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Aspectos missionários urbanos de Paulo em Atos dos Apóstolos ejesuson/0 comentários Autor: Luís André Bruneto Oliveira Trabalho apresentado na Faculdade Teológica Sul Americana (www.ftsa.com.br) em Londrina – 2003 RESUMO O presente trabalho visa inteirar o leitor com as principais estratégias missionárias urbanas de Paulo em Atos dos Apóstolos e depois refletir se essas estratégias continuam ou não eficazes nos dias de hoje. Propus para isso dois capítulos. O primeiro visa descrever toda a ação de Paulo e o que motivava o apóstolo a fazer missão urbana. Dividi este capítulo em duas partes. A primeira parte fala das suas motivações missionárias, ou seja, o que impulsionava o apóstolo a sair pelas principais cidades da época plantando igrejas. A segunda parte descreve suas estratégias de missão urbana de Paulo. Como num exercício em sala de aula, relacionamos juntos com os demais alunos mais de vinte motivações missionárias de Paulo, e seria impossível descrever todas as estratégias em apenas vinte páginas, relacionei apenas cinco das que considero mais importantes.

Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

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Page 1: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Aspectos missionários urbanos de Paulo em Atos dos Apóstolos

ejesuson/0 comentários

Autor: Luís André Bruneto Oliveira

Trabalho apresentado na Faculdade Teológica Sul Americana

(www.ftsa.com.br) em Londrina – 2003

RESUMO

O presente trabalho visa inteirar o leitor com as principais estratégias

missionárias urbanas de Paulo em Atos dos Apóstolos e depois refletir se essas

estratégias continuam ou não eficazes nos dias de hoje. Propus para isso dois

capítulos. O primeiro visa descrever toda a ação de Paulo e o que motivava o

apóstolo a fazer missão urbana. Dividi este capítulo em duas partes. A primeira

parte fala das suas motivações missionárias, ou seja, o que impulsionava o

apóstolo a sair pelas principais cidades da época plantando igrejas. A segunda

parte descreve suas estratégias de missão urbana de Paulo. Como num

exercício em sala de aula, relacionamos juntos com os demais alunos mais de

vinte motivações missionárias de Paulo, e seria impossível descrever todas as

estratégias em apenas vinte páginas, relacionei apenas cinco das que

considero mais importantes.

O segundo capítulo apresenta as reflexões do movimento missionário urbano

de Paulo. Também dividi esse capítulo em duas partes, seguindo o raciocínio

do primeiro capítulo. Na primeira subdivisão, procuro avaliar se as motivações

de Paulo são legítimas nos dias de hoje e como podemos fazer para que elas

continuem relevantes. No segundo plano, procurei avaliar se as estratégias que

Paulo usou podem ser eficazes na atualidade.

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INTRODUÇÃO

A igreja se relaciona diretamente com a vida comunitária. Ela vive junto, ora e

atua em comum, onde cada um coopera para o bem de todos e através da

construção de uma sociedade cristã e justa se deduz qual é o sentido de ser

igreja. A missiologia está sempre presente, levando a comunidade eclesial a

atuar de modo a obedecer a ordem de seu Senhor, apontando o sentido de sua

existência. A força atual da igreja só será medida quando se puser em prática a

missiologia, com todos os elementos que ela supõe.

Deus decidiu precisar de homens e mulheres para realizar isso de proclamar

seu Filho. Por isso, os resgata, os chama, os vocaciona, os capacita e os

respalda para essa obra. Esse é o papel da igreja: através da ação polarizadora

do Espírito Santo levar as boas novas aos que ainda não ouviram. Ou seja,

precisamos conhecer a Deus e torná-lo conhecido.

Devemos para isso não medir esforços em aprender com Paulo em Atos dos

Apóstolos. Em primeiro plano, analisar profundamente o que motivava o

apóstolo a pregar o evangelho de cidade e cidade e as estratégias que ele

usou para fazer isso. E desta forma, num segundo momento, teremos uma

visão clara para ver se podemos ou não usar essas mesmas motivações e

estratégias para a transformação da sociedade vigente através da obra

redentora e conciliadora de Jesus Cristo, proclamado com profundidade

teológica e fervor missionário.

CAPÍTULO I

ANÁLISE DO MOVIMENTO MISSIONÁRIO URBANO DE PAULO

Ao enviar seu Filho ao mundo “para que todo o que Nele crê, não pereça, mas

tenha a vida eterna” (Jo 3:16), Deus-Pai inicia o processo de missão do Novo

Testamento. Jesus, o Verbo vivo, reage positivamente à decisão paterna,

esvaziando-se de si mesmo (Fl 2:7) e assumindo a forma humana, tornando-se

o principal missionário da Nova Aliança. Sua vida foi dedicada ao trabalho de

ensinar e discipular principalmente 12 homens para a visão missionária que

havia brotado no coração do Pai Celeste, sempre no poder do Espírito Santo.

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A partir do evento Pentecostes, portanto, a reação dos discípulos a essa

vocação de evangelizar, ensinar e discipular o mundo é notória. Com a

primeira pregação de Pedro em At 2:14-36, surgiram os primeiros convertidos

à fé cristã, que subiu o número dos que criam a aproximadamente três mil

pessoas (At 2:41). A partir desse momento, a Comunidade começa organizar-

se, sob a direção dos Apóstolos, e contando com a “simpatia de todo o povo”

(At 2:47).

A Comunidade dos primeiros dias era bastante singular. Os neófitos,

juntamente com os seguidores mais antigos de Jesus, mostravam-se “assíduos

ao ensinamento dos apóstolos” (At 2:42 – BJ). Eles vendiam propriedades

privadas e depositavam o montante aos pés dos apóstolos, que empregavam o

mesmo à medida das necessidades dos membros da comunidade (At 2:45). A

palavra no original grego traz “κοινωνία”, expressão traduzida por associação,

comunhão, fraternidade, relacionamento íntimo .

Depois de participar do apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir da igreja

cristã, Paulo juntamente com outros judeus de Jerusalém levantaram-se em

uma grande perseguição aos do “Caminho”. Impiedosamente, arrastava

homens e mulheres cristãs de seus lares e os encarcerava.

Contudo, os que foram dispersos continuavam a grande obra de expansão da

igreja. Filipe prega em Samaria e dado a conversão de muitas pessoas naquela

cidade, os apóstolos Pedro e João são enviados para lá pela igreja de

Jerusalém.

Paulo ainda continuava na trilha da perseguição e para tanto pediu cartas de

autorização ao sumo sacerdote para ir às sinagogas de Damasco, prender e

levar para Jerusalém os irmãos que se encontrassem por lá.

Mas, durante o caminho de Damasco ocorre o mais importante acontecimento

da história, do Pentecostes até ao dia de hoje .

Com a conversão de Paulo o movimento missionário ganhou força. Em Atos 13,

o Espírito Santo mostra claramente a missão que Paulo e Barnabé deveriam

desempenhar. Com o aval da igreja de Antioquia, os dois saem para a tarefa

missionária.

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A partir daí Paulo passa para a história, então, como uma combinação de

teólogo profundo e missionário fervoroso .

Para analisar o movimento missionário do apóstolo Paulo precisamos

responder duas perguntas: o que motivou Paulo nessa tarefa e quais foram as

estratégias missionárias que ele usou.

1. Por Trás dos Bastidores – Análise das Motivações Missionárias de Paulo

Paulo estava motivado a evangelizar, plantar igrejas e organizar comunidades,

apesar de toda hostilidade e perseguição de seu povo. Era óbvio que algo o

movia. Podemos chamar isso de motivações missionárias de Paulo. A pergunta

que nos urge é: o que motivava Paulo a pensar em missão?

1.1. Paixão por Cristo

A primeira motivação de Paulo era proveniente de um sentimento levado a um

alto grau de intensidade, de um amor ardente, de uma inclinação afetiva, de

um afeto dominador, um entusiasmo muito vivo por Cristo e sua obra. Este

sentimento norteava o ministério de Paulo e o impelia para que levasse adiante

as Boas Novas. Podemos descobrir isso através do conteúdo de suas cartas.

Para Paulo, não existia nada no céu ou na terra que nos podia separar do amor

de Cristo, e por causa desse amor somos entregues à morte o dia todo (Rm

8:36-39). O que Deus preparou para esses que o amam é incomparável (1 Co

2:9).

A paixão do apóstolo pro Cristo era tão grande que ele chega a amaldiçoar

aqueles que não amam O amam (1 Co 16:22). Na carta de Gálatas (2:19-20)

Paulo declara que está morto para si mesmo (crucificado com Cristo), e que

Cristo vive nele.

Ainda, na carta aos filipenses (1:21-23) faz uma declaração impactante: o viver

para ele era Cristo, portanto se morresse ele lucraria, pois estaria com o

Senhor. Em 2 Tm 4:8, o apóstolo escreve a respeito da coroa que o espera, e

de todos aqueles que amam a vinda do Senhor.

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Essa paixão, portanto, incitava o apóstolo a estar sempre no centro da vontade

daquele a quem pertencia seu coração.

1.2. Paixão pela igreja

Por diversas vezes vemos Paulo tomando as dores de Cristo pela igreja.

Podemos entender essa preocupação como um resultado do amor ardente de

Paulo por Cristo. O sentimento motivador de Cristo a se entregar pela igreja

era o mesmo que Paulo tinha por ele. A entrega, portanto era bilateral: Cristo

se entregou pela igreja, e Paulo se entregou por ele.

Na sua segunda carta aos coríntios (12:15) ele mostra que estava disposto a

gastar-se totalmente para o bem da igreja. Essa paixão o levava a não pensar

em si, mas demonstrava uma genuína solicitude sob aqueles que ele cuidava.

As suas epístolas às igrejas eram carregadas de uma preocupação abnegada

por tudo o que acontecia dentro dessas comunidades. Ele considerava-os seus

filhos, e por isso exortava quando era preciso. Um exemplo muito claro disso é

da igreja de Corinto. Essa comunidade foi fundada por Paulo durante a sua

segunda viagem missionária. O que gerou a composição de 1 Coríntios foram

uma resposta de uma carta enviada pelos próprios coríntios (7:1), e as notícias

perturbadoras à respeito da situação da igreja (1:11). Paulo trata dos

problemas que incluíam divisões na igreja, imoralidade, e perguntas a respeito

de diversas questões.

Alguns textos mostram a preocupação e a afeição de Paulo com as

comunidades cristãs provenientes de uma grande paixão: 2 Co 6:13; Ef 3:1; Fl

1:3-5, 4:1-4; Cl 1:3-10, 1 Ts 1:2-10, 5: 12-27; 2 Ts 1:11-12, 3:6-15.

1.3. Convicção do seu chamado

A terceira motivação missionária do apóstolo Paulo era a profunda convicção

de que ele fora chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de

Deus. Isso se expressa na maioria de suas epístolas, nas quais ele recorre à

autoridade de seu apostolado para confirmar seu ministério (Rm 1:1, 1 Co 1:1,

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2 Co 1:1, Gl 1:1, Ef 1:1, Cl 1:1, 1 Tm 1:1, 2:7; 2 Tm 1:1, 1:11; Tt 1:1). Nas

epístolas de Filipenses e Filemom, escritas com Timóteo, Paulo se intitula servo

(Fl 1:1) e prisioneiro de Cristo Jesus (Fm 1).

Paulo se considerava um apóstolo como os outros doze que andaram com

Jesus durante os três anos e meio de seu ministério terreno. Essa autoridade

apostólica vinha do fato dele ter visto o Senhor Jesus em sua viagem a

Damasco (1 Co 9:1), e de ser um instrumento para levar o evangelho às

pessoas. Ele chega a defender seu apostolado na primeira carta aos Coríntios

(10, 11, 12).

Essa convicção de que fora chamado para pregar o evangelho impulsionava

Paulo a continuar seu trabalho mesmo diante das muitas pressões e

perseguições que sofria (Rm 1: 16-17; Fl 3:12-14; Cl 4:3; 1 Ts 2:2).

1.4. Necessidade das pessoas

Outra motivação missionária que constrangia Paulo era a visão que ele tinha

de que o mundo necessitava das Boas Novas. Em 1 Tm 2:4, ele diz que o

desejo de Deus é que todos as pessoas cheguem ao pleno conhecimento da

verdade; e esse era também um desejo do próprio Paulo.

Segundo Lopes , o alvo de Paulo era o mundo, os gentios, o remanescente fiel,

o maior número possível de eleitos, onde os pudesse encontrar. Essa visão,

impossível de ser medida em números, fazia parte da motivação de Paulo em

sair plantando igrejas ao longo de seu ministério.

Ele almejava ganhar o maior número de pessoas (1 Co 9:9), porque entendia a

real necessidade do mundo em conhecer a Deus. Em Atenas, ele chega a se

comover por ver as pessoas presas pelo pecado (At 17:16). Em Filipos, ele

liberta uma moça possessa de um espírito adivinhador, indignado com a

exploração que os donos dela realizavam (At 16:16-18). Isso mostra a grande

compaixão que ele tinha com as pessoas.

1.5. Convicções teológicas

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Depois de sua conversão, Paulo se retirou para a Arábia por algum tempo (Gl

1:16-23). O motivo dessa viagem não aparece em seus escritos e nem em

Atos. Mas é possível que Paulo tenha se ausentado para poder pensar em

todas as implicações de seu encontro com o Cristo ressurreto na estrada de

Damasco . Talvez essa temporada tenha sido uma ocasião para Paulo ajustar

suas convicções teológicas judaicas com a revelação que recebera de Cristo.

Provavelmente foi nesse período que Paulo tenha sido arrebatado até o

terceiro céu, fato que ele menciona apenas uma vez para defender seu

ministério apostólico (2 Co 12:2).

Depois desses três anos, ele vai a Jerusalém conhecer o apóstolo Pedro e passa

quinze dias com ele. Após esse curto período, se dirige a Damasco e ali inicia

seu ministério de pregação das Boas Novas. O fato de Paulo pregar em

Damasco irritou tanto os judeus que ele teve que fugir para não ser morto,

descendo numa cesta pela muralha da cidade (At 9:25). O importante a notar é

que Paulo já voltou “preparado” para pregar o evangelho e assim o fez.

Para Lopes , o que movia toda a ação missionária paulina eram duas

convicções teológicas. A primeira é que Paulo tinha certeza que estava vivendo

os dias do cumprimento, os fins dos séculos (1 Co 10:11). Em segundo lugar,

era que as antigas promessas de Deus encontravam concretização histórica na

igreja de Cristo.

Desta forma, podemos concluir que suas motivações missionárias eram

carregadas de paixão por Cristo e pela igreja, eram baseadas na certeza de

seu chamado como apóstolo, estavam encharcadas com a visão divina acerca

da necessidade das pessoas e do mundo, e por fim, tinham como pano de

fundo suas convicções teológicas.

2. Estratégias Missionárias de Paulo: Análise das Viagens Missionárias

A partir de Atos 13, quando acontece seu comissionamento pessoal e de

Barnabé pela igreja de Antioquia, Paulo realiza três viagens missionárias

pregando em várias cidades importantes.

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O objetivo desse tópico é analisar alguns princípios tocantes de suas

estratégias de missão nas cidades. A estratégia missionária de Paulo tinha

como base a sua própria experiência de conversão e regeneração. Sua

mensagem era a de reconciliação com Deus por meio de Jesus Cristo. Suas

pregações sempre tocavam no assunto de ser uma nova criatura em Cristo.

As estratégias de Paulo ultrapassavam as paredes da igreja e iam de encontro

a sociedade daquela época: seus governos, instituições e religiões. Paulo

penetrou no mundo romano altamente urbanizado com estratégias em sua

mente.

2.1 Pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo

Uma marca peculiar da estratégia de missão de Paulo foi a pregação do

Evangelho no poder do Espírito Santo. Paulo estava disposto a levar o

evangelho por onde quer que fosse em toda sua integridade, embora fosse

condenado e perseguido por isso. Em Éfeso, ele abre o coração para os

presbíteros da igreja e revela as perseguições provenientes de anunciar e

ensinar o evangelho (At 20:17-38). Em Roma, quando estava preso por causa

da Nova Doutrina numa casa que alugara e esperando julgamento, não

cessava de pregar e ensinar (At 28:30-31).

Contudo, a base para Paulo fazer isso era o próprio Espírito Santo. O apóstolo

estava cheio do Espírito (At 13:9, 52; 19:2-6), e realizava toda obra no Seu

poder. Foi o próprio Espírito que o vocacionou para a tarefa missionária (At

13:2), o enviou (13:4), o capacitou (13:9), o sustentou (13:52). Deus, através

de seu Espírito, cuidava (At 20:23) e direcionava todo o ministério de Paulo,

guiando-o a ponto de dizer onde pregar ou não (At 16:6-7).

2.2. Plantação de igrejas

Paulo foi um plantador de novas igrejas. Entretanto, Paulo não plantou igrejas

por todo canto que passou, mas escolhia a dedo quais cidades valiam a pena

este investimento. Aparentemente, Paulo parecia não querer perder tempo

com cidades menos importantes. Ele escolhia cuidadosamente centros

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estratégicos e planejava como seria a proclamação da mensagem de salvação.

Ele fez isso em cidades importantes como Listra, Antioquia da Pisídia , Filipos ,

Tessalônica , Atenas , Corinto , Éfeso e Roma, a principal cidade de todo

império.

O motivo dessa escolha, Jorge H. Barro explica bem:

Não há dúvida de que uma das estratégias da missão de Paulo era os centros

urbanos. Paulo escolhia as cidades mais urbanizadas, influentes e estratégicas

a partir das quais as boas novas do Reino poderiam se espalhar. As cidades

que Paulo entrou eram centros de administração romana, sob a influência

grega e judaica, além de serem importantes centros culturais, sociais e

comerciais. Quando passava pelos centros romanos, procurava proteção legal

do governo e ainda usava um modo de influenciá-los para a aceitação do

evangelho.

Segundo Nicodemus Lopes , Paulo centralizou suas atividades em importantes

centros urbanos, considerado por ele estratégicos. A cidade de Tessalônica

tornou-se a base missionária para a província da Macedônia; Corinto a base

para a província da Acaia; e Éfeso, a sua base para a Ásia proconsular.

2.3 Formação de Liderança

Contudo, Paulo não parou por aí. Além de fundar novas comunidades, ele não

deseja abandoná-las. Por isso ele trabalhava na formação de uma liderança

que poderia substituí-lo quando fosse embora. Como seu ministério era um

constante movimento, ele achou melhor discipular pessoas escolhidas por ele

mesmo para serem os líderes dessas comunidades na sua ausência.

À medida que Paulo pregava o evangelho e discipulava novos líderes locais

para a continuidade do trabalho, a comunidade local se fortalecia.

Exemplos assim são vistos com Priscila e Áquila, Timóteo, Silas, Barnabé e Tito,

todos preparados por Paulo que assumiram funções de dirigir diversas

comunidades pela Ásia e Europa.

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É de se notar que os seus discípulos seguiram os seus passos nessa formação

de liderança. Priscila e Áquila tomaram Apolo consigo e expuseram o caminho

de Deus (At 18:23-26), que se tornou depois líder da igreja de Corinto (1 Co

3:3-6).

2.4 Contextualização missiológica

O que Jorge H. Barro chama de flexibilidade missiológica, prefiro chamar de

contextualização missiológica, entendendo essa ser, numa situação de

comunicação, características extralingüísticas que determinam a produção

lingüística, como, por exemplo, o grau de formalidade ou de intimidade entre

os falantes .

A estratégia missionária paulina era determinada pela necessidade e pelo

contexto local que o apóstolo se encontrava. Paulo precisava se contextualizar

com seus três públicos-alvo: judaico, romano e grego. É interessante notar que

enquanto estava na cidade, ele analisava o novo ambiente, procurando

descobrir elementos-chave que criariam pontes para a evangelização local.

Podemos notar isso em Antioquia da Pisídia, quando ele foi num sábado à

sinagoga, pressupondo-se que já estava observando a cidade há algum tempo

(At 13:14); em Filipos, quando permaneceu alguns dias inserido no contexto

local antes de ir num sábado à sinagoga para pregar (At 16:12-13); em Atenas,

enquanto esperava seus companheiros, investigava toda a cidade e se

revoltava com a idolatria, motivo que o impelia a pregar na sinagoga e na

praça (At 17:16). Depois essa investigação se tornou preciosa quando pregava

no Aerópago (At 17:22-23).

Paulo estabelecia também um contato conveniente com as sinagogas das

cidades onde passava. Como era conhecido pelo povo judeu como um aluno do

mestre Gamaliel e como a base do cristianismo é o judaísmo, Paulo utilizava

desses recursos para pregar a Palavra de Deus nas sinagogas dessas cidades,

persuadindo judeus e constituindo assim um elo entre a antiga e a nova

religião.

Paulo fixava essas pontes como uma forma de abrir as portas dos demais

segmentos da sociedade em que pregava, estabelecendo nas sinagogas

Page 11: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

contatos com os líderes religiosos locais e também com pessoas de grande

influência na sociedade que ele estava inserido.

Entretanto, Paulo não ficava somente nas sinagogas. Como seu desejo ardente

era levar o evangelho a todas as pessoas possíveis, ele se dirigia a grandes

concentrações de pessoas para poder realizar sua obra. As estratégias de

Paulo ultrapassavam as paredes da sinagoga e iam de encontro à sociedade

daquela época.

Paulo pregou a mensagem de conversão e regeneração baseadas em sua

própria experiência nos lugares onde via necessidade e onde era convidado.

Em Antioquia da Pisídia, pregou primeiro na sinagoga dois sábados seguidos e

depois pregou fora dela para a multidão que afluía para ouvi-lo (At

13:14,44,49). Em Icônio, entrou na sinagoga e pregou ali durante muito tempo

(At 14:1,3). Em Listra e Derbe anunciavam o evangelho, provavelmente nas

ruas e nas casas daqueles que criam (At 14:6-8).

Já na segunda viagem missionária, quando chegam em Filipos, isso se

confirma, e Paulo vai num sábado a um lugar de oração perto de um rio, onde

haviam mulheres (At 16:13). Em Tessalônica pregou por três sábados na

sinagoga (At 17:1-4). Em Beréia, pregou na sinagoga também (At 17:10). Já em

Atenas, Paulo prega primeiro no Aerópago (At 17: 18ss.). Em Corinto pregava

na sinagoga todos os sábados (At 18:4).

Na terceira viagem missionária ele prega durante três meses na sinagoga de

Éfeso (At 19:8).

2.5 Retaguarda da igreja de Antioquia

Antioquia da Síria é a mais importante cidade da história primitiva do

cristianismo, depois de Jerusalém. Nessa cidade foi estabelecida a primeira

igreja gentílica (At 11:20-21), e foi ali também, que pela primeira vez, se

chamaram cristãos os discípulos de Jesus Cristo (At 11:26). A igreja foi fundada

por cristãos que tiveram que sair de Jerusalém após a morte de Estevão. Os

apóstolos, vendo que o trabalho prosperava naquele lugar, enviaram Barnabé

para ajudá-los (At 11:22).

Page 12: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Paulo, depois da fuga cinematográfica de Damasco (At 9:25), é enviado para

Jerusalém, Cesaréia de depois para Tarso. Barnabé, um dos primeiros de

Jerusalém a crer na conversão de Paulo, vai buscá-lo em Tarso e leva-o para

Antioquia para auxiliá-lo na tarefa de ensinar a igreja (At 11:25-26). Em Atos

13, há o comissionamento dos dois pela igreja para obra missionária.

Depois da primeira e segunda viagens missionárias, Paulo retorna à igreja que

o havia enviado pra relatar tudo o que tinha feito no tempo que ficou fora (At

14:26-27; 18:22-23). Já na terceira viagem missionária, Paulo é preso em

Jerusalém, mas podemos entender que assim como aconteceu com as duas

primeiras, seu desejo era de relatar aos irmãos o que havia acontecido nessa

viagem. Paulo considerava isso importante estratégia em seu ministério.

Sua ligação com a igreja de Antioquia era grande. A sua “casa” oferecia apoio

espiritual e moral (At 13:3). A questão financeira, muito embora não apareça

explicita dessa forma, provavelmente existia, pois o apóstolo viajava com o

aval da referida comunidade.

CAPÍTULO II

REFLEXÕES DO MOVIMENTO MISSIONÁRIO URBANO DE PAULO

Depois de toda essa carga de informações preciosas precisamos parar para

refletir como anda a ação missionária da igreja nos dias de hoje.

É notório que boa parte da igreja cristã não tem uma definição clara sobre

missão. O conceito é penumbroso em muitas comunidades. Persiste nos nossos

dias a visão romanceada das missões transculturais dos séculos XIX e XX. E

exatamente por essa falta de definição e compreensão a igreja padece em

realizar os mandamentos de seu Senhor.

De acordo com David J. Bosch , a palavra “missão” é entendida hoje como:

Referia-se a: (a) mandar missionários a um território designado, (b)as

atividades realizadas pelos missionários, (c) uma área geográfica receptora da

atividade missionária, (d) uma agência missionária, (e) o mundo não-cristão ou

Page 13: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

“campo missionário”, ou (f) a sede pela qual os missionários trabalhavam em

seu lugar de atividade. Em um contexto ligeiramente distinto, o termo poderia

referi-se também a (g) uma congregação local sem pastor próprio, mas

dependente do apoio de uma igreja mais antiga e estabelecida, ou (h) uma

série de cultos especiais cujo propósito era aprofundar a fé cristã ou propagá-la

geralmente em um contexto nominalmente cristão.

Missão é muito mais que isso. Essa compreensão é de uma nocividade sem

igual. Ela extermina qualquer noção prática sobre missão, reduzindo todo o

conceito real. É preciso entender missão como a propagação da fé, a expansão

do Reino de Deus, a conversão das pessoas e a fundação de novas

comunidades .

E só a partir dessa compreensão real do conceito “missão” que a igreja pode

ser eficaz em sua tarefa. Não é fácil. Mudar velhos hábitos e conceitos nas

mentes das pessoas é mais difícil que construir sozinho um prédio. Contudo,

olhando para o ministério de Paulo, e vendo que ele mesmo enfrentou os

velhos hábitos e conceitos das pessoas (Gl 2:11-21), somos encorajados a

tentar mudá-los, para a sobrevivência de nossas comunidades.

1. Repensando as Motivações Missionárias Paulinas para hoje

Será que as mesmas motivações de Paulo serviriam para quem quer enfrentar

a grande tarefa missionária que temos hoje?

O mundo hoje se tornou urbano. No Brasil, 81,23% das pessoas estão morando

em áreas urbanas (IBGE – censo 2000). Nos Estados Unidos, esse contingente

já chegou a 90% da população. O número de mega-cidades (com mais de 10

milhões de habitantes) chegará à 26 até 2015, e nesse mesmo ano a ONU

alerta que cerca de 4 bilhões de pessoas morarão em conglomerados urbanos .

Numa reunião de pastores de uma determinada cidade, um deles indagou

porque o povo não ia à igreja. Sabemos que muitas respostas poderiam ser

dadas para essa pergunta. Mas creio que a principal razão é que não

atendemos as necessidades reais das pessoas. Nossa ação, como igreja, se

restringe à mensagens irrelevantes e alienantes.

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Uma missão voltada para as necessidades das pessoas pode fazer muita

diferença. Ela deve-se desenvolver num ministério para as pessoas. No

episódio da transfiguração (Lc 9: 28-36), onde os discípulos queriam ficar na

montanha, o Mestre relembrou que é junto do povo que teriam que estar.

Devemos estar prontos ao mesmo tempo para orar no monte e depois descer

para junto do povo. Estar junto do povo nos faz ver a realidade que as pessoas

estão inseridas e descobrir quais são suas reais necessidades.

Existem três desafios que precisamos visualizar e analisar para realizar esta

“missão urbana para a realidade”. O primeiro é o pluralismo cultural

constitutivo da sociedade urbana contemporânea. O mundo urbano traz

pessoas dos mais diversos cantos e com culturas próprias, dentro até do

mesmo país. Isso faz com que a cidade se torne uma aglomeração de

diversificadas culturas, e conseqüentemente havendo um sincretismo cultural

próprio em cada comunidade.

O segundo desafio nasce do caráter multi-religioso e secular. As pessoas não

se importam mais com a “religião da família”, mas com aquilo que pode trazer

vantagens ou alívios pessoais. Na vida urbana, o importante é o bem estar,

mesmo que pra isso seja necessário abandonar alguns princípios herdados ou

aprendidos.

O terceiro desafio surge das tremendas desigualdades de que são objetos

muitos que vivem hoje nos espaços urbanos. Um desafio para vivermos na

cidade em paz, justiça e solidariedade, sem nenhum tipo de exclusão social,

econômica, religiosa, racial, cultural etc..

Diante dos desafios precisamos tomar posições certas para realizar uma

“missão urbana para a realidade”. A primeira posição é de uma pastoral

comunitária acompanhada de uma teologia transformadora da cultura. A

segunda posição é de uma pedagogia dessa teologia. Não adianta saber

somente os conteúdos dela, é necessário inculcá-las. Para isso é necessária

uma pedagogia que responda às necessidades das pessoas da cidade. Em

terceiro lugar é necessária uma práxis voltada para as pessoas, tendo como

sujeito primeiro a comunidade eclesial. Essa comunidade sarada e preparada

para apregoar as três posições acima se torna o agente de pastoral que o

mundo necessita.

Page 15: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

É possível então pensarmos nas motivações missionárias de Paulo para realizar

essa tarefa? Será que essas motivações seriam relevantes diante das

dificuldades que encontramos no contexto que vivemos?

1.1 Paixão por Cristo?

Será possível falar em um amor abnegado, ardente e num entusiasmo grande

por Cristo nos dias de hoje? Creio que mais do que tudo hoje, a igreja precisa

resgatar esse primeiro amor por Cristo. Aliás, somos exortados pelo próprio

Cristo a isso (Ap 2:4-5).

Quando somos dominados por essa paixão por Cristo, somos levados a pensar

nas coisas lá do alto, a ver as coisas como Cristo via, a ter a mente de Cristo e

agir como Ele agia. O amor ardente por Jesus nos leva a ter um amor ardente

pelas pessoas. O mesmo amor que Cristo tinha. É desse amor ardente que

Paulo vivia (Gl 2:20). Suas ações eram movidas por Ele, e por isso Paulo

deixava de pensar em si mesmo para realizar a obra do que o havia

vocacionado (Fl 1:21-24).

Precisamos resgatar essa paixão por Jesus para podermos realizar a obra para

qual fomos chamados. Sem essa paixão, somos tentados a abandonar o barco

antes mesmo dele desatracar. Com os olhos fitos em Cristo, nossos anseios e

vontades são colocados de lado, e procuramos fazer a Sua Vontade, que é boa,

perfeita e agradável (Rm 12:2).

1.2 Paixão pela Igreja?

No dia da minha conversão, uma pessoa chegou até mim e disse em meu

ouvido: “este” – a igreja – “é o melhor lugar do mundo.” Como todo neófito

acreditei cegamente. Contudo, com o passar do tempo, e conhecendo mais

profundamente como funcionava a igreja, percebi que não era bem assim. As

decepções que sofri com as pessoas da igreja me levaram a pensar que a

mesma não era tudo aquilo que eu havia ouvido.

Page 16: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Até aprender que não existe instituição humana perfeita foram longos anos.

Estes anos foram difíceis, mas depois pude compreender que aquele meu

amigo estava dizendo a respeito da noiva de Cristo, da igreja universal e não

da instituição.

Reconheço o valor da instituição e até pertenço a uma, mas não quero falar

aqui do amor por ela. Deixo isso com outros apaixonados pela história. O que

realmente me interessa é o amor pela Noiva de Cristo.

Quando a paixão por Cristo toma nosso coração, somos tomados também pela

paixão por sua Noiva, seu Corpo. Cristo amou tanto a igreja que se entregou

por ela (Ef 5:2,25). Quando nos entregamos à paixão por Cristo, obviamente

nos entregamos à paixão pela igreja. Estamos dispostos a morrer tanto por um

quanto pelo outro.

Isso motivou Paulo. Ele compreendeu que amava a Cristo acima de todas as

coisas, e esse amor o levou a amar a igreja de uma forma imensurável. As

pessoas de nossas comunidades precisam viver esse amor ardente. Tanto por

Cristo quanto pela igreja.

1.3 Convicção do chamado?

Em todas as partes do mundo, as pessoas têm cada dia mais pensado em

religião. O último censo brasileiro afirma um crescimento dos evangélicos

espantoso, chegando a duas dezenas de milhões de pessoas, e para os mais

otimistas três dezenas. Por isso, dentro desse crescimento era de se esperar

que existissem vocações religiosas, mas o que se vê é uma grande carência

delas.

O meio católico romano não fica atrás. Observando grande deficiência na área

vocacional, a igreja romana resolveu investir pesado nessa área. O Papa João

Paulo II, escrevendo aos brasileiros envolvidos em despertar vocações relata a

preocupação da igreja romana nesse sentido:

Há um toque de despertar de homens e de mulheres para o transcendente,

que os chama a “participar responsavelmente na missão da Igreja de levar o

Evangelho de Cristo, qual fonte de esperança para o homem e de renovação

Page 17: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

para a sociedade” . Mesmo assim, permanece viva a preocupação da Igreja

pela carência de vocações sacerdotais e religiosas, que não acompanham as

necessidades do povo fiel em contínuo crescimento.

Poderíamos usar essa frase de João Paulo II, para expressar nossa preocupação

legítima com a carência de vocações que estamos vivendo. Há uma busca pelo

sagrado, mas uma necessidade de vocações.

E quando surge vocações? Como tratamos delas? A missionária Antonia

Leonora van der Meer passou por uma experiência bem interessante:

Fui convidada para falar sobre missões numa igreja bem viva e dinâmica. A

família que me hospedou não se cansava de ouvir minhas experiências

missionárias. Até que, de repente, a filha que estava para terminar o curso de

medicina começou a mostrar que estava seriamente considerando a

possibilidade de servir na obra missionária. O ambiente mudou totalmente:

“Isso seria uma loucura!”

Muitos cristãos ainda consideram o missionário basicamente um maluco. Como

é que uma pessoa de boa formação ou com responsabilidades dentro da

família abandona tudo e todos para embrenhar-se em alguma selva entre

povos tribais ou para confrontar situações de alto risco em países resistentes,

onde há falta de segurança e de confortos básicos? “Missionários solteiros,

tudo bem” (desde que não seja meu irmão ou minha filha), mas um casal com

filhos é o cúmulo do absurdo! É claro que Deus não pediria uma coisa dessas

para seus filhos!” É o pensamento de muitos.

É verdade. Não sei qual seria minha reação se minha filha me dissesse que

está se sentindo chamada por Deus para ser missionária na África, China ou

mesmo entre uma das tribos urbanas brasileiras hoje. Esse sentimento de

proteção, falta de confiança da igreja naqueles a quem Deus vocaciona e falta

de apoio tem minado muitas vocações. Nossa região eclesiástica tem passado

por um momento distinto. De cinco anos pra cá surgiram muitas vocações.

Todos aqueles que foram chamados tinham (ou têm) o desejo de serem

pastores ou pastoras. Mas devido à crise financeira que assola o país, não

temos como sustentar adequadamente cada seminarista. Oferecemos duas

Page 18: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

alternativas: ou se espera mais um pouco para o envio à instituição teológica

ou se associe a uma igreja para que seu sustento seja complementado.

A segunda opção normalmente é a mais optada. Mas isso gera uma carga de

problemas. Um desses seminaristas, depois de quase dois anos estudando,

estava em dúvida quanto ao seu chamado. Conversando e orando, cheguei

com ele à causa do problema: financeira. O rapaz, que no início de seus

estudos tinha convicção de que fora chamado por Deus, agora estava com

seus ânimos arrefecidos depois de passar por várias situações delicadas na

área econômica.

São dois lados da moeda. Num, oramos para que Deus mande trabalhadores

para a sua seara. No outro, não cuidamos devidamente daqueles que Deus

manda.

1.4 Necessidade das pessoas?

Os tempos que estamos vivendo têm sido marcados por muitas dificuldades:

guerrilhas urbanas, violência sem controle, brutalidade, fome, miséria, drogas,

impunidade, corrupção, desamor, tragédias, desigualdade social, pais se

levantando contra filhos e filhos contra pais. A lista é imensa e parece não ter

fim.

Temos sentido hoje, mais do que nunca, que o mundo precisa de Deus. E Deus

decidiu precisar de servos. Somos seus servos para tentar levar a mensagem

das boas novas ao mundo que vivemos, pois só ela é capaz de transformar a

atual conjuntura. As necessidades das pessoas e de toda a criação de Deus,

deve nos impulsionar a levar essa mensagem de salvação e vida.

Alberto Antoniazzi nos diz que:

A questão é oferecer condições às pessoas de fazer uma experiência de Cristo.

Neste sentido, não basta reforçar a instituição ou dar mais publicidade à sua

mensagem. Deve-se levar à experiência salvífica, a qual só se realiza no

contexto da comunidade cristã, do povo de Deus.

Page 19: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Pois o encontro com o Cristo vivo se dá hoje, como no início, através do

encontro com seus discípulos. O encontro se dá na comunidade eclesial,

enquanto ela assume sua vocação de tornar visível o Reino de Cristo na

história. Jesus, o Cristo glorificado, está presente lá onde os seus discípulos se

reúnem em seu nome. Mas esta presença se torna exigência de que os

discípulos acolham como Ele acolheu, amem como Ele amou, sirvam como Ele

serviu, perdoem como Ele perdoou, curem as enfermidades do corpo e do

espírito como Ele curou, encontrem sua felicidade nas bem-aventuranças,

anunciem aos pobres e oprimidos o tempo da libertação e da graça, tempo de

graça que o próximo Jubileu do ano 2000 nos convida a tornar mais claramente

manifesto .

Precisamos investir na proclamação da mensagem de Cristo que vá de

encontro às necessidades das pessoas. Isso não significa mudar o conteúdo da

mensagem, mas mudar a forma de proclamá-la, a linguagem.

1.5 Convicções teológicas?

Por último, creio que uma das motivações que podemos aprender com Paulo é

sobre suas convicções teológicas. Curioso notar que Paulo não se deixava levar

pelos ventos doutrinários de sua época e combateu vários deles.

Uma das maiores dificuldades hoje em dia é que têm se adaptado a teologia à

realidade e não a linguagem. Isso é um sério problema. O apóstolo Paulo

exorta para que não cedermos a qualquer vento de doutrina (Ef 4:14). Quando

Paulo e Silas foram enviados a pregar em Beréia, aquelas pessoas que ouviram

a mensagem foram consideradas mais nobres que os tessalonicenses, porque

de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se

estas coisas eram assim (At 17:10-11).

Precisamos estar firmados em nossas convicções, adaptando a linguagem ao

contexto que estamos inseridos, para que a palavra proclamada possa, de fato,

transformar vidas.

Page 20: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

2. Implicações para o Movimento Missionário Atual: Aprendendo com Paulo em

Atos dos Apóstolos

Será que, depois de quase dois mil anos, as estratégias missionárias de Paulo

podem ajudar o movimento missionário atual? É possível desenvolvermos

estratégias missionárias atuais baseadas nas estratégias de Paulo? Se possível,

como fazer?

Da mesma forma do capítulo anterior, quando olhamos para as motivações

paulinas, vamos nos reportar às mesmas estratégias de Paulo para tentar

responder essas perguntas.

2.1 Pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo

Porque será que a pregação atual não tem sido tão eficaz quanto nos dias da

igreja primitiva? Sei que existem várias respostas para essa pergunta, mas

quero me deter na pregação, pois, como invocarão aquele em quem não

creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não

há quem pregue? (Rm 10:14).

Sem o poder do Espírito Santo é impossível sermos eficazes na pregação do

Evangelho. Sem o Espírito, o que falamos se torna ensaio moral, discurso

político, desabafo de frustrações emocionais, parlatório.

O Espírito é aquele que nutre, que dá vida à mensagem. Através do Espírito é

que ela pode e consegue transformar corações de pedra em corações de carne

(Ez 36:26).

Na realidade, essa primeira estratégia missionária de Paulo, se podemos

chamar assim, era fruto de um íntimo relacionamento com Deus, demonstrado

em sua vida, na sobriedade de suas cartas, na seriedade de seu ministério e na

autoridade que ele possuía. Paulo procurava sempre estar no centro da

vontade de Deus, revelada a ele através do Espírito Santo.

Precisamos ver os dois fatos lado a lado: Escrituras e poder de Deus.

Quanto às Escrituras, somos tendentes a substituí-la por qualquer outra

sabedoria, pelas tradições. Mas, não podemos substituir a palavra de Deus por

Page 21: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

nada. Precisamos nos deixar dominar pelo poder da palavra de Cristo. A

Palavra de Deus é articulada pelo Espírito Santo. O próprio Senhor Jesus a usou

para validar sua autoridade de Filho de Deus (Lc 4:17-19).

Quanto ao poder de Deus nós o conhecemos nas pequenas e nas grandes

coisas: na criação, na salvação, na vida. Deus é poder. Em várias ocasiões da

história, o ser humano quis mostrar que tinha mais poder que Deus: no Éden,

na Torre de Babel, no Titanic, no Zeppelin. Somos sustentados diariamente

pelo poder de Deus.

Conhecer as Escrituras sem o poder de Deus nos torna doutores da lei.

Conhecer o poder de Deus sem as Escrituras faze-nos cristãos superficiais.

Para pregarmos eficazmente o evangelho na atualidade é necessário haver

este equilíbrio: Escrituras e poder de Deus.

2.2. Plantação de Igrejas

Paulo tinha consciência da importância dos neo-conversos estarem em lugares

específicos para comungarem sua fé. Por isso, os organizava em igrejas, em

comunidades locais. O propósito de Paulo era promover os meios pelos quais

eles fossem edificados, instruídos, celebrassem a Ceia, cultuassem a Deus e se

envolvessem no próprio projeto de expansão do cristianismo.

Atualmente, a evangelização também é feita, mas é possível que o princípio de

Paulo não seja repetido. Não existe com tanto afinco a idéia de plantar novas

igrejas. Corre um estranho pensamento que uma igreja nova só é plantada

com pesados subsídios e de líderes de igrejas maiores. Por isso, ao invés de

sair plantando igrejas novas em todo canto da cidade, é melhor investir nas

reuniões nos lares, ou células. Não há o pesado investimento como haveria no

caso de plantar uma nova igreja; não precisa dos líderes, é só treinar os

crentes; o suposto problema da falta de comunhão entre os membros é

resolvido.

Mas só quem viveu nos dois lados sabe que existe muita diferença entre uma

igreja grande com células e uma igreja pequena. Meu objetivo não é criticar o

movimento de igrejas em células nem o crescimento das igrejas. Creio que a

Page 22: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

primeira é uma boa idéia e a segunda é resultado da obediência ao

mandamento de Cristo.

O fato é que precisamos pensar em plantar novas igrejas como uma

importante estratégia missionária. Precisamos perder o medo de desmembrar

grandes igrejas em pequenas comunidades onde é possível viver com mais

afinco a comunhão e o aprendizado da Palavra.

2.3 Formação de Liderança

Uma das estratégias missionárias de Paulo era investir na formação de novas

lideranças. Nas igrejas que fundou Paulo procurou deixar uma liderança bem

estruturada – presbíteros – a quem encarregava do rebanho (At 14:21-23), e

depois de algum tempo voltava para supervisioná-los (At 15:36; 16:4-5; 18:23).

Nas estratégias missionárias modernas isso tem sido praticado com resultados

muito positivos. Entendeu-se que é melhor investir na formação de novos

líderes locais do que sustentar por anos um missionário na mesma função. O

que precisa, contudo, é olhar altruistamente essa nova liderança e empreender

mais em sua formação. De fato, não adianta somente suscitar a liderança, é

preciso que ela seja bem formada.

Paulo pensava nesse investimento na liderança, e por isso mesmo levava

consigo, num discipulado diário pessoas que seriam os líderes da igreja num

futuro próximo.

Uma das importantes estratégias missionárias é investir na liderança, para que

ela seja cada vez melhor preparada para propagar o Reino de Deus na terra.

2.4 Contextualização missiológica

Em 1974, durante o Congresso sobre a Evangelização Mundial, ocorrido em

Lausanne, Renné Padilha foi duramente criticado

Page 23: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

porque disse que o evangelho que alguns missionários europeus e norte-

americanos exportaram foi um “cristianismo cultural”, uma mensagem cristã

distorcida pela cultura materialista e consumista do Ocidente. Foi doloroso

ouvi-lo dizer isto, mas naturalmente ele estava totalmente certo. Todos nós

precisamos sujeitar o nosso evangelho a um escrutínio mais crítico e, numa

situação transcultural, evangelistas visitantes precisam humildemente buscar

ajuda dos cristãos locais para discernir as distorções culturais de sua

mensagem.

Naturalmente, o apóstolo Paulo fazia isso. Ele tinha em mente quem seriam os

receptores de sua mensagem e sabia quais eram seus costumes culturais, e

adaptou a linguagem do evangelho às necessidades do povo a quem ele se

dirigia.

Hoje em dia fica difícil falar de cultura de um país. Existem costumes que são

comuns a todos os habitantes de uma nação, mas a maioria deles pertence a

uma outra subcultura, com suas características, linguagem, usos e costumes

próprios. Dentro de nosso país, por exemplo, as características culturais, os

fonemas, roupas, costumes mudam em 500 quilômetros.

É necessário, portanto, haver uma contextualização, ou seja, entender os

principais aspectos de uma cultura que queremos alcançar e adaptar-nos a ela,

procurando levar assim a mensagem do evangelho.

2.5 Retaguarda da igreja

O apóstolo dos gentios tinha a igreja de Antioquia como o seu suporte durante

suas viagens missionárias. Onde quer que Paulo fosse ele tinha o aval da igreja

e com certeza suas orações. Quando Paulo retornava para a igreja trazendo

seu relatório da viagem, era ouvido com muita expectativa e isso alegrava os

irmãos de Antioquia (At 14:26-27; 18:22-23).

Mas existe outra irresponsabilidade ou loucura injustificável e pecaminosa que

nossas igrejas têm praticado. Enviam o missionário com a bênção da igreja,

que se orgulha em divulgar que sustenta “X” missionários. Mas, de repente,

Page 24: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

surge um projeto de construção ou outra necessidade urgente que demanda

toda a atenção.

Ora, o missionário é pessoa de fé. Deus cuida dele — e a igreja abandona seus

missionários no campo. Será que o pastor também não é homem de fé? Por

que, então, tal atitude inconseqüente? O missionário enfrenta dificuldades, às

vezes problemas de saúde, falta de recursos básicos, falta de explicações e

comunicação, dívidas. Como resultado, surge uma profunda crise. Às vezes

trata-se de uma pessoa que se adaptou bem ao campo, progrediu no estudo da

língua nacional, relacionou-se bem com os nacionais e acaba sendo derrotada

por esse abandono! Gostamos de falar em guerra espiritual, mas abandonamos

nossa tropa de elite, nossos comandos no campo de batalha, sem orientação,

sem recursos, às vezes feridos, sem qualquer cuidado! Nenhum exército

humano faria isso. Outra manifestação dessa inconsistência acontece no

momento em que o missionário põe os pés de volta no Brasil: Voltou do

campo? Deixou de ser missionário. Acabou o sustento! — um tremendo

contraste com empresas e governos, que enviam funcionários para servir em

outras culturas ou situações de risco, e sempre oferecem uma série de

compensações. Mas, no caso dos nossos missionários, se o sustento não acaba

por completo, geralmente diminui consideravelmente, afinal “o missionário é

uma pessoa simples, chamada para sofrer”…

(…) Uma igreja com coração missionário recebe bem seu missionário que vem

de férias e o ajuda a conseguir moradia, cuidados de saúde, apoio pastoral, um

lugar para descansar. Muitas igrejas ainda não têm essa visão. Assim, muitos

missionários voltam ainda mais arrebentados para o campo.

È preciso portanto que haja da igreja que envia seus missionários quer sejam

num outro país ou outra cultura, um apoio moral, financeiro, espiritual

adequado para que os que são enviados possam ser firmes, inabaláveis e

sempre abundantes na obra do Senhor (1 Co 15:58).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 25: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Como pudemos perceber, tanto as motivações quanto as estratégias de missão

urbana de Paulo são de suma importância para a o início ou continuidade de

qualquer trabalho eclesial, e não só o que envolva missão urbana.

O que é preciso nos dias de hoje? Falta, em um primeiro momento, uma real

paixão por Cristo e por sua obra. Ao mesmo tempo em que vemos um mundo

carente de amor, a igreja padece na transmissão desse, porque não tem uma

experiência real e profunda com seu Noivo. O amor pela obra parece, muitas

vezes, superar o amor pelo Cristo ressurreto. Troca-se a fonte do amor pela

conseqüência desse.

E paixão pela igreja de Cristo? Paulo por muitas vezes tomou as dores de Cristo

pela igreja. Essa era uma preocupação do apóstolo resultado do grande amor

por Cristo. Paulo deu sua vida em prol da igreja porque se viu na obrigação de

seguir os passos de Jesus. Paulo era um verdadeiro interessado por tudo o que

acontecia dentro da igreja, onde quer que fosse. O que acontece atualmente é

que nos fechamos em “guetos” eclesiais, e o resto não é da minha conta.

Copiamos o que grandes igrejas têm de bom, desde o boletim até a

programação dos jovens, mas sequer olhamos para as necessidades uns dos

outros. Dia a dia a igreja de Cristo se torna mais sectarista e partidária: só

entra na minha igreja se batizar nas águas, de novo e por aí vai.

De um outro lado, dá-se mais importância para as programações da igreja do

que para a família. Nesse ponto, a igreja (entenda-se “quatro paredes”,

instituição) se torna uma pedra de tropeço para a família, ou como escutei num

desses dias: “venho pra igreja pra fugir do meu marido e dos meus filhos”.

As conversas dos líderes denominacionais, então se torna uma competição:

quantos membros sua igreja têm, quanto você ganha, quem vai pregar aonde,

quantos convites você recebeu, quantos doutores têm sua igreja e daí por

diante. Conversas assim nos deixa calejados e cada vez mais insensíveis aos

problemas das pessoas.

E o que a paixão pela igreja de Cristo tem a ver com isso tudo? Tem tudo a ver.

Quando somos verdadeiros apaixonados pela igreja, tomamos suas dores e

fazemos de tudo para tentar apresentá-la a Cristo da melhor maneira possível.

Page 26: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Nós nos tornamos instrumentos na mão do Mestre para operar na igreja a

plástica necessária para que ela seja sem mácula, ruga, ou coisa semelhante.

Acerca do chamado existem dois lados: os que verdadeiramente são

vocacionados e que estão na obra por causa de seu amor por Cristo e os

aventureiros, aqueles que estão buscando status dentro de um determinado

segmento na sociedade. Não sei se é capaz de existir status em ser servo,

escravo.

O chamado para a obra deve ser carregado de paixão também em realizar a

vontade daquele que o vocacionou. Essa paixão estimula, incita a continuar no

trabalho mesmo diante das dificuldades e perseguições. O próprio apóstolo

Paulo, escrevendo para um pastor nos garantiu que todos quantos querem

viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos (2 Tm 3:12). Será que

ele não falava da vocação? Com certeza que sim!

É preciso olhar as vocações que nascem com bons olhos e sem forçá-las

devemos rogar ao Senhor da Seara que manda mais e mais trabalhadores para

o seu campo, pois já está na hora da colheita. O mundo está necessitado de

homens e mulheres que façam a diferença, que estejam dispostos a

testemunharem viva e verdadeiramente Cristo. O mundo urbano, violento,

cinzento e com suas mazelas é alvo do amor de Deus. E como instrumentos

desse amor precisamos pedir ao Pai Celeste que nos ajude em nossa miopia

espiritual, para que enxerguemos as pessoas.

Por último, precisamos ser firmes naquilo que cremos. Nossas convicções

teológicas devem estar baseadas na Palavra de Deus que é nossa regra única e

infalível de fé e prática. Contudo, o que encontramos hoje são convicções

baseadas no tradicionalismo, no “eu acho”, nas pressuposições familiares e

nos interesses pessoais, e por isso vemos “avivamentos” sem frutos, ou seja,

só “bronze que soa” ou “címbalo que retine”.

Na realidade, falta firmeza doutrinária e teológica quando muitos são levados

principalmente pelo pragmatismo americanizado. A frase que está na mente de

tantos é: “se deu certo lá, vai dar aqui”. Logo no início de seu ensaio, Augustus

Nicodemus Lopes dá um exemplo que é possível uma igreja crescer sem que

isso tenha algo a ver com a doutrina bíblica correta.

Page 27: Aspectos Missionários Urbanos de Paulo Em Atos Dos Apóstolos

Devemos sim, voltar nossos olhos para o Criador e sua Palavra, que pode nos

dar direções de como fazermos as coisas bem por aqui. O maior interessado

que a igreja esteja cheia de pessoas salvas e curadas é o próprio Deus.

Por fim, Assim como Paulo teve uma experiência no caminho de Damasco,

todos nós temos também, guardadas as proporções. Nossas experiências com

Deus servem de estímulo e nossos estudos servem de base a qualquer obra

que nos propomos a fazer.

As motivações legítimas e as estratégias de Paulo para que ele realizasse a

obra missionária também direciona nossos corações para a tarefa que nos é

proposta, mediante o mandato do Mestre.

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* o autor é Pastor da IPI de Pirapozinho – SP

Mestrando da FTSA