legislação do país da importadora impedir a admissão definitiva de qualquer equipamento, a Municipalidade deverá gestionar sua admissão, de tal forma que a falta ou atraso de sua entrada no país importador não prejudique o bom andamento dos serviços, nem acarrete quaisquer ônus à Exposerv, de nenhuma origem.

6.3.1 Na eventualidade de as máquinas e equipamentos não se encontrarem disponíveis em tempo hábil para sua utilização pela Exposerv, por razões locais do país importador, ou quaisquer outras não atribuídas à empresa exportadora, o conseqüente retardo será agregado ao cronograma de execução de obras.

Cláusula 7.ª) Das garantias e regulamentos relevantes

7.1 A Exposerv afirma e grante que as máquinas, veiculas e demais equipamentos a ser utilizados na execução dos serviços contratados são apropriados e adequados para tal fim, capazes de assegurar a boa qualidade dos referidos serviços.

7.2 A Exposerv garante ainda que as peças que apresentarem defeito e/ou desgaste e que forem repostas por ela, nas máquinas e equipamentos, são originais e garantidas pelos sés fabricantes de estar livres de defeitos de material e/ou fabricação que possam comprometer o bom desempenho das referidas máquinas e equipamentos no desempenho de suas funções específicas.

7.3 Os termos desta garantia são válidos por todo o prazo de vigência do contratos e da execução dos serviços ora contratados, e a Exposerv compromete-se a manter , durante o referido período, um serviço de assistência às máquinas e equipamentos, para supervisionar o seu funcionamento durante o desenvolver dos serviços.

Cláusula 8ª) Da força maior

8.1 Pela presente, as partes estão protegidas e salvaguaradadas, sem qualquer dano ou prejuízo a ambas, conta quaisquer eventos oriundos de causas de force majeure e/ou hardship ocorridos durante o prazo de vigência deste contrato, e que possam afetá-lo direta e indiretamente, total ou parcialmente, causando sua interrupção ou inexecução, total ou parcial.

131

8.2 A validade deste contrato prosseguirá, dentro das mesmas condições anteriores, tão longo as partes contratantes cheguem a um acordo relativamente à solução do impasse assim surgido.

Cláusula 9.ª) Do prazo de vigência

9.1 A vigência do presente contrato vincular-se-á ao tempo necessário e requerido para a execução definitiva dos serviços contratados e sua efetiva colocação em funcionamento, a qual está prevista para aproximadamente 60 (sessenta) meses, contados a partir da data de sua assinatura e ulterior entrada em vigo.

9.2 Na eventualidade de ser exigida ou necessária prorrogação para a entrada da obra, o prazo contratual será prorrogado igualmente até a data efetiva do término da obra.

Cláusula 10.ª) Da rescisão ou revogação

10.1 Se qualquer das partes contratantes cometer uma infração considerada grave em relação às suas obrigações, conforme previsto contratualmente, a parte não infratora deverá, para os efeitos desta cláusula, notificar imediatamente, por e-mail, à parte infratora, a parte infratora, a qual deverpa, no prazo máximo de 30 (trinta) dias:

10.1.1 corrgiri a infração apontada, de modo a que se possa prosseguir na execução deste Contrato, sem nenhum prejuízo à parte não infratora;

10.1.2 comprovar que a falta ocorreu por motivo de força maior, ou outro, independente de sua vontade, propondo, desde logo, à parte prejudicada, soluções alternativas razoáveis e exeqüíveis para que seja superado o impasse e se possa dar continuidade na execução do presente contrato, sem conseqüências danosas que venham, eventualmente, a ensejar sua rescisão, em caráter litigioso.

10.2 Caso a parte infratora não atenda à notificação que lhe for feita pela parte prejudicada , não corrija a falha apontada ou não proponha qualquer solução considerada razoável e exeqüível para superar o impasse, conforme previsto no subitem 10.1.2, e a execução do contrato tiver de ser paralisada em razão da infração apontada, ou eventuais eventos de força maior verificados, terão as partes um prazo suplementar de 90 (noventa) dias para, de comum acordo e livremente, tentar resolver o impasse.

10.3 Se ainda assim não chegarem a nenhuma conclusão, a controvérsia será então levada à deliberação do Juízo Arbitral, conforme previsto na cláusula 11.ª, a seguir.

10.4 Se ainda assim não houver possibilidade de um acordo espontânea, e vir a consumar-se a rescisão, os bancos financiadores de transação deverão estar acordes com a parte que solicitar a rescisão definitiva, manifestando expressamente sua concordância nesse sentido.

132

10.5 Ocorrendo a rescisão por motivo de força maior, as partes fixarão, de comum acordo, as importâncias a ser pagas com relação a elas. Não chegando a um acordo nesse sentido, igualmente recorrer-se-á ao Juízo Arbitral, segundo o item 10.3

Cláusula 11.ª) Da arbitragem

11.1 Todas as desavenças que se originarem deste contrato serão resolvidas definitivamente, de acordo com o Regulamento de Conciliação e Arbitragem da Câmara do Comércio Internacional, por um ou mais árbitros, designados segundo este regulamento.

11.2 As partes elegem desde já, para esse efeito, a Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional de Paris. Os árbitros decidirão as questões a eles submetidas, segundo as praxes comerciais internacionais e os princípios gerais do Direito.

11.3 A execução do presente contrato prosseguirá durante o processo de arbitragem, salvo se ocorrerem as hipóteses previstas nos itens 10.3 e/ou 10.4, supra.

11.4 Os ônus referentes à arbitragem caberão à parte desfavorecida no laudo arbitral, em decisão final, homologada pela autoridade judiciária competente.

Cláusula 12.ª) Das alterações

12.1 Nenhuma alteração ou modificação nos termos deste Contrato, e/ou em quaisquer de seus documentos acessórios, poderá ser efetuada sem o prévio e expresso consentimento de ambas as partes, e de comum acordo.

12.2 A inobservância, por qualquer das partes, do disposto no item 13.1 retro constituir-se-á infração grave e consequentemente, considerada dolosa e de má-fé.

Cláusula 13.ª) Do foro

13.1 Fica desde já eleito, de comum acordo entre as partes intervenientes, o Foro do Município de Quito, capital do Equador, com renúncia expressa a qualquer outro, o qual será o único competente para dirimir as questões e controvérsias oriundas da execução deste Contrato, inclusive para homologação e execução da sentença arbitral.

13.2 As partes contratantes obrigam-se a manter na cidade de Quito, capital do Equador, durante todo o período de da vigência contratual, um mandatário especial, com poderes ad judicia, até mesmo para receber citação inicial e firmar compromisso arbitral.

E, por estarem ajustadas e contratadas, as partes firmam o presente Contrato, em 03 (três) vias de igual teor e forma, na cidade de Quito, capital do Equador e na presença das 02 testemunhas, que também assinam o presente contrato, em testemunho da verdade.

133

______________________________________________

Exposerv Ind., Com.& export.Ltda.

_____________________________________________

Prefeitura Municipal de Quito

Testemunhas:

_________________________________________

_________________________________________

Autoridades municipais:

________________________________________

________________________________________