ASPECTOS REGULATÓRIOS PARA REÚSO DE ÁGUA · PDF fileA pressão sobre os recursos hídricos pode ser ... efluentes industriais são lançados diretamente nos corpos de água, sem

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  • III Congresso Brasileiro de Gesto Ambiental Goinia/GO 19 a 22/11/2012

    IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

    ASPECTOS REGULATRIOS PARA RESO DE GUA NO BRASIL.

    Iara Nunes Cunha UFG, Universidade Federal de Gois, Biloga, Especialista em Educao Ambiental e Desenvolvimento Sustentvel. Thiago Bernardes Cortez, Sandra Mscimo da Costa e Silva, Ananda Helena Nunes Cunha.

    Email do Autor Principal: [email protected]

    RESUMO

    A presso sobre os recursos hdricos pode ser reduzida com o controle das demandas. O reso pode ser definido como uso de gua residuria ou gua de qualidade inferior tratada ou no. O presente trabalho servir para demonstrar o reso como instrumento de reduo do consumo de gua (controle de demanda) e recurso hdrico complementar. Grande parte dos esgotos domsticos e efluentes industriais lanada diretamente nos corpos de gua, sem qualquer tipo de tratamento, o que causa poluio ambiental. A poluio dos recursos hdricos, como resultado dos lanamentos de resduos resultantes dos usos e atividades urbanas, uma alterao que pode acarretar srios prejuzos ao homem e ao meio ambiente. As leis existentes no Brasil serviro de base para a padronizao da prtica de reso no pas. Muitos problemas na rea de recursos hdricos esto presentes hoje no Brasil, como escassez de gua; ocorrncia de enchentes peridicas nos grandes centros urbanos; inexistncia de prticas efetivas de gesto de usos mltiplos dos recursos hdricos; distribuio injusta dos custos sociais associados ao uso intensivo da gua; participao incipiente da sociedade na gesto. A gua pode ser reutilizada em jardins, parques, indstrias, irrigao. No Brasil a partir dos anos 1990 algumas indstrias j utilizavam boa parte da gua reciclada. No momento no se pode estabelecer padres, o que pode ser feito um ajuste realidade nacional atravs de estudos sobre os riscos associados e os conhecimentos das condies especficas das regies. A legislao deve se basear em questes ticas, sociais, econmicas e ambientais. A mesma deve abranger a realidade brasileira em relao gesto dos recursos hdricos, os usos mltiplos da gua, a prioridade dos usos da gua, qual gua pode ser reutilizada. Depois de toda uma anlise de benefcios e prejuzos as diretrizes para o reuso devem ser estabelecidas. PALAVRAS-CHAVE: Reutilizao, gesto de gua, regulamentao e economia.

    INTRODUO

    A gua um recurso natural finito e essencial vida e sua escassez generalizada, a destruio gradual e o agravamento da poluio dos recursos hdricos em muitas regies do mundo, ao lado da implantao progressiva de atividades incompatveis, exigem o planejamento e manejo integrados desses recursos levando em considerao os aspectos quantitativos e qualitativos. Os planos racionais de utilizao da gua para o desenvolvimento de fontes de suprimento de gua subterrneas ou de superfcie e de outras fontes potenciais tm de contar com o apoio de medidas concomitantes de conservao e minimizao do desperdcio (CUNHA, 2010). A Portaria n 518, de 25 de maro de 2004, do Ministrio da Sade dispe normas de qualidade da gua para consumo humano. Estabelece as responsabilidades por parte de quem produz a gua, no caso, os sistemas de abastecimento de gua e de solues alternativas, a quem cabe o exerccio de controle de qualidade da gua e das autoridades sanitrias das diversas instncias de governo, a quem cabe a misso de vigilncia da qualidade da gua para consumo humano. Tambm ressalta a responsabilidade dos rgos de controle ambiental no que se refere ao monitoramento e ao controle das guas brutas de acordo com os mais diversos usos, incluindo o de fonte de abastecimento de gua destinada ao consumo humano. A gua sofre alteraes em sua qualidade e quantidade nas condies naturais, em razo das inter-relaes dos componentes do sistema de meio ambiente, quando os recursos hdricos so influenciados devido ao uso para suprimento das demandas dos ncleos urbanos, das indstrias, da agricultura e das alteraes do solo. Os recursos hdricos tm capacidade de diluir e assimilar esgotos e resduos, mediante processos fsicos, qumicos e biolgicos, que proporcionam a sua autodepurao, influenciando seu aspecto qualitativo. Entretanto, essa capacidade limitada em face da quantidade e qualidade de recursos hdricos existentes (SETTI et al., 2001). O conceito de qualidade da gua e amplo, j que esta depende principalmente do uso a qual se destinar a gua. Com o crescimento populacional, aumentou a necessidade de gua para abastecimento, agricultura de maior escala para alimentar a crescente populao, criao de mais indstrias que consomem mais gua, sendo que haver sempre situaes em que sero necessrias tecnologias simples e de baixo custo para o tratamento de esgotos, incluindo a utilizao do efluente. Ademais, o Brasil oferece condies excepcionalmente favorveis para a utilizao de esgotos, tanto pela disponibilidade de reas em sua grande extenso territorial como pelas condies climticas adequadas (BASTOS, 2003).

  • III Congresso Brasileiro de Gesto Ambiental Goinia/GO - 19 a 22/11/2012

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    Segundo Bernardi apud Guidolin (2000), imprescindvel destacar o contedo dos elementos minerais presentes em efluentes urbanos brutos ou em guas residurias, destacando a presena de macronutrientes, como N, P e K, bem como de micronutrientes, como As, Cd, Cr, Hg, Mo, Ni, Pb, Se e Zn, alguns deles necessrios ao desenvolvimento vegetal e outros at fitotxicos. No que se refere aos patgenos, vetores de doenas ao ser humano, preciso destacar que o solo atua como redutor do perodo de sobrevivncia dos mesmos. A legislao que visa padronizar o lanamento de efluentes a resoluo n. 357, de 17 de maro de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA (2005), que estabelece os padres de qualidade e de lanamento de efluente em um corpo hdrico. O ndice de Qualidade das guas composto por nove parmetros: oxignio dissolvido (OD), demanda bioqumica de oxignio (DBO5), coliformes fecais, temperatura da gua, nitrognio total, fsforo total, slidos totais, pH e turbidez. sabido que a gua possui capacidade de autodepurao, ou seja, de se auto purificar, auto renovar, pela ao da prpria natureza. A salinidade da gua de conduzir uma corrente eltrica tanto maior quanto maior for a concentrao de eletrlitos, ou seja, a salinidade da gua de reuso pode ser medida pela condutividade eltrica (CE), sendo diretamente relacionada com a concentrao de sais solveis. Os valores da condutividade eltrica so expressos em S cm ou dS m, os quais podem ser convertidos para miligramas por litro (mg L-1) de sais dissolvidos totais (TSD) no lquido (MANCUSO e SANTOS, 2003). Segundo a Agenda 21, captulo 18, os recursos de gua doce constituem um componente essencial da hidrosfera da Terra e parte indispensvel de todos os ecossistemas terrestres. O meio de gua doce caracteriza-se pelo ciclo hidrolgico, que inclui enchentes e secas, cujas consequncias se tornaram mais extremas e dramticas em algumas regies. A mudana climtica global e a poluio atmosfrica tambm podem ter um impacto sobre os recursos de gua doce e sua disponibilidade e, com a elevao do nvel do mar, ameaar reas costeiras de baixa altitude e ecossistemas de pequenas ilhas. A gua necessria em todos os aspectos da vida. Tecnologias inovadoras so necessrias para aproveitar plenamente os recursos hdricos limitados e proteg-los da poluio. Em funo desse panorama, o reso vem sendo difundido de forma crescente no Brasil, impulsionado pelos reflexos financeiros associados aos instrumentos trazidos pela Lei 9.433 de 1997, que visam implantao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos: outorga e a cobrana pelo uso dos recursos hdricos (RODRIGUES, 2005). Algumas consequncias da ausncia de legislao sobre o assunto podem ocorrer, tais como: altos riscos de contaminao do meio ambiente (caso a gua no tenha sido tratada corretamente); prticas inadequadas (carncia de informao dos usurios); riscos sade pblica; dificuldade de autorizao dos rgos ambientais. A reutilizao ou o reso de gua ou o uso de guas residurias no um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo h muitos anos. Existem relatos de sua prtica na Grcia Antiga, com a disposio de esgotos e sua utilizao na irrigao. No entanto, a demanda crescente por gua tem feito do reso planejado da gua um tema atual e de grande importncia. Ao liberar as fontes de gua de boa qualidade para abastecimento pblico e outros usos prioritrios, o uso de esgotos contribui para a conservao dos recursos e acrescenta uma dimenso econmica ao planejamento dos recursos hdricos. O reso reduz a demanda sobre os mananciais de gua devido substituio da gua potvel por uma gua de qualidade inferior. Essa prtica, atualmente muito discutida, posta em evidncia e j utilizada em alguns pases baseada no conceito de substituio de mananciais. Tal substituio possvel em funo da qualidade requerida para um uso especfico (CETESB, 2010). Assim, os objetivos desta pesquisa foram: Identificar medidas para reduo do consumo de gua; caracterizar a importncia da reutilizao da gua; indicar diretrizes para promoo do reso; relacionar a integrao com as polticas de gerenciamento de recursos hdricos e de saneamento ambiental e Identificar condies de proteo sade e ao meio ambiente.

    METODOLOGIA

    A metodologia adotada consiste em pesquisas bibliogrficas nacionais voltadas para os seguintes temas: Recursos Hdricos; Gerao de guas residurias e impactos ambientais; Reso de guas; Legislao para reso de guas e Como promover o reso. - Marcos legais para o reso de gua A gua, durante o ciclo hidrolgico, sofre alteraes em sua qualidade e quantidade. Isso ocorre nas condies naturais em razo das inter-relaes dos componentes do sistema de meio ambiente, quando os recursos hdricos so influenciados devido ao uso para suprimento das demandas dos ncleos urbanos, das indstrias, da agricultura e das alteraes do solo. Os recursos hdricos tm capa