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ASPECTOS HISTÓRICOS, DOUTRINÁRIOS E ORGANIZACIONAIS DE DEFESA CIVIL Marlon Alves Cardoso Curitiba / 2008 DEFESA CIVIL De todos nós

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ASPECTOS HISTÓRICOS, DOUTRINÁRIOS E

ORGANIZACIONAIS DE DEFESA CIVIL

Marlon Alves Cardoso

Curitiba / 2008

DEFESA CIVIL

CURITIBADe todos nós

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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo subsidiar e complementar as atividades

desenvolvidas por órgãos públicos, entidades da sociedade civil organizada e

ambientes estudantis com interesse sobre o tema.

Nele estão consubstanciadas as informações necessárias para a

compreensão basilar, contudo, o assunto não se esgota, havendo sempre a

necessidade de aprimoramento, visto que as ações de Defesa Civil são

relativamente modernas e desenvolvem-se nos mais variados campos do

conhecimento científico, estando em constante atualização na medida em que

processa as experiências contemporâneas.

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1. SÍNTESE HISTÓRICA

1.1. Defesa Civil na História da Humanidade

Desde os primórdios, o homem iniciou uma árdua luta pela sobrevivência,

sempre ameaçada pelas adversidades. Naquele tempo, o desenvolvimento

humano era fruto da mera necessidade de manutenção da própria vida. E para

isso, a convivência em grupos, entre semelhantes, facilitava o enfrentamento do

destino naquele mundo de constantes desafios. A história da humanidade conta

que estas primeiras comunidades buscavam formas de subsistência com muito

esforço e não dificilmente, se deparavam com animais ferozes, enfrentava os

incêndios, as secas, as inundações e, se não bastasse, ainda sofria com ataques

de tribos rivais disputando as terras mais sustentáveis. Eram as constantes

ameaças humanas e naturais que cercavam a luta pela sobrevivência nos tempos

da pedra e desde então já se percebia a necessidade de haver liderança e

organização de planos para garantir maior segurança e voltados para o bem

comum do grupo. Pesquisas arqueológicas publicaram gravuras pré-históricas,

nas quais é possível perceber estes grupos em plena ação de defesa conjunta, ou

ataque em massa, contra animais gigantes, provavelmente dinossauros.

No decorrer dos séculos, o mundo foi evoluindo. As experiências cotidianas

ampliaram o conhecimento humano. O homem aprendeu a cultivar a terra,

extraindo dela os recursos naturais seu sustento. Assim, deixou seus dias de

nômade e estabeleceu moradia fixa em aglomerados. Nestes tempos, era

necessário mais do que simplesmente usar a natureza, muitas outras

necessidades surgiram do convívio social.

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Neste caminho, se originaram as primeiras cidades e com elas as

civilizações seguiram no rumo do domínio humano sobre as demais espécies.

Casas, vilas, cidades foram levantadas, muitas vezes, considerando os riscos aos

quais estavam sujeitas. Muitas dentro de verdadeiras fortalezas de muros altos.

Algumas em locais elevados, no alto de colinas, encravadas em rochedos. Outras

preferiam os vales margeando os rios, desenvolvendo a técnica de alicerces sobre

palafitas.

A despeito do progresso e da evolução cognitiva e emocional dos humanos,

os povos acirraram suas diferenças em razão de dissensões religiosas, políticas,

econômicas ou sociais, além do apetite conquistador dos líderes no intuito de

formar vastos impérios. Este cenário fez com que os procedimentos bélicos se

aperfeiçoassem progressivamente, a cada guerra combatida. No entanto, as

técnicas de defesa, especialmente da população, pois, esta era relegada a um

segundo plano. Haviam exércitos formados e treinados, mas a população civil em

nada participava, senão se tornando pilhagem oriunda dos embates. O progresso

dos impérios exigia muitos recursos, especialmente a mão-de-obra, e as guerras

ofereciam esta possibilidade, quando o povo derrotado era escravizado. Era

necessário que houvesse planos de emergência, que envolvessem toda

população.

Neste ínterim, um elemento chamado Natureza se mostrou muito mais

potente em suas investidas do que as guerras entre os homens. Ela não escolhia

inimigos, mesmo porque, todos estavam em seu território: o meio ambiente.

Tempestades, erupções vulcânicas, nevascas, terremotos, maremotos, pestes,

entre outros, dizimaram milhões de pessoas.

A ciência se consolidou, inicialmente, como uma necessidade de guerra, mas

se transformou em uma alternativa a ela. As civilizações conheceram o poder do

progresso científico. Não demorando muito para o desenvolvimento de tecnologias

para produção de bens e serviços em larga escala. Isto traçou um novo formato

para as relações entre os povos.

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O progresso acelerado também intensificou os riscos existentes e deu origem

a novas ameaças, além das naturais. Um bom exemplo era o risco de incêndio

nos grandes centros urbanos que se formaram. Até então, não haviam sistemas

organizados pelo poder público, as reações de defesa eram ocasionais e dadas

diretamente pela comunidade. A primeira organização de combate ao fogo, da

qual se tem notícia, foi o sistema implantado pelos franceses. A rápida evolução

da sociedade humana e o vertiginoso progresso na área tecnológica, industrial e

urbanística, contribuíram para as crescentes e insaciáveis necessidades do

homem, tornando o mundo moderno em palco de outras adversidades, como os

incêndios em edificações verticais, poluição ambiental, acidentes com meios de

transporte, derramamentos de produtos químicos, vazamento de radioatividade,

entre tantos outros. Ao mesmo tempo, aqueles fenômenos naturais, que sempre

existiram, passaram a se tornar causadores de catástrofes, devido à localização e

tipo de ocupação do solo nas cidades.

Os desastres, que antes eram raros, se tornaram numa constante ameaça,

despertando sentimentos de solidariedade. O direito à vida, bem como, a

importância relevada ao bem-estar individual e coletivo causaram o aparecimento

das primeiras instituições de serviço humanitário. O apoio no lugar da comoção

social, visando proteger à integridade física e psicológica daqueles afetados pelo

infortúnio. A cada adversidade atravessada pela sociedade, os povos esqueciam

as diferenças entre si e se integravam em favor da incolumidade individual ou

coletiva (física ou psicológica), daqueles severamente atingidos.

Surgiu então o sentimento de que cuidar da proteção das pessoas era uma

responsabilidade pública, conscientizando os governantes de que ao Estado cabe

o dever de proteger os cidadãos contra os fenômenos adversos. Contudo,

somente após o início da segunda guerra mundial, é que se evidenciou a

necessidade de que a Defesa Civil fosse estruturada e colocada sob

responsabilidade governamental, uma vez que fora comprovada a eficiência dos

sistemas organizados para atender as populações dos grandes centros urbanos

dos países envolvidos no conflito, em meio aos incêndios, escombros, mortos,

feridos, desabrigados, como conseqüência dos repetidos bombardeios.

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Na Inglaterra, seus habitantes se organizaram para resistir aos violentos

bombardeios nazistas, visando evitar perdas em vidas humanas, pois, havia se

mostrado muito vulnerável aos ataques inesperados e de grande poderio

destrutivo das aeronaves adversárias.

Inglaterra, 1941 Inglaterra, Londres, após bombardeio de 1941

A estratégia foi contar com os civis disponíveis, enquanto a maior parte da

força militar estava ausente em campo de batalha. Foram elaborados planos de

reação e de redução das vulnerabilidades, evitando assim os danos maiores que

podiam ser causados pelas investidas inimigas. Sistemas de alarme, abrigos

antiaéreos, edificações mais resistentes às explosões, planos de evacuação, etc.

Toda esta organização foi denominada “Civil Defense”, ou seja, Defesa Civil.

Contemporaneamente, no mundo, podemos citar como fator preponderante

para existência de sistemas públicos organizados contra desastre, além das

grandes guerras, o acidente nuclear envolvendo a usina Chernobil (Chernobyl), na

extinta União Soviética, área em que hoje se localizam a Ucrânia, a Rússia e a

Bielorússia (que foram as localidades mais atingidas). Naquele fato, centenas de

milhares de pessoas precisaram ser evacuadas das áreas de risco. Órgãos

internacionais atribuíram algo em torno de 56 (cinqüenta e seis) mortes diretas

(ONU/2005), sendo que 47 (quarenta e sete) vítimas eram trabalhadores da

referida usina e 09 (nove) foram crianças que desenvolveram câncer de tireóide.

Uma estimativa, ainda contestada por órgãos internacionais de proteção

ambiental, conta que, aproximadamente, 4.000 pessoas irão morrer por conta de

contaminação indireta causada pela nuvem radioativa vinda da explosão de

Chernobil.

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Imagem Aérea de Localização da Usina de Chernobil – extraída da Internet

Outro exemplo de superação, através do emprego de defesa civil, foi o

grandioso renascimento de Hiroshima, Japão. Após a explosão da bomba

atômica, lançada por seus oponentes americanos, do total de 300.000 pessoas,

75.000 morreram, 75.000 ficaram feridas, enquanto 150.000 realizaram o

abandono (evacuação) da cidade. Surpreendentemente, já no 10.º dia após o

desastre, as indústrias estavam trabalhando com 70% de sua capacidade e a

cidade iniciou um processo de recuperação espantoso. Quem visita Hiroshima,

jamais poderia imaginar que tenha sido alvo de tão impactante adversidade.

Entre as situações de desastres que figuram a modernidade, cabe destaque

para os desatinados ataques terroristas. Abaixo os maiores e mais divulgados

atentados da história recente:

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EUA – dos quatro aviões raptados por terroristas da rede liderada por

Osama Bin Laden, dois foram lançados sobre o edifício comercial

chamado World Trade Center – ícone da supremacia econômica da

América do Norte – situado na ilha de Manhattam, Nova York,

matando milhares de cidadãos americanos; o terceiro foi lançado

sobre o Pentágono – símbolo do seu poder e inteligência bélica

daquela nação; o quarto avião caiu sem chegar ao seu alvo – há

informações de houve resistência incisiva da tripulação e passageiros

contra os terroristas a bordo;

* Imagens retiradas da Internet, de

conteúdo público.

Inglaterra – quase que consecutivamente, homens-bombas e artefatos

explosivos foram detonados em pleno sistema de transporte coletivo

(ônibus e metrô), sentenciando centenas de pessoas à morte;

China – mais de mil pessoas foram intoxicadas pela liberação de gás

Sarin no metrô feito por uma violenta seita religiosa que apregoava o

fim do mundo;

Espanha – um grupo separatista implantou bombas nos trens, e as

explodiu no horário de maior pico de uso, causando cenas terríveis,

até mesmo para as equipes que operavam o socorro naquela ocasião.

Não bastassem as ameaças naturais, estes atos demonstram a incapacidade

humana em gerir e manter o convívio social em harmonia. As armas não são mais

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clavas e lanças, são arsenais apocalípticos sujeitos à bestialidade intrínseca na

acepção de interesses entre as nações e na diferença de credos.

Em tempos de globalização da economia, infelizmente os desastres também

seguem o mesmo ritmo. O mundo está ligado por fatores econômicos e/ou sociais.

O desastre que atinge a Ásia, de algum modo, acaba afetando a Europa, África,

as Américas e a Oceania. São tristes exemplos:

A tsunami que atingiu a região da Malásia

O terremoto na Ilha de Java (maio de 2006), na região da Indonésia

no dia 27 de maio de 2006, com a intensidade de 6,3 graus na

escala Richter, ceifou mais de 6.200 vidas humanas, feriu pelo

menos 30mil, destruiu 135mil casas e deixou 620 escolas em

escombros e outras 800 danificadas, além das mais de 645mil

pessoas desalojadas.

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Os efeitos negativos para algumas pessoas foram somente momentâneos,

enquanto para outras foi definitivo. A semelhança entre todos estes fatos,

reservadas as proporções de impacto, é que o desastre ao se manifestar, trouxe

um colapso social total. Uma sucessão de improvisos se iniciou no afã de controlar

o incidente, sujeitando a intervenção emergencial a resultados incertos. Enfim, os

planos existentes para responder aos imprevistos sucumbiram frente à inesperada

manifestação da adversidade.

Conforme a dinâmica de cada situação de desastre, o ecossistema atingido

se tornou mais resistente, a partir do estudo sobre as causas e as conseqüências

do fato. Estas informações foram essenciais para determinar as ações preventivas

e de preparação frente às hipóteses futuras da mesma ameaça adversamente se

configurar.

Grande é a comoção mundial com os resultados de um desastre. Está cada

dia mais evidente para a opinião pública a fragilidade da vida humana e a

vulnerabilidade da sociedade diante das emergências humanas, naturais ou

mistas. A consciência do homem está passando por uma sensível transformação

quanto à compreensão das interações entre os homens e destes com seu meio

ambiente. A existência de um sistema organizado para utilizar antes, durante e

depois dos desastres pode significar a diferença entre a vida e a morte, o fim ou a

continuidade da vida sobre a terra.

1.2. A Defesa Civil no Brasil

Registros apontam que a Defesa Civil no Brasil surgiu após a Segunda

Guerra Mundial, quando em fevereiro de 1942, depois do ataque japonês à base

de Peal Harbor, concomitante com o naufrágio de dois navios brasileiros (Arará e

Itajubá), supostamente também atacados pelos japoneses, fazendo o Governo da

época baixar um Decreto-Lei criando o Serviço de Defesa Passiva Anti-Aérea, o

qual ficou sob supervisão do Ministério da Aeronáutica. Nesta época, era

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obrigatório ensino de proteção coletiva em todas as escolas em território nacional.

Através de outros diplomas legais, foram ocorrendo outras modificações e por fim,

em 1943, houve a mudança da denominação para Serviço de Defesa Civil.

Terminado o conflito mundial, com a euforia da paz, houve um relaxamento,

culminando com a extinção do serviço em 1946. Posteriormente, o EMFA e a ESG

elaboraram trabalhos justificando e propondo a criação do Sistema Nacional de

Defesa Civil, os quais, por motivos ignorados, não vingaram.

Durante as situações catastróficas que se abateram no país, principalmente

as secas e as inundações, a intervenção governamental se fazia sentir apenas

para amenizar o sofrimento das populações atingidas.

Em 1966, no Estado do Rio de Janeiro, ocorreram inundações,

deslizamentos de encostas e desabamentos, causando 1.200 mortes e 46.000

desabrigados, o que levou o Governo do então Estado da Guanabara, a baixar

Decreto criando a Comissão Estadual de Defesa Civil, pioneira no Brasil.

Em 1967, através do Decreto-Lei 200, datado de 25 de fevereiro, em seu

Artigo 39, o Governo Federal atribui ao Ministério do Interior a responsabilidade de

assistência às populações atingidas pelas calamidades públicas.

Em 05 de março de 1969, através do aviso nº 0067, o Ministério do Interior

conclama os Governadores de Estado, no sentido de criarem um Sistema

Estadual de Defesa Civil.

Na elaboração da Constituição do Brasil, promulgada em 24 de janeiro de

1967, o Governo demonstrou interesse pelo assunto quando estabeleceu no

Capítulo II, Artigo 8º, item XII, que compete à União organizar a defesa

permanente contra calamidades públicas, especialmente a seca e as inundações.

A Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, no Capítulo II, Art.

8º, item XIII, reitera o contido na Constituição de 1967.

Em 22 de maio de 1969, com base no Artigo 1º do Decreto nº 64.568, foi

criado um grupo de trabalho incumbido de elaborar o Plano Permanente de

Defesa Civil Contra as Calamidades Públicas, que concluiu pela necessidade de

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ser instituído o Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas -

GEACAP, subordinado ao Ministério do Interior.

Na data de 13 de outubro de 1969, através do Decreto-Lei nº 950, foi

instituído no Ministério do Interior o fundo Especial para Calamidades Públicas,

fixando a dotação de recursos e outras providências. A regulamentação do fundo

efetivou-se através do Decreto nº 66.204, datado de 13 de fevereiro de 1970 e

prevê o atendimento às populações atingidas por calamidade, quando esta for

reconhecida pelo Governo Federal, para aquisição de medicamentos, alimentos,

agasalhos e pagamento de transportes, reembolso de despesas com preservação

de vidas humanas, efetivadas por entidades públicas ou privadas, prestadoras de

socorro na área de flagelo; e 5% para treinamento e aperfeiçoamento de pessoal

para calamidades públicas. (Em 08 de março de 1994, através do Decreto Federal

nº 1.080, foi revogado o Decreto 66.204, regulamentando novamente o FUNCAP

permitindo uma maior abrangência quanto à destinação dos recursos na condição

de Estado de Calamidade Pública reconhecida pelo Governo Federal).

Em 05 de outubro de 1970, através do Decreto nº 67.347, foi criado o Grupo

Especial de Atendimento a Calamidades Públicas (GEACAP), com o fim de

coordenar em todo o território nacional, a prevenção das calamidades públicas,

assistência às populações atingidas e a recuperação das áreas flageladas. Foi

extinto pelo Decreto nº 97.274, em 16 de dezembro de 1988.

A 13 de agosto de 1979, foi criada a Secretaria Especial de Defesa Civil –

SEDEC, através do Decreto nº 88.839, vinculada ao Ministério do Interior com a

finalidade de orientar e coordenar em todo o território nacional, as medidas

relativas à prevenção, assistência e recuperação quando da ocorrência de

fenômenos adversos de quaisquer origens.

A 16 de dezembro de 1988, através do Decreto nº 97.274, foi organizado o

Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), com o objetivo de planejar e

promover a defesa permanente contra as calamidades (Art. 21, Inciso XVIII, da

Constituição/88), integrando a atuação dos órgãos e entidades de planejamento,

coordenação e execução das medidas de assistência às populações atingidas por

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fatores anormais e/ou adversos, bem assim de prevenção ou recuperação de

danos em situação de emergência ou estado de calamidade pública.

Em 16 de agosto de 1993, através do Decreto Federal nº 895, foi revogado o

Decreto nº 97.274 sendo reorganizado o Sistema Nacional de Defesa Civil –

SINDEC. Neste documento já havia a obrigação dos municípios em montar suas

Comissões de Defesa Civil. Esta previsão como “Comissão” dava a idéia de que

somente devia se quando necessário, ou seja, somente em circunstâncias de

desastres ou na iminência deste.

O Conselho Nacional de Defesa Civil, através da Resolução nº 2, de 12 de

dezembro de 1994, aprovou a Política Nacional de Defesa Civil, elaborada sob a

direção geral do General Médico do Exército Dutra do Amaral.

Enfim, no Decreto n.º 5.376, de 17 de fevereiro de 2005, o Sistema Nacional

de Defesa Civil foi atualizado. Foram delineados objetivos sob um moderno

panorama para as ações de Defesa Civil no país, determinando sua composição e

definindo as atribuições do Governo Federal, dos Estados, dos Municípios e do

Distrito Federal. Embora ainda abrigada em Decreto e não na segurança de uma

Lei, esta legislação descreve, muito bem, a atuação técnica da defesa civil,

tornando esta atividade mais ampla em seus propósitos, especialmente no que diz

respeito à importância da prevenção de riscos e à preparação contra ameaças de

desastres.

Infelizmente, hoje, no Brasil, nem todos os estados e municípios possuem

suas legislações sincronizadas com os instrumentos nacionais. Todavia, a

obrigatoriedade de haver uma COMDEC, legalmente estabelecida, para receber

recursos federais do FUNCAP serviu como fator essencial para que as cidades

criassem suas Comissões de Defesa Civil. Assim, muitas prefeituras montaram

suas atividades de defesa civil. A cidade de Curitiba, capital do Estado do Paraná,

possui a defesa civil estabelecida desde 1985. Atualmente, sua legislação é

totalmente convergente com a nacional, além de possuir um fundo municipal para

ações de defesa civil, denominado FUMDEC.

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2 - ASPECTOS DOUTRINÁRIOS

2.1. Conceituação

Defesa Civil, como já afirmado anteriormente, foi criada para atender os

problemas decorrentes da guerra. Contudo, como em época de paz as atividades

de Defesa Civil eram muito reduzidas e havia outros órgãos para fazer frente às

calamidades públicas, entenderam as autoridades que, por questões econômicas,

a Defesa Civil deveria incorporar os demais órgãos, tornando-se assim um

sistema de defesa da comunidade, tanto em tempo de paz como de beligerância.

Sua fundamentação está no princípio de que nenhum governo tem

capacidade total para solucionar os problemas que possam afetar a comunidade

numa situação catastrófica. Então, desde suas primeiras ações, procurou

mobilizar a participação social para solução os problemas comuns a todos.

Entretanto, é necessário que exista, também, previamente organizada, uma

estrutura pública para defesa da comunidade, que possibilite o emprego racional

dos recursos disponíveis para controle das emergências, inclusive, se possível,

tente evitar que estas aconteçam.

No Decreto Federal 5.376, de 17 de fevereiro de 2005, foram

convencionadas as seguintes conceituações básicas:

“I - defesa civil: o conjunto de ações preventivas, de socorro,

assistenciais e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar os

desastres, preservar o moral da população e restabelecer a

normalidade social;

II - desastre: o resultado de eventos adversos, naturais ou

provocados pelo homem sobre um ecossistema vulnerável,

causando danos humanos, materiais ou ambientais e

conseqüentes prejuízos econômicos e sociais;

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III - situação de emergência: o reconhecimento pelo poder

público de situação anormal, provocada por desastres, causando

danos superáveis pela comunidade afetada;

IV - estado de calamidade pública: o reconhecimento pelo

poder público de situação anormal, provocada por desastres,

causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à

incolumidade ou à vida de seus integrantes.”

2.2. Objetivo da Defesa Civil

O objetivo geral da Defesa Civil é reduzir desastres, isto é, diminuir a

ocorrência de desastres, bem como a intensidade daqueles que não possam ser

evitados, ou seja, minimizar os respectivos danos e conseqüentes prejuízos.

Na definição acima foi optado pelo termo "reduzir" porque "eliminar" almejaria

algo inatingível, mesmo porque, o oponente de todos – o desastre – não obedece

necessariamente agendas ou protocolos, se manifesta por uma conjunção de

fatores dos mais variados, sendo uma utopia pretender eliminá-lo.

Também pode ser inserida no elenco de objetivos da Defesa Civil a Proteção

Global da População, que significa, em termos mais simples ao entendimento, e,

também, a partir da interpretação do contido na Constituição Federal de 1988, em

seu Artigo 5.º, proteger os direitos, individuais e coletivos, à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, resguardando as incolumidades física,

psíquica, patrimonial e social das pessoas.

No Brasil, a estratégia para redução de desastres, prevista no Decreto

Federal 5.376/05, abrange os seguintes aspectos globais:

a. Prevenção de Desastres;

b. Preparação para Emergências e Desastres;

c. Resposta aos Desastres;

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d. Reconstrução e/ou Recuperação.

Cada aspecto destes se ramifica numa série de outras atividades que, juntas,

impulsionam o sistema de defesa civil em todas as esferas de sua atuação e, ao

mesmo tempo, possibilitam uma gestão mais eficaz dos desastres.

2.3. Períodos da Defesa Civil

Analisando a sistemática de atuação da Defesa Civil, pode-se dizer que o

cotidiano é separado da emergência pela adversidade, assim, dando origem a

dois períodos distintos: Normalidade e Anormalidade, sendo o Evento Adverso o

fator determinante da passagem do primeiro para o segundo período.

Normalidade é quando tudo está dentro de uma rotina aceitável e não há

menção ou risco maior de evento adverso. Neste período devem ser

desenvolvidas as atividades de Prevenção de Desastres e Preparação para

Emergências e Desastres. É durante a normalidade que se determina qual será a

resistência do ecossistema e quanto tempo será demandado para que tudo volte a

se normalizar, após um desastre.

Anormalidade é o período que acontece imediatamente após o início da

manifestação de um evento adverso. É quando a preparo técnico e operacional –

previamente desenvolvido durante a Normalidade – deve ser colocado em prática,

com ações de resposta para controle da adversidade. Após a atenuação do

evento adverso, os danos se evidenciam, trazendo consigo prejuízos econômicos

e sociais, exigindo recursos, muitas vezes onerosos, para reconstrução do que se

perdeu e também para recuperar a normalidade (social, ambiental e material),

sempre com vistas a preservar o moral da população atingida.

Quando um período de Anormalidade se encerra, outro período de

Normalidade se inicia. A contínua intercalação entre esses momentos molda o

grau de vulnerabilidade do local que sofreu desastre. A cada adversidade

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semelhante, ocorre uma nova remodelagem ambiental aliada à mudança de

comportamento social que, normalmente, reduz a fragilidade do cenário afetado. A

passagem para este novo ciclo evidenciada pode ser chamada de

Restabelecimento.

2.4. Fases de Atuação da Defesa Civil

Tomando por base que a Defesa Civil é dividida em dois períodos a serem

trabalhados, foi convencionada uma metodologia para gerenciamento dos eventos

adversos ou desastres. A Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC – criou

Fórmula de Administração de Desastres, abreviadamente chamada de “2P2R”.

Esta fórmula possui as seguintes fases circunstanciais: Prevenção; Preparação,

Resposta e Reconstrução/Recuperação. A seguir desvendamos no que consiste

cada uma destas fases:

1P ou Prevenção – Acontece na normalidade antes de um desastre ou

após a fase 2R. É quando devem ser realizados educação, orientação e

esclarecimento à sociedade quanto às formas existentes para se evitar

possíveis desastres ou minimizar seus efeitos negativos. É um bom

exemplo de ação preventiva a educação ambiental, a qual ensina

sustentabilidade e preservação dos recursos naturais. Nesta fase, é

Restabelecimento

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praticamente determinado o tempo que será exigido para recuperação

dos danos e prejuízos ocasionados numa hipótese de adversidade. Sua

difusão no tecido social possibilita reduzir determinadas vulnerabilidades

e evitar alguns tipos de desastres, sendo que, para isso, podem ser

executadas medidas não-estruturais (relacionadas com o comportamento

preventivo – ex. elaboração de planos de combate a incêndio) e/ou

estruturais (relacionadas com investimentos – ex. obras civis). Também

fazem parte da prevenção a fiscalização e a vistoria de áreas, imóveis e

atividades potencialmente geradoras de desastres ou vulneráveis a

estes.

2P ou Preparação – Acontece durante normalidade ou diante da

possibilidade real de haver um evento adverso. Nela as ações de

planejamento, prevendo a metodologia de mobilização de recursos de

resposta, ou seja, de enfrentamento do evento adverso são realizadas.

Prevê planos contingenciais e operacionais, vislumbrando a capacitação

necessária para as equipes de socorro; o monitoramento da dinâmica de

riscos, ameaças e eventos adversos; a infra-estrutura a ser

disponibilizada; os fluxos de acionamento e as formas de emprego dos

recursos disponíveis. Enfim, a 2P é nada mais do que o programa de

atuação da Defesa Civil para os casos em que a ameaça venha se

concretizar em desastre e visa a minimizar dos danos e conseqüentes

prejuízos do mesmo. Esta fase define a qualidade e a eficácia da fase

1R, bem como, a capacidade da fase 2R.

1R ou Resposta – Esta fase marca a passagem da normalidade para a

anormalidade. Ocorre durante incidência de um evento adverso que pode

causar ou causou desastre. Nela é colocado em prática o programa de

atuação realizado na etapa anterior (2P) para enfrentar os efeitos

negativos resultantes dos impactos infaustos na área/comunidade

atingida. É quando devem ser operacionalizadas as ações de isolamento

da área de risco, de promoção do abandono das áreas, imóveis e locais

ameaçados, de combate e contenção do agente agressor, de socorro

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imediato e de assistência inicial às vítimas (pessoas, meio ambiente e

patrimônio), com o propósito de estagnar, amenizar ou extinguir a

adversidade, bem como, diminuir a intensidade dos danos e prejuízos

oriundos de sua influência.

2R ou Reconstrução / Recuperação – Essa fase é caracterizada por

ser aquela em que são executados procedimentos para restabelecimento

da normalidade no local atingido por desastre. É quando o poder público

e a sociedade, unidos, realizam atividades para reorganizar a rotina

social cotidiana, prestando apoio econômico e social à população e

reconstruindo o que foi perdido nas áreas atingidas pelo evento adverso.

A 2R deve ser desenvolvida no intuito de recuperar a normalidade no

menor espaço de tempo possível. Neste ínterim, deve ser iniciada

análise das causas do fenômeno adverso e, também, avaliação das

conseqüências do desastre, visando acumular experiência e, também,

ser desencadeado um novo ciclo preventivo (1P) para que, se um evento

adverso semelhante voltar a acontecer, resistência a seu choque na

normalidade social seja maior.

Dados de algumas das entidades internacionais de estudo científico sobre

desastres denotam que, aproximadamente, para cada U$1,00 investido em

prevenção (1P) e preparação (2P), U$75,00 acabam sendo despendidos nas

demais fases. Valores estes que foram estimados antes das grandes calamidades

mais modernas (Tsunami, Furacões e Terremotos).

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20

2.5. Desastres

2.5.1. Conceito

Desastre o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo

homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou

ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais.

Desastre não é o "evento adverso" em si, mas a sua influência negativa

sobre as fragilidades do corpo ou local atingido. Ele é o inimigo número um da

Defesa Civil e é contra o qual todos os esforços conjuntos entre sociedade e

governo devem ser empregados. Através da investigação de sua conduta antes,

durante e depois de sua manifestação, é possível realizar métodos preventivos,

preparatórios, respondentes e recuperativos para reduzir sua magnitude.

2.5.2. Classificação Geral dos Desastres

Orientando-se na Doutrina Nacional da Defesa Civil, bem como nas

classificações de outras existentes, podemos afirmar e entender que os desastres

podem ser classificados conforme sua causa, evolução e intensidade, conforme

a seguir:

a. Causa – podem ser identificados de acordo com uma tipologia básica,

em três grupos distintos, a saber:

Naturais – causados por fenômenos adversos oriundos da natureza;

Humanos – causados por ação ou omissão humana, direta ou indireta;

Mistos – resultam da intervenção desregrada do homem e da sociedade

sobre o meio-ambiente.

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b. Evolução – podem ser subdivididos de acordo com a velocidade com

que percorrem o espaço de tempo necessário para atingir o nível máximo de

impacto da adversidade. Podem ser assim classificados:

Súbitos ou de evolução aguda – ex.: casa atingida por raio;

Graduais ou de evolução lenta – ex.: erosão do solo;

Somação de Efeitos Parciais, ou seja, resultado de vários acidentes e/ou

incidentes similares ou semelhantes – ex.: acidentes de trânsito.

c. Intensidade – podem ser classificados de acordo com o impacto dos

danos na área e na comunidade afetada. Existem os seguintes níveis:

Nível I – Pequeno porte e facilmente superáveis;

Nível II – Médio porte e superáveis com disponibilização de recursos

locais;

Nível III – Grande porte e exigem complemento de recursos pela

comunidade para superá-los;

Nível IV – Muito grande porte, extrapolam a capacidade de resposta e

recuperação local e que necessitam de ajuda externa para superação.

Os desastres nascem, se desenvolvem e se extinguem. Na medida em

que o evento adverso atravessa o cenário atingido, o desastre passa de um

estado para outro, ou seja:

Pré-impacto – quando a ameaça envia os primeiros sinais de

possibilidade de desastre;

Impacto – desde o início da manifestação do evento adverso até seu

máximo nível de influência sobre o cenário;

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Atenuação de danos – quando o evento adverso cessa,

espontaneamente e/ou por empenho de outros dos fatores componentes

do ecossistema.

2.5.3 Nomenclatura e Codificação de Desastres

A Secretaria Nacional de Defesa Civil criou a Codificação de Desastres,

Ameaças e Riscos – CODAR para identificar os diferentes tipos de desastres

possíveis através de cinco caracteres, alfabéticos e numéricos. Desta forma, para

melhor entendimento, os desastres, ameaças e riscos receberam códigos com

base em sua CAUSA (C), ORIGEM (O), MANIFESTAÇÃO (M) e NOME (NN), ou

seja, seguindo a fórmula estrutural “CO.MNN”, abaixo detalhada:

a. Quanto à CAUSA (CO.MNN);

Podem ser divididos de acordo com o agente causador. Tabela 01.

b. Quanto à ORIGEM (CO.MNN);

São subdivididos conforme a procedência principal. Tabela 02.

c. Quanto à MANIFESTAÇÃO (CO.MNN)

São subdivididos conforme a evolução do evento. Tabela 03.

d. Quanto ao NOME (CO.MNN).

Recebem nomes e números de ordem. Tabela 04 - CODAR.

O CODAR já é exemplo internacional, sendo seguido por algumas nações

em sua essência conceitual. Embora ainda necessite de algum aprimoramento,

esta codificação serviu de base para a confecção dos Manuais de Desastres, de

autoria da SEDEC. Serve como índice técnico, o qual contempla, praticamente,

todos os tipos de desastres possíveis nos dias de hoje. Todavia, como todo

conhecimento científico sobre a Defesa Civil está em constante atualização, o

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23

CODAR também pode ser, através de opiniões formuladas pelos integrantes do

SINDEC;

Tabela 01

CAUSA – “C”

CODIFICAÇÃO

Alfabética Numérica

NATURAL

HUMANO

MISTO

N

H

M

1

2

3

CÓDIGO ALFABÉTICO

CÓDIGO NUMÉRICO

ORIGEM – “O”

C

O

C

O

N

S

E

I

B

1

1

2

3

4

Sideral

Geodinâmica Terrestre Externa

Geodinâmica Terrestre Interna

Desequilíbrios na Biocenose

H

T

S

B

2

1

2

3

Tecnológica

Social

Biológica

M

E

I

3 1

2

Geodinâmica Terrestre Externa

Geodinâmica Terrestre Interna

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Tabela 02

Tabela 3

CÓD. ALFABÉTICO

CÓD. NUMÉRIC

O MANIFESTAÇÃO – “M”

NS.Q 11.1 Impacto de Corpos Siderais

NE.E 12.1 Eólica

NE.T 12.2 Temperaturas Extremas

NE.H 12.3 Incremento das Precipitações Hídricas e com as Inundações

NE.S 12.4 Intensa Redução das Precipitações Hídricas

NI.S 13.1 Sismologia

NI.V 13.2 Vulcanologia

NI.G 13.3 Geomorfologia, Intemperismo, Erosão e Acomodação do Solo

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NB.A 14.1 Pragas Animais

NB.V 14.2 Pragas Vegetais

HT.S 21.1 Siderais

HT.T 21.2 Meios de transporte sem menção de risco químico ou radioativo

HT.C 21.3 Construção Civil

HT.I 21.4 Incêndios

HT.P 21.5 Produtos perigosos

HT.D 21.6 Concentrações demográficas e riscos de colapsos ou exaurimento de energia e de outros recursos e/ou sistemas essenciais

HS.E 22.1 Ecossistemas Urbanos e Rurais

HS.C 22.2 Convulsões Sociais

HS.B 22.3 Conflitos Bélicos

HB.V 23.1 Doenças Transmitidas por Vetores Biológicos

HB.A 23.2 Doenças Transmitidas por Água e/ou Alimentos

HB.I 23.3 Doenças Transmitidas por Inalação

HB.S 23.4 Doenças Transmitidas por Sangue Contaminado ou Outras Secreções Orgânicas

HB.G 23.5 Doenças Transmitidas por outros ou por mais de um Mecanismo de Transmissão

MA.I 31.1 Ionosfera

MA.A 31.2 Atmosfera

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MG.S 32.1 Sismicidade Induzida

MG.G 32.2 Geomorfologia, Intemperismo e Erosão

Tabela 4

CÓD. ALFABÉTICO

CÓD. NUMÉRICO

NOME – “NN”

NS 11 Desastres Naturais de Origem Sideral

NS.Q 11.1 • Impacto (queda) de Corpos Siderais

NS.QMT 11.101 Impacto (queda) de meteoritos

NE 12 Desastres Naturais Relacionados com a Geodinâmica Terrestre Externa

NE.E 12.1 • Desastres Naturais de Causa Eólica

NE.EVD 12.101 Vendavais ou tempestades

NE.ECL 12.102 Vendavais muito intensos ou ciclones extratropicais

NE.EFR 12.103 Vendavais extremamente intensos, furacões, tufões ou ciclones tropicais

NE.ETR 12.104 Tornados e trombas d água

NE.T 12.2 • Desastres Naturais Relacionados com Temperaturas Externas

NE.TFI 12.201 Onda de frio intenso

NE.TNV 12.202 Nevadas

NE.TTN 12.203 Nevascas ou tempestades de neve

NE.TAN 12.204 Aludes ou avalanches de neve

NE.TGZ 12.205 Granizos

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NE.TGE 12.206 Geadas

NE.TOC 12.207 Ondas de calor

NE.TVQ 12.208 Ventos quentes e secos

NE.H 12.3 • Desastres Naturais Relacionados com o Incremento das Precipitações Hídricas e com as Inundações

NE.HIG 12.301 Enchentes ou inundações graduais

NE.HEX 12.302 Enxurradas ou inundações bruscas

NE.HAL 12.303 Alagamentos

NE.HIL 12.304 Inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão do mar

NE.S 12.4 • Desastres Naturais Relacionados com a Intensa Redução das Precipitações Hídricas

NE.SES 12.401 Estiagens

NE.SSC 12.402 Secas

NE.SQU 12.403 Queda intensa dos índices de umidade relativa do ar

NE.SIF 12.404 Incêndios florestais das estações estivais

NI 13 Desastres Naturais Relacionados com a Geodinâmica Terrestre Interna

NI.S 13.1 • Desastres Naturais Relacionados com a Sismologia

NI.SST 13.101 Terremotos, sismos e/ou abalos sísmicos

NI.SMT 13.102 Maremotos e tsunamis

NI.V 13.2 • Desastres Naturais Relacionados com a Vulcanologia

NI.VEV 13.201 Erupções vulcânicas

NI.G 13.3 • Desastres Naturais Relacionados com a Geomorfologia, o Intemperismo, a Erosão e a Acomodação do Solo

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NI.GDZ 13.301 Escorregamentos ou deslizamentos

NI.GCM 13.302 Corridas de massa

NI.GRJ 13.303 Rastejos

NI.GQT 13.304 Quedas, tombamentos e/ou rolamentos de matações e/ou rochas

NI.GES 13.305 Processo erosivos – erosão laminar

NI.GEV 13.306 Erosão linear - sulcos, ravinas e boçorocas ou voçorocas

NI.GSS 13.307 Subsidência do solo

NI.GTC 13.308 Erosão fluvial - desbarrancamentos de rios e fenômenos de terras caídas

NI.GAM 13.309 Erosão marinha

NI.GSD 13.310 Soterramento de localidades litorâneas por dunas de areia

NB 14 • Desastres Naturais Relacionados com o Desequilíbrio da Biocenose

NB.A 14.1 Pragas Animais

NB.ARD 14.101 Ratos domésticos

NB.AMH 14.102 Morcegos hematófagos

NB.AOP 14.103 Ofídios peçonhentos

NB.AGF 14.104 Gafanhotos (locusta)

NB.AFS 14.105 Formigas saúvas

NB.ABC 14.106 Bicudos

NB.ANM 14.107 Nematóides

NB.V 14.2 Pragas Vegetais

NB.VPP 14.201 Pragas vegetais prejudiciais à pecuária

NB.VPA 14.202 Pragas vegetais prejudiciais à agricultura

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NB.VMV 14.203 Maré vermelha

HT 21 Desastres Humanos de Natureza Tecnológica

HT.S 21.1 • Desastres Siderais de Natureza Tecnológica

HT.SSR 21.101 Desastres siderais de natureza tecnológica sem menção de riscos radioativos

HT.SCR 21.102 Desastres siderais de natureza tecnológica com menção de riscos radioativos

HT.T 21.2 • Desastres Relacionados com Meios de Transporte sem menção de Risco Químico ou Radioativo

HT.TAE 21.201 Desastres relacionados com meios de transporte aéreo

HT.TFR 21.202 Desastres relacionados com meios de transporte ferroviário

HT.TFL 21.203 Desastres relacionados com meios de transporte fluvial

HT.TMR 21.204 Desastres relacionados com meios de transporte marítimo

HT.TRV 21.205 Desastres relacionados com meios de transporte rodoviário

HT.C 21.3 • Desastres Relacionados com a Construção Civil

HT.CDH 21.301 Desastres relacionados com a danificação ou a destruição de habitações

HT.CPS 21.302 Desastres relacionados com a danificação ou a destruição de obras de arte ou de edificações por problemas relativos ao solo e às fundações

HT.CPE 21.303 Desastres relacionados com a danificação ou a destruição de obras de arte ou de edificações por problemas de estruturas

HT.CRB 21.304 Desastres relacionados com o rompimento de barragens e riscos de inundação a jusante

HT.CAC 21.305 Desastres e/ou acidentes de trabalho ocorridos durante a construção

HT.CAM 21.306 Desastres relacionados com as atividades de mineração

HT.I 21.4 • Desastres de Natureza Tecnológica Relacionados com Incêndios

HT.ICB 21.401 Incêndios em instalações de combustíveis, óleos e lubrificantes (COL)

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HT.IMF 21.402 Incêndios em meios de transporte marítimo ou fluvial

HT.IAP 21.403 Incêndios em áreas portuárias

HT.IPI 21.404 Incêndios em plantas e distritos industriais

HT.IED 21.405 Incêndios em edificações com grandes densidades de usuários

HT.P 21.5 • Desastres de Natureza Tecnológica Relacionados com Produtos Perigosos

HT.PMT 21.501 Desastres com meios de transporte com menção de riscos de extravasamento de produtos perigosos

HT.PIQ 21.502 Desastres em plantas e distritos industriais, parques e depósitos com menção de riscos de extravasamento de produtos perigosos

HT.PEX 21.503 Desastres em plantas e distritos industriais, parques ou depósitos de explosivos

HT.PAG 21.504 Desastres relacionados com o uso abusivo e não controlado de agrotóxicos

HT.PAD 21.505 Desastres relacionados com intoxicação exógenas no ambiente familiar

HT.PCA 21.506 Desastres relacionados com a contaminação de sistemas de água potável

HT.PRM 21.507 Desastres relacionados com substâncias e equipamentos radioativos de uso em medicina

HT.PAE 21.508 Desastres relacionados com substâncias e equipamentos radioativos de uso em pesquisas, indústrias e usinas atomoelétricas

HT.POP 21.509 Outros desastres relacionados com produtos perigosos

HT.D 21.6 • Desastres Relacionados com Concentrações Demográficas e com Riscos de Colapso ou Exaurimento de Energia e de Outros Recursos e/ou Sistemas Essenciais

HT.DRH 21.601 Desastres relacionados com riscos de colapso ou exaurimento de recursos hídricos

HT.DRE 21.602 Desastres relacionados com riscos de colapso ou exaurimento de recursos energéticos

HT.DLX 21.603 Desastres relacionados com riscos de colapso ou sobrecarga do sistema

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de coleta de lixo

HT.DGP 21.604 Desastres relacionados com riscos de intensa poluição provocada por escapamento de gases e partículas em suspensão na atmosfera

HT.DRL 21.605 Desastres relacionados com riscos de intensa poluição provocada por resíduos líquidos efluentes da atividade industrial

HT.DRS 21.606 Desastres relacionados com riscos de intensa poluição provocada por resíduos sólidos da atividade industrial

HT.DPH 21.607 Desastres relacionados com riscos de intensa poluição provocada por dejetos e outros poluentes resultantes da atividade humana

HT. DSD 21.608 Desastres relacionados com riscos de colapso nos sistemas de computadorizados e de automação

HS 22 Desastres Humanos de Natureza Social

HS.E 22.1 • Desastres Relacionados com Ecossistemas Urbanos e Rurais

HS.EIN 22.101 Incêndios urbanos ou rurais

HS.EDS 22.102 Desastres relacionados com a depredação do solo por desmatamento sem controle e/ou má gestão agropecuária

HS.ERM 22.103 Desastres relacionados com a depredação do solo por acumulação de rejeitos de mineração

HS.EZD 22.104 Desastres relacionados com a depredação do solo por zoneamento urbano e/ou rural deficiente

HS.EDF 22.105 Desastres relacionados com a destruição intencional da flora e da fauna

HS.EFT 22.106 Desastres relacionados com o fluxo desordenado de trânsito

HS.C 22.2 • Desastres Humanos Relacionados com Convulsões Sociais

HS.CDG 22.201 Desemprego e/ou subemprego generalizado

HS.CES 22.202 Especulação

HS.CFD 22.203 Fome e desnutrição

HS.CMD 22.204 Migrações intensas e descontroladas

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HS.CVD 22.205 Intensificação da violência doméstica

HS.CJM 22.206 Infância e juventude marginalizadas e menores carentes

HS.CGC 22.207 Grevismo generalizado

HS.CDB 22.208 Disseminação de boatos e pânico

HS.CTG 22.209 Tumultos e desordens generalizados

HS.CTD 22.210 Tráfico de drogas intenso e generalizado

HS.CIC 22.211 Incremento dos índices de criminalidade geral e dos assaltos

HS.CBQ 22.212 Banditismo e crime organizado

HS.CVS 22.213 Venda de segurança e matadores a soldo

HS.CCP 22.214 Colapso do sistema penitenciário

HS.CTE 22.215 Terrorismo Interno

HS.CPC 22.216 Perseguições e conflitos ideológicos, religiosos e/ou raciais

HS.B 22.3 • Desastres Humanos Relacionados com Conflitos Bélicos

HS.BGI 22.301 Guerras internas, civis e revolucionárias

HS.BGC 22.302 Guerras convencionais

HS.BGR 22.303 Guerras regulares

HS.BGI 22.304 Guerras irregulares

HS.BGL 22.305 Guerrilhas

HS.BGB 22.306 Guerras biológicas

HS.BGN 22.307 Guerras nucleares

HS.BGQ 22.308 Guerras químicas

HS.BTI 22.310 Terrorismo com apoio de organizações (terroristas) internacionais

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HB 23 Desastres Humanos de Natureza Biológica

HB.V 23.1 • Desastres Humanos Relacionados com Doenças Transmitidas por Vetores Biológicos

HB.VDE 23.101 Dengue

HB.VFA 23.102 Febre amarela

HB.VLC 23.103 Leishmaniose cutânea

HB.VLV 23.104 Leishmaniose visceral

HB.VMA 23.105 Malária

HB.VPE 23.106 Peste

HB.VTA 23.107 Tripanossomíase americana

HB.VTS 23.108 Tripanossomíase africana (doença do sono)

HB.A 23.2 • Desastres Humanos Relacionados com Doenças Transmitidas por Água e/ou Alimentos

HB.AAM 23.201 Amebíase

HB.ACO 23.202 Cólera

HB.ADA 23.203 Diarréias agudas

HB.AEC 23.204 Diarréia causada por Escherichia Coli

HB.ASL 23.205 Salmoneloses

HB.AFT 23.206 Febre tifóide

HB.AFP 23.207 Febre paratifóide

HB.ASH 23.208 Shigeloses

HB.AIA 23.209 Intoxicações alimentares

HB.AHA 23.210 Hepatite a vírus "A"

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HB.APO 23.211 Poliomielite

HB.AGE 23.299 Outras doenças transmitidas por água e alimentos

HB.I 23.3 • Desastres Humanos Relacionados com Doenças Transmitidas por Inalação

HB.ICO 23.301 Coqueluche

HB.IDF 23.302 Difteria

HB.IGR 23.303 Gripe ou influenza

HB.IMM 23.304 Meningite meningocócica

HB.ISA 23.305 Sarampo

HB.ITU 23.306 Tuberculose

HB.IRA 23.399 Outras doenças respiratórias agudas

HB.S 23.4 • Desastres Humanos Relacionados com Doenças Transmitidas por Sangue e por outras Secreções Orgânicas Contaminadas

HB.SHB 23.401 Hepatite a vírus "B"

HB.SHC 23.402 Hepatite a vírus "C"

HB.SID 23.403 Síndrome da imunodeficiência adquirida

HB.SST 23.404 Outras doenças sexualmente transmissíveis

HB.SHD 23.405 Hepatite a vírus delta (Febre Negra de Labrea)

HB.G 23.5 • Desastres Humanos Relacionados com Doenças Transmitidas por outros ou por mais de um Mecanismo de Transmissão

HB.GLP 23.501 Leptospirose

HB.GRV 23.502 Raiva

HB.GTE 23.503 Tétano

HB.GSC 23.504 Schistossomose ou esquistossomose

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HB.GGE 23.599 Outras doenças transmitidas por outros ou por mais de um mecanismo de transmissão

ME 31 Desastres Mistos Relacionados com a Geodinâmica Terrestre Externa

ME.I 31.1 • Desastres Mistos Relacionados com a Ionosfera

ME.IRO 31.101 Bolsões de redução da camada de ozônio

ME.A 31.2 • Desastres Mistos Relacionados com a Atmosfera

ME.AEE 31.201 Efeito estufa

ME.ACA 31.202 Chuvas ácidas

ME.AIT 31.203 Camadas de inversão térmica

MI 32 Desastres Mistos Relacionados com a Geodinâmica Terrestre Interna

MI.S 32.1 • Desastres Mistos Relacionados com a Sismicidade Induzida

MI.SIR 32.101 Sismicidade induzida por reservatórios

MI.SGE 32.199 Sismicidade induzida por outras causas

MI.G 32.2 Desastres Mistos Relacionados com a Geomorfologia, o Intemperismo e a Erosão

MI.GSS 32.201 Salinização do solo

MI.GDE 32.202 Desertificação

Outra tendência da atualidade, manifestada por técnicos e cientistas,

considera os desastres como sendo todos mistos, partindo da premissa de que

todo desastre provém da interação equivocada e incauta entre os homens, como

sociedade, e o meio ambiente, como ingrediente primordial para manutenção da

vida. Esta teoria tem se fortalecido por conta dos fenômenos conhecidos como

aquecimento global e como deterioração da camada de ozônio.

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É importante lembrar que a concretização de um desastre é dependente

diretamente da existência de danos (ao homem e/ou ao meio ambiente e/ou ao

patrimônio material) e conseqüentes prejuízos na economia e no convívio social

do local atingido pelo evento adverso.

2.5.4 As Calamidades

Existe outra linha de pensamento, mais subjetiva, que chama os desastres

de calamidades, seguindo a seguinte classificação: Calamidades Naturais;

Calamidades Humanas; Calamidades Mistas.

As Calamidades Naturais ocupam lugar de destaque, pois representam a

mais antiga ameaça contra a vida humana. Como dito inicialmente, acontecem de

há muito tempo atrás, sendo a humanidade o ingrediente essencial para sua

configuração, pois, se estes não existissem não haveria percepção de danos e

prejuízos.

Somente uma calamidade, produzida por meteoritos, é de causa sideral,

todas as demais têm causa terrestre. Se deixarmos de lado as calamidades de

origem animal e vegetal, conseqüências de desequilíbrio biológico, a causa

principal desses fenômenos naturais reside na geodinâmica terrestre, assunto este

ligado à geologia física.

A geodinâmica terrestre compreende a externa e a interna. A geodinâmica

externa estuda, entre outros, os fenômenos ligados à meteorologia e hidrologia. A

geodinâmica interna interessa-se pelos fenômenos que ocorrem em conseqüência

de distúrbios do interior do globo terrestre, tratados especialmente pela sismologia

e vulcanologia.

As Calamidades Humanas são representadas por uma série de

perturbações que, desde o começo dos tempos, vêm afetando a existência do

homem na Terra, variando, ao longo dos tempos, em modalidade e intensidade,

paralelamente ao seu desenvolvimento. Estas são geradas e sofridas pelo próprio

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homem, tendo como origem sua conduta cotidiana. Também podem evitar suas

tristes conseqüências se empregar a técnica, a prudência, a boa convivência e o

bom senso, acima de tudo. As lamentáveis conseqüências das calamidades

humanas, especialmente, o terrorismo e as guerras, estão comprometendo a

manutenção da vida humana como a conhecemos.

As Calamidades Mistas vêm da interferência do homem no meio ambiente,

principalmente no sentido de adaptá-lo aos seus interesses e de explorar os seus

recursos, alterando-o significativa e continuamente. Embora sejam consideradas

de evolução crônica, estas calamidades já estão afetando seriamente a vida da

humanidade a partir de sua influência no clima global.

O uso indiscriminado do solo, por exemplo, tem provocado a sua erosão

acelerada, sendo que as partículas sólidas, carreadas pelas águas, acabam

depositadas nas calhas dos rios e canais, diminuindo a capacidade de

escoamento das redes de drenagem. Do mesmo modo, o desflorestamento

descontrolado diminui a capacidade do solo em absorver as águas da chuva e

facilita a erosão.Como conseqüência, teremos um aumento nos efeitos de uma

possível enchente.

A interferência e a agressão ambientais atingiram níveis tão elevados, nos

dias de hoje, que muitas das antigas calamidades naturais tendem a transformar-

se em calamidades mistas.

2.7. Situação de Emergência e/ou Estado de Calamidade Pública

No sentido intrínseco, com base nas interpretações dos dicionários, ambas

as palavras, “estado” e “situação”, possuem significados semelhantes. Os dois

termos denotam “disposição circunstancial em que pessoas e as coisas se

encontram em um dado momento”. No entanto, conforme a terminologia de defesa

civil, essas mesmas palavras não possuem significados tão congruentes.

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A palavra “Situação”, presente na definição “Situação de Emergência”, traz o

sentido de resultado de um desastre, até certo ponto, dentro de um nível de

tolerância que permite uma recuperação tratável a partir de recursos disponíveis

localmente.

Enquanto “Estado”, existente na definição “Estado de Calamidade Pública”,

tem por significação o momento em que desastre atingiu o grau de intolerância,

comprometendo severamente a vida e os recursos, chegando a tornar improvável

uma recuperação através dos esforços locais próprios, exigindo suporte externo

para tal, seja ele institucional, administrativo ou financeiro.

A declaração de ambos os fatos se dá legalmente por ato do Poder

Executivo. O Governador do Distrito Federal, bem assim, os Prefeitos dos

Municípios são os entes competentes para fazê-lo, devem emitir o respectivo

decreto conforme critérios definidos pela Secretaria Nacional de Defesa Civil e de

acordo com a previsão no Artigo 17 do Decreto Federal 5.376/05.

Geralmente, segundo critérios da SEDEC, desastres de Média Intensidade,

ou de Nível II, com adventos agravantes, caracterizam a Situação de Emergência.

Também de acordo com os critérios da SEDEC, desastres de Grande Intensidade,

ou de Nível III, com adventos agravantes, caracterizam o Estado de Calamidade

Pública. Na maioria das vezes, somente os desastres de manifestação súbita ou

aguda caracterizam a necessidade de SE ou ECP. Quando o desastre se

manifestar gradual ou cronicamente, subentende-se que há tempo para implantar

medidas de preparação para minimização dos prováveis danos e prejuízos

conseqüentes.

Informações nacionais da SEDEC, sobre estes procedimentos de

decretação, demonstram que menos de 2% dos desastres declarados,

homologados e reconhecidos caracterizam ECP no Brasil.

2.7.1 Documentos para SE ou ECP

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Até 12h após o evento desastroso, o município deverá preencher e enviar

para a CEDEC e para a SEDEC o formulário de Notificação Preliminar de

Desastre (NOPRED). O NOPRED é a informação da visão estática do fato, onde

são relacionados os fatores causadores, a caracterização do território e os

impactos sofridos pela comunidade na área de influência do desastre.

Todos os movimentos da defesa civil municipal e também a dinâmica dos

efeitos do desastre devem ser registrados, simultaneamente, imediatamente

quando ocorrerem, no formulário chamado de Declaração Municipal de Atuação

Emergencial (DEMATE). O DEMATE também deve ser enviado ao Estado e à

União, quando houver necessidade de Decretação de SE ou ECP, juntamente

com demais documentos exigidos.

Em seguida, deve ser elaborado formulário de AVADAN, ou seja, Avaliação

de Danos. A constatação dos efeitos negativos do desastre, bem como, sua

inserção no AVADAN deve ser, preferencialmente, realizada em até 120 horas

após sua manifestação. Este preenchimento deve ser feito por uma equipe

multidisciplinar composta por técnicos dos órgãos envolvidos nas operações de

defesa civil. Nenhum de seus integrantes deve se envolver diretamente nas

atividades emergenciais, a fim de assegurar que não haja superdimensionamento

dos impactos por razão emocional. O correto preenchimento deste formulário é

muito importante, pois, orientará a tomada de decisão por parte do poder público

quanto à necessidade de declarar ou não a SE e o ECP. Ele fará parte primordial

do processo de homologação estadual e de reconhecimento federal.

Em alguns municípios, estes formulários somente são emitidos se houver

indícios reais de possível Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade

Pública, em caso contrário, limitam-se somente aos registros operacionais

respectivos, dependendo da envergadura do fato.

Uma vez decretado um dos fatos, o documento seguirá o trâmite abaixo:

a. Governo do Estado (CEDEC), para análise e homologação em decreto do

Governador;

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b. Governo Federal (SEDEC), para reconhecimento em portaria do Ministro

da Integração Nacional.

Somente após este trâmite, mais especificamente após o reconhecimento da

situação anormal por parte do Governo Federal, é possível o município declarante

alterar seus processos de governo, ou seja, os aspectos jurídicos que envolvem

determinados ritos, tais como aquisição de materiais e contratação de serviços.

Todavia, esse efeito jurídico deve estar atrelado a um período e a um território em

específico, na intenção de restabelecer a normalidade social no menor espaço de

tempo possível. É razoável predefinir no respectivo decreto o período em que

vigorará o regime jurídico especial. Também é primordial a delimitação da área

geográfica da ocorrência, inclusive com representação em imagens (mapa, layout,

etc).

Nem sempre a decretação de SE ou ECP significará imediata ou

conseqüente liberação de recursos institucionais, administrativos ou financeiros

por parte dos cofres dos Estados e/ou da União ou ainda através do FUNCAP. É

fator preponderante a comprovação da severidade dos impactos sofridos pela

coletividade afetada, demonstrada no conteúdo informado no processo, e nas

demais constatações técnicas de procedência.

Os processos de SE e ECP devem conter obrigatoriamente:

1º - DECRETO de declaração de SE ou ECP, conforme modelo

disponibilizado pela SEDEC;

2º - AVADAN - formulário preenchido pela equipe específica dentro da

estrutura da COMDEC, informando os danos e prejuízos em

conseqüência do desastre;

3º - MAPA – layout da área geográfica atingida, elaborado pela estrutura

municipal de defesa civil, visando identificar a dimensão dos impactos e o

perímetro afetado no desastre;

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4º - DEMATE – formulário de Declaração Municipal de Atuação

Emergencial, sintetizando todas as atividades do município para fazer

frente ao desastre;

5º - Ofício de encaminhamento à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil,

ou documento de homologação estadual.

Mesmo antes de se encerrar a manifestação do evento adverso, o poder

público pode optar por emitir os Decretos de Situação de Emergência (SE) ou

Estado de Calamidade Pública (ECP), a fim de agilizar o destacamento de apoio

externo. Embora o trâmite seja Município-Distrito Federal / Estado / União, pode o

município, em casos excepcionais, solicitar o reconhecimento direto por parte do

Governo Federal, independente da homologação em nível estadual, consoante

previsão no Decreto Federal 5.376/05, conforme a seguir:

“Art. 23. Os arts. 2o e 8o do Decreto nº 1.080, de 8 de março de 1994, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 2º A condição para a aplicação dos recursos previstos nas ações estabelecidas no art. 1o deste Decreto é o reconhecimento do estado de calamidade pública ou da situação de emergência pelo Governo Federal.

§ 1o O reconhecimento do ato de declaração do estado de calamidade pública ou da situação de emergência, mediante portaria do Ministro de Estado da Integração Nacional, é condição para ter efeito jurídico no âmbito da administração federal, e ocorrerá quando solicitado pelo Governo Estadual ou do Distrito Federal, que declarará as medidas e ações estaduais em curso, sua capacidade de atuação e recursos humanos, materiais, institucionais e financeiros empregados e não suficientes para o restabelecimento da normalidade dos Municípios.

§ ”2o Em casos excepcionais, o Governo Federal poderá emitir o reconhecimento, à vista do decreto municipal antes da homologação estadual.” (NR)

“Art. 8o No caso de aplicação urgente de recursos financeiros para área em estado de calamidade pública

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ou situação de emergência, poderá o presidente da Junta Deliberativa autorizar despesas ad referendum da Junta, as quais serão justificadas no prazo máximo de setenta e duas horas." “(NR)

Em análise do texto legal percebe-se que o trâmite Município-Estado-União é

importante, mas não se trata de regra imprescindível, mas sim de uma linha de

condução deste expediente formal, portanto, as exceções são perfeitamente

possíveis de serem vislumbradas e aceitas, após análise em nível federal.

Também vale atenção ao fato de poder haver o destacamento de recursos

imediatos conforme o caso exigir, demandando a justificativa posterior.

Quando a situação extrapolar as áreas dos estados-membros e dos

municípios e se transformar em situação de interesse nacional, o Governo

Federal, através de Portaria do Ministério no qual o SINDEC estiver ligado poderá

declarar SE ou ECP.

2.8.1. Resumo de como é declarado SE ou ECP

I - Pelo Município:

a. Declaração - SE e ECP são decretados pelos Governos

Municipais (Prefeitos);

b. Reconhecimento – O instrumento (Decreto) é enviado para o

Governo Estadual que procede, após constatação, a emissão de

Decreto de Homologação e encaminha para o Governo Federal;

c. Reconhecimento – O Governo Federal, através da SEDEC, após

averiguações, emite Portaria Ministerial de Homologação;

II - Pelo Estado e Distrito Federal:

a. Declaração - SE e ECP são emitidos Decretos pelos Governos

Estaduais (Governadores);

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b. Homologação – É dispensado;

c. Reconhecimento – O Governo Federal, através da SEDEC, após

averiguações, emite Portaria de Homologação;

III – Pela Nação:

d. Consoante CF/88 quando a ameaça ou desastre puder ocasionar

ou tiver ocasionado comprometimento da segurança nacional, será

emitido Decreto de Estado de Defesa, prerrogativa esta que

pertence ao Presidente, dispensando qualquer rito anterior;

A declaração de SE ou ECP tem os seguintes objetivos:

a. Atuação integrada de órgãos do Governo;

b. Atuação em regime especial de trabalho, dos órgãos que

desenvolvem serviços de utilidade pública;

c. Poderes e recursos extraordinários para as atividades de socorro,

assistência e recuperação;

d. Reconhecimento oficial de que houve uma situação grave para fins

de seguro e solicitação de recursos a órgãos federais.

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3. ORGANIZAÇÃO DO SINDEC

3.1. Sindec

No Brasil, um único sistema é responsável pelo planejamento, coordenação

e gerenciamento das atividades de Defesa Civil, o Sistema Nacional de Defesa

Civil - SINDEC.

3.2. Considerações Constitucionais

As seguintes premissas, previstas na Constituição Federal corroboram para

estabelecer a competência do SINDEC, sendo elas:

“Art. 21 Compete à União:

(...)

XVIII. planejar e promover a defesa permanente contra as

calamidades públicas, especialmente secas e inundações.”

Comentário: Entre as décadas de 70 e 80, no Brasil havia muita

preocupação com estes dois tipos de fenômenos naturais

que assolavam o Nordeste (secas), Sudeste e Sul

(Inundações).

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“Art. 22 Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima,

defesa civil e mobiliza nacional. (...)” (grifo nosso)

Comentário: Atualmente, ainda falta uma Lei Federal que trate

exclusivamente do tema, sendo que, até o momento,

foram utilizados somente Decretos para reger a atividade

em solo nacional. Desta forma, também considerando a

atualização temática constante, o arcabouço legislativo se

altera com freqüência nas demais esferas de governo e,

por conseguinte, não traz a segurança ideal para atos de

tamanha envergadura social. No Decreto Federal 5.376/05

há definição das competências e atribuições dos

Municípios, Estados e Distrito Federal. Estes podem,

também, legislar em conformidade com o instrumento

federal respectivo.

“ Art. 136 O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da

República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar o estado de

defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais

restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas

por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por

calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo

de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará,

nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem,

dentre as seguintes:

(...)

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II – ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na

hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e

custos decorrentes. (...)”

Comentário: A declaração de situação anormal que pode colocar ou

coloque em risco a normalidade social é feita através do

Decreto de Estado de Defesa, determinando ações e

condutas emergenciais para enfrentar as calamidades.

Como naquela época não existia a legislação e toda

doutrina nacional que trata da Defesa Civil, podemos

supor que quando é citado o termo “calamidades” se está

fazendo, por conotação nos termos atuais, referência a

“desastres”.

“Art. 144 A segurança pública, dever do Estado, ..., através dos

seguintes órgãos:

§ 5.º (...); aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições

definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa

civil.(...)”

Comentário: Fica claro que o termo “execução” transfere o

significado de cumprimento, implemento, desempenho ou

efetivação. No entanto, ao passar dos tempos e das

experiências, percebeu-se como um único desastre

demanda serviços de diversas áreas de competências,

não sendo possível descrever sua quantidade, caso se

trate de um evento de grandes proporções. Um único

organismo não é capaz de agir solitariamente nos

desastres, tão pouco realizar toda a incumbência definida

na atual legislação como “atividades de defesa civil”.

Quando editada a CF/88, as “atividades de defesa civil”

ainda não eram bem definidas, como hoje, pois, estas

fazem parte da redação mais recente da doutrina nacional.

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Percebendo os comentários, é evidente que a defesa civil é algo que

necessita de muita atenção e comprometimento por parte de todos os níveis de

governo e da sociedade como um todo, devido a sua peculiaridade cíclica de

atuação e a atualização circunstancial de seu planejamento. Embora seja uma

atribuição constitucional dos Corpos de Bombeiros a execução das atividades de

defesa civil, a prevenção é uma responsabilidade de todos. Sendo a execução de

atividades fadada a um maior esforço operacional, se não houver planejamento

alinhado com as características do seu destino. É muito importante haver um

sistema efetivamente amparado em lei e organizado para atuar antes, durante e

depois dos desastres, envolvendo o Poder Público e a sociedade de forma

motivadora.

3.3. O Sistema Nacional de Defesa Civil

Como já foi abordando, o Decreto Federal nº 5.376, de 17 de fevereiro de

2005, dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC,

e dá outras providências.

O Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC é constituído por órgãos e

entidades da Administração Pública Federal, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, por entidades privadas e pela comunidade, sob a coordenação da

Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC, do Ministério da Integração

Nacional. Esta realiza a política nacional de defesa civil, definida pelo Conselho

Nacional de Defesa Civil – CONDEC.

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3.3.1. São objetivos do SINDEC

As ações de defesa civil são articuladas pelos órgãos do SINDEC e

objetivam, fundamentalmente, a redução dos desastres, que compreendem os

seguintes aspectos globais:

I - a prevenção de desastres;

II - a preparação para emergências e desastres;

III - a resposta aos desastres;

IV - a reconstrução e a recuperação.

3.3.2. Esferas e Níveis de Atuação em Defesa Civil

A Defesa Civil se enraíza em esferas de atuação que interagem e cooperam

entre si, sendo elas: Federal; Interestadual; Estadual; Intermunicipal e Municipal.

Cada uma destas possui competências específicas e comuns por jurisdição,

conforme abaixo demonstrado:

a. Federal - elabora, edita, promulga e promove as políticas de defesa civil

para a nação, sendo assim formado:

Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC), composto pelos

Ministérios e órgãos setoriais federais – responsável pela aprovação

das políticas nacionais de defesa civil;

ESTADUAL

FEDERAL

REGIONAL

INTERESTADUAL

MUNICIPAL

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Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), a qual integra

atualmente o Ministério da Integração Nacional – responsável pela

promoção das políticas nacionais de defesa civil e coordenação

nacional do SINDEC.

b. Interestadual – discute a elaboração e define políticas de interesse

comum aos estados membros, sendo assim representado:

Conselhos Regionais de Defesa Civil (CORDEC’s), os quais são

formados pelos Governos Estaduais que integram as respectivas

macrorregiões nacionais, a exemplo do CODESUL que agrega os três

estados da Região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná)

mais o Mato Grosso do Sul. São responsáveis pela discussão e

elaboração de políticas de interesse comum aos Estados integrantes.

c. Estadual – coordena e colabora com as atividades de defesa civil nos

municípios integrantes, intervindo nas questões de interesse

intermunicipal, sendo assim formado:

Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil (CEDEC´s) ou órgão

correspondente em nível estadual, sendo esta estrutura responsável

pela coordenação das atividades das REDEC´s/COREDEC´s e

coopera institucional e operacionalmente nas ações de defesa civil

desenvolvidas nos municípios integrantes do estado.

Regionais de Defesa Civil (REDEC’s), ou Coordenadorias Regionais

de Defesa Civil (COREDEC’s), as quais são representadas,

usualmente, pelas Unidades do Corpo de Bombeiros em alguns

estados, tendo como responsabilidade fomentar a implantação e a

operacionalização das COMDEC´s, prestando apoio institucional e na

execução das atividades de defesa civil em nos municípios em sua

área;

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d. Municipal – Possui por incumbência a realização de atividades propostas

pelo SINDEC e também o desenvolvimento de planos e projetos

referentes às políticas de defesa civil no território do município,

especialmente sob os aspectos preventivos e de preparatórios, tendo a

seguinte formação:

Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (COMDEC’s), as quais

são compostas, essencialmente, pelos órgãos da Prefeitura Municipal

e por integrantes das comunidades locais. As COMDEC´s podem se

subdividir em:

o Distritais, Subsecretarias ou Regionais de Defesa Civil,

obedecem às subdivisões administrativas ou até informais e

são incumbidas do desempenho das atividades de defesa civil

em sua área de abrangência. Em suas estruturas podem conter

Comissões especialmente designadas para desenvolver

desdobramentos das ações da COMDEC valendo-se do

conhecimento da realidade peculiar a cada área da cidade.

o Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC’s), formados

nas Distritais/Regionais a partir do incentivo da participação

individual e coletiva de membros e lideranças das comunidades

locais nas ações de defesa civil de sua região específica,

devendo estes ser os primeiros a prevenir e responder aos

imprevistos até a chegada do socorro oficial.

3.3.3. Integrantes do SINDEC

Na base de todo SINDEC, o município é considerado como a força alçadora

das ações de Defesa Civil, pois, normalmente, é lá que os desastres acontecem e

também onde devem ser prevenidos e combatidos. Somente quando a

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capacidade local se exaurir o mesmo deve recorrer ao Estado (CEDEC) que, por

conseguinte, se o caso exigir, busca apoio da União (SEDEC). No Decreto Federal

5.376/05, foi atribuída ao Prefeito Municipal a responsabilidade pelas ações de

resposta e recuperação nas ocorrências de desastres em sua jurisdição. Nos

menores municípios o Prefeito é, de fato, o coordenador geral das da defesa civil.

Nos municípios maiores, a tendência é a designação de um órgão específico para

estas atividades, normalmente, delegado diretamente a um de seus Secretários,

com notada experiência na área. No entanto, isto não exime o Chefe do Executivo,

sendo este o efetivo emissário do Município perante a União. Cabe ao

responsável pela COMDEC, devidamente designado, orientá-lo tecnicamente e

muni-lo de informações suficientes para bem desempenhar esta

representatividade.

Na figura acima se

percebe que a base sistêmica se estabelece no município. A coordenação de

todos os órgãos, inclusive estaduais e federais existentes no âmbito municipal, por

acordo antecipado ou plano específico entre as partes, poderá ser feita pela

COMDEC, inclusive como uso de ferramentas de sistema de comando unificado

(SCO) ou, modernamente, também chamado de comando de incidentes (SCI).

Fonte: Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Curitiba

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Como já dito anteriormente, a defesa civil ainda possui uma legislação jovem

e é tarefa dos Estados incentivar a regularidade das atividades do SINDEC em

seus municípios. Mesmo porque, o ato imediato de prestação de socorro em

desastres é usualmente iniciado municipalmente através das estruturas existentes

neste. A COMDEC é a gestora da ligação das diversas áreas essenciais

competentes, ou seja, articula as especialidades exigidas para combater o

incidente havido. Nos municípios onde a participação voluntária e a formação de

NUDEC´s estão mais adiantadas, existe a forte presença da própria comunidade

na resposta aos desastres. No entanto, é mais cabido que estes se restrinjam às

fases de prevenção, preparação e recuperação, deixando a resposta para os

técnicos treinados, somente devendo agir na ausência absoluta destes.

O relacionamento entre os organismos de defesa civil, qualquer que seja sua

esfera ou nível de atuação, deve ser o mais cooperativo possível. É fundamental a

existência de uma forte integração entre os meandros políticos, técnicos e

operacionais no SINDEC, progressivamente, em função da natureza, extensão,

modalidade e duração da ocorrência do desastre. Quando todos desempenham

forma colaborativa suas competências individuais há o fortalecimento das políticas

e das atividades de interesse comum a todos.

4. SISTEMA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL

Cada Estado e o Distrito Federal possuem o respectivo aparato organizado

para atuação no ramo da Defesa Civil, sendo alguns em forma de Departamento,

outros como Secretarias especiais ou específicas e, ainda, existem aqueles

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ligados diretamente ao Governador, através de sua Casa Militar, como é o caso do

estado do Paraná.

4.1. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Paraná

Considerando o disposto no Art. 51, item I e II, da Constituição Estadual e o

contido no art. 17, da Lei nº 8485, de 03 de junho de 1987, alterado pela Lei nº

9943, de 27 de abril de l992, o Sistema Estadual de Defesa Civil passa a ser

regido pelo Decreto Estadual nº 1308, de 04 de maio de 1992, revogando os

Decretos nº 3002, de 29 de dezembro de 1972, 3718, de 23 de maio de 1973 e

5879, de 23 de agosto de 1974.

Em síntese, determina que a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

(CEDEC) passe da Secretaria de Estado da Segurança Pública para a Casa

Militar, subordinando-se diretamente ao Governador do Estado.

4.2. Composição do Sistema Estadual de Defesa Civil

A Defesa Civil do

Estado do Paraná é

uma das mais antigas do Brasil e possui uma estrutura e organização de destaque

perante as demais. Todos os municípios sob seu território possuem suas

COMDEC´s legalmente estabelecidas e atualmente em franca operacionalização,

COREDECCOREDEC

ESTADUALESTADUAL

REGIONALREGIONAL

CEDECCEDEC

MUNICIPALMUNICIPAL

COMDECCOMDEC

COREDECCOREDEC

ESTADUALESTADUAL

REGIONALREGIONAL

CEDECCEDEC

MUNICIPALMUNICIPAL

COMDECCOMDEC

X 8

X 399

Fonte: Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Curitiba

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por meio da fomentação realizada pelas oito Coordenadorias Regionais de Defesa

Civil (COREDEC´s).

As Coordenações Regionais são exercidas pelas Unidades (Grupamentos)

do Corpo de Bombeiros existente no Estado. Curitiba é atendida pela 1.ª

COREDEC, representada pelo Primeiro Grupamento de Bombeiros. Os Municípios

da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) estão na área de atuação do Sexto

Grupamento de Bombeiros, ou seja, da 6.ª COREDEC. As outras seis unidades

bombeirísticas se encarregam dos outros municípios do Estado.

Também é destaque a criação da Oitava Seção Bombeiro Militar na estrutura

orgânica do Corpo de Bombeiros. Esta Seção é a chamada Seção de Defesa Civil

e Bombeiro Comunitário. Municípios que não possuíam ou estavam muito longe

das Unidades do Corpo de Bombeiros, receberam veículos, equipamentos e, em

parceria com o CBPR, estabeleceram postos locais de bombeiros para prevenção

e resposta aos possíveis desastres.

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5. O SISTEMA MUNICIPAL DE DEFESA CIVIL

5.1. Atuação Municipal em Defesa Civil

O Sistema Municipal de Defesa Civil – SIMDEC visa o processamento de

ações da prefeitura com a sociedade e órgãos públicos, entidades, instituições e

empresas, em prol da segurança da população, meio ambiente e patrimônio da

cidade, através do desenvolvimento de atividades conjuntas de defesa civil,

considerando as peculiaridades locais. Cada município pode constituir seu

sistema, desde que respeitando a norma federal a respeito.

A partir do preceito doutrinário que estabelece que os Municípios

representem a base de toda a estrutura nacional de defesa civil, entende-se que a

atuação do Estado e/ou da União, se fará de forma supletiva e complementar,

apenas quando necessário ou requisitado.

Os órgãos estaduais instalados em uma cidade integram a comunidade

municipal e, em conseqüência, devem estar incorporados ao sistema local de

Defesa Civil cooperando ativamente em sua COMDEC.

O Governo Municipal, através da COMDEC, tem autonomia para gerir as

próprias situações de defesa civil, havidas ou que possam ocorrer em sua

jurisdição, seguindo o alinhavado técnico estabelecido nacionalmente. Todavia,

quando há impotência municipal diante de um evento desastroso que transcendeu

sua capacidade de resposta e recuperação, ou quando é verificado que o mesmo

extrapolou as fronteiras com outros municípios, o Estado intervém disponibilizando

o suporte pela CEDEC. E, por conseguinte, se também fugir ao controle estadual

ou atingir mais de um estado, a União entra em cena através da SEDEC.

A autoridade máxima do Sistema Municipal de Defesa Civil é o Chefe do

Executivo Municipal, ou seja, o Prefeito e a ele se reporta o Coordenador Geral da

COMDEC.

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5.1. Coordenadoria Municipal de Defesa Civil – COMDEC

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil - COMDEC pode e deve ser

estabelecida pela Prefeitura Municipal, através de Lei que a organize e estipule

suas atividades em nível municipal. Esta deve primar pela participação da

sociedade local em todas as suas ações, pois, todos se beneficiam com isto.

As competências das COMDEC´s estão definidas no Artigo 13, do Decreto

Federal 5.376/05. As seguintes, em razão da amplitude e consistência,

condensam em seu corpo o sentido das demais:

“...

I - articular, coordenar e gerenciar ações de defesa civil em nível municipal;

II - promover a ampla participação da comunidade nas ações de defesa civil, especialmente nas atividades de planejamento e ações de respostas a desastres e reconstrução;

III - elaborar e implementar planos diretores, planos de contingências e planos de operações de defesa civil, bem como projetos relacionados com o assunto;

...”

Enfim, os outros incisos e parágrafos do mesmo Artigo, podem ser

entendidos como metas, enquanto os três primeiros incisos declinam os objetivos

maiores da defesa civil nos municípios.

5.2. Composição da COMDEC

Fonte: Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Curitiba

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As COMDEC´s agregam todas as forças vivas dos respectivos municípios,

sendo assim composta:

a) na área municipal: pelos servidores das próprias prefeituras;

b) na área estadual/federal: pelos elementos convidados e indicados por

todos os órgãos estaduais/federais localizados no município;

b) na sociedade: pelos representantes convidados de órgãos classistas,

assistenciais, culturais, religiosos, clube de serviços e outros;

c) nas comunidades locais: por lideranças comunitárias, voluntários e

pessoas comuns.

5.4. Estruturação da COMDEC

A estruturação de Coordenadorias Municipais de Defesa Civil deve ser

realizada mediante Lei promulgada pelo Executivo Municipal.

Não existe uma estrutura padrão para as COMDEC´s definida em legislação,

somente orientações e sugestões a respeito.

5.4.1 Coordenação Geral

Preferencialmente exercida por Secretário ou servidor que detenha

conhecimentos técnicos, cujo órgão detenha competência institucional para esta

atividade. Sua atribuição é coordenar a política municipal de defesa civil.

5.4.2 Secretaria Executiva

A ser exercido por profissional de designado pelo Coordenador Geral,

devendo este ser profundo conhecedor dos procedimentos administrativos,

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financeiros e operacionais envolvidos nas ações da defesa civil. Tem por principal

atribuição assegurar a articulação da política municipal de defesa civil.

5.4.3 Diretoria de Operações ou Coordenação Técnica Operacional

Deve ser realizada por servidor de carreira, com capacitação comprovada em

assuntos de defesa civil e experiência técnica e operacional em procedimentos

internos e de campo. Este operacionalizará as ações de defesa civil no município,

servindo de interlocutor junto aos órgãos parceiros e congêneres.

5.4.4 Grupo de Atividades Fundamentais ou Conselho Consultivo

É um grupo formado por representantes internos da prefeitura, bem como,

órgãos públicos e instituições, inseridos nas ações de defesa civil no município,

tais como as forças armadas, polícias, corpo de bombeiros, empresas

concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, água e esgoto, telefonia,

transporte, órgão regulador de trânsito, entre outros que possuem

responsabilidade e competência pela atuação em desastres e emergências.

Funciona como uma câmara de debates, bem como, proposição de

programas e projetos no sentido de estreitar o relacionamento e harmonização de

procedimentos no que concerne às atividades municipais de defesa civil,

individuais e coletivas.

5.4.5 Distritais ou Regionais de Defesa Civil

Atualmente, as grandes cidades, dentro de seus próprios limites, possuem

grandes diferenças de uso e ocupação do solo, bem como, das peculiaridades

geográficas e climáticas. Assim, considerando que também existe a diversidade

ambiental e populacional nos municípios, a subdivisão da COMDEC em regionais

ou distritais passa a ser uma facilitadora da gestão de riscos e de desastres na

cidade. Em cada uma das áreas regionais devem ser mantidos extratos da

estrutura geral da COMDEC, de modo a permitir que possam dar os devidos

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encaminhamentos para as situações havidas ou que possam ocorrer dentro dos

limites de suas abrangências.

Nestas distritais/regionais podem ser estabelecidos planos locais de atuação,

e comissões especiais para atuação vocacionada, tais como, saúde, segurança,

transportes, comunicações, abrigos, depósitos, donativos, alimentação,

voluntários, vistorias, entre outras.

As regionais se reportam ao Secretário Executivo e devem atuar em

consonância com as orientações legais e técnicas de defesa civil.

5.4.6 Núcleos Comunitários de Defesa Civil ou Núcleos Locais de Defesa

Civil (NUDEC)

São instituições formais ou informais, estabelecidas nas localidades da

cidade, tais como, empresas, vilas, bairros, entre outros, especialmente onde

houver possibilidade de ocorrer desastre ou que já tenha experimentado os

dissabores de seus impactos.

Os NUDECs devem possuir a participação de representante da

Distrital/Regional da COMDEC respectiva, bem assim, seguir as orientações

técnicas e administrativas do mesmo, agir na proposição no monitoramento de

riscos, proposição de soluções locais, elaboração de projetos específicos e apoio

no abandono de área em situações mais graves.

Abaixo um modelo de protocolo de atuação comunitário:

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DIAGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO DO

PLANO DE EMERGÊNCIA DA COMUNIDADE

IDENTIFICAR PARTICIPANTES E

ESTABELECER COMUNICAÇÃO

AVALIAR RISCOS

REVER PLANOS EXISTENTES E

IDENTIFICAR PONTOS FALHOS

IDENTIFICAÇÃO DE FUNÇÕES

COMBINAR TAREFAS E RECURSOS

INCORPORAR PLANOS INDIVIDUAIS

AO PLANO INTEGRADO E CONCILIAR

PREPARAR PLANO FINAL E

OBTER APROVAÇÃO

TREINAMENTOTESTE, REVISÃO

E ATUALIZAÇÃO

ORIENTAÇÃO AO

PÚBLICO

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6. PLANEJAMENTO DO SINDEC

A atividade de planejamento tem por finalidade estabelecer os objetivos,

diretrizes, metas e critérios de modo a assegurar a melhor aplicação dos recursos

disponíveis. Deve ser dinâmico, permanente e continuado. Serve para

racionalização de ações. Ocorre em ciclos e pressupõe a participação de todos os

integrantes do sistema. Devem ser consideradas as situações passadas, atuais e

futuras, e, sobre elas, as influências dos diversos atores e agentes externos.

O planejamento do SINDEC, em todos os seus níveis, deve assegurar a

continuidade administrativa e operacional. Ao longo dos anos, um plano de

realizações direcionadas para um propósito preestabelecido, com metas bem

definidas e exeqüíveis, deve ser observado no Plano Plurianual, nas Diretrizes

Orçamentárias e Governamentais.

Nesse sentido, as políticas de defesa civil devem estar integradas aos planos

de desenvolvimento social e econômico e, também, à política de preservação,

devendo garantir a estreita interação entre redução de desastres, desenvolvimento

sustentável e responsável, preservação ambiental e bem-estar social.

Enfim, os projetos da área de defesa civil devem estar inseridos nos objetivos

estratégicos da municipalidade, sobretudo, concebidos nos Planos Diretores, em

todas as ações de governo no território da cidade.

Um planejamento adequado à realidade local muitas vezes evita ou reduz a

quantidade de emergências ou a intensidade dos desastres.

A fim de convencionar os critérios de atuação em defesa civil, devem ser

elaborados planos operacionais e de contingências ou ainda um plano para cada

uma das situações.

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6.1. Planos Operacionais e de Contingências

É necessário que os órgãos de coordenação e de operações de defesa civil,

nos três níveis, em tempo de normalidade, elaborem estes planos para otimizar as

ações de resposta aos desastres de acordo com grau de risco e possibilidade de

concretização de impactos negativos.

Podem ser concebidos separadamente ou juntos em um mesmo plano. No

entanto, a parte que se refere às contingências deve ser apostilada conforme a

previsão dos diversos tipos de desastres que se pretende responder. Já o

aspecto operacional pode ser definido de modo a servir padronizada e

convencionalmente a todos os tipos de desastres, neste caso, podem ser

desencadeados estágios de acionamento, conforme a gravidade de cada fato.

Nesses planos são considerados os seguintes aspectos: Estudo de Situação

ou Diagnóstico; Objetivo; Ações ou Metas; Atribuições Individuais e Coletivas;

Recursos Humanos, Materiais e Financeiros; Capacitação, Treinamentos e

Simulados; Atualização.

6.1.1 Estudo de Situação ou Diagnóstico

Compreende a coleta, a organização, análise e a avaliação dos dados

referentes aos riscos de desastres da área receptora, através da experimentação

hipotética das diferentes ameaças e testando a resistência e vulnerabilidade do

ecossistema.

Nele se aprofundam os estudos das seguintes variáveis: características

ambientais e de ocupação; ameaças previsíveis e imprevisíveis; cenário atual e

projetado após evento adverso; recursos de resposta e de recuperação; modus

operandi do sistema local de defesa civil (estrutura, capacitação e medidas

preventivas, de socorro e de assistência nas áreas de risco, etc.).

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Todos os recursos de pesquisa e tecnologia que possam ser empregados

devem ser considerados, envidando assim garantir fidúcia das informações sobre

a realidade.

6.1.2 Objetivo

O objetivo deve ser definido claramente, visando esclarecer sinteticamente o

que se pretende atingir com o planejamento proposto.

É o núcleo para o qual todas as ações planejadas são direcionadas,

prevendo, de forma global, o conteúdo do plano ora estabelecido.

6.1.3 Ações e Metas

Deve haver a previsão das ações a serem adotadas antes, durante e depois

dos desastres, mencionando seu destino (prevenção, preparação, resposta e

recuperação) na hipótese de desastre. Elas primam pelo rápido e menos

traumático restabelecimento e também por um futuro fortalecimento do

ecossistema atingido ou afetado a partir da experiência.

São exemplos de ações a serem previstas: cadastro de recursos;

metodologia de monitoramento, alerta, alarme e acionamento; sistemas logísticos;

rede de comunicações e de contatos emergenciais; coleta e registro de

informações; gerenciamento de crise; etc.

6.1.4 Atribuições Individuais e Coletivas

Nos planos devem ser definidas e esclarecidas competências institucionais,

as atribuições frente à situação desastrosa prevista e, também, o relacionamento

entre os integrantes do sistema de defesa civil frente à ocorrência de desastre.

Cada componente do plano, bem assim a coletividade, deve estar ciente e

treinado para realização completa do mesmo, cada qual cumprindo com seu papel

previamente constante do que fora planejado.

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Tão importante como as definições e a distribuição das tarefas é dar

conhecimento do conteúdo do plano à sociedade, pois, se não ocorrer, haverá

sério comprometimento operacional no mesmo, pois, estará fadado à falta de

colaboração por parte da população, motivada pela ignorância sobre o mesmo.

Caberá a todos os integrantes da COMDEC esta divulgação em nível local.

6.1.5 Recursos Humanos, Materiais e Financeiros

Uma vez verificadas as hipóteses de maior risco de desastres e estimados

seus impactos negativos, são definidos os recursos humanos, materiais e

financeiros que possam ser disponibilizados imediatamente ou viabilizados por

meio da comunidade ou externamente ao município.

Cada hipótese de desastre exige contingências respectivas, podendo ser

pessoas, equipamentos e dinheiro, a serem despendidos na resposta ao evento

adverso e recuperação dos infortúnios causados.

Esclarecendo: Se há hipótese de inundação, deve haver previsão de

pessoas capacitadas em operações com embarcações, botes ou barcos em

quantidade adequada e de fácil acesso, bóias salva-vidas, veículos pesados para

transporte de mobílias, ônibus para transporte de desabrigados, maquinário de

pronta intervenção, locais de abrigo, alimentação e remédios para atender a

população atingida, etc.

6.1.6 Capacitação, Treinamentos e Simulados

Todos os envolvidos nas atividades previstas devem ser capazes de realizá-

las a contento, sendo a Defesa Civil responsável por prover a capacitação

necessária para tanto. Uma agenda dever ser definida para reciclagens e

atualizações sobre procedimentos e técnicas aprendidos na capacitação, como

também para assimilação de novos métodos.

Como o próprio nome diz, os simulados são a representação teatral de um

incidente que poderia demandar o acionamento o desencadeamento do plano

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antecipadamente elaborado. Através deles é possível perceber as falhas na parte

operacional e corrigi-las em tempo de normalidade, para que no momento de uma

situação real de emergência o mesmo funcione adequadamente.

Os Simulados podem ser Parciais ou Gerais. Nos parciais se estabelece

uma área ou grupo de estudo de caso e se realiza testa a capacidade de resposta

para o caso. Nos Gerais todos seus componentes devem se envolver, onde se

escolhem variáveis para uma atuação integrada entre a comunidade, órgãos de

apoio e de defesa civil. Em ambos se estará verificando, na prática, se o

planejamento é suficiente, através da observação e avaliação dos procedimentos

previstos. Esta avaliação é para assegurar sua eficiência e eficácia numa

hipótese real.

É necessário, ademais, que o plano seja difundido, as equipes treinadas,

realizados os exercícios simulados e o planejamento permanentemente atualizado

e aperfeiçoado.

7. PLANOS DE PREPARAÇÃO PARA EMERGÊNCIAS LOCAIS -

PPEL

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7.1. O que é PPEL

É uma ação criada e promovida pela Coordenadoria Municipal de Defesa

Civil de Curitiba. Visa o envolvimento entre os entes públicos, o empresariado e a

comunidade no planejamento conjunto e execução coordenada de medidas locais

de prevenção, preparação, resposta e recuperação frente às diferentes hipóteses

de ocorrência de incidentes e desastres, com vistas à preservação de vidas, do

meio ambiente e do patrimônio em geral.

7.1.1 Origem do PPEL O PPEL teve sua origem na United Nations Environment Programme

(UNEP), (http://www.unep.org) órgão ligado à Organização das Nações Unidas

(ONU), que desenvolve políticas e projetos mundiais a respeito da

sustentabilidade moderna, tocantes à segurança biológica, bem como a

exploração consciente e preservação da biodiversidade.

A UNEP desenvolveu o Awareness and Preparedness for Emergencies at

Local Level (APELL), um programa que visa fazer com que as comunidades locais

conheçam os riscos a que estão sujeitas, desenvolvam métodos de preparação e

possam responder às emergências em nível local.

O processo de APELL consiste em dez etapas:

Identificação dos participantes da resposta emergencial e estabeleça

seus papéis, verifique recursos, e interesses.

Avaliação riscos e danos que podem resultar das situações de

emergência na comunidade.

Revisão de planos individuais de resposta em prol de estabelecer um

plano único de resposta coordenada em emergências.

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Identificação das tarefas requeridas não contempladas nos planos de

resposta existentes.

Acordo de como, estas tarefas, serão realizadas pelos recursos dos

participantes identificados.

Mudanças necessárias para melhorar o planejamento existente,

integrando a um plano geral com apoio e participação da comunidade.

Elaboração de documento escrito do planejamento integrado com a

comunidade e submissão à aprovação dos governos locais.

Orientação dos grupos participantes sobre a o conteúdo do plano

geral, assegurando que todas as equipes operacionais de resposta à

emergência estejam treinados.

Estabelecimento de procedimentos para testar, revisar e atualizar

periodicamente o plano geral.

Orientar a comunidade sobre o plano geral.

7.2 Versão do PPEL CURITIBA

A COMDEC CURITIBA, manteve a base conceitual e fez adaptações na

versão da UNEP (APELL), para utilização na realidade curitibana, rebatizando o

programa como Plano de Preparação para Emergências Locais (PPEL).

O PPEL se provou uma excelente ferramenta e pode ser aplicada em

qualquer tipo de imóvel ou situação, de acordo com a necessidade. Em imóveis,

pode ser estabelecido com a implantação de Brigadas de Emergência e fora

destes, envolvendo diretamente a comunidade, empresas e órgãos públicos entre

si.

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Atualmente, já houve instalação no Edifício Delta Corporate Building e no

Edifício Laucas, prédios que abrigam as instalações de órgãos públicos

municipais, com população fixa estimada num total de mais de 2.500 pessoas.

7.3 Instalação do PPEL

O PPEL é modular e deve seguir uma agenda de implantação, a qual é

previamente definida por seu grupo gestor. Qualquer desvio dos princípios ou

atrasos demasiados nos cumprimentos dos passos pode significar, além da perda

de tempo, a ineficiência do programa no local.

São as principais etapas: elenco de riscos internos e externos; adaptações

estruturais; revisão no projeto de equipamentos de pronta resposta; escolha e

sinalização de rotas de fuga, pontos de encontro e locais de concentração;

identificação de ambientes; elaboração e difusão do layout básico do plano;

definição dos sinais de alerta e de alarme; implementação de meios de

comunicação e divulgação; confecção e propagação de listagem de contatos

emergências; estabelecimento de atribuições e roteiro de atuação; realização da

capacitação e treinamentos das equipes (socorro, combate e abandono),

realização de exercícios e simulados de emergências; entre outros.

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08. CONCLUSÃO

A Defesa Civil é uma atividade realizada há muito tempo mundialmente.

Recentemente, com o advento dos grandes desastres acompanhados nos

noticiários internacionais, vem tomando maior atenção por parte das pessoas ao

redor do mundo. No Brasil, não tem sido diferente, está ampliando seus horizontes

junto à sociedade.

A organização sistemática nos três níveis de governo com a participação de

todos os órgãos públicos e o aumento da co-responsabilidade das pessoas, seja

isoladamente, ou, seja em comunidade, tem contribuído para um salto de

qualidade dos métodos e técnicas que balizam as políticas nacionais de defesa

civil localmente.

A Defesa Civil é um ferramental preparado pelo poder público,

disponibilizado nas comunidades e mantido por sua utilidade, especialmente em

relação ao seu emprego para evitar ou reduzir os danos à população, ao meio

ambiente e ao patrimônio.

Cabe aos poderes constituídos e a toda sociedade fazer da Defesa Civil um

sistema realmente influenciador dos hábitos das pessoas, para transformar os

desavisados em pessoas ativas, conscientes de como impedir ou reagir frente às

diferentes manifestações desastrosas em sua área de convívio social (trabalho,

estudo e pessoal).

Transferir diariamente o lema da defesa civil para as ações locais realizadas

por estados e municípios é um grato desafio. E melhorando ainda mais esta frase

podemos afirmar: Todos somos e fazemos a defesa civil de sua área de atuação.

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09. CONCLUSÃO

ABIQUIM Manual APELL, 1ª Edição. 1990

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - 1988.

DAHER, C.A. Manual de Defesa Civil. PR. 1999.

DÓRIA, L.C.R. Problemática de Defesa Civil. BR. 1994.

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL, D.O.U 02 jan 95

SINDEC Sistema Nacional de Defesa Civil, Decreto nº 5376 de

17.02.05